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LIVRO- TIPITI

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Prévia do material em texto

EXAME DE 
LINGUAGEM 
TIPITI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HELENA A. BRAZ 
THAIS H. F. PELLICCIOTTI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradecemos criticas e sugestões, as quais podem ser enviadas para: 
 
HELENA A. BRAZ – Rua Caconde. 281. apto 91 
Jardim Paulista, CEP 01425 – SP – SP. 
Fone 885-7970 
 
THAIS H.F. PELLlCCIOTTI – Rua Barão de Tibagi, 84:1º andar 
 Real Parque, CEP 05685 – SP – SP. 
 Fone: 844-2385 
 
 
 
 
DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS PELA LEGISLAÇÃO EM VIGOR 
Sob registro n: 26390 de 27 de outubro de 1981 
Proibida a reprodução, total e parcial, sob qualquer título e sob quaisquer formas (impressão, 
cópia, etc.). 
 
O infrator responde civil e criminalmente (Lei 5.088 de 14-12-73 que regula e protege os 
Direitos Autorais, Civil e Código Penal - Artigos res 184, 186 e 187) 
 
 
 
 
 
CAPA E ILUSTRAÇÕES 
CLAUDIO L1BESKIND 
 
 
 
1ª Edição – 1981 
2ª Edição – 1983 
3ª Edição – 1988 
 
 
 
IMPRESSO EM: GRÁFICA E EDITORA MNJ L TDA 
COMPOSTO EM: CATÁLOGO STUDIO LTDA· FONES: 571-8868 
Rua Sena Madureira, n? 456 - CEP 04021 
 
 
 
 
 
 
 
INDICE 
 
 
- Apresentação - O que é Tipiti 
- Introdução Geral 
- Introdução à Comunicação Oral e Escrita 
- Manual de Aplicação do Exame de Comunicação Oral 
Prova Auxiliar-Contexto Pessoal 
Provas Auxiliares-Noções Básicas 
Lista de Palavras 
Memória Auditiva Imediata 
Ordens 
Categorização 
Reversibilidade 
Complementação de Sentenças 
Histórias 
- Manual de Aplicação do Exame de Comunicação Escrita 
Leitura Oral 
Leitura para Compreensão 
Formação de Palavras 
Ordenação de Vocábulos em Sentenças 
Complementação de Sentenças 
Formação de Sentenças 
Sequencialização de Sentenças e Parágrafos 
Combinação de Sentenças 
Cópia 
Ditado 
Redação 
- Manual de Aplicação das Provas Específicas - Fonética e Fonologia 
Provas Específicas - Fonética e Fonologia 
Lista de palavras 
- Manual de Aplicação das Provas Específicas de Percepção Auditiva 
Provas Específicas de Percepção Auditiva 
Discriminação Auditiva 
Memória Auditiva Imediata 
Análise-Síntese Auditiva 
Ritmo 
- Manual de Aplicação das Provas Específicas de Percepção Visual 
Provas Específicas de Percepção Visual 
I – Nível Pré-Gráfico 
Discriminação Visual 
Figura-Fundo Visual 
Memória Visual 
Análise-Síntese Visual 
II – Nível Gráfico 
Discriminação Visual 
Figura-Fundo Visual 
Memória Visual 
Análise Síntese Visual 
Discriminação de Vocábulos não Isolados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
Nesta segunda etapa de nosso trabalho gostaríamos de agradecer àqueles que permitiram a 
elaboração do Exame de Linguagem Tipiti na sua primeira edição. 
- Dra. Cláudia Lemos e Dra. Eleonora Mota Maia. 
- Os sujeitos da pesquisa prévia e suas famílias. 
- As pessoas que sempre nos incentivaram. 
- Os que no decorrer desses anos foram nossos pacientes e que fazem parte da 
experiência que alimentou nossa reflexão. 
- Abel Vieira Neto, cientista e amigo, que nos emprestou sua imaginação criativa e elaborou 
várias das histórias. 
- Cláudio Antonio Marques Luiz que nos orientou em toda organização e apresentação deste 
exame. 
 
-A 
Adriano 
Bruno 
Christiano 
Fábio 
à minha mãe 
 
-A 
Sandra 
Danny 
 
 Agradecemos à paciência e o carinho com que toleraram nossa ausência. Reconhecemos o 
entusiasmo que demonstraram pelo nosso trabalho. Nos orgulhamos pelo incentivo que nos deram e 
nos animou a prosseguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXAME DE LINGUAGEM TIPITI 
 
 
 
 O que é TIPITI? De origem indígena, o tipiti é um cilindro de malha trançada com talos de 
palmeira, utilizado no norte do Brasil. Introduzindo-se a mandioca no seu interior, onde é socada e 
espremida através de um movimento de compressão e de distensão do cilindro, obtém-se um suco 
originalmente venenoso que escorre pela trama da malha. Assim, separa-se a tapioca do tucupi, 
nome que recebe esse suco, quando eliminados seus componentes nocivos. 
 
 Consegue-se, então, alimentos saudáveis e saborosos, utilizados não só pela população que 
lhes deu origem, como também pelas requintadas culinárias das capitais brasileiras. 
 
 Por que TIPITI? Porque o objeto original é um artefato criado com os recursos próprios de 
um povo e para suprir suas necessidades, é um instrumento útil e eficaz e é um seletor: permite 
isolar os elementos da substância sobre a qual opera, proporcionando-lhes condições de separação e 
recuperação. 
 
 O que ocorre também com este exame de linguagem que recebe seu nome: sua elaboração 
foi norteada pela nossa experiência clínica de atendimento a um setor da população brasileira e 
pretende-se que seu uso propicie tanto condições de análise como de recuperação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO GERAL 
 
 
 
A elaboração desse exame surgiu da necessidade de se ter um instrumento que permitisse 
avaliar o desempenho lingüístico de indivíduos que procuram profissionais ligados à área de 
distúrbios da comunicação. Para tanto, optamos pela elaboração de um exame e não de um teste, 
evitando com isso abordagens experimentais e tratamentos estatísticos, que reduziriam um 
comportamento tão complexo como o lingüístico a padrões pré-estabelecidos. A consideração de 
que fatores culturais determinam esse comportamento explica também o fato de não ter sido 
utilizado material adaptado de testes estrangeiros, na medida em que isto significaria usar um 
mesmo instrumento para avaliar a linguagem de indivíduos, não só de línguas diferentes, com usos 
e estruturas particulares a cada uma delas, como também tenderia a nivelar diferenças regionais e 
sócio-econômico-culturais que caracterizam a cultura brasileira. A opção por um teste, cuja 
aplicação criaria contextos de uso da linguagem ainda mais rígidos e artificiais que um exame (na 
medida em que exigiria respostas padronizadas e que não permitiria considerar as infinitas variáveis 
inerentes aos interlocutores e aos contextos), nos distanciaria da visão predominante que é centrada 
na interação e no uso da linguagem nesta interação, o que é nosso objetivo. 
 As diretrizes que nortearam este exame têm origem em nossa reflexão sobre a experiência de 
avaliação de comunicação e terapia de indivíduos portadores de diversas patologias de linguagem, 
reflexão essa feita a partir da sistematização dessa experiência, e também da leitura de trabalhos de 
investigadores das diferentes áreas que se vinculam a de distúrbios da comunicação. E é essa 
mesma experiência que nos indica os limites da avaliação de comunicação sobre a qual temos 
refletido Esses limites são, principalmente, os determinados pela situação artificial que é a de um 
exame. Qualquer exame de linguagem tende a ser uma interação do tipo unidirecional onde cabe ao 
Examinador (E) colocar questões e ao Examinando ou Sujeito (S) respondê-las. Esta limitação ao 
nível da interação reflete-se, obrigatoriamente, na linguagem utilizada e, conseqüentemente, nas 
formas sintáticas e semânticas que podem ser eliciadas. No entanto, é possível minimizar essa 
unidirecionalidade buscando estabelecer situações distensas que permeiem a aplicação do exame. 
 Nessa medida, a avaliação considerará o total da comunicação ocorrida durante toda a 
interação de E e S e o resultado de cada uma das provas propostas neste exame será também 
considerado como base para a formulação de uma hipótese interpretativa, cujo peso só será 
definido pela totalidade das respostas analisadas. E ainda, deverá levar-se em conta que, em casos 
de indicação terapêutica, essa avaliação será apenas um ponto de partida, uma vez que a interação 
terapeuta - paciente possibilitará reavaliações constantes. 
 Para a formulação do exame foram elaboradas provas que visam à avaliaçãoda 
comunicação oral e escrita, através da análise das áreas de recepção e emissão. As provas da 
comunicação escrita tiveram uma orientação diferente das de comunicação oral, na medida em que 
tiveram que ser usados os padrões determinados pelos programas escolares. O exame é 
acompanhado de provas específicas para avaliação das áreas de emissão ao nível fonético e 
fonológico de percepção auditiva e visual o que, em alguns casos, permite a verificação dos 
processos subjacentes à presença de desvios na comunicação oral e/ou escrita. 
Para o estabelecimento dos níveis de dificuldades das tarefas, em uma primeira etapa, 
cinqüenta crianças foram a elas submetidas não se tendo, com isso, buscado uma padronização. O 
que tentamos foi avaliar a eficácia do exame e estabelecer níveis aproximados de desempenho em 
uma população considerada normal. No histórico de cada um dos sujeitos testados deveria constar: 
escolaridade dentro do esperado para idade cronológica, pai ou mãe universitário, nível sócio-
econômico médio-superior e não terem tido atendimento especializado em área de linguagem, 
psicomotora ou neurológica. Assim, foram submetidos ao exame sujeitos de 3 a 18 anos de idade
1
, 
distribuídos em cinco grupos, correspondentes às faixas etárias de 3 a 4 anos, de 5 a 7 anos, de 8 a 
10 anos, de 11 a 14 anos e de l5 anos em diante e nos níveis escolares de 1ª série, 2ª série, 3ª e 4ª 
séries, 5ª e 6ª séries, 7ª e 8ª e Colegial
2
. Em uma segunda fase, as provas que constituíam o exame 
foram reformuladas a partir dos resultados desta pesquisa prévia, tendo sido utilizado como critério, 
na manutenção de cada questão, a obtenção de respostas adequadas em 90% dos sujeitos 
examinados. Ao exame assim reformulado foram submetidos mais cinco grupos de três sujeitos 
cada um, correspondentes às faixas etárias já mencionadas, a fim de que ficasse assegurada a 
validade das alterações feitas. Com os mesmos objetivos, aplicamos o exame em indivíduos 
portadores de diferentes patologias de linguagem, pertencentes ao mesmo nível sócio-econômico-
cultural. 
 
 Apesar de a pesquisa prévia ter sido feita em sujeitos de nível sócio-econômico médio-
superior da capital do Estado de São Paulo, o exame pode ser aplicado em indivíduos de outros 
níveis sócio-econômicos e outras regiões do país, desde que haja uma adaptação de itens regionais 
quando se fizer necessário. Isto é possível pois a interpretação do exame está baseada em uma 
análise dos processos subjacentes aos acertos e desvios e, ainda, na investigação das estratégias que 
 
1 Iniciamos as observações em crianças a partir de 3 anos de idade, uma vez que para crianças de menor idade a avaliação do desempenho lingüístico 
teria uma orientação diferente da proposta neste trabalho. 
2 Na presente revisão mantivemos a mesma organização em faixas etárias e escolares, uma vez que durante estes anos de aplicação tivemos 
confirmada sua adequação. 
 
o sujeito utiliza para realizar as tarefas com que se defronta, bem como na interação ocorrida 
durante o exame. Assim sendo, para a avaliação dos resultados, o examinador deverá levar em conta 
as diferenças dialetais e experiências ambientais do sujeito, e ainda procurar analisar os desvios 
encontrados do ponto de vista desses processos ou estratégias. 
 A utilização desse exame deve ser restrita a profissionais com formação em áreas ligadas aos 
distúrbios da comunicação; uma vez que sua análise e interpretação se fundamentam nos 
conhecimentos vinculados a essas áreas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO À COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA 
 
A apresentação de cada prova deste exame é feita através da especificação de seus objetivos, 
critérios de elaboração, normas de aplicação e avaliação. 
 
Não há necessidade de um rigor absoluto na aplicação das provas, não apenas quanto à 
sequência como também no que diz respeito ao tipo de formulação das perguntas no contato inicial. 
Sugerimos porém, que logo de início, 5 seja esclarecido a respeito do propósito do exame 
respeitando-se, evidentemente, suas condições e possibilidades. 
 
No que se refere à situação do exame, a quantidade e qualidade dos estímulos presentes na 
sala poderão variar segundo características de S e as necessidades sentidas por E, apesar de 
existirem elementos que, segundo nossa experiência, são recomendáveis, como por exemplo, o uso 
do gravador. A presença deste, em geral, não interfere na aplicação, desde que seja colocado como 
elemento pertencente ao contexto do exame. Recomendamos ainda um ambiente agradável, 
silencioso e principalmente distenso, bem como o estabelecimento de urna relação o mais informal 
possível a fim de amenizar a artificialidade inerente à situação. 
 
O comportamento não verbal tem uma relevância significativa no levantamento de uma 
hipótese diagnóstica e, portanto, sugerimos que durante a aplicação do exame se registre: se S entra 
sozinho na sala, se inicia contato, sua atenção ao interlocutor, atenção ao ambiente, contato de olho, 
prontidão de resposta, tipos de esquiva, etc. Recomendamos ainda que E observe eventuais 
mecanismos compensatórios ou qualquer particularidade relevante, como postura e outras, além de 
observar a organização de S na realização das tarefas. A importância desses dados torna-se maior 
quando nos lembramos que o uso do gravador afasta E da percepção e interpretação de 
comportamentos não verbais que são parte integrante da comunicação interpessoal. Na realidade, 
dificuldades na interpretação da fala de S, a partir da transcrição do material gravado, podem levar 
E a pensar em alterações que não são mais que o resultado da ausência de contexto e de 
comportamento não verbal na gravação. Além disso, para uma visão global do quadro é 
imprescindível obter-se informações de outros profissionais, observação da situação escolar, 
familiar e dados da anamnese. 
 
Esta visão assume fundamental importância quando reconhecemos que a história do paciente 
e o seu contexto são parte inseparável de um processo de avaliação, na medida em que toda a 
comunicação desenvolve-se e se estabelece em um contexto social amplo e familiar. Assim sendo, 
na anamnese os pais não podem ser vistos apenas como informantes, porém devem ser considerados 
como parte de um todo neste processo de avaliação. Além disso, dados aparentemente irrelevantes 
também devem ser pesquisados e avaliados, principalmente porque a experiência nos indica que, 
em geral, a queixa carrega a mensagem de um pressuposto já construído que pode ou não se 
confirmar no final do levantamento global dos dados caracterizados no perfil lingüístico a que este 
exame se propõe. 
 
Neste exame, procuramos apresentar em cada prova, no item Avaliação, através dos subitens 
Organização do Material Registrado e Interpretação, os vários tipos de respostas que podem 
Ocorrer. Porém, E deverá estar atento a qualquer tipo de dificuldade que ocorra na aplicação do 
exame, utilizando para isso a reformulação da instrução e mesmo de outros canais de comunicação 
como gestos, dramatização, visando sempre atingir os objetivos da tarefa. 
 
Para a avaliação do exame, deve-se sempre levar em consideração que a linguagem é um 
processo, e por isso, é dinâmica, pertencente a um sistema comunicativo mais amplo que envolve os 
aspectos social, emocional e cognitivo, arregimentando subsistemas (auditivo, visual, etc.). Assim 
sendo, respostas ainda que pareçam inadequadas ou inesperadas, podem não o ser, se consideradas 
sob o prisma de S em particular. Portanto, para a análise de cada prova sugerimos fundamentar a 
interpretação do que for considerado desvio nos processos subjacentes a eles, e ter em mente que, 
em alguns casos, o que parece ser um desvio é na verdade um reflexo da experiência de S vinculado 
ao momentode seu desenvolvimento e não uma alteração. É importante, pois, que E-os analise com 
a preocupação de não rotulá-los sem uma prévia e cuidadosa análise de conjunto. E será o repertório 
total de dados obtidos que vai delinear o perfil de cada indivíduo o que, eventualmente, 
caracterizará S como portador de uma patologia. 
 
Evidentemente, como já mencionado, os critérios de aplicação e avaliação são variáveis de 
acordo com as diversas regiões do pais e diferentes níveis sócio-culturais, sendo necessárias 
adaptações, na medida em que existem diferenças regionais de estruturação de enunciados, 
variações lexicais, etc. Nota-se que, em função dessas diferenças, pode existir não apenas variação 
na linguagem em si, mas nas expectativas do adulto quanto ao nível da linguagem correspondente a 
cada faixa de idade. “Assim, é fundamental que se considerem diferenças e variações como as que 
ocorrem quanto à concordância nominal e verbal de plural na comunicação oral, que em algumas 
situações de comunicação” como por exemplo, em registros informais não é feita e é aceita, não o 
sendo contudo na comunicação escrita. Sendo assim, E deve estar atento a variações desse tipo, 
evitando com isso hipercorreções. 
 
Como dados relevantes para a avaliação da comunicação escrita é importante ainda que E 
tenha informações sobre o programa de escola e o desempenho médio do grupo a que S pertence. 
Nos níveis da alfabetização e 1ª série sugere-se que E esteja a par do método e fase de 
alfabetização, tipo de letra utilizada pela escola, etc. 
 
A faixa etária de S é secundária ao seu nível de escolaridade e, caso a aplicação do exame 
coincida com o início do ano letivo, deverão ser aplicadas às provas da série escolar terminada no 
ano precedente. 
 
Recomendamos ainda que sejam preparados roteiros de comunicação escrita para cada 
indivíduo a ser examinado com uma boa impressão para evitar distorções em função do material e 
que para Ss de 1ª série os roteiros sejam manuscritos. 
 
O exame total ou parcial não poderá ser usado como tarefa terapêutica uma vez que é 
recomendável que se faça uma reavaliação anual para que se possa ter uma avaliação do processo 
de terapia. 
 
Concluindo, o exame deve ser utilizado como instrumento de avaliação de linguagem, no 
qual E deve estar atento a todas as informações secundárias que o exame tem condições de oferecer. 
E é nessa medida que E poderá utilizar sua observação e conhecimentos teórico-práticos para 
detectar, analisar e avaliar o que é relevante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL DE APLICAÇÃO 
DO EXAME DE 
COMUNICAÇÃO ORAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROVA AUXILIAR-CONTEXTO PESSOAL 
 
I - Objetivos da Prova 
 
- Atenuar, através dessa interação inicial, a artificialidade da situação de exame que, por ser 
assimétrica, tende a colocar S em um papel fixo de fornecedor de respostas. 
- Obter dados da realidade de S. 
 
II - Critérios de Elaboração 
 
- As perguntas sugeridas são as usualmente utilizadas nos primeiros contatos entre pessoas e, 
principalmente, entre adulto e criança. 
 
III - Normas de Aplicação 
 
Instrução: Propor as perguntas de maneira informal, visando uma situação descontraída. 
- Informar S, dentro do possível, do que se pretende com o exame e porque está sendo 
submetido a ele. 
- Acrescentar, se necessário, outros tipos de enunciados. 
- Estimular S a participar ativamente do diálogo, a dirigir perguntas a E, para reduzir o caráter 
unidirecional da situação de exame. 
 
IV - Avaliação 
1. Registro 
3
 
- Das atitudes gerais de S em relação a E. 
- Da disponibilidade de S a responder e/ou fazer perguntas. 
- De seu grau de eficiência comunicativa. 
- Do conhecimento das informações solicitadas. 
 
2. Organização do material registrado 
- Pelas características da atitude de S (ou da postura face ao exame): inibição, descontração, 
ansiedade, cooperação, hiperatividade, etc. 
- Pelo tipo de interação ou de sua participação. 
- Pela eficiência comunicativa: como S utiliza a comunicação verbal, gestual ou mímica para 
atingir seus objetivos, se há predominância de uma sobre a outra, como os vários tipos se 
associam, se elicia o diálogo, etc. 
 
3 Aspectos como atitudes gerais de S em relação a E, disponibilidade de S a responder e/ou fazer perguntas e seu grau de eficiência comunicativa 
devem ser registrados. organizados e interpretados em todas as provas do exame da forma sugerida nesta prova. 
- Pelo tipo de situação ou tópico de interação em que suas dificuldades emergem ou se 
acentuam: contexto familiar, escolar, etc. (dados obtidos por E em contato com a família, 
escola, etc.). 
- Por tipo de dificuldade: desconhecimento da informação solicitada, mecanismos de fuga, 
demora para dar respostas, necessidade de repetição da pergunta, respostas inadequadas, etc. 
- Pelo nível em que parece estar situado o desvio: recepção e/ou emissão. Exemplo: de respostas 
inadequadas em função de má recepção da pergunta (S = 3 anos de idade): 
E: Quantos aninhos você tem? 
S: [aponta os olhos] 
E: Quantos aninhos você tem? 
S: [aponta novamente os olhos] 
E: Quantos anos você tem? (reformulação da pergunta) 
S: [mostra três dedos]. 
 
3. Interpretação 
A interpretação deve ser dirigida no sentido de compor um quadro geral e preliminar da 
conduta comunicativa de S da forma pela qual ele observa dados de seu ambiente e como ele se 
situa no seu cotidiano. Para isso, S deve ser confrontado com as informações colhidas por E na 
anamnese, contato com a escola, observações em casa quando necessário, informações de outros 
profissionais, etc. 
A interpretação dessa prova permite ainda a verificação de vários outros aspectos que 
deverão ser levados em conta na análise final do exame. Ver exemplo citado acima, em que a 
recepção inadequada da pergunta leva a interpretação de que há uma dificuldade de discriminação 
auditiva (aninhos/ olhinhos). Em casos como esse, sugere-se recorrer às Provas Específicas de 
Percepção Auditiva. 
Convém ressaltar, no entanto, que a maioria das perguntas sugeridas são fórmulas de contato 
social que se voltam ao contexto pessoal do indivíduo e, por isso, suas respostas deverão ser 
interpretadas quanto a sua adequação social e como expressão da visão de S sobre seu meio. 
 
4. Dados da pesquisa prévia 
- As crianças de 3 a 5 anos apresentaram dificuldades nas perguntas relacionadas a tempo 
(apenas sobre a própria idade responderam adequadamente, e, com frequência, mostrando nos 
dedos), nome da rua, número de telefone e, quanto a número de irmãos, tenderam a incluir-se. 
- Por volta de 5 anos de idade foram obtidas respostas adequadas às questões, exceção feita às 
relacionadas a tempo, que só tiveram respostas corretas entre 6 a 8 anos. 
PROVAS AUXILIARES - NOÇÕES BÁSICAS 
 
I - Objetivo das provas 
- Detectar, de forma superficial, possíveis dificuldades com a nomeação e/ou compreensão de 
elementos que portam conceitos considerados básicos como oposição, sequência temporal, etc., 
que serão utilizados no decorrer do exame e, portanto, uma triagem do léxico de S. 
 
II - Critérios de elaboração 
- Foram selecionadas áreas geralmente consideradas como adquiridas até o início do período 
escolar: cores, formas, partes do corpo, ordenação de figuras e contrários ou termos 
polares. 
 
III - Normas de aplicação 
 
1. Instrução: Solicitar a S que responda à solicitação de E. 
- Ao contrário das outras provas, dado o seu caráter, esta deve ser aplicada na seqüência 
proposta. 
- Nas tarefas com termos polares E poderá perguntar: "Qual a diferença entre .... ?" e caso S não 
responda, E deverá buscar uma solução alternativa para obter a resposta desejada. 
- Se não houver emissão, solicitar que S aponte a figura que E nomear.Ex: Termos polares - comprimento 
E: Qual a diferença entre essas cordas? 
S: Não sei. 
E: Qual é a corda comprida? 
S: [indica] 
E: [indicando a curta]: Então esta é.... ? 
S: A curta. 
 
- Para a Prova Partes do Corpo, E poderá indicar as partes em si mesmo ou na figura. 
- Se houver dificuldade na aplicação, poderá utilizar elementos tridimensionais presentes no 
contexto. Ex.: oposições entre lápis, bonecos, etc. 
- Se as respostas forem incorretas, tanto ao nível de emissão como de recepção, recomendamos 
recorrer às tarefas de discriminação visual da Prova Específica de Percepção Visual, visando 
detectar uma possível interferência desta área na realização de S. 
 
 
 
 
2. Instrução específica para Ordenação de Figuras 
 
Instrução: Solicitar a S que ordene as figuras na ordem que achar certo e que conte uma história. 
- A sequência proposta é: "O menino e o coqueiro" para todas as faixas etárias. 
- Sugere-se que E não interfira na ordenação das figuras nem no relato da história. 
- Caso o relato não seja compatível com a ordenação realizada por S, E poderá ordenar as 
figuras e solicitar o relato. 
- Caso haja compatibilidade entre a ordenação e o relato, com o estabelecimento das relações 
temporais e causais, ainda que não seja aquela esperada por E, o desempenho de S deve ser 
considerado adequado
4
. 
 
IV - Avaliação geral 
1. Registro 
- Das eventuais estratégias utilizadas para respostas. 
- Do nível em que a resposta se dá (emissão ou recepção). 
- Do nível em que se situa a dificuldade (emissão ou recepção oral ou da percepção do objeto). 
 
2. Organização do material registrado 
- Por área em que se localiza a dificuldade: quantidade, espessura, cores, etc. 
- Por tipo de desvio: desconhecimento do nome, substituição (grosso/largo), etc. 
- Pelo nível em que se situa o desvio: verbal ou perceptual. 
- Por tipo de estratégia de resposta: gestos indicativos, representativos, etc. 
 
3. Interpretação 
Dado o objetivo desta prova, sua interpretação tende a isolar a área responsável pelos desvios e 
estratégias (verbal: recepção e/ou emissão, perceptual) que eventualmente possam ocorrer em outras 
tarefas onde essas noções foram utilizadas, como por exemplo, na Prova de Ordens. 
 
Avaliação específica para a tarefa de organização de figuras 
 
1. Registro 
- Da ordenação das figuras. 
- Da realização de S a partir da ordenação feita. 
 
 
 
 
 
 
4 A avaliação do desempenho oral de S deverá orientar-se pela avaliação apresentada na Prova A e B de Histórias. 
2. Organização do material registrado 
- Pelo relacionamento entre as figuras: com estabelecimento de relações temporais e causais, 
relação inadequada ou ausência de relações entre as figuras (figuras consideradas isoladamente). 
A partir disto, observa-se: 
- A compatibilidade entre a ordenação das figuras e o relato: compatibilidade entre ordenação e 
o estabelecimento das relações temporais e causais (adequado) ou incompatibilidade, não 
sequencialização das figuras e relato adequado (o que deverá ser aceito), sequencialização e 
relato inadequados. 
 
3. Interpretação 
As estratégias utilizadas mais freqüentemente para estabelecer relações entre figuras se 
baseiam no uso de um elemento como ponto de partida, que pode ser escolhido tanto pela sua 
presença em todas as figuras como pela sua saliência perceptual e que é, em geral, um ser animado. 
É a escolha deste ponto de partida que leva ao estabelecimento do foco narrativo, ou perspectiva a 
partir da qual o relato será construído, e que levará à coerência e coesão (não fragmentação) de 
relato. 
A interpretação vai se basear na verificação desse ponto de partida e, conseqüentemente, na 
procura da estratégia usada por 5 no processo de ordenação das figuras. Deverá ainda fundamentar-
se na compatibilidade do relato com ª ordenação feita, a qual evidencia a capacidade de estabelecer 
relações temporais e causais. Essa ordenação não deverá ser, necessariamente, aquela esperada por 
E, que procurará estar aberta para entender a capacidade que a criança tem de imaginar ou 
estabelecer relações alternativas. 
 
4. Dados da pesquisa prévia 
 
1. As noções solicitadas são conhecidas por volta dos 5 anos em nível de recepção e emissão, 
exceção feita a: 
- Articulações (parte do corpo), maior/menor (tamanho), que são conhecidas por volta dos 7 
anos. 
- Dimensões menores (fino - curto - baixo) são nomeados sob o ponto de vista de tamanho, 
como pequeno, até aproximadamente 9 anos. 
 
 2. Nas tarefas de ordenação das figuras constatou-se que: 
- Aos 3 anos de idade não houve compatibilidade entre ordenação das figuras e o relato, embora 
este último pudesse ter um conteúdo adequado e algumas crianças consideraram as figuras 
isoladamente (Vide dados da pesquisa prévia da Prova B de Histórias). 
- Aos 5 anos, observou-se um desempenho compatível entre organização das figuras e o relato 
ou história. 
LISTA DE PALAVRAS 
 
I - Objetivo da prova 
- Avaliar a recepção e emissão de vocábulos em que estão representados os fonemas do 
português. 
- Avaliar a recepção e emissão de sequências fonológicas, em contextos fonéticos 
diferentes. 
 
II - Critérios de elaboração 
- Foram elaboradas duas listas, sendo a primeira relacionada à extensão vocabular e a segunda 
ao traço distintivo de fonemas. 
- A lista de extensão é composta por trinta vocábulos subdivididos em di, tri e polissílabos. A 
lista foi elaborada com vocábulos paroxítonos, com balanceamento das sílabas tônicas, abertas e 
fechadas e, ainda, houve uma preocupação de ocorrência de todos os fonemas, tanto nas tônicas 
como nas átonas. 
- A lista de traços distintivos é composta por vocábulos di e trissílabos, paroxítonos. Os fonemas 
visados são seguidos de a e i ou u e antecedidos por a para controle do contexto fonético; e 
ainda, estão colocados em sílabas tônicas, balanceadas em termos de abertas e fechadas. 
- O balanceamento dos vocábulos das listas foi restringido em alguns aspectos em função de 
limitações impostas pelo português (como por exemplo, a não ocorrência do fonema vibrante 
simples inicial de vocábulos). 
 
III - Normas de aplicação
5
 
Instrução: Solicitar a S a repetição das palavras que E falar. 
 - Apresentar os vocábulos em ritmo regular, sem entonação enfática e com intensidade normal 
de voz. 
- Apresentar a lista de extensão horizontalmente. Não há recomendação especial para a de traços 
distintivos. 
- Repetir o vocábulo uma vez, caso seja solicitado por S (o que será levado em conta na 
avaliação). 
- Dar os vocábulos procurando não favorecer apoio visual na emissão de E
6
. 
 
IV - Avaliação 
1. Registro 
- Das emissões de S. 
 
5 
A prova deve ser gravada. 
6 
Este critério poderá não ser seguido quando a situação assim o exigir como por exemplo, no caso de deficiência auditiva.
 
- Das eventuais estratégias utilizadas para resposta. 
 
2. Organização do material registrado 
Do aspecto fonêmico 
- Pelo tipo de desvio: distorções, substituições e/ou omissões. 
- Pela natureza do desvio: traço distintivo de sonoridade, modo e zona de 
articulação, extensão do vocábulo, ritmo vocabular, sílabas abertas e fechadas, posição do 
fonema no vocábulo, etc. 
- Pela consistência do desvio: se o desvio ocorre sistemática ou assistematicamente quanto ao 
tipo e/ou natureza. 
- Pelo tipo de estratégia eventualmente utilizada para resposta: solicitação de repetição, gestos, 
etc. 
 
Das sequências fonológicas 
- Pelo tipo de desvio: reduções, extensões e/ou contaminações de sílabas nos vocábulos, etc. 
- Pela natureza do desvio: semelhança fonética, posição de sílaba no vocábulo, etc. 
Ex.: cordilo/crocodilo, parato/prato, golila/gorila. 
- Pela consistência do desvio: se os desvios ocorrem sistemáticaou assistematicamente quanto 
ao tipo e/ou natureza. 
- Por tipo de estratégia eventualmente utilizada para resposta: solicitação de repetição, gestos, 
etc. 
 
3. Interpretação 
Procurar-se-á verificar se há ou não integração dos sistemas analisados e sua estabilidade, ou 
seja procurar analisar se existe assistematicidade dos desvios e levantar hipótese sobre as 
dificuldades subjacentes aos eventuais desvios, as quais podem situar-se nas áreas perceptual 
auditiva e/ou articulatória. A determinação destas dificuldades pode se fundamentar nos critérios de 
elaboração das listas, como orientação para o levantamento de hipóteses sobre a natureza dos 
desvios. 
A consistência da interpretação pode ser reforçada pela análise comparativa entre dados 
obtidos nesta prova e em outros contextos lingüísticos (linguagem repetida, espontânea ou em 
leitura). 
Caso seja necessário, E poderá reportar-se às listas sugeridas nas Provas Específicas 
Fonética e Fonologia e/ou de Percepção Auditiva. 
 
4. Dados da pesquisa prévia 
No que se relaciona ao aspecto fonêmico, constatou-se que: 
- Nas crianças de 3 anos, a emissão dos fonemas com relação ao traço distintivo zona de 
articulação e aos grupos consonantais ainda se apresentou instável. 
- Nas crianças de 4 anos a emissão dos grupos consonantais ainda permanecia instável. 
- As crianças de 5 anos apresentaram o sistema fonêmico integrado e estável. 
 
No que se refere ao aspecto fonológico, verificou-se que: 
- As crianças por volta de 3 anos reproduziram adequadamente os vocábulos das listas, com 
algumas distorções em vocábulos polissilábicos que permaneceram até 5 - 6 anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MEMÓRIA AUDITIVA IMEDIATA 
 
I - Objetivo da prova 
- Avaliar a extensão da memória auditiva imediata para vocábulos e sentenças, dada a sua 
importância para retenção e análise do material lingüístico. 
 
II - Critérios de elaboração 
Séries de Vocábulos 
- Foram organizadas séries de vocábulos de áreas semânticas diferentes e de mesma área 
semântica, considerando-se que as relações semânticas entre elementos são relevantes para a 
retenção. 
- Foram elaboradas séries de três, quatro e cinco vocábulos (di, tri e polissílabos), considerando-
se significativo o número de sílabas por vocábulo e o número de vocábulos por série. 
- A seleção de vocábulos foi feita a partir de um vocabulário familiar às crianças previamente 
testadas. 
- As séries de vocábulos de áreas semânticas diferentes tiveram seus elementos balanceados em 
termos de tonicidade (oxítonas e paroxítonas) e quanto às sílabas tônicas abertas e fechadas. Nas 
séries de vocábulos de mesma área semântica esse balanceamento não foi possível pela própria 
restrição na escolha de vocábulos. 
 
Séries de Sentenças 
- Foram organizadas seis séries com três sentenças cada uma. 
- As séries variam quanto ao número de sílabas que determina sua extensão 
(dez, quatorze, dezoito, vinte e duas, vinte e seis e trinta sílabas). 
- As sentenças foram selecionadas dentre as acessíveis, do ponto de vista lexical e sintático, às 
crianças da pesquisa prévia. 
- As primeiras sentenças de cada série são simples, as segundas são coordenadas e, as últimas, 
subordinadas. 
 
III - Normas de aplicação 
Instrução: Solicitar a S a repetição dos vocábulos na ordem em que forem apresentados, frisando 
que a repetição deve ser iniciada somente quando E terminar de falar. A mesma instrução é dada na 
prova de sentenças. 
- Para crianças de 3 a 6 anos, sugerimos iniciar pela série de três dissílabos e sentenças com dez 
sílabas. 
- Para crianças de 7 a 10 anos, a primeira série dada poderá ser de quatro vocábulos dissílabos e 
sentenças com dezoito sílabas. 
- De 11 anos em diante, E poderá iniciar com as séries de cinco dissílabos e sentenças de vinte e 
duas sílabas. 
- A aplicação poderá prosseguir até que S não reproduza adequadamente duas séries da mesma 
extensão vocabular, ou duas sentenças com mesmo número de sílabas. 
- Caso as séries iniciais não sejam reproduzidas, recomenda-se aplicar séries de vocábulos e 
sentenças anteriores às propostas. 
- Se for solicitado, E poderá repetir as séries uma vez. 
- Sugerimos que E apresente as séries de vocábulos sem curva final descendente, isto é, que 
apresente com entonação característica de séries ou listas em que o último elemento da série não 
recebe entonação de completamento e ainda que os intervalos entre os vocábulos não sejam 
longos nem marcadamente diferentes entre si. 
 
IV . Avaliação 
1. Registro 
- Das realizações de S. 
- Das eventuais estratégias utilizadas para resposta. 
 
2. Organização do material registrado relativo às séries de vocábulos e das sentenças 
- Pela extensão das séries que foram respondidas adequadamente. 
- Pelo tipo de desvio: omissão, substituição, inversão “de vocábulos da série, contaminação de 
vocábulos ou aglutinação entre vocábulos”. 
Ex.: E: goiabada, papagaio, alfinete 
 S: goiabada, papanete 
 
- Pela natureza do desvio: se os desvios são aleatórios, se há uma regularidade do desvio na sua 
posição dentro da série ou da sentença, se o desvio esta associado a vocábulos propostos 
anteriormente, se a associação é fonética, semântica, etc. 
Ex.: dedo, portão, cama, bolo /dedo, cartão, cama, bolo (desvio produzido por associação 
fonética), sofá, cabra, pingo,' cadeira, cabra, pingo (desvio produzido por associação semântica). 
 
- Pela consistência do desvio: no caso em que S apresente tendência a um tipo e/ou natureza de 
desvio (Ex.: tendência à omissão). 
- Pelas estratégias eventualmente utilizadas para retenção: solicitação freqüente de repetição das 
séries, uso de apoio articulatório, etc. 
 
3. Interpretação 
A interpretação desta prova visa a levantar o nível de retenção auditiva de S. Na análise 
devem ser consideradas as estratégias e/ou mecanismos compensatórios utilizados por S para 
retenção do material lingüístico que podem indicar dificuldades na área específica de memória ou 
em outras áreas, como por exemplo discriminação auditiva que poderá estar interferindo no 
processo da retenção. A partir dessa análise pode-se levantar hipóteses sobre eventuais dificuldades 
que surgirem no decorrer da aplicação de outras provas, como compreensão parcial ou alterada da 
linguagem. 
Caso seja necessário, E poderá reportar-se às séries sugeridas nas Provas Específicas de 
Percepção Auditiva. 
 
4. Dados da pesquisa prévia
7
 
Vocábulos de áreas semânticas diferentes 
3 anos: três vocábulos dissílabos e trissílabos 
4 - 5 anos: quatro vocábulos dissílabos e trissílabos, três vocábulos polissílabos 
6 - 14 anos: cinco vocábulos dissílabos e trissílabos, quatro vocábulos polissílabos 
15 - 18 anos: seis vocábulos dissílabos, trissílabos e polissílabos 
 
Vocábulos de mesma área semântica 
3 - 5 anos: três vocábulos dissílabos e trissílabos 
6 - 7 anos: quatro vocábulos dissílabos e trissílabos, três vocábulos polissílabos 
8 - 15 anos: quatro vocábulos dissílabos, trissílabos e polissílabos 
15 - 18 anos: cinco vocábulos dissílabos, trissílabos e polissílabos 
 
Sentenças 
3 anos: quatorze sílabas 
4 - 5 anos: dezoito sílabas 
5 - 9 anos: vinte e duas sílabas 
10 - 14 anos: vinte e seis sílabas 
15 - 18 anos: trinta sílabas 
 
 
7 
Os níveis de atuação, por faixa etária, fornecidos se baseiam nas tendências gerais das respostas obtidas na pesquisa prévia . 
ORDENS 
 
I - Objetivo da prova 
- Avaliar a compreensão e retenção de instruções verbais através do cumprimento de ordens que 
exigem respostas motoras. 
 
II - Critérios de elaboração 
- Foram formuladas quatro ordens em quatro faixas etárias (de 3 a 4 anos, Q ( 5 a 7 anos, de 8 a 
10 anos e de 11 anos em diante)). 
- Oscritérios utilizados para a elaboração de cada série foram: ordens 1 relações espaciais; 
ordens 2 - Partes do corpo; ordens 3 - relações temporais; ordens 4 - solicitações incomuns, cujo 
objetivo é avaliar as estratégias de compreensão de ordem que foge às expectativas de S. 
As ordens que envolvem relações espaciais foram elaboradas segundo o critério do grau de 
complexidade perceptual que lhe é atribuída na literatura psicolinguística, a saber: precedência 
do eixo vertical sobre o horizontal primário (frente/trás), deste sobre o horizontal secundário 
(lado), e direito versus esquerdo. 
 
III - Normas de aplicação 
Instrução: Solicitar a S que execute as ordens. 
- Pedir a S que inicie a execução da ordem dada somente depois que E terminar de falar. 
- Explicar a S que deverá imaginar-se numa situação de faz-de-conta ou que os elementos 
pedidos estivessem presentes no ambiente. 
- Apresentar a ordem pausadamente. 
- Repetir a ordem completa, isto é, não seccionada. 
- Caso as noções envolvidas nas ordens não sejam conhecidas (o que já deve ter sido verificado 
na Prova de Noções Básicas), estas deverão ser eliminadas, por não serem pertinentes ao 
objetivo da prova. 
 
IV - Avaliação 
1. Registro 
- Da execução total ou parcial da ordem. 
- Das eventuais estratégias utilizadas para respostas. 
 
2. Organização do material registrado 
- Por tipo de desvio: não cumprimento da ordem, cumprimento parcial da ordem, cumprimento 
alterado da ordem (omissão, inversão ou substituição de partes da ordem). 
- Por natureza do desvio: alterações inerentes às dificuldades com relações temporais, espaciais, 
memória imediata falha, má discriminação auditiva, etc. 
- Por consistência do desvio: se são sistemáticos ou não, quanto ao tipo e/ou natureza. 
- Por tipo de estratégia: solicitação de repetição, uso de apoio articulatório, etc. 
 
3. Interpretação 
A interpretação visa avaliar a retenção e compreensão de instruções verbais. Levando-se em 
conta as alterações já levantadas em outras provas (como lateralidade, retenção auditiva, etc.) os 
desvios da atuação de S devem ser considerados também à luz de possíveis falhas na compreensão 
de estruturas lingüísticas, na sequencialização das ações propostas e no limiar de atenção de S. 
Convém ressaltar que inibição e/ou dificuldades motoras podem ser fatores determinantes da 
atuação de S e devem, portanto, ser levados em conta na análise da prova. 
 
4. Dados de pesquisa prévia 
- As crianças de 3 a 4 anos apresentaram dificuldades no cumprimento de ordens que envolviam 
relações espaciais e temporais. 
- As crianças de 5 anos em diante não apresentaram dificuldade no cumprimento das ordens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CATEGORIZAÇÃO 
 
Objetivo Geral 
- Avaliar a possibilidade de organizar e categorizar suas experiências. 
 
A. PROVA DE CATEGORIZAÇÃO 
 
I - Objetivo da prova 
- Avaliar o trabalho de S no reconhecimento de traços e atributos relevantes para a organização 
de áreas semânticas. 
 
II - Critérios de elaboração 
- Foram organizadas cinco séries de vocábulos em cinco níveis etários: 3 a 4 anos, 5 a 7 anos, 8 
a 10 anos, 11 a 14 anos e de 15 anos em diante. 
- Na série de 3 a 4 anos, os três primeiros grupos de vocábulos são constituídos por três 
vocábulos a fim de reduzir a interferência de memória auditiva imediata; as séries seguintes são 
constituídas por quatro vocábulos. 
- As séries são constituídas por elementos de áreas semânticas diferentes ou por vocábulos de 
mesma área, porém com atributos diferenciados, cuja relevância pode variar de sujeito para 
sujeito (ver exemplos). 
 
III - Normas de aplicação 
Instrução: Solicitar a S que procure, no grupo dado, a palavra que tenha alguma característica 
diferente, justificando a escolha. 
- Sugere-se que seja dado como exemplo o grupo: porta, janela, maçã, parede, em que o 
vocábulo diferente é facilmente detectável. 
- Emitir os grupos de vocábulos pausadamente, sem ênfase em nenhum deles. 
- Repetir o grupo se for solicitado por S, tantas vezes quanto necessário, a fim de reduzir a 
interferência da memória auditiva imediata. 
- Reportar-se às séries das faixas etárias anteriores, caso haja dificuldades com os grupos da 
faixa etária correspondente à idade cronológica de S. 
- Em caso de respostas bizarras, dificuldade na elaboração da resposta ou da justificativa, 
averiguar se os vocábulos fazem parte do repertório verbal de S. 
- Não demonstrar surpresa diante de qualquer tipo de resposta. 
 
 
 
 
IV - Avaliação 
1. Registro 
- Da maior ou menor facilidade de compreensão da tarefa. 
- Das respostas de S e de suas justificativas. 
- Das eventuais estratégias utilizadas nas respostas. 
 
2. Organização do material registrado 
- Por tipo de organização dada às classes e sub-classes. 
- Por tipo de desvios: respostas e/ou justificativas não aceitáveis, respostas aceitáveis e 
justificativas não aceitáveis ou ausência de justificativa. 
- Pela natureza do desvio: não compreensão da instrução, falha na discriminação auditiva, 
desconhecimento do vocábulo, falha no processo de categorização, etc. 
Observação: Convém ressaltar que é difícil se determinar a aceitabilidade e natureza de 
algumas respostas não esperadas e apenas a recorrência delas pode levar à suposição da eventual 
dificuldade subjacente. 
Exemplos: 
1. E: mamão, banana, abacaxi, copo. (S = 10 anos). 
 S: Todos certos porque servem para comer. 
 (possível não compreensão da instrução, falha no processo de categorização ou não retenção 
auditiva da série). 
2. E: peixe, leão, elefante, girafa. 
 S: Garrafa porque não é bicho. 
 (provável falha de discriminação auditiva) 
3. E: Lancha, jangada, iate, navio. 
 S: Jangada. 
 E: Por quê? 
 S: Porque sim. 
 (possível desconhecimento do vocábulo). 
- Pela consistência do desvio: se o desvio ocorre sistemática ou assistematicamente, se a 
natureza do desvio é recorrente. 
 
3. Interpretação 
A interpretação visa à avaliação do desempenho de S no reconhecimento 
de traços ou atributos relevantes para o reconhecimento e organização de classes semânticas. 
As respostas a serem analisadas deverão ser interpretadas através das justificativas 
apresentadas e não da simples atribuição de acerto e erro, na medida em que tais respostas podem, 
com freqüência, aparentemente violar as categorizações que seriam as esperadas, mas que seriam 
adequadas à faixa etária de S ou ligadas à estratégia que utiliza para classificar. 
Exemplos: 
1. cardume, enxame, multidão, manada. 
Sendo todos coletivos, o elemento diferenciado mais provável seria multidão, por ser o único 
coletivo de seres humanos. Porém, várias respostas seriam aceitáveis como: cardume por ser 
aquático, enxame porque voa, manada por serem animais grandes. 
2. E: papai, mamãe, sapato, irmão. 
S: Papai porque os outros a gente tem e papai não tem. (resposta dada por criança com pai 
desconhecido). 
É importante a análise da recorrência de respostas incompatíveis com a justificativa ou a 
ausência de justificativa como base para qualquer conclusão a respeito da atividade classificatória 
de S. 
 
4. Dados da pesquisa prévia 
- No que se refere a processos de classificação ou categorização, os dados da pesquisa prévia 
indicaram que: 
- Todas as crianças conseguiram realizar a tarefa proposta. 
- Todas as crianças de 3 a 7 anos, em geral, utilizam como critério classificatório a 
experiência particular que têm dos elementos mencionados, ao contrário do adulto que 
tende a usar um critério mais amplo, que resulta da generalização da sua experiência e da 
experiência da comunidade lingüística a que pertence. 
Ex.: E: janela, pão, arroz. 
 S: Pão e arroz combinam. 
E: Por quê? 
S: Porque janela é de pular. 
- Nessa mesma faixa etária,há dificuldade em seguir a instrução dada: as respostas das crianças 
tendem a se concentrar na característica semântica dos elementos da mesma área. 
Ex.: E: peteca, estrela, boneca. 
 S: Peteca e boneca combinam. 
 E: Por quê? 
 S: Porque estrela está no céu. 
- A partir de 7 anos, as crianças tendem a usar critérios mais gerais de classificação. 
Ex.: E: avião, cachorro, navio, carro. 
 S: Cachorro porque é bicho. 
B. PROVA DE DEFINIÇÃO 
 
I - Objetivos da prova 
- Avaliar o desempenho de S em uma atividade metalinguística. 
- Verificar como S analisa a linguagem na configuração de sua própria experiência, isto é, a que 
aspectos ou atributos dessa experiência tende a dar maior relevância. 
 
II - Critérios de elaboração 
- Os vocábulos apresentados são substantivos, já que outras classes gramaticais são menos passíveis 
de definição. 
- A seleção dos vocábulos teve como critério sua caracterização em: [±humano], [±artefato], 
[±animado] e [±concreto], tendo em vista a eliciação de respostas que permitissem avaliar como S 
lida com traços semânticos de tipos diversos. 
- Não houve divisão por faixa etária uma vez que o interesse é verificar, em termos quantitativos e 
qualitativos, o desempenho de S com doze vocábulos conhecidos e comumente utilizados na 
linguagem informal, independente da idade cronológica e, na medida do possível, do nível sócio-
cultural de S. 
- Os vocábulos foram divididos em dois grupos (de 1º a 6º e de 7º a 12º) sendo que, no segundo 
grupo, os traços semânticos do primeiro grupo se repetem, porém em vocábulos que tendem a levar 
S a definições mais precisas (dados levantados na pesquisa prévia). 
 
Ex.: 1) passarinho, 7) pinguim; 2) copo, 8) xícara; etc. 
 
III - Normas de aplicação 
Instrução: Solicitar a S que diga o que significam as palavras que serão apresentadas. 
- Dar o exemplo indicado na prova. 
- Apresentar todos os elementos da lista. 
- Evitar a presença de objetos ou referentes dos vocábulos propostos que possam favorecer o 
uso de gestos indicativos ou dar pistas para as respostas. 
- Para crianças menores que não responderem às solicitações e para Ss com dificuldades 
acentuadas, dar pistas para respostas como: "Para que serve?," "Onde se usa?" etc. 
 
IV - Avaliação 
1. Registro 
- Das respostas dadas e das eventuais estratégias utilizadas. 
 
 
2. Organização do material registrado 
- Pelo número de atributos usados (Ex.: categoria, função, forma, cor, etc.). 
- Pelo tipo de atributo: essenciais e não essenciais. Exs.: passarinho o animal que voa = 
essencial; passarinho - animal que voa, canta, pode ser de várias cores, etc. em que os dois 
últimos são traços não essenciais). 
- Pela recorrência de traços, isto é, pela repetição de um traço não essencial em várias definições 
(Ex.: lua - fica no céu, copo - fica no armário, nenê - fica no berço, em que o atributo de lugar é 
muito freqüente). 
- Pelo grau de dependência do contexto (Ex.: xícara - é para lavar pincel). 
- Por tipo de desvio: uso do radical do nome dado com variação de grau, gênero ou número, 
respostas erradas, etc. (Ex.: copo - é copinho). 
- Pela natureza do desvio: desconhecimento do vocábulo ou falha na discriminação auditiva 
(Ex.: lua - é onde passa carro), etc. 
- Pela consistência do desvio: se o desvio ocorre sistemática ou assistematicamente, se há 
consistência no tipo de desvio. 
- Por tipo de estratégia de resposta: solicitação de repetição, uso de gestos para responder (Ex.: 
E - O que é nuvem? S - [aponta para o céu]), uso de vocábulo de significado genérico ou não 
específico, como introdutor da resposta (Ex.: negócio, coisa, etc.). 
 
3. Interpretação 
A interpretação visa a detectar e avaliar como S analisa a linguagem, a que atributos dá 
relevância, como ordena estes atributos, a que nível de generalização ou especialização atua. Há 
uma grande variedade de respostas que podem ser possíveis devendo a análise ser baseada no 
material organizado. Assim, por exemplo: 
S¹: "Bola é um objeto esférico, geralmente usado para jogar, porém com diversas outras 
utilidades." 
S²: "Bola é uma coisa redonda que serve para brincar." 
Nestes dois exemplos, observa-se o uso dos mesmos atributos (classe: objeto e coisa; forma: 
esférica e redonda; função: jogar e brincar, que são essenciais para definição de bola). No primeiro 
exemplo, entretanto, além de um léxico mais elaborado, há um grau maior de precisão (esférico), 
com diferenças estilísticas de linguagem. O segundo tipo de definição pode surgir em qualquer 
faixa etária ou nível sócio-cultural de S. 
Como sugestão para a interpretação dos dados, o levantamento dos atributos pode seguir o 
seguinte critério: 
- categoria superior: bicho, animal, instrumento, coisa, objeto, homem, etc. 
- função: voa, anda, roda, que serve para... , etc. 
- lugar: no mar, na cozinha, etc. 
- sinônimo: nenê é bebê. 
- associação: nenê - chora; praia - barco, maiô, etc. 
- elementos constituintes: praia - é areia e água. 
- conteúdo: copo é água. 
- forma: redondo, cilíndrico, etc. 
- material: copo - é de vidro, plástico, etc. 
- cor: verde, etc. 
- tamanho: grande, pequeno, médio, etc. 
 
4. Dados de pesquisa prévia 
Os dados da pesquisa prévia indicaram que: 
- O uso dos traços essenciais ocorrem em todas as idades. 
- Houve apenas o uso de léxico mais preciso nos Ss da última faixa etária. 
- O grau de dependência do contexto foi inversamente proporcional à idade cronológica: 
Ex.: E: O que é passarinho? 
S¹: "Que tem na minha casa." (3 anos). 
S² : "Aquilo que voa." (5 anos). 
S³: "Um bicho que voa." (7 anos) 
Na atuação de Ss de até 5 anos foram encontradas definições com: 
1. uso da preposição Rara introduzindo função. 
Ex.: S: "Lua prá de noite." 
2. inversão -- continente por conteúdo. 
Ex.: S: "Xícara é o que se bebe." 
3. equivalência entre parte e todo (entre um elemento e o contexto a que está associado). 
Ex.: S: "Dado é jogo." 
4. repetição do elemento solicitado ou circularidade. 
Ex.: S: "Bola é bola." 
Foram observadas três formas básicas de definições que parecem indicar o desenvolvimento 
no processo lingüístico, pelo maior grau de precisão da definição. 
Ex.: E: O que é garrafa? 
S¹: (3 a 4 anos) "Mamãe tem na cozinha." 
S²: (5 a 6 anos) "Mamãe põe café." 
S³: (de 7 anos em diante) "Para se colocar líquido." 
REVERSIBILIDADE 
 
I - Objetivo da prova 
- Avaliar a atuação de S frente a situações passíveis de reversibilidade, apresentadas através de 
estruturas linguísticas. 
 
II - Critérios de elaboração 
- Foram representadas em figuras situações que podem se tornar reversíveis. 
- Para cada figura foram elaborados grupos de sentenças que eliciam a operação de 
reversibilidade a nível da linguagem. 
 
III - Normas de aplicação 
Instrução: Solicitar a S que aponte a figura correspondente à sentença dada. 
- As sentenças devem ser emitidas com ritmo e intensidade normal de voz. 
- Sugere-se que E repita a sentença caso haja solicitação. 
- Recomenda-se evitar demonstração de surpresa ou perguntas como "É esse?" quando S 
apontar a figura, a fim de não induzir respostas corretas ou incorretas. 
- Sugere-se que E transfira a tarefa para material tridimensional quando sentir necessidade, 
como por exemplo, com crianças muito pequenas ou com problemas espaciais, etc. 
 
IV - Avaliação 
1. Registro 
- Das realizações de S. 
- Das eventuais estratégias utilizadas para respostas. 
 
2. Organização do material registrado 
- Pelo tipo de desvio: ausência de resposta, respostas apenas a algumas das sentenças, respostas 
inadequadas, etc. 
- Pela natureza do desvio: identificação do sujeito da passiva como agente, considerar o objeto 
maior ou de maior saliência perceptual como ponto de referência fixo (Ex.: O gato está atrás da 
bola = A bola está atrás do gato). 
 - Pela consistência dodesvio: se há consistência quanto ao tipo e/ou natureza. 
- Pelas estratégias eventualmente utilizadas para respostas: hesitações, solicitação freqüente de 
repetição, etc. 
 
 
 
 
3. Interpretação 
A interpretação visa a avaliar a atuação de S, ao nível de recepção, de estruturas lingüísticas 
que são apresentadas de forma a eliciar a operação de reversibilidade. Estas estruturas são 
constituídas por elementos que envolvem os conceitos de quantidade, tamanho, tempo, espaço e voz 
ativa e passiva do verbo. 
O desempenho de S nesta tarefa oferece, portanto, possibilidade de se verificar sua 
capacidade de abstração ou descentração na medida em que deve operar com pontos de vista ou 
perspectivas diversas de uma mesma situação, pontos de vista estes que determinam estruturas 
lingüísticas diversas quanto à morfossintaxe. O nível maior de abstração que esta tarefa exige está, 
portanto, vinculado ao fato de que a percepção da figura ou material deve ser subordinada à 
perspectiva criada pela estrutura lingüística, perspectiva esta que pode ser oposta à usual. Assim, no 
caso da passiva por exemplo, uma ação é representada do ponto de vista do objeto e não do agente, 
que parece ser sua perspectiva usual, dada a saliência desse papel semântico. Esta tarefa não só 
envolve aspectos sintáticos e semânticos como também a memória auditiva imediata, atenção, etc. 
Assim sendo, é conveniente a análise comparativa desta prova com os resultados obtidos nas 
outras tarefas do exame. 
 
4. Dados da pesquisa prévia 
- Nas crianças de 3 a 5-6 anos observou-se tendência a respostas adequadas nos primeiros 
grupos de sentenças de cada série. Com a mudança de ponto de vista ou perspectiva das 
sentenças as respostas geralmente foram inadequadas. 
- Nas crianças de 6-7 anos em diante as respostas foram adequadas, porém com tendência a 
hesitações quando propostas as sentenças que envolviam a mudança de perspectiva
8
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 As sentenças foram propostas da forma apresentada no exame, uma vez que quando apresentadas com constantes mudanças de perspectiva houve 
dificuldade significativa nas respostas em todas as faixas etárias. 
COMPLEMENTAÇÃO DE SENTENÇAS
9
 
 
I - Objetivos da prova 
- Avaliar a capacidade de estabelecer relações sintático-semânticas entre sentenças a partir de 
uma sentença e um conectivo dados. 
- Avaliar capacidade de estruturação no nível morfossintático, a partir da sentença 
complementar produzida e de suas relações com a sentença dada. 
 
II - Critérios de elaboração 
- Foram organizadas cinco séries de sentenças com conjunções coordenativas e subordinativas 
que introduzem relações de espaço, tempo, causa, conseqüência, etc., para cinco faixas etárias 
(3 a 4 anos, 5 a 7 anos, 8 a 10 anos, 11 a 14 anos e 15 anos em diante). 
- As séries se compõem de vinte sentenças, com exceção das séries destinadas à faixa de 3 a 4 e 
de 5 a 7 anos, em que a criança parece dispor de um menor número de conjunções. 
- Algumas conjunções são apresentadas em duas sentenças de cada série. 
- Conjunções utilizadas nas primeiras faixas etárias estão presentes também no material 
destinado a outras faixas. Isto se deve por um lado ao fato de que as relações por elas 
estabelecidas variam de complexidade no decorrer do desenvolvimento da linguagem. Ex.: A 
conjunção "e", na criança pequena, é usada basicamente para narrar (temporal). 
 
III- Normas de aplicação 
Instrução: Solicitar a S que complete a sentença dada. 
- Sugere-se como exemplo: 
"Eu não comi o abacaxi porque estava verde (gelado, ruim, etc.)". 
- Dar saliência perceptual ao conectivo, usando entonação de interrupção, isto é, sem curva 
descendente final, deixando assim um espaço virtual para o completamento da sentença. 
- Utilizar as séries correspondentes às faixas etárias anteriores caso S não responda até a décima 
sentença da série correspondente à sua idade cronológica. 
- Não demonstrar surpresa diante de qualquer tipo de resposta. 
 
IV . Avaliação 
1. Registro 
- Das respostas corretas e incorretas. 
- Da maior ou menor facilidade de compreensão da tarefa. 
 
9 Dentre as várias tarefas propostas esta é a única prova cujo objetivo específico é a avaliação da área sintática, uma vez que esta deve ser analisada 
em todas as outras tarefas. exceção feita à Prova de Memória Imediata e à Lista de Palavras. 
- Da maior ou menor fluência de respostas. 
- Das eventuais estratégias utilizadas para respostas. 
 
2. Organização do material registrado 
- Por tipo de desvio: correção parcial, como por exemplo, adequação no que diz respeito ao 
conectivo e falha na concordância verbal; inadequação no que diz respeito ao conectivo e 
construção incorreta da sentença complementar. 
- Por natureza do desvio: falha na complementação em função da conjunção, em função de não 
compreensão da sentença inicial, na concordância nominal e/ou verbal, etc. 
- Pela consistência do desvio: se o desvio ocorre sistemática ou assistematicamente, se é 
recorrente quanto à sua natureza, se incide sobre coordenadas ou sobre subordinadas, etc. 
 
3. Interpretação 
A interpretação visa a avaliar o desempenho de S ao nível morfossintático-semântico. A 
análise das respostas deve conduzir à definição da área de maior dificuldade para S. A saber, na 
medida em que completar uma sentença equivale a construir uma outra cujos elementos lexicais, 
morfológicos e sintáticos são pré-determinados pela estrutura da sentença dada, pode-se também 
avaliar os processos de anáfora (supressão e pronominalização), de concordância verbal (modo e 
tempo) no nível da relação entre as duas sentenças. 
Convém ressaltar que deve ser feita uma análise comparativa dos resultados desta prova com 
outras que permitam a análise desta área. 
 
4. Dados da pesquisa prévia - De 3 a 9 anos as crianças: 
- Substituíram a conjunção, provavelmente não conhecida, por outra, aparentemente em função 
de elementos semânticos da primeira sentença. 
Ex.: (3 anos) - E: Só vou acabar a lição se..... 
 S: quando meu pai voltar. 
(9 anos) - E: Você pode me procurar na vizinha caso... 
 S: se você quiser. 
- Apresentaram dificuldades no emprego do modo subjuntivo que é requerido por certas 
conjunções. 
Ex.: (3 anos) - E: Eu vou dormir quando..... 
 S: meu pai vim. 
 (9 anos) - E: Eu vou à festa com você embora. 
 S: terei que voltar às 8:00. 
HISTÓRIA
10
 
 
Objetivo Geral 
- Avaliar o desempenho de S na elaboração de discurso narrativo, isto é, em uma atividade 
lingüística em que seu interlocutor, embora presente, não tem a mesma função concreta e 
explícita de colaborador como na construção conjunta que é o diálogo. 
 
I - Objetivos específicos a cada prova 
Prova A - Elaboração de História a partir de Estímulo Visual 
- Avaliar o desempenho de S na elaboração de discurso narrativo diante da representação visual 
de uma situação. 
Prova B - Elaboração de História a partir de Estímulos Visuais em Seqüência 
- Avaliar a capacidade de S para a ordenação de figuras a partir de relações estabelecidas entre 
eventos e entre entidades. 
- Avaliar o desempenho de S na elaboração de discurso narrativo a partir da exposição a 
estímulos visuais em seqüência. 
Prova C - Reprodução de História 
- Avaliar o desempenho de S na reelaboração de discurso narrativo previamente apresentado. 
 
II - Critérios de elaboração 
Prova A 
- É proposta uma figura - "A Mala e o Guarda-Chuva". 
Prova B 
- Foi composta uma história-base com oito figuras "O pescador". 
- O número de figuras utilizadas varia em função da faixa etária de S: para 3 anos - figuras 
números 3, 4 e 5; de 5 a 7 anos - figuras números 2, 3, 5 e 6; de 8 a 10 anos - figuras números 2, 
3,5, 6, 7 e 8; de 11 anos em diante - oito figuras. 
- A retirada de cartelas da história-base possibilita a composição de histórias específicas para 
cada faixa de idade, com diminuição do números de personagens e de eventos. 
Prova C 
- Foram elaboradas três narrativas com o mesmo conteúdo básico, para três faixas de idade (3 a 
7 anos, 8 a 13 anos e 14 anos em diante). 
 
10 As provas de Elaboração de História a partir de Estímulo Visual, Elaboração de História a partir de Estímulos Visuais em Seqüência e Reprodução 
de História envolvem ações que se relacionam por vínculos temporais e causais, a obrigatoriedade de utilização de mecanismos de coesão e coerência 
intersentenciais, além de ser exigido de S um material lingüístico mais extenso. Diante disso, optou-se por uma organização de material e 
interpretação diversa da apresentada anteriormente. 
 
- As narrativas diferenciam-se quanto ao léxico, número de elementos secundários e extensão 
das sentenças e do discurso. 
- As histórias foram redigidas levando-se em conta o falar e a prosódia utilizadas normalmente 
ao se contar histórias. 
- Foram elaboradas cinco perguntas para a observação da compreensão de S sobre o material 
apresentado. 
 
III - Normas de aplicação 
Prova A 
Instrução: Solicitar a S que invente uma história a partir da figura apresentada. 
Prova B 
Instrução: Solicitar a S que ordene e invente uma história a partir dos elementos dados. 
Prova C 
Instrução: Solicitar a S que ouça atentamente a história e depois a conte com suas próprias 
palavras. 
 
- Sugere-se que E não bloqueie a elaboração e sim procure estimulá-la. E poderá direcionar a 
narrativa a partir da retomada de algum elemento utilizado por S. Por volta dos 6 anos, em geral, 
esta eliciação deixa de ser necessária. 
- Nas Provas A e B, caso S utilize outra forma de discurso que não a narrativa, após sua 
realização, E poderá tentar favorecer o aparecimento de uma forma narrativa através de 
perguntas como: - "0 que você acha que está acontecendo?", "Por quê?", etc. 
- Na Prova B, E poderá solicitar a S que conte a história, ainda que a ordenação não tenha sido a 
esperada. 
- E poderá reorganizar as figuras caso a ordenação feita por S não possibilite o estabelecimento 
de relações temporais e causais entre eventos. E deverá aceitar, porém, que a imaginação de S 
crie relações temporais que, para ela, podem ser bizarras. 
- Na Prova C as histórias deverão ser lidas com a entonação normalmente utilizada ao se contar 
história, tendo-se em mente que a prosódia deve ser adequada à faixa etária de S. 
- Sugere-se que E utilize perguntas para orientação quando não houver reelaboração espontânea. 
Ex.: Eu contei a história de quem?, O que aconteceu? etc. 
- Sugere-se que E se reporte à história de faixa etária anterior quando S apresentar dificuldades 
no cumprimento da tarefa. 
- As perguntas que visam à avaliação mais objetiva da compreensão deverão ser formuladas em 
qualquer hipótese. 
 
 
 
 
IV – Avaliação
11
 
1. Registro 
- Da transcrição da gravação. 
- De todo comportamento não verbal de S (mímica corporal e facial). 
- Da ordenação das figuras na Prova B. 
 
2. Organização do material registrado 
Provas A e B 
- Pela utilização dos elementos visualmente representados: qual ou quais os elementos de maior 
saliência perceptual para S, quais os elementos não valorizados (reduções = R), se houve 
elementos acrescentados (acréscimos = A), ou transformados (transformações = T). Essas 
informações devem ser extraídas da análise da narrativa de S. 
 
Prova B 
- Idem à Prova Noções Básicas (avaliação específica para tarefas de Ordenação de Figuras). 
 
Provas A, B e C 
Ao nível do discurso - macro-estrutura (relações intersentenciais da narrativa). 
- Pela mímica corporal e facial como estratégia de identificação do referente (personagem, 
objeto, etc.) como apontar, mostrar objeto semelhante, etc., de representação de ação e reação 
do personagem ou do narrador, etc. 
- Pela prosódia: ritmo e entonação. 
Exs. de desvios: acentuada hesitação e/ou pausa, etc. 
- Pela facilidade de iniciar a elaboração ou reelaboração. 
 
Pela organização do material lingüístico: 
- coerência da narrativa: manutenção do tema, estabelecimento dos vínculos temporais e 
causais; 
- mecanismos de coesão: supressão ou pronominalização de elemento já mencionado, uso de 
conectivo ou entonação para exprimir relações entre eventos, etc. 
Exs. de desvios: falhas na expressão de relações entre ações por seus vínculos temporais e 
causais (seqüência de eventos), fragmentação do relato por falta de coesão, etc. 
 
Pelos recursos lingüísticos utilizados: 
- reduções: o que foi reduzido - fatos, elementos essenciais, elementos secundários; 
 
11 
Gravar a produção oral de S.
 
- acréscimos: o que foi acrescentado - fatos, elementos secundários (com possibilidade de serem 
decorrentes de associação com sua própria experiência), introdução de elementos de histórias 
conhecidas, atribuições de funções essenciais a elementos acrescentados na narrativa, etc. 
- transformações - dos fatos, dos elementos essenciais e secundários (Ex.: transformações de um 
elemento secundário em essencial, etc.), da seqüência de eventos (vínculos temporais e causais); 
- compreensão da história: a partir de comparação da narrativa de S com a de E, com base na 
análise dos dados acima (na Prova C); 
- coerência da narrativa: manutenção do tema, sequencialização através dos vínculos temporais 
e causais; 
- mecanismos de coesão: supressão ou pronominalização de elementos anteriormente 
mencionados, uso de relativas, etc. 
Exs.: relações inadequadas entre eventos, falta de coesão, etc. 
 
Ao nível da sentença - Micro-estrutura 
- Pelo tipo de sentença: estruturas simples, coordenadas e/ou subordinadas. 
- Pela estruturação sintático-semântico: utilização do sujeito, predicado, etc. 
- Pela concordância: nominal e verbal. 
Exs.: falhas na concordância, omissão ou utilização inadequada de conectivos (preposições, 
conjunções, etc.). 
 
 Ao nível do vocábulo 
- Pela utilização dos morfemas: nominal (gênero, número e grau), verbal (tempo, pessoa). 
- Pela observação do léxico: nomes, adjetivos, verbos, conectivos, etc. 
Exs.: falha na flexão verbal, nominal, etc. 
 
3. Interpretação 
Prova A 
A interpretação visa a avaliar a narrativa de S a partir de estímulo visual, levando em conta o 
que é partilhado ou conhecido por E e por S. Em função disso S, no papel de narrador, pode levar 
em consideração esse conhecimento partilhado por seu interlocutor E (interlocutor empírico). 
 
Prova B 
A interpretação visa a avaliar a narrativa de S eliciada por estímulos visuais e a ordenação 
destes a partir das relações estabelecidas entre eventos e estados (seqüência temporal e causal) e 
entre entidades (animados e inanimados). 
Prova C 
A interpretação visa a avaliar a reelaboração de uma narrativa, isto é, do material lingüístico 
previamente fornecido. Para esta avaliação é fundamentai que na análise de todos os dados se leve 
em conta a relação obrigatória entre o texto de E e o texto de S. Esse tipo de análise é fundamental 
na medida em que esta é a situação do exame que permite mais objetivamente a verificação de 
como S opera sobre o discurso de seu interlocutor. Esta operação sobre o enunciado do interlocutor 
é a operação básica da maioria das crianças e adultos, cuja atividade lingüística mais freqüente é o 
diálogo oral. Ressalta-se ainda que se deve levar em conta até mesmo o diálogo de E com S sobre a 
história, o que pode ir, inclusive, além do próprio texto. 
O que se procura avaliar no desempenho de S na elaboração do discurso narrativo, isto é, em 
uma atividade lingüística em que seu interlocutor, embora presente, não tem amesma função 
concreta e explícita de colaborador como ocorre no diálogo, é a utilização que S faz de recursos 
morfossintáticos e semânticos para representar tanto situações e episódios, como os processos de 
compreensão do interlocutor a quem a narrativa se destina. Assim, para a avaliação destas provas, 
deve-se considerar que, para elaborar uma narrativa, S deve selecionar dentre os elementos da (s) 
figura (s) ou do texto narrado (Prova C), aquele ou aqueles a partir dos quais a história será narrada, 
ou melhor, que constituirá o foco narrativo. A organização e interpretação do material lingüístico 
deve levar em conta: 
- os critérios que S possa ter usado na seleção desses elementos: saliência perceptual, presença 
em mais de uma figura, etc. Note-se que na representação visual, já existe um foco narrativo 
que, em geral, coincide com o personagem principal, apresentado em primeiro plano. Daí a 
necessidade de verificar se a narrativa de S assume esse foco narrativo visualmente 
representado ou não; 
- a manutenção do mesmo foco narrativo no decorrer da narrativa; 
- a utilização de recursos lingüísticos que permitam mudar o foco, sem prejudicar a 
inteligibilidade da narrativa; 
- as relações que S estabelece entre os elementos centrais da narrativa e os demais elementos 
representados na figura ou no texto; 
- a manutenção dessas relações no decorrer das narrativa, da qual depende sua coerência; 
- a compatibilidade entre essas relações e o que está visualmente representado ou o que foi 
narrado; 
- o desenvolvimento da narrativa em um sentido progressivo ou circular; 
- os recursos lingüísticos utilizados para dar coesão ao discurso, os quais garantem a 
identificação pelo interlocutor de um elemento já referido. 
Ainda que o respeito à realização de S e à coerência do discurso seja o ponto de partida para a 
interpretação, a análise micro-estrutural, isto é, de cada sentença, também é relevante. Salienta-se 
ainda, a importância da análise comparativa entre as realizações das diversas provas na medida em 
que os estímulos eliciadores da narrativa são diferentes
12
. 
 
4. Dados da Pesquisa Prévia 
 Provas A e B 
- Nas crianças de 3 a 5-6 anos observaram-se três tendências básicas sendo a primeira mais 
freqüente: 1) descrição dos elementos da figura e das ações, com coesão e sem vínculos 
temporais e causais; 2) estabelecimento do foco narrativo para elaboração da história resumida 
mantendo coerência (com vínculos temporais e causais) e coesão; 3) estabelecimento do foco 
narrativo com introdução de experiências ou histórias de ficção, porém com uma estrutura 
circular e dificuldades de coesão e coerência. As sentenças foram simples ou coordenadas 
(agente, ação, objeto) , com pausas e hesitações esporádicas e dificuldades na concordância e 
flexão verbal. 
- Nas crianças de 7 anos em diante, a tendência foi a descrição dos elementos da figura e das 
ações com coesão e sem vínculo temporal e causal, o que faz supor que nesta faixa etária a 
presença de uma única figura está associada ao discurso descritivo. 
- A partir de 9 anos as narrativas foram obtidas através de perguntas relacionadas à experiência 
de S. Apresentaram coerência, coesão e menor grau de circularidade. Do ponto de vista macro-
estrutural houve maior número de sentenças subordinadas embora com hesitações que ocorrem 
normalmente em início de construções complexas, em especial subordinadas. Houve um menor 
número de ocorrência de desvios morfossintáticos. 
Prova B 
Sob o aspecto da ordenação de figuras: 
- Nas crianças de 3 a 4 anos observaram-se duas tendências básicas: 
1) tomar cada figura isoladamente, sem estabelecer vínculos temporais ou causais, ou ainda; 
2) não compatibilidade entre ordenação das figuras e o relato, apesar deste último poder ter 
conteúdo adequado. 
- Nas crianças a partir de 5 anos, observou-se compatibilidade entre a organização das figuras e 
o relato ou história. 
 
 
 
12 A interpretação do discurso narrativo acima exposta bem como a análise através de reduções, acréscimos e transformações (RA T) que 5 opera 
sobre os estímulos orais ou visuais recebidos. se baseou em uma abordagem proposta pela Ora. Cláudia Guimarães de Lemos. 
 
Prova C 
- Nas crianças de 3 a 7 anos observaram-se três tendências de realização: 
1) reelaboração em forma resumida, mantendo o fato central e poucos elementos 
secundários, coerência e preservação da coesão, ocorrendo porém, estruturas circulares; 
2) reelaboração com manutenção do fato central e inserção de elementos secundários 
relacionados à experiência pessoal e histórias conhecidas, mas com maior dificuldade na 
manutenção da coerência e tendência a estruturas circulares ou,; 
3) apreensão de um ou mais elementos secundários para a construção de uma nova história, 
normalmente relacionada a histórias conhecidas e com coesão precária e tendência a 
estruturas circulares. Do ponto de vista intra-sentencial, as sentenças foram simples e/ou 
coordenadas na sua maioria do tipo agente-ação-objeto, com pausas e hesitações 
esporádicas, dificuldade na concordância e flexão verbal. 
- Nas crianças de 8 anos em diante a tendência foi a reelaboração em forma resumida, mantendo 
fatos centrais e secundários relevantes, bem como a coesão, menor tendência a circularidade e, 
portanto, maior progressão. Notam-se, do ponto de vista macro-estrutural, momentos de 
subordinação e redução do número de dificuldades de concordância e flexão, embora persistam 
hesitações que, como já foi citado, são esperadas e precedem construções complexas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL DE APLICAÇÃO 
DO EXAME DE 
COMUNICAÇÃO ESCRITA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA ORAL 
 
I - Objetivos da prova 
- Avaliar o nível de decodificação de símbolos gráficos. 
- Avaliar a interpretação prosódica que S dá aos sinais de pontuação. 
- Avaliar a compreensão de mensagens escritas a partir de leitura oral. 
 
II - Critérios de elaboração 
- Foram selecionados textos com nível de complexidade grafêmica, morfossintática e semântica 
compatíveis com os respectivos níveis escolares. 
- Alguns dos textos foram adaptados e outros elaborados a fim de adequá-los aos níveis 
escolares. 
- Para a 1ª série, a leitura deve ser proposta em letra manuscrita e não manuscrita, a fim de se 
detectar qual é o tipo de letra que facilita a decodificação de S. 
- Para a 1ª e 2ª séries foram organizadas listas de vocábulos onde constam todos os grafemas da 
língua e um texto. 
 
III - Normas de aplicação 
Instrução: Solicitar a S que leia a instrução. 
- Sugere-se não interromper a leitura. 
- Após a leitura, solicitar a S a reprodução oral do texto, da 1ª à 4ª séries. 
- Da 5ª série em diante, solicitar a S o resumo escrito da leitura. 
 
IV - Avaliação
13
 
1. Registro 
- Da transcrição de todo o material gravado. 
- Das estratégias utilizadas para leitura. 
 
2. Organização do material registrado 
- Pela realização da leitura: fluente ou não fluente. 
- Pela velocidade da leitura: rápida, lenta, etc. 
- Pelo nível de decodificação da leitura: grafêmico, silábico, vocabular ou por bloco 
significativo. 
 
13 Sugere-se gravar a leitura e seu relato
. 
- Pelas estratégias utilizadas: solicitação de repetição da instrução, postura, distância do material 
de leitura, mecanismo de apoio visual para leitura (régua, dedo, etc.), movimentação de cabeça 
para leitura, etc. 
- Pela compreensão do material lido (envolvendo memória do discurso escrito): compreensão 
total, parcial ou não compreensão. 
- Pelo tipo de natureza do desvio. 
 
A. Leitura não fluente 
- Por alteração na decodificação de sinais gráficos de pontuação: hesitação (em sílaba, em

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