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Escolástica e patristica

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Escolástica
A Escolástica foi um período da Filosofia Medieval em que a filosofia aristotélica e a junção entre fé e razão ganharam centralidade para explicar os elementos teológicos.
A Filosofia Escolástica é uma tradição filosófica que surgiu na Idade Média, tendo acontecido, aproximadamente, entre os séculos IX e XIII. Podemos dividir a Filosofia Medieval em duas vertentes: a Patrística e a Escolástica.
Enquanto a Patrística encontra-se no período de transição da Antiguidade para o Medievo, com uma profunda valorização de Platão, a formação das apologias necessárias para formar novos cristãos e a retomada das teses aristotélicas por meio das consultas de Boécio às traduções mouras, a Escolástica é caracterizada por uma maior valorização da filosofia aristotélica e do conhecimento científico defendido por Aristóteles na Antiguidade. Os responsáveis por esse resgate são os monges Alberto Magno e Tomás de Aquino.
Características
A Filosofia Escolástica foi um período de intensa produção filosófica e de valorização do conhecimento científico e da junção entre fé e razão. Tomás de Aquino, o principal filósofo escolástico, ficou conhecido por lutar contra as heresias (o pecado e a contrariedade aos dogmas da Igreja Católica) por meio do conhecimento intelectual e das ciências.
O período escolástico sofreu grande influência dos árabes, que migraram para o território da península hispânica por volta do século VII, a partir da expansão árabe, tendo ocupado também parte da península ibérica. Os árabes levaram consigo as traduções das obras aristotélicas. Averróis, um importante filósofo árabe do século XII, teceu comentários acerca da obra aristotélica que, sem dúvida, influenciaram os filósofos cristãos do período tomista.
Tomás de Aquino é um dos pensadores que retomaram fortemente a obra de Aristóteles, tendo feito uma fusão das ideias do grego sistemático com as suas próprias ideias, fato que permitiu que o pensamento do monge dominicano escolástico fosse chamado de "tomista-aristotélico".
Alberto Magno, um dos professores de Aquino durante a sua longa jornada de pesquisador, professor e estudante de Filosofia e Teologia, era um curioso nato e incentivador da ciência. Foi Magno quem despertou em Aquino a importância de olhar para a Astronomia, para a Física e para a Biologia para compreender o mundo natural e, assim, compreender a Deus.
Alberto Magno e Tomás de Aquino, assim como outros escolásticos, ensinaram e estudaram o trivium e o quadrivium (as artes liberais), em conjunto com o sacerdócio e a interpretação bíblica, fatores marcantes para compreender o período escolástico.
· O trivium, ou trívio, consistia na Gramática, na Retórica e na Lógica.
· O quadrivium, ou quadrívio, consistia na Aritmética, na Geometria, na Astronomia e na Música.
Todas essas áreas, chamadas artes liberais, compunham o conjunto de conhecimentos básicos que todos os sacerdotes deveriam estudar, além dos estudos das ciências empreendidos por alguns pensadores.
A questão dos universais
Aristóteles, primeiramente, ainda na Antiguidade, seguido pelo neoplatônico Porfírio, durante a Patrística, inspiraram um debate que ganhou bastante força entre as questões disputadas na Escolástica.
Esse debate ficou conhecido como questão dos universais e girava em torno de como poderia existir uma ideia geral ou universal, ou seja, como poderia existir um conceito que denominasse e tivesse sentido de maneira universal.
No interior dessa querela, os realistas defendiam que as ideias universais existiam de fato enquanto entidades metafísicas que abrigavam as características dos seres. Um exemplo é a ideia de brancura, que existe independentemente dos objetos brancos. Já os nominalistas defendiam que os universais não passavam de palavras convencionadas para denominar as ideias.
Fases
A Filosofia Escolástica pode ser dividia entre três fases, com características diferentes:
· Primeira fase: é caracterizada por uma confiança completa dos pensadores na relação inteiramente harmônica entre fé e razão. Os pensadores dessa primeira fase herdaram, principalmente, a volumosa obra Patrística que já discutia a possibilidade de pensar-se numa fé racional ou em elementos da fé por meio da razão. São pensadores desse período João Duns Scotus (também chamado de Escoto Erígena) e Santo Anselmo.
· Segunda fase: é caracterizada pela elaboração de grandiosos sistemas filosóficos, com base na filosofia antiga, na Ciência, na Lógica, na Retórica e na teologia cristã. O maior pensador desse período e da Patrística em geral foi Tomás de Aquino. Alberto Magno, que foi professor de Aquino, pode ser considerado outro pensador desse período intermediário e de maior esplendor da filosofia Escolástica.
· Terceira fase: é o período de decadência da Escolástica na Idade Média por conta da rigidez com que a Igreja passa a pensar as relações teológicas e dos primeiros indícios de surgimento do Renascentismo. Um dos nomes importantes desse período é o de Guilherme de Ockham.
Tomás de Aquino
O monge dominicano Tomás de Aquino, canonizado pela Igreja Católica, foi o mais importante representante da filosofia Escolástica. Grande comentador de Aristóteles, o pensador utilizou a filosofia aristotélica para fundar um novo pensamento durante a Escolástica. Aquino, conhecedor do trívio e do quadrívio, foi além estudando as ciências da natureza por influência de seu professor, Alberto Magno.
Participante ativo das questões disputadas (quaestio disputata) durante sua época de estudante e professor escolástico, o filósofo recorreu a Aristóteles e atualizou o pensamento deste nos debates escolásticos, em suas obras e em suas aulas. Um dos elementos da filosofia aristotélica que influenciaram Aquino foi a distinção entre essência e existência. Aquino também foi responsável por operar uma conexão direta entre a obra aristotélica e a explicação Escolástica sobre a existência de Deus.
A matriz aristotélica até Deus
A filosofia aristotélica, apesar de ser baseada em um pensador pagão, pois Aristóteles teria vivido antes de Cristo, seria, segundo Tomás de Aquino, uma via racional que levaria a Deus. Aristóteles afirmou que o princípio de todo o Universo estaria em um elemento chamado primeiro motor imóvel, algo que Tomás de Aquino aponta como sendo o princípio primeiro de tudo em suas Cinco vias que provam a existência de Deus.
Assim como Aristóteles, Aquino pensa com base na ideia de causalidade (princípio de causa e efeito) para apresentar vias racionais que levarão, necessariamente, à prova de que Deus existe. São as cinco vias tomistas:
1. O motor
Tomás de Aquino constata que em todo o Universo há movimento. Aristóteles propõe que, para cada movimento, existe um motor. Se fôssemos procurar cada motor responsável por cada movimento do Universo, sem pensar na existência de um motor que gerou o primeiro movimento, faremos uma regressão infinita que não dará resultado satisfatório. Portanto, é necessário pensar que há uma causa primeira (motor imóvel), responsável pelo primeiro movimento. Esse motor é Deus.
2. A primeira causa eficiente
Pensando na relação de causa e efeito e no movimento do primeiro motor imóvel, é necessário pensar também que houve uma primeira causa para tudo, ou seja, a primeira causa eficiente. Essa causa é Deus.
3. Ser necessário e seres possíveis
Existem diferentes seres no mundo. Um deles é o ser necessário, por não ter sido criação, mas simplesmente ser. Os outros são os seres possíveis, pois em algum momento eles foram gerados a partir da vontade de alguém. O ser necessário é Deus, os seres possíveis são os demais seres existentes.
4. Graus de perfeição
Como existem seres diferentes, há uma hierarquia que determina aqueles mais perfeitos e os menos perfeitos. Deus seria o grau máximo de perfeição, que segue na hierarquia tomista até chegar aos seres mais rústicos possíveis.
5. Governo supremo
A ordenação racional do universo implica a necessidade de um governo supremo que possa controlar tudo para que a ordem racional seja mantida. Esse governo é, na ótica tomista,
Deus.
Tomás de Aquino foi um padre e professor católico medieval, representante do período escolástico da Filosofia.
PatrísticaLOSOFIA
A Filosofia Patrística foi desenvolvida no início do período de transição da Antiguidade para o Medievo e desenvolveu os primeiros passos da doutrina cristã.
A Filosofia Patrística foi um período que se iniciou com a transição entre a Antiguidade e o Medievo. Marilena Chaui destaca que a Filosofia Patrística "inicia-se com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho de São João e termina no século VIIIi".
É importante ressaltar que o período patrístico foi um período de mudança e transição de pensamento. Ele situava-se, cronologicamente, entre a Antiguidade e a Idade Média e, filosoficamente, pode ter distintas classificações. Chaui classifica a Patrística como um período distinto da Filosofia, que não se encontra nem na Filosofia Antiga, como também não se encontra na Filosofia Medieval.
Porém, há um consenso de classificar a Filosofia Patrística como parte da Filosofia Medieval, junto à Filosofia Escolástica, pois os temas e o modo de operar dos pensadores patrísticos aproximavam-se totalmente da teologia cristã e do conhecimento religioso.
A Patrística recebeu esse nome por abrigar os primeiros padres, "pais", da Igreja Católica e, em seu início, essa Filosofia serviu ao pensamento cristão por meio das apologias do cristianismo, pois o pensamento cristão, ainda no século III d.C., não era bem difundido na Europa.
Características e significado da Patrística
A Filosofia Patrística surgiu em uma época difícil para o cristianismo. Em virtude da promulgação do cristianismo como religião oficialmente aceita pelo Império Romano, os cristãos ainda sofriam perseguições e retaliações, além de não terem muitos adeptos em várias localidades europeias.
O primeiro movimento da patrística era composto pelos primeiros professadores da fé cristã e pelos padres apologistas, que tinham a missão de fazer uma defesa do pensamento cristão. Entre os apologistas, alguns escolheram o caminho de união da Filosofia grega pagã com o cristianismo, como Justino, e outros defenderam a total exclusão e repressão da Filosofia pagã grega, como Tertuliano.
Durante muito tempo, a visão apologista defendida por Justino prevaleceu, inclusive no período filosófico posterior, a Escolástica. A Filosofia serviu, nesse caso, de alicerce para a formulação de uma teologia cristã. Porém, em outros momentos da Filosofia, o conflito entre razão e fé acirrou-se de maneira a gerar uma visão binária, em que somente era possível crer ou pensar racionalmente. Em outros períodos, os domínios da fé e da razão foram drasticamente separados, sendo cada um cultivado por sua distinta importância.
Outra característica do período patrístico é a influência de Platão, pensador grego amplamente estudado, traduzido e difundido entre aqueles que recorriam à Filosofia grega. O pensamento platônico difundido para os patrísticos adveio do chamado neoplatonismo, corrente filosófica que estudou, classificou e formulou teorias filosóficas próprias a partir dos escritos deixados por Platão.
Os principais expoentes do neoplatonismo são Plotino (século III d.C.) e Porfírio (discípulo de Plotino, que reformulou partes do pensamento neoplatonista e introduziu novas questões, como a questão dos universais, baseadas na Filosofia aristotélica). O neoplatonismo tomou certo destaque em relação ao aristotelismo durante a Patrística, principalmente por conta da maior proximidade das obras de Platão com o pensamento cristão.
Apesar dos esforços de Boécio pela tradução de Aristóteles não a partir do original em grego, mas a partir de traduções árabes, o aristotelismo somente ganhou força dentro da Filosofia Medieval com início no pensamento de Tomás de Aquino, já no período Escolástico.
Posteriormente, passado o período das apologias, alguns nomes sobressaem-se, como Boécio (século V a VI d.C.), reconhecido tradutor e comentador de Aristóteles e da obra Isagoge, de Porfírio e Agostinho de Hipona (século IV a V d.C.), um pagão convertido aos 32 anos de idade, que despontou-se como o principal teólogo patrístico, sendo posteriormente canonizado pela Igreja Católica, tornando-se o Santo Agostinho.
Importância da Patrística
A importância do período patrístico da Filosofia reside, principalmente, no fato de que ela produziu grande parte do pensamento que daria origem a todo um sistema teológico cristão. Ao tecer uma análise criteriosa das bases do pensamento cristão, dos dogmas cristãos e de uma certa concepção teológica, podemos encontrar traços platônicos e elementos da Filosofia Grega.
Foi no período patrístico que surgiu a maior parte doutrinária do pensamento cristão, pois os padres que foram "pais" da Igreja católica tiveram a missão de formular o princípio de todo o pensamento cristão que daria origem ao que conhecemos hoje como Igreja Católica Apostólica Romana.
Santo Agostinho
Santo Agostinho, o Bispo de Hipona.
Agostinho que se tornou Bispo de Hipona e foi, mais tarde, canonizado pela Igreja Católica, foi um padre patrístico, considerado como o maior difusor do pensamento patrístico e o maior polemista da Filosofia Patrística. A história de Agostinho é complexa, pois até os 32 anos de idade, o filósofo era resistente ao pensamento cristão.
Agostinho buscou diversas correntes teóricas e escolas filosóficas na tentativa de encontrar um sentido para a sua vida. Teve contato com o pitagorismo, com o maniqueísmo e com parte da Filosofia Helênica. Sua mãe esforçou-se para a criação cristã do filho, que na juventude não se interessou pelo Evangelho, pois “as escrituras sagradas pareciam-lhe vulgares e indignas de um homem cultoii”.
Dada a sua conversão, aliada à erudita educação fornecida graças aos esforços do pai, Agostinho converteu-se, ordenou-se e passou a estudar a Teologia baseada na Filosofia e a combater as heresias.
Livros da Patrística
A Patrística, junto à Escolástica, produziu diversos livros importantes para a compreensão do pensamento religioso cristão ocidental e para a formulação de um pensamento racional medieval.
As obras patrísticas que merecem destaque são:
· Enéadas: escritos por Plotino, Enéadas totaliza 54 tratados diferentes sobre diversos assuntos que vão de ética e convívio em sociedade a problemas de ordem psicológica individuais, apresentando uma visão cristã sustentada pela Filosofia Platônica.
· Isagoge: o clássico de Porfírio retoma a Filosofia Grega de origem aristotélica para reintroduzir aspectos do método de procedência de Aristóteles, formando comentários sobre a Filosofia Grega. O principal elemento trazido por Porfírio por meio de Isagoge é a chamada “questão dos universais”.
· Confissões: obra que mescla Literatura e elementos filosóficos, Confissões apresenta a biografia de Agostinho, contando seus momentos em que ele encontrava-se, como ele mesmo diz, "perdido", antes da conversão, até os momentos que viveu, segundo ele mesmo, momentos de glória, após a conversão ao cristianismo.
· Cidade de Deus: obra que trata das heresias, do Reino de Deus e do comportamento esperado de um cristão para chegar à plenitude da vida, no sentido cristão.
A fé e a razão encontraram-se unidas na segunda parte do período patrístico da Filosofia. [1]

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