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EXAME DE LINGUAGEM TIPITI HELENA A. BRAZ THAIS H. F. PELLICCIOTTI Agradecemos criticas e sugestões, as quais podem ser enviadas para: HELENA A. BRAZ – Rua Caconde. 281. apto 91 Jardim Paulista, CEP 01425 – SP – SP. Fone 885-7970 THAIS H.F. PELLlCCIOTTI – Rua Barão de Tibagi, 84:1º andar Real Parque, CEP 05685 – SP – SP. Fone: 844-2385 DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS PELA LEGISLAÇÃO EM VIGOR Sob registro n: 26390 de 27 de outubro de 1981 Proibida a reprodução, total e parcial, sob qualquer título e sob quaisquer formas (impressão, cópia, etc.). O infrator responde civil e criminalmente (Lei 5.088 de 14-12-73 que regula e protege os Direitos Autorais, Civil e Código Penal - Artigos res 184, 186 e 187) CAPA E ILUSTRAÇÕES CLAUDIO L1BESKIND 1ª Edição – 1981 2ª Edição – 1983 3ª Edição – 1988 IMPRESSO EM: GRÁFICA E EDITORA MNJ L TDA COMPOSTO EM: CATÁLOGO STUDIO LTDA· FONES: 571-8868 Rua Sena Madureira, n? 456 - CEP 04021 INDICE - Apresentação - O que é Tipiti - Introdução Geral - Introdução à Comunicação Oral e Escrita - Manual de Aplicação do Exame de Comunicação Oral Prova Auxiliar-Contexto Pessoal Provas Auxiliares-Noções Básicas Lista de Palavras Memória Auditiva Imediata Ordens Categorização Reversibilidade Complementação de Sentenças Histórias - Manual de Aplicação do Exame de Comunicação Escrita Leitura Oral Leitura para Compreensão Formação de Palavras Ordenação de Vocábulos em Sentenças Complementação de Sentenças Formação de Sentenças Sequencialização de Sentenças e Parágrafos Combinação de Sentenças Cópia Ditado Redação - Manual de Aplicação das Provas Específicas - Fonética e Fonologia Provas Específicas - Fonética e Fonologia Lista de palavras - Manual de Aplicação das Provas Específicas de Percepção Auditiva Provas Específicas de Percepção Auditiva Discriminação Auditiva Memória Auditiva Imediata Análise-Síntese Auditiva Ritmo - Manual de Aplicação das Provas Específicas de Percepção Visual Provas Específicas de Percepção Visual I – Nível Pré-Gráfico Discriminação Visual Figura-Fundo Visual Memória Visual Análise-Síntese Visual II – Nível Gráfico Discriminação Visual Figura-Fundo Visual Memória Visual Análise Síntese Visual Discriminação de Vocábulos não Isolados AGRADECIMENTOS Nesta segunda etapa de nosso trabalho gostaríamos de agradecer àqueles que permitiram a elaboração do Exame de Linguagem Tipiti na sua primeira edição. - Dra. Cláudia Lemos e Dra. Eleonora Mota Maia. - Os sujeitos da pesquisa prévia e suas famílias. - As pessoas que sempre nos incentivaram. - Os que no decorrer desses anos foram nossos pacientes e que fazem parte da experiência que alimentou nossa reflexão. - Abel Vieira Neto, cientista e amigo, que nos emprestou sua imaginação criativa e elaborou várias das histórias. - Cláudio Antonio Marques Luiz que nos orientou em toda organização e apresentação deste exame. -A Adriano Bruno Christiano Fábio à minha mãe -A Sandra Danny Agradecemos à paciência e o carinho com que toleraram nossa ausência. Reconhecemos o entusiasmo que demonstraram pelo nosso trabalho. Nos orgulhamos pelo incentivo que nos deram e nos animou a prosseguir. EXAME DE LINGUAGEM TIPITI O que é TIPITI? De origem indígena, o tipiti é um cilindro de malha trançada com talos de palmeira, utilizado no norte do Brasil. Introduzindo-se a mandioca no seu interior, onde é socada e espremida através de um movimento de compressão e de distensão do cilindro, obtém-se um suco originalmente venenoso que escorre pela trama da malha. Assim, separa-se a tapioca do tucupi, nome que recebe esse suco, quando eliminados seus componentes nocivos. Consegue-se, então, alimentos saudáveis e saborosos, utilizados não só pela população que lhes deu origem, como também pelas requintadas culinárias das capitais brasileiras. Por que TIPITI? Porque o objeto original é um artefato criado com os recursos próprios de um povo e para suprir suas necessidades, é um instrumento útil e eficaz e é um seletor: permite isolar os elementos da substância sobre a qual opera, proporcionando-lhes condições de separação e recuperação. O que ocorre também com este exame de linguagem que recebe seu nome: sua elaboração foi norteada pela nossa experiência clínica de atendimento a um setor da população brasileira e pretende-se que seu uso propicie tanto condições de análise como de recuperação. INTRODUÇÃO GERAL A elaboração desse exame surgiu da necessidade de se ter um instrumento que permitisse avaliar o desempenho lingüístico de indivíduos que procuram profissionais ligados à área de distúrbios da comunicação. Para tanto, optamos pela elaboração de um exame e não de um teste, evitando com isso abordagens experimentais e tratamentos estatísticos, que reduziriam um comportamento tão complexo como o lingüístico a padrões pré-estabelecidos. A consideração de que fatores culturais determinam esse comportamento explica também o fato de não ter sido utilizado material adaptado de testes estrangeiros, na medida em que isto significaria usar um mesmo instrumento para avaliar a linguagem de indivíduos, não só de línguas diferentes, com usos e estruturas particulares a cada uma delas, como também tenderia a nivelar diferenças regionais e sócio-econômico-culturais que caracterizam a cultura brasileira. A opção por um teste, cuja aplicação criaria contextos de uso da linguagem ainda mais rígidos e artificiais que um exame (na medida em que exigiria respostas padronizadas e que não permitiria considerar as infinitas variáveis inerentes aos interlocutores e aos contextos), nos distanciaria da visão predominante que é centrada na interação e no uso da linguagem nesta interação, o que é nosso objetivo. As diretrizes que nortearam este exame têm origem em nossa reflexão sobre a experiência de avaliação de comunicação e terapia de indivíduos portadores de diversas patologias de linguagem, reflexão essa feita a partir da sistematização dessa experiência, e também da leitura de trabalhos de investigadores das diferentes áreas que se vinculam a de distúrbios da comunicação. E é essa mesma experiência que nos indica os limites da avaliação de comunicação sobre a qual temos refletido Esses limites são, principalmente, os determinados pela situação artificial que é a de um exame. Qualquer exame de linguagem tende a ser uma interação do tipo unidirecional onde cabe ao Examinador (E) colocar questões e ao Examinando ou Sujeito (S) respondê-las. Esta limitação ao nível da interação reflete-se, obrigatoriamente, na linguagem utilizada e, conseqüentemente, nas formas sintáticas e semânticas que podem ser eliciadas. No entanto, é possível minimizar essa unidirecionalidade buscando estabelecer situações distensas que permeiem a aplicação do exame. Nessa medida, a avaliação considerará o total da comunicação ocorrida durante toda a interação de E e S e o resultado de cada uma das provas propostas neste exame será também considerado como base para a formulação de uma hipótese interpretativa, cujo peso só será definido pela totalidade das respostas analisadas. E ainda, deverá levar-se em conta que, em casos de indicação terapêutica, essa avaliação será apenas um ponto de partida, uma vez que a interação terapeuta - paciente possibilitará reavaliações constantes. Para a formulação do exame foram elaboradas provas que visam à avaliaçãoda comunicação oral e escrita, através da análise das áreas de recepção e emissão. As provas da comunicação escrita tiveram uma orientação diferente das de comunicação oral, na medida em que tiveram que ser usados os padrões determinados pelos programas escolares. O exame é acompanhado de provas específicas para avaliação das áreas de emissão ao nível fonético e fonológico de percepção auditiva e visual o que, em alguns casos, permite a verificação dos processos subjacentes à presença de desvios na comunicação oral e/ou escrita. Para o estabelecimento dos níveis de dificuldades das tarefas, em uma primeira etapa, cinqüenta crianças foram a elas submetidas não se tendo, com isso, buscado uma padronização. O que tentamos foi avaliar a eficácia do exame e estabelecer níveis aproximados de desempenho em uma população considerada normal. No histórico de cada um dos sujeitos testados deveria constar: escolaridade dentro do esperado para idade cronológica, pai ou mãe universitário, nível sócio- econômico médio-superior e não terem tido atendimento especializado em área de linguagem, psicomotora ou neurológica. Assim, foram submetidos ao exame sujeitos de 3 a 18 anos de idade 1 , distribuídos em cinco grupos, correspondentes às faixas etárias de 3 a 4 anos, de 5 a 7 anos, de 8 a 10 anos, de 11 a 14 anos e de l5 anos em diante e nos níveis escolares de 1ª série, 2ª série, 3ª e 4ª séries, 5ª e 6ª séries, 7ª e 8ª e Colegial 2 . Em uma segunda fase, as provas que constituíam o exame foram reformuladas a partir dos resultados desta pesquisa prévia, tendo sido utilizado como critério, na manutenção de cada questão, a obtenção de respostas adequadas em 90% dos sujeitos examinados. Ao exame assim reformulado foram submetidos mais cinco grupos de três sujeitos cada um, correspondentes às faixas etárias já mencionadas, a fim de que ficasse assegurada a validade das alterações feitas. Com os mesmos objetivos, aplicamos o exame em indivíduos portadores de diferentes patologias de linguagem, pertencentes ao mesmo nível sócio-econômico- cultural. Apesar de a pesquisa prévia ter sido feita em sujeitos de nível sócio-econômico médio- superior da capital do Estado de São Paulo, o exame pode ser aplicado em indivíduos de outros níveis sócio-econômicos e outras regiões do país, desde que haja uma adaptação de itens regionais quando se fizer necessário. Isto é possível pois a interpretação do exame está baseada em uma análise dos processos subjacentes aos acertos e desvios e, ainda, na investigação das estratégias que 1 Iniciamos as observações em crianças a partir de 3 anos de idade, uma vez que para crianças de menor idade a avaliação do desempenho lingüístico teria uma orientação diferente da proposta neste trabalho. 2 Na presente revisão mantivemos a mesma organização em faixas etárias e escolares, uma vez que durante estes anos de aplicação tivemos confirmada sua adequação. o sujeito utiliza para realizar as tarefas com que se defronta, bem como na interação ocorrida durante o exame. Assim sendo, para a avaliação dos resultados, o examinador deverá levar em conta as diferenças dialetais e experiências ambientais do sujeito, e ainda procurar analisar os desvios encontrados do ponto de vista desses processos ou estratégias. A utilização desse exame deve ser restrita a profissionais com formação em áreas ligadas aos distúrbios da comunicação; uma vez que sua análise e interpretação se fundamentam nos conhecimentos vinculados a essas áreas. INTRODUÇÃO À COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA A apresentação de cada prova deste exame é feita através da especificação de seus objetivos, critérios de elaboração, normas de aplicação e avaliação. Não há necessidade de um rigor absoluto na aplicação das provas, não apenas quanto à sequência como também no que diz respeito ao tipo de formulação das perguntas no contato inicial. Sugerimos porém, que logo de início, 5 seja esclarecido a respeito do propósito do exame respeitando-se, evidentemente, suas condições e possibilidades. No que se refere à situação do exame, a quantidade e qualidade dos estímulos presentes na sala poderão variar segundo características de S e as necessidades sentidas por E, apesar de existirem elementos que, segundo nossa experiência, são recomendáveis, como por exemplo, o uso do gravador. A presença deste, em geral, não interfere na aplicação, desde que seja colocado como elemento pertencente ao contexto do exame. Recomendamos ainda um ambiente agradável, silencioso e principalmente distenso, bem como o estabelecimento de urna relação o mais informal possível a fim de amenizar a artificialidade inerente à situação. O comportamento não verbal tem uma relevância significativa no levantamento de uma hipótese diagnóstica e, portanto, sugerimos que durante a aplicação do exame se registre: se S entra sozinho na sala, se inicia contato, sua atenção ao interlocutor, atenção ao ambiente, contato de olho, prontidão de resposta, tipos de esquiva, etc. Recomendamos ainda que E observe eventuais mecanismos compensatórios ou qualquer particularidade relevante, como postura e outras, além de observar a organização de S na realização das tarefas. A importância desses dados torna-se maior quando nos lembramos que o uso do gravador afasta E da percepção e interpretação de comportamentos não verbais que são parte integrante da comunicação interpessoal. Na realidade, dificuldades na interpretação da fala de S, a partir da transcrição do material gravado, podem levar E a pensar em alterações que não são mais que o resultado da ausência de contexto e de comportamento não verbal na gravação. Além disso, para uma visão global do quadro é imprescindível obter-se informações de outros profissionais, observação da situação escolar, familiar e dados da anamnese. Esta visão assume fundamental importância quando reconhecemos que a história do paciente e o seu contexto são parte inseparável de um processo de avaliação, na medida em que toda a comunicação desenvolve-se e se estabelece em um contexto social amplo e familiar. Assim sendo, na anamnese os pais não podem ser vistos apenas como informantes, porém devem ser considerados como parte de um todo neste processo de avaliação. Além disso, dados aparentemente irrelevantes também devem ser pesquisados e avaliados, principalmente porque a experiência nos indica que, em geral, a queixa carrega a mensagem de um pressuposto já construído que pode ou não se confirmar no final do levantamento global dos dados caracterizados no perfil lingüístico a que este exame se propõe. Neste exame, procuramos apresentar em cada prova, no item Avaliação, através dos subitens Organização do Material Registrado e Interpretação, os vários tipos de respostas que podem Ocorrer. Porém, E deverá estar atento a qualquer tipo de dificuldade que ocorra na aplicação do exame, utilizando para isso a reformulação da instrução e mesmo de outros canais de comunicação como gestos, dramatização, visando sempre atingir os objetivos da tarefa. Para a avaliação do exame, deve-se sempre levar em consideração que a linguagem é um processo, e por isso, é dinâmica, pertencente a um sistema comunicativo mais amplo que envolve os aspectos social, emocional e cognitivo, arregimentando subsistemas (auditivo, visual, etc.). Assim sendo, respostas ainda que pareçam inadequadas ou inesperadas, podem não o ser, se consideradas sob o prisma de S em particular. Portanto, para a análise de cada prova sugerimos fundamentar a interpretação do que for considerado desvio nos processos subjacentes a eles, e ter em mente que, em alguns casos, o que parece ser um desvio é na verdade um reflexo da experiência de S vinculado ao momentode seu desenvolvimento e não uma alteração. É importante, pois, que E-os analise com a preocupação de não rotulá-los sem uma prévia e cuidadosa análise de conjunto. E será o repertório total de dados obtidos que vai delinear o perfil de cada indivíduo o que, eventualmente, caracterizará S como portador de uma patologia. Evidentemente, como já mencionado, os critérios de aplicação e avaliação são variáveis de acordo com as diversas regiões do pais e diferentes níveis sócio-culturais, sendo necessárias adaptações, na medida em que existem diferenças regionais de estruturação de enunciados, variações lexicais, etc. Nota-se que, em função dessas diferenças, pode existir não apenas variação na linguagem em si, mas nas expectativas do adulto quanto ao nível da linguagem correspondente a cada faixa de idade. “Assim, é fundamental que se considerem diferenças e variações como as que ocorrem quanto à concordância nominal e verbal de plural na comunicação oral, que em algumas situações de comunicação” como por exemplo, em registros informais não é feita e é aceita, não o sendo contudo na comunicação escrita. Sendo assim, E deve estar atento a variações desse tipo, evitando com isso hipercorreções. Como dados relevantes para a avaliação da comunicação escrita é importante ainda que E tenha informações sobre o programa de escola e o desempenho médio do grupo a que S pertence. Nos níveis da alfabetização e 1ª série sugere-se que E esteja a par do método e fase de alfabetização, tipo de letra utilizada pela escola, etc. A faixa etária de S é secundária ao seu nível de escolaridade e, caso a aplicação do exame coincida com o início do ano letivo, deverão ser aplicadas às provas da série escolar terminada no ano precedente. Recomendamos ainda que sejam preparados roteiros de comunicação escrita para cada indivíduo a ser examinado com uma boa impressão para evitar distorções em função do material e que para Ss de 1ª série os roteiros sejam manuscritos. O exame total ou parcial não poderá ser usado como tarefa terapêutica uma vez que é recomendável que se faça uma reavaliação anual para que se possa ter uma avaliação do processo de terapia. Concluindo, o exame deve ser utilizado como instrumento de avaliação de linguagem, no qual E deve estar atento a todas as informações secundárias que o exame tem condições de oferecer. E é nessa medida que E poderá utilizar sua observação e conhecimentos teórico-práticos para detectar, analisar e avaliar o que é relevante. MANUAL DE APLICAÇÃO DO EXAME DE COMUNICAÇÃO ORAL PROVA AUXILIAR-CONTEXTO PESSOAL I - Objetivos da Prova - Atenuar, através dessa interação inicial, a artificialidade da situação de exame que, por ser assimétrica, tende a colocar S em um papel fixo de fornecedor de respostas. - Obter dados da realidade de S. II - Critérios de Elaboração - As perguntas sugeridas são as usualmente utilizadas nos primeiros contatos entre pessoas e, principalmente, entre adulto e criança. III - Normas de Aplicação Instrução: Propor as perguntas de maneira informal, visando uma situação descontraída. - Informar S, dentro do possível, do que se pretende com o exame e porque está sendo submetido a ele. - Acrescentar, se necessário, outros tipos de enunciados. - Estimular S a participar ativamente do diálogo, a dirigir perguntas a E, para reduzir o caráter unidirecional da situação de exame. IV - Avaliação 1. Registro 3 - Das atitudes gerais de S em relação a E. - Da disponibilidade de S a responder e/ou fazer perguntas. - De seu grau de eficiência comunicativa. - Do conhecimento das informações solicitadas. 2. Organização do material registrado - Pelas características da atitude de S (ou da postura face ao exame): inibição, descontração, ansiedade, cooperação, hiperatividade, etc. - Pelo tipo de interação ou de sua participação. - Pela eficiência comunicativa: como S utiliza a comunicação verbal, gestual ou mímica para atingir seus objetivos, se há predominância de uma sobre a outra, como os vários tipos se associam, se elicia o diálogo, etc. 3 Aspectos como atitudes gerais de S em relação a E, disponibilidade de S a responder e/ou fazer perguntas e seu grau de eficiência comunicativa devem ser registrados. organizados e interpretados em todas as provas do exame da forma sugerida nesta prova. - Pelo tipo de situação ou tópico de interação em que suas dificuldades emergem ou se acentuam: contexto familiar, escolar, etc. (dados obtidos por E em contato com a família, escola, etc.). - Por tipo de dificuldade: desconhecimento da informação solicitada, mecanismos de fuga, demora para dar respostas, necessidade de repetição da pergunta, respostas inadequadas, etc. - Pelo nível em que parece estar situado o desvio: recepção e/ou emissão. Exemplo: de respostas inadequadas em função de má recepção da pergunta (S = 3 anos de idade): E: Quantos aninhos você tem? S: [aponta os olhos] E: Quantos aninhos você tem? S: [aponta novamente os olhos] E: Quantos anos você tem? (reformulação da pergunta) S: [mostra três dedos]. 3. Interpretação A interpretação deve ser dirigida no sentido de compor um quadro geral e preliminar da conduta comunicativa de S da forma pela qual ele observa dados de seu ambiente e como ele se situa no seu cotidiano. Para isso, S deve ser confrontado com as informações colhidas por E na anamnese, contato com a escola, observações em casa quando necessário, informações de outros profissionais, etc. A interpretação dessa prova permite ainda a verificação de vários outros aspectos que deverão ser levados em conta na análise final do exame. Ver exemplo citado acima, em que a recepção inadequada da pergunta leva a interpretação de que há uma dificuldade de discriminação auditiva (aninhos/ olhinhos). Em casos como esse, sugere-se recorrer às Provas Específicas de Percepção Auditiva. Convém ressaltar, no entanto, que a maioria das perguntas sugeridas são fórmulas de contato social que se voltam ao contexto pessoal do indivíduo e, por isso, suas respostas deverão ser interpretadas quanto a sua adequação social e como expressão da visão de S sobre seu meio. 4. Dados da pesquisa prévia - As crianças de 3 a 5 anos apresentaram dificuldades nas perguntas relacionadas a tempo (apenas sobre a própria idade responderam adequadamente, e, com frequência, mostrando nos dedos), nome da rua, número de telefone e, quanto a número de irmãos, tenderam a incluir-se. - Por volta de 5 anos de idade foram obtidas respostas adequadas às questões, exceção feita às relacionadas a tempo, que só tiveram respostas corretas entre 6 a 8 anos. PROVAS AUXILIARES - NOÇÕES BÁSICAS I - Objetivo das provas - Detectar, de forma superficial, possíveis dificuldades com a nomeação e/ou compreensão de elementos que portam conceitos considerados básicos como oposição, sequência temporal, etc., que serão utilizados no decorrer do exame e, portanto, uma triagem do léxico de S. II - Critérios de elaboração - Foram selecionadas áreas geralmente consideradas como adquiridas até o início do período escolar: cores, formas, partes do corpo, ordenação de figuras e contrários ou termos polares. III - Normas de aplicação 1. Instrução: Solicitar a S que responda à solicitação de E. - Ao contrário das outras provas, dado o seu caráter, esta deve ser aplicada na seqüência proposta. - Nas tarefas com termos polares E poderá perguntar: "Qual a diferença entre .... ?" e caso S não responda, E deverá buscar uma solução alternativa para obter a resposta desejada. - Se não houver emissão, solicitar que S aponte a figura que E nomear.Ex: Termos polares - comprimento E: Qual a diferença entre essas cordas? S: Não sei. E: Qual é a corda comprida? S: [indica] E: [indicando a curta]: Então esta é.... ? S: A curta. - Para a Prova Partes do Corpo, E poderá indicar as partes em si mesmo ou na figura. - Se houver dificuldade na aplicação, poderá utilizar elementos tridimensionais presentes no contexto. Ex.: oposições entre lápis, bonecos, etc. - Se as respostas forem incorretas, tanto ao nível de emissão como de recepção, recomendamos recorrer às tarefas de discriminação visual da Prova Específica de Percepção Visual, visando detectar uma possível interferência desta área na realização de S. 2. Instrução específica para Ordenação de Figuras Instrução: Solicitar a S que ordene as figuras na ordem que achar certo e que conte uma história. - A sequência proposta é: "O menino e o coqueiro" para todas as faixas etárias. - Sugere-se que E não interfira na ordenação das figuras nem no relato da história. - Caso o relato não seja compatível com a ordenação realizada por S, E poderá ordenar as figuras e solicitar o relato. - Caso haja compatibilidade entre a ordenação e o relato, com o estabelecimento das relações temporais e causais, ainda que não seja aquela esperada por E, o desempenho de S deve ser considerado adequado 4 . IV - Avaliação geral 1. Registro - Das eventuais estratégias utilizadas para respostas. - Do nível em que a resposta se dá (emissão ou recepção). - Do nível em que se situa a dificuldade (emissão ou recepção oral ou da percepção do objeto). 2. Organização do material registrado - Por área em que se localiza a dificuldade: quantidade, espessura, cores, etc. - Por tipo de desvio: desconhecimento do nome, substituição (grosso/largo), etc. - Pelo nível em que se situa o desvio: verbal ou perceptual. - Por tipo de estratégia de resposta: gestos indicativos, representativos, etc. 3. Interpretação Dado o objetivo desta prova, sua interpretação tende a isolar a área responsável pelos desvios e estratégias (verbal: recepção e/ou emissão, perceptual) que eventualmente possam ocorrer em outras tarefas onde essas noções foram utilizadas, como por exemplo, na Prova de Ordens. Avaliação específica para a tarefa de organização de figuras 1. Registro - Da ordenação das figuras. - Da realização de S a partir da ordenação feita. 4 A avaliação do desempenho oral de S deverá orientar-se pela avaliação apresentada na Prova A e B de Histórias. 2. Organização do material registrado - Pelo relacionamento entre as figuras: com estabelecimento de relações temporais e causais, relação inadequada ou ausência de relações entre as figuras (figuras consideradas isoladamente). A partir disto, observa-se: - A compatibilidade entre a ordenação das figuras e o relato: compatibilidade entre ordenação e o estabelecimento das relações temporais e causais (adequado) ou incompatibilidade, não sequencialização das figuras e relato adequado (o que deverá ser aceito), sequencialização e relato inadequados. 3. Interpretação As estratégias utilizadas mais freqüentemente para estabelecer relações entre figuras se baseiam no uso de um elemento como ponto de partida, que pode ser escolhido tanto pela sua presença em todas as figuras como pela sua saliência perceptual e que é, em geral, um ser animado. É a escolha deste ponto de partida que leva ao estabelecimento do foco narrativo, ou perspectiva a partir da qual o relato será construído, e que levará à coerência e coesão (não fragmentação) de relato. A interpretação vai se basear na verificação desse ponto de partida e, conseqüentemente, na procura da estratégia usada por 5 no processo de ordenação das figuras. Deverá ainda fundamentar- se na compatibilidade do relato com ª ordenação feita, a qual evidencia a capacidade de estabelecer relações temporais e causais. Essa ordenação não deverá ser, necessariamente, aquela esperada por E, que procurará estar aberta para entender a capacidade que a criança tem de imaginar ou estabelecer relações alternativas. 4. Dados da pesquisa prévia 1. As noções solicitadas são conhecidas por volta dos 5 anos em nível de recepção e emissão, exceção feita a: - Articulações (parte do corpo), maior/menor (tamanho), que são conhecidas por volta dos 7 anos. - Dimensões menores (fino - curto - baixo) são nomeados sob o ponto de vista de tamanho, como pequeno, até aproximadamente 9 anos. 2. Nas tarefas de ordenação das figuras constatou-se que: - Aos 3 anos de idade não houve compatibilidade entre ordenação das figuras e o relato, embora este último pudesse ter um conteúdo adequado e algumas crianças consideraram as figuras isoladamente (Vide dados da pesquisa prévia da Prova B de Histórias). - Aos 5 anos, observou-se um desempenho compatível entre organização das figuras e o relato ou história. LISTA DE PALAVRAS I - Objetivo da prova - Avaliar a recepção e emissão de vocábulos em que estão representados os fonemas do português. - Avaliar a recepção e emissão de sequências fonológicas, em contextos fonéticos diferentes. II - Critérios de elaboração - Foram elaboradas duas listas, sendo a primeira relacionada à extensão vocabular e a segunda ao traço distintivo de fonemas. - A lista de extensão é composta por trinta vocábulos subdivididos em di, tri e polissílabos. A lista foi elaborada com vocábulos paroxítonos, com balanceamento das sílabas tônicas, abertas e fechadas e, ainda, houve uma preocupação de ocorrência de todos os fonemas, tanto nas tônicas como nas átonas. - A lista de traços distintivos é composta por vocábulos di e trissílabos, paroxítonos. Os fonemas visados são seguidos de a e i ou u e antecedidos por a para controle do contexto fonético; e ainda, estão colocados em sílabas tônicas, balanceadas em termos de abertas e fechadas. - O balanceamento dos vocábulos das listas foi restringido em alguns aspectos em função de limitações impostas pelo português (como por exemplo, a não ocorrência do fonema vibrante simples inicial de vocábulos). III - Normas de aplicação 5 Instrução: Solicitar a S a repetição das palavras que E falar. - Apresentar os vocábulos em ritmo regular, sem entonação enfática e com intensidade normal de voz. - Apresentar a lista de extensão horizontalmente. Não há recomendação especial para a de traços distintivos. - Repetir o vocábulo uma vez, caso seja solicitado por S (o que será levado em conta na avaliação). - Dar os vocábulos procurando não favorecer apoio visual na emissão de E 6 . IV - Avaliação 1. Registro - Das emissões de S. 5 A prova deve ser gravada. 6 Este critério poderá não ser seguido quando a situação assim o exigir como por exemplo, no caso de deficiência auditiva. - Das eventuais estratégias utilizadas para resposta. 2. Organização do material registrado Do aspecto fonêmico - Pelo tipo de desvio: distorções, substituições e/ou omissões. - Pela natureza do desvio: traço distintivo de sonoridade, modo e zona de articulação, extensão do vocábulo, ritmo vocabular, sílabas abertas e fechadas, posição do fonema no vocábulo, etc. - Pela consistência do desvio: se o desvio ocorre sistemática ou assistematicamente quanto ao tipo e/ou natureza. - Pelo tipo de estratégia eventualmente utilizada para resposta: solicitação de repetição, gestos, etc. Das sequências fonológicas - Pelo tipo de desvio: reduções, extensões e/ou contaminações de sílabas nos vocábulos, etc. - Pela natureza do desvio: semelhança fonética, posição de sílaba no vocábulo, etc. Ex.: cordilo/crocodilo, parato/prato, golila/gorila. - Pela consistência do desvio: se os desvios ocorrem sistemáticaou assistematicamente quanto ao tipo e/ou natureza. - Por tipo de estratégia eventualmente utilizada para resposta: solicitação de repetição, gestos, etc. 3. Interpretação Procurar-se-á verificar se há ou não integração dos sistemas analisados e sua estabilidade, ou seja procurar analisar se existe assistematicidade dos desvios e levantar hipótese sobre as dificuldades subjacentes aos eventuais desvios, as quais podem situar-se nas áreas perceptual auditiva e/ou articulatória. A determinação destas dificuldades pode se fundamentar nos critérios de elaboração das listas, como orientação para o levantamento de hipóteses sobre a natureza dos desvios. A consistência da interpretação pode ser reforçada pela análise comparativa entre dados obtidos nesta prova e em outros contextos lingüísticos (linguagem repetida, espontânea ou em leitura). Caso seja necessário, E poderá reportar-se às listas sugeridas nas Provas Específicas Fonética e Fonologia e/ou de Percepção Auditiva. 4. Dados da pesquisa prévia No que se relaciona ao aspecto fonêmico, constatou-se que: - Nas crianças de 3 anos, a emissão dos fonemas com relação ao traço distintivo zona de articulação e aos grupos consonantais ainda se apresentou instável. - Nas crianças de 4 anos a emissão dos grupos consonantais ainda permanecia instável. - As crianças de 5 anos apresentaram o sistema fonêmico integrado e estável. No que se refere ao aspecto fonológico, verificou-se que: - As crianças por volta de 3 anos reproduziram adequadamente os vocábulos das listas, com algumas distorções em vocábulos polissilábicos que permaneceram até 5 - 6 anos. MEMÓRIA AUDITIVA IMEDIATA I - Objetivo da prova - Avaliar a extensão da memória auditiva imediata para vocábulos e sentenças, dada a sua importância para retenção e análise do material lingüístico. II - Critérios de elaboração Séries de Vocábulos - Foram organizadas séries de vocábulos de áreas semânticas diferentes e de mesma área semântica, considerando-se que as relações semânticas entre elementos são relevantes para a retenção. - Foram elaboradas séries de três, quatro e cinco vocábulos (di, tri e polissílabos), considerando- se significativo o número de sílabas por vocábulo e o número de vocábulos por série. - A seleção de vocábulos foi feita a partir de um vocabulário familiar às crianças previamente testadas. - As séries de vocábulos de áreas semânticas diferentes tiveram seus elementos balanceados em termos de tonicidade (oxítonas e paroxítonas) e quanto às sílabas tônicas abertas e fechadas. Nas séries de vocábulos de mesma área semântica esse balanceamento não foi possível pela própria restrição na escolha de vocábulos. Séries de Sentenças - Foram organizadas seis séries com três sentenças cada uma. - As séries variam quanto ao número de sílabas que determina sua extensão (dez, quatorze, dezoito, vinte e duas, vinte e seis e trinta sílabas). - As sentenças foram selecionadas dentre as acessíveis, do ponto de vista lexical e sintático, às crianças da pesquisa prévia. - As primeiras sentenças de cada série são simples, as segundas são coordenadas e, as últimas, subordinadas. III - Normas de aplicação Instrução: Solicitar a S a repetição dos vocábulos na ordem em que forem apresentados, frisando que a repetição deve ser iniciada somente quando E terminar de falar. A mesma instrução é dada na prova de sentenças. - Para crianças de 3 a 6 anos, sugerimos iniciar pela série de três dissílabos e sentenças com dez sílabas. - Para crianças de 7 a 10 anos, a primeira série dada poderá ser de quatro vocábulos dissílabos e sentenças com dezoito sílabas. - De 11 anos em diante, E poderá iniciar com as séries de cinco dissílabos e sentenças de vinte e duas sílabas. - A aplicação poderá prosseguir até que S não reproduza adequadamente duas séries da mesma extensão vocabular, ou duas sentenças com mesmo número de sílabas. - Caso as séries iniciais não sejam reproduzidas, recomenda-se aplicar séries de vocábulos e sentenças anteriores às propostas. - Se for solicitado, E poderá repetir as séries uma vez. - Sugerimos que E apresente as séries de vocábulos sem curva final descendente, isto é, que apresente com entonação característica de séries ou listas em que o último elemento da série não recebe entonação de completamento e ainda que os intervalos entre os vocábulos não sejam longos nem marcadamente diferentes entre si. IV . Avaliação 1. Registro - Das realizações de S. - Das eventuais estratégias utilizadas para resposta. 2. Organização do material registrado relativo às séries de vocábulos e das sentenças - Pela extensão das séries que foram respondidas adequadamente. - Pelo tipo de desvio: omissão, substituição, inversão “de vocábulos da série, contaminação de vocábulos ou aglutinação entre vocábulos”. Ex.: E: goiabada, papagaio, alfinete S: goiabada, papanete - Pela natureza do desvio: se os desvios são aleatórios, se há uma regularidade do desvio na sua posição dentro da série ou da sentença, se o desvio esta associado a vocábulos propostos anteriormente, se a associação é fonética, semântica, etc. Ex.: dedo, portão, cama, bolo /dedo, cartão, cama, bolo (desvio produzido por associação fonética), sofá, cabra, pingo,' cadeira, cabra, pingo (desvio produzido por associação semântica). - Pela consistência do desvio: no caso em que S apresente tendência a um tipo e/ou natureza de desvio (Ex.: tendência à omissão). - Pelas estratégias eventualmente utilizadas para retenção: solicitação freqüente de repetição das séries, uso de apoio articulatório, etc. 3. Interpretação A interpretação desta prova visa a levantar o nível de retenção auditiva de S. Na análise devem ser consideradas as estratégias e/ou mecanismos compensatórios utilizados por S para retenção do material lingüístico que podem indicar dificuldades na área específica de memória ou em outras áreas, como por exemplo discriminação auditiva que poderá estar interferindo no processo da retenção. A partir dessa análise pode-se levantar hipóteses sobre eventuais dificuldades que surgirem no decorrer da aplicação de outras provas, como compreensão parcial ou alterada da linguagem. Caso seja necessário, E poderá reportar-se às séries sugeridas nas Provas Específicas de Percepção Auditiva. 4. Dados da pesquisa prévia 7 Vocábulos de áreas semânticas diferentes 3 anos: três vocábulos dissílabos e trissílabos 4 - 5 anos: quatro vocábulos dissílabos e trissílabos, três vocábulos polissílabos 6 - 14 anos: cinco vocábulos dissílabos e trissílabos, quatro vocábulos polissílabos 15 - 18 anos: seis vocábulos dissílabos, trissílabos e polissílabos Vocábulos de mesma área semântica 3 - 5 anos: três vocábulos dissílabos e trissílabos 6 - 7 anos: quatro vocábulos dissílabos e trissílabos, três vocábulos polissílabos 8 - 15 anos: quatro vocábulos dissílabos, trissílabos e polissílabos 15 - 18 anos: cinco vocábulos dissílabos, trissílabos e polissílabos Sentenças 3 anos: quatorze sílabas 4 - 5 anos: dezoito sílabas 5 - 9 anos: vinte e duas sílabas 10 - 14 anos: vinte e seis sílabas 15 - 18 anos: trinta sílabas 7 Os níveis de atuação, por faixa etária, fornecidos se baseiam nas tendências gerais das respostas obtidas na pesquisa prévia . ORDENS I - Objetivo da prova - Avaliar a compreensão e retenção de instruções verbais através do cumprimento de ordens que exigem respostas motoras. II - Critérios de elaboração - Foram formuladas quatro ordens em quatro faixas etárias (de 3 a 4 anos, Q ( 5 a 7 anos, de 8 a 10 anos e de 11 anos em diante)). - Oscritérios utilizados para a elaboração de cada série foram: ordens 1 relações espaciais; ordens 2 - Partes do corpo; ordens 3 - relações temporais; ordens 4 - solicitações incomuns, cujo objetivo é avaliar as estratégias de compreensão de ordem que foge às expectativas de S. As ordens que envolvem relações espaciais foram elaboradas segundo o critério do grau de complexidade perceptual que lhe é atribuída na literatura psicolinguística, a saber: precedência do eixo vertical sobre o horizontal primário (frente/trás), deste sobre o horizontal secundário (lado), e direito versus esquerdo. III - Normas de aplicação Instrução: Solicitar a S que execute as ordens. - Pedir a S que inicie a execução da ordem dada somente depois que E terminar de falar. - Explicar a S que deverá imaginar-se numa situação de faz-de-conta ou que os elementos pedidos estivessem presentes no ambiente. - Apresentar a ordem pausadamente. - Repetir a ordem completa, isto é, não seccionada. - Caso as noções envolvidas nas ordens não sejam conhecidas (o que já deve ter sido verificado na Prova de Noções Básicas), estas deverão ser eliminadas, por não serem pertinentes ao objetivo da prova. IV - Avaliação 1. Registro - Da execução total ou parcial da ordem. - Das eventuais estratégias utilizadas para respostas. 2. Organização do material registrado - Por tipo de desvio: não cumprimento da ordem, cumprimento parcial da ordem, cumprimento alterado da ordem (omissão, inversão ou substituição de partes da ordem). - Por natureza do desvio: alterações inerentes às dificuldades com relações temporais, espaciais, memória imediata falha, má discriminação auditiva, etc. - Por consistência do desvio: se são sistemáticos ou não, quanto ao tipo e/ou natureza. - Por tipo de estratégia: solicitação de repetição, uso de apoio articulatório, etc. 3. Interpretação A interpretação visa avaliar a retenção e compreensão de instruções verbais. Levando-se em conta as alterações já levantadas em outras provas (como lateralidade, retenção auditiva, etc.) os desvios da atuação de S devem ser considerados também à luz de possíveis falhas na compreensão de estruturas lingüísticas, na sequencialização das ações propostas e no limiar de atenção de S. Convém ressaltar que inibição e/ou dificuldades motoras podem ser fatores determinantes da atuação de S e devem, portanto, ser levados em conta na análise da prova. 4. Dados de pesquisa prévia - As crianças de 3 a 4 anos apresentaram dificuldades no cumprimento de ordens que envolviam relações espaciais e temporais. - As crianças de 5 anos em diante não apresentaram dificuldade no cumprimento das ordens. CATEGORIZAÇÃO Objetivo Geral - Avaliar a possibilidade de organizar e categorizar suas experiências. A. PROVA DE CATEGORIZAÇÃO I - Objetivo da prova - Avaliar o trabalho de S no reconhecimento de traços e atributos relevantes para a organização de áreas semânticas. II - Critérios de elaboração - Foram organizadas cinco séries de vocábulos em cinco níveis etários: 3 a 4 anos, 5 a 7 anos, 8 a 10 anos, 11 a 14 anos e de 15 anos em diante. - Na série de 3 a 4 anos, os três primeiros grupos de vocábulos são constituídos por três vocábulos a fim de reduzir a interferência de memória auditiva imediata; as séries seguintes são constituídas por quatro vocábulos. - As séries são constituídas por elementos de áreas semânticas diferentes ou por vocábulos de mesma área, porém com atributos diferenciados, cuja relevância pode variar de sujeito para sujeito (ver exemplos). III - Normas de aplicação Instrução: Solicitar a S que procure, no grupo dado, a palavra que tenha alguma característica diferente, justificando a escolha. - Sugere-se que seja dado como exemplo o grupo: porta, janela, maçã, parede, em que o vocábulo diferente é facilmente detectável. - Emitir os grupos de vocábulos pausadamente, sem ênfase em nenhum deles. - Repetir o grupo se for solicitado por S, tantas vezes quanto necessário, a fim de reduzir a interferência da memória auditiva imediata. - Reportar-se às séries das faixas etárias anteriores, caso haja dificuldades com os grupos da faixa etária correspondente à idade cronológica de S. - Em caso de respostas bizarras, dificuldade na elaboração da resposta ou da justificativa, averiguar se os vocábulos fazem parte do repertório verbal de S. - Não demonstrar surpresa diante de qualquer tipo de resposta. IV - Avaliação 1. Registro - Da maior ou menor facilidade de compreensão da tarefa. - Das respostas de S e de suas justificativas. - Das eventuais estratégias utilizadas nas respostas. 2. Organização do material registrado - Por tipo de organização dada às classes e sub-classes. - Por tipo de desvios: respostas e/ou justificativas não aceitáveis, respostas aceitáveis e justificativas não aceitáveis ou ausência de justificativa. - Pela natureza do desvio: não compreensão da instrução, falha na discriminação auditiva, desconhecimento do vocábulo, falha no processo de categorização, etc. Observação: Convém ressaltar que é difícil se determinar a aceitabilidade e natureza de algumas respostas não esperadas e apenas a recorrência delas pode levar à suposição da eventual dificuldade subjacente. Exemplos: 1. E: mamão, banana, abacaxi, copo. (S = 10 anos). S: Todos certos porque servem para comer. (possível não compreensão da instrução, falha no processo de categorização ou não retenção auditiva da série). 2. E: peixe, leão, elefante, girafa. S: Garrafa porque não é bicho. (provável falha de discriminação auditiva) 3. E: Lancha, jangada, iate, navio. S: Jangada. E: Por quê? S: Porque sim. (possível desconhecimento do vocábulo). - Pela consistência do desvio: se o desvio ocorre sistemática ou assistematicamente, se a natureza do desvio é recorrente. 3. Interpretação A interpretação visa à avaliação do desempenho de S no reconhecimento de traços ou atributos relevantes para o reconhecimento e organização de classes semânticas. As respostas a serem analisadas deverão ser interpretadas através das justificativas apresentadas e não da simples atribuição de acerto e erro, na medida em que tais respostas podem, com freqüência, aparentemente violar as categorizações que seriam as esperadas, mas que seriam adequadas à faixa etária de S ou ligadas à estratégia que utiliza para classificar. Exemplos: 1. cardume, enxame, multidão, manada. Sendo todos coletivos, o elemento diferenciado mais provável seria multidão, por ser o único coletivo de seres humanos. Porém, várias respostas seriam aceitáveis como: cardume por ser aquático, enxame porque voa, manada por serem animais grandes. 2. E: papai, mamãe, sapato, irmão. S: Papai porque os outros a gente tem e papai não tem. (resposta dada por criança com pai desconhecido). É importante a análise da recorrência de respostas incompatíveis com a justificativa ou a ausência de justificativa como base para qualquer conclusão a respeito da atividade classificatória de S. 4. Dados da pesquisa prévia - No que se refere a processos de classificação ou categorização, os dados da pesquisa prévia indicaram que: - Todas as crianças conseguiram realizar a tarefa proposta. - Todas as crianças de 3 a 7 anos, em geral, utilizam como critério classificatório a experiência particular que têm dos elementos mencionados, ao contrário do adulto que tende a usar um critério mais amplo, que resulta da generalização da sua experiência e da experiência da comunidade lingüística a que pertence. Ex.: E: janela, pão, arroz. S: Pão e arroz combinam. E: Por quê? S: Porque janela é de pular. - Nessa mesma faixa etária,há dificuldade em seguir a instrução dada: as respostas das crianças tendem a se concentrar na característica semântica dos elementos da mesma área. Ex.: E: peteca, estrela, boneca. S: Peteca e boneca combinam. E: Por quê? S: Porque estrela está no céu. - A partir de 7 anos, as crianças tendem a usar critérios mais gerais de classificação. Ex.: E: avião, cachorro, navio, carro. S: Cachorro porque é bicho. B. PROVA DE DEFINIÇÃO I - Objetivos da prova - Avaliar o desempenho de S em uma atividade metalinguística. - Verificar como S analisa a linguagem na configuração de sua própria experiência, isto é, a que aspectos ou atributos dessa experiência tende a dar maior relevância. II - Critérios de elaboração - Os vocábulos apresentados são substantivos, já que outras classes gramaticais são menos passíveis de definição. - A seleção dos vocábulos teve como critério sua caracterização em: [±humano], [±artefato], [±animado] e [±concreto], tendo em vista a eliciação de respostas que permitissem avaliar como S lida com traços semânticos de tipos diversos. - Não houve divisão por faixa etária uma vez que o interesse é verificar, em termos quantitativos e qualitativos, o desempenho de S com doze vocábulos conhecidos e comumente utilizados na linguagem informal, independente da idade cronológica e, na medida do possível, do nível sócio- cultural de S. - Os vocábulos foram divididos em dois grupos (de 1º a 6º e de 7º a 12º) sendo que, no segundo grupo, os traços semânticos do primeiro grupo se repetem, porém em vocábulos que tendem a levar S a definições mais precisas (dados levantados na pesquisa prévia). Ex.: 1) passarinho, 7) pinguim; 2) copo, 8) xícara; etc. III - Normas de aplicação Instrução: Solicitar a S que diga o que significam as palavras que serão apresentadas. - Dar o exemplo indicado na prova. - Apresentar todos os elementos da lista. - Evitar a presença de objetos ou referentes dos vocábulos propostos que possam favorecer o uso de gestos indicativos ou dar pistas para as respostas. - Para crianças menores que não responderem às solicitações e para Ss com dificuldades acentuadas, dar pistas para respostas como: "Para que serve?," "Onde se usa?" etc. IV - Avaliação 1. Registro - Das respostas dadas e das eventuais estratégias utilizadas. 2. Organização do material registrado - Pelo número de atributos usados (Ex.: categoria, função, forma, cor, etc.). - Pelo tipo de atributo: essenciais e não essenciais. Exs.: passarinho o animal que voa = essencial; passarinho - animal que voa, canta, pode ser de várias cores, etc. em que os dois últimos são traços não essenciais). - Pela recorrência de traços, isto é, pela repetição de um traço não essencial em várias definições (Ex.: lua - fica no céu, copo - fica no armário, nenê - fica no berço, em que o atributo de lugar é muito freqüente). - Pelo grau de dependência do contexto (Ex.: xícara - é para lavar pincel). - Por tipo de desvio: uso do radical do nome dado com variação de grau, gênero ou número, respostas erradas, etc. (Ex.: copo - é copinho). - Pela natureza do desvio: desconhecimento do vocábulo ou falha na discriminação auditiva (Ex.: lua - é onde passa carro), etc. - Pela consistência do desvio: se o desvio ocorre sistemática ou assistematicamente, se há consistência no tipo de desvio. - Por tipo de estratégia de resposta: solicitação de repetição, uso de gestos para responder (Ex.: E - O que é nuvem? S - [aponta para o céu]), uso de vocábulo de significado genérico ou não específico, como introdutor da resposta (Ex.: negócio, coisa, etc.). 3. Interpretação A interpretação visa a detectar e avaliar como S analisa a linguagem, a que atributos dá relevância, como ordena estes atributos, a que nível de generalização ou especialização atua. Há uma grande variedade de respostas que podem ser possíveis devendo a análise ser baseada no material organizado. Assim, por exemplo: S¹: "Bola é um objeto esférico, geralmente usado para jogar, porém com diversas outras utilidades." S²: "Bola é uma coisa redonda que serve para brincar." Nestes dois exemplos, observa-se o uso dos mesmos atributos (classe: objeto e coisa; forma: esférica e redonda; função: jogar e brincar, que são essenciais para definição de bola). No primeiro exemplo, entretanto, além de um léxico mais elaborado, há um grau maior de precisão (esférico), com diferenças estilísticas de linguagem. O segundo tipo de definição pode surgir em qualquer faixa etária ou nível sócio-cultural de S. Como sugestão para a interpretação dos dados, o levantamento dos atributos pode seguir o seguinte critério: - categoria superior: bicho, animal, instrumento, coisa, objeto, homem, etc. - função: voa, anda, roda, que serve para... , etc. - lugar: no mar, na cozinha, etc. - sinônimo: nenê é bebê. - associação: nenê - chora; praia - barco, maiô, etc. - elementos constituintes: praia - é areia e água. - conteúdo: copo é água. - forma: redondo, cilíndrico, etc. - material: copo - é de vidro, plástico, etc. - cor: verde, etc. - tamanho: grande, pequeno, médio, etc. 4. Dados de pesquisa prévia Os dados da pesquisa prévia indicaram que: - O uso dos traços essenciais ocorrem em todas as idades. - Houve apenas o uso de léxico mais preciso nos Ss da última faixa etária. - O grau de dependência do contexto foi inversamente proporcional à idade cronológica: Ex.: E: O que é passarinho? S¹: "Que tem na minha casa." (3 anos). S² : "Aquilo que voa." (5 anos). S³: "Um bicho que voa." (7 anos) Na atuação de Ss de até 5 anos foram encontradas definições com: 1. uso da preposição Rara introduzindo função. Ex.: S: "Lua prá de noite." 2. inversão -- continente por conteúdo. Ex.: S: "Xícara é o que se bebe." 3. equivalência entre parte e todo (entre um elemento e o contexto a que está associado). Ex.: S: "Dado é jogo." 4. repetição do elemento solicitado ou circularidade. Ex.: S: "Bola é bola." Foram observadas três formas básicas de definições que parecem indicar o desenvolvimento no processo lingüístico, pelo maior grau de precisão da definição. Ex.: E: O que é garrafa? S¹: (3 a 4 anos) "Mamãe tem na cozinha." S²: (5 a 6 anos) "Mamãe põe café." S³: (de 7 anos em diante) "Para se colocar líquido." REVERSIBILIDADE I - Objetivo da prova - Avaliar a atuação de S frente a situações passíveis de reversibilidade, apresentadas através de estruturas linguísticas. II - Critérios de elaboração - Foram representadas em figuras situações que podem se tornar reversíveis. - Para cada figura foram elaborados grupos de sentenças que eliciam a operação de reversibilidade a nível da linguagem. III - Normas de aplicação Instrução: Solicitar a S que aponte a figura correspondente à sentença dada. - As sentenças devem ser emitidas com ritmo e intensidade normal de voz. - Sugere-se que E repita a sentença caso haja solicitação. - Recomenda-se evitar demonstração de surpresa ou perguntas como "É esse?" quando S apontar a figura, a fim de não induzir respostas corretas ou incorretas. - Sugere-se que E transfira a tarefa para material tridimensional quando sentir necessidade, como por exemplo, com crianças muito pequenas ou com problemas espaciais, etc. IV - Avaliação 1. Registro - Das realizações de S. - Das eventuais estratégias utilizadas para respostas. 2. Organização do material registrado - Pelo tipo de desvio: ausência de resposta, respostas apenas a algumas das sentenças, respostas inadequadas, etc. - Pela natureza do desvio: identificação do sujeito da passiva como agente, considerar o objeto maior ou de maior saliência perceptual como ponto de referência fixo (Ex.: O gato está atrás da bola = A bola está atrás do gato). - Pela consistência dodesvio: se há consistência quanto ao tipo e/ou natureza. - Pelas estratégias eventualmente utilizadas para respostas: hesitações, solicitação freqüente de repetição, etc. 3. Interpretação A interpretação visa a avaliar a atuação de S, ao nível de recepção, de estruturas lingüísticas que são apresentadas de forma a eliciar a operação de reversibilidade. Estas estruturas são constituídas por elementos que envolvem os conceitos de quantidade, tamanho, tempo, espaço e voz ativa e passiva do verbo. O desempenho de S nesta tarefa oferece, portanto, possibilidade de se verificar sua capacidade de abstração ou descentração na medida em que deve operar com pontos de vista ou perspectivas diversas de uma mesma situação, pontos de vista estes que determinam estruturas lingüísticas diversas quanto à morfossintaxe. O nível maior de abstração que esta tarefa exige está, portanto, vinculado ao fato de que a percepção da figura ou material deve ser subordinada à perspectiva criada pela estrutura lingüística, perspectiva esta que pode ser oposta à usual. Assim, no caso da passiva por exemplo, uma ação é representada do ponto de vista do objeto e não do agente, que parece ser sua perspectiva usual, dada a saliência desse papel semântico. Esta tarefa não só envolve aspectos sintáticos e semânticos como também a memória auditiva imediata, atenção, etc. Assim sendo, é conveniente a análise comparativa desta prova com os resultados obtidos nas outras tarefas do exame. 4. Dados da pesquisa prévia - Nas crianças de 3 a 5-6 anos observou-se tendência a respostas adequadas nos primeiros grupos de sentenças de cada série. Com a mudança de ponto de vista ou perspectiva das sentenças as respostas geralmente foram inadequadas. - Nas crianças de 6-7 anos em diante as respostas foram adequadas, porém com tendência a hesitações quando propostas as sentenças que envolviam a mudança de perspectiva 8 . 8 As sentenças foram propostas da forma apresentada no exame, uma vez que quando apresentadas com constantes mudanças de perspectiva houve dificuldade significativa nas respostas em todas as faixas etárias. COMPLEMENTAÇÃO DE SENTENÇAS 9 I - Objetivos da prova - Avaliar a capacidade de estabelecer relações sintático-semânticas entre sentenças a partir de uma sentença e um conectivo dados. - Avaliar capacidade de estruturação no nível morfossintático, a partir da sentença complementar produzida e de suas relações com a sentença dada. II - Critérios de elaboração - Foram organizadas cinco séries de sentenças com conjunções coordenativas e subordinativas que introduzem relações de espaço, tempo, causa, conseqüência, etc., para cinco faixas etárias (3 a 4 anos, 5 a 7 anos, 8 a 10 anos, 11 a 14 anos e 15 anos em diante). - As séries se compõem de vinte sentenças, com exceção das séries destinadas à faixa de 3 a 4 e de 5 a 7 anos, em que a criança parece dispor de um menor número de conjunções. - Algumas conjunções são apresentadas em duas sentenças de cada série. - Conjunções utilizadas nas primeiras faixas etárias estão presentes também no material destinado a outras faixas. Isto se deve por um lado ao fato de que as relações por elas estabelecidas variam de complexidade no decorrer do desenvolvimento da linguagem. Ex.: A conjunção "e", na criança pequena, é usada basicamente para narrar (temporal). III- Normas de aplicação Instrução: Solicitar a S que complete a sentença dada. - Sugere-se como exemplo: "Eu não comi o abacaxi porque estava verde (gelado, ruim, etc.)". - Dar saliência perceptual ao conectivo, usando entonação de interrupção, isto é, sem curva descendente final, deixando assim um espaço virtual para o completamento da sentença. - Utilizar as séries correspondentes às faixas etárias anteriores caso S não responda até a décima sentença da série correspondente à sua idade cronológica. - Não demonstrar surpresa diante de qualquer tipo de resposta. IV . Avaliação 1. Registro - Das respostas corretas e incorretas. - Da maior ou menor facilidade de compreensão da tarefa. 9 Dentre as várias tarefas propostas esta é a única prova cujo objetivo específico é a avaliação da área sintática, uma vez que esta deve ser analisada em todas as outras tarefas. exceção feita à Prova de Memória Imediata e à Lista de Palavras. - Da maior ou menor fluência de respostas. - Das eventuais estratégias utilizadas para respostas. 2. Organização do material registrado - Por tipo de desvio: correção parcial, como por exemplo, adequação no que diz respeito ao conectivo e falha na concordância verbal; inadequação no que diz respeito ao conectivo e construção incorreta da sentença complementar. - Por natureza do desvio: falha na complementação em função da conjunção, em função de não compreensão da sentença inicial, na concordância nominal e/ou verbal, etc. - Pela consistência do desvio: se o desvio ocorre sistemática ou assistematicamente, se é recorrente quanto à sua natureza, se incide sobre coordenadas ou sobre subordinadas, etc. 3. Interpretação A interpretação visa a avaliar o desempenho de S ao nível morfossintático-semântico. A análise das respostas deve conduzir à definição da área de maior dificuldade para S. A saber, na medida em que completar uma sentença equivale a construir uma outra cujos elementos lexicais, morfológicos e sintáticos são pré-determinados pela estrutura da sentença dada, pode-se também avaliar os processos de anáfora (supressão e pronominalização), de concordância verbal (modo e tempo) no nível da relação entre as duas sentenças. Convém ressaltar que deve ser feita uma análise comparativa dos resultados desta prova com outras que permitam a análise desta área. 4. Dados da pesquisa prévia - De 3 a 9 anos as crianças: - Substituíram a conjunção, provavelmente não conhecida, por outra, aparentemente em função de elementos semânticos da primeira sentença. Ex.: (3 anos) - E: Só vou acabar a lição se..... S: quando meu pai voltar. (9 anos) - E: Você pode me procurar na vizinha caso... S: se você quiser. - Apresentaram dificuldades no emprego do modo subjuntivo que é requerido por certas conjunções. Ex.: (3 anos) - E: Eu vou dormir quando..... S: meu pai vim. (9 anos) - E: Eu vou à festa com você embora. S: terei que voltar às 8:00. HISTÓRIA 10 Objetivo Geral - Avaliar o desempenho de S na elaboração de discurso narrativo, isto é, em uma atividade lingüística em que seu interlocutor, embora presente, não tem a mesma função concreta e explícita de colaborador como na construção conjunta que é o diálogo. I - Objetivos específicos a cada prova Prova A - Elaboração de História a partir de Estímulo Visual - Avaliar o desempenho de S na elaboração de discurso narrativo diante da representação visual de uma situação. Prova B - Elaboração de História a partir de Estímulos Visuais em Seqüência - Avaliar a capacidade de S para a ordenação de figuras a partir de relações estabelecidas entre eventos e entre entidades. - Avaliar o desempenho de S na elaboração de discurso narrativo a partir da exposição a estímulos visuais em seqüência. Prova C - Reprodução de História - Avaliar o desempenho de S na reelaboração de discurso narrativo previamente apresentado. II - Critérios de elaboração Prova A - É proposta uma figura - "A Mala e o Guarda-Chuva". Prova B - Foi composta uma história-base com oito figuras "O pescador". - O número de figuras utilizadas varia em função da faixa etária de S: para 3 anos - figuras números 3, 4 e 5; de 5 a 7 anos - figuras números 2, 3, 5 e 6; de 8 a 10 anos - figuras números 2, 3,5, 6, 7 e 8; de 11 anos em diante - oito figuras. - A retirada de cartelas da história-base possibilita a composição de histórias específicas para cada faixa de idade, com diminuição do números de personagens e de eventos. Prova C - Foram elaboradas três narrativas com o mesmo conteúdo básico, para três faixas de idade (3 a 7 anos, 8 a 13 anos e 14 anos em diante). 10 As provas de Elaboração de História a partir de Estímulo Visual, Elaboração de História a partir de Estímulos Visuais em Seqüência e Reprodução de História envolvem ações que se relacionam por vínculos temporais e causais, a obrigatoriedade de utilização de mecanismos de coesão e coerência intersentenciais, além de ser exigido de S um material lingüístico mais extenso. Diante disso, optou-se por uma organização de material e interpretação diversa da apresentada anteriormente. - As narrativas diferenciam-se quanto ao léxico, número de elementos secundários e extensão das sentenças e do discurso. - As histórias foram redigidas levando-se em conta o falar e a prosódia utilizadas normalmente ao se contar histórias. - Foram elaboradas cinco perguntas para a observação da compreensão de S sobre o material apresentado. III - Normas de aplicação Prova A Instrução: Solicitar a S que invente uma história a partir da figura apresentada. Prova B Instrução: Solicitar a S que ordene e invente uma história a partir dos elementos dados. Prova C Instrução: Solicitar a S que ouça atentamente a história e depois a conte com suas próprias palavras. - Sugere-se que E não bloqueie a elaboração e sim procure estimulá-la. E poderá direcionar a narrativa a partir da retomada de algum elemento utilizado por S. Por volta dos 6 anos, em geral, esta eliciação deixa de ser necessária. - Nas Provas A e B, caso S utilize outra forma de discurso que não a narrativa, após sua realização, E poderá tentar favorecer o aparecimento de uma forma narrativa através de perguntas como: - "0 que você acha que está acontecendo?", "Por quê?", etc. - Na Prova B, E poderá solicitar a S que conte a história, ainda que a ordenação não tenha sido a esperada. - E poderá reorganizar as figuras caso a ordenação feita por S não possibilite o estabelecimento de relações temporais e causais entre eventos. E deverá aceitar, porém, que a imaginação de S crie relações temporais que, para ela, podem ser bizarras. - Na Prova C as histórias deverão ser lidas com a entonação normalmente utilizada ao se contar história, tendo-se em mente que a prosódia deve ser adequada à faixa etária de S. - Sugere-se que E utilize perguntas para orientação quando não houver reelaboração espontânea. Ex.: Eu contei a história de quem?, O que aconteceu? etc. - Sugere-se que E se reporte à história de faixa etária anterior quando S apresentar dificuldades no cumprimento da tarefa. - As perguntas que visam à avaliação mais objetiva da compreensão deverão ser formuladas em qualquer hipótese. IV – Avaliação 11 1. Registro - Da transcrição da gravação. - De todo comportamento não verbal de S (mímica corporal e facial). - Da ordenação das figuras na Prova B. 2. Organização do material registrado Provas A e B - Pela utilização dos elementos visualmente representados: qual ou quais os elementos de maior saliência perceptual para S, quais os elementos não valorizados (reduções = R), se houve elementos acrescentados (acréscimos = A), ou transformados (transformações = T). Essas informações devem ser extraídas da análise da narrativa de S. Prova B - Idem à Prova Noções Básicas (avaliação específica para tarefas de Ordenação de Figuras). Provas A, B e C Ao nível do discurso - macro-estrutura (relações intersentenciais da narrativa). - Pela mímica corporal e facial como estratégia de identificação do referente (personagem, objeto, etc.) como apontar, mostrar objeto semelhante, etc., de representação de ação e reação do personagem ou do narrador, etc. - Pela prosódia: ritmo e entonação. Exs. de desvios: acentuada hesitação e/ou pausa, etc. - Pela facilidade de iniciar a elaboração ou reelaboração. Pela organização do material lingüístico: - coerência da narrativa: manutenção do tema, estabelecimento dos vínculos temporais e causais; - mecanismos de coesão: supressão ou pronominalização de elemento já mencionado, uso de conectivo ou entonação para exprimir relações entre eventos, etc. Exs. de desvios: falhas na expressão de relações entre ações por seus vínculos temporais e causais (seqüência de eventos), fragmentação do relato por falta de coesão, etc. Pelos recursos lingüísticos utilizados: - reduções: o que foi reduzido - fatos, elementos essenciais, elementos secundários; 11 Gravar a produção oral de S. - acréscimos: o que foi acrescentado - fatos, elementos secundários (com possibilidade de serem decorrentes de associação com sua própria experiência), introdução de elementos de histórias conhecidas, atribuições de funções essenciais a elementos acrescentados na narrativa, etc. - transformações - dos fatos, dos elementos essenciais e secundários (Ex.: transformações de um elemento secundário em essencial, etc.), da seqüência de eventos (vínculos temporais e causais); - compreensão da história: a partir de comparação da narrativa de S com a de E, com base na análise dos dados acima (na Prova C); - coerência da narrativa: manutenção do tema, sequencialização através dos vínculos temporais e causais; - mecanismos de coesão: supressão ou pronominalização de elementos anteriormente mencionados, uso de relativas, etc. Exs.: relações inadequadas entre eventos, falta de coesão, etc. Ao nível da sentença - Micro-estrutura - Pelo tipo de sentença: estruturas simples, coordenadas e/ou subordinadas. - Pela estruturação sintático-semântico: utilização do sujeito, predicado, etc. - Pela concordância: nominal e verbal. Exs.: falhas na concordância, omissão ou utilização inadequada de conectivos (preposições, conjunções, etc.). Ao nível do vocábulo - Pela utilização dos morfemas: nominal (gênero, número e grau), verbal (tempo, pessoa). - Pela observação do léxico: nomes, adjetivos, verbos, conectivos, etc. Exs.: falha na flexão verbal, nominal, etc. 3. Interpretação Prova A A interpretação visa a avaliar a narrativa de S a partir de estímulo visual, levando em conta o que é partilhado ou conhecido por E e por S. Em função disso S, no papel de narrador, pode levar em consideração esse conhecimento partilhado por seu interlocutor E (interlocutor empírico). Prova B A interpretação visa a avaliar a narrativa de S eliciada por estímulos visuais e a ordenação destes a partir das relações estabelecidas entre eventos e estados (seqüência temporal e causal) e entre entidades (animados e inanimados). Prova C A interpretação visa a avaliar a reelaboração de uma narrativa, isto é, do material lingüístico previamente fornecido. Para esta avaliação é fundamentai que na análise de todos os dados se leve em conta a relação obrigatória entre o texto de E e o texto de S. Esse tipo de análise é fundamental na medida em que esta é a situação do exame que permite mais objetivamente a verificação de como S opera sobre o discurso de seu interlocutor. Esta operação sobre o enunciado do interlocutor é a operação básica da maioria das crianças e adultos, cuja atividade lingüística mais freqüente é o diálogo oral. Ressalta-se ainda que se deve levar em conta até mesmo o diálogo de E com S sobre a história, o que pode ir, inclusive, além do próprio texto. O que se procura avaliar no desempenho de S na elaboração do discurso narrativo, isto é, em uma atividade lingüística em que seu interlocutor, embora presente, não tem amesma função concreta e explícita de colaborador como ocorre no diálogo, é a utilização que S faz de recursos morfossintáticos e semânticos para representar tanto situações e episódios, como os processos de compreensão do interlocutor a quem a narrativa se destina. Assim, para a avaliação destas provas, deve-se considerar que, para elaborar uma narrativa, S deve selecionar dentre os elementos da (s) figura (s) ou do texto narrado (Prova C), aquele ou aqueles a partir dos quais a história será narrada, ou melhor, que constituirá o foco narrativo. A organização e interpretação do material lingüístico deve levar em conta: - os critérios que S possa ter usado na seleção desses elementos: saliência perceptual, presença em mais de uma figura, etc. Note-se que na representação visual, já existe um foco narrativo que, em geral, coincide com o personagem principal, apresentado em primeiro plano. Daí a necessidade de verificar se a narrativa de S assume esse foco narrativo visualmente representado ou não; - a manutenção do mesmo foco narrativo no decorrer da narrativa; - a utilização de recursos lingüísticos que permitam mudar o foco, sem prejudicar a inteligibilidade da narrativa; - as relações que S estabelece entre os elementos centrais da narrativa e os demais elementos representados na figura ou no texto; - a manutenção dessas relações no decorrer das narrativa, da qual depende sua coerência; - a compatibilidade entre essas relações e o que está visualmente representado ou o que foi narrado; - o desenvolvimento da narrativa em um sentido progressivo ou circular; - os recursos lingüísticos utilizados para dar coesão ao discurso, os quais garantem a identificação pelo interlocutor de um elemento já referido. Ainda que o respeito à realização de S e à coerência do discurso seja o ponto de partida para a interpretação, a análise micro-estrutural, isto é, de cada sentença, também é relevante. Salienta-se ainda, a importância da análise comparativa entre as realizações das diversas provas na medida em que os estímulos eliciadores da narrativa são diferentes 12 . 4. Dados da Pesquisa Prévia Provas A e B - Nas crianças de 3 a 5-6 anos observaram-se três tendências básicas sendo a primeira mais freqüente: 1) descrição dos elementos da figura e das ações, com coesão e sem vínculos temporais e causais; 2) estabelecimento do foco narrativo para elaboração da história resumida mantendo coerência (com vínculos temporais e causais) e coesão; 3) estabelecimento do foco narrativo com introdução de experiências ou histórias de ficção, porém com uma estrutura circular e dificuldades de coesão e coerência. As sentenças foram simples ou coordenadas (agente, ação, objeto) , com pausas e hesitações esporádicas e dificuldades na concordância e flexão verbal. - Nas crianças de 7 anos em diante, a tendência foi a descrição dos elementos da figura e das ações com coesão e sem vínculo temporal e causal, o que faz supor que nesta faixa etária a presença de uma única figura está associada ao discurso descritivo. - A partir de 9 anos as narrativas foram obtidas através de perguntas relacionadas à experiência de S. Apresentaram coerência, coesão e menor grau de circularidade. Do ponto de vista macro- estrutural houve maior número de sentenças subordinadas embora com hesitações que ocorrem normalmente em início de construções complexas, em especial subordinadas. Houve um menor número de ocorrência de desvios morfossintáticos. Prova B Sob o aspecto da ordenação de figuras: - Nas crianças de 3 a 4 anos observaram-se duas tendências básicas: 1) tomar cada figura isoladamente, sem estabelecer vínculos temporais ou causais, ou ainda; 2) não compatibilidade entre ordenação das figuras e o relato, apesar deste último poder ter conteúdo adequado. - Nas crianças a partir de 5 anos, observou-se compatibilidade entre a organização das figuras e o relato ou história. 12 A interpretação do discurso narrativo acima exposta bem como a análise através de reduções, acréscimos e transformações (RA T) que 5 opera sobre os estímulos orais ou visuais recebidos. se baseou em uma abordagem proposta pela Ora. Cláudia Guimarães de Lemos. Prova C - Nas crianças de 3 a 7 anos observaram-se três tendências de realização: 1) reelaboração em forma resumida, mantendo o fato central e poucos elementos secundários, coerência e preservação da coesão, ocorrendo porém, estruturas circulares; 2) reelaboração com manutenção do fato central e inserção de elementos secundários relacionados à experiência pessoal e histórias conhecidas, mas com maior dificuldade na manutenção da coerência e tendência a estruturas circulares ou,; 3) apreensão de um ou mais elementos secundários para a construção de uma nova história, normalmente relacionada a histórias conhecidas e com coesão precária e tendência a estruturas circulares. Do ponto de vista intra-sentencial, as sentenças foram simples e/ou coordenadas na sua maioria do tipo agente-ação-objeto, com pausas e hesitações esporádicas, dificuldade na concordância e flexão verbal. - Nas crianças de 8 anos em diante a tendência foi a reelaboração em forma resumida, mantendo fatos centrais e secundários relevantes, bem como a coesão, menor tendência a circularidade e, portanto, maior progressão. Notam-se, do ponto de vista macro-estrutural, momentos de subordinação e redução do número de dificuldades de concordância e flexão, embora persistam hesitações que, como já foi citado, são esperadas e precedem construções complexas. MANUAL DE APLICAÇÃO DO EXAME DE COMUNICAÇÃO ESCRITA LEITURA ORAL I - Objetivos da prova - Avaliar o nível de decodificação de símbolos gráficos. - Avaliar a interpretação prosódica que S dá aos sinais de pontuação. - Avaliar a compreensão de mensagens escritas a partir de leitura oral. II - Critérios de elaboração - Foram selecionados textos com nível de complexidade grafêmica, morfossintática e semântica compatíveis com os respectivos níveis escolares. - Alguns dos textos foram adaptados e outros elaborados a fim de adequá-los aos níveis escolares. - Para a 1ª série, a leitura deve ser proposta em letra manuscrita e não manuscrita, a fim de se detectar qual é o tipo de letra que facilita a decodificação de S. - Para a 1ª e 2ª séries foram organizadas listas de vocábulos onde constam todos os grafemas da língua e um texto. III - Normas de aplicação Instrução: Solicitar a S que leia a instrução. - Sugere-se não interromper a leitura. - Após a leitura, solicitar a S a reprodução oral do texto, da 1ª à 4ª séries. - Da 5ª série em diante, solicitar a S o resumo escrito da leitura. IV - Avaliação 13 1. Registro - Da transcrição de todo o material gravado. - Das estratégias utilizadas para leitura. 2. Organização do material registrado - Pela realização da leitura: fluente ou não fluente. - Pela velocidade da leitura: rápida, lenta, etc. - Pelo nível de decodificação da leitura: grafêmico, silábico, vocabular ou por bloco significativo. 13 Sugere-se gravar a leitura e seu relato . - Pelas estratégias utilizadas: solicitação de repetição da instrução, postura, distância do material de leitura, mecanismo de apoio visual para leitura (régua, dedo, etc.), movimentação de cabeça para leitura, etc. - Pela compreensão do material lido (envolvendo memória do discurso escrito): compreensão total, parcial ou não compreensão. - Pelo tipo de natureza do desvio. A. Leitura não fluente - Por alteração na decodificação de sinais gráficos de pontuação: hesitação (em sílaba, em
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