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EMBRAGOS DE TERCEIRO_civil_seção 6

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX VARA DA COMARCA DE LONDRINA – PR
Distribuição por Dependência 
Processo Principal nº XXX/PR
Rosa XXX, casada, empresária rural, portadora da carteira de Identidade/RG de nº XXX e inscrita no CPF nº XXX, residente na cidade de Londrina/PR, Cep.: XXX, endereço eletrônico: XXX por seu advogado devidamente constituído pelo instrumento de mandato anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a seguinte:
EMBRAGOS DE TERCEIRO
Em face de Cristiano, brasileiro, menor impúbere, neste ato representado por Margarida, brasileira, solteira, trabalhadora rural, portadora da carteira de Identidade/RG de nº XXX e inscrita no CPF nº XXX, ambos residentes e domiciliados na cidade de Apucarana/PR, Cep.: XXX, endereço eletrônico: XXX, pelos fatos e fundamentos a seguir:
I – DA TEMPESTIVIDADE
A ação foi interposta antes da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, por esse motivo, se encontra tempestiva para seguimento do feito.
Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.
Parágrafo único. Caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em embargar o ato, o juiz mandará intimá-lo pessoalmente.
II – DOS FATOS
Rosa é casada com Francisco em regime de comunhão parcial de bens há quase 30 (trinta) anos, e residem em um imóvel a aproximadamente 09 anos, quando Rosa recebeu a propriedade de herança de seu pai, após o falecimento deste. Sendo que só tomou conhecimento de que a sua casa seria leiloada às vésperas da hasta/leilão.
Rosa e seu marido encontram-se em profunda dificuldade financeira, pois toda a safra da qual retiram o sustento da terra havia sido consumida pelo fogo, possivelmente causado por grileiros que invadiram a mata nativa vizinha de sua propriedade. Chegou, inclusive, a registrar um boletim de ocorrência, e a situação foi noticiada nas mídias regionais. Rosa não possui condições financeiras de arcar com as custas do processo, já que todo o rendimento de sua família é retirado da atividade rural daquela propriedade.
Acentua-se o caráter preventivo ou repressivo que os embargos podem assumir. Os §§ 1º e 2º indicam diversas hipóteses em que o interessado se legitimará para a apresentação dos embargos de terceiro. Merece destaque, a este propósito, a previsão do inciso II do § 2º, segundo a qual tem legitimidade ativa para os embargos de terceiro ‘o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução.
III – DOS DIREITOS 
Dispõe o Código de Processo Civil, em seu artigo 1.046, “caput" que:
Art. 1.046. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer Ihe sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos.
É conhecida a lição de Hamilton de Moraes e Barros, na vigência do CPC/1973, segundo a qual:
“adotou o legislador um tempo conhecido, e certo, dentro do qual são cabíveis os embargos. Fixa o Código apenas os marcos finais desse tempo processual. Não os marcos iniciais, posto que os embargos possam ser opostos desde que se verifique o ato atentatório à posse. A linguagem do Código é limpa de enganos: A qualquer tempo, desde que haja o ato de constrição, ou ameaça dele, até antes da coisa julgada no processo de conhecimento, e até cinco dias depois da arrematação, da adjudicação ou da remição, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta” (Comentários ao Código de Processo Civil, vol. IX, págs.380/381, ed. 1988).
Idêntico é o escólio do advogado José Flávio Bueno Fischer:
“não estabeleceu o legislador a data inicial do prazo limitado, apenas, seu término” (Dos Embargos de Terceiro, in Revista Jurídica, nº 146, dezembro de 1989, pág. 135).
Ressalte-se, ainda, que em alguns casos o Superior Tribunal de Justiça admite o ajuizamento dos embargos de terceiro até mesmo após o trânsito em julgado da sentença, sob o fundamento de que a coisa julgada é fenômeno que só diz respeito aos sujeitos do processo, não atingindo terceiros (REsp n. 169.441-RS, rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, j. 14.10.1999 e REsp n. 85.522-PR, rel. Min. Barros Monteiro, j. 18.2.1997)
O Ilustre doutrinador Vicente Greco Filho ensina que "o poder geral de cautela atua como poder integrativo de eficácia global da atividade jurisdicional. Se esta tem por finalidade declarar o direito de quem tem razão e satisfazer esse direito, deve ser dotada de instrumentos para a garantia do direito enquanto não definitivamente julgado e satisfeito" (Direito Processual Civil Brasileiro, 3º Volume, Editora Saraiva, 14ª edição, 2000, p.154).
IV - DOS PEDIDOS
Requer inercia da penhora em relação à meação, em razão da prova da propriedade da posse, bem como da qualidade de terceiro, conforme o Art. 678 do CPC, bem como a desconstituição da penhora sobre o bem imóvel de Rosa, com julgamento de mérito.
Art. 678. CPC. A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido.
Parágrafo único. O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de reintegração provisória de posse à prestação de caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente.
Lei 13105/15, Art. 674:
Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
§ 2 Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843 ;
II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução;
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte;
IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos.
V – DAS CUSTAS 
Requer a juntada do comprovante do recolhimento de custas e das cópias relevantes do processo executivo, já que os embargos constituirão autos apartados conforme o Art. 676 do CPC.
Nestes termos, pede deferimento
Londrina-PR, 27 de maio de 2020.
(Original assinado)
Nome do Advogado
OAB

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