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Tolerância Imunológica Definição: É a falta de resposta a um antígeno, que ocorre na primeira exposição a este antígeno. Quando os linfócitos encontram um antígeno, podem ocorre 3 diferentes situações: 1. Os linfócitos são ativados, levando ao desenvolvimento de uma resposta imune. 2. Os linfócitos são inativados ou eliminados, levando a tolerância. 3. O antígeno é ignorado - substâncias não imunogênicas. A tolerância é importante por várias razões. Por que não destruímos as nossas próprias proteínas ?? 1. Indivíduos normais são tolerantes aos seus próprios antígenos. Existe uma discriminação entre o próprio (self) e o não- próprio (not self). Capacidade do sistema imune normal de reconhecer e responder a antígenos estranhos (não próprio), mas não aos antígenos próprios. A perda desta capacidade resulta no desenvolvimento das doenças AUTOIMUNES. Por que não destruímos as proteínas ingeridas na alimentação ?? 2. Antígenos estranhos podem ser administrados por vias que preferencialmente inibem a resposta imune e induzem tolerância. Via oral. Por que a mãe não rejeita o feto?? Características gerais e mecanismos de tolerância a antígenos próprios Existem dois tipos de tolerância: • Tolerância central: Ocorre nos órgãos linfóides primários (medula óssea -linfócitos B e timo - linfócitos T). • Tolerância periférica: Ocorre fora dos órgãos linfóides primários - tolerância a antígenos que não estão presentes na medula óssea e no timo. Tolerância central: • Ocorre durante a maturação dos linfócitos nos órgãos linfóides primários. Nestes órgãos, os antígenos presentes em maior quantidade são os nossos próprios antígenos, uma vez que antígenos estranhos (microrganismos) que entram no nosso corpo, são capturados e transportados para os órgãos linfóides periféricos. • Os linfócitos imaturos encontram antígenos próprios em altas concentrações: Os clones de linfócitos que reconhecerem esses antígenos serão deletados. Esse processo é chamado Seleção Negativa. • São eliminados muitos clones de linfócitos potencialmente auto reativos. Tolerância Central: Precursor linfóide Clones de linfócitos imaturos Auto antígenos Tolerância Central: deleção de linfócitos específicos de auto-Ag presentes nos órgãos geradores Maturação de clones não específicos aos antígenos presentes nos órgãos geradores. Precursor linfóide Clones de linfócitos imaturos Auto antígenos Tolerância Central: Órgãos linfóides Primários Órgãos linfóides Secundários Ag estranhos Ag próprios RESPOSTA IMUNE TOLERÂNCIA PERIFÉRICA Tolerância periférica: • É importante na manutenção da tolerância a antígenos que são expressos apenas nos tecidos periféricos, e não estão presentes nos órgãos linfóides primários. • Os principais mecanismos de tolerância periférica são: • Anergia Clonal: Inativação funcional sem morte celular. • Supressão ou modulação: Presença de células reguladoras - LT CD4+ CD25+ Anergia Clonal: • A anergia é induzida pelo reconhecimento antigênico, sem a co-estimulação adequada. • Se a célula T reconhecer um peptídeo apresentado por uma célula deficiente da molécula co-estimulatória (B7), a célula T se torna incapaz de responder ao antígeno, mesmo se este for novamente apresentado, por uma célula competente. • Neste caso dizemos que a célula se tornou anérgica. Tolerância induzida por células T supressoras ou reguladoras: • Algumas respostas imunes são inibidas por células que secretam citocinas que bloqueiam a ativação e a função das células T. • Essas células são chamadas inibidoras, supressoras ou reguladoras, e apresentam o seguinte fenótipo: CD4+ CD25+. • Essas células secretam duas citocinas: IL-10 e TGF-. • IL-10: Inibe a função das células apresentadoras de antígenos, inibe a expressão de B7 e inibe a ativação dos macrófagos. • TGF- : Inibe a proliferação das células T e inibe a ativação dos macrófagos. Tolerância Oral: • A administração oral de antígenos protéicos leva a tolerância. •Importância fisiológica da tolerância oral: Mecanismo de prevenir o desenvolvimento de uma resposta imune a antígenos presentes na comida, e às bactérias que normalmente vivem como comensais no lúmen intestinal, e são necessárias para a digestão e absorção dos alimentos. • Mecanismo: Anergia e células T reguladoras. • Tolerância oral: Tratamento potencial para doenças auto-imunes nas quais o auto-Ag é conhecido, e para prevenir rejeição de transplantes. Doenças Autoimunes As doenças autoimunes são decorrentes de um desequilíbrio na homeostase imunológica, com alterações das respostas mediadas por células e por anticorpos, ou seja, é uma ação do sistema imune contra os componentes do próprio indivíduo. • Incluídas entre os principais problemas de saúde em países industrializados e em desenvolvimento. • Brasil - aproximadamente 10% da população é portadora de alguma doença AI, que pode levar à incapacidade física. Introdução Como se origina uma doença autoimune??? Se origina a partir da ação de múltiplos fatores: 1. Elementos genéticos obrigatórios. 2. Meio ambiente 3. Hormônios 4. Anormalidade inerentes ao órgão alvo, para ativar e manter o processo autoimune. Tolerância - mecanismo que previne desenvolvimento da AI (engrenagem) • Falha na engrenagem!!!! • Quanto mais idoso maior a possibilidade disso acontecer. • Sistêmicas - Acometimento de múltiplos órgãos, e anarquia do sistema imune. Ex: Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e Artrite Reumatóide. • Órgãos -Específicas - O envolvimento clínico e imunológico acontece em um único órgão. Ex: Tireoidite de Hashimoto. • Distúrbios onde a lesão tende a ser localizada em um único órgão, mas os anticorpos não são órgãos específicos. Ex: cirrose biliar primária - dúctulo biliar é o principal alvo, mas os acs. não são específicos para o fígado. Superposição dos distúrbios auto-imunes: • Existe uma tendência para que mais de um distúrbio autoimune aconteça no mesmo indivíduo. • Pacientes com distúrbios órgão-específicos são um pouco + propensos a desenvolver câncer no órgão afetado. Mecanismos de Autoimunidade A autoimunidade resulta de uma deficiência ou quebra dos mecanismos responsáveis pela manutenção da tolerância. 1. Mecanismos Imunológicos Quebra da Tolerância Central • Permite a passagem de clones de linfócitos potencialmente auto-reativos, para os órgãos linfóides secundários. Quebra da Tolerância Periférica Quebra da anergia • Pode correr uma expressão aberrante de moléculas co-estimulatórias (B7) nos tecidos (Após uma infecção ou inflamação). Perda de Células T supressoras • A perda da função das células supressoras pode permitir o desenvolvimento de células T auto reativas e consequentemente o desenvolvimento de autoimunidade. 2. Fatores genéticos • As doenças autoimunes têm um forte componente genético. • Os fenômenos autoimunes tendem a se agregar em determinadas famílias. • Dizem que a autoimunidade é geneticamente programada. • Os principais genes associados com autoimunidade, são os genes do MHC de classe II, também chamados HLA (antígeno leucocitário humano). Doença Alelo HLA Risco Relativo Artrite Reumatóide DR4 4 Diabetes tipo I DR3, DR4 5 DR3/DR4 25 LES DR2/DR3 5 Espondilite anquilosante B27 90-100 • Risco Relativo: A probabilidade da doença se desenvolver em indivíduos com o alelo de HLA, em comparação com indivíduos que não apresentam o alelo. 3. Fatores Ambientais • Infecções virais e bacterianas podem contribuir para o desenvolvimento ou exacerbação da autoimunidade. • Exemplos: Artrite reumatóide - EBV, HTLV-I • Lupus eritematoso sistêmico (LES) - HTLV-I e HIV-1. • Diabetes do tipo 1 - Rubéola, sarampo, coxsackie 3.1. Infecções Como um microrganismo pode induzir uma autoimunização ???? • Perturbação do Sistema Imune: Na maioria dos casos, o microrganismo não está presente na lesão autoimune. Portanto, a doença não é devido ao agente infeccioso, mas resulta de uma resposta imuneque foi desregulada pelo microrganismo. ( Aumento na expressão de B7). • Mimetismo molecular: Os microrganismos podem conter antígenos que reagem cruzado com antígenos próprios. • Ex: Polimerase do VHB - proteína mielina básica • Fosfolipase bacteriana - DNA •Proteína M do Streptoccocus - miosina cardíaca • Os agentes mais comuns associados à autoimunidade são: 1. Hidralazina (Vasodilatador - anti-hipertensivo) 2. Procainamida (Bloqueador dos canais de sódio - Arritmias cardíacas) 3. Metildopa (Anti-hipertensivo) 3.2. Autoimunidade induzida por drogas • Mecanismo: 1. Ativação ou perturbação do sistema imune. 2. Conversão de proteínas em imunógenos. 3. Acúmulo anormal de drogas nos tecidos corpóreos. 3.2. Autoimunidade induzida por drogas • As doenças autoimunes são mais comuns em mulheres do que em homens. • Tem-se observado que os hormônios esteróides podem influenciar a reatividade imunológica, sendo que os andrógenos levam à supressão da resposta imune, e os estrógenos, levam à ativação do sistema imune. • Mecanismo - pouco conhecido ?????? 3.3. Autoimunidade induzida por hormônios ligados ao sexo • “Stress”e fatores psiconeurológicos são agentes causadores de autoimunidade. • Conexão entre o sistema neuroendócrino, endócrino e imunológico. • Situações de “stress”, alterações bruscas das emoções e humor podem atuar sobre estes sistemas, estimulando o desenvolvimento da doença autoimune. 3.4. Aspectos psicossociais nas doenças autoimunes • Alterações anatômicas nos tecidos, devido a presença de processos inflamatórios, isquemia ou traumas, podem levar a exposição de antígenos próprios que estavam “escondidos”do sistema imune. 3.5. Alterações anatômicas dos órgãos Tratamento • Corticóides • Imunossupressores (Ciclosporina) - casos mais severos. • Tratamentos experimentais: • Tolerância oral •Antagonistas das moléculas co-estimulatórias - experimental
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