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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
 
 
 
Barbacena/MG 
 
 
 
 
 
 
 
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Índice 
 
1 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .......................................................... 3 
1.1 Conceito ............................................................................................................. 3 
1.1.1 Direitos Fundamentais da 1.ª Dimensão ..................................................... 7 
1.1.2 Direitos Fundamentais da 2.ª Dimensão ..................................................... 7 
1.1.3 Direitos Fundamentais da 3.ª Dimensão ..................................................... 8 
1.1.4 Direitos Fundamentais da 4.ª Dimensão ..................................................... 9 
1.1.5 Direitos Fundamentais da 5.ª Dimensão ..................................................... 9 
1.2 Evolução Histórica ............................................................................................. 9 
1.3 Características ................................................................................................. 24 
1.3.1 Historicidade ............................................................................................. 24 
1.3.2 Inalienabilidade ......................................................................................... 25 
1.3.3 Imprescritibilidade ..................................................................................... 26 
1.3.4 Irrenunciabilidade ...................................................................................... 26 
1.3.5 Universalidade .......................................................................................... 27 
1.3.6 Limitabilidade ............................................................................................ 27 
1.4 Os Direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988 .......................... 28 
2 DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE - (PARTE I) .............................. 29 
2.1 Dos Direitos Individuais e Coletivos ................................................................. 29 
2.1.1 Direito à Vida ............................................................................................. 30 
2.1.2 Direito à Igualdade .................................................................................... 35 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
 
1.1 Conceito 
 
Muito se debate na doutrina sobre a questão terminológica mais acertada 
para designar os direitos essenciais à existência da pessoa humana: “direitos 
humanos”, “direitos morais”, “direitos naturais”, “direitos públicos subjetivos”, “direitos 
dos povos”, “liberdades públicas” e “direitos fundamentais”. 
Neste sentido leciona SILVA (2002. p. 85): 
 
A ampliação e transformação dos direitos fundamentais do homem no 
evoluir histórico dificultam definir-lhes um conceito sintético e preciso. 
Aumenta essa dificuldade a circunstância de se empregarem várias 
expressões para designá-los, tais como: direitos naturais, direitos humanos, 
direitos do homem, direitos individuais, direitos públicos subjetivos, 
liberdades fundamentais, liberdades públicas e direitos fundamentais do 
homem. 
 
Antes de discorrer sobre a conceituação dos direitos e garantias 
fundamentais, cumpre-se a importante missão de buscar fazer a distinção entre 
Direitos e Garantias uma vez que estes institutos não são sinônimos. Os Direitos 
Fundamentais descritos na Constituição podem ser conceituados como normas de 
conteúdo declaratório (por exemplo, direito à honra, locomoção), de outro lado as 
Garantias Fundamentais, também previstas na Constituição, podem ser 
conceituadas como normas de conteúdo assecuratório, que tem o escopo de 
preservar o direito anteriormente declarado (por exemplo, indenização por dano à 
honra, habeas corpus para garantir a locomoção). Assim, podemos aferir que o 
direito se presta a declarar, já a garantia, existe para preservar aquele direito. 
Direitos fundamentais são os considerados indispensáveis à pessoa 
humana, necessários para assegurar a todos uma existência digna, livre e igual. Não 
basta ao Estado reconhecer direitos formalmente; deve buscar concretizá-los, 
incorporá-los no dia a dia dos cidadãos e de seus agentes (PINHO, 2011). 
 
4 
 
 
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Os Direitos e Garantias Fundamentais estão dispostos no Título II da 
Constituição Federal de 1988, divididos em 5 capítulos: 
1) Capítulo I – Dos Deveres e Direitos Individuais e Coletivos; 
2) Capítulo II – Dos Direitos Sociais 
3) Capítulo III – Da Nacionalidade 
4) Capítulo IV – Dos Direitos Políticos 
5) Capítulo V – Dos Partidos Políticos 
 
Quando a CF/88 faz menção aos direitos e garantias fundamentais, ela 
apresenta um gênero que se subdivide em algumas espécies, conforme o Título II 
da Carta Magna. Conforme se verifica, os direitos e garantias fundamentais são 
classificados em: (a) Direitos Individuais e Coletivos, que estão dispostos ao longo 
do art. 5º, entretanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) já estabeleceu que os 
direitos e garantias individuais não se restringem apenas ao art. 5º, podem ser 
encontrados em outros dispositivos constitucionais; (b) Direitos Sociais: encontram-
se estabelecidos do artigo 6º ao 11; (c) Direitos de Nacionalidade: previstos no art. 
12 e 13 da CF/88; (d) Direitos Políticos: previstos do artigo 14 ao 17 . 
Na visão ocidental de democracia, governo pelo povo e limitação de poder 
estão indissoluvelmente combinados. O povo escolhe seus representantes, que, 
agindo como mandatários, decidem os destinos da nação. O poder delegado pelo 
povo a seus representantes, porém, não é absoluto, conhecendo várias limitações, 
inclusive com a previsão de direitos e garantias individuais e coletivas, do cidadão 
relativamente aos demais cidadãos e ao próprio Estado (MORAES, 2003, p. 58). 
Como leciona Norberto Bobbio, (1992, p. 5): 
 
(...) os direitos do homem, por mais fundamentais que sejam, são direitos 
históricos, ou seja, nascidos em certas circunstâncias, caracterizadas por 
lutas em defesa de novas liberdades contra velhos poderes, e nascidos de 
modo gradual, não todos de uma vez e nem de uma vez por todas. (...) o 
que parece fundamental numa época histórica e numa determinada 
civilização não é fundamental em outras épocas e em outras cultuas . 
 
Neste sentido, (CANOTILHO, 1994), estabelece que a função de direitos de 
defesa dos cidadãos sob uma dupla perspectiva: 1) constituem, num plano jurídico-
objectivo, normas de competência negativa para os poderes públicos, proibindo 
5 
 
 
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fundamentalmente as ingerências destes na esfera jurídica individual; 2) implicam, 
num plano jurídico-subjectivo, o poder de exercer positivamente direitos 
fundamentais (liberdade positiva)e de exigir omissões dos poderes públicos, de 
forma a evitar agressões lesivas por parte dos mesmos (liberdade negativa). 
Sobre os Direitos Fundamentais leciona MARTINS (2012, p. 254): 
 
A ideia de direitos fundamentais refere-se intuitivamente àquilo que está na 
base e no fundamento de todos os demais direitos, dada a sua 
essencialidade para a existência do homem como ser pessoal e social. 
Algumas conclusões se podem tirar da simples denominação desses 
direitos: a) estando ligados diretamente à existência e sobrevivência da 
pessoa humana, não podem ser objeto de constituição, mas de declaração, 
como preexistentes ao Estado politicamente organizado (como ocorre com 
a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, formulada na 
Revolução Francesa de 1789, e com a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, formulada pela ONU em 1948; b) gozam de um status jurídico 
diferenciado em relação aos demais direitos, merecendo especial proteção 
e garantia (uma delas a sua inalterabilidade, conforme se infere do art. 60, § 
4º, IV, da Constituição Federal, que coloca os direitos e garantias individuais 
como cláusulas pétreas, infensos à abolição por reforma constitucional); c) 
estruturam-se observando-se uma hierarquia de valores , segundo a qual há 
direitos mais fundamentais do que outros, na medida em que são 
pressuposto da existência dos demais (nemtodos os 137 direitos elencados 
em nossa Carta Magna possuem o mesmo valor fundamental). 
 
 
É inegável que o grau de democracia em um país mede-se precisamente 
pela expansão dos direitos fundamentais e por sua afirmação em juízo. Desse 
modo, pode-se dizer que os direitos humanos fundamentais servem de parâmetro de 
aferição do grau de democracia de uma sociedade (BRANCO, 200, p. 104). 
Em sua obra, NOVELINO (2012, p. 397) leciona que a classificação 
doutrinaria dos direitos fundamentais podem ser sintetizadas em três grupos: 
 
1) classificação unitária, segundo a qual a profunda semelhança entre 
todos direitos fundamentais impede sua classificação em categorias estruturalmente 
distintas; 
 
6 
 
 
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2) classificação dualista, na qual os direitos fundamentais são divididos em 
direitos de defesa (liberdades negativas1, no qual incluem os direitos políticos) e 
direitos prestacionais (liberdades positivas2); 
3) classificação trialista, na qual os direitos fundamentais são divididos em 
direitos de defesa3, direitos a prestações4 e direitos de participação5. 
 
Preliminarmente, é preciso esclarecer que os direitos fundamentais não 
passam de direitos humanos positivados nas Constituições estatais. Nessa 
perspectiva, há forte tendência doutrinária, à qual aderimos, em reservar a 
expressão “direitos fundamentais” para designar os direitos humanos positivados em 
nível interno, enquanto a concernente a “direitos humanos” no plano das 
declarações e convenções internacionais. De conseguinte, os direitos fundamentais 
são direitos assentes na ordem jurídica. São direito que, embora radiquem no direito 
natural, não se esgotam nele e não se reduzem a direitos impostos pelo direito 
natural, pois há direitos naturais conferidos a instituições, grupos ou pessoas 
coletivas (direitos das famílias, das associações, dos sindicatos, dos partidos, das 
empresas, etc.) e muitos deles são direitos pura e simplesmente criados pelo 
 
1
 Liberdades Negativas - é entendida como a não-interferência do poder do Estado sobre as ações individuais: o 
indivíduo é o mais livre quanto mais o Estado deixar de regular a sua vida. A falta de restrições é, portanto, 
diretamente proporcional ao exercício da liberdade negativa. 
 
2
 Liberdade positiva - é definida como ter o poder e os recursos para cumprir suas próprias potencialidades e 
para controlar e determinar suas próprias ações e destino. É a noção de liberdade como auto-realização, em 
oposição a liberdade negativa, que é a liberdade de contenção externa. O conceito de liberdade positiva também 
pode incluir a liberdade de constrangimentos internos.Os conceitos de estrutura são fundamentais para o conceito 
de liberdade positiva, porque, para ser livre, uma pessoa deve ser livre de inibições da estrutura social na 
realização do seu livre arbítrio. Estruturalmente falando classismo, sexismo e racismo podem inibir a liberdade 
de uma pessoa. Liberdade positiva é reforçada pela capacidade dos cidadãos de participar de seu governo e ter 
seus interesses e preocupações reconhecidos como válidos e postos em prática. 
 
3
 Direitos de defesa - caracterizam-se por exigir do Estado, preponderantemente, um dever de abstenção, 
impedindo sua ingerência na autonomia dos indivíduos. São direitos que limitam o poder estatal com o intuito de 
preservar as liberdades individuais (status negativo ou status tibertatis), impondo ao Estado o dever de não 
interferir, não se intrometer, não reprimir e não censurar. 
 
4
 Direitos a prestações - Os direitos a prestações impõem um dever de agir ao Estado. Objetivam a realização 
de condutas ativas por parte dos poderes públicos (status positivo ou status civitatis), seja para a proteção de 
certos bens jurídicos contra terceiros, seja para a promoção ou garantia das condições de fruição desses bens. 
 
5
 Direito de Participação - Os direitos de participação possuem um caráter negativo/positivo e tem por função 
garantir a participação individual na formação da vontade política da comunidade (status ativo ou status da 
cidadania ativa). 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Liberdades_negativas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Livre_arb%C3%ADtrio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sexismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Racismo
7 
 
 
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legislador positivo, de harmonia com as suas legítimas opções e com os 
condicionamentos do respectivo Estado (CUNHA, 2011). 
A sedimentação dos direitos fundamentais como normas obrigatórias é 
resultado de maturação histórica, o que também permite compreender que os 
direitos fundamentais não sejam sempre os mesmos em todas as épocas, não 
correspondendo, além disso, invariavelmente, na sua formulação, a imperativos de 
coerência lógica (MENDES e BRANCO, 2012, p. 120). 
Conforme leciona PEDRO LENZA (2012) a doutrina costuma classificar os 
direitos fundamentais em gerações de direitos. Em um primeiro momento, partindo 
dos lemas da Revolução Francesa — liberdade, igualdade e fraternidade, 
anunciavam-se os direitos de 1.ª, 2.ª e 3.ª dimensão e que iriam evoluir segundo a 
doutrina para uma 4.ª e 5.ª dimensão: 
 
1.1.1 Direitos Fundamentais da 1.ª Dimensão 
 
Marcam a passagem de um Estado autoritário para um Estado de Direito e, 
nesse contexto, o respeito às liberdades individuais, em uma verdadeira perspectiva 
de absenteísmo estatal, podem ser caracterizados como frutos do pensamento 
liberal -burguês do século XVIII. Dizem respeito às liberdades públicas e aos direitos 
políticos, ou seja, direitos civis e políticos a traduzir o valor liberdade (LENZA, 2012). 
Nesse sentido leciona NOVELINO (2012, p. 438): 
 
Nas revoluções liberais (francesa e norte-americana) ocorridas no final do 
Século XVIII, a principal reivindicação da burguesia era a limitação dos 
poderes do Estado em prol do respeito às liberdades individuais. (...) A 
burguesia partia do pressuposto de que a sociedade só poderia se 
regulamentar se seus membros estivessem face a face de forma igualitária 
e livre, razão pela qual o direito era necessário apenas como garantia de 
igual liberdade individual. Nesse período surgiram as primeiras 
Constituições escritas,consagrando direitos fundamentais ligados ao valor 
liberdade, os chamados direitos civis e políticos. Os direitos de primeira 
dimensão têm como titular o individuo e são oponíveis, sobretudo, ao 
Estado, impondo-lhe diretamente um dever de abstenção (caráter negativo). 
 
 
1.1.2 Direitos Fundamentais da 2.ª Dimensão 
 
8 
 
 
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Tem como marco histórico a Revolução Industrial européia, a partir do 
século XIX. Surgiu a partir das péssimas situações e condições de trabalho e na 
busca de reivindicações trabalhistas e normas de assistência social. Neste sentido 
reflete a eclosão dos direitos sociais, culturais e econômicos, bem como dos direitos 
coletivos. (LENZA, 2012). 
Ligados a igualdade material, pertencem a segunda dimensão os direitos 
sociais, econômicos e culturais. Os direitos sociais, apesar de já serem encontrados 
em alguns textos dos séculos XVII e XIX, passaram a ser amplamente garantidos a 
partir das primeiras décadas do século XX (DIMOULIS e MARTINS, p. 68). 
Sobre a segunda geração leciona PINHO (2011, p. 99): 
 
 A segunda geração corresponde aos direitos de igualdade, abrangendo os 
direitos sociais e econômicos. São direitos de conteúdo econômico e social 
que visam melhorar as condições de vida e de trabalho da população. 
Significam uma prestação positiva, um fazer do Estado em prol dos menos 
favorecidos pela ordem social e econômica. Esses direitos nasceram em 
razão de lutas de uma nova classe social, os trabalhadores. Surgiram em 
um segundo momento do capitalismo, com o aprofundamento das relações 
entre capital e trabalho. As primeiras Constituições a estabelecer a proteção 
de direitos sociais foram a mexicana de 1917 e a alemã de Weimar, em 
1919. Exemplos de direitos sociais: salário mínimo, aposentadoria, 
previdência social, décimo terceiro salário e férias remuneradas. 
 
1.1.3 Direitos Fundamentais da 3.ª Dimensão 
 
São marcados pela alteração da sociedade por profundas mudanças na 
comunidade, galgado em amparar solucionar os novos problemas e preocupações 
mundiais: o preservacionismo ambiental; proteção dos consumidores; direito de 
propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e direito de comunicação. 
(LENZA, 2012). 
Dentre os direitos integrantes desta dimensão destacam-se os relacionados 
ao desenvolvimento (ou progresso), ao meio ambiente, a autodeterminação dos 
povos, bem como o direito de propriedade sobre o patrimônio comum da 
humanidade e o direito de comunicação. Trata-se de um rol apenas exemplificativo, 
por não excluir outros direitos decorrentes do dever de solidariedade (BONAVIDES, 
1996). 
 
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1.1.4 Direitos Fundamentais da 4.ª Dimensão 
 
Decorre dos avanços no campo da engenharia genética, ao colocarem em 
risco a própria existência humana, por meio da manipulação do patrimônio genético. 
(LENZA, 2012). 
A quarta dimensão compreende os direitos a democracia, informação e 
pluralismo, introduzidos no âmbito jurídico em razão da globalização política. Esses 
direitos compendiam o futuro da cidadania e correspondem a derradeira fase da 
institucionalização do Estado social, sendo imprescindíveis para a realização e 
legitimidade da globalização política (NOVELINO, 2012, p. 405). 
 
1.1.5 Direitos Fundamentais da 5.ª Dimensão 
 
O direito à paz, supremo direito da humanidade (LENZA, 2012). 
 
 
1.2 Evolução Histórica 
 
Desde os primórdios, a humanidade atravessou diversos períodos, cada 
qual com suas especificidades, trazendo elementos negativos e positivos, neste 
diapasão, é crível estabelecer que, embora de forma lenta e gradual, houve 
significativa evolução no campo científico, tecnológico, político, econômico, social e 
jurídico. 
Este é o mesmo caminho percorrido pelos direitos inerentes à pessoa 
humana. Evoluem paulatinamente na mesma velocidade da evolução social. São 
percebidos, reconhecidos e construídos concomitantemente à experiência da vida 
do homem em sociedade. 
Sobre a história dos direitos fundamentais leciona DIRLEY CUNHA, (2011, 
p. 584): 
 
Os direitos fundamentais foram identificados, historicamente, como os 
valores mais importantes da convivência humana, ou seja, aqueles sem os 
10 
 
 
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quais as sociedades acabam perecendo, fatalmente por um processo 
irreversível de desagregação. Desse modo, mostra-se indispensável o 
recurso à História, a fim de que, à vista da gênese e do desenvolvimento 
dos direitos fundamentais, cada um deles se torne melhor compreendido. A 
compreensão histórica dos direitos fundamentais, portanto, exerce um papel 
extraordinariamente importante, pois permite verificar a variedade de 
condições de realização dos direitos do homem, dentro da unidade do 
gênero humano, as experiências em confronto, ora de sedimentação, ora de 
crise e a descoberta de novos percursos e novos avanços. Mas não basta 
observar passivamente a história. É necessário refletir sobre ela e vinculá-la 
ao destino do ser humano em concreto, à consciência que tenha de si 
mesmo, à consciência que tenha dos seus direitos ou da necessidade de os 
adquirir e alargar em todos os domínios da vida social e política. Daí a 
importância do estudo sobre os antecedentes históricos e a evolução dos 
direitos fundamentais. 
 
 
No transcorrer do tempo o homem em sociedade sentiu a necessidade de 
estabelecer métodos de colocar sob a proteção de algum tipo de contrato social (as 
leis) os direitos inerentes ao ser humano. Percebeu a necessidade de proteger tais 
direitos para a consecutiva construção de uma sociedade justa. 
Percebeu, ainda, que deveria, sobretudo, colocar sobre a proteção coercitiva 
do Estado – sob o império das leis – o bem jurídico mais importante dentre tantos 
outros, que este deveria servir de norte a todos os demais direitos estabelecidos 
pelo ordenamento jurídico, e neste sentido identificou-o como o bem da vida. Mas 
não apenas, e simplesmente, á vida orgânica, mas a vida digna. 
 A partir deste momento a dignidade da pessoa humana passou a ter 
contornos especiais e grande relevo, em consonância com as transformações 
sociais, fruto das exigências de uma sociedade que clamava por esta proteção. 
Assim, temos que o reconhecimento de direitos humanos, assim como a 
positivação dos direitos fundamentais apenas foi possível através da evolução 
histórica, ou seja, tais direitos não surgiram todos de uma vez, mas foram sendo 
descobertos, declarados conforme as próprias transformações da civilização 
humana, sendo a luta pela limitação do poder político um dos principais fatores para 
o acolhimento destes direitos (COMPARATO, 2003, p. 40). 
A doutrina estabelece como marco nascedouro da limitação do poder político 
o episódio histórico ocorrido século X a.C. no qual se instituiu o reino de Israel, cujo 
Rei Davi, que se auto intitulava delegado de Deus, ungido a aplicar da lei de Deus, 
que não mais o fazia como faziam os monarcas de sua época, proclamando-se ora 
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como o próprio Deus ora como um legislador que poderia dizer o que é justo e o que 
é injusto. 
A Grécia Antiga foi marco importante para o reconhecimento dos direitos 
humanos, havendo colaborado no sentido deestabelecer a pessoa humana como 
centro da questão filosófica, uma vez que passou a desconsiderar a explicação 
mitológica6 da realidade para focar-se na explicação antropocentrista7 (MARTINS, 
2003), o que possibilitou a reflexão sobre a vida humana. 
Foi também na Grécia que começou a germinar a idéia do direito natural8 em 
patamar superior ao direito positivo9, tendo em vista a diferença entre lei particular 
que cada povo elabora para sua realidade social mesmo e a lei comum que consiste 
na possibilidade de estabelecer diferença entre o que é justo e o que é injusto, 
utilizando-se, para tanto, os parâmetros norteadores da natureza humana, essa 
distinção feita por Aristóteles tem como exemplo a peça Antígona onde se invoca 
leis imutáveis contra a lei particular que impedia o enterro de seu irmão (LAFER, 
1998). 
Sobre a evolução do Direito Natural na Grécia antiga, leciona MARTINS, 
(2012, p. 261): 
 
 
6
 Mitológico – Que provem da mitologia. O termo mitologia pode referir-se tanto ao estudo de mitos ou a um 
conjunto de mitos. Por exemplo, mitologia comparada é o estudo das conexões entre os mitos de diferentes 
culturas, ao passo que mitologia grega é o conjunto de mitos originários da Grécia Antiga. O termo "mito" é 
frequentemente utilizado coloquialmente para se referir a uma história falsa, mas o uso acadêmico do termo não 
denota geralmente um julgamento quanto à verdade ou falsidade. 
 
7
 Antropocentrismo - (do grego anthropos, "humano"; e, kentron, "centro") é uma concepção que considera que 
a humanidade deve permanecer no centro do entendimento dos humanos, isto é, o universo deve ser avaliado de 
acordo com a sua relação com o Homem, sendo que as demais espécies, bem como tudo mais, existem para 
servi-los. O antropocentrismo coloca o homem no centro do universo, postulando que tudo o que existe foi 
concebido e desenvolvido para a satisfação humana. 
 
8
 Direito Natural - O direito natural é o núcleo de juridicidade que é próprio da dignidade da pessoa humana, 
isto é, o núcleo jurídico da ordem do dever-ser que é inerente ao estatuto ontológico ou dignidade do homem. 
Dado, então, que o direito natural é a expressão jurídica da dignidade da pessoa humana – de seu estatuto 
ontológico -, pode-se dizer que a pessoa é o fundamento do direito natural, enquanto inere a ela e é expressão de 
sua ordem do dever-ser. 
 
9
 Direito Positivo - Direito positivo é o conjunto de princípios e regras que regem a vida social de 
determinado povo em determinada época. Diretamente ligado ao conceito de vigência, o direito positivo, em 
vigor para um povo determinado, abrange toda a disciplina da conduta humana e inclui as leis votadas pelo poder 
competente, os regulamentos e as demais disposições normativas, qualquer que seja a sua espécie. Por definir-se 
em torno de um lugar e de um tempo, é variável, por oposição ao que os jusnaturalistas entendem ser o direito 
natural. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mitologia_grega
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia_Antiga
https://pt.wikipedia.org/wiki/Coloquialismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_grega
https://pt.wikipedia.org/wiki/Homem
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Povo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vig%C3%AAncia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei
https://pt.wikipedia.org/wiki/Separa%C3%A7%C3%A3o_dos_poderes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Separa%C3%A7%C3%A3o_dos_poderes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_natural
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_natural
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Os mais antigos jusnaturalistas foram os sofistas, filósofos gregos que, 
paradoxalmente,desenvolveram visão diametralmente oposta ao genuíno 
jusnaturalismo. Conhecidos através dos diálogos de Platão (427-347 a.C.), 
os jusnaturalistas sofistas preocupam-se com o fundamento da ordem 
social, que seria distinto das leis humanas. Não chegam a captar a essência 
racional da lei natural, por confundi-la com o elemento instintivo no ser 
humano (“cupiditas naturalis”),tornando o dever-ser equivalente ao ser. 
 
(...) Tão antigo quanto o jusnaturalismo sofista, temos o jusnaturalismo 
teológico, que congrega antigos e modernos pensadores cujo denominador 
comum é fundamentar o Direito Natural na Vontade de Deus, como 
Supremo Legislador da Natureza, já que seu Criador. 
 
(...) Parece-nos que o melhor dos esteios para o Direito Natural o 
encontramos em Aristóteles (384- 322 a.C.), que teve o mérito de 
condensar e sistematizar toda a filosofia grega antiga, num corpo de 
escritos de uma abrangência temática impressionante, que se preservou e 
chegou até nós, acompanhada por seus comentadores gregos, árabes e 
latinos. Quer em seus escritos ligados às hoje denominadas Ciências 
Exatas, quer em relação às Ciências Sociais, o Estagirita parte da premissa 
fática, de captação empírica, de que a Natureza age finalisticamente, o que 
se aplica também ao homem, que age sempre com vista a um fim, que é a 
busca de um bem13. A lei natural em Aristóteles é decorrência direta da 
razão humana e, desse modo, exclusiva do homem, que a experimenta 
autonomamente dentro de si. Não tem, portanto, fundamento teológico, 
tampouco nas leis criadas pelos homens14, que variam no tempo e no 
espaço, mas sim na própria natureza do homem, que é invariável e 
universal, passível de captação pela experiência. 
 
Na Roma clássica também existiu o ius gentium10 que atribuía alguns 
direitos aos estrangeiros embora em quantidade inferior aos dos romanos 
(MIRANDA, 2000, p. 16) e a própria possibilidade de participação do povo nos 
assuntos da cidade serviram de limitação para o exercício do poder político 
(COMPARATO, 2003, p. 43). 
O cristianismo contribuiu filosoficamente para o estabelecimento dos direitos 
humanos ao limitar o poder político. Neste sentido pode-se observar a distinção 
realizada pelo Evangelho de São Marco, capítulo 12, versículo 17, entre o que é de 
“César” e o que é de “Deus”, bem como, na Epístola ao Gálatas, capítulo 3, 
versículo 26, no fato da salvação através de Jesus Cristo ser possível a todas as 
pessoas de todos os povos. 
Neste mesmo sentido, ainda encontramos respaldo nas lições de MARTINS 
(2012, p. 263): 
 
 
10
 Ius gentium ou jus gentium - ("direito das gentes" ou "direito dos povos", em latim) compunha-se das normas 
de direito romano que eram aplicáveis aos estrangeiros. 
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S. Tomás de Aquino (1224-1274), sem dúvida a grande cabeça da Idade 
Média, ao lado de S. Agostinho, teve como um dos méritos, não menores, o 
de apoiar sua construção teórica na filosofia aristotélica (como o Bispo de 
Hipona o fez com o pensamento platônico). Nesse sentido, pode-se falar em 
síntese aristotélico-tomista para o fundamento que desenvolve para o 
Direito Natural, de caráter racional e empírico, cuja solidez e harmonia de 
princípios recomenda uma explanação mais ampla, já que, a nosso ver, não 
chegou a ser superada por nenhuma outra posterior (mas apenas 
incompreendida por uns ou aperfeiçoada em seus desdobramentos por 
outros). Daí chamarmos de jusnaturalismo clássico aquele oriundo da fusão 
do pensamento de Aristóteles e Tomás de Aquino, revisitado e prestigiado 
modernamente por mestres tanto de tradição romano-germânica quanto 
anglo-americana. 
(...) S. Tomás de Aquino discute o tema do Direito Natural em duas partes 
da Suma Teológica: quando trata das questões relativas à lei (I-II, q. 90-
108) e quando aborda as questões relativas à justiça (II-II, q. 57-80).Para 
se entender o que é a lei natural, deve-se analisar o gênero “lei” e a espécie 
“natural”, distinguindo-a das demais que estão sob o denominador comum 
de lei. Eis a definição que S. Tomás dá de lei: 
“A lei é certa regra e medida dos atos, segundo a qual alguém é levado a 
agir ou a apartar-se da ação. Diz-se, com efeito, lei do que deve ser ligado, 
pois obriga a agir” (I-II, q. 90, art. 1, resp). A lei natural se distingue da lei 
positiva pelo fato da primeira decorrer da natureza das coisas e a outra ser 
editada pelo homem. 
 
É com o cristianismo que todos os seres humanos, só por o serem e sem 
acepção de condições, são considerados pessoas dotadas de um eminente valor. 
Criados a imagem e semelhança de Deus, todos os homens e mulheres são 
chamados à salvação através de Jesus, que, por eles, verteu o seu sangue. Criados 
à imagem e semelhança de Deus, todos têm uma liberdade irrenunciável que 
nenhuma sujeição política ou social pode destruir (MIRANDA, 2000, p. 17). 
Na idade média a sociedade era caracterizada pela descentralização política 
com a existência de diversos centros de poder, isso por influência do catolicismo e 
pelo feudalismo, decorrente da dificuldade de praticar a atividade comercial. Nesta 
época reconheciam-se apenas duas castas as quais eram detentoras de direitos: o 
Clero e a Nobreza. A partir da segunda metade da Idade Média começa-se a difundir 
documentos escritos reconhecendo direitos a determinados estamentos, a 
determinadas comunidades, nunca a todas as pessoas, principalmente através de 
forais ou cartas de franquia (FERREIRA FILHO, 1998). 
Dentre estes documentos, merece destaque a Magna Carta, outorgada por 
João Sem-Terra no século XII devido a pressões exercidas pelos barões 
decorrentes do aumento de exações fiscais para financiar campanhas bélicas e 
pressões da igreja para o Rei submeter-se a autoridade papal. Tal documento 
14 
 
 
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reconheceu vários direitos, tais como a liberdade eclesial, a não existência de 
impostos, sem anuências dos contribuintes, a propriedade privada, a liberdade de ir 
e vir e a desvinculação da lei e da jurisdição da pessoa do monarca (COMPARATO, 
2003). 
No campo teórico foi de fundamental importância os escritos de São Tomás 
de Aquino ressaltando a dignidade e igualdade do ser humano por ter sido criado a 
imagem e semelhança de Deus e distinguindo quatro classes de lei, a lei eterna, a 
lei natural, a lei divina e a lei humana, esta última, fruto da vontade do soberano, 
entretanto devendo estar de acordo com a razão e limitada pela vontade de Deus 
(MAGALHÃES, 2000). 
DALLARI (2000, p. 54) leciona que: 
 
No final da Idade Média, no século XIII, aparece a grande figura de Santo 
Tomás de Aquino, que, tomando a vontade de Deus como fundamento dos 
direitos humanos, condenou as violências e discriminações, dizendo que o 
ser humano tem direitos naturais que devem ser sempre respeitados, 
chegando a afirmar o direito de rebelião dos que forem submetidos a 
condições indignas. 
 
 
A prática jurídica, entretanto demonstrou uma prevalência do grupo sobre o 
indivíduo, não existindo direitos humanos universais, ou seja, reconhecidos para 
toda e qualquer pessoa, mas sim direitos dirigidos a determinados estamentos 
aliados a uma limitação territorial (RUBIO, 1998, p. 72). 
Quando a feudalismo entrou em colapso, acompanhado pela 
descentralização política e pelo predomínio do magistério da Igreja Católica11, 
iniciou-se um processo de mudanças em diversos matizes sociais. 
Nesse sentido leciona (MARTINÉZ, 1999): 
 
Essa mudança comportamental é decorrente de vários fatores tais como o 
desenvolvimento do comercio que criou uma nova classe, a burguesia, que 
não participava da sociedade feudal; a aparição do Estado Moderno, 
ocorrendo a centralização do poder político, ou seja, o direito passa a ser o 
mesmo para todos dentro do reino, sem as inúmeras fontes de comando 
que caracterizavam o medievo; uma mudança de mentalidade, os 
fenômenos passam a ser explicados cientificamente, através da razão e não 
 
11
 Magistério da Igreja Católica (em latim: Magisterium) - refere-se à função de ensinar que é própria da 
autoridade da Igreja e que, por isso, deve ser obedecido e seguido pelos demais católicos. 
15 
 
 
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apenas através de uma visão religiosa, ocorrendo portanto uma 
mundialização da cultura. 
 
Com o Estado Moderno que surge galgado em uma nova classe, a 
burguesa, e diante da necessidade de mitigar o poder do Estado para desenvolver 
sua atividade com segurança, o indivíduo começará a ter preferência sobre o grupo. 
O reconhecimento formal dos direitos do homem à liberdade e à igualdade 
foi produto direto do pensamento liberal-burguês do século XVIII, fortemente 
marcado pela doutrina individualista e pela crescente noção de que o Estado não 
mais podia intervir na esfera de autonomia individual de cada um. (MARTINS, 2012). 
Outro ponto importante para o reconhecimento de direitos inerentes a 
pessoa humana foi a Reforma Protestante que contestou a uniformidade da Igreja 
Católica, dando importância a interpretação pessoal das Sagradas Escrituras, 
através da razão (LALAGUNA, 1993, p. 15). 
Ressalta-se o Edito de Nantes onde o Rei Enrique IV da França proclamou a 
liberdade religiosa, num claro reconhecimento do direito que cada pessoal tem de 
participar, de acreditar em uma religião, ou também de não acreditar ou não 
participar de nenhuma. Embora seja reconhecido o avanço de tal documento, este 
direito era uma mera concessão real, tanto que foi revogado por Luis XIV (RUBIO, 
1998, p. 73). 
Não se pode negar a importância das Revoluções inglesa, americana e 
francesa para o reconhecimento de direitos inerentes a pessoa humana, cada uma é 
claro contribuindo da sua maneira, sendo as duas; últimas as que influenciaram as 
constituições do século XIX (RUBIO, 1998, p. 82). 
A Revolução Gloriosa, esta vinculada a própria evolução histórica de 
reconhecimento de direitos aos ingleses e de limitação do poder real que ocorria, 
desde a Carta Magna sendo, portanto, uma evolução pragmática, uma continuação 
de conquistas anteriores e não uma ruptura com o Antigo Regime como a Revolução 
Francesa (MARTÍNEZ, 1999, p. 148). 
Nesse sentido leciona SILVA (2011, p. 150): 
 
16 
 
 
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Na Inglaterra, elaboraram-se cartas e estatutos assecuratórios de direitos 
fundamentais, como a Magna Carta 
12
(1215 – 1225), a Petition of Rights
13
 
(1628), o Habeas Corpus Amendment Act 
14
(1679) e o Bill of Rights 
15
 
(1688). Não são, porém, declarações de direitos no sentido moderno, que 
só apareceram no século XVIII com as revoluções: americana e francesa. 
Tais textos limitados e à vezes estamentais, no entanto, condicionaram a 
formação de regras consuetudinárias de mais ampla proteção dos direitos 
humanos fundamentais. Realmente a estabilidade e o sempre firme 
desenvolvimento das instituições inglesas bastaram para tornar ociosa uma 
lista maior das liberdades públicas. A constante afirmação do Parlamento 
inglês e dos precedentes judiciais, formando a common law
16
, fora 
suficientes com aqueles documentos históricos, para assentar o mais firme 
respeito pelos direitos fundamentais do homem. 
 
O Bill of Rights de 1689, reconheceu alguns direitos ao indivíduo o direito de 
liberdade,o direito a segurança e o direito a propriedade privada, direitos estes que 
já haviam sido consagrados em outros documentos, entretanto como eram 
constantemente violados pelo poder real foram recordados na esperança de que 
desta fez fossem respeitados (ARAGÃO, 2001, p. 32). 
Também impôs limites ao poder real, pois deslocou para o Parlamento as 
competências de legislar e de criar tributos, e institucionalizou a separação de 
 
12
 Magna Carta - Carta das liberdades, ou concórdia entre o rei João e os barões para a outorga das liberdades 
da Igreja e do rei Inglês, é um documento de 1215 que limitou o poder dos monarcas da Inglaterra, 
especialmente o do rei João, que o assinou, impedindo assim o exercício do poder absoluto. Resultou de 
desentendimentos entre João, o Papa e os barões ingleses acerca das prerrogativas do soberano. Segundo os 
termos da Magna Carta, João deveria renunciar a certos direitos e respeitar determinados procedimentos legais, 
bem como reconhecer que a vontade do rei estaria sujeita à lei. Considera-se a Magna Carta o primeiro capítulo 
de um longo processo histórico que levaria ao surgimento do constitucionalismo. 
 
13
 Petition of Rights - O direito de petição nasceu na Inglaterra, durante a Idade Moderna, fruto dasRevoluções 
inglesas, especialmente a de 1628. Compreendido na Carta Magna de 1215, o right of petition somente se 
consolidou na Declaração de Direitos de 1689, consistindo no simples direito de o Grande Conselho, e depois de 
o Parlamento, pedir ao rei que sancionasse leis. 
 
14
 Habeas Corpus Amendment Act - Outro acontecimento ocorrido na Inglaterra e também de grande 
importância para o desenvolvimento dos direitos humanos foi o surgimento do Habeas Corpus Act em 1679, que 
foi uma lei do Parlamento da Inglaterra criada durante o reinado do Rei Charles II que buscava definir e reforçar 
o antigo e já existente instituto do habeas corpus, como garantia da liberdade individual contra a prisão ilegal, 
abusiva ou arbitrária. O Habeas Corpus Act muitas vezes é erradamente descrito como a origem do recurso 
dehabeas corpus. Entretanto, o habeas corpus já existia na Inglaterra há pelo menos três séculos antes. 
 
15
 Bill of Rights - A Declaração de direito de 1689 (em inglês Bill of Rights of 1689) é um documento feito na 
Inglaterra pelo Parlamento que determinou, entre outras coisas, a liberdade, a vida e a propriedade privada, 
assegurando o poder do Parlamento na Inglaterra. 
 
16
 Common Law - é um termo utilizado nas ciências jurídicas para se referir a um sistema de Direito cuja 
aplicação de normas e regras não estão escritas mas sancionadas pelo costume ou pela jurisprudência. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/1215
https://pt.wikipedia.org/wiki/Inglaterra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_de_Inglaterra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Absolutismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rei
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei
https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitucionalismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Inglaterra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_Moderna
https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_inglesa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_inglesa
https://pt.wikipedia.org/wiki/1628
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bill_of_Rights
https://pt.wikipedia.org/wiki/1689
17 
 
 
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poderes, eliminando o Absolutismo pela primeira vez desde o Início da Idade 
Moderna sendo esta sua principal contribuição (COMPARATO, 2003, p. 90). 
COMPARATO (2003, p. 92) leciona: 
 
A Revolução Inglesa apresenta, assim, um caráter contraditório no tocante 
as liberdades públicas. Se, de um lado, foi estabelecida pela primeira vez no 
Estado moderno a separação de poderes como garantia das liberdades 
civis, por outro lado essa fórmula de organização estatal, no Bill of Rights, 
constituiu o instrumento político de imposição, a todos os súditos do rei da 
Inglaterra, de uma religião oficial. 
 
Muitos ingleses, temerosos pela perseguição contra aqueles que não 
comungavam da religião oficial acabaram fugindo para a colônia americana 
buscando ali um novo estilo de vida baseado na liberdade e na tolerância, 
carregando consigo a idéia de que existem alguns direitos inerentes à pessoa 
humana que o poder político deve respeitar (RUBIO, 1998, p. 82). 
Em 1765 os colonos americanos, devido a várias imposições fiscais 
impostas pela metrópole, reuniram-se tentando impugna-las, com nítida influência 
da no taxation without representation17, reivindicando o mesmo direito que os súditos 
da matriz possuíam, procurando criar uma confederação, encabeçada pelo Monarca 
e com uma assembléia representativa para cada unidade federada, portanto 
inicialmente os colonos queriam continuar sob a proteção inglesa, entretanto esta 
solução não foi possível dificultando cada vez mais a relação entre a Inglaterra e a 
América (FIORAVANTI, 2003, p. 80 e 81). 
Em 1773, na cidade de Boston, um grupo de 300 pessoas lançou ao mar 
caixas contendo chá devido em protesto pelos impostos instituídos pela Coroa 
britânica sobre produtos nativos. Em 1774 criou-se um exército comum entre as 
colônias demonstrando que o respeito a Metrópole estava cada vez mais frágil 
abrindo caminho para a Independência (RUBIO, 1998, p. 83). 
Em 1776 é elaborada a Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia 
afirmando que todos os seres humanos são livres e independentes, possuindo 
direitos inatos, tais como a vida, a liberdade, a propriedade, a felicidade e a 
 
17
 Taxation without representation - A frase que marcou a identidade independentista americana foi a célebre 
"no taxation without representation": nenhuma tributação sem representação responsável dos governantes. 
18 
 
 
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segurança, registrando o início do nascimento dos direitos humanos na história 
(COMPARATO, 2003, p. 49). 
Sobre a declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia leciona CUNHA 
(2011): 
 
Cuida-se da primeira Declaração de Direitos em sentido moderno. Esta 
declaração marca a transição dos direitos de liberdade do povo inglês para 
os direitos fundamentais constitucionais. A Declaração da Virgínia 
formulada pelos representantes do bom povo de Virgínia (uma das treze 
colônias Inglesas na América do Norte), em 16 de junho de 1776, ou seja, 
antes mesmo da declaração de independência das treze colônias inglesas, 
preocupou-se, essencialmente, com a fundação de um governo democrático 
e organização de um sistema de limitação de poderes, inspirada na crença 
da existência de direitos naturais imprescritíveis do homem. Para termos 
uma ideia dessa afirmação, basta observarmos o que dispunham os dois 
primeiros parágrafos da declaração em comento, que expressam com 
clareza os fundamentos do regime democrático: o reconhecimento de 
direitos inatos de toda pessoa humana e o princípio de que todo poder 
emana do povo. Firma também os princípios da igualdade de todos perante 
a lei (rejeitando os privilégios e a hereditariedade dos cargos públicos) e da 
liberdade. 
 
 
A Declaração de Independência dos Estados Unidos é elaborada em quatro 
de julho de 1776 e como ponto central afirma que todos os homens são iguais 
perante Deus e que este lhes deu direitos inalienáveis acima de qualquer poder 
político, citando a vida, a liberdade, a busca pela felicidade e relacionando uma série 
de abusos cometidos pelo Rei da Inglaterra, explicando os motivos da separação 
política. 
Após tal separação o povo norte-americano passa a serlivre para seguir seu 
próprio destino, elaborando em 1787 a Constituição Federal dos Estados Unidos da 
América que estruturou o Estado Federal e distribuiu competências, entretanto não 
fez qualquer menção a direitos humanos, estes apenas tornar-se-iam constitucionais 
em 1791 através de dez emendas, consagrado a liberdade, a inviolabilidade do 
domicílio, a segurança, o devido processo legal, a proporcionalidade da pena, 
constitucionalizando assim os direitos inerentes a pessoa humana (RUBIO, 1998, p. 
85). 
Em 1789 a humanidade assistiu ao surgimento da Declaração de Direitos do 
Homem e do Cidadão, que iria influenciar todo o constitucionalismo que se seguiu. 
19 
 
 
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Antes dela, porém, em solo norte-americano, tem-se a Declaração de Direitos da 
Virgínia, de 1776 (TAVARES, 2012, p. 488). 
 
 
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão (1789). 
Os representantes do povo francês, reunidos em Assembléia Nacional, 
tendo em vista que a ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos 
do homem são as únicas causas dos males públicos e da corrupção dos 
Governos, resolveram declarar solenemente os direitos naturais, 
inalienáveis e sagrados do homem, a fim de que esta declaração, sempre 
presente em todos os membros do corpo social, lhes lembre 
permanentemente seus direitos e seus deveres; a fim de que os atos do 
Poder Legislativo e do Poder Executivo, podendo ser a qualquer momento 
comparados com a finalidade de toda a instituição política, sejam por isso 
mais respeitados; a fim de que as reivindicações dos cidadãos, doravante 
fundadas em princípios simples e incontestáveis, se dirijam sempre à 
conservação da Constituição e à felicidade geral. 
Em razão disto, a Assembléia Nacional reconhece e declara, na presença e 
sob a égide do Ser Supremo, os seguintes direitos do homem e do cidadão: 
Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções 
sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum. 
Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos 
naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a 
propriedade a segurança e a resistência à opressão. 
Art. 3º. O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. 
Nenhuma operação, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela 
não emane expressamente. 
Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o 
próximo. Assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem 
por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da 
sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser 
determinados pela lei. 
Art. 5º. A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não 
é vedado pela lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a 
fazer o que ela não ordene. 
Art. 6º. A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o 
direito de concorrer, pessoalmente ou através de mandatários, para a sua 
formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja para 
punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis 
a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua 
capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos 
seus talentos. 
Art. 7º. Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos 
determinados pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os 
que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias 
devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude 
da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de 
resistência. 
Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente 
necessárias e ninguém pode ser punido senão por força de uma lei 
estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada. 
Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, 
se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da 
sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei. 
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Art. 10º. Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões 
religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública 
estabelecida pela lei. 
Art. 11º. A livre comunicação das idéias e das opiniões é um dos mais 
preciosos direitos do homem. Todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, 
imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade 
nos termos previstos na lei. 
Art. 12º. A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma 
força pública. Esta força é, pois, instituída para fruição por todos, e não para 
utilidade particular daqueles a quem é confiada. 
Art. 13º. Para a manutenção da força pública e para as despesas de 
administração é indispensável uma contribuição comum que deve ser 
dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades. 
Art. 14º. Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus 
representantes, da necessidade da contribuição pública, de consenti-la 
livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a repartição, a coleta, 
a cobrança e a duração. 
Art. 15º. A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público 
pela sua administração. 
Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos 
nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição. 
Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém 
dela pode ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente 
comprovada o exigir e sob condição de justa e prévia indenização. 
 
Já no século XX verifica-se uma proliferação de convenções de caráter 
universal ou regional, consagrando diversos direitos. Assim, tem-se a Declaração 
Universal de Direitos do Homem, adotada em 1948 pela Assembléia Geral da ONU, 
e a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, só para citar duas delas. 
(TAVARES, 2012, p. 488). 
 
CARTA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 
Declaração Universal dos Direitos Humanos 
Assembléia Geral da ONU, 10 de dezembro de 1978 
Preâmbulo - Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a 
todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e 
inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no 
mundo; 
Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do Homem 
conduziram a actos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade 
e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de 
falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais 
alta inspiração do Homem; 
Considerando que é essencial a proteção dos direitos do Homem através de 
um regime de direito, para que o Homem não seja compelido, em supremo 
recurso, à revolta contra a tirania e a opressão; 
Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações 
amistosas entre as nações; 
Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de 
novo, a sua fé nos direitos fundamentais do Homem, na dignidade e no 
valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das 
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mulheres e se declaram resolvidos a favorecer o progresso social e a 
instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla; 
Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, 
em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito 
universal eefectivo dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais; 
Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da 
mais alta importância para dar plena satisfação a tal compromisso: 
A Assembléia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos 
Humanos como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as 
nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os orgãos da sociedade, 
tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela 
educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por 
promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o 
seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efectivos tanto entre as 
populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios 
colocados sob a sua jurisdição. 
Artigo 1° Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e 
em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com 
os outros em espírito de fraternidade. 
Artigo 2° Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as 
liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, 
nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião 
política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou 
de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção 
fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território 
da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob 
tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania. 
Artigo 3° Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança 
pessoal. 
Artigo 4° Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a 
escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos. 
Artigo 5° Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos 
cruéis, desumanos ou degradantes. 
Artigo 6° Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os 
lugares, da sua personalidade jurídica. 
Artigo 7° Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual 
protecção da lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer 
discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer 
incitamento a tal discriminação. 
Artigo 8° Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições 
nacionais competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais 
reconhecidos pela Constituição ou pela lei. 
Artigo 9° Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado. 
Artigo 10° Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua 
causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente 
e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de 
qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida. 
Artigo 11° 1.Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se 
inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso 
de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa 
lhe sejam asseguradas. 2.Ninguém será condenado por acções ou 
omissões que, no momento da sua prática, não constituíam acto delituoso à 
face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida 
pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o acto 
delituoso foi cometido. 
Artigo 12° Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na 
sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à 
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sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa 
tem direito a protecção da lei. 
Artigo 13° 1.Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a 
sua residência no interior de um Estado. 2.Toda a pessoa tem o direito de 
abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de 
regressar ao seu país. 
Artigo 14° 1.Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e 
de beneficiar de asilo em outros países. 2.Este direito não pode, porém, ser 
invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito 
comum ou por actividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações 
Unidas. 
Artigo 15° 1.Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade. 
2.Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do 
direito de mudar de nacionalidade. 
Artigo 16° 1.A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de 
casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade 
ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm 
direitos iguais. 2.O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno 
consentimento dos futuros esposos. 3.A família é o elemento natural e 
fundamental da sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado. 
Artigo 17° 1.Toda a pessoa, individual ou colectiva, tem direito à 
propriedade. 2.Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua 
propriedade. 
Artigo 18° Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de 
consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de 
religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou 
convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo 
ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos. 
Artigo 19° Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de 
expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões 
e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, 
informações e idéias por qualquer meio de expressão. 
Artigo 20° 1.Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de 
associação pacíficas. 2.Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma 
associação. 
Artigo 21° 1.Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos 
negócios, públicos do seu país, quer directamente, quer por intermédio de 
representantes livremente escolhidos. 2.Toda a pessoa tem direito de 
acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país. 3.A 
vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e 
deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por 
sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo 
equivalente que salvaguarde a liberdade de voto. 
Artigo 22° Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à 
segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos 
econômicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e 
à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos 
de cada país. 
Artigo 23° 1.Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do 
trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção 
contra o desemprego. 2.Todos têm direito, sem discriminação alguma, a 
salário igual por trabalho igual. 3.Quem trabalha tem direito a uma 
remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma 
existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, 
por todos os outros meios de protecção social. 4.Toda a pessoa tem o 
direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos 
para defesa dos seus interesses. 
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Artigo 24° Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, 
especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e as férias 
periódicas pagas. 
Artigo 25° 1.Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe 
assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à 
alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda 
quanto aos serviços sociais necessários, etem direito à segurança no 
desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros 
casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes 
da sua vontade. 2.A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a 
assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do 
matrimônio, gozam da mesma protecção social. 
Artigo 26° 1.Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser 
gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O 
ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser 
generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos 
em plena igualdade, em função do seu mérito. 2.A educação deve visar à 
plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do 
Homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a 
tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou 
religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações 
Unidas para a manutenção da paz. 3.Aos pais pertence a prioridade do 
direito de escholher o género de educação a dar aos filhos. 
Artigo 27° 1.Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida 
cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso 
científico e nos benefícios que deste resultam. 2.Todos têm direito à 
protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção 
científica, literária ou artística da sua autoria. 
Artigo 28° Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano 
internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efectivos os direitos e 
as liberdades enunciadas na presente Declaração. 
Artigo 29° 1.O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual 
não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade. 2.No 
exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito 
senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a 
promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos 
outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública 
e do bem-estar numa sociedade democrática. 3.Em caso algum estes 
direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente e aos fins e aos 
princípios das Nações Unidas. 
Artigo 30° Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser 
interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou 
indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum 
acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados. 
 
 
A partir da Declaração Universal dos Direitos do Homem, datada de 10 de 
dezembro de 1948, os direitos fundamentais, passaram a ter conotação mais 
relevante perante a comunidade internacional, como também no ordenamento 
jurídico interno de cada Estado. 
Pode-se considerar, portanto direitos humanos como aqueles direitos que 
buscam a proteção da pessoa humana tanto em seu aspecto individual como em 
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seu convívio social, em caráter universal (ANTUNES, 2005, p. 340), sem o 
reconhecimento de fronteiras políticas todas decorrentes de conquistas históricas e 
independentes de positivação em uma ordem específica. Já os direitos 
fundamentais, estes somente nascem para a sociedade quando positivados por um 
ordenamento jurídico específico, geralmente quando previstos nas normas 
constitucionais de um Estado. 
Nesse sentido leciona Wolfgang Sarlet (2005, p. 35 e 36): 
 
(...) o termo direitos fundamentais se aplica para aqueles direitos do ser 
humano reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional 
positivo de determinado Estado, ao passo que a expressão direitos 
humanos guardaria relação com os documentos de direito internacional, por 
referir-se àquelas posições jurídicas que se reconhecem ao ser humano 
como tal, independentemente de sua vinculação com determinada ordem 
constitucional, e que, portanto aspiram à validade universal, para todos os 
povos e tempos, de tal sorte que revelam um inequívoca caráter 
supranacional. 
 
 
Portanto a expressão direitos humanos é utilizada para designar o momento 
em que surgem ou são estabelecidos pela humanidade, já a expressão direitos 
fundamentais é utilizada quando estes direitos são positivados no ordenamento 
jurídico de determinado Estado. 
 
1.3 Características 
 
 
Os direitos fundamentais - como categoria jurídica fundamental reconhecida 
em razão da dignidade da pessoa humana e essencial num Estado Constitucional 
Democrático de Direito - possuem características comuns que os identificam entre si 
e os distinguem das outras categorias jurídicas (CUNHA, 2011): 
Nesse sentido são apontadas pela loutrina as seguintes características: 
 
1.3.1 Historicidade 
 
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Para os autores que não aceitam uma concepção jusnaturalista, de direitos 
inerentes à condição humana, decorrentes de uma ordem superior, os direitos fundamentais 
são produtos da evolução histórica. Surgem das contradições existentes no seio de uma 
determinada sociedade (PINHO, 2011, p. 98). 
Nesse sentido lecionam MENDES e BRANCO (2012, p. 126): 
 
Se os direitos fundamentais não são, em princípio, absolutos, não podem 
pretender valia unívoca de conteúdo a todo tempo e em todo lugar. Por isso, 
afirma-se que os direitos fundamentais são um conjunto de faculdades e 
instituições que somente faz sentido num determinado contexto histórico. O 
recurso à História mostra-se indispensável para que, à vista da gênese e do 
desenvolvimento dos direitos fundamentais, cada um deles se torne mais 
bem compreendido. O caráter da historicidade, ainda, explica que os 
direitos possam ser proclamados em certa época, desaparecendo em 
outras, ou que se modifiquem no tempo. Revela-se, desse modo, a índole 
evolutiva dos direitos fundamentais. Essa evolução é impulsionada pelas 
lutas em defesa de novas liberdades em face de poderes antigos — já que 
os direitos fundamentais costumam ir-se afirmando gradualmente — e em 
face das novas feições assumidas pelo poder. 
 
MENDES e BRANCO (2012, p. 242) afirmam que “a ilustração de interesse 
prático acerca do aspecto da historicidade dos direitos fundamentais é dada pela 
evolução que se observa no direito a não receber pena de caráter perpétuo. Tanto a 
Constituição atual quanto a anterior estabeleceu vedação à pena de caráter 
perpétuo. Esse direito, que antes de 1988 se circunscrevia à esfera das reprimendas 
penais, passou a ser também aplicável a outras espécies de sanções. Em fins de 
1988, o STF, confirmando acórdão do STJ, estendeu a garantia ao âmbito das 
sanções administrativas. A confirmar o caráter histórico-evolutivo – e, portanto, não 
necessariamente uniforme – da proteção aos direitos fundamentais, nota-se, às 
vezes, descompasso na compreensão de um mesmo direito diante de casos 
concretos diversos. Assim, não obstante o entendimento do STF acima mencionado, 
a Corte durante bom tempo continuou a admitir a extradição para o cumprimento de 
penas de caráter perpétuo, jurisprudência somente revista em 2004.” 
 
1.3.2 Inalienabilidade 
 
Esses direitos são intransferíveis e inegociáveis (PINHO, 2011, p. 98). 
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Os direitos fundamentais são intransferíveis e inegociáveis, já que não se 
encontram à disposição de seu titular. Assim, seu titular não pode despojar-se de 
seus direitos fundamentais.Ademais são desprovidos de conteúdo econômico-
patrimonial (SILVA, 1998, p. 185). 
 
1.3.3 Imprescritibilidade 
 
Não deixam de ser exigíveis em razão da falta de uso (PINHO, 2011, p. 98). 
Prescrição é um instituto jurídico que somente atinge, coarctando, a 
exigibilidade dos direitos de caráter patrimonial, não a exigibilidade dos direitos 
personalíssimos, ainda que não individualistas, como é o caso. Se são sempre 
exercíveis e exercidos, não há intercorrência temporal de não exercício que 
fundamente a perda da exigibilidade pela prescrição (SILVA, 1998). 
 
1.3.4 Irrenunciabilidade 
 
Nenhum ser humano pode abrir mão de possuir direitos fundamentais. Pode 
até não usá-los adequadamente, mas não pode renunciar à possibilidade de exercê-
los (PINHO, 2011, p. 98). 
Outra importante característica e a irrenunciabilidade. Não se deve admitir a 
renuncia ao núcleo substancial de um direito fundamental, ainda que a limitação 
voluntária seja valida sob certas condições, sendo necessário verificar na analise da 
validade do ato a finalidade da renuncia, o direito fundamental concreto a ser 
preservado e a posição jurídica do titular (livre e autodeterminada). A autolimitação 
voluntária esta sujeita, a qualquer tempo, a revogacao. O não exercício ou o uso 
negativo de um direito (não participar de uma manifestação, não se filiar a um 
partido político, não interpor um recurso...) não significa uma renuncia por parte de 
seu titular. (CANOTILHO, 2000, p. 453) 
 
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1.3.5 Universalidade 
 
Todos os seres humanos têm direitos fundamentais que devem ser devidamente 
respeitados. Não há como excluir uma parcela da população do absoluto respeito à 
condição de ser humano (PINHO, 2011, p. 98). 
Sobre a Universalidade leciona ROTHENBURG (2001, p. 56): 
 
Os direitos fundamentais, por serem imprescindíveis convivência e 
existência digna, livre e igual da pessoa humana, destinam-se a todos os 
serem humanos, Ora, seria uma contradição imperdoável falar de direitos 
do homem que não fossem universais, É da essência dos direitos 
fundamentais a sua generalidade, vale dizer, a sua universalidade, Convém 
esclarecer, contudo, que essa universalidade deve ser compreendida em 
termos, uma vez que, conquanto existam direitos de todos os seres 
humanos (como o direito à vida e à liberdade), há direitos que só interessam 
a alguns (como o direito dos trabalhadores) ou só pertencem a poucos 
(como os direitos políticos), Ademais, a fixação do conteúdo dos direitos 
fundamentais fica a cargo da consciência geral e do consenso desenvolvido 
por determinada comunidade em cada momento histórico e cada lugar, de 
modo que a universalidade não deve ignorar o diferente significado que um 
"mesmo" direito fundamental assume em contextos distintos, o que impõe 
uma consideração constitucional das diferentes realidades, como a dos 
Estados "periféricos" ou "subdesenvolvidos". 
 
1.3.6 Limitabilidade 
 
Os direitos fundamentais não são absolutos (relatividade), havendo, muitas 
vezes, no caso concreto, confronto, conflito de interesses. A solução ou vem 
discriminada na própria Constituição (ex.: direito de propriedade versus 
desapropriação), ou caberá ao intérprete, ou magistrado, no caso concreto, decidir 
qual direito deverá prevalecer, levando em consideração a regra da máxima 
observância dos direitos fundamentais envolvidos, conjugando –a com a sua mínima 
restrição (LENZA, 2012, p. 962). 
Os direitos fundamentais não são absolutos. Podem ser limitados, sempre 
que houver uma hipótese de colisão de direitos fundamentais (PINHO, 2011, p. 98). 
 
 
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1.4 Os Direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988 
 
 
A Constituição brasileira de 1988 colocou no seu centro os direitos 
fundamentais. A própria localização topográfica do catálogo dos direitos 
fundamentais, no início do texto constitucional (Título II), demonstra a intenção do 
constituinte em lhe dar grande importância. Além disso, já no preâmbulo e depois no 
Título I, é possível constatar o acento forte dado aos direitos fundamentais. 
Podemos dizer que, além de os direitos fundamentais constituírem os princípios 
fundamentais da Constituição, eles se encontram presentes de uma forma direta ou 
indireta em todo o corpo da Constituição (GROFF, 2008, p. 21). 
A Constituição de 1988 inaugura, pelo menos teoricamente, uma etapa de 
amplo respeito pelos direitos fundamentais e reconhecida efetividade. Ao lançar um 
primeiro e breve olhar para a nossa Lei Fundamental, percebe-se imediatamente 
uma reveladora inovação, de cunho topográfico. Distinguindo- se das Cartas 
anteriores, a Constituição em vigor positivou os referidos direitos logo no início de 
suas disposições (título lI), após o que tratou da organização do Estado (título III), 
dando cristalinas amostras de que se preocupou prevalentemente com o ser 
humano, enaltecendo-o como o "fim" do Estado, este considerado "instrumento" de 
realização da felicidade daquele. Em outras palavras, com a novel posição 
topográfica dos direitos fundamentais, é nítida a opção da Constituição atual pelo 
Estado como o instrumento, e pelo homem como o fim, e isso é um importante 
subsídio hermenêutico (CUNHA, 2011, p. 327). 
Nesse sentido leciona GROFF (2008): 
 
A Constituição contempla as três gerações ou dimensões de direitos 
apontadas pela doutrina moderna: direitos de primeira, segunda e terceira 
geração. Essa classificação realizada pela doutrina baseia-se na ordem 
cronológica em que esses direitos foram recepcionados em nível 
constitucional, e são cumulativos. Os direitos fundamentais de primeira 
geração são os direitos e garantias individuais, civis e políticos, que 
surgiram no fim do século XVIII. Os direitos de segunda geração são os 
direitos econômicos, sociais e culturais, que surgiram na primeira metade do 
século XX. E os direitos de terceira geração são os direitos de solidariedade 
ou de fraternidade, que surgiram na segunda metade do século XX. As 
Constituições brasileiras de 1824 e 1891 apenas traziam direitos de primeira 
geração. As Constituições de 1934, 1937, 1946, 1967 e 1969 trouxeram 
direitos de primeira e segunda geração. Portanto, inova a Constituição de 
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1988 com os direitos de terceira geração, embora não trate de forma 
sistemática desses direitos, que estão dispersos na Constituição. 
 
 
No Título II, a Constituição Federal de 1988, consignou os Direitos e 
Garantias Fundamentais, subdivididos em cinco capítulos: 
I - Direitos individuais e coletivos: são os direitos ligados ao conceito de 
pessoa humana e à sua personalidade, tais como à vida, à igualdade, à dignidade, à 
segurança, à honra, à liberdade e à propriedade. Encontram-se previstos no artigo 
5º. 
II - Direitos sociais: São os direitos relativos à educação, saúde, trabalho, 
previdência social, lazer, segurança, proteção à maternidade e à infância e 
assistência aos desamparados. Encontram-se dispostos a partir do artigo 6º. 
III - Direitos de nacionalidade: que pode ser conceituado como o vínculo 
jurídico político que liga um indivíduo a um certo e determinado Estado, fazendo com 
que este indivíduo se torne um componente do povo, capacitando-o a exigir sua 
proteção e em contra partida, o Estado sujeita-o a cumprir deveres impostos a 
todos. 
IV- Direitos políticos: que cuidam

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