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Direito Financeiro Aplicado Aula 4 - Despesas públicas INTRODUÇÃO As finanças públicas têm como principais bases a receita e a despesa governamental. Assim, as finanças públicas podem ser definidas como a forma com que o Estado obtém suas receitas e como essas são aplicadas frente às necessidades públicas na forma de realização de despesa. A atividade financeira do Estado se configura como o entendimento da obtenção e administração de ingressos (receitas) e de dispêndios (despesas). OBJETIVOS Reconhecer as questões atinentes às espécies de despesas públicas. Analisar, a partir do conceito, as espécies de despesas públicas. Analisar a norma geral de regência e classificação da despesa pública. Agora que já dominamos o assunto que versa sobre Receitas Públicas, você irá reconhecer que a Despesa Pública é denominada como o conjunto de gastos realizados pelos entes públicos para custear os serviços públicos (despesas correntes) prestados à sociedade ou para a realização de investimentos (despesas de capital). QUEM AUTORIZA A REALIZAÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS? As despesas públicas devem ser autorizadas pelo Poder legislativo, por meio do ato administrativo chamado orçamento público. Exceção são as chamadas despesas extraorçamentárias. O propósito das despesas públicas é regular o funcionamento dos serviços públicos. A doutrina dominante adota o conceito de Aliomar Baleeiro e diz que ela pode significar duas coisas: Designa o conjunto de dispêndios do estado ou de outra pessoa jurídica de direito público para funcionamento dos serviços públicos. Pode significar a aplicação de certa quantia em dinheiro por parte da autoridade, dentro de uma autorização legislativa para execução de fim a cargo do governo. Portanto, corresponde aos desembolsos efetuados pelo Estado para arcar com as suas diversas responsabilidades junto à sociedade. (Artigo 164, II, CF/88) Antes de qualquer ação, o Estado verifica as necessidades públicas para fazer face às despesas públicas. Despesa orçamentária Trata-se da despesa que decorre da lei orçamentária e dos créditos adicionais (suplementar, especial e extraordinário). A lei deve autorizá-la. Despesa extraorçamentária são valores que não estão previstos na lei do orçamento público ou constam apenas de forma transitória, pode ocorrer também de ficarem à disposição da Administração e ainda, as despesas que já foram autorizadas por lei, foram empenhadas, mas não necessariamente pagas. Ou seja, são aquelas que não estão diretamente vinculadas a um gasto do Estado ou a um gasto daquele exercício financeiro. Exemplos: Cauções, depósitos, resgate de operação de crédito por antecipação de receita, resto a pagar etc. Agora, um exemplo bem prático: o Poder Público realiza um contrato com o particular, este apresenta uma garantia que entra no orçamento como receita e somente no término do contrato e realizado o pagamento do contratado devolve-se a garantia que, nesse caso, vai sair dos cofres públicos com a denominação de despesa ordinária extraorçamentária — despesa corrente de transferência. Artigo 3º da Lei 4320 Despesas ordinárias São as despesas que ocorrem habitualmente, de forma prevista ou previsível, na atividade regular do Estado. Exemplo: Material de consumo, pessoal etc. CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS A classificação é realizada pela Lei nº 4.320, de 17/03/64, que estatui normas de Direito Financeiro para a elaboração e o controle dos orçamentos e balanços da União, estados, municípios e Distrito Federal, tendo a referida lei procedido à classificação com base nas diversas categorias econômicas da despesa pública: Leitura , Leia mais sobre a Classificação das despesas públicas (galeria/aula4/docs/classificacao_despesas_publicas.pdf). RECEITAS VINCULADAS E OBRIGATÓRIAS PREVISTAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Os artigos 198 e 212, da Constituição Federal, tratam, genericamente, de duas necessidades públicas em relação às quais o legislador houve por bem estabelecer a obrigação dos entes de efetivar gastos mínimos e, portanto, obrigar a realização da despesa pública. São elas a Saúde e a Educação. Saúde Com relação à saúde a Lei Complementar 141/2012 e o Decreto 7.827/2012, que regulamentaram a Emenda Constitucional 29/2000, estabeleceram que a União deve direcionar para a saúde “o montante correspondente ao valor empenhado no exercício financeiro anterior, acrescido de, no mínimo, o percentual correspondente à variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB), ocorrida no ano anterior ao da Lei Orçamentaria Anual. Quanto aos estados e municípios os percentuais mínimos de aplicação serão de 12% e 15%, e para o Distrito Federal 12% ou 15% a depender da natureza da receita — se tributo federal ou estadual. Educação No artigo 212, da Constituição, por sua vez, ao tratar das despesas com a Educação, determina, desde logo, os percentuais que os entes devem observar: 18% para a União e 25% para os estados, o Distrito Federal e os municípios. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon902/galeria/aula4/docs/classificacao_despesas_publicas.pdf QUANTO À CATEGORIA ECONÔMICA Despesas Correntes galeria/aula4/img/slidertransicao/slide1.jpg Despesas de custeio Dotações destinadas à manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive para atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis (art. 12, Lei 4.320). Exemplos: pagamento de serviços terceiros, pagamento de pessoal e encargos, aquisição de material de consumo, entre outras. galeria/aula4/img/slidertransicao/slide2.jpg Transferências correntes Dotações para despesas as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à manifestação de outras entidades de direito público ou privado. Exemplos: transferências de assistência e previdência social, pagamento de salário-família, juros da dívida pública. Despesas de Capital galeria/aula4/img/slidertransicao/slide3.jpg Investimentos Dotações para o planejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e constituição ou aumento do capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro (art. 12, § 4º, Lei 4.320). galeria/aula4/img/slidertransicao/slide4.jpg Inversões financeiras Conforme art. 12, § 5º, Lei 4.320, são as dotações destinadas para: I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização; II - aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital; III - constituição ou aumento do capital de entidades ou empresas que visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros. galeria/aula4/img/slidertransicao/slide5.jpg Transferências de capital Dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas, de direito público ou privado, devam realizar, independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei de Orçamento ou de lei especialmente anterior, bem como as dotações para amortização da dívida pública. Atenção , Dotação: São valores monetários autorizados, consignados na Lei Orçamentária Anual (LOA) para atender a uma determinada programação orçamentária. QUANTO À AFETAÇÃO PATRIMONIAL Despesa efetiva Reduzem a Situação Líquida Patrimonial (SLP) do Estado, provocando um fato contábil modificativo diminutivo. Exemplos: pessoal e encargos; juros e encargos da dívida interna e externa; outras despesas correntes, salvo aquelas de material de consumo para estoque. Despesa não efetiva (ou por mudança patrimonial) Não provoca alteração na Situação Líquida Patrimonial (SLP) do Estado. Exemplo: investimentos, inversões financeiras, amortização da dívida interna e externa, outras despesas de capital,salvo aquelas destinadas a auxílios e contribuições de capital bem como os investimentos em bens de uso comum do povo; despesa corrente para formação de estoque de material de consumo. QUANTO À REGULARIDADE Ordinárias Destinadas à manutenção contínua dos serviços públicos. Repetem-se em todos os exercícios. Extraordinárias De caráter esporádico ou excepcional, provocadas por circunstâncias especiais e inconstantes. Não aparecem todos os anos nas dotações orçamentarias. QUANTO À COMPETÊNCIA INSTITUCIONAL A competência institucional da despesa pública pode ser Federal, estadual ou municipal. DESPESAS PRIMÁRIAS E FINANCEIRAS Despesas primárias Também conhecidas como despesas não financeiras, correspondem ao conjunto de gastos que possibilita a oferta de serviços públicos à sociedade, deduzidas às despesas financeiras. São exemplos os gastos com pessoal, custeio e investimento. Podem ser de natureza obrigatória ou discricionária (com liberdade de escolha do seu conteúdo/destinatário). Despesas financeiras Aquelas que criam um direito ou extinguem uma obrigação, ambas de natureza financeira, junto ao setor privado interno e/ou externo. São exemplos: pagamento de juros e amortização de dívidas; concessão de empréstimos e financiamentos; aquisição de títulos de crédito. ETAPAS DA EXECUÇÃO DA DESPESA A Lei n. 4.320, de 1964, fixa estes três momentos para o processamento da despesa pública: Empenho (art. 58 da Lei n. 4.320/64). Providência de dedução da dotação disponível do valor da operação. Pode ser: ordinário, por estimativa ou global; Liquidação (art. 63 da Lei n. 4.320/64). Importa na verificação do recebimento dos bens ou serviços; Pagamento (art. 62, 64 e 65 da Lei n. 4.320/64). Entrega do numerário (dinheiro) pertinente ao credor do Poder Público. FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO Existem formas especiais de pagamento paralelas ao processo normal ou ordinário de realização das despesas públicas. São elas: Suprimento de fundos (ou adiantamento) (art. 68 da Lei n. 4.320/64) • Busca atender pequenas despesas de pronto pagamento (envolve entrega de numerário e prestação de contas) Restos a pagar (arts. 34 a 38 da Lei n. 4.320/64)) • Considera os empenhos realizados e não pagos até 31 de dezembro Despesas de exercícios anteriores (art. 37 da Lei n. 4.320/64) • Importa no reconhecimento de dívidas após o encerramento do exercício Precatórios e requisições de pequeno valor (art. 100 da CF) • São os pagamentos decorrentes de decisão judicial transitada em julgado Atenção , Empenho: "O empenho da despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição" (Art. 58 da Lei 4.320/64). Como se nota, o empenho é de suma importância na despesa pública. É uma garantia ao fornecedor e ao mesmo tempo um controle dos gastos., , Fonte: www.uel.br/proaf/informacoes/empenho.htm (//www.uel.br/proaf/informacoes/empenho.htm). Acesso em 20 set. 2017. ATIVIDADE PROPOSTA http://www.uel.br/proaf/informacoes/empenho.htm ______________ é o conjunto de gastos do Estado, cujo objetivo é promover a realização de necessidades públicas, o que implica o correto funcionamento e desenvolvimento de serviços públicos e manutenção da estrutura administrativa necessária para tanto. a) Orçamento Público b) Dívida Pública c) Crédito Público d) Despesa Pública e) Lei de Responsabilidade Fiscal Justificativa EXERCÍCIOS 1. Quais as fases de realização da despesa pública? Resposta Correta 2. Quanto à regularidade qual o propósito das despesas ordinárias? Resposta Correta 3. No estudo da despesa pública, o que é compreendido por Empenho? Resposta Correta 4. Quem tem competência institucional da despesa pública? Resposta Correta Glossário
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