Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Estratégia saúde da família Com a Constituição Federal de 1988 foi criado o Sistema Único de Saúde, o SUS. Este novo sistema de saúde brasileiro está regulamentado pelas Leis Orgânicas da Saúde, 8080/90 e 8142/90 e tornou o acesso gratuito à saúde direito de todo cidadão. Lembre-se como era a saúde pública brasileira antes de 1988: só tinham direito à saúde pública os trabalhadores com carteira assinada, contribuintes da previdência social. O restante da população dispunha de serviços particulares ou filantrópicos! Porém, apesar de toda mudança de enfoque sobre serviços prestados de saúde, a implementação e implantação do Sistema Único de Saúde não foi e nem está sendo uma tarefa fácil. Auxiliado pelas normas operacionais básicas de 1991, 1993 e 1996 e as normas operacionais de atenção a saúde, o sistema cont inua se aperfeiçoando para poder atender aos princípios doutrinários (universalidade, integralidade e equidade) e organizativos (descentralização, regionalização, hierarquização e participação popular) ao qual é proposto. “O homem é um ser integral, bio-psíco-social, e deverá ser atendido com esta visão integral por um sistema de saúde também integral, voltado a promover, proteger e recuperar sua saúde.” Buscando atender os princípios e propostas desta nova visão, a descentralização das ações do setor para os Municípios foi um elemento de grande importância nas Políticas de Saúde. Buscando atender os princípios e propostas desta nova visão, a descentralização das ações do setor para os Municípios foi um elemento de grande importância nas Políticas de Saúde. A compreensão da atenção primária andando junto com o eixo de municipalização das ações em saúde norteou o desenvolvimento do programa Agente Comunitário de Saúde e a Estratégia Saúde da família. Programa Agente Comunitário de Saúde (PACS) Foi criado em 1991 pelo Ministério da Saúde com a intenção inicial de reduzir a mortalidade infantil nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. O objetivo foi de contribuir para a reorganização dos serviços municipais de saúde, para a integração das ações entre os diversos profissionais e para a ligação efetiva entre a comunidade e as unidades de saúde. Quem é o agente comunitário de saúde (ACS)? É um (a) trabalhador (a) que integra a equipe de saúde local, interagindo com a comunidade nos cuidados básicos e educação para a conquista da saúde, contribuindo para a construção e a consolidação de um novo modelo assistencial. O ACS conta com um permanente acompanhamento, treinamento e orientação do enfermeiro instrutor/supervisor de sua área de atuação. Além de morar na comunidade que atende e estar vinculado a uma Unidade Básica de Saúde da Família, é também: Um indivíduo que se destaca, pela capacidade de se comunicar, pela liderança natural que exerce; Faz o elo entre a UBSF e a comunidade; Está em contato permanente com as famílias. Une dois universos culturais distintos: o do saber científico e o do saber popular. De acordo com a portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, o ACS atende no máximo 750 pessoas da sua micro área. Os requisitos para ser um ACS são: Idade mínima de 18 anos; Saber ler e escrever; Residir na comunidade há pelo menos 2 anos; Ter disponibilidade de tempo integral; Estratégia Saúde da Família (ESF) Em 1994 foi lançado, pelo Ministério da Saúde, o Programa Saúde da Família (PSF), que após dois anos passou a denominar como Estratégia Saúde da Família. Com o foco na atenção básica e na qualidade de vida, esta estratégia objetivava provocar mudanças no modelo assistencial, rompendo com o comportamento passivo das unidades básicas de saúde, estendendo suas ações para junto à comunidade. Para tanto, foi incorporada em uma só equipe: 1 médico (generalista ou especialista em saúde da família ou médico de família e comunidade) 1 enfermeiro (generalista ou especialista em saúde da família) 1 auxiliar de enfermagem 4 a 12 agentes comunitários de saúde. Assim, com base no perfil epidemiológico da comunidade, cada equipe tem a responsabilidade de estabelecer prioridades e necessidades para o planejamento e execução de programas capazes de proteger, prevenir, promover e provocar mudanças de hábitos e atitudes na população, com vista na melhoria da qualidade de vida em territórios pré estabelecidos (micro área) dentro do Município. A ESF não significa a criação de novas estruturas de serviços, pois a equipe está alocada em uma Unidade Básica da Saúde ou Unidade de Saúde da Família. Portanto, a estratégia consiste em uma reorientação da atenção básica, ou seja, fazer com que os programas e ações de saúde cheguem até a demanda reprimida (aquela parte da população que não tem acesso a informações e saúde). Cumpre lembrar que 80% dos agravos da saúde da população estão previstos para serem resolvidos na atenção básica, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Dados do Ministério da Saúde registram que em passamos de 328 equipes de PSF espalhadas pelo Brasil em 1994 para 39.228 equipes em dezembro de 2014. Quanto aos ACS, passamos de 29.000 registrados no ano de 1994, para 265.698 até dezembro de 2014! Isso significa adesão positiva e atenção à saúde para a população brasileira. A Unidade de Saúde da Família está inserida no primeiro nível de ações e serviços do sistema local de assistência, denominado atenção básica - asseguradas a referência e a contra- referência para clínicas e serviços de maior complexidade. Trabalha com território de abrangência definido e é responsável pelo cadastramento e o acompanhamento da população vinculada (adscrita) a esta área. Recomenda-se que uma equipe seja responsável por, no máximo, 4.000 pessoas. Outros profissionais, ainda, podem ser incorporados às equipes ou formar equipes de apoio, de acordo com as necessidades e possibilidades locais, como: dentistas, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas entre outros. Vamos observar alguns pontos importantes desta estratégia? - O ACS deve ser suficiente para cobrir 100% da população cadastrada, com um máximo de 750 pessoas por ACS e de 12 ACS por equipe de Saúde da Família. - Cada equipe deve ser responsável por, no máximo, 4.000 pessoas, sendo a média recomendada de 3.000 pessoas, respeitando critérios de equidade para esta definição. - O cadastramento de cada profissional de saúde em apenas 01 (uma) ESF, exceção feita somente ao profissional médico que poderá atuar em no máximo 02 (duas) ESF e com carga horária total de 40 (quarenta) horas semanais. - Carga horária de 40 (quarenta) horas semanais para todos os profissionais de saúde membros da equipe de saúde da família. EM ACORDO COM A PORTARIA 978/GM DE 17/05/2012, AS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA ESTÃO DIVIDIDAS EM TRÊS MODALIDADES DESCRITAS ABAIXO: Equipes de Saúde da Família - Modalidade I Equipes de Municípios com menos de 50 mil habitantes nos Estados da Amazônia Legal; ou municípios de outras regiões do País, com menos de 30 mil habitantes e com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) < 0,7; ou equipes que atendam a população quilombola, e/ou residentes em assentamentos com mínimo de 70 pessoas. Equipes de Saúde da Família - Modalidade II Equipes que atendam a populações residentes em assentamentos ou remanescentes de quilombos. Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) I – Equipes de Saúde da Família Fluviais (ESFF) sem profissionais de saúde bucal; II –Equipes de Saúde da Família Fluviais (ESFF) com profissionais de saúde bucalCabe ao Município avaliar suas necessidades e aderir a estes programas junto a esfera Federal. Você sabe quais são as atribuições de cada profissional que compõem a Equipe de Saúde da Família? Leia abaixo: São atribuições comuns a todos os profissionais(Portaria 2.488 de 21 de outubro de 2011) I - participar do processo de territorialização e mapeamento da área de atuação da equipe, identificando grupos,famílias e indivíduos expostos a riscos e vulnerabilidades; II - manter atualizado o cadastramento das famílias e dos indivíduos no sistema de informação; III - realizar o cuidado da saúde da população adscrita; IV - realizar ações de atenção a saúde conforme a necessidade de saúde da população local; V - garantir da atenção a saúde buscando a integralidade por meio da realização de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde e prevenção de agravos; e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realização das ações programáticas, coletivas e de vigilância à saúde; VI - participar do acolhimento dos usuários realizando a escuta qualificada das necessidades de saúde; VII - realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de notificação compulsória e de outros agravos; VIII - responsabilizar-se pela população adscrita; IX - praticar cuidado familiar e dirigido a colet ividades e grupos sociais X - realizar reuniões de equipes a fim de discutir em conjunto o planejamento e avaliação das ações da equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis; XI - acompanhar e avaliar sistematicamente as ações implementadas, visando à readequação do processo de trabalho; XII - garantir a qualidade do registro das atividades nos sistemas de informação na Atenção Básica; XIII - realizar trabalho interdisciplinar e em equipe; XIV - realizar ações de educação em saúde a população adstrita; XV - participar das atividades de educação permanente; XVI - promover a mobilização e a participação no controle social; XVII - identificar parceiros e recursos na comunidade que possam potencializar ações intersetoriais; XVIII - realizar outras ações e atividades a serem definidas de acordo com as prioridades locais. MÉDICO (A) I - realizar atenção a saúde aos indivíduos sob sua responsabilidade; II - realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgicos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc); III - realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; IV - encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sua responsabilidade pelo acompanhamento do plano terapêutico do usuário; V - indicar, de forma compartilhada com outros pontos de atenção, a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, mantendo a responsabilização pelo acompanhamento do usuário; VI - contribuir, realizar e participar das atividades de Educação Permanente de todos os membros da equipe; VII - participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da USB. ENFERMEIRO (A) I - realizar atenção a saúde aos indivíduos e famílias cadastradas nas equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc), em todas as fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade adulta e terceira idade; II - realizar consulta de enfermagem, procedimentos, atividades em grupo e conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão, solicitar exames complementares, prescrever medicações e encaminhar, quando necessário, usuários a outros serviços; III - realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; IV - planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS em conjunto com os outros membros da equipe; V - contribuir, participar, e realizar atividades de educação permanente da equipe de enfermagem e outros membros da equipe; VI - participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS. O enfermeiro deve ter claro a lei que regulamenta sua profissão, ele pode prescrever medicações de protocolos, dentro dos limites da UBS e da ESF. Assim, deixando sua ação segura. Sendo imprescindível, portanto, a sua capacitação teórica e prática para trabalhar protocolos de cuidados clínicos. A prescrição de medicamentos pelos enfermeiros ocorre estritamente nos programas de saúde pública e em rotinas aprovadas pelas instituições de saúde. Como por exemplo nos programas de tuberculose, hanseníase, diabetes, hipertensão arterial, saúde da mulher, saúde da criança, casos de disenteria, verminoses, tratamentos de doenças sexualmente transmissíveis, controle da doença de chagas, tratamento da esquistossomose, manejo clínico de dengue, entre outros. AUXILIAR DE ENFERMAGEM I - participar das atividades de atenção realizando procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc); II - realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; III - realizar ações de educação em saúde a população adstrita, conforme planejamento da equipe; IV - participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS; V - contribuir, participar e realizar atividades de educação permanente; VI - zelar pela limpeza e ordem do material, de equipamento e de dependências da USF, garantindo o controle de infecção; VII - realiza ações de educação em saúde aos grupos de patologias específicas e às famílias de risco, conforme planejamento da USF. AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE - ACS I - trabalhar com adscrição de famílias em base geográfica definida, a micro área; II - cadastrar todas as pessoas de sua micro área e manter os cadastros atualizados; III - orientar as famílias quanto à utilização dos serviços de saúde disponíveis; IV - realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea; V - acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as famílias e indivíduos sob sua responsabilidade. As visitas deverão ser programadas em conjunto com a equipe, considerando os critérios de risco e vulnerabilidade de modo que famílias com maior necessidade sejam visitadas mais vezes, mantendo como referência a média de 1 (uma) visita/família/mês; VI - desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as características e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou colet ividade; VII - desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção das doenças e agravos e de vigilância à saúde, por meio de visitas domiciliares e de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade, como por exemplo, combate à Dengue, malária, leishmaniose, entre outras, mantendo a equipe informada, principalmente a respeito das situações de risco; VIII - estar em contato permanente com as famílias, desenvolvendo ações educativas, visando à promoção da saúde, à prevenção das doenças, e ao acompanhamento das pessoas com problemas de saúde, bem como ao acompanhamento das condicionalidades do Programa Bolsa Família ou de qualquer outro programa similar de transferência de renda e enfrentamento de vulnerabilidades; É permitido ao ACS desenvolver outras atividades nas unidades básicas de saúde, desde que vinculadas às atribuições acima.
Compartilhar