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permanência hospitalar”. A própria legislação apresenta claramente os dois âmbitos conectados, ou seja, a recreação e a escolarização assistida (MATOS, 2009, p.16). Matos e Mugiatti (2009) afirmam que os profissionais da educação devem ser qualificados para atender a esta modalidade, sendo que hospitais devem superar as improvisações e oferecer atendimento com qualidade e com profissionais especializados. Importa ressaltar que as autoras desenvolvem projetos ligados à pós- graduação na área, nessa perspectiva contribuindo para a formação continuada de professores que enveredam por essa área do conhecimento. Dada a relevância da atividade educacional desenvolvida no ambiente hospitalar apresentada pelas autoras, Matos (2009) ainda desenvolve projetos em Pedagogia Hospitalar pela PUC-PR, incentivando seus alunos dos cursos de graduação e de pós- graduação latu sensu a desenvolverem pesquisas em torno deste tema. Um de seus projetos está vinculado ao CNPq, o Projeto Eurek@Kids, trazendo a tecnologia para dentro do hospital. Neste projeto, foi criado um ambiente virtual de aprendizagem para escolares hospitalizados, como suporte a atividades presenciais realizadas por pedagogos do hospital e professores das escolas, podendo integrar as realidades, da escola e do hospital, propondo a inclusão digital, o estímulo às atividades colaborativas de aprendizagem, a socialização e o desenvolvimento do pensar criativo. 55 Como os escolares hospitalizados precisam de estímulos mais intensos de motivação, a proposta busca amenizar a problemática que uma doença pode causar. Para isso, é importante que o ambiente possa oferecer uma interação com ludicidade, para que os alunos se sintam instigados a interagirem com seus colegas, professores da escola e do hospital e com o próprio ambiente (MATOS, 2009, p. 214). Nessa perspectiva toda possibilidade de interação ajuda o paciente durante a sua permanência no hospital, contribuindo para que seja menos traumática e que possam de alguma maneira amenizar o sofrimento causado pela internação. No levantamento bibliográfico realizado sobre o tema Escola Hospitalar, também se destaca a pesquisadora Eneida Simões Fonseca, que dentre os vários trabalhos desenvolvidos nessa linha de pesquisa, teve participação na elaboração do documento orientador do Ministério da Educação, denominado “Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações”; é da autora o conceito de Classe Hospitalar que se encontra nesse documento. Esse documento dá legitimidade às atividades educacionais desenvolvidas nos hospitais, abre discussões sobre a classe hospitalar como uma modalidade de ensino, porém observa-se que, mesmo sendo um documento elaborado pelo Ministério da Educação, não há nenhum tipo de organização entre os segmentos governamentais mantenedores do sistema de ensino, que se manifestem e proporcionem o acesso educacional aos hospitalizados. O que vemos diante das pesquisas apresentadas são outras entidades com interesse em ajudar essas crianças em seu processo de recuperação da enfermidade, buscando mecanismos diferenciados de mostrar que as crianças podem estar doentes, mas não é por esse motivo que deixarão de fazer muitas coisas, dentre elas, estudar. Assim, ONGs, voluntários, acadêmicos ou professores pesquisadores iniciam atividades lúdico-educativas, vivenciando experiências nos hospitais, que vão se tornando registros de possibilidades educacionais que buscam legitimação para se tornarem de fato, atividades componentes de um currículo para crianças temporariamente afastadas das classes regulares de ensino, das escolas, mas que podem desenvolver atividades em ambientes outros, como, por exemplo o hospital. Dentre os livros e artigos escritos pela pesquisadora, destacamos Classe hospitalar: atendimento pedagógico-educacional para crianças e jovens hospitalizados (1997), Classe hospitalar no Brasil (1988), Atendimento pedagógico-educacional para 56 crianças e jovens hospitalizados: realidade nacional (1988), A situação brasileira do atendimento pedagógico-educacional hospitalar (1999), Atendimento escolar hospitalar: a criança doente também estuda e aprende (1999), Atendimento pedagógico- educacional de bebês especiais no ambiente hospitalar (2000), Atendimento Escolar no ambiente Hospitalar (2003), Estudos e pesquisas sobre atendimento em classe hospitalar (2005), trabalhos que enfatizam a relevância do atendimento pedagógico para as crianças/pacientes hospitalizadas, proporcionando o vínculo com a escola. Em 2003, Fonseca adota a terminologia Escola Hospitalar, pois as discussões versam sobre os mesmos processos que devem ser observados e trabalhados em qualquer escola. Para a autora não se deve misturar as coisas; atividades lúdicas, terapêuticas, devem ser realizadas por outros profissionais e não por professores; professores devem sim desenvolver atividades pertinentes as suas funções, ou seja, ensinar o aluno/paciente no processo de aprendizagem, justificando assim seu posicionamento e entendimento sobre essa categoria. O posicionamento de Fonseca (2010) é firme quando utiliza a expressão atendimento escolar hospitalar e não considera serem sinônimos os termos classe, escola e pedagogia hospitalar. Em conversa informal com Fonseca, em 2010 num Colóquio 9 onde foram expostos trabalhos sobre a pedagogia hospitalar, ouvi pela primeira vez a denominação Escola Hospitalar, e me intrigava entender se havia diferença nos trabalhos realizados na classe hospitalar, na escola hospitalar; afinal o que seria a Pedagogia Hospitalar? Naquela época ela me respondeu que eu não deveria me preocupar, naquele momento, com as denominações, mas com a ação e o desenvolvimento da prática educacional no ambiente hospitalar. Em novo contato mantido em 2011 através de e-mail com a Professora Doutora Eneida Simões Fonseca, refiz meus questionamentos sobre as diferenças ou analogias existentes entre as referidas denominações dadas às práticas educativas nos hospitais. Para Fonseca (2011), a atenção à escolaridade da criança doente, esteja ou não hospitalizada, não é nada novo; porém, é fato desconhecido entre as instituições 9 III Colóquio das Escolas Hospitalares e Domiciliares Criança Viva e II Encontro Baiano sobre Atendimento Escolar no Ambiente Hospitalar realizados pela Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer – SECULT, através do Instituto Escola Hospitalar e Domiciliar Criança Viva, realizado nos dias 07 e 08 de maio de 2010 em Salvador (BA). 57 competentes, tanto da educação quanto da saúde, e da sociedade como um todo que não reivindica seus direitos, por desconhecimento das leis. Segundo Fonseca (2011), o atendimento escolar hospitalar, como se refere a pesquisadora, diz respeito ao acompanhamento dos processos de desenvolvimento e de aprendizagem da criança doente durante sua internação no hospital. De acordo com o MEC (2002), esta modalidade de atendimento chama-se Classe Hospitalar; todavia Fonseca (2003) defende a terminologia Escola Hospitalar, por entender que se trata dos mesmos processos a serem observados e trabalhados em qualquer escola. No entanto, pode-se questionar que o processo em determinadas circunstâncias pode não ser os mesmo, por exemplo, em relação à pré-disposição da criança para o desenvolvimento das atividades, em relação à estrutura do hospital, à equipe profissional, dentre outros. Percebemos que vários fatores interferem no processo, por isso, pode-se pensar em denominações que caracterizem melhor a prática educativa exercida. Fonseca (2011) assevera que no ambiente hospitalar em que se desenvolve práticas educativas vemos atividades de recreação, artes, teatro, contação de histórias, preparação de crianças e familiares para procedimentos