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O Tribunal Penal internacional e a busca pela justiça universal - Relatório

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Webinário Direito FAG 
O Tribunal Penal internacional e a busca pela justiça universal 
Acadêmica: Simone Aparecida Fonseca 
6º período matutino – Curso de Direito – FAG 
 
O evento foi organizado pela coordenação do curso de Direito da Instituição 
Faculdade Assis Gurgacz – FAG, Cascavel/PR, junto ao Dr. Lucas Oliveira e mediado 
pelo Dr. Lucas Rosa. A palestra aconteceu de forma online na forma de “Live”, através 
da plataforma Google Meet, a qual teve início às 9h do dia 30 de setembro de 2020, e 
permitiu a interação dos demais docentes e discentes junto às explanações do 
palestrante. 
A palestra abordou o tema O Tribunal Penal internacional e a busca pela 
justiça universal e apontou como 3 principais objetivos: 
1 – Apresentar a estrutura e aspectos institucionais do Tribunal Penal Internacional 
(TPI); 
2 – Referenciar os principais casos julgados; 
3 – Contextualizar a atividade do TPI no âmbito da construção da Justiça Universal 
Com sede na Haia (Países Baixos), o TPI iniciou suas atividades em julho de 
2002, quando da 60ª ratificação do Estatuto. Regido pelo princípio da 
complementaridade, o Tribunal processa e julga indivíduos acusados de crimes de 
genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e, desde 17 de julho de 2018, 
crimes de agressão. 
Diferentemente da Corte Internacional de Justiça, que examina litígios entre 
estados, o TPI julga apenas indivíduos. A existência do Tribunal contribui para prevenir 
a ocorrência de violações dos direitos humanos e do direito internacional humanitário, 
além de coibir ameaças contra a paz e a segurança internacionais. 
 O Tribunal Penal Internacional (TPI) foi criado para ser um tribunal de 
justiça permanente de âmbito internacional. Essa Corte não julga Estados, como alguns 
podem pensar, ela julga pessoas, quando estas cometem algum crime de maior 
gravidade e de alcance internacional. 
Atualmente, o Estatuto de Roma conta com 123 estados partes – dos quais 33 
são africanos; 28 latino-americanos e caribenhos; 25 do grupo da Europa Ocidental e 
Outros; 18 da Europa do Leste e 19 da Ásia e Pacífico. Todos os países da América do 
Sul são partes do Estatuto. 
Quanto à estrutura do TPI é assim composto: 
-Procurador: 
O escritório do procurador é responsável pelo recebimento de referências ou outras 
informações substanciais a respeito de crimes dentro da jurisdição do Tribunal, por sua 
avaliação e pela investigação e prosseguimento do caso perante o Tribunal. A 
tramitação do processo no TPI ocorre através da Procuradoria, formada por uma 
Promotora especial mais um Promotor adjunto e 380 funcionários. 
- Divisões Judiciais 
As divisões judiciais consistem em dezoito juízes distribuídos na Divisão de Pré-
Julgamento, na Divisão de Julgamentos e na Divisão de Apelações. Os juízes de cada 
divisão permanecem em seus gabinetes que são responsáveis pela condução dos 
procedimentos do Tribunal em diferentes estágios. A distribuição dos juízes em suas 
divisões é feita com base na natureza das funções de cada divisão e nas qualificações e 
experiências dos juízes. Isto é feito de modo que cada divisão se beneficie de uma 
combinação apropriada de especialização em direito penal e internacional. 
Jurisdição e Admissibilidade 
O Tribunal pode exercer jurisdição sobre genocídio, crimes contra a humanidade 
e crimes de guerra. Estes crimes estão definidos em detalhes no Estatuto de Roma. O 
Tribunal possui jurisdição sobre os indivíduos acusados destes crimes (e não sobre seus 
Estados, como no caso da CIJ). Isto inclui aqueles diretamente responsáveis por 
cometer os crimes, como também aqueles que tiverem responsabilidade indireta, por 
auxiliar ou ser cúmplice do crime. Este último grupo inclui também oficiais do Exército 
ou outros comandantes cuja responsabilidade é definida pelo Estatuto. 
 
O Tribunal Penal Internacional pode atuar para punir indivíduos e crimes 
cometidos – entretanto, não possui competência de julgar Estados nacionais. Além 
disso, não pode atuar em qualquer país e a qualquer hora. Existem restrições 
estabelecidas legalmente. Assim, sua jurisdição não é universal. As seguintes regras, 
básicas, devem ser seguidas: 
 Nem todos os países aceitam fazer parte da jurisdição desse tribunal. A 
autonomia de cada nação deve ser respeitada; 
 O TIP pode atuar quando o individuo acusado é nacional de um País-Parte ou 
de qualquer nação que aceite a jurisdição do Tribunal; 
 As regras do TIP são válidas quando o crime tiver ocorrido em algum País-
Parte; 
 O Tribunal pode exercer suas funções no território de qualquer outro 
Estado desde que acordado especialmente entre as partes. 
 Somente serão julgados por esse tribunal os crimes cometidos após o dia 
primeiro de julho de 2002, quando as atividades do TIP se iniciaram oficialmente; 
 Um crime só pode ser investigado por esse tribunal se o ato ilícito tiver ocorrido 
após a adesão do respectivo país à jurisdição do TIP. Por exemplo, suponhamos que 
um Estado tenha aceito as regras do TIP em 2007, porém, um crime de caráter 
internacional tenha sido cometido em seu território no ano de 2005. Conclusão: esse 
processo em questão não é aceito. 
 
Esse Tribunal julga basicamente quatro tipos de crimes, em conformidade com 
o artigo 5° do Estatuto de Roma. 
Crimes de genocídio 
Esse tipo de Crime é o mais claro de se definir. Tentativas de genocídio 
ocorrem quando existe um ataque disposto a destruir, total ou parcialmente, um grupo 
definido por sua nacionalidade, por sua etnia, por sua raça ou por suas práticas 
religiosas. 
Crimes contra a humanidade 
Esses correspondem a atos de homicídio, de extermínio, de escravidão, de 
transferência forçada de uma população, prisões ilegais que violam o Direito 
Internacional, quaisquer espécies de tortura, desaparecimentos de pessoas, crimes 
de Apartheid e crimes relacionados a práticas sexuais não consentidas: estupros, 
escravidão sexual, gravidez forçada, prostituições forçadas, ou qualquer forma de 
esterilizações não consentidas. 
 
Crimes de guerra 
O Estatuto de Roma compreende como Crimes de guerra aquelas ações que 
atentam contra a Convenção de Genebra, estabelecidas em 12 de agosto de 1949. A 
lista de crimes nesta modalidade é extensa, porém podemos colocar aqui alguns 
exemplos: privar um prisioneiro de guerra de um julgamento justo e imparcial; 
deportações ou transferências ilegais; atacar intencionalmente populações civis em geral 
em conflitos armados; atacar com o objetivo de destruir os bens de uma população civil, 
ou seja, que não mantêm relação com a esfera militar, como residências, 
estabelecimentos comerciais, praças, parques, estádios; ferir um combatente que tenha 
deposto armas ou, impossibilitado de se defender, decidiu pela rendição; causar a morte 
de cidadãos ou militares do país inimigo com base em traição. 
Crimes de agressão 
No caso deste tipo de crime, as disposições para o julgamento devem estar de 
acordo com a Carta das Nações Unidas, estabelecida na Assembléia, em 1974. 
Afirma-se que um crime de agressão existe quando uma pessoa ou grupo de 
pessoas com capacidade de controlar as forças armadas de uma nação planejam e/ou 
instituem um ataque a outro país, prejudicando sua independência política, sua condição 
territorial, ou abalando sua soberania. Em outras palavras, quando a Carta das Nações 
Unidas é violada em algum grau, ocorre um ato de agressão. 
 
Todos os crimes definidos pelo Estatuto de Roma não prescrevem. Uma vez 
que o crime é definido como internacional, passa a valer a regra da imprescritibilidade. 
Assim, mais cedo ou mais tarde, o processo criminal irá ocorrer. 
Até hoje, apenas 21 casos foram examinados pelo Tribunal Penal 
Internacional. Todos eles são referentes a países africanos. Até 2014, houve apenas 
duas condenações. Isso demonstra que a grande maioria das ocorrências são realmente 
investigadas em nível nacional, sem apelo aoforo internacional. 
 
O Tribunal, que já julgou cerca de três dezenas de casos, possui, atualmente, 13 
situações sob investigação (Afeganistão, Bangladesh/Myanmar, Burundi, Côte d'Ivoire, 
Darfur/Sudão, Geórgia, Líbia, Mali, Quênia, duas situações referentes à República 
Centro-Africana, República Democrática do Congo e Uganda,) e 9 exames preliminares 
em andamento (Colômbia, Guiné-Conacri, Iraque/Reino Unido, Nigéria, Palestina, 
Filipinas, Ucrânia e dois referentes à Venezuela). 
CONCLUSÃO: 
Em geral, o Tribunal Penal Internacional atua quando os tribunais 
nacionais não conseguem ou não desejam realizar os processos criminais. Sendo assim, 
a formação desse foro internacional geralmente se justifica como um último recurso. 
De acordo com o preâmbulo do decreto brasileiro nº 4388 de 2002, que promulga a 
adesão brasileira às normas do Estatuto de Roma, ficam claras duas questões: este 
documento considera um dever de cada Estado, desde que este seja um Estado-Parte, 
realizar sua jurisdição penal frente a um crime considerado internacional. Ao mesmo 
tempo, deixa claro que o TIP tem uma função complementar aos tribunais nacionais 
de cada nação membra. 
 O Tribunal Penal Internacional não tem o objetivo de substituir a ação de 
cada Estado-Parte no tratamento de um crime. De acordo com o autor Francisco 
Rezek: “o exercício efetivo da jurisdição do tribunal [TIP] pressupõe o consentimento 
(…) do Estado do crime ou do Estado patrial do réu, senão de ambos”. 
No que diz respeito a organizações e acordos internacionais, pode-se perceber 
que a autonomia dos Estados possui grande importância. Consideremos o seguinte 
exemplo: um indivíduo comete um crime contra a humanidade em um determinado país 
e, após o ato, retorna para seu país de origem. Este país, caso não tenha nenhum vínculo 
com o TIP, não tem a obrigação de extraditar esse sujeito e entregá-lo ao processo 
internacional, caso venha a existir. Isso não significa, é claro, que o seu país pátrio 
simplesmente deixará de investigar o caso. 
Não há dúvida de que os acordos bilaterais, a solidariedade internacional e o 
consenso entre as nações são elementos que pesam nas decisões pelo julgamento de um 
réu. Nesse sentido, raramente há um crime considerado internacional sem investigação 
ou destinado aos arquivos.

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