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Cynthia Roncaglio Nadja Janke Nathieli K. Takemori Silva Ney de Barros Bello Filho Sandro Menezes Silva Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 2009 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Todos os direitos reservados. © 2006-2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autoriza- ção por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ G333 Gestão ambiental e desenvolvimento sustentável / Cynthia Roncaglio... [et al]. – Curitiba, PR: IESDE, 2009. 208 p. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-0488-1 1. Gestão Ambiental. 2. Desenvolvimento sustentável. 3. Direito ambiental – Brasil. 4. Política ambiental – Brasil. 5. Proteção ambiental – Brasil 6. Civilização moderna – Século XX. I. Rocanglio, Cynthia, 1964. II. Inteligência Educacional e Sistemas de Ensino. 09-3810 CDD: 363.7 CDU: 504.06 Capa: IESDE Brasil S.A. Imagem da capa: IESDE Brasil S.A. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Cynthia Roncaglio Doutoranda em Meio Ambiente e Desenvol- vimento pela UFPR. Mestra em História do Brasil. Professora do curso de História nas Faculdades Integradas Espírita. Historiadora. Nadja Yanke Mestra em Educação pela Unesp-Bauru. Nathieli K. Takemori Silva Bacharel e Licenciada em Ciências Bioló- gicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com Mestrado em Botânica pela mesma universidade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Ney de Barros Bello Filho Doutorando em Direito pela UFSC. Mestre em Direito pela UFPE. Juiz Federal, professor da UFMA e da UNDB. Mem bro da Comissão de Di- reito Ambiental da IUCN. Sandro Menezes Silva Licenciado em Ciências Biológicas pela Uni- versidade Federal do Paraná (UFPR), com Mes- trado e Doutorado em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual de Campinas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br su m ár io su m ár io su m ár io O Direito Ambiental no Brasile os seus princípios gerais 15 15 | A relação entre o Homem e a natureza disciplinada por meio do Direito 18 | A origem do Direito Ambiental no Brasil 19 | A autonomia do Direito Ambiental 20 | Os princípios gerais do Direito Ambiental 24 | Conclusão Sistema Nacional do Meio Ambiente 29 29 | O Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama 29 | Conceito de Sisnama 29 | Importância do Sisnama 30 | Conceitos do Sisnama 32 | Órgãos do Sisnama 36 | Utilidades do Sisnama 37 | Conclusão Política Nacional do Meio Ambiente e os instrumentos jurídicos 41 41 | A Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA 48 | Os instrumentos da PNMA 51 | Conclusão Matrizes energéticas 55 56 | Você sabia que... 56 | Petróleo 58 | Usinas hidrelétricas 58 | Você sabia que... 58 | Biomassa 59 | Você sabia que... 60 | Energia solar fotovoltaica Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 60 | Energia eólica 61 | Energia nuclear 64 | Uso racional das matrizes energéticas 64 | Você sabia que... 65 | Você sabia que... 65 | Perspectivas futuras Avaliação de impactos ambientais 71 73 | Impactos ambientais e licenciamento ambiental 74 | Você sabia que... 76 | Características do estudo de impacto ambiental (EIA) 78 | O relatório de impacto ambiental – Rima Desenvolvimento sustentável 99 99 | Desenvolvimento e ambiente 103 | Compreendendo conceitos: ecologia, meio ambiente, ecodesenvolvimento, desenvolvimento sustentável 107 | Nosso futuro comum e os princípios de sustentabilidade Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br su m ár io su m ár io su m ár io Sustentabilidade para quem? 117 117 | Desenvolvimento econômico X desenvolvimento sustentável 120 | Globalização e discursos de sustentabilidade 124 | É possível sustentabilidade como alternativa de desenvolvimento? Políticas públicas e desenvolvimento sustentável 133 133 | A política e seus significados 136 | Política e multidimensionalidade dos problemas humanos 138 | Globalização e políticas ambientais 140 | O esverdeamento das políticas públicas Gestão participativa e ambiente 151 152 | Sustentabilidade: conciliandoparticipação social e cuidado com o ambiente 155 | Agenda 21: uma proposta de gestão 156 | Gestão de unidades de conservação: o papel dos atores sociais Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Ações ambientais globais 169 170 | Relatório Brundtland 172 | Eco-92, Agenda 21e a Convenção da Biodiversidade 174 | Dez anos depois: a Rio+10 176 | Protocolo de Kyoto 177 | O Projeto do Milênio das Nações Unidas Gabarito 187 Referências 203 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br G estão A m biental e D esenvolvim ento S ustentável Apresentação Desde que o homem surgiu no planeta, uti- liza recursos da natureza para suprir suas neces- sidades básicas relacionadas principalmente à alimentação, abrigo e obtenção de energia. Cer- tamente, vem daí essa postura consumista em relação aos recursos naturais, que durante vários anos foram vistos como “infinitos”. O desenvolvi- mento social e cultural de espécie humana, até chegarmos nas características atuais, foi bas- tante rápido. Se a idade do planeta fosse con- densada em apenas um ano, a espécie humana teria surgido aproximadamente às 23 horas e 45 minutos, do dia 31 de dezembro, ou seja, nossa existência é muito curta quando comparada a outras espécies com as quais dividimos a Terra atualmente. O antropocentrismo coloca o homem no centro do universo, postulando que tudo o que existe foi concebido e desenvolvido para a satis- fação humana. Essa idéia de que tudo nos per- tence tem sido a principal justificativa para essa “dominação” dos recursos pelo homem, prática usual há muito tempo. Ainda hoje essa corrente filosófica tem forte influência nas decisões do homem em relação ao uso dos recursos naturais. Porém, várias pessoas já passaram a considerar com maior atenção o pensamento biocêntrico, valorizando a natureza pela suas características intrínsecas e não somente pela sua utilidade prática, partindo do pressuposto que todas as espécies têm direito a vida, independentemente do seu grau de complexidade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Essa tendência fez com que se buscasse um novo modelo de crescimento econômico, no qual a preservação ambiental e o desenvol- vimento sustentável tornaram-se premissas para que uma empresa seja competitiva no mercado. Incorporada ao planejamento estratégico da empresa, essa nova forma de comportamento, apresenta-se pela Gestão Ambiental. Esta é a administração do exercício de atividades eco- nômicas e sociais de forma a utilizar de maneira racional os recursos naturais, renováveis ou não. Ela deve visar o uso de práticas que garantam a conservação e preservação da biodiversidade, a reciclagem das matérias-primas e a redução do impacto ambiental das atividades humanas sobre os recursos naturais. A gestão, quando bem aplicada, permite a redução de custos diretos - pela diminuição do desperdício de matérias-primas e de recursos - e de custos indiretos - representados por sanções e indenizações relacionadas a danos ao meioambiente ou à população Seguindo esses novos rumos, o material a seguir apresenta as ferramentas necessárias para a implantação de um sistema de Gestão Ambiental com o objetivo de tornar a empresa mais lucrativa, competitiva e sustentável. G estão A m biental e D esenvolvim ento S ustentável Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O Direito Ambiental no Brasil e os seus princípios gerais Ney de Barros Bello Filho A relação entre o Homem e a natureza disciplinada por meio do Direito A espécie humana é apenas uma dentre tantas que habitam a Terra. Artí- fice da natureza e produto dela própria, a espécie humana não é apenas uma forma de vida a mais neste vasto, porém limitado, mundo, mas a única capaz de romper o equilíbrio do delicado planeta em que vivemos (WELLS apud PENNA, 1999, p. 15). O locus onde o Homem existe enquanto tal, e que se constitui no con- junto de interações que fazem com que ele seja construtor de seu próprio futuro, é a natureza e, por essa razão, é impensável compreendê-lo disso- ciado dela. Como afirma o filósofo Martin Heidegger, a diferenciação entre o sujeito Homem e o objeto natureza não se torna tão clara se pensarmos que somos frutos do mundo natural e fazemos parte dele. Mesmo que observemos este mundo a partir da nossa própria racionalidade, haverá sempre uma inevitá- vel fusão entre o objeto natureza e o ser pensante. Somos a única espécie capaz de exercer o trabalho construído cultural- mente por meio da razão e somos a única que utiliza a natureza a partir de raciocínios articulados e não somente por instinto animal. A utilização da natureza como objeto das condutas humanas guiadas pela razão e não direcionadas apenas pela satisfação instintiva de necessidades conduziu o relacionamento do Homem com a natureza a níveis deletérios para a própria natureza. Somos capazes de raciocinar e isso nos têm levado a agredir e destruir os ecossistemas, pois agimos pensando na consecução de outros objetivos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 16 Todas as espécies agridem a natureza, de uma forma ou de outra, e todas as atividades e todos os movimentos causados por animais geram – em maior ou menor escala – um impacto destrutivo no ambiente. Contudo, o Homem – com o passar do tempo, guiado por sua capacidade de dominar as condições do meio que lhe outorgam a razão e o raciocínio – fez crescer paulatinamente essa agressão, deixando de ser controlado e subjugado pelo meio que o cerca, passando ao status de controlador e pos- teriormente destruidor de suas próprias conexões1. Nos primórdios podemos identificar uma época em que a natureza im- punha sua força sobre todos os animais, e o homem nada mais podia fazer do que se submeter aos caprichos da natureza. Com a evolução do conhe- cimento, fruto da capacidade de raciocínio e de produção cultural que dife- rencia o Homem dos demais animais, o controle sobre a natureza tornou-se cada vez mais acentuado. No final da Idade Média e durante toda a Idade Moderna, era possível ver com clareza que o meio começava e ser subjugado pelo Homem, deixando de representar um obstáculo ao progresso da humanidade. As conquistas do Homem sobre a natureza terminaram por superar o es- tágio do equilíbrio, em que natureza não mais representava uma ameaça ao progresso da humanidade e nem o Homem era capaz de feri-la de morte. No começo da Idade Contemporânea, mais precisamente na Revolução In- dustrial, a cultura humana passou a ser a maior ameaça possível à natureza e mais que nunca se tornou necessária a existência de um sistema de normas de conduta humana que limitasse as atuações danosas ao ambiente. A periculosidade dessa relação, tanto para o Homem quanto para a na- tureza, gerou a necessidade de se estabelecerem regras para disciplinar a maneira como a espécie humana interage com seu habitat natural. Isso não ocorre porque haja direitos da natureza – direitos dos animais, dos vegetais ou dos minerais –, mas porque existem direitos de todos os homens sobre esses recursos naturais. Tornou-se necessário, em um dado momento, pre- servar o direito de todos para que a natureza se mantenha equilibrada no uso correto dos seus recursos por parte de todos os habitantes do planeta. O Direito Ambiental surge como técnica de preservação da natureza. Como sistema de controle social que tem por objeto as conexões que a natureza nos doa, e por objetivo a sua preservação para esta e para as futuras gerações. 1 “Num prazo muito curto – e que se torna sempre mais curto – são dilapi- dados os patrimônios formados lentamente no decorrer dos tempos geo- lógicos e biológicos, cujos processos não voltarão mais. Os recursos consu- midos e esgotados não se recriarão. O desequilíbrio ecológico acentua-se cada dia que passa”. (MILARÉ, 2001, p. 38) Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O Direito Ambiental no Brasil e os seus princípios gerais 17 Conceitos de Direito Ambiental Na arqueologia do Direito Ambiental podemos encontrar em épocas re- motas regras morais ou religiosas cujo objeto era a natureza e o objetivo, a preservação. Tais normas sociais não são propriamente normas jurídicas, na medida em que não são impostas pelo Estado com coercitibilidade, bi- lateralidade e heteronomia, constituindo-se em normas de condutas so- ciais protetoras do ambiente, mas que não são propriamente normas de Direito Ambiental. Essas normas são, na verdade, regras oriundas da moral, dos costumes, da religião e que tomam compreensões acerca da essência do Homem e da natureza para justificar as suas existências como determinações de dever ser que têm por objeto a natureza. Por amplo espaço de tempo, era majoritária a compreensão de que direi- to era fruto da essência do homem, era um conjunto de atribuições inerentes à natureza humana e não fruto de sua capacidade de criar e atribuir normas a si mesmo. A partir desse modo de perceber o Direito, o Direito Ambiental seria apenas o conjunto de regras de conduta oriundo da própria natureza humana, constituindo-se em normas antecedentes à própria espécie, e que disciplinariam as possibilidades de relacionamento entre o Homem e a natu- reza. Um Direito Ambiental jusnaturalista seria fruto dessa concepção. Próximo dessa idéia de Direito Ambiental é aquela que o toma como si- nônimo do reflexo das formas de relação existentes entre o Homem e natu- reza. Ou seja, o que caracteriza o verdadeiro Direito Ambiental é o conjunto das formas de atuação do Homem, tendo por objeto a natureza. Quer pensemos o Direito Ambiental por meio do jusnaturalismo, ou do realismo jurídico, forçoso é reconhecer que uma visão mais positiva e menos filosófica do Direito Ambiental é fundamental para a sua efetivação no mundo contemporâneo. O Direito moderno é o Direito escrito, o Direito que possui referenciais de certeza e traz segurança jurídica. Por tal razão, e também por se tratar de um Direito que se configurou desde necessidades oriundas da Revolução Indus- trial, quando nos referimos a Direito Ambiental nos referimos a Direito Positivo Ambiental, que possui como característica essencial o fato de estar escrito e ter sido criado por um poder legislativo, tomando forma de regras jurídicas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 18 Direito Ambiental é o conjunto de regras escritas que disciplinam as relações entre o homem e a natureza, com o objetivo de preservar o meio ambiente e os recursos naturais2. O objeto das normas jurídicas ambientais é a relação entreo Homem e a natureza, mas uma característica essencial para que determinada norma seja considerada uma norma ambiental diz com o seu objetivo, que deve ser sempre o de preservar o meio ambiente e os recursos naturais. A origem do Direito Ambiental no Brasil O interesse no estabelecimento de regras disciplinadoras na relação entre o Homem e a natureza no Brasil tem origem diversa dos desejos altruístas de preservação ou das compreensões contemporâneas da necessidade de preservação. Origina-se do interesse comercial na preservação dos recursos naturais. Era para preservar e manter intactos os recursos naturais da colônia que a metrópole baixou as primeiras normas que visavam a manter preser- vadas matas e espécies da flora. Apenas muito tempo depois, na segunda metade do século passado, é que se pôde constar a existência de verdadei- ras normas de Direito Ambiental. O histórico do Direito Ambiental no Brasil A primeira fase do Direito Ambiental no Brasil é aquela que, apenas para efeitos didáticos, as normas ali produzidas podem ser chamadas de normas de Direito Ambiental. Essa fase vai do Descobrimento do Brasil até meados do século passado. Os objetivos eram meramente comerciais, o enfoque era apenas patrimonial e o meio ambiente não era tratado como um valor em si, mas apenas como um objeto. Na segunda fase – que vai da metade do século passado até começo dos anos 80 – é quando podemos perceber o nascimento de normas jurídicas escritas cujo objeto era a relação Homem–natureza, e o objetivo era a preser- vação ambiental. Em tais diplomas legislativos o meio ambiente começa a ser tratado como um valor, mas as leis são esparsas e sem unidade sistêmica. O que se observa nessa fase é um tratamento isolado de alguns micro- bens jurídico-ambientais e não um tratamento jurídico vasto e sistêmico de todo o ambiente. 2 Para Édis Milaré, Direito do Ambiente é “o comple- xo de princípios e normas coercitivas reguladoras das atividades humanas que, direta ou indireta- mente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando à sua sustentabi- lidade para as presentes e futuras gerações” (2001, p. 109). Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O Direito Ambiental no Brasil e os seus princípios gerais 19 Na terceira fase – dos anos 80 até os dias de hoje – o Direito Ambiental ad- quire as suas características atuais, que o solidificam como ramo do Direito3. O seu objeto – o meio ambiente – consolida-se como um valor autônomo. Isso significa dizer que o ambiente passa a ser preservado e protegido por normas jurídicas não por ser um meio de consecução de um outro objetivo, mas por ser a sua sanidade o objetivo da norma. O direito ao ambiente deixa de ser instrumento de tutela de um outro bem jurídico, como a propriedade ou o comércio, e passa a ser protegido porque se constitui em um bem jurí- dico em si mesmo. Na fase do Direito Ambiental em que vivemos, é construído um sistema de Direito Ambiental, uma vez que a preservação passa a ser examinada glo- balmente, e não mais limitadamente como na fase antecedente. Muito embora o tratamento global e amplo do Direito ainda esteja longe de se concretizar, podemos dizer que a ampla sistematização já faz parte do roteiro básico de características necessárias para a existência de um Direito Ambiental eficiente. A autonomia do Direito Ambiental Para que o Direito seja autônomo, é necessário que possua conceito, me- todologia e princípios diferenciados4. A autonomia do Direito Ambiental, como novo ramo do Direito e como disciplina acadêmica distinta do direi- to administrativo e do direito privado, começa a se dar na medida em que se pode comprovar a existência de um conceito específico. A existência de um conceito específico, por sua vez, pressupõe a existência de um objeto e de um objetivo que podem ser diferenciados dos mesmos itens das demais disciplinas. Como conjunto de regras escritas que disciplinam as relações entre o Homem e a natureza, tendo por objetivo preservá-la, o Direito Ambiental atende o primeiro dos requisitos. É o ramo do Direito que trata exclusiva- mente das relações entre o Homem e a natureza, dispondo de normas cujo objetivo é a preservação do ambiente. O Direito Positivo possui método de conhecimento que pode ser demons- trado, na medida em que o ato de conhecer o Direito se dá de forma explícita por meio da percepção empírica da existência da norma. Também se dá racio- 3 Isso se deve, especial- mente, à edição das Leis: a) 6.938, de 31.8.1981, que instituiu o Sistema Nacio- nal do Meio Ambiente (SISNAMA); b) 7.347, de 24.7.1985, que criou a ação civil pública como instrumento processual de defesa do ambiente e de outros interesses difu- sos e coletivos; c) 9.605, de 12.2.1998, que dispôs sobre as sanções penais e administrativas aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Além disso, a Carta Magna de 1988 representou um enorme avanço para a positivação de normas protetoras do meio am- biente, dedicando à ma- téria o Capítulo VI do seu Título VIII. 4 “Pode-se afirmar, sem medo de errar, que, no Brasil, o Direito do Am- biente é na realidade um ‘Direito Adulto’. Conta ele com princípios próprios, com assento constitucio- nal e com um regramento infraconstitucional com- plexo e moderno. Além disso, tem a seu dispor toda uma estrutura admi- nistrativa especializada e instrumentos eficazes de implementação”. (MILARÉ, 2001, p. 126) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 20 nalmente pela racionalização do processo de obtenção do conhecimento ju- rídico. Como ramo do Direito, herda toda a metodologia da ciência jurídica. Também se pode dizer que o Direito Ambiental é autônomo porque se constrói sobre um alicerce principiológico todo próprio, ou, quando muito, utilizando-se de princípios comuns a todas as disciplinas jurídicas e que, no Direito Ambiental, adquirem nuanças diferenciadas. Alguns princípios são de existência exclusiva nesse ramo do Direito, e isso é uma das características necessárias à compreensão de que o Direito Am- biental é um ramo autônomo do Direito, além de possuir autonomia acadê- mica como disciplina específica5. Os princípios gerais do Direito Ambiental Os princípios jurídicos são as normas básicas sobre as quais um ramo do Direito se constrói. São os fundamentos de uma disciplina jurídica e todo o conjunto de normas que a compõem devem guardar arrimo nos seus postu- lados. São os princípios que dão unidade e vitalidade a um sistema jurídico e as demais regras que vêm a seguir devem sempre se reportar a tais princí- pios porque sua existência tem como objetivo realizá-los e desenvolvê-los. As normas-princípio são normas jurídicas abertas, o que quer dizer que não possuem significado construído previamente e podem cambiar de sen- tido, acompanhando as evoluções da sociedade. O que é ato danoso ao am- biente hoje, e que é proibido com base no princípio da prevenção, pode vir a não ser ato danoso amanhã em razão da evolução da ciência. Tal modifica- ção não significa, conquanto, que o princípio da prevenção tornou-se obso- leto ou revogado. A alteração no conteúdo e na significação do princípio é natural no mundo do Direito. Os princípios existem para dar fundamento ao sistema normativo de Di- reito Ambiental, dando autonomia ao ramo do Direito, e existem também para dar dinâmica ao sistema normativo ambiental. Princípio do desenvolvimento sustentável6 O desenvolvimento está condicionado à preservação do ambiente para esta e para as futuras gerações. O Direito Ambiental sustenta-se não na ne- cessidade de impedir o desenvolvimento da humanidade, mas na de com- patibilizar esse desenvolvimento com a preservação ambiental. Um dos seus 5 Nesse sentido, leciona também Celso Antonio Pacheco Fiorillo que “o DireitoAmbiental é uma ciência nova, porém autô- noma. Essa independên- cia lhe é garantida porque o Direito Ambiental possui os seus próprios diretores, presentes no artigo 225 da Constituição Federal” (2002. p. 23). 6 Lembra Celso Antonio Pacheco Fiorillo: “A ter- minologia empregada a este princípio surgiu, ini- cialmente, na Conferência Mundial de Meio Ambien- te, realizada, em 1972, em Estocolmo e repetida nas demais conferências sobre o meio ambiente, em especial na ECO-92, a qual empregou o termo em onze de seus vinte e sete princípios” (2002, p. 24). Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O Direito Ambiental no Brasil e os seus princípios gerais 21 princípios mais importantes é aquele que condiciona as atuações governa- mentais, as políticas públicas e as produções normativas à obrigação de res- peitar o ambiente, sem abrir mão do necessário desenvolvimento. Princípio do direito ao ambiente como um direito fundamental7 O ambiente sadio e ecologicamente equilibrado é direito subjetivo de todos e oponível ao Estado e aos particulares. Isso implica dizer que todos possuem direitos subjetivos à preservação do ambiente, direito esse que funciona como garantia contra-majoritária, uma vez que é oponível a todo e qualquer intento de revogação, mesmo com o apoio da maioria. Previsto no artigo 225 da Constituição Federal de 1988 (CF/88) é direito de todos e é a partir de tal constatação que se estrutura todo o sistema nor- mativo ambiental brasileiro. Princípio da prevenção Quando houver certeza das conseqüências danosas ao ambiente, a con- duta potencialmente causadora do dano deve ser evitada. Isso significa que uma das bases de todo o sistema jurídico ambiental é a evitabilidade do dano, através da aplicação de medidas de prevenção às conseqüências danosas. Diferentemente de outros ramos do Direito, o Direito Ambiental só possui razão de ser por conta de sua atitude preventiva. Os danos ambientais são na sua maioria irreparáveis, e a aplicação da prevenção quando a ocorrência do dano for certa é fundamental. Princípio da precaução Não apenas quando o resultado danoso é certo e conhecido, o Direito Ambiental deve atuar com seus objetivos preservacionistas. Há hipóteses em que a ciência não atingiu a convicção segura acerca do resultado. Não se sabe ao certo se determinada atitude causará dano ou não ao ambiente. Nesses casos, ausente a certeza e a convicção do dano, os atos potencialmen- te danosos devem ser coibidos porque o bem jurídico maior a ser preservado 7 “O reconhecimento do direito a um meio am- biente sadio configura-se, na verdade, como exten- são do direito à vida, quer sob o enfoque da própria existência física e saúde dos seres humanos, quer quanto ao aspecto da dignidade desta existên- cia – a qualidade de vida –, que faz com que valha a pena viver”. (MILARÉ, 2001, p. 112) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 22 é a sanidade do ambiente, e conseqüentemente da vida humana, e não os valores patrimoniais e comerciais. É este, inclusive, o sólido entendimento da Declaração final exarada na Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) do Rio de Janeiro de 1992, conhecida como ECO/92. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, ausência de absoluta certeza científica, não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. (Princípio 15 da Declaração do Rio de Janeiro de 1992) Princípio da função ambiental da propriedade A propriedade é um direito limitado e não absoluto, que sofre mitigações, dentre outras, em razão do ambiente. O exercício da propriedade necessita compatibilizar-se com a utilização ambientalmente correta dos recursos na- turais existentes. Por não se tratar de valor absoluto, a propriedade deve ser exercida com atenção ao comportamento ambientalmente correto previsto no sistema normativo ambiental8. Princípio poluidor pagador9 A poluição zero é um ideal inatingível. Todas as atividades humanas pos- suem algum impacto e causam algum tipo de dano ao ambiente, dano este que pode ser o mais reduzido possível ou pode ser de grandes proporções. Algumas atividades poluidoras podem ser, portanto, liberadas, mas isso não significa a irresponsabilidade dos sujeitos ativos de tais atos para com o ambiente. Todo aquele que causa poluição fica obrigado a reparar o dano, e tal cons- tatação pode resumir-se na certeza que todo aquele que polui deve pagar pela poluição causada. A utilização da economia, das regras de mercado, e dos instrumentos finan- ceiros são um dos aportes principiológicos do Direito Ambiental, e o caracte- rizam como um ramo do Direito conectado com os tempos pós-modernos. Conforme a ECO/92, as autoridades nacionais devem procurar garantir a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, considerando o critério de que, em princípio, quem contamina deve arcar com os custos da descontaminação com a observância dos interesses públicos, sem perturbar o comércio e os investimentos internacionais. (Princípio 16 da Declaração do Rio de Janeiro de 1992) 8 Tratando da função am- biental da propriedade, pontifica Carlos Alberto Dabus Maluf: “afirma-se cada vez mais forte o seu sentido social, tornando- se, assim, não instrumen- to de ambição e desu- nião entre os homens, mas fator de progresso, de desenvolvimento e de bem-estar de todos” (1997, p. 4). 9 Polluter pays principle. Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O Direito Ambiental no Brasil e os seus princípios gerais 23 Princípio usuário pagador Todo aquele que possui benefício com a atividade potencialmente agres- sora do ambiente deve sustentar economicamente os custos do impacto causado. Isso significa que não apenas o causador da poluição deve sustentar a responsabilidade pelos danos causados ao ambiente, mas também aquele que auferiu benefício com a atividade poluidora suportada pelo Direito Am- biental repressivo deve contribuir economicamente com a recuperação. Ao usar um bem, gozar de uma atividade ou fruir de um benefício que apenas foi possível em razão de um ato de poluição, o particular – ou até mesmo o Estado – deve suportar parcela econômica da atividade de recupe- ração do bem degradado. Não apenas o poluidor, mas também o usuário, deve responder economi- camente pela atividade. Princípio da informação Todas as atividades impactantes ao ambiente devem ser informadas ao consumidor que tem direito ao conhecimento dos impactos do processo de geração do benefício usufruído10. Trata-se de um princípio do direito e da administração pública que possui incidência no Direito Ambiental na medida em que o particular deve conhe- cer todas as etapas de produção do bem ou serviço que usufrui para poder melhor exigir posturas e normatizações ambientais. Princípio da solidariedade intergeracional11 As preocupações com o ambiente devem ter por objetivo não apenas o ambiente vivenciado por essa geração, mas também o ambiente que estará disponível para as gerações futuras. Os sujeitos futuros, que ainda não se constituíram enquanto tais, não podem ser titulares de direitos, mas é princípio fundamental do Direito Am- biental a observância dos seus interesses, uma vez que os atos da geração de hoje têm imensos reflexos nas gerações futuras. 10 Ressalta Celso Antonio Pacheco Fiorillo que “a informação ambiental é corolário do direito de ser informado, previsto nos artigos 220 e 221 da Cons- tituição Federal. O citado artigo 220 engloba não só o direito à informação, mas também o direito a ser informado [...], que se mostra como um direito difuso, sendo, por vezes, um limitador da liberdade de informar”(2002, p. 40). 11 Esse princípio encon- trou assento na parte final do caput do artigo 225 da Carta de 1988, assim redi- gido: “todos têm direito ao meio ambiente ecologica- mente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualida- de de vida, impondo-se ao Poder Público e à coleti- vidade o dever de defen- dê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 24 Princípio da cooperação internacional O ambiente desconhece fronteiras e a natureza não se submete a demar- cações políticas. O dano ambiental é transfronteiriço12 e de nada valem legis- lações ou políticas públicas se não forem pensadas a partir da globalidade. A eficácia da preservação do ambiente pressupõe medidas que transcen- dam as fronteiras dos Estados. A cooperação internacional é a única forma de eficazmente combater os danos ao ambiente nos dias de hoje. Sem a junção de esforços, sem se lançar mão de Tratados, Protocolos, Conven- ções e Conferências o Direito Ambiental será mera letra morta nos códigos contemporâneos. Conclusão O Direito Ambiental é hoje um importante instrumento de preservação ambiental. É através dele que a sociedade pode preservar concretamente os seus recursos naturais vendo-os protegidos. O Direito Ambiental é, antes de qualquer coisa, um sistema dogmático movido por princípios. Saber aliar esses princípios ao sistema jurídico, to- mando-os como norte, significa poder fazer do sistema legal disponível um aliado a favor da preservação do meio ambiente. Ampliando seus conhecimentos 12 No autorizado dizer de Álvaro Luiz Valery Mirra, a “dimensão transfronteiri- ça e global das atividades degradadoras exercidas no âmbito das jurisdições nacionais” (p. 65). Princípios da vida sustentável (MILARÉ, 2001, p. 44-48) A vida sustentável carece de princípios que a sustentem. Na ordem natural, e assim também na ordem social e na jurídica, todas as estruturas assentam-se em princípios; esta relação já foi bem percebida e entendida desde os filóso- fos pré-socráticos, e seguidamente aperfeiçoada a partir da Filosofia clássica. A vida social desenvolve-se no espaço da vida planetária, e o ordenamento jurídico deve estar presente a todo esse processo. Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br O Direito Ambiental no Brasil e os seus princípios gerais 25 Ao tratarmos da vida sustentável, não estamos preocupados em aprofun- dar o sentido de sustentação da vida como fato biológico integrado nos dife- rentes ecossistemas. A sustentabilidade a que nos referimos, aqui, é relativa à vida e à sobrevivência da sociedade humana. É óbvio, porém, que os estilos de civilização e seus hábitos de produção e consumo comprometem a sus- tentabilidade (ou auto-sustentabilidade) dos ecossistemas, estabelecendo-se, então, um círculo vicioso entre os ecossistemas naturais e os sociais. [...] Viver de forma sustentável implica aceitação do dever da busca de harmo- nia com as outras pessoas e com a natureza, no contexto do Direito Natural e do Direito Positivo. A construção de uma sociedade sustentável deve assentar-se numa clara estratégia mundial, que pode, resumidamente, ser exposta através dos se- guintes princípios: Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos [...];1) Melhorar a qualidade da vida humana [...];2) Conservar a vitalidade e a diversidade do planeta Terra [...];3) Minimizar o esgotamento de recursos não renováveis [...];4) Permanecer nos limites da capacidade de suporte do planeta Terra 5) [...]; Modificar atitudes e práticas pessoais [...];6) Permitir que as comunidades cuidem de seu próprio meio ambien-7) te [...]; Gerar uma estrutura nacional para a integração de desenvolvimen-8) to e conservação [...]; Constituir uma aliança global [...].9) Estes princípios, que estão longe de ser novos, são inter-relacionados e se apóiam mutuamente. Refletem, em última análise, declarações a respeito de uma eqüidade mundial de desenvolvimento sustentável e de conservação da natureza, como um direito dela própria e como fator essencial para a susten- tação da vida humana. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 26 Atividades de aplicação 1. Quais são as principais fases do Direito Ambiental no Brasil? Descreva- as e apresente suas principais características: 2. Princípios jurídicos são as normas básicas sobre as quais um ramo do Direito se constrói. Quais são os principais princípios jurídicos do Direi- to Ambiental? 3. Do que se trata os seguintes princípios do Direito Ambiental: a) Princípio do Poluidor Pagador. b) Princípio do Usuário Pagador. c) Princípio da Cooperação Internacional. Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sistema Nacional do Meio Ambiente Ney de Barros Bello Filho O Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama A Lei 6.938/81 criou o Sisnama, com o objetivo de coordenar as atuações da administração pública e também da sociedade civil no que pertine às ati- vidades de preservação ambiental. Pode-se dizer que o Direito Ambiental no Brasil estabeleceu-se sistema- ticamente somente após o advento da Lei 6.938/81, isto porque o alvorecer do Direito Ambiental coincide com o tratamento sistêmico das atuações em derredor do objeto ambiente realizado pela legislação. Conceito de Sisnama O Sisnama é o conjunto de órgãos e instituições diversas, em diversos níveis, que tem a função de exercer atribuições administrativas de preserva- ção ambiental. Trata-se de um sistema de atuações administrativas ambien- tais com a função de coordenar as atividades do Estado em cumprimento do dever constitucional de preservar o ambiente. Importância do Sisnama A existência de uma integração entre os diversos níveis de atuação adminis- trativa ambiental, cumprindo objetivos públicos estabelecidos em lei, indica um nível organizacional fundamental para a preservação do ambiente. Atitudes públicas isoladas, sem uma coerência interna e uma operatividade vinculada a um planejamento, não podem oferecer soluções concretas para o problema da preservação ambiental brasileira. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 30 A atividade administrativa deve ser regida pela coerência e pela organização. A existência de um sistema definido em lei estabelece atribuições específicas com o objetivo de otimizar a atuação da administração ambiental brasileira. No estabelecimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente, a legislação também afirmou conceitos cujo manuseio são fundamentais para a atuação administrativa ambiental. Isto é deveras importante porque a linguagem am- bígua da legislação poderia causar danos à atuação administrativa. Embora não seja propriamente o papel da legislação estabelecer conceitos jurídicos, andou bem o legislador quando clarificou determinados conceitos até então indefinidos, estabelecendo pontos de consenso acerca do objeto tratado. Dessa forma, ao estabelecer um sistema de órgãos com suas atribuições e definir conceitos que fazem parte do dia-a-dia do aplicador da norma, a Lei 6.938/81 propicia uma correta atuação dos órgãos ambientais brasileiros. Conceitos do Sisnama Após o advento da Lei 6.938/81, alguns conceitos jurídicos dantes indeter- minados, vez que objeto de outros ramos do conhecimento científico, passa- ram a incontestes, permitindo-se uma exata compreensão de seus termos. Todas as vezes que a legislação ordinária fizer referência a conceitos quejá foram estabelecidos na lei do Sisnama, obrigatoriamente o seu conteúdo será aquele afirmado legalmente. Os conceitos de meio ambiente, poluição e poluidor são fundamentais para o Direito Ambiental, e a atitude de solidificá-los por intermédio de uma legisla- ção, ao passo de não ser a melhor das técnicas legislativas, cumpre seu papel na preservação do ambiente por intermédio de um Direito Ambiental efetivo. Meio ambiente É o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, quí- mica e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Fruto da ecologia, e principal porta de entrada da transdisciplinarieda- de do Direito Ambiental, o conceito de ambiente legalmente considerado é amplo e abrange toda uma gama de relações entre o espaço e o Homem. A partir da afirmação legal de que tanto as interações de ordem física, quanto Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sistema Nacional do Meio Ambiente 31 às de ordem biológica ou química estão abrangidas pelo conceito, não há mais sentido na diferenciação entre meio ambiente vivo e inanimado. De igual maneira, não há mais senso na diferenciação entre meio ambien- te natural, artificial ou cultural, uma vez que a legislação vigente, ao concei- tuar ambiente, faz referência a influências e interações de todas as ordens, além de considerar que tais interações permitem a realização da vida em todas as suas formas. Poluição É a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente prejudicam a saúde, a segurança e o bem-estar da popula- ção; criam condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem a biota e as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e lancem maté- rias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. O conceito legal de poluição estabelecido na Lei do Sisnama é o mais abrangente que se tem notícia em legislações do mundo ocidental. O concei- to implica dizer que toda modificação para pior do ambiente, seja ela causada por quaisquer meios atribuíveis ao Homem, pode ser considerada poluição. Tal atividade será considerada poluição se, de alguma forma, prejudicar a saúde e o bem-estar da população. De igual maneira, as conseqüências da poluição podem ser sociais, econômicas, estéticas, sanitárias ou de qualquer outra natureza. Tal abrangência faz com que toda redução da qualidade ambiental seja considerada poluição. Tal conceito, demais disso, não pode ser desconhe- cido por qualquer legislação vigente, uma vez que espraia seus conteúdos para todas as legislações ambientais brasileiras. Poluidor É a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável direta ou indiretamente por atividade causadora de degradação ambiental. O conceito, tal e qual o conceito de poluição, é abrangente. Define poluidor como sendo aquele que participa do processo de degradação ambiental, não importando o grau de sua efetiva participação na poluição causada. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 32 A lei define poluição a partir de uma relação de causa e efeito, conceitu- ando o sujeito a partir do efeito do ato por ventura praticado. Órgãos do Sisnama O Sisnama está composto por órgãos com funções diferenciadas, mas todos repositórios de atribuições que dizem respeito ao dever do Estado de preservar o ambiente. Compõem o Sisnama: o Conselho de Governo, o Con- selho Nacional do Meio Ambiente (Conama), a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), as secretarias ambientais estaduais e as secretarias municipais de meio ambiente. Conselho de Governo O Conselho de Governo tem a função de assessorar o presidente da repú- blica na formação da política nacional de meio ambiente. Possui atribuição meramente consultiva no que diz respeito à construção da Política Nacional de Meio Ambiente, mas dentro da estrutura republicana tem a função de levar compreensões populares para a formatação da Política de Meio Ambiente. Conama O Conama é um órgão composto por diversos segmentos da socieda- de civil organizada, além de representantes de diversos setores públicos. O Conama possui diversas atribuições, dentre elas a função de assessorar, es- tudar e propor, ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamen- tais de meio ambiente. Esta função é meramente opinativa, e seu objetivo é apenas o de estabe- lecer uma assessoria eficaz na construção de uma política de meio ambiente que seja eficiente. Dentre as atribuições do Conama encontra-se ainda a de estabelecer normas e critérios para o licenciamento ambiental, determinar a realização de estudos acerca das alternativas para obras ou atividades potencialmente poluidoras, decidir recursos administrativos contra decisão aplicadora de pe- nalidade, determinar a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos a Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sistema Nacional do Meio Ambiente 33 particulares e estabelecer normas, critérios e padrões nacionais de controle de poluição e de controle e manutenção da qualidade do meio ambiente. Tais atribuições transformam o Conama no órgão mais importante do Sis- nama, uma vez que as matérias afetadas à sua estrutura são fundamentais para o desempenho da Administração Ambiental. O licenciamento é o ato administrativo que permite a realização de ati- vidade ou execução de obra quando houver possibilidade de impacto am- biental relevante. É o Conama quem estabelece os critérios para que a admi- nistração ambiental exerça a sua atribuição. Conquanto, passa a ser o órgão colegiado que disciplina a atividade, em última análise. Com igual importância, o Conama possui outra atribuição: a de estabe- lecer, através de resoluções, os padrões nacionais de controle de poluição. Isso implica dizer que é ele quem estabelece o grau de suportabilidade do ambiente e define os limites aceitáveis de impactos ambientais realizados por quaisquer atividades. O Conama é quem define o conteúdo das normas ambientais proibitivas, uma vez que o padrão do que é poluição e o critério segundo o qual até determinado ponto o ambiente suporta o impacto são definidos pelas reso- luções do órgão. Cabe ao órgão colegiado, também, determinar a realização de estudos acerca das alternativas para obras ou atividades potencialmente poluidoras. Esta atribuição encarta-se na sua função de aconselhamento administrativo na medida em que ele pode sugerir, a partir de estudos por ele determina- dos, mas não decidir, qual a forma menos impactante para o exercício de uma atividade particular ou pública, além de poder propor alternativas para obras públicas que causem impactos ambientais. O Conama possui, ainda, duas funções de jurisdição administrativa que são a de decidir recursos contra decisões aplicadoras de penalidades e a de deter- minar a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos a particulares. Trata-se de uma função exercida no seio de procedimentos administrati- vos em que se apura o cometimento de infração administrativa ambiental e se aplica sanção administrativa prevista em lei. Nesses casos, o Conama fun- ciona como órgão administrativo recursal, uma espécie de última instância nos procedimentos administrativos ambientais. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 34 Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República Possui a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar a po- lítica nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente. Trata-se de órgão de cúpula, da administração direta, com a função de analisara aplicação da política nacional de meio ambiente. É o braço da ad- ministração direta, que está umbilicalmente ligado à Presidência da Repú- blica, e funciona como elo entre o administrador maior do país e os demais órgãos do Sisnama. Ibama O Ibama é uma autarquia federal, órgão da administração indireta criado para executar as políticas governamentais para o meio ambiente. Toda a política nacional de meio ambiente deve ser aplicada por órgãos executores, que embora possam participar do planejamento e da concepção dessa política, estão prioritariamente enquadrados em outro plano. Fazem parte dos órgãos que executam as atividades inerentes à política e decorren- tes das concepções e diretrizes concebidas. Além dessa atividade de execução que o Ibama exerce em nível federal, a autarquia também possui outras atribuições que são diretamente relacionadas a isso. Trata-se da atribuição de licenciar e fiscalizar atividades potencialmente poluidoras que estejam encartadas nas atribuições administrativas federais. O Ibama não apenas executa atribuições materiais, mas utiliza-se dos padrões técnicos estabelecidos pelo Conama e das diretrizes de fiscalização estabelecidas por aquele órgão colegiado para liberar atividades e obras e também para autuar – multando infratores e suspendendo atividades – em exercício do poder de polícia administrativo ambiental. Secretarias ou entidades estaduais ambientais Simetricamente ao que é o Ibama em plano federal, são as secretarias estaduais de meio ambiente em plano estadual. Possuem a função de exe- cução, controle e fiscalização de atividades potencialmente poluidoras, no interior dos estados membros. Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sistema Nacional do Meio Ambiente 35 A pluralidade de nomenclatura faz com que alguns estados membros possuam secretarias de estado de meio ambiente, e outros possuam fun- dações ou até mesmo gerências ou autarquias estaduais. Postas à parte as diferenças de planos de governo, o que caracteriza esses órgãos dentro do Sisnama é o fato de funcionarem como repositório de todas as atribuições administrativas ambientais no plano estadual. A atribuição administrativa, também chamada de competência adminis- trativa, obedece à diretriz constitucional, mas não é pacífico nem entre os doutrinadores nem entre os tribunais até que ponto pode ser exercida a ati- vidade administrativa pelo Ibama e onde começa a atividade administrativa dos órgãos estaduais. Ao Ibama são reservadas as atividades de fiscalização e licenciamen- to sobre bens e atividades que possam causar danos aos bens e serviços da União, bem como de suas autarquias e empresas públicas. Igualmente quando se tratar de licenciamento ou fiscalização que envolva atividade que desborde aos limites estaduais, ao Ibama será acometido o dever de atuar. Ressalvadas as atribuições das secretarias ou entidades municipais – que tratam apenas de interesses locais – todo o restante das atribuições será dos organismos estaduais, uma vez que a sua atribuição administrativa é residual. Secretarias ou entidades municipais ambientais Os entes municipais da administração pública ambiental possuem a função de execução, controle e fiscalização de atividades potencialmente poluidoras, no plano municipal. São simétricos às secretarias estaduais de meio ambiente e ao Ibama no que pertine às funções de executar a política nacional de meio ambiente e exercer atividades fiscalizatórias e licenciatórias. No entanto, as atividades das secretarias ou entidades municipais de meio ambiente são limitadas ao âmbito espacial da municipalidade, além de limita- das em função das atribuições da administração pública ambiental municipal. Apenas os assuntos de interesse local, que digam respeito aos núcleos urbanos ou à zona rural específica de um município podem ser abordados pelos órgãos municipais de meio ambiente. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 36 Não há um consenso acerca de quais atribuições são atinentes a quais esferas da administração, mas em linhas gerais pode-se dizer que as atuações em con- junto das três esferas representam a melhor forma de fazer atuar o Sisnama. Utilidades do Sisnama O Sisnama é, na verdade, um grande sistema de atuação da administra- ção ambiental brasileira. Ali estão previstos os órgãos de planejamento, com a função de projetar a atuação administrativa ambiental no que diz respeito à execução material de atos voltados à defesa do ambiente. Esse senso de unidade faz com que o Sisnama incorpore a idéia de uma atuação precedida de planejamento, fazendo com que as atividades públi- cas e privadas possam ser exercidas, tendo por norte o princípio do desen- volvimento sustentável. No sistema há também espaços para órgãos que definem padrões, normas gerais – que possuem eficácia limitada em função de sua natureza administrativa – mas que norteiam a atuação administrativa na medida em que criam limites para as atividades privadas e estatais, e vinculam as entida- des públicas de licenciamento e fiscalização. A existência de padrões claros permite à sociedade o conhecimento prévio da nocividade de sua atividade ou da possibilidade de ser exercida sem ofender o ambiente. O fato de tais padrões serem criados por órgão colegiado, com a participação da sociedade civil, tem o mérito de chamar para a decisão os que suportarão no futuro as conseqüências da atividade ou da inexistência daquele item de desenvolvimento. Isso significa remeter à sociedade a responsabilidade de definir as ponde- rações de interesses entre a preservação e o desenvolvimento, uma vez que o estabelecimento de padrões mais rígidos protegerá mais o ambiente, e o seu afrouxamento garantirá qualidade de vida imediata em patamares su- periores, mas com o risco de agressões ambientais decorrentes da atividade que podem ser sentidas a médio e longo prazo. Por outro lado, o fato de o Conama ser um órgão técnico colegiado faz com que discussões de natureza científica surjam em confronto com outras Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sistema Nacional do Meio Ambiente 37 visões também científicas e também entrem em choque com interesses me- ramente econômicos. É uma porta aberta pelo Sisnama para que normas administrativas ambientais surjam de um embate argumentativo mesclado por interesses econômicos, interesses na preservação do ambiente e visões científicas de ângulos distintos. O Sisnama torna-se importante também porque estabelece um conjunto de entidades administrativas encarregadas da implementação das políticas pensadas e produzidas no interior do próprio sistema. Essas entidades praticam atos administrativos ambientais com os atribu- tos inerentes ao ato administrativo e em exercício dos poderes decorrentes do fato de serem entidades públicas. Os atos administrativos devem possuir conteúdo, objeto, motivo, finalidade e forma para serem válidos, e podem ser discricionários ou vinculados. Todos eles também são praticados com imperatividade, coercitibilidade e vinculativi- dade, ou seja, devem ser obedecidos pelos administrados, até porque são pre- sumivelmente legais. Os órgãos de execução das políticas ambientais praticam atos administra- tivos ambientais que devem ser executados independentemente de busca ao Judiciário – já que um dos atributos dos atos administrativos é exatamen- te a sua auto-executoriedade. Essas características dos atos administrativos fazem com que aqueles pra- ticados pelos órgãos do Sisnama possam exercer o poder de polícia fiscali- zando a totalidade dos atos potencialmente danosos ao ambiente e licen- ciando atividades, após a análise criteriosa dos impactos supervenientes. Conclusão O Sisnama representaa descrição de todo um conjunto de possibilidades operativas que fornece ao sistema jurídico ambiental possibilidades de atuar em defesa do ambiente. Quer fixando conceitos, quer estabelecendo órgãos, a Lei 6.938/81 retirou o tratamento do ambiente do patamar de mero tópico da política interna para inseri-lo no rol dos bens e valores com possibilidades concretas de pre- servação por meio do Direito e da atuação estatal. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 38 Ampliando seus conhecimentos Sistema Nacional do Meio Ambiente (MILARÉ, 2001, p. 293-294) O Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), formado pelo conjunto de órgãos e instituições dos diversos níveis do Poder Público incumbidos da proteção do ambiente, vem a ser o grande arcabouço institucional da gestão ambiental no Brasil. Independente dos demais capítulos da lei, a simples menção da adoção de um sistema para fundamentar a tutela administrativa indica que, à seme- lhança dos sistemas cibernéticos, há muitas “entradas” e “saídas” referentes à gestão ambiental, do mesmo modo que há muitas elaborações e transforma- ções no bojo desse mesmo sistema, de maneira que seja possível gerir e ad- ministrar corretamente o meio ambiente. No processo sistêmico há um fluxo constante de elementos que entram e de resultados que saem, provocando múltiplos efeitos e retroalimentando o sistema. Tudo isso se refere à elaboração e à implementação de políticas am- bientais, ou seja, o produto próprio do sistema, que podemos considerar de maneira genérica como informação para dirigir as ações ambientais e alcançar os resultados desejáveis. Atividades de aplicação 1. O Sisnama é o conjunto de órgãos e instituições diversas, em diversos níveis, que tem a função de exercer atribuições administrativas de pre- servação ambiental. Qual a importância do Sisnama? 2. O que é e qual a função do Conama? 3. O que é e quais as atribuições do Ibama? Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Política Nacional do Meio Ambiente e os instrumentos jurídicos Ney de Barros Bello Filho A Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA A Administração Pública, para atuar em defesa do ambiente sadio e eco- logicamente equilibrado, necessita de diretrizes que apontem o caminho a ser seguido pelo administrador com atribuições ambientais. Da mesma forma, a administração ambiental necessita de instrumentos que tornem o serviço público, cujo objeto do serviço seja o ambiente, apto a cumprir as suas obrigações para com a sociedade. Por essa razão, a Lei 6.938/81, além de estabelecer os órgãos que compõem o Sistema Nacional do Meio Am- biente (Sisnama), também estabelece os princípios e os instrumentos para a efetivação de uma política nacional de meio ambiente. A PNMA é concebida pelos órgãos de cúpula do Sisnama, e executada por todos os órgãos que o compõem. Essa lógica foi instituída pela Lei 6.938/81, também conhecida como Lei do Sistema Nacional do Meio Ambiente. O Sistema se transforma em um todo harmônico e organizado, na medida em que não apenas os órgãos são previstos, mas também os instrumentos e os princípios e objetivos norteadores de toda a atuação da administração ambiental brasileira. Princípios Para a construção de uma política de meio ambiente coerente com o papel do meio ambiente enquanto valor e objeto no seio do ordenamento jurídico, é importante que existam pontos-guia a balizar o caminho, indicando a estrada a ser seguida. A existência de princípios significa obrigatoriedade na observa- ção de normas reitoras que apontem condutas que devam ser praticadas pelo Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 42 administrador. A não-realização de um princípio ambiental, demonstrado pela elaboração de uma política contrária, ou pela execução de forma dissociada da imposta pela norma, implica na invalidação do ato e na desautorização da política como determinante das atuações ambientais futuras. Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, consideran- � do o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo: o que esse princí- pio da PNMA impõe, é que todas as atuações da administração pública devem estar direcionadas ao equilíbrio ecológico, uma vez que o meio ambiente é legalmente (e constitucionalmente) um valor a ser prote- gido para que possa ser coletivamente utilizado. A atuação dos órgãos do Sisnama também deve ser uma atuação gerida por princípios de natureza pública, porque o bem jurídico que é objeto dos atos admi- nistrativos praticados é um bem jurídico que faz parte do patrimônio público, como deixa bem claro o texto da Lei. Trata-se de princípio por demais genérico, que aponta na necessária obrigação do poder públi- co de preservar o equilíbrio do ambiente, o que já é um dever funda- mental previsto por norma constitucional. Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar � : a administração pública não possui apenas a função de preservar o ambiente, uma vez que lhe é dado atuar em todas as áreas onde o Estado estiver presente. Nesse sentido, quando do exercício de suas atribuições não expressa- mente ambientais, bem como quando do exercício de todas as suas demais funções, a administração deverá praticar atos no sentido de sempre racionalizar o uso do solo, da água e do ar. Isso quer dizer que na elaboração de leis, ou concepção de projetos atividades adminis- trativas, o respeito ao equilíbrio – em suas diversas formas de expres- são – deve ser sempre observado. Além disso, tal princípio indica a necessidade de que as atribuições de fiscalização ou de licenciamento de atividades particulares ou públicas tenham sempre em observação se tais atividades estão respeitando tal equilíbrio, somente podendo receber a chancela do Estado se este equilíbrio for observado. A política ambiental deverá sempre observar o fiel respeito ao equilíbrio do meio em suas diversas formas. Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais � : os recursos ambientais que podem ser utilizados em atividades econômicas não Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Política Nacional do Meio Ambiente e os instrumentos jurídicos 43 podem ser usufruídos sem que haja fiscalização e, mais que isso, sem que haja um planejamento que indique as condições de otimização de tais recursos, tudo para que eles possam contribuir para o desenvolvi- mento da humanidade sem que isso signifique o esgotamento desses mesmos recursos. O que esse princípio da PNMA indica é que se faz mister a existência de um planejamento a indicar o que é correto fazer em se tratando de exploração de recursos naturais. Indica também a existência de uma fiscalização que possa averiguar a observância des- ta mesma determinação, tornando possível a existência de um critério de utilização racional dos recursos naturais e de um serviço de fiscali- zação que torne respeitado e observado esse mesmo critério. Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas � : a atividade pública deve nortear-se pela observância da preservação e a privada pela proibição de fazer o contrário, ou seja, depredar. A atividade pública deve sempre proteger os ecossistemas e preservar as áreas representativas desses mesmos ecossistemas; já os particula- res estão, a princípio, proibidos de exercerem atividades que ofendam esses mesmos bens ambientais e degradem áreas representativas de ecossistemas existentesem áreas brasileiras. O Estado não pode de- liberadamente exercer atividades ou possuir linhas de atuação que agridam o ambiente, nem pode permitir que os particulares façam o mesmo. Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente polui- � doras: além de ser uma obrigação do Estado imposta pela Constitui- ção, o exercício do controle de atividades potencialmente poluidoras, e a conseqüente fixação dessas atividades em áreas que reduzam o ris- co de contaminação (no sentido genérico da expressão) também são princípios diretores da PNMA. Existem atividades cujo risco de causar danos ao ambiente é maior do que o de outras tantas. Tais atividades devem ser tuteladas pelo Estado, o que significa a imposição de limites maiores e também a obrigatoriedade de controles mais efetivos. Quanto mais essas atividades se fixam em áreas onde o risco pode ser mais bem controlado, mais lucra a segurança do ambiente e da socie- dade. Por tais razões, o exercício da atividade administrativa sempre indicará a necessidade de um zoneamento e de um controle ambien- tal de atividades potencialmente poluidoras. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 44 Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso ra- � cional e a proteção dos recursos ambientais: à administração pública cabe também incentivar estudos e pesquisas que desenvolvam mecanismos científicos que ajudem na compatibilização entre o desenvolvimento e a preservação da natureza. Toda política ambiental deve estar sempre voltada para os avanços tecnológicos que permitam o desenvolvimen- to sustentável. Não é apenas com tecnologia que o Homem chega no terceiro milênio, mas com a tecnologia “verde”, que implica no desen- volvimento de estratégias de preservação ao lado de instrumentos de desenvolvimento. Ao Estado cabe dar incentivo a pesquisadores, cola- borar no desenvolvimento de atividades que sejam ambientalmente corretas, o que passa, necessariamente, pelo financiamento de projetos que possam ser úteis para a preservação ambiental. Acompanhamento do estado da qualidade ambiental � : ao Estado cabe fiscalizar, preservar e proteger a qualidade de vida das pessoas. Para tanto, deve sempre observar a qualidade do meio ambiente, protegen- do-o de atividades poluentes e usando todas as metodologias e todos os instrumentos possíveis para preservar o meio em que se vive. Recuperação de áreas degradadas � : o Estado deve sempre atuar pre- ventivamente. No entanto, há situações em que nem sempre isso é possível. A degradação do ambiente pode ter ocorrido na inércia do Estado ou até mesmo em seu desconhecimento. Assim ocorrendo, o Estado passa a ter a obrigação constitucional, e infraconstitucional, de recuperar áreas degradadas, seja a expensas do poluidor, seja por uma obrigação constitucional – e legal – de atuar no sentido da preserva- ção ambiental. O que o princípio em comentário menciona é que toda a atuação estatal e toda construção de uma PNMA devem ter sempre em mente que é dever do Estado recuperar áreas degradadas. O legis- lador deve atuar nesse sentido e o administrador público também. Proteção de áreas ameaçadas de degradação � : muito embora a recupe- ração seja uma obrigação estatal e a PNMA deva se basear nesse prin- cípio, mais importante para a preservação do meio ambiente é que o dano ambiental não ocorra. Para tanto, o Estado deverá ter uma política voltada para a preservação dos bens ambientais, protegendo-os de ati- tudes depredadoras que possam vir a ocorrer. Somente a hipótese de agressão ao ambiente deve ser tolhida por uma atividade pública, já que, em matéria de preservação, o Estado deve agir preventivamente. Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Política Nacional do Meio Ambiente e os instrumentos jurídicos 45 Educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da � comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente: a PNMA deve conter, também, incentivos e atuações ao exercício da educação ambiental para toda a comunidade. Isso implica em dizer que a comunidade deve ter acesso à educação que permita um relacionamento mais equilibrado com o ambiente, proporcionando uma atitude mais efetiva da comunidade em sua defesa. Possuir uma política ambiental que contemple a educação ambiental significa ter incentivos, projetos de extensão comunitária, planos de capacitação etc. Projetos de conscientização e de formação de uma consciência am- bientalmente crítica, mas acima de tudo acoplada às necessidades de construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada. Objetivos A Lei 6.938/81, ao estabelecer os princípio da PNMA, assim o faz a partir de uma razão específica, que é a necessidade de construir pressupostos de atuação para a realização de objetivos específicos. Genericamente pode-se dizer que os objetivos específicos dizem todos com a necessária proteção do meio ambiente por meio de políticas públicas, sem “abrir mão” do desen- volvimento. Diz-se que o objetivo da PNMA não é somente a preservação do ambiente, uma vez que esse não pode ser o único objetivo do Estado, mas, antes de tudo, o exercício do desenvolvimento sustentável, tendo por objetivo a preservação com equilíbrio ambiental. Diversos são os objetivos a serem alcançados pela PNMA. A compatibilização do desenvolvimento econômico social com a preser- � vação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico:o pri- meiro objetivo a ser perseguido é exatamente o do desenvolvimento econômico social compatibilizado com a preservação do ambiente. Pode-se dizer que se trata do mais importante dos princípios na medi- da em que todos os outros estão nele contidos. Isso implica em dizer que toda PNMA a ser elaborada, e também todos os atos administrativos a serem praticados por todas as modalidades de atuação do Estado, devem atender sempre à necessidade de buscar o desenvolvimento sustentável. A definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à quali- � dade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos es- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 46 tados, do Distrito Federal, dos territórios e dos municípios: toda atividade administrativa é sempre uma questão de escolha. Deverá ser objetivo da Administração Brasileira a definição de áreas prioritárias para atua- ção. Trata-se, obviamente, de uma esfera da discricionariedade admi- nistrativa, mas mesmo esta deve ser pautada pela limitação imposta por este objetivo da PNMA. Deve haver uma escolha de quais as áreas de atuação governamental são prioritárias, levando-se em conta os deveres estatais de proteção do equilíbrio ecológico e da qualidade do ambiente. O Estado deve sempre escolher que parcela dos problemas ambientais enfrentar, e esta escolha deverá se dar a partir do cumprimento da obrigação de optar pela proteção mais ampla possível. O estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de � normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais: a PNMA deve estabelecer critérios e padrões de qualidade ambiental. Isso quer dizer que os órgãos que compõem o Sisnama devem atentar para a obriga- ção que possuem de estabelecer limites para a liberdade de atuação do próprio Estado e de particulares. É dever do Estado e objetivo da sua política ambiental explicar as “regras do jogo”, ou seja, fixar claramente até onde é possível atuar e onde co- meçam as limitações impostas pela obrigação de preservar o ambiente. O desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas � para o uso racional de recursos ambientais: o Estado deve atuar por meio de sua Política Nacional de Meio Ambiente com o objetivo de desenvolver pesquisas e tecnologias que sejam úteisao desenvolvi- mento sustentável e contribuam para racionalizar o uso dos recursos naturais. Isso implica dizer que as atividades científicas que têm por objeto o ambiente devem ser incentivadas pelo Estado, pois é um dos objetivos de qualquer política ambiental a utilização da ciência como aliada na preservação. A difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, a divulgação de � dados e informações ambientais e a formação de uma consciência públi- ca sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equi- líbrio ecológico: também é objetivo da PNMA a divulgação de todas as técnicas de manejo que possam contribuir para o uso racional dos Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Política Nacional do Meio Ambiente e os instrumentos jurídicos 47 recursos naturais. A existência de produtos da atividade científica, ou comercial, tudo isso apontando para o desenvolvimento sustentável. Isso implica na necessária democratização dos objetos das atividades científicas públicas e privadas que devem ser utilizados por todos. O meio ambiente não comporta reservas de mercado nem privatizações de tecnologias que devem ser utilizadas por todos. Além disso, a nos- sa PNMA deve ter por objetivo a formação da consciência ambiental, por meio de atividades de educação ambiental nas quais se possa de- monstrar a necessidade da preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico. A preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua � utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida: os recursos naturais não são inesgotáveis. Devem ser utilizados racionalmente, observan- do-se sempre que seu uso inadequado pode causar a sua extinção. Para tanto, as atividades administrativas ambientais devem observar a necessária preservação de tais recursos e sua conseqüente restauração quando agredidos. Toda a PNMA deve saber que a atividade de preser- var e a de restaurar contribui para a manutenção do equilíbrio ecológi- co e também para a afirmação do direito à vida com qualidade. A imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e inde- � nizar os danos causados, e ao usuário, de contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos: a administração pública deve cuidar com sua obrigação de impor reprimendas administrativas ao poluidor e ao predador ambiental, além de lhe fixar a obrigação de recuperar a área degradada, quando possível fazê-lo. A principal atividade da administração ambiental é a de prevenção, mas esta também pode se transformar em atividade de reparação do dano, ou, quando não for possível, de imposição de sanções ad- ministrativas que impliquem em uma reprimenda. A administração pública também deve realizar atividades no sentido de impor con- tribuições aos usuários pelo só fato de terem se utilizado de bens ambientais com objetivos econômicos. Isto implica dizer que a ad- ministração pública poderá cobrar pela utilização de determinados bens ambientais, considerando que a contrapartida pecuniária pode ser um instrumento de preservação. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 48 Os instrumentos da PNMA Toda a atuação da administração ambiental deve se pautar pelos prin- cípios estabelecidos pela PNMA e ser executada a partir de instrumentos aptos à realização dessa política, que é concebida pelos órgãos de cúpula do Sisnama, e tem por objetivo aqueles que foram estabelecidos pela própria legislação (Lei 6.938/81). O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental � : o Estado tem a obrigação de estabelecer os padrões de qualidade ambiental. Tem a obrigação de, em seguimento aos princípios da PNMA, ditar quais são os limites da atuação potencialmente poluidora e em quais momentos a atividade deixa de ser lícita para ser uma atividade danosa ao am- biente e, portanto, ilegal. Trata-se de um momento em que a ciência fornece ao direito referenciais para a preservação do ambiente, defi- nindo o conteúdo de regras jurídicas permissivas e proibitivas. O zoneamento ambiental � : o zoneamento ambiental é a divisão do es- paço em zonas a partir do critério de preservação do meio, isolando atividades potencialmente danosas de áreas em que os danos podem ser potencializados. A administração pública poderá estabelecer áreas privativas para determinadas atividades proibindo que sejam realiza- das em outras áreas, facilitando as atividades de fiscalização e de me- dição dos padrões aceitáveis conforme o Direito Ambiental. A avaliação de impactos ambientais � : a administração ambiental tem a seu dispor a atividade de avaliar os impactos futuros que serão causa- dos pela atividade potencialmente danosa, podendo, assim, permitir ou proibir a realização desses atos, a depender do resultado do estudo pré- vio de impacto ambiental que inclusive tem previsão constitucional. O licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente � poluidoras: um dos mais importantes instrumentos à disposição da administração ambiental é o licenciamento e a sua necessária revi- são. Por licenciar compreende-se a possibilidade da administração pública permitir ou não a prática de atos potencialmente danosos que necessitam de um ato administrativo para chancelar a atividade. Trata-se do exercício do poder que a administração pública possui de limitar as liberdades com o objetivo de preservar o ambiente coibin- do atividades danosas. Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Política Nacional do Meio Ambiente e os instrumentos jurídicos 49 Os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou � absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambien- tal: o Estado pode incentivar a utilização de tecnologia voltada para a melhoria da qualidade ambiental. Isso significa que todos os atores públicos e privados que exercerem atividades potencialmente impac- tantes podem receber incentivos públicos se fizerem uso de métodos e tecnologias “verdes”, ou seja, máquinas e procedimentos compatí- veis com a preservação ambiental. A criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo poder � Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção am- biental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas: o poder público tem o dever constitucional, obrigação infraconstitucional e um instrumento em suas mãos. Trata-se do dever de criar espaços ter- ritoriais especialmente protegidos para a preservação da fauna e da flora e de outros recursos naturais. Ao utilizar esse instrumento, que está regulamentado em Lei e previsto na Constituição Federal, a administração pública utiliza-se de um crité- rio espacial para a preservação ambiental, retirando áreas da livre ex- ploração privada e transformando-as em locais aptos à preservação. O sistema nacional de informações sobre o meio ambiente � : por meio des- se instrumento, a administração pública tutela a natureza informando a todos os entes federativos e à população, não apenas as atividades que foram executadas em defesa da natureza, mas também quais os atores potencialmente danosos e as suas atividades. Trata-se de um instrumento de democratização de informações para garantir ao cida- dão o conhecimento amplo das atividades que lhe são afetas. O Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa Am- � biental: o cadastro é outro instrumento bastante parecido com o siste- ma de informação. Por meio dele, as atividades e os instrumentos são classificados e catalogados para que possam ser divulgados à socieda- de no bojo do sistema nacional de informação ambiental. As penalidades disciplinares ou compensatórias � : as atividades
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