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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação FUNDAMENTOS DA HARMONIA Meu nome é Lílian Sobreira Gonçalves. Sou licenciada em Educação Artística, com Habilitação em Música, pela Universidade Federal do Paraná (1990). Fiz Especialização em Educação Musical – Coral (2001) e em Música – Regência Coral (2008), pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (2008). Dedico-me à Pedagogia Musical desde 1989. Atuo como regente de coral desde 1995. De 2006 a 2012, atuei como professora de Percepção Musical e Técnica Vocal nos cursos de graduação da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Como aluna do Programa de Pós-graduação em Música da Universidade Federal do Paraná, obtive o título de Mestre em Música, na área de Educação Musical e Cognição, sob orientação da Prof.ª Dra. Rosane Cardoso de Araújo. E-mail: profelilian.claretiano@gmail.com Meu nome é Wilson Dittrich Filho. Fiz Mestrado em Música (2013), na área de Teoria, Criação e Estética Musical, pelo Programa de Mestrado da Universidade Federal do Paraná, sob a orientação do Prof. Ph.D. Mauricio Dottori. Também possuo Especialização em Análise Musical e Música de Câmara, pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (2007). Sou bacharel em piano pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (1991). Entre 2002 e 2004, fui professor de piano para os cursos de Licenciatura em Música e Produção Sonora da Universidade Federal do Paraná. Também atuei como professor de piano na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, entre os anos de 2011 e 2013. Atuo, principalmente, nas seguintes disciplinas: piano, teoria, análise, estética e semiologia. Desde 1993, tenho me dedicado ao ensino e à formação de jovens pianistas. E-mail: prof.willpiano.claretiano@gmail.com Claretiano – Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br Lílian Sobreira Gonçalves Wilson Dittrich Filho Batatais Claretiano 2015 FUNDAMENTOS DA HARMONIA © Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP) Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli • Simone Rodrigues de Oliveira Revisão: Cecília Beatriz Alves Teixeira • Eduardo Henrique Marinheiro • Felipe Aleixo • Filipi Andrade de Deus Silveira • Juliana Biggi • Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Sônia Galindo Melo • Talita Cristina Bartolomeu • Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Eduardo de Oliveira Azevedo • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami Videoaula: Fernanda Ferreira Alves • José Lucas Viccari de Oliveira • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 728.5 G627f Gonçalves, Lílian Sobreira Fundamentos da harmonia / Lílian Sobreira Gonçalves, Wilson Dittrich Filho – Batatais, SP : Claretiano, 2015. 108 p. ISBN: 978-85-8377-448-8 1. Percepção. 2. Série harmônica. 3. Harmonia. 4. Funções harmônicas. 5. Cadências. I. Dittrich Filho, Wilson. II. Fundamentos da harmonia. CDD 728.5 INFORMAÇÕES GERAIS Cursos: Graduação Título: Fundamentos da Harmonia Versão: dez./2015 Formato: 15x21 cm Páginas: 108 páginas SUMÁRIO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 9 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ............................................................................... 13 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE .................................................................. 15 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 16 5. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................. 16 UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 19 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ................................................................. 19 2.1. ACORDES DE 3 SONS: TRÍADES.................................................................. 20 2.2. INVERSÕES DE ACORDES DE 3 SONS ......................................................... 28 2.3. FUNÇÕES HARMÔNICAS DAS TRÍADES ..................................................... 35 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR .................................................................... 43 3.1. ACORDES DE 3 SONS: TRÍADES.................................................................. 43 3.2. INVERSÕES DE ACORDES DE 3 SONS ......................................................... 44 3.3. FUNÇÕES HARMÔNICAS DAS TRÍADES ..................................................... 44 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 45 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 47 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................. 47 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 48 UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 51 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ................................................................. 51 2.1. ESCALA GERAL ........................................................................................... 51 2.2. SÉRIE HARMÔNICA.................................................................................... 55 2.3. CONSONÂNCIA, DISSONÂNCIA E EXTRAÇÃO DE ACORDES DA SÉRIE HARMÔNICA .............................................................................................. 58 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR .................................................................... 62 3.1. ESCALA GERAL ........................................................................................... 62 3.2. SÉRIE HARMÔNICA.................................................................................... 63 3.3. CONSONÂNCIA, DISSONÂNCIA E EXTRAÇÃO DE ACORDES DA SÉRIE HARMÔNICA .............................................................................................. 64 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 65 5. CONSIDERAÇÕES ...............................................................................................66 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................. 67 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 68 UNIDADE 3 – MELODIA, FUNÇÕES HARMÔNICAS, CADÊNCIAS E DISSONÂNCIAS 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 71 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ................................................................. 72 2.1. MELODIAS – BREVE CONTEXTO HISTÓRICO .............................................. 72 2.2. ACORDES – CADÊNCIAS ............................................................................. 74 2.3. NOTAS DE PASSAGEM E BORDADURA ....................................................... 79 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR .................................................................... 83 3.1. MELODIAS – BREVE CONTEXTO HISTÓRICO .............................................. 83 3.2. ACORDES E CADÊNCIAS ............................................................................. 84 3.3. DISSONÂNCIAS, BORDADURAS E NOTAS DE PASSAGEM ........................... 86 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 87 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 89 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................. 90 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 90 UNIDADE 4 – RITMOS INICIAIS, TERMINAÇÕES DE FRASES E COMPASSOS COMPOSTOS 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 93 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ................................................................. 93 2.1. RITMOS INICIAIS ........................................................................................ 93 2.2. TERMINAÇÃO DE FRASE ............................................................................ 95 2.3. COMPASSO COMPOSTO ............................................................................ 96 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR .................................................................... 101 3.1. RITMOS INICIAIS ........................................................................................ 101 3.2. TERMINAÇÃO DE FRASES .......................................................................... 102 3.3. COMPASSO COMPOSTO E UNIDADE DE TEMPO (U.T.) E UNIDADE DE SOM (U.S.) ................................................................................................. 103 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 104 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 107 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................. 107 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 108 7 CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Conteúdo Conhecimento dos elementos básicos da teoria e percepção musical por meio de atividades teóricas e práticas; princípios básicos da harmonia; série harmônica; formação e classificação de tríades; funções harmônicas (tônica, subdominante e dominante); exercícios de percepção e análise harmônica; identificação de melodias; identificação de funções harmônicas; análise fra- seológica; cadências; reconhecimento de cadências; análise de dissonâncias tratadas (notas de passagem e bordaduras); leitura rítmica com subdivisão ternária do pulso (compasso composto). Bibliografia Básica BENWARD, B.; KOLOSICK, J. T. Percepção musical. São Paulo: Editora Unicamp/Edusp, 2008. v. 1. KOELLREUTTER, H. J. Harmonia funcional. Introdução à teoria das funções harmônicas. São Paulo: Ricordi, 1986. RAMIRES, M. R. L. Harmonia, uma abordagem prática. Parte I. São Paulo: Embraform, 2010. Bibliografia Complementar ALMADA, C. Harmonia funcional. Campinas: Editora Unicamp, 2010. BENNETT, R. Forma e estrutura na música. Rio de Janeiro: Zahar, 2010. FREITAS, S. P. R. Teoria da harmonia na música popular: uma definição das relações de combinação entre os acordes na harmonia tonal. 1995. 190f. Dissertação (Mestrado em Artes) – Instituto de Artes da Unesp, São Paulo, 1995. HINDEMITH, P. Harmonia tradicional. São Paulo: Irmãos Vitale, 1998. SCHOENBERG, A. Harmonia. São Paulo: Editora da Unesp, 2002. 8 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA CONTEÚDO INTRODUTÓRIO MARTURANO E. M.; LINHARES, M. B. M.; LOUREIRO, S. (Orgs.). Vulnerabilidade e proteção: indicadores na trajetória de desenvolvimento do escolar. São Paulo: Casa do Psicólogo/FAPESP, 2004. MARTURANO, E. M.; LINHARES, M. B. M.; PARREIRA, Vera L. C. Problemas emocionais e comportamentais associados a dificuldades na aprendizagem escolar. Medicina Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, v. 26, n. 2, p. 161-175, 1993. MARTURANO, E. M. A criança, o insucesso escolar precoce e a família: condições de resiliência e vulnerabilidade. In: MARTURANO, E. M.; LOUREIRO, S. R.; ZUARDI, A. W. (Orgs.). Estudos em saúde mental. Ribeirão Preto: Comissão de Pós-graduação em Saúde Mental, 1997. MIRAS, M. Afetos, emoções, atribuições e expectativas: o sentido da aprendizagem escolar. In: COLL, C. et al. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia da educação escolar. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. ROHDE, L. A.; MATTOS, P. (Orgs.). Princípios e práticas em TDAH: transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Porto Alegre: Artmed, 2003. SISTO, F. F. et al. Dificuldades de aprendizagem em contexto Psicopedagógico. Petrópolis: Vozes, 2001. TAVARES, J. (Org.). Resiliência e educação. São Paulo: Cortez, 2001. É importante saber Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes: Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber. Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente se- lecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitu- ra de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigató- rios, para efeito de avaliação. 9© FUNDAMENTOS DA HARMONIA CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO Prezado aluno, seja bem-vindo! Iniciaremos o estudo de Fundamentos da Harmonia, por meio do qual você obterá as informações necessárias para a sua trajetória como estudante de Música. Essas informações serão utilizadas mais tarde, em sua vida profissional. Os conteúdos aqui apresentados tratarão dos princípios básicos de harmonia tonal, que é um conteúdo fundamental para o seu desenvolvimento como licenciando em Música. Para que você possa compreender os princípios aqui apre- sentados, é muito importante que você já tenha um conheci- mento prévio sobre intervalos (formação, análise e inversões), assim como escalas maiores e menores e suas armaduras. Par- tindo desse ponto, o conteúdo deste material está organizado em uma ordem crescente dedificuldade. Você está pronto? Então, vamos juntos ingressar neste mundo fascinante da harmonia tonal! A arte dos sons O som é a sensação produzida por vibrações de corpos elásticos. As vibrações põem em movimento o ar em forma de ondas sonoras. As ondas sonoras, quando atingem a membrana do tímpano, fazem com que esta vibre. Vários autores, de diversas épocas, definem a música como a arte dos sons ou a arte de combinarmos os sons (MED, 1996; CHEDIAK, 1986; LACERDA, 1967; IZZO, 1944). Essa combinação de sons, no sistema tonal, segue normas estabelecidas, a fim de que a música possua equilíbrio e proporção. 10 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Os sons musicais possuem propriedades distintas (altura, intensidade, duração e timbre). A combinação desses diversos elementos, em suas infinitas possibilidades, forma o que chama- mos de música. Med (1996) aponta para quatro elementos fun- damentais da música, que são: • melodia: sons dispostos sucessivamente; • harmonia: sons dispostos simultaneamente; • contraponto: melodias dispostas simultaneamente; • ritmo: ordem e proporção dos sons da melodia e harmonia. Quando observamos o aspecto melódico da música, esta- mos nos referindo aos sons musicais organizados sucessivamen- te, ou seja, um após o outro. Ao estudarmos o aspecto harmôni- co da música, estamos nos referindo aos sons que se organizam simultaneamente. A harmonia irá ocupar-se de entender as relações entre esses sons, que, ao soarem ao mesmo tempo, gerarão sensações de consonância e dissonância, parecerão mais ou menos agra- dáveis aos nossos ouvidos e serão combinados de acordo com regras estabelecidas pelo sistema tonal. Harmonia tonal Ao pesquisarmos a palavra “harmonia” em diversos dicio- nários, encontramos a referência a equilíbrio, entendimento, proporção e estabilidade. A harmonia tonal também se encontra ligada a essas definições. No estudo da harmonia tradicional, encontramos, ainda hoje, a referência ao baixo cifrado. O baixo cifrado teve sua ori- 11© FUNDAMENTOS DA HARMONIA CONTEÚDO INTRODUTÓRIO gem no final do século 16 e princípio do século 17 e desenvol- veu-se durante o período Barroco. Para Ramires: Na música barroca, a prática do baixo contínuo consistia na rea- lização de um acompanhamento feito apenas a partir de uma li- nha de baixo, acompanhada por números, sobre a qual o execu- tante, improvisando, completava os acordes. O órgão, o cravo e o alaúde eram os instrumentos que frequentemente assumiam o papel de baixo contínuo. A notação abreviada do acompa- nhamento, na qual o baixo vinha acompanhado por números e sinais gráficos, era chamada de Baixo Cifrado (2008, p. 19). Segundo Collura (2006), foi no século 16 que a harmonia baseada em terças sobrepostas se estabeleceu definitivamente. Nessa época, o referencial era os estudos do italiano Gioseffo Zarlino. Sua teoria, datada de 1558, define os modos maior e menor, consonância perfeita e imperfeita, e está apoiada em ba- ses rigorosamente matemáticas. Em 1722, a publicação do Tratado de Harmonia, de Jean-Philippe Rameau, foi alvo de severas críticas por parte dos adeptos da prática do baixo contínuo, ao acrescentar conceitos como inversão de acordes e baixo fundamental. Collura (2006) define Rameau como o fundador da "moderna ciência da harmo- nia" (COLLURA, 2006, p. 2). Hugo Riemann, em 1887, apresentou a sua teoria funcio- nal, que pretendia construir um sistema que fosse capaz de com- preender e de apresentar uma notação mais simplificada para a linguagem harmônica, que, desde o período clássico, vinha se tornando cada vez mais complexa. Neste livro, lidaremos com a harmonia tonal, que tem a relação entre os acordes como uma de suas características prin- cipais. Para a compreensão do encadeamento entre esses acor- 12 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA CONTEÚDO INTRODUTÓRIO des, serão observados os princípios básicos de harmonia tonal no decorrer deste material. É importante observar que a harmonia tonal que você co- meçará a conhecer agora está contida no período entre o Barroco e o Romantismo (anterior ao Expressionismo). A partir do século 19, diante do aumento do cromatismo e do enfraquecimento do sentido tonal e da inserção de diferentes referenciais norteado- res de composição e análise musicais, novas teorizações foram formuladas (COLLURA, 2006; BRISOLLA, 2007). Segundo Koellreuter: Em nosso tempo, o objetivo mais importante do estudo da har- monia, sem dúvida, é a introdução às obras-primas do passado, através de análise das leis que lhes são próprias, da ordem, re- dundância e lógica intrínsecas à obra examinada, análise que é indispensável à realização e interpretação corretas do texto musical (1986, p. 5). O estudo de harmonia é imprescindível para a formação musical. Em qualquer área de atuação pretendida pelo estudan- te de Música, haverá a necessidade da harmonia como ferra- menta essencial. Este material apresentará diversos exercícios que serão muito importantes para o seu desenvolvimento musical e para a fixação dos conteúdos apresentados. Exercitando, você observa- rá um gradual desenvolvimento de suas habilidades de escrita e reconhecimento da linguagem musical. Você está preparado? Vamos, então, começar a caminhar pelo universo fascinante dos fundamentos da harmonia musical, através dos quais você conhecerá a série harmônica, os acordes e as relações entre eles. 13© FUNDAMENTOS DA HARMONIA CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Não deixe de estudar e treinar diariamente, ainda que por pouco tempo. Esse hábito será fundamental para que você ad- quira um conhecimento sólido e desenvolva suas habilidades musicais. 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí- nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci- mento dos temas tratados. 1) Acorde: combinação de três ou mais sons simultâneos. 2) Alaúde: instrumento de cordas dedilhadas, de origem árabe, com a caixa de ressonância em forma de pera. Foi o instrumento favorito dos salões nos séculos 15 a 17 (VIEIRA, 1899). 3) Barroco: termo que designa o período ou estilo de música europeia; abrange, aproximadamente, os anos 1600-1750 (SADIE, 1994). 4) Consonância: acusticamente, a vibração concordante de ondas sonoras de diferentes frequências (SADIE, 1994). 5) Cravo: instrumento de teclado com cordas, diferencia- do do clavicórdio e do piano pelo fato de suas cordas serem pinçadas, e não percutidas (SADIE, 1994). 6) Cromatismo: utilização dos 12 semitons que formam a escala cromática dentro de um contexto tonal. O cro- matismo pode contribuir para o enfraquecimento da tonalidade. 14 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 7) Dissonância: duas ou mais notas soando juntas e for- mando uma discordância ou um som que, no sistema harmônico predominante, é instável; precisa ser resol- vida em uma consonância (SADIE, 1994). 8) Encadeamento: ligação entre dois ou mais acordes su- cessivos, obedecendo às regras da harmonia. 9) Expressionismo: termo aplicado originalmente à pin- tura e à literatura, usado para designar a maneira in- tensamente emocional nas Artes, a partir da segunda década do século 20 (SADIE, 1994). 10) Harmonia: “conjunto de sons dispostos em ordem si- multânea (concepção vertical da música)” (MED, 1996, p. 11). 11) Intervalo: é a diferença de altura entre dois sons musi- cais, a relação entre duas alturas (MED, 1996). 12) Melodia: “conjunto de sons dispostos em ordem su- cessiva (concepção horizontal da música)” (MED, 1996, p. 11). 13) Período clássico: período em que a música se carac- teriza por um refinado senso de harmonia, equilíbrio e proporção. A música transmite clareza e lirismo (MI- RANDA;JUSTUS, 2003). 14) Romantismo: termo aplicado ao período da história da música de 1790 a 1910, que sucedeu ao Classicismo (SADIE, 1994). 15) Sistema tonal: sistema musical ocidental utilizado des- de o final do século 17, baseado nas escalas diatônicas maiores e menores e regido por leis da harmonia tonal. 15© FUNDAMENTOS DA HARMONIA CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE O esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei- tos mais importantes deste estudo. Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave de Fundamentos da Harmonia. 16 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS IZZO, M. Noções elementares de música. Rio de Janeiro: Irmãos Vitale, 1944. KOELLREUTTER, H. J. Harmonia funcional: introdução à teoria das funções harmônicas. São Paulo: Ricordi, 1986. LACERDA, O. Compêndio de teoria elementar da música. São Paulo: Ricordi Brasileira, 1967. MED, B. Teoria da música. Brasília: Musimed, 1996. MIRANDA, C.; JUSTUS, L. Formação de plateia em música. Curitiba: Gráfica Expoente, 2003. SADIE, S. Dicionário grove de música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. VIEIRA, E. Diccionario Musical. Lisboa: Lallemant, 1899. 5. E-REFERÊNCIAS CHEDIAK, A. Harmonia e improvisação – 70 músicas harmonizadas e analisadas. 7. ed. rev. Rio de Janeiro: Lumiar, 1986. v. 1 Disponível em: <http://pt.slideshare.net/ fabianoviola5/harmonia-e-improvisao-vol1-almir-chediak>. Acesso em: 16 jun. 2015. COLLURA, T. Apostila do curso de Harmonia Funcional – Parte I. In: FÓRUM INTERNACIONAL DE DIDÁTICA MUSICAL. Faculdade de Música do Espírito Santo, 1., 2006, Vitória. Anais... Vitória: Fames, 2006. Disponível em: <http://www.faberj.edu. br/downloads/biblioteca/teoria_musical/apostila_Harmonia_Funcional.pdf.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2015. DUDEQUE, N. Harmonia Tonal I. v. 1, 2003. Disponível em: <http://www.artes.ufpr.br/ material/norton/Apostila%20HTI.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2006. RAMIRES, M. R. L. Inversões de tríades e tétrades no modo maior. 2008. Disponível em: <http://www.ufjf.br/mus/files/2011/12/Ramires-Harmonia-2008-Invers%C3%B5es- de-tr%C3%ADades-e-t%C3%A9trades-em-modos-Maiores-.pdf>. Acesso em: 2 maio 2015. 17 UNIDADE 1 ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS Objetivos • Compreender o processo de formação das tríades e como se dá a classifi- cação de cada uma delas. • Relacionar as tríades com o contexto tonal em que se encontram, determi- nando sua função harmônica. Conteúdos • Formação e classificação das tríades. • Funções harmônicas. • Percepção e análise harmônica. Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Não se limite ao conteúdo deste caderno; procure outras informações em sites, livros ou artigos confiáveis. Você poderá encontrar vários títulos ao final de cada unidade. Se surgirem dúvidas, procure seu tutor web, a fim de esclarecer cada ponto antes de prosseguir com os estudos. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determi- nante para o seu crescimento intelectual. 2) Procure resolver todos os exercícios propostos. Eles são muito importan- tes, uma vez que acrescentarão solidez ao seu aprendizado. 18 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS 3) Identifique os principais conceitos apresentados e busque seguir a linha gradativa dos assuntos, que envolvem o estudo dos fundamentos básicos da harmonia tonal. 4) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conte- údo Digital Integrador. 19© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS 1. INTRODUÇÃO Vamos iniciar nossa primeira unidade de estudo. Você está preparado? É importante que você compreenda o significado de todos os elementos da harmonia, pois esse entendimento será funda- mental ao longo de todo nosso estudo de percepção musical. Caso você tenha alguma dúvida relacionada aos conceitos pré- vios para o estudo desta unidade (basicamente intervalos e es- calas), é recomendável que faça uma revisão desses conteúdos antes de prosseguir com seus estudos. Nesta unidade, você aprenderá a respeito da formação dos acordes de 3 sons: as tríades. As tríades são acordes básicos, e a compreensão delas será fundamental para o entendimento da formação dos acordes diatônicos com 4 e mais sons, bem como de todo o estudo de harmonia que virá na sequência. Veremos a formação de tríades maiores, menores, aumentadas e diminutas e sua ocorrência nas escalas maiores e menores, já estudadas. Além disso, veremos as funções que esses acordes podem assumir, de acordo com o contexto tonal em que estão inseridos. No fim desta unidade, você encontrará exercícios que o ajudarão a fixar o conteúdo estudado e treinar o seu ouvido para perceber e distinguir diferentes acordes. 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su- cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú- do Digital Integrador. 20 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS 2.1. ACORDES DE 3 SONS: TRÍADES Terças maiores e menores Os acordes de três sons são chamados de tríades e são formados por duas terças superpostas. As terças que formam as tríades diatônicas são terças maiores ou menores. Não exis- tem tríades diatônicas que contenham terças aumentadas ou diminutas. Convém lembrar que terças menores são formadas por 1 tom e 1 semitom e as terças maiores são formadas por 2 tons. Veja um exemplo na Figura 1: Figura 1 3ª Maior. Entre dó e mi, temos dois tons: dó – ré e ré – mi; portanto, uma 3ª Maior. A 3ª menor tem um semitom a menos. Veja o exemplo na Figura 2: Figura 2 3ª menor. 21© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS É importante lembrar que as terças formadas por notas na- turais (sem nenhuma alteração) são maiores, a menos que haja um semitom natural (mi – fá ou si – dó) em sua formação. Assim, por exemplo: sol – si (sol – lá – si = 2 tons) é uma 3ª Maior, en- quanto ré – fá é uma 3ª menor (ré – mi – fá = 1 tom e 1 semitom). Veja a Figura 3: Figura 3 3ªs formadas por notas naturais. Tríades diatônicas Quando formamos uma tríade, podemos classificar os in- tervalos (terças) que ela possui de duas formas. Na Figura 4, analisando as duas terças que compõem a tríade: Figura 4 Análise de terças superpostas em uma tríade. 22 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS A leitura das tríades (como a leitura de qualquer acorde) é sempre realizada de baixo para cima, assim como as linhas e es- paços de um pentagrama. Então, vemos que a primeira tríade é formada por uma 3ªM (dó – mi) e uma 3ªm (mi – sol). A segunda tríade é formada por uma 3ªm (mi – sol) e uma 3ªM (sol – si). Podemos analisar a 3ª e a 5ª formadas a partir da funda- mental. Observe a Figura 5: Figura 5 Análise da terça e quinta numa tríade. De acordo com as terças (maiores ou menores) que com- põem a tríade, ela poderá ser classificada de quatro formas diferentes: 1) Acorde Perfeito Maior (3ªM + 3ªm ou 3ªM e 5ªJ): PM. 2) Acorde Perfeito Menor (3ªm + 3ªM ou 3ªm e 5ªJ): Pm. 3) Acorde de 5ª diminuta (3ªm + 3ªm ou 3ªm e 5ª dimi- nuta): 5ªdim ou 5. 4) Acorde de 5ª aumentada (3ªM + 3ªM ou 3ªM e 5ª aumentada): Figura 6 Tríades diatônicas. 23© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS Agora, precisamos exercitar a escrita dessas tríades para que este conteúdo possa serbem compreendido e assimilado. Vamos fazer alguns exercícios? Se você tiver dificuldades em rea- lizar algum deles, deverá revisar o conteúdo já abordado. As res- postas aos exercícios encontram-se logo em sequência! Exercícios 1) Classifique as tríades a seguir em PM, Pm, 5ªdim e 5ªaum: 2) Com a fundamental dada, escreva as tríades pedidas: 3) Sem alterar a nota fundamental (Fá#), coloque as alterações convenientes para que as tríades correspondam à classificação dada: 4) Observe as tríades a seguir e assinale V (verdadeiro) para as tríades que correspondem à classificação escrita e F (falso) para as que não correspondem. 24 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS Você conseguiu responder a todos os exercícios? Então, agora, vamos conferir as respostas e o seu índice de acertos! Gabarito Exercício 1 1) 5ªaum PM 5ªdim PM 5ªdim. Exercício 2 Exercício 3 Exercício 4 Todas as alternativas são falsas. • Na alternativa 1, temos uma terça maior e uma terça diminuta (ré# – fá). Não é uma tríade diatônica. • Na alternativa 2, temos uma terça diminuta (mi – sol bemol) e uma terça aumentada (sol bemol – si). 25© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS • Na alternativa 3, temos uma terça menor e uma terça diminuta (lá bemol – dó dobrado bemol). • Na alternativa 4, temos uma terça menor e uma terça aumentada (fá – lá#). E então? Como você se saiu? Se você tiver dificuldades ou dúvidas quanto a este conteúdo, reveja os pontos abordados e entre em contato com seu tutor web. Exercícios de percepção de tríades Neste momento, vamos começar a treinar os nossos ou- vidos para percebermos as tríades que estudamos. Você está pronto? Acessando os áudios ––––––––––––––––––––––––––––––– Na barra superior, ao lado do ícone “Início”, acesse VIDEOAULA. • Selecione o nível: GRADUAÇÃO. • Selecione a categoria: DISCIPLINAR. • Selecione o tipo: ÁUDIO. • Selecione a disciplina: FUNDAMENTOS DA HARMONIA. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– No Áudio 1, você encontrará exemplos das quatro tríades estudadas. Cada tríade será tocada duas vezes. Ouça com aten- ção a tríade da Figura 7: Áudio 1 Figura 7 Exemplo de tríade. 26 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS Agora, vamos escrever a classificação das tríades conforme o que você perceber. Cada tríade será tocada uma vez. Em segui- da, ela será tocada de forma arpejada, para maior facilidade na percepção de cada nota. Neste exercício, todas as tríades serão tocadas sobre uma mesma fundamental. Complete as lacunas do Áudio 2 a seguir, conforme o que você ouvir, classificando as tríades em PM, Pm, 5aum ou 5dim. A primeira tríade já está escrita como modelo para a atividade. Áudio 2 Tríade 1 Tríade 2 Tríade 3 Tríade 4 Tríade 5 Pm Vamos aumentar um pouco a dificuldade? Ouça as tríades tocadas no Áudio 3. Elas serão tocadas da mesma forma que no exercício anterior, porém serão formadas sobre diferentes fundamentais. Áudio 3 Tríade 1 Tríade 2 Tríade 3 Tríade 4 Tríade 5 5aum Como você está se saindo? No final deste tópico, você en- contrará todas as respostas para estes exercícios. Vamos dificul- tar mais um pouquinho? No Áudio 4, as tríades serão tocadas sobre fundamentais diferentes e não serão mais arpejadas. Procure perceber a tríade como um todo. Cada uma delas será tocada duas vezes: 27© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS Áudio 4 Tríade 1 Tríade 2 Tríade 3 Tríade 4 Tríade 5 PM E agora, um último exercício, associando a percepção audi- tiva com a escrita de tríades na pauta. Na pauta a seguir, estão escritas as fundamentais de cada tríade. Escreva a classificação da tríade abaixo da fundamental, conforme o que você perceber, e escreva as notas corretas para que a tríade corresponda à classificação dada. Cada tríade será tocada duas vezes, somente de modo harmônico, e sobre as di- ferentes fundamentais escritas no Áudio 5: Áudio 5 Agora, vamos conferir as suas respostas? Veja quantos acertos você conseguiu em cada série. 28 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS E então, como foram seus acertos? Se você acertou menos de 10 tríades nas 4 séries, tente novamente, depois de assistir ao vídeo complementar 2 e treinar a entoação das tríades. Vídeo complementar –––––––––––––––––––––––––––––––– Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar. • Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos. • Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: Fundamentos da Harmonia – Vídeos Complementares – Complementar 1. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 2.2. INVERSÕES DE ACORDES DE 3 SONS A tríade, no seu estado fundamental, é formada por 3ªs superpostas partindo de uma nota fundamental. Quando existe 29© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS deslocamento de uma ou mais notas desse acorde para uma oi- tava acima ou para uma oitava abaixo, esse acorde está invertido. No estado fundamental, a nota mais grave do acorde, ou seja, o baixo, é a fundamental do acorde. O estado fundamental também é chamado de posição primitiva, ou posição natural. De acordo com a posição em que se encontram as notas da tríade, ela poderá se encontrar no estado fundamental, 1ª inversão ou 2ª inversão: 1) Estado fundamental: o baixo (a nota mais grave) é a fundamental (a nota que dá nome ao acorde) do acor- de. No estado fundamental, o acorde está em terças superpostas. Veja a Figura 8: Figura 8 Tríade em estado fundamental. Observe que, na Figura 8, a nota dó é a nota fundamental – a nota que dá nome ao acorde. A tríade está formada por uma terça maior (dó – mi) e uma terça menor (mi – sol); temos, en- tão, uma tríade maior (PM). A fundamental dá nome ao acorde, então, essa é a tríade de Dó Maior. A fundamental do acorde (dó) é também a nota mais grave do acorde; portanto, essa tríade está em estado fundamental. 2) Primeira inversão: nesta inversão, a nota mais grave do acorde (o baixo) é a 3ª do acorde. Observe a Figura 9: 30 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS Figura 9 Tríade na primeira inversão. No primeiro compasso, temos a tríade de Dó Maior em estado fundamental. A nota destacada é a 3ª do acorde. No se- gundo compasso, observamos a tríade escrita com as notas em outra posição. A 3ª passou a ser a nota mais grave da tríade, portanto, essa tríade está em 1ª inversão. a) Segunda inversão: nesta inversão, a nota mais grave do acorde (o baixo) é a 5ª do acorde, conforme a Fi- gura 10: Figura 10 Tríade na segunda inversão. Na Figura 10, vemos a tríade em estado fundamental no primeiro compasso. A nota destacada é a 5ª do acorde. No se- gundo compasso, a tríade está escrita em outra posição: a nota mais grave é a 5ª do acorde, portanto, essa tríade está em 2ª inversão. Qualquer tríade poderá encontrar-se no estado fundamen- tal ou em suas inversões, sem que isso altere sua classificação. 31© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS Importante! –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– No estado fundamental, o acorde está em terças superpostas. A primeira inversãoé formada por uma 3ª e uma 4ª. A segunda inversão é formada por uma 4ª e uma 3ª. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Para classificar uma tríade, você precisa retorná-la ao seu estado fundamental e determinar a classificação das terças que ela contém, conforme a Figura 11: Figura 11 Classificação de tríades. Observe que, no primeiro compasso, a tríade não se encon- tra em seu estado fundamental. Precisamos, então, colocá-la em 3ªs superpostas, para que possamos fazer a sua classificação. No segundo compasso, a tríade em estado fundamental é classificada como Pm (3ªm + 3ªM). É, portanto, uma tríade de Lá menor. É importante saber! ––––––––––––––––––––––––––––––––– O baixo é a nota mais grave do acorde. A fundamental é a nota que dá origem ao acorde. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Posição aberta ou fechada nas tríades As tríades também poderão ser observadas em duas posi- ções distintas: posição aberta (ou larga) ou posição fechada (ou 32 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS estreita). Na posição aberta, há espaço para serem inseridas no- tas do mesmo acorde entre as notas escritas. Na posição fecha- da, não há espaço para a colocação de notas do mesmo acorde entre as notas escritas. Veja a Figura 12. Figura 12 Exemplos de tríades em posição aberta e posição fechada. As notas da tríade são dó, mi e sol. Observe que, na posi- ção aberta entre as notas escritas, podemos escrever notas do próprio acorde (mi e dó). Veja, na Figura 13, em vermelho, as notas que poderiam ser escritas entre as notas da tríade em po- sição aberta: Figura 13 Classificação de tríades em posição aberta. A posição aberta ou fechada não altera a classificação do acorde em estado fundamental, 1ª ou 2ª inversão. No segundo compasso, temos (em preto) as notas da tríade de Dó Maior, em posição aberta. As notas escritas são: dó, sol e mi. Só precisamos olhar para a nota mais grave para determinarmos a inversão da tríade. 33© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS Nesse caso, a tríade encontra-se em estado fundamental, tanto na posição fechada como na posição aberta. Para as in- versões, o que importa é a nota mais grave do acorde, e não a posição das notas que se encontram acima do baixo. E agora, vamos exercitar tudo o que foi visto neste ponto? Procure resolver os exercícios a seguir. As respostas estão em se- quência. Não olhe as respostas até que tenha conseguido resol- ver os exercícios sozinho! Exercícios 1) Classifique e escreva as tríades a seguir, nas 1ª e 2ª inversões, conforme o modelo: 34 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS 2) Classifique as tríades, determinando a inversão e a posição, de acordo com o exemplo: Você encontrou dificuldade para resolver esses exercícios? Vamos agora conferir as respostas: Exercício 1 35© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS Exercício 2 Com as leituras propostas no Tópico 3.2., você vai apro- fundar o seu conhecimento sobre a classificação e as inversões e posições das tríades diatônicas. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procurando as- similar o conteúdo estudado. 2.3. FUNÇÕES HARMÔNICAS DAS TRÍADES Graus tonais e modais A escala diatônica é uma sucessão de sete notas conse- cutivas (não cromáticas) que obedecem à sequência natural de tons e semitons. É uma escala heptatônica, ou seja, possui sete graus. O "oitavo" grau é apenas uma repetição do primeiro. As notas que formam uma escala são chamadas de graus. Os graus são numerados por algarismos romanos, conforme a Figura 14: Figura 14 Graus da escala diatônica. 36 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS De acordo com a função que cada grau exerce em deter- minada escala, ele recebe uma denominação. Veja no Quadro 1: Quadro 1 Funções dos graus. I Tônica II Supertônica (ou Sobretônica) III Mediante IV Subdominante V Dominante VI Superdominante VII Sensível (quando está ½ tom abaixo da tônica) Subtônica (quando está 1 tom abaixo da tônica) Graus tonais são os que caracterizam o tom. Os graus to- nais formam, com a tônica, intervalos justos. São eles: Quadro 2 Intervalos justos. I Tônica IV Subdominante V Dominante Graus modais são os que caracterizam o modo (ou caráter) de uma escala. A escala poderá ser do tipo maior ou menor. Os graus modais são: 37© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS Quadro 3 Graus modais. III Mediante VI Superdominante VII Sensível ou Subtônica O III grau sempre difere entre duas escalas de mesma tô- nica e modos diferentes. O VI e VII graus podem diferir ou não, dependendo da escala menor utilizada. Tríades sobre os graus das escalas Podemos formar tríades sobre cada um dos graus da esca- la. Para isso, devem ser utilizadas apenas notas da escala, sem alterações. Veja na Figura 15. Atenção! –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A simbologia utilizada para as tríades neste material será a mesma adotada por Kostka e Payne (1999), que utilizam algarismos romanos maiúsculos para tríades maiores; minúsculos para tríades menores; o símbolo (o) ao lado do algarismo minúsculo, para indicar uma tríade diminuta; e o símbolo (+) ao lado do algarismo maiúsculo, para indicar tríade aumentada (KOENTOPP, 2010). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Figura 15 Tríades sobre os graus da escala maior. Na harmonia tonal, o sétimo grau (sensível) possui uma importante característica de atração em relação à tônica. Essa característica não está presente na escala menor natural, que 38 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS não possui sensível (o VII grau da escala menor natural é uma subtônica). De acordo com Dudeque (2003), o semitom entre a sen- sível e a tônica é uma característica do modo maior, também adotada para as tonalidades ou escalas menores. Assim, para o autor, as escalas menores naturais, que possuem uma caracterís- tica modal, são modificadas com a alteração ascendente de VII grau: A adoção desta alteração deve-se ao fato de que, sem ela, as escalas menores deixam de apresentar uma característica tonal e tornam-se modais, isto é, sem o poder de atração de um grau central que predomina sobre os outros, este grau é chamado de tônica. Como esta escala predomina na música tonal e é utiliza- da para o ensino da harmonia tonal, convencionou-se chamá-la de escala menor harmônica (DUDEQUE, 2003, p. 11-12). Observe a presença da alteração ascendente do VII grau na Figura 16: Figura 16 Tríades sobre os graus da escala menor harmônica. A modificação efetuada na escala menor natural, originan- do a escala menor harmônica, solucionou o problema da ausên- cia da sensível. No entanto, o intervalo de 2ª aumentada, forma- do entre os VI e VII graus, tornou-se melodicamente difícil de ser entoado. Para Dudeque, A prática musical definiu que os intervalos de 2ª aumenta- da, presentes entre os 6 e 7 graus da escala menor harmôni- ca, era difícil de ser entoada de forma precisa. Para amenizar esta dificuldade, introduziu-se mais uma alteração nas escalas 39© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS menores, o 6 grau de escala menor deve também ser alterado ascendentemente. Estas alterações dos 6 e 7 graus escalares criam uma tensão que necessita de resolução, que é atingida no 8 grau escalar. Para aliviar esta tensãoda escala ascendente, passou-se a usar a forma natural da escala menor (na forma descendente), isto é, sem as alterações nos 6 e 7 graus esca- lares. Este tipo de escala menor passou a ser conhecida como melódica por ter um equilíbrio melódico maior do que a escala harmônica (2003, p. 12). Observe a ocorrência das tríades estudadas nas escalas maior e menor harmônica: Escala PM Pm 5dim 5Aum Maior I – IV – V II – III – VI VII - Menor* V – VI I – IV II – VII III *harmônica O I, IV e V graus (tônica, subdominante e dominante) de uma escala maior ou menor são os graus que definem a tonali- dade. Podemos dizer que: • Tônica = repouso • Subdominante = afastamento • Dominante = aproximação Analogicamente, você pode imaginar a tônica como a sua casa. Quando você sai de casa e pega um ônibus para ir a al- gum lugar, podemos chamar esse ônibus de “subdominante”. Ele afasta você de sua casa. Na hora em que você decide voltar para casa e pega um ônibus de volta, você pega um ônibus que vamos chamar de “dominante”. Ele traz você de volta para casa. As tríades de I, IV e V graus nas escalas maiores (graus to- nais) são sempre acordes perfeitos maiores. 40 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS Nas escalas menores harmônicas, as tríades de I e IV graus são sempre acordes perfeitos menores. O acorde de V grau na escala menor harmônica é um acorde PM, porque a terça do acorde de dominante se torna uma terça maior por causa da al- teração de VII grau da escala harmônica. Vejamos um exemplo utilizando a escala de Mi menor na Figura 17: Figura 17 Escala de mi menor. Observe o acorde de dominante (V grau) na Figura 18: Figura 18 Acorde de dominante em mi menor. O Ré#, que é a terça do acorde, é exatamente o VII grau da escala de Mi menor, que recebe a alteração ascendente na escala menor harmônica. Por essa razão, o acorde de dominante torna- -se um acorde maior. Percebemos, então, que, na harmonia tonal, não existe dominante menor. E agora, vamos fazer alguns exercícios para fixar tudo o que foi estudado neste ponto? 41© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS Exercícios 1) Forme os acordes de I, IV e V graus, no estado fundamental, nas tonalida- des a seguir, conforme o modelo. Indique também a função do acorde (T – tônica, S – subdominante e D – dominante). Não se esqueça da armadura de clave e de inserir a alteração ascendente de VII grau no caso de escalas menores: 42 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS Confira se você realizou o exercício de forma correta. Se você tiver alguma dúvida, reveja os pontos que foram estudados e procure o seu tutor web. Antes de realizar as questões autoavalitivas propostas no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico 3 para compreender melhor os aspectos que envolvem a per- cepção auditiva das tríades. 43© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmen- te os conteúdos apresentados nesta unidade. 3.1. ACORDES DE 3 SONS: TRÍADES "A tríade é formada pelo agrupamento de 3 notas separa- das por intervalos de terças e pode ser maior, menor, diminuta ou aumentada” (CHEDIAK, 1986, p. 79). O estudo das tríades dia- tônicas é fundamental e básico para o estudo de harmonia tonal. É com base nesses acordes de 3 sons que a harmonia começa a ser construída, e é muito importante que este conteúdo esteja bem assimilado antes que sejam acrescentadas as 7ªs a esses acordes, formando os acordes de 4 sons. Os textos a seguir complementam o que já foi comenta- do neste livro, mostrando alguns aspectos importantes desses acordes. • ALVIRA, J. R. Identificando tríades. 2015. Disponível em: <http://www.artmusica.net/wp/tecnicos/teoria_ musical/teoria_online/teoria_acordes/acordes_07. htm>. Acesso em: 17 jun. 2015. • LOBO, P. Formação acordes I: tríades. 2015. Disponível em: <http://www.cifraclub.com.br/contrib/ tutoriais/-1_triades.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2015. • SANTIAGO, G. Tríades e tétrades no campo harmônico maior. 2015. Disponível em: <https://sites.google.com/ site/aprendamusicacomigo/5---harmonia-popular/ triades-de-tetrades-no-campo-harmonico-maior>. Acesso em: 17 jun. 2015. 44 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS 3.2. INVERSÕES DE ACORDES DE 3 SONS Nem sempre as tríades se apresentam em estado funda- mental. Muitas vezes, as suas notas não estão em terças super- postas e podem estar distantes umas das outras (posição aberta). Nesta unidade, vimos as inversões possíveis para os acor- des de 3 sons, bem como estudamos a ocorrência das notas em posição aberta ou fechada. Para um maior aprofundamento neste tópico, você poderá acessar os seguintes links: • ADAMS, R. Inversão das tríades. 2005. Disponível em: <http://www.jazzbossa.com/teoria/aulas/42.inversao- detriades.html>. Acesso em: 17 jun. 2015. • RAMIRES. Inversões de tríades e tétrades no modo maior. 2008. Disponível em: <http://www.ufjf.br/mus/ f i l e s / 2 0 1 1 / 1 2 / R a m i r e s - H a r m o n i a - 2 0 0 8 - I n v e r s % C 3 % B 5 e s - d e - t r % C 3 % A D a d e s - e-t%C3%A9trades-em-modos-Maiores-.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2015. 3.3. FUNÇÕES HARMÔNICAS DAS TRÍADES Ao longo desta unidade, expusemos as funções harmôni- cas das tríades e a importância dessas funções dentro do siste- ma tonal. Abordamos, de modo mais específico, as tríades de I, IV e V grau, explicitando as funções de tônica, subdominante e dominante. 45© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS A seguir, apresentaremos alguns textos para que você pos- sa aprimorar e acrescentar ao seu conhecimento novos elemen- tos sobre o tema. • CASTELÕES, L. E. TAM I – Aula 3. Disponível em: <http:// www.ufjf.br/mus/files/2011/12/TAM-I-aula-3.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2015. • MATTOS, F. L. Harmonização de melodia. UFGRS. Dis- ponível em: <http://prolicenmus.ufrgs.br/repositorio/ moodle/material_didatico/musicalizacao/ext_maav_ un45/links/Harmonizacao_de_Melodia.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2015. 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú- dos estudados para sanar as suas dúvidas. 1) Assinale verdadeiro (V) ou falso (F) nas alternativas a seguir e assinale a alternativa que representa a correta ordem de V e F. ( ) As tríades diatônicas são formadas por terças maiores e menores, aumentadas e diminutas. ( ) A tríade diminuta é formada por uma 3ª Maior e uma 3ª menor, ou também podemos dizer que ela é formada por uma 3ª Maior e uma 5ª diminuta. ( ) Existem 4 tipos de tríades diatônicas. ( ) As tríades maiores possuem duas terças maiores. 46 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS a) V – F – V – V. b) F – F – V – F. c) V – V – F – F. d) F – V – F – V. 2) Assinale a única alternativa correta a respeito da inversão de acordes de 3 sons: a) As tríades estão sempre em 3ªs superpostas, não importando a inversão em que se encontram. b) Quando a tríade se encontra em primeira inversão, a 5ª é a nota mais grave do acorde. c) Quando a tríade se encontra em estado fundamental, a fundamental é a nota mais grave do acorde. d) Quando a tríade está na segunda inversão, em posição fechada, ela é formada por doisintervalos de 4ª. 3) Numere a segunda coluna de acordo com a primeira e assinale a alternati- va que representa a correta ordem de números da segunda coluna: 1. 3ª Maior + 3ª menor ( ) Tríade menor 2. 3ª menor + 3ª Maior ( ) Tríade diminuta 3. 3ª menor + 3ª menor ( ) Tríade maior 4. 3ª Maior + 3ª Maior ( ) Tríade aumentada a) 1 – 4 – 2 – 3. b) 3 – 1 – 4 – 2. c) 2 – 3 – 1 – 4. d) 1 – 3 – 2 – 4. 47© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS 4) Em que graus são encontrados os acordes perfeitos maiores (PM) nas es- calas menores? a) Não existem tríades maiores nas escalas menores. b) No I, IV e V graus. c) No V e VI graus. d) No V grau. Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au- toavaliativas propostas: 1) b. 2) c. 3) c. 4) c. 5. CONSIDERAÇÕES Chegamos ao final da primeira unidade, na qual você teve a oportunidade de conhecer os acordes de 3 sons (tríades), que são os primeiros acordes a serem estudados em harmonia. Você também pôde estudar sua formação e suas inversões, e, além disso, foram apresentadas as funções harmônicas das tríades so- bre determinado contexto tonal, enfatizando as funções tonais de tônica, subdominante e dominante. Consulte, agora, o Conteúdo Digital Integrador, que am- pliará seu conhecimento sobre o assunto. Na próxima unidade, você conhecerá a série harmônica, compreenderá a formação das tríades partindo dela e verá a sua importância fundamental para a harmonia tonal. 48 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 1 – ACORDES DE 3 SONS – TRÍADES: FORMAÇÃO E FUNÇÕES HARMÔNICAS 6. E-REFERÊNCIAS Sites pesquisados ABEM – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL. Home page. Disponível em: <http://www.abemeducacaomusical.org.br>. Acesso em: 17 jun. 2015. ANPPOM – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA. Home page. <http://www.anppom.com.br>. Acesso em: 17 jun. 2015. COLLURA, T. Apostila do curso de Harmonia Funcional – Parte I. In: FÓRUM INTERNACIONAL DE DIDÁTICA MUSICAL. Faculdade de Música do Espírito Santo, 1., 2006, Vitória. Anais... Vitória: Fames, 2006. Disponível em: <http://www.faberj.edu. br/downloads/biblioteca/teoria_musical/apostila_Harmonia_Funcional.pdf.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2015. DUDEQUE, N. Harmonia tonal I. v. 1, 2003. Disponível em: <http://www.artes.ufpr.br/ material/norton/Apostila%20HTI.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2006. KOENTOPP, M. A. Métodos de ensino de Harmonia nos cursos de Graduação Musical. Ano. f. Dissertação (Mestrado em Música) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010. Disponível em: <http://livros01.livrosgratis.com.br/cp148017.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2006. MÚSICA EM PERSPECTIVA – Revista do Programa de Pós-graduação em Música da Universidade Federal do Paraná, v. 7, n. 2, 2014. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr. br/ojs/index.php/musica/index>. Acesso em: 17 jun. 2015. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS IZZO, M. Noções elementares de Música. Rio de Janeiro: Irmãos Vitale, 1944. KOELLREUTTER, H. J. Harmonia funcional. Introdução à teoria das funções harmônicas. São Paulo: Ricordi, 1986. KOSTKA, S.; PAYNE, D. Tonal harmony. Nova York: McGraw-Hill, 1999. LACERDA, O. Compêndio de teoria elementar da música. São Paulo: Ricordi Brasileira, 1967. MED, B. Teoria da Música. Brasília: Musimed, 1996. MIRANDA, C.; JUSTUS, L. Formação de platéia em Música. Curitiba: Expoente, 2003. RAMIRES, M. Harmonia: uma abordagem prática. 2. ed. São Paulo: Edição dos Autores, 2010. v. 1. SADIE, S. Dicionário grove de Música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. VIEIRA, E. Diccionario musical. Lisboa: Lallemant, 1899. 49 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA Objetivos • Compreender o processo de formação da série harmônica e sua importân- cia para o sistema tonal. • Reconhecer a relação entre consonância, dissonância e a série harmônica. • Entender a formação das tríades diatônicas a partir da série harmônica. Conteúdos • Escala geral. • Série harmônica. • Consonância e dissonância. • Extração de acordes de três sons da série harmônica. Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Não se limite ao conteúdo deste caderno; procure outras informações em sites, livros ou artigos confiáveis. Você poderá encontrar vários títulos ao final de cada unidade. Se surgirem dúvidas, procure seu tutor web, a fim de esclarecer cada ponto antes de prosseguir com os estudos. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determi- nante para o seu crescimento intelectual. UNIDADE 2 2) Procure resolver todos os exercícios propostos. Eles acrescentarão solidez ao seu aprendizado. 3) Identifique os principais conceitos apresentados e busque seguir a li- nha gradativa dos assuntos que envolvem o estudo de Fundamentos da Harmonia. 4) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conte- údo Digital Integrador. 51© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA 1. INTRODUÇÃO Nesta unidade, vamos conhecer um dos conteúdos mais importantes para o estudo de harmonia tonal: a série harmô- nica. Compreenderemos a formação da série harmônica e sua relação com a formação das tríades diatônicas que estudamos na Unidade 1. Caso você tenha alguma dúvida relacionada aos conceitos da unidade anterior, é recomendável que faça uma revisão dos conteúdos antes de prosseguir com seus estudos. 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su- cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú- do Digital Integrador. 2.1. ESCALA GERAL A escala geral é composta por 97 sons. Pode-se dizer que ela é o conjunto de todos os sons que o ouvido humano pode apreciar (MED, 1996). Esses sons vão de 16 Hertz (vibrações du- plas por segundo) a 4.100 Hertz. Para determinar a altura exata dos sons da escala geral, cada uma das notas musicais contidas dentro de uma oitava re- cebe uma numeração, a partir da nota dó, como você pode ob- servar na Figura 1. 52 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA Figura 1 Escala geral. Linhas de 8ª ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Observe que, sob a primeira e sobre a última nota, encontra-se uma linha tracejada, com a indicação “8ª” no seu início. Essas linhas são chamadas linhas de 8ª e indicam que as notas serão tocadas uma oitava abaixo e uma oitava acima, respectivamente. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– O dó3 está situado exatamente no centro da escala geral. Ele está localizado no centro do teclado do piano próximo à fe- chadura, sendo, por esta razão, às vezes, chamado de "dó da fe- chadura". Segundo Bohumil Med (1996, p. 92), Antigamente a nota mais grave era Dó1 (a nota mais grave do violoncelo). Com o aparecimento de instrumentos com notas mais graves (por exemplo, o contrabaixo), a numeração dessas oitavas passou a ter sinal negativo (Dó-1, Dó-2). Todas as notas contidas em uma mesma oitava receberão a mesma numeração. Observe o exemplo da Figura 2 a seguir, partindo das notas dó2 e dó4. As notas que se encontram na mesma oitava recebem o mesmo número, da seguinte forma: 53© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA Figura 2 Altura das notas na escala geral. O lá3 tem 440Hz e é a nota utilizada como padrão inter- nacional para afinação dos instrumentos desde 1953. É também chamado lá diapasão. A escala geral possui cinco regiões: • Região Subgrave – Dó -2 ao Dó 1. • Região Grave – Dó 1 ao Dó 2. • Região Média– Dó 2 ao Dó 4. Região Central • Região Aguda – Dó 4 ao Dó 5. • Região Super Aguda – Dó 5 ao Dó 7. Importante! A região central é formada pelas regiões grave, média e aguda. Com base no que você aprendeu, vamos praticar um pou- co? Observe as notas a seguir e dê nome completo para elas, determinando a região à qual elas pertencem. Em seguida, você poderá conferir as suas respostas: 54 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA Respostas: 1. Sib 3 – região média 2. Dó 5 – região super aguda 3. Fá 4 – região aguda 4. Lá 2 – região média 5. Ré# 4 – região aguda 6. Sol 2 – região média 7. Dó 2 – região média 8. Lá -1 – região subgrave 9. Fáb 1 – região grave 10. Ré 3 – região média Com as leituras propostas no Tópico 3.1., você vai com- preender melhor a escala geral e sua importância para os estudos subsequentes. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado. 55© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA 2.2. SÉRIE HARMÔNICA O som musical é resultante de vibrações regulares. Uma corda qualquer, por exemplo, ao vibrar, produz uma determina- da nota. Mas a corda não vibra apenas em toda a sua extensão. Ela vibra, também, em duas metades, em terços, quartos, quin- tos etc., produzindo as vibrações secundárias. Essas vibrações secundárias formarão os harmônicos de um determinado som. As subvibrações de um som gerador qualquer constituirão o que chamamos de série harmônica (MED, 1996; CHEDIAK, 1986). De acordo com Bohumil Med, Um som musical não se constitui de apenas uma nota. Junta- mente com o som principal soam sons secundários, bem fracos e quase imperceptíveis. O som principal é chamado som funda- mental e os sons que o acompanham são os sons harmônicos. Série harmônica é o conjunto de sons que acompanham um som fundamental (som gerador, som principal) (1996, p. 92). Cada nota musical gera uma série harmônica proporcio- nalmente idêntica. A intensidade e a qualidade dos harmônicos, entretanto, pode variar de instrumento para instrumento, assim como de voz para voz. Para Dudeque, A série harmônica é considerada como um dos fenômenos acústicos mais importantes e decisivos para o sistema tonal. A partir da derivação de harmônicos de uma nota fundamental encontram-se os sons que formarão a tríade maior, o acorde mais estável do sistema tonal (2003, p. 15). Série Harmônica ––––––––––––––––––––––––––––––––––– Os intervalos que formam a série harmônica de qualquer nota musical (som gerador) são: 8ªJ – 5ªJ – 4ªJ – 3ªM – 3ªm – 3ªm – 2ªM – 2ªM – 2M – 2ªM – 2ªm... –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 56 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA Vamos observar detalhadamente a construção da série harmônica da nota Dó1. Observe que aplicamos a sequência de intervalos dados partindo do som gerador (Dó1). Inicialmente, vamos aplicar o intervalo de 8ªjusta e encontraremos o primei- ro harmônico (Dó2). Aplicando o intervalo de 5ªjusta ao Dó2, encontraremos o 2º harmônico (Sol2), e assim sucessivamente, conforme a Figura 3 a seguir: Figura 3 Série harmônica da nota Dó1 até o 10º harmônico. Podemos ver que os intervalos que formam a série harmô- nica começam com uma 8ª justa e vão ficando cada vez menores. A série harmônica é formada por intervalos digressivos. Em ra- zão do sistema temperado, que iguala o tamanho de todos os se- mitons, algumas notas da série harmônica não serão exatamente as notas do sistema temperado. Bohumil Med afirma que: Não há dois intervalos absolutamente iguais na série, mesmo que recebam a mesma classificação. Portanto as duas terças menores (entre 5º/6º e 6º/7º) não são iguais. [...] O mesmo acontece com as segundas menores a partir do 11º harmônico. [...] A série harmônica não tem limite, mas, na prática, obser- vam-se os harmônicos somente até o nº 15, pois, após este, os intervalos da série são menores que semitons (1996, p. 93-94). 57© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA Nesta unidade, trabalharemos com a formação da série harmônica até o seu 10º harmônico. Agora que tratamos de temas importantes relacionados ao estudo da harmonia, precisamos fundamentar esses conteú- dos. Uma das melhores maneiras de fazermos isso é por meio de exercícios. Vamos praticar? Exercícios Construa a série harmônica das notas Sol1 e Mib1 até o 10º harmônico: Não se esqueça da sequência de intervalos que você precisará utilizar na formação da série harmônica. Forme os intervalos observando, com cui- dado, se as alterações estão corretas e se as notas estão sendo colocadas nas oitavas corretas. Atenção especial deve ser dada à mudança de clave (da clave de fá para a clave de sol) para que as notas sejam colocadas na altura exata. Após resolver o exercício, veja se você conseguiu acertar todas as notas, conferindo com o gabarito a seguir: 1) Série harmônica da nota Sol1: 58 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA Observe que a série pode ser escrita em duas pautas, como nos exemplos anteriores, ou em apenas uma pauta, inserindo a clave de sol quando a altura da nota for conveniente. 2) Série harmônica da nota Mib1: As leituras indicadas no Tópico 3.2. tratam da série har- mônica e da sua importância fundamental no estudo de har- monia. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado. 2.3. CONSONÂNCIA, DISSONÂNCIA E EXTRAÇÃO DE ACORDES DA SÉRIE HARMÔNICA Segundo Med (1996), a consonância produz uma sensação de repouso e de estabilidade. A dissonância, por outro lado, pro- duz uma sensação de movimento e de tensão. A consonância tem caráter conclusivo, enquanto a dissonância tem caráter ins- tável e pede uma resolução (ou conclusão). O equilíbrio entre consonâncias e dissonâncias é um aspecto muito importante na harmonia tonal. 59© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA Dentro da série harmônica, quanto mais próxima a nota estiver do som gerador, maior será a consonância entre elas. Consequentemente, quanto mais afastadas, maior será a disso- nância entre elas. Dessa forma, a 8ª justa é o intervalo mais con- sonante que encontramos na série harmônica. Para Dudeque, A série harmônica também define o grau de consonância entre uma nota fundamental e seus harmônicos. Quão mais próxima à nota fundamental for o harmônico, mais consonante será, as- sim a oitava torna-se a consonância mais perfeita, seguida das 5ª e 4ª justas (2003, p. 15). Dudeque (2003) e Med (1996) apresentam a seguinte clas- sificação para consonâncias e dissonâncias, conforme o Quadro 1: Quadro 1 Consonâncias e dissonâncias. INTERVALO Consonante Dissonante Dissonante condicional Perfeito Imperfeito Neutro Suave Forte Intervalos aumentados e diminutos que, por enarmonia, podem ser reescritos como intervalos consonantes. 1ª justa 3ªM 4ª Aum 7ªm 7ªM 8ª justa 3ªm 5ª justa 6ªM 5ª dim 2ªM 2ªm 4ª justa 6ªm É preciso ter em mente que o conceito de consonância e dissonância tem passado por uma evolução histórica. Na Idade Média, por exemplo, apenas intervalos justos eram considerados consonantes. O que entendemos como consonância e dissonân- cia pode variar de uma época para outra e de uma cultura para outra também. 60 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA Tradicionalmente, uma dissonância precisa ser resolvida em uma consonância. Na música moderna, assim como na mú- sica popular, vemos, muitas vezes, uma dissonância sendo re- solvidaem outra dissonância, ou mesmo ficando sem resolução (MED, 1996). Extração de tríades da série harmônica A série harmônica é um fenômeno natural, assim como a força da gravidade. Ela produz uma série de alturas de acordo com uma lei estritamente natural. Qualquer nota musical, ao soar, produzirá uma série de outras notas (harmônicos) de inten- sidade variada (MILLER, 1992). Podemos encontrar, teoricamente, todos os acordes den- tro da série harmônica. Na prática, porém, precisamos lembrar que a afinação das notas da série harmônica não é a mesma do sistema temperado (MED, 1996). Nesta unidade, veremos a extração de tríades diatônicas da série harmônica, observando em que harmônicos encontra- mos as tríades estudadas. Vamos observar, mais uma vez, a série harmônica da nota Dó1 até o 10º harmônico. Podemos perceber que encontramos o acorde Perfeito Maior (PM) nos harmônicos 4, 5 e 6 da série harmônica, confor- me a Figura 4: 61© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA Figura 4 Extração da tríade maior da série harmônica. Encontramos o acorde Perfeito menor (Pm) nos harmôni- cos 6, 7 e 9 da série harmônica. Veja a Figura 5: Figura 5 Extração da tríade menor da série harmônica. O acorde de 5ª diminuta (5dim) é encontrado nos harmô- nicos 5, 6 e 7 da série harmônica, de acordo com a Figura 6: Figura 6 Extração da tríade diminuta da série harmônica. 62 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA O acorde de 5ª aumentada (5Aum) é o único acorde dia- tônico que não pode ser extraído da série harmônica. Por essa razão, ele é chamado de dissonante artificial. Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico 3.3. para compreender melhor os aspectos que envolvem a escrita das notas musicais e das claves. Vídeo complementar –––––––––––––––––––––––––––––––– Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar. • Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos. • Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: Percepção, notação e linguagem musical – Vídeos Complementares – Complementar 2. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmen- te os conteúdos apresentados nesta unidade. 3.1. ESCALA GERAL A escala geral compreende oito oitavas em música e, teo- ricamente, compreende todos os sons que o ouvido humano consegue perceber (Dó-2 ao Dó7). Utilizando a numeração dada 63© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA às notas baseada na escala geral, podemos determinar a altura exata de uma nota musical, mesmo sem escrevê-la na pauta. Os textos a seguir complementam o que já foi comentado neste livro, mostrando alguns aspectos complementares impor- tantes deste tópico. • ALVES, C. G. Curso básico de Harmonia. ELAM, 2010. Disponível em: <https://ontolo.files.wordpress. com/2012/06/84711645-curso-de-harmonia.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2015. • SALLENAVE, R. A escala geral – 97 sons. 2013 (ví- deo). Disponível em: <http://sallenave.blogspot.com. br/2013/10/a-escala-geral-97-sons.html>. Acesso em: 17 jun. 2015. 3.2. SÉRIE HARMÔNICA Nesta unidade, vimos que a série harmônica é um dos fe- nômenos mais importantes para o estudo de harmonia. Com base nela, podemos entender o estudo das consonâncias e dis- sonâncias; e dela, ainda, se originam os acordes diatônicos. O estudo a respeito da formação e análise da série har- mônica é essencial e com certeza trará aos músicos uma melhor compreensão da harmonia tonal. Para um maior aprofundamento neste tópico, você poderá acessar os seguintes links: • ANDERLE, D. Série harmônica. Disponível em: <http:// dirsom.com.br/index_htm_files/Serie%20Harmonica. pdf>. Acesso em: 17 jun. 2015. 64 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA • DUDEQUE, N. Harmonia tonal. Curitiba, v. 1, 2003. Dis- ponível em: <http://www.artes.ufpr.br/material/ norton/Apostila%20HTI.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2015. • MARINHA DO BRASIL. Diretoria de Hidrografia e Nave- gação. Nivelamento de Física. Aula XXII – ondas harmô- nicas. 2009. Disponível em: <https://www.mar.mil.br/ dhn/dhn/ead/pages/fisica/unidade22/material.htm>. Acesso em: 17 jun. 2015. 3.3. CONSONÂNCIA, DISSONÂNCIA E EXTRAÇÃO DE ACORDES DA SÉRIE HARMÔNICA A compreensão das consonâncias e dissonâncias, bem como suas relações com a série harmônica, são aspectos muito importantes para o estudo de harmonia. Ao longo desta unidade, expusemos a classificação de con- sonâncias e dissonâncias e aprendemos a localizar as tríades diatônicas dentro da série harmônica. A seguir, apresentaremos alguns textos para que você possa aprimorar e acrescentar ao seu conhecimento novos elementos sobre o tema. • GARCIA, P. Série harmônica. In: ______. Aprendendo Música.com. Disponível em: <http://aprendendomusicaeteoria. blogspot.com.br/2014/08/25-serie-harmonica.html>. Acesso em: 17 jun. 2015. • TEIXEIRA, F. P. Consonância e dissonância de intervalos. In: ______. Asas da Alva Produções Ltda., 2010. Dis- ponível em: <http://asasdaalva.com/Site_Mobi- le/C o nte u d o _ P ro g ra m at i co / Te o r i a _ M u s i ca l / ConssonanciaDissonanciaIntervalos.php>. Acesso em: 17 jun. 2015. 65© FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA • ZUMPANO, N. G.; GOLDEMBERG, R. Princípios de técni- ca e história do temperamento musical. Sonora, v. 2, n. 4 (2). Disponível em: <http://www.sonora.iar.unicamp. br/index.php/sonora1/article/viewFile/29/28>. Acesso em: 17 jun. 2015. 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú- dos estudados para sanar as suas dúvidas. 1) A tríade de 5ª aumentada é a única tríade que não é encontrada na série harmônica. Por essa razão, ela é chamada de: a) tríade artificial. b) tríade dissonante. c) dissonante aumentado. d) dissonante artificial. 2) Assinale a alternativa que representa a correta nomenclatura das notas grafadas na figura a seguir: a) 1. Sol3; 2. Mi1; 3. Ré4; 4. Sol2; 5. Si3. b) 1. Sol4; 2. Mi2; 3. Ré5; 4. Sol2; 5. Si2. c) 1. Sol2; 2. Mi1; 3. Ré4; 4. Sol3; 5. Si3. d) 1. Sol3; 2. Mi2; 3. Ré5; 4. Sol1; 5. Si2. 66 © FUNDAMENTOS DA HARMONIA UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DE HARMONIA: SÉRIE HARMÔNICA 3) Assinale a sequência correta de intervalos da série harmônica de qualquer nota musical (até o 10º harmônico). a) 8ªJ – 5ªJ – 4ªJ – 3ªM – 3ªM – 3ªm – 3ªm – 2ªM – 2ªm – 2ªm. b) 8ªJ – 5ªJ – 4ªJ – 3ªM – 3ªm – 3ªm – 2ªM – 2ªm – 2ªm – 2ªm. c) 8ªJ – 5ªJ – 4ªJ – 3ªm – 3ªM – 3ªm – 3ªm – 2ªM – 2ªM – 2ªm. d) 8ªJ – 5ªJ – 4ªJ – 3ªM – 3ªM – 3ªm – 3ªm – 2ªM – 2ªm – 2ªm. e) 8ªJ – 5ªJ – 4ªJ – 3ªM – 3ªm – 3ªm – 2ªM – 2ªM – 2ªM – 2ªm. 4) Assinale a única alternativa que apresenta uma afirmação verdadeira: a) A noção de consonância ou dissonância está diretamente relacionada com a série harmônica. b) A consonância e a dissonância produzem sensação de repouso e estabilidade. c) Os graus tonais são: tônica, subdominante e sensível. d) Nas escalas menores, encontramos tríades maiores sobre o IV e o V graus. Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
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