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INTRODUÇÃO AO DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
 
 
 
 
 
Barbacena/MG 
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Índice 
 
1. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO ........................................................................... 3 
2. CONSTITUCIONALISMO ........................................................................................ 7 
3 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES ............................................................ 10 
4. HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS ........................................... 13 
4.1 A Constituição de 1824 .................................................................................... 14 
4.2 A Constituição de 1891 .................................................................................... 18 
4.3 A Constituição de 1934 .................................................................................... 19 
4.4 A Constituição de 1937 .................................................................................... 22 
4.5 A Constituição de 1946 .................................................................................... 24 
4.6 A Constituição de 1967 .................................................................................... 26 
4.7 A Constituição de 1988 .................................................................................... 33 
5. PODER CONSTITUINTE ...................................................................................... 37 
5.1 Poder Constituinte Originário ........................................................................... 39 
5.2 Poder Constituinte Derivado ............................................................................ 41 
5.2.1 Poder Constituinte Reformador ................................................................. 42 
5.2.2 Poder Constituinte Decorrente .................................................................. 43 
6 HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL .................................................................. 43 
6.1 Princípios de Interpretação Constitucional ....................................................... 45 
6.1.1 Princípio da Unidade de Constituição ....................................................... 45 
6.1.2 Princípio do Efeito Integrador .................................................................... 45 
6.1.3 Princípio da Concordância Prática (ou da harmonização) ........................ 46 
6.1.4 Princípio da Correção Funcional ............................................................... 46 
6.1.5 Princípio da Convivência das Liberdades Públicas (ou relatividade) ........ 47 
6.1.6 Principio da Força Normativa da Constituição .......................................... 47 
6.1.7 Princípio da Máxima Efetividade ............................................................... 48 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO 
 
 
Constituição, lato sensu1, é o ato de constituir, de estabelecer, de firmar; ou, 
ainda, o modo pelo qual se constitui uma coisa, um ser vivo, um grupo de pessoas; 
organização, formação. Juridicamente, porém, Constituição deve ser entendida 
como a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à 
estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de governo e 
aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direitos, garantias e 
deveres dos cidadãos. Além disso, é a Constituição que individualiza os órgãos 
competentes para a edição de normas jurídicas, legislativas ou administrativas. 
(ALEXANDRE DE MORAES, 2003, p. 27). 
Por essa estrutura normativa envolver um conjunto de princípios e regras 
advindos dos elementos constitutivos de um Estado, relacionados à sua realidade 
social, ele é concebida em diferentes sentidos. Ao longo da construção da Teoria 
Constitucional, três percepções distintas de Constituição se formaram: a jurídica, a 
política e a sociológica. 
No sentido Jurídico, a Constituição, segundo HANS KELSEN, é a lei pura, a 
norma positiva suprema de um Estado. Para CARL SCHMIT, a Constituição é 
considerada uma decisão política fundamental sobre o modo de vida e a forma do 
Estado. Já FERDINAND LASSALLE entende a Constituição, a partir de um sentido 
sociológico, como a soma dos fatores reais dos poderes que regem um país. 
Ocorre que, na verdade, a Constituição condiciona, em si, todos esses 
conceitos. Nesse sentindo, grande parte da doutrina entende a Constituição como 
uma estrutura complexa, “mediante a qual se processa a integração dialética dos 
vários conteúdos da vida coletiva na unidade de uma ordenação fundamental e 
suprema” (FERREIRA, p. 24). A Constituição é criada retirando-se da forma de vida 
da sociedade os elementos essenciais que constituem o Estado reunindo-os em um 
conjunto de normas fundamentais. 
RODRIGO CÉSAR REBELLO PINHO (2011, p. 29) leciona: 
 
1
 Lato sensu - é uma expressão em latim que significa, literalmente, "em sentido amplo", em contraposição 
ao stricto sensu (sentido estrito). 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Latim
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A Constituição é a lei fundamental de organização do Estado, ao estruturar 
e delimitar os seus poderes políticos. Dispõe sobre os principais aspectos 
da sua estrutura. Trata das formas de Estado e de governo, do sistema de 
governo, do modo de aquisição, exercício e perda do poder político e dos 
principais postulados da ordem econômica e social. Estabelece os limites da 
atuação do Estado, ao assegurar respeito aos direitos individuais. O Estado, 
assim como seus agentes, não possui poderes ilimitados. Devem exercê-los 
na medida em que lhes foram conferidos pelas normas jurídicas, 
respondendo por eventuais abusos a direitos individuais. 
 
Nesse sentido, o objetivo precípuo da Constituição é determinar a estrutura 
do Estado, sua forma de governo, sua organização e suas instituições, bem como, 
estabelecer o modo de aquisição, o exercício, atuação e os limites dos poderes 
existentes, assegurar os direitos fundamentais do cidadão e suas respectivas 
garantias e regular princípios básicos de convivência social. 
Etimologicamente, o verbete “constituição” origina-se do verbo latino 
“constituere”, UADI LAMMÊGO BULOS (2000), ancorado nos ensinamentos de 
Howard Lee McBain, adota o entendimento de que a constituição é um “organismo 
vivo” com escopo é delimitar a organização estrutural do Estado, a forma de governo 
o modo de aquisição e exercício do poder, através de um conjunto de normas 
jurídicas, escritas ou costumeiras que estatuem direitos, prerrogativas, garantias, 
competências, deveres e encargos. 
 A Constituição, sob uma perspectiva histórica, refere-se ao conjunto das 
normas e das estruturas institucionais que determinam, em determinada época, a 
ordem jurídica e política de determinado sociedade organizada como nação. 
Variando de acordo com a época ou o local, os conceitos, modelos e institutos 
constitucionais, ou ainda, sofrendovariações com o modelo e o nível de 
desenvolvimento do constitucionalismo até então vigentes. 
As constituições podem ser compreendidas como verdadeiros organismos 
vivos, pois consignam verdadeiros documentos abertos no tempo, em verdadeira 
interrelação com as manifestações do meio social que a circula, como as crenças, as 
convicções, as aspirações, os anseios populares, a burocracia etc. 
Portanto, por ser um conjunto evolutivo de normas, cabe ao legislador prever 
possíveis modificações futuras, o que requer que sejam estas normas dotadas de 
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certa mutabilidade, que possibilitem fatos novos surgidos após o advento da 
Constituição. 
Uma vez que a Constituição apresenta – além dos direitos, deveres, 
competências e garantias – o perfil do Estado e os elementos que o compõem, 
afirma-se que ela é, na verdade, a particular maneira de ser do Estado. 
A Constituição é a norma suprema e fundamental, situa-se, no topo do 
sistema jurídico, como o norte que direciona todas as outras leis e serve de 
fundamento a toda autoridade pública do Estado. A atuação e a competência de 
todos os poderes governamentais são sempre limitadas pelas normas 
constitucionais. As outras normas que integram o ordenamento jurídico, para que 
sejam válidas, devem estar em conformidade com a norma suprema. 
ANDRÉIA AGOSTIN (2011, p. 8) leciona: 
 
As Constituições têm por objeto estabelecer a estrutura do Estado, a 
organização de seus órgãos, o modo de aquisição do poder e a forma de 
seu exercício, limites de sua atuação, assegurar os direitos e garantias dos 
indivíduos, fixar o regime político e disciplinar os fins sócio-econômicos do 
Estado, bem como os fundamentos dos direitos econômicos, sociais e 
culturais. São Elementos da Constituição: a) Elementos orgânicos: Normas 
sobre a estrutura do Estado e seu poder. b) Elementos limitativos: Limita a 
atuação do Estado sobre os direitos individuais, com base em um conjunto 
de direitos e garantias fundamentais. c) Elementos sócio-ideológicos: 
Prescreve a atuação social do Estado (intervencionista ou liberal). d) 
Elementos de estabilização constitucional: Normas para defesa da 
Constituição (ações diretas, intervenção federal, estado de sítio, estado de 
defesa). e) Elementos formais de aplicabilidade: Regras sobre a correta 
aplicação da Constituição. 
 
Verifica-se, portanto, que as normas constitucionais possuem superioridade 
hierárquica sobre as demais regras jurídicas. A distinção que se faz, entre normas 
ordinárias e normas constitucionais, surge da acepção formal de supremacia da 
Constituição. Essa supremacia formal, por seu turno, surge da regra da rigidez 
constitucional, sendo seu principal corolário. 
GILMAR FERREIRA MENDES e PAULO GUSTAVO GONET BRANCO 
(2011, p. 53) estabelecem dois sentidos a este conceito de Constituição, dividindo-o 
em substancial e formal: 
 
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Fala-se em Constituição no sentido substancial quando o critério definidor 
se atém ao conteúdo das normas examinadas. A Constituição será, assim, 
o conjunto de normas que instituem e fixam as competências dos principais 
órgãos do Estado, estabelecendo como serão dirigidos e por quem, além de 
disciplinar as interações e controles recíprocos entre tais órgãos. Compõem 
a Constituição também, sob esse ponto de vista, as normas que limitam a 
ação dos órgãos estatais, em benefício da preservação da esfera de 
autodeterminação dos indivíduos e grupos que se encontram sob a regência 
desse Estatuto Político. (...) 
Outro modo de se conceituar a Constituição centra-se em um critério de 
forma, que também é devedor das postulações do constitucionalismo, no 
ponto em que preconizava os méritos da Constituição documentada, escrita 
como forma não somente de melhor acesso aos seus comandos como de 
estabilidade e racionalização do poder. A Constituição, em sentido formal, é 
o documento escrito e solene que positiva as normas jurídicas superiores da 
comunidade do Estado, elaboradas por um processo constituinte específico. 
 
O princípio desta organização social que delimita o modelo estatal ocorre no 
exato momento em que se edita a constituição, seja ela proveniente de revolução ou 
de assembléia popular. A nova constituição, que ali nasce, funda a nova ordem 
jurídica, diversa da anterior. Portanto, daquele momento em diante, o Estado, do 
ponto de vista histórico e geográfico, pode ser o mesmo, mas da ótica 
exclusivamente jurídica, não, pois, a cada manifestação constituinte, emissora de 
atos constitucionais, se inaugura um novo Estado. 
UADI LAMMÊGO BULOS (2000) apresenta, ainda outras concepções de 
Constituição, pela ótica da filosofia do direito: 
a) Jusnaturalistas: a constituição concebida consoante princípios de direito 
natural, principalmente no que diz respeito aos direitos fundamentais do ser humano 
(Víctor Cathrein); 
b) Positivistas: a constituição como complexo normativo emanado do poder 
estatal, sem considerar qualquer elemento axiológico em sua formação (Laband, 
Jellinek, Carré de Malberg e Kelsen); 
c) Historicistas: a constituição como derivação do processo histórico, que ao 
reger a vida de um povo considera a tradição, os costumes, os folkways e mores, a 
religião, a geografia, as relações políticas e econômicas (Burke, De Maistre, Gierke); 
d) Marxistas: a constituição como produto da supra-estrutura ideológica, 
condicionada pela infra-estrutura econômica. É o caso da “constituição-balanço”, 
que descreve e registra a organização política estabelecida, é dizer, os estágios das 
relações de poder; 
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e) Culturalistas: a constituição como fato cultural, desembocando na filosofia 
dos valores (Meirelles Teixeira, Maunz, Otto Bachof); 
f) Estruturalistas: a constituição como resultado das estruturas sociais, 
equilibradora das relações políticas e da sua transformação (José Afonso da Silva, 
Spagna Musso). 
2. CONSTITUCIONALISMO 
 
 
A origem do constitucionalismo remonta à antiguidade clássica, mais 
especificamente, ao povo hebreu, de onde partiram as primeiras manifestações 
deste movimento constitucional em busca de uma organização política da 
comunidade fundada na limitação do poder absoluto. De fato, explica Loewenstein 
que o regime teocrático dos hebreus se caracterizou fundamentalmente a partir da 
idéia de que o detentor do poder, longe de ostentar um poder absoluto e arbitrário, 
estava limitado pela lei do senhor que submetia igualmente os governantes e 
governados, radicando aí o modelo de Constituição material daquele povo (DIRLEY 
DA CUNHA JÚNIOR, 2012, p. 16). 
CANOTILHO (2003, p. 51) identifica constitucionalismo como “a teoria (ou 
ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos 
direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma 
comunidade.” Explica, ainda, o autor, que não há um constitucionalismo, mas vários 
constitucionalismos. O movimento constitucional gerador da constituição em sentido 
moderno possui diversas raízes localizadas em espaços históricos geográficos e 
culturais diferenciados. 
O termo Constitucionalismo designa todo sistema jurídico que possua uma 
Constituição passível de regular o poder Estatal. Neste contexto, sob a perspectiva 
histórica, o constitucionalismo surge para limitar o poder dos governantes em face 
da liberdade dos governados.Portanto, quando determinados agrupamentos sociais passam a instituir 
mecanismos de limitação do exercício do poder político, na vida social é que surge o 
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constitucionalismo. Configurando-se, neste contexto amplo, independentemente da 
existência de normas escritas ou de desenvolvimento teórico. 
Embora vários momentos e divisões do Constitucionalismo sejam apontados 
pela doutrina, CANOTILHO (2003, p 52), simplificando sua evolução histórica, 
estabelece dois grandes movimentos constitucionais: o constitucionalismo antigo e o 
moderno, caracterizando-se este último como “... o movimento político, social e 
cultural que, sobretudo a partir de meados do século XVIII, questiona nos planos: 
político, filosófico e jurídico os esquemas tradicionais de domínio político, sugerindo, 
ao mesmo tempo, a invenção de uma forma de ordenação e fundamentação do 
poder político”. 
Mas também o constitucionalismo viveu várias fases históricas. Em seus 
primórdios (constitucionalismo “antigo”), o movimento iniciou-se nas práticas político-
teocráticas do povo hebreu, cujos governantes tinham poderes limitados pela 
autoridade das leis divinais, às quais todos deviam obediência, incluindo os próprios 
monarcas. Ainda durante o constitucionalismo antigo, destacam-se os sistemas de 
leis criados na Grécia antiga e durante o período republicano do Império Romano. E 
já numa fase mais ou menos remota, a doutrina se refere ao constitucionalismo 
experimentado na Inglaterra e suas colônias, a partir da Idade Média, sobretudo com 
a aprovação da Magna Carta2 (1215), passando ainda por outros diplomas 
importantes, como a Petition of Rights (1628), as Fundamental Orders of 
Connecticut (América do Norte, 1639) e o Agreement of the People (Inglaterra, 
1647), até o chamado “Instrumento de Governo”, assinado por Oliver Cromwell em 
1654, e que é considerado a primeira constituição “moderna” (BERNARDES e 
ALVES, 2012, p. 15). 
Após a Magna Carta inglesa, o constitucionalismo deslancha em direção à 
modernidade, ganhando novos contornos. No século XVIII, o constitucionalismo 
ganha significativo reforço com as idéias iluministas, a exemplo da doutrina do 
contrato social e dos direitos naturais, de filósofos como John Locke (1632-1704), 
 
2
 Magna Carta - (expressão em latim que significa “Grande Carta”) foi o primeiro documento a colocar por 
escrito alguns direitos do povo inglês. Seu nome completo é “Grande carta das liberdades ou concórdia entre o 
rei João e os barões para a outorga das liberdades da Igreja e do reino inglês”. O rei João sem Terra, da 
Inglaterra, a assinou em 15 de junho de 1215. A Magna Carta estabeleceu que o rei devia seguir a lei e não podia 
mais reinar como bem entendesse. Foi um dos primeiros documentos a conceder direitos aos cidadãos. Desse 
modo, é considerado um tipo de constituição, a primeira que houve no mundo. 
http://escola.britannica.com.br/article/481046/constituicao
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Monstesquieu (1689-1755), Rousseau (1712-1778) e Kant (1724-1804), que se 
opunham aos governos absolutistas (luzes contra trevas), e que serviram de 
combustível para as revoluções liberais (CUNHA, 2012, p.18). 
Todavia, o constitucionalismo moderno não é movimento que se resuma à 
território ou tempo determinados. Está presente em todas intervenções voltadas a 
novas formas de ordenação e sistematização do Estado e do poder político. Com 
isso, sofre influências das ideologias e pensamentos reinantes em cada período 
histórico e contexto social. Esse o motivo para se afirmar tanto que o 
constitucionalismo é “técnica jurídica” de limitação do poder que varia de acordo com 
a época e a tradição de cada país, como para se sustentar a existência de múltiplos 
movimentos constitucionalistas. 
Adotando-se o conceito de constituição tipicamente liberal do século XVIII, 
ainda nos primeiros movimentos do constitucionalismo moderno, dizia-se que uma 
“sociedade em que não está assegurada a garantia dos direitos nem reconhecida a 
divisão dos poderes não tem Constituição.” (Art. 16 da Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão – 1789). 
Entretanto, na atualidade esta conceituação não se coaduna correta, uma 
vez que, se reconhece, hoje, que quaisquer organizações sociais possuem 
constituição, já que cada sociedade apresenta-se, de qualquer forma, minimamente 
estruturada, pelo menos, mesmo que baseada nos costumes ou na simples 
autoridade de quem exerce o poder político. 
D’outro giro, os arcaicos modelos de constituição, que antecederam ao 
constitucionalismo eram meramente descritivas da realidade estatal, sem que 
pudéssemos verificar nelas qualquer preocupação consciente em fixar mecanismos 
limitadores do poder político ou de estabelecer direitos e garantias para os cidadãos. 
Embora a qualquer existência política concreta corresponda alguma constituição, 
nem toda entidade política concreta decide conscientemente acerca dessa forma de 
existência política, nem adota, mediante determinação própria e consciente, a 
decisão sobre seu modo concreto de ser. 
Nesse rumo, é somente com o desenvolvimento do constitucionalismo 
moderno que surge a chamada constituição moderna, cujo conceito consiste na 
ordenação sistemática e racional da comunidade política através de documento 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/112175738/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/112175738/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/112175738/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/112175738/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/112175738/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/112175738/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
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escrito no qual se declaram a liberdades e os direitos fundamentais e se fixam os 
limites do poder político (CANOTILHO, 2003). 
 
 
3 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 
 
 
As constituições podem ser classificações sobre diversos critérios, 
ALEXANDRE DE MORAES (2003, p. 28) assim as estabelece: 
 
Classificação das Constituições: 
Quanto ao conteúdo - Materiais, Formais 
Quanto à forma - Escritas, Não escritas 
Quanto ao modo de elaboração - Dogmáticas, Históricas 
Quanto à origem - Promulgadas, Outorgadas 
Quanto à estabilidade - Imutáveis, Rígidas, Flexíveis, Semi-rígidas 
Quanto à extensão e finalidade - Analíticas, Sintéticas 
 
1) QUANDO AO CONTEÚDO: As Constituições podem ser formais ou 
materiais: 
 
a) Formal: formal é aquela Constituição que considera a maneira como as 
normas foram introduzidas no ordenamento jurídico e não, o seu conteúdo. Nesse 
caso o que interessa caso é o processo de formação da norma. 
 
b) Material: Na Constituição material é considerado o conteúdo da norma. 
Considera-se se a norma traz aborda questões relativas à estrutura do Estado, 
organização de seus órgãos, bem como a consagração de direitose garantias 
fundamentais do cidadão. 
 
2) QUANDO A FORMA: A Constituição pode ser escrita ou consuetudinária: 
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a) Escrita: A Constituição escrita é aquela que possui um conjunto de regras 
sistematizado em um único documento escrito. 
 
b) Consuetudinária: consuetudinária é considerada aquela Constituição que, 
ao contrário da escrita, não se encontra estabelecida em um único documento. 
Entretanto, não se confunde Constituição costumeira com Constituição não 
expressa. Em que pese seja taxada como costumeira, a Constituição 
consuetudinária é formada por textos esparsos, não formalizados em um único 
documento. 
 
3) QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO: As Constituições podem ser 
Dogmáticas ou Históricas: 
 
a) Dogmáticas: são as Constituições que apresentam em seu conteúdo 
elementos que podem ser consideradas como dogmas estruturais fundamentais de 
um Estado. 
 
b) Históricas: são aquelas que são fruto de um processo histórico do povo de 
determinado país. Esse tipo de Constituição geralmente representa, em seu 
conteúdo, os anseios e vitórias do povo de uma nação em determinada época. 
 
4) QUANTO A ORIGEM: A Constituição pode ser promulgada ou outorgada: 
 
a) Promulgada: Considera-se promulgada a Constituição que é elaborada 
por uma Assembléia Nacional Constituinte, formada por representantes do povo, ou 
seja, titulares do exercício do poder soberano. Ou seja, encontra-se presente, ainda 
que indiretamente, por meio de representantes, a vontade soberana do povo, 
portando, consideradas como democráticas. 
 
b) Outorgada: É a Constituição imposta de maneira unilateral por agentes 
que não receberam do povo a titularidade de exercício do poder, para que possam 
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agir em nome do povo, ou seja, não são frutos do trabalho de Assembléias 
Nacionais Constituintes, mas tão somente, da vontade unilateral de uma pessoa. 
 
5) QUANTO A ESTABILIDADE: As Constituições podem ser rígidas, semi-
rígidas e semi-flexíveis ou flexíveis: 
 
a) Rígidas: são aquelas que para sofrerem alterações, depois de já estarem 
em vigor, necessitam de um processo mais complexo. Não se confunde rigidez com 
imutabilidade. A Constituição rígida é mutável, entretanto, é necessário um processo 
mais amplo e severo para sua alteração. 
 
b) Semi-rígidas: são as Constituições que possuem matérias que para serem 
alteradas necessitam de um procedimento mais rígido, ao mesmo tempo em que, de 
outro lado, possuem matérias que para serem alteradas não necessitam de 
procedimento tão complexo. 
 
c) Semi-flexíveis ou Flexíveis: São aquelas Constituições cujo processo de 
alteração é o mesmo exigido para as normas infraconstitucionais. 
 
6) QUANTO A EXTENSÃO: As Constituições podem ser analíticas ou 
sintéticas: 
 
a) Analíticas: são as Constituições trazem em seu arcabouço matérias 
minuciosamente apresentadas sobre o contexto estatal, social, político, etc., 
matérias que, muitas vezes, não eram necessárias serem expressas no texto da 
Constituição, uma vez que poderiam ser tratadas em lei infraconstitucional. 
 
b) Sintética: É a Constituição que não aborda minuciosamente as questões 
existentes, trazendo, em seu bojo, apenas matérias inerentes à estrutura do Estado 
e aos direitos fundamentais. 
 
13 
 
 
 
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Considerando estes critérios de classificação, a Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988 pode ser assim considerada: formal, escrita, legal, 
dogmática, promulgada (democrática, popular), rígida, analítica. 
 
 
4. HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
 
 
Historicamente, desde sua independência de Português, em 07 de setembro 
de 1822, o Brasil já editou sete Constituições: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 
(com a emenda de 1969), e a atual de 1988. 
Inicialmente, é necessário verificar, estabelecendo-se como fonte os estudos 
de Konrad Hesse e de Ferdinand Lassalle, os elementos formadores de uma 
Constituição. Nesse sentido VAINER (2007) sintetiza que ao se realizar uma análise 
sociológica das Constituições, verificar-se-ia que elas só seriam realmente eficazes 
se refletissem os “fatores de poder” do país. 
Portanto, segundo esse pensamento a Constituição de um país só teria 
efetividade e aplicabilidade concreta se estivesse de acordo com os interesses da 
classe dominante, que de fato comanda o país, em concordância absoluta com os 
chamados “fatores de poder” que são formados pela burguesia, aristocracia, 
banqueiros e forças armadas, ou seja, organismos sociais e políticos que possuam 
alguma relação com o poder no Estado. Sem tais fatores, a Constituição não 
possuiria nenhuma eficácia. 
 Seguindo esse pensamento, verifica-se que, para Lassalle, os assuntos 
constitucionais têm mais relação com elementos de poder do que a assuntos 
jurídicos propriamente ditos. Esta análise aborda a Constituição como sendo, mais 
do que uma relação jurídica, uma relação de poder, afirmando-se que um texto que 
não se refira a tais relações é um texto que já nasce sem eficácia, nem durabilidade. 
Neste contexto, infere-se que por praticamente toda a história da 
humanidade, especialmente, da idade antiga à idade média, passando pelo 
absolutismo, pela tripartição de poderes, revolução francesa, segunda grande 
14 
 
 
 
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guerra, etc., as leis ou regras de conduta sempre representaram tão somente os 
fatores do poder. 
Observa-se, entretanto, que os fatores de poder estão em constante 
mudança, de maneira que uma Constituição que previsse os interesses de 
determinada classe dominante seria revogada no exato momento em que outra 
classe assumisse o poder. 
A doutrina é uníssona em afirmar que a Constituição é o conjunto máximo de 
leis de um país. A Constituição é definida por Karl Marx como a superestrutura que 
define as regras da infraestrutura da sociedade. A Constituição cria o Estado de 
Direito, estando nela inseridos os princípios norteadores da estrutura social, sendo o 
seu alicerce, norteando todo o seu ordenamento jurídico. 
Nesse sentido é dever da Constituição positivar os direitos fundamentais do 
homem, que constituem a chamada “força normativa da Constituição”, na medida 
em que, ao tentar alcançar a toda a sociedade, busca impedir que somente os 
interesses dos fatores de poder recebam proteção da Constituição. 
 A força normativa da Constituição deve estar atenta à questão social, com 
atenção aos hipossuficientes, devendo garantir a igualdade jurídica de todos. Pela 
força normativa da Constituição é possível proteger as pessoas externas aos fatores 
de poder, possibilitando imaginar uma sociedade mais justa e, em consequência, 
mais igualitária. 
Com referência à evolução constitucional, podem-se apontar três fases no 
Brasil, em face dos valores políticos, jurídicos e ideológicos que influenciaram 
enormemente a criação e formação de nossas constituições. A primeira, interligada 
ao modelo constitucional inglês e francês do século XIX. A segunda inspirada no 
modelo dos Estados Unidos. A terceira, e atual, com contornos elementares do 
constitucionalismo alemão. 
 
4.1 A Constituição de 1824 
 
O ano de 1808 é a datahistórica, entre Brasil e Portugal, em que a família 
real portuguesa, desembarca em solo brasileiro, fugindo do governo Napoleônico, 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_de_Portugal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fam%C3%ADlia_real_portuguesa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fam%C3%ADlia_real_portuguesa
15 
 
 
 
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com o objetivo de se radicaram no Brasil. Conjuntamente com a corte portuguesa, 
desembarcaram servos e demais empregados domésticos, totalizando, inicialmente, 
cerca de quinze mil pessoas. 
Na capital do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro, estabeleceu-se a capital se 
de Portugal, havendo, segundo diversos historiadores, uma verdadeira "inversão 
metropolitana", já que a antiga colônia passara a sediar uma corte européia. 
Alguns anos após, por causa da Revolução do Porto, a nobreza portuguesa 
que permanecera na terra natal, passa a exigir o retorno do Rei Dom João VI, rei de 
Portugal, que, precisamente em 1821, se vê obrigado a retornar a Portugal, 
deixando em seu lugar, no Brasil, o príncipe Dom Pedro I, Regente brasileiro. 
Esses acontecimentos históricos foram decisivos para a intensificação dos 
movimentos pela independência do Brasil. 
Desobedecendo as ordens de seu pai que exigia seu retorno imediato a 
Portugal, em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro I, buscando a consolidação da 
recolonização do Brasil, nega-se a retornar, permanecendo no Brasil. Este episódio 
ficou conhecido como o “Dia do Fico”. 
Em 7 de setembro de 1822, logo após a declaração da Independência do 
Brasil, é convocada, por Dom Pedro I a primeira Assembleia Geral Constituinte e 
Legislativa do Brasil, isso no ano de 1823, esta impregnada de ideais nitidamente 
liberais. Entretanto, antes de se consolidar, a mesma foi desfeita, arbitrariamente, 
pois não coadunava com as ideias autoritárias do Imperador. 
Para substituir a Assembleia Geral Constituinte, em 1824, Dom Pedro I 
nomeia um Conselho de Estado para elaborar um novo projeto, mas desta vez, em 
consonância com suas pretensões. 
Em 25 de março de 1824 o texto constitucional foi outorgado por D. Pedro I, 
passando a vigorar, a partir daquela data, a primeira constituição brasileira. 
Conforme lecionam MENDES E BRANCO (2011, p. 90): 
 
À parte o curtíssimo período de vigência da Constituição de Cádiz entre 
nós, a história das nossas constituições tem início com a Independência. A 
Constituição de 1824 foi outorgada por D. Pedro I, depois de dissolvida a 
assembleia constituinte convocada no ano anterior. Foi a mais longeva das 
constituições brasileiras, durando 65 anos, somente tendo sido emendada 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Servid%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Empregado_dom%C3%A9stico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_de_Portugal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Historiador
https://pt.wikipedia.org/wiki/Corte_(realeza)
16 
 
 
 
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uma vez, em 1834. Instituiu a monarquia constitucional e o Estado unitário, 
concentrando rigorosamente toda a autoridade política na Capital. 
 
Com inspiração ideológica dos franceses e dos ingleses, nossa primeira 
Constituição foi formulada com bases liberais, que dominaram o final do século XVIII 
e o início do século XIX. 
Este matiz de pensamento, que apresenta como cerne colocar o homem, 
individualmente considerado, como base de todo o sistema social, foi a inspiração 
para as principais ideias contidas na Constituição de 1924, pois as mesmas se 
opunham frontalmente às ideias monárquicas absolutistas. 
Entretanto, é necessário reconhecer que este constitucionalismo liberal 
encontrava plena consonância com os ideias dominantes na época, inclusive com as 
elites do país. Porém, não deixaria de encontrar toda a sorte de dificuldades para se 
tornar eficaz, como por exemplo, o pequeno desenvolvimento econômico do país, a 
falta de participação política, as grandes distâncias, e a precariedade dos 
transportes e das comunicações. 
O pensamento liberal é marcado por uma enorme diversidade de ideias, que 
foram evoluindo de acordo com a própria sociedade. John Lock conta-se entre os 
pioneiros do liberalismo, ao defender um conjunto de direito naturais inalienáveis do 
indivíduo anteriores à própria sociedade: a liberdade, a propriedade e a vida. 
A Constituição de 1824, dentre outras características, foi outorgada, 
sendo marcada por forte centralismo administrativo e político tendo em vista o Poder 
Moderador. Foi a Constituição brasileira que mais tempo durou, foram 65 anos. 
A doutrina aponta as seguintes características para a Constituição de 1824: 
1) Governo Monárquico, hereditário, Constitucional e representativo; 
2) Forma unitária de Estado, isto significa, mais explicitamente, que não 
existia a divisão dos Estados em entes Federativos; 
3) Território: As antigas capitanias hereditárias foram transformadas em 
províncias; 
4) Dinastia Imperante: Dom Pedro I, durante o império. Tivemos, também, a 
de D. Pedro II; 
5) Religião oficial do Império: Católica Apostólica Romana; 
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6) Capital do Império: Rio de Janeiro (1822/1889); 
7) Organização dos Poderes. Não se adotou a função tripartida de 
Montesquieu. Pois, além das funções legislativa, executiva e judiciária, adotou-se a 
função Moderadora (4º Poder); 
8) Poder Legislativo, exercido pela Assembleia Geral, com sanção do 
Imperador – bicameral (Câmara dos Deputados e Senado); 
9) Eleições Indiretas; Sufrágio: Censitário (só votava quem tinha renda); 
10) Poder Executivo, exercido pelo Imperador; 
11) Poder Judiciário independente e composto de juízes e jurados. O órgão 
de cúpula do judiciário era o Supremo Tribunal de Justiça; 
12) Poder Moderador, assegurava a estabilidade do trono; 
13) Quanto à alterabilidade: Semi-rígida; 
14) Liberdades públicas com declaração de direitos e garantias. 
 
Por forte influência das Revoluções Americana (1776) e Francesa (1789), 
configurando a ideia de constitucionalismo liberal, a Constituição de 1824 continha 
importante rol de Direitos Civis e Políticos. Sem dúvida influenciou as declarações 
de direitos e garantias das Constituições que se seguiram. Não podemos, contudo, 
deixar de execrar a triste manutenção da escravidão, por força do regime que se 
baseava na “monocultura latifundiária e escravocrata”, como mancha do regime até 
13 de maio de 1888, data de sua abolição, quando da assinatura da Lei Áurea pela 
Princesa Isabel (LENZA, 2012, p. 104). 
 
Percorremos um longo caminho. Mais de duzentos anos separam a vinda 
da família real para o Brasil e os dias de hoje. Nesse intervalo, a colônia 
exótica e semiabandonada tornou-se uma das dez maiores economias do 
mundo. O Império de viés autoritário, fundado em uma Carta outorgada, 
converteu-se em um Estado constitucional democrático e estável, com 
alternância de poder e absorção institucional das crises políticas. Do regime 
escravocrata, restou-nos a diversidade racial e cultural, capaz de enfrentar – 
não sem percalços, é certo – o preconceito e a discriminação persistentes. 
Não tem sido uma história de poucos acidentes. Da Independência até hoje, 
tivemos oito Cartas constitucionais: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, 
1969 e 1988, em um melancólico estigma de instabilidade e de falta de 
continuidade das instituições. A Constituição de 1988 representa o ponto 
culminante dessa trajetória, catalisando o esforço de inúmeras geraçõesde 
brasileiros contra o autoritarismo, a exclusão social e o patrimonialismo, 
18 
 
 
 
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estigmas da formação nacional. Nem tudo são flores, mas há muitas razões 
para celebrá-la (MARTINS, 2012, p. 10). 
 
 
4.2 A Constituição de 1891 
 
Após o declínio do governo monárquico brasileiro, em seguida à 
proclamação da República de 15 de novembro 1889, com forte inspiração na 
Constituição dos Estados Unidos da América, ocorreu, em 24 de fevereiro 
de 1891, a promulgação da Constituição da República dos Estados Unidos do 
Brasil. Contando com Rui Barbosa como seu relator foi escolhido o sistema 
presidencialista e a forma de Federativa de Estado. 
Leciona CUNHA JÚNIOR (2012, p. 261): 
 
Promulgada em 24 de fevereiro de 1891, a nova Constituição brasileira 
adota como forma de Governo, sob o regime representativo, a República 
Federativa, que se constitui por união perpétua e indissolúvel das suas 
antigas províncias, convertidas em Estados Unidos do Brasil. Cada uma das 
antigas Províncias formará um Estado membro da nova Federação (arts.1º 
e 2º). Organiza os poderes da República a partir de um sistema de 
separação tripartite, estabelecendo como órgãos da soberania nacional o 
Poder Legislativo, o Executivo e o Judiciário, harmônicos e independentes 
entre si (art. 15). 
 
 Assim, a forma de governo Republicana substituiu à Monarquia. Ocorreu a 
previsão, pela primeira vez, do instituto do Habeas Corpus, que tutelava quaisquer 
direitos. 
Estabeleceu-se para a forma de Governo o regime representativo. Previu-se 
a união perpétua e indissolúvel das antigas Províncias; Adotou-se o Rio de Janeiro 
como a Capital de Brasil. 
Não mais se instituía o catolicismo como a religião oficial, preferindo-se o 
Estado laico3. 
 
3
 Estado laico - significa um país ou nação com uma posição neutra no campo religioso. Também conhecido 
como Estado secular, o Estado laico tem como princípio a imparcialidade em assuntos religiosos, não apoiando 
ou discriminando nenhuma religião. 
 
19 
 
 
 
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Ocorreu a Extinção do Poder Moderador. Adotando-se a “Tripartição dos 
Poderes4” de Montesquieu: O Poder Legislativo era exercido pelo Congresso 
Nacional, com a sanção do Presidente da República; O Poder Judiciário possuía 
como Órgão máximo, Supremo Tribunal Federal; e o Poder Executivo passa a 
ser Exercido pelo Presidente da República. 
Aboliu-se a pena de Galés5, a de banimento e a de morte. 
Pode-se dizer que foi uma Constituição nominativa, pois suas disposições 
não encontraram eco na realidade social, vale dizer, seus comandos não foram 
efetivamente cumpridos. O coronelismo fora o poder real e efetivo, a despeito das 
normas constitucionais. Em 1926, a Constituição sofreu uma profunda reforma, de 
cunho marcadamente centralizador e autoritário, que acabou por precipitar a sua 
derrocada, ocorrida com a revolução de 1930 (VICENTE PAULO e MARCELO 
ALEXANDRINO, 2013, p. 32). 
 
4.3 A Constituição de 1934 
 
Em 1930, as oligarquias6 latifundiárias comandam o país. Sob grave crise 
econômico-financeira (fruto da depressão de 1929), constantes fraudes eleitorais, e 
 
4
 Tripartição dos Poderes - O conceito da separação dos poderes, também referido como princípio de trias 
politica, é um modelo de governar cuja criação é datada da antiga Grécia. A essência desta teoria se firma no 
princípio de que os três poderes que formam o Estado (legislativo, executivo ejudiciário) devem atuar de forma 
separada, independente e harmônica, mantendo, no entanto, as características do poder de ser uno, indivisível e 
indelegável.O objetivo dessa separação é evitar que o poder concentre-se nas mãos de uma única pessoa, para 
que não haja abuso, como o ocorrido no Estado Absolutista, por exemplo, em que todo o poder concentrava-se 
na mão do rei. A passagem do Estado Absolutistapara o Estado Liberal caracterizou-se justamente pela 
separação de Poderes, denominada Tripartição dos Poderes Políticos. 
 
5
 A pena das galés - era a punição na qual os condenados cumpriam a pena de trabalhos forçados. Era uma 
espécie de antiga sanção criminal. O Código Criminal de 1830 adotou este tipo de sanção, determinando, no 
artigo 44, os réus a andarem com calcetas nos pés e correntes de ferro, e a empregarem-se nos trabalhos públicos 
da província onde ocorrera o delito, ficando assim, à disposição do governo. 
 
6
 Oligarquia - Governo de poucas pessoas. Ocorre quando um pequeno grupo de pessoas de uma família, de um 
grupo econômico ou de um partido governa um país, estado ou município. Uma das características desta forma 
de governo é que os interesses políticos e econômicos do grupo que está no poder prevalecem sobre os da 
maioria. Entre os anos de 1889 (Proclamação da República) e 1930 (início da Era Vargas), o Brasil foi 
governado por uma elite, formada por grandes proprietários rurais e pecuaristas (conhecidos como coronéis). Os 
interesses sociais de grande parte da população foi deixada de lado, sendo que a política era feita para garantir os 
interesses políticos e econômicos desta oligarquia. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia_Antiga
https://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_legislativo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_executivo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_judici%C3%A1rio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rei
https://pt.wikipedia.org/wiki/Absolutismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Liberalismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Puni%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho_for%C3%A7ado
https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_Criminal_de_1830
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Calceta&action=edit&redlink=1
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ascensão de uma pequena burguesia, naquele ano, subjugada pela Revolução de 
30, que levou Getulio Vargas ao poder central do Brasil, tem fim a nominada 
República Velha. 
Nesse contexto, em 1930 uma Junta Militar transfere o poder para um 
Governo Provisório, que o exerceria até a promulgação do texto de 1934. Cabia ao 
Governo Provisório exercer, discricionariamente, em toda sua plenitude, as funções 
e atribuições não só do Poder Executivo como também do Poder Legislativo, até 
que, eleita a Assembléia Constituinte, se estabelecesse a reorganização 
constitucional do País. Foi nomeado um interventor para cada Estado, havendo 
controle, também, sobre os Municípios. Como ponto positivo, em 1932, Getulio 
Vargas decretou o importante Código Eleitoral, que instituiu a Justiça Eleitoral, 
trazendo, assim, garantias contra a política anterior, que “sepultou” a Primeira 
República, retirando a atribuição de proclamar os eleitos das assembleias políticas, 
e, ainda, adotou o voto feminino e o sufrágio universal7, direto e secreto. Esse 
segundo Governo Provisório da República durou até o advento da Constituição de 
1934, promulgada em 16.07.1934 (LENZA, 2012). 
Marcada por enorme influência da Constituição de Weimar 8 o Estado passa 
a dar atenção aos direitos humanos de 2ª geração, assim conhecidos, 
resumidamente, os direitos econômicos e sociais e o embrionário Estado Social de 
Direito9. Entretanto, recebeu, também, influência do fascismo. 
 
 
7
 O sufrágiouniversal - em oposição ao sufrágio restrito, consiste na extensão do sufrágio, ou o direito de voto, 
a todos os indivíduos considerados intelectualmente maduros. No Brasil, os adolescentes acima de 16 anos têm 
direito ao voto, sem distinção de etnia, sexo, crença ou classe social. 
 
8
 Constituição de Weimar - Weimarer Verfassung (alemão) ou, na sua forma portuguesa, Veimar, 
oficialmente Constituição do Império Alemão (alemão: Verfassung des Deutschen Reichs) era o documento que 
governou a curta República de Weimar (1919-1933) da Alemanha. 
 
9
 Estado Social de Direitos - é um dos pressupostos do Estado de Direito consagrado no nosso projecto 
constitucional, que visa a realização da democracia económica e social. Quanto falamos em estado social 
aludimos à obrigação do estado desenvolver politicas de promoção do bem-estar social, concretizadoras da 
igualdade real entre cidadãos. Devido a esta obrigação, o estado tem o dever de manter um sistema de saúde, um 
sistema de educação, um sistema de segurança social, com carácter universal disponível a todos os cidadãos. O 
Estado social representa efetivamente uma transformação superestrutural do Estado liberal. O Estado social 
busca superar a contradição entre a igualdade política e a desigualdade social. A liberdade política como 
liberdade restrita era inoperante. O velho liberalismo não dava nenhuma solução às contradições sociais, 
mormente das pessoas à margem da vida, desapossadas de quase todos os bens. 
 
21 
 
 
 
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São algumas de suas características: 
Mantém como forma de Governo a República Federativa, com capital na 
cidade do Rio de Janeiro. 
O Estado permanece laico. 
Mantém-se a tripartição dos Poderes, diminuindo, entretanto, o poder dos 
Estados membros e aumentando o poder da União. O Poder Legislativo é bicameral. 
O Poder Executivo continua a ser exercido pelo Presidente da República e o Poder 
Judiciário permanece coordenado juridicamente pela Corte Suprema seguidamente 
dos os juízes e Tribunais federais; dos juízes e Tribunais militares e dos juízes e 
Tribunais eleitorais. 
Cria-se o mandado de segurança10 e a ação popular11. 
Sobre a Constituição de 1934 lecionam MENDES e BRANCO (2012, p. 91): 
 
Culminando as frequentes crises da República Velha, sobreveio a 
Revolução de 1930. As forças exitosas ficaram devendo, no entanto, uma 
nova Constituição para o país, reclamada com derramamento de sangue, 
em São Paulo, em 1932. Em 1933, reuniu-se, afinal, uma assembléia 
constituinte, que redundou no documento constitucional do ano seguinte. 
Nota-se nele a influência da Constituição de Weimar, de 1919, dando forma 
a preocupações com um Estado mais atuante no campo econômico e 
social. A Constituição de 1934 buscou resolver o problema da falta de 
efeitos erga omnes 
12
das decisões declaratórias de inconstitucionalidade do 
 
10
 Mandado de Segurança - é uma classe de ação judicial que visa resguardar Direito líquido e certo, não 
amparado por Habeas Corpus ou por Habeas Data, que seja negado, ou mesmo ameaçado, por autoridade 
pública ou no exercício de atribuições do poder público. A Lei Federal brasileira nº 12.016, de 07 de Agosto de 
2009, no seu art. 1.º determina que "Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, 
não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer 
pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que 
categoria for e sejam quais forem as funções que exerça". 
 
11
 Ação popular - é o meio processual a que tem direito qualquer cidadão que deseje questionar judicialmente a 
validade de atos que considera lesivos ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e 
ao patrimônio histórico e cultural. A Lei n.º 4.717 de 1967 estabelece em seu Art. 1º Qualquer cidadão será 
parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do 
Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia 
mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados 
ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou 
custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da 
receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos 
Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos. 
 
12
 Erga omnes - (do Latim, contra, relativamente a, frente a todos[1] ) é uma expressão usada principalmente no 
meio jurídico, para indicar que os efeitos de algum ato ou lei atingem todos os indivíduos de uma 
determinada população ou membros de uma organização, para o direito nacional. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_l%C3%ADquido_e_certo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Habeas_Corpus
https://pt.wikipedia.org/wiki/Habeas_Data
https://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_p%C3%BAblico
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12016.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12016.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidad%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_Judici%C3%A1rio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Patrim%C3%B4nio_p%C3%BAblico
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao46.htm#art141§38
https://pt.wikipedia.org/wiki/Latim
https://pt.wikipedia.org/wiki/Erga_omnes#cite_note-1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito
https://pt.wikipedia.org/wiki/Popula%C3%A7%C3%A3o
22 
 
 
 
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STF, instituindo o mecanismo da suspensão, pelo Senado, das leis 
invalidadas na mais alta Corte. No campo do controle de 
constitucionalidade, ainda, a intervenção federal em Estados-membros por 
descumprimento de princípio constitucional sensível foi subordinada ao 
juízo de procedência, pelo STF, de representação do Procurador-Geral da 
República. A Constituição previu expressamente o mandado de segurança. 
 
 
4.4 A Constituição de 1937 
 
Em 1937, quando a sociedade brasileira aguardava as eleições 
presidenciais marcadas para janeiro de 1938, que seriam disputadas por José 
Américo de Almeida, Plínio Salgado e Armando de Sales Oliveira, foi denunciada 
pelo governo a existência de um plano comunista para a tomada do poder. Este 
plano ficou conhecido como Plano Cohen13. Com a comoção popular causada pelo 
Plano Cohen, além da instabilidade política gerada pela intentona comunista, e com 
o receio de novas revoluções comunistas, Getúlio Vargas, sem resistência, deu um 
golpe e instaurou uma ditadura em 10 de novembro de 1937, através de um 
pronunciamento transmitido por rádio a todo o país, anunciando o Estado Novo. 
Iniciava-se um período de ditadura na História do Brasil, que se estende até 29 de 
outubro de 1945, quando Getúlio é deposto pelos militares. Getúlio fechou o 
Congresso Nacional e impôs ao país uma nova Constituição, que ficaria conhecida 
depois como "Polaca”: por ter se inspirado na Constituição autoritária da Polônia, de 
tendência fascista14 (CUNHA JÚNIOR, 2012, p. 263). 
 
13
 Plano Cohen - foi elaborado pelo capitão Olympio Mourão Filho como um exercício interno da Ação 
integralista Brasileira, e foi apreendido pelo governo, que o usou como se fosse verdadeiro, encontrandoaí uma 
ótima desculpa para a tomada preventiva do poder por Getúlio. Anos mais tarde foi comprovada a falsidade do 
documento. 
14
 Fascismo - é uma forma de radicalismo político autoritário nacionalista que ganhou destaque no início do 
século XX na Europa. Os fascistas procuravam unificar sua nação através de um Estado totalitário que promove 
a vigilância, um estado forte, a mobilização em massa da comunidade nacional, confiando em um partido de 
vanguarda para iniciar uma revolução e organizar a nação em princípios fascistas hostis ao socialismo e 
ao comunismo em todas as suas formas. Os movimentos fascistas compartilham certas características comuns, 
incluindo a veneração ao Estado, a devoção a um líder forte e uma ênfase 
em ultranacionalismo, etnocentrismo e militarismo. O fascismo vê a violência política, a guerra, e 
o imperialismo como meios para alcançar o rejuvenescimento nacional e afirma que as nações 
e raças consideradas superiores devem obter espaço deslocando ou eliminando aquelas consideradas fracas ou 
inferiores, como no caso da prática fascista modelada pelo nazismo. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Totalitarismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vanguarda
https://pt.wikipedia.org/wiki/Socialismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Comunismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nacionalismo#Ultranacionalismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Etnocentrismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Militarismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imperialismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ra%C3%A7a
https://pt.wikipedia.org/wiki/Limpeza_%C3%A9tnica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Genoc%C3%ADdio
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Em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas, no poder, dissolve a Câmara e 
o Senado, revoga a Constituição de 1934 e outorga a Carta de 1937, dando início ao 
período ditatorial conhecido como Estado Novo. Como se vê, foi uma carta 
Outorgada, fruto de um golpe de Estado. Era a Carta de inspiração fascista, de 
caráter marcadamente autoritário e com forte concentração de poderes nas mãos do 
Presidente da República (PAULO E ALEXANDRINO, 2013, p. 33). 
A Carta de 1937 não teve, porém aplicação regular. Muitos de seus 
dispositivos permaneceram “letra morta”. Houve ditadura pura e simples, com todo 
Poder Executivo e Legislativo concentrado nas mãos do Presidente da República, 
que legislava por via de decretos-leis que ele próprio aplicava, como órgão executivo 
(SILVA, 2007). 
Dentre outras características, podemos elencar: Como forma de Governo 
permanece a república. O Estado Federado continua sendo adotado como Forma de 
Estado. A Capital da República permanece na cidade do Rio de Janeiro. 
Permanece a inexistência de religião oficial, o país continua laico. Continua a 
tripartição dos Poderes: 1) Poder Legislativo passa a ser exercido pelo Parlamento 
Nacional com a colaboração do conselho da Economia Nacional e do Presidente da 
República, desaparece o Senado; 2) Poder Executivo nas mãos do Presidente da 
República, podendo até fechar o Legislativo com eleições indiretas para 
Presidente que, cumpria mandato de seis anos; 3) Poder Judiciário composto pelo 
STF, juízes e Tribunais dos Estados, do D.F. e dos Territórios,e os juízes e Tribunais 
militares. 
Ocorre a supressão de direitos fundamentais, sem a existência de mandado 
de segurança ou da ação popular. Inexistente o direito de greve. Estabelecimento da 
 pena de morte para crimes políticos e homicídio cometido por motivo fútil e com 
extremos de perversidade. 
D’outro lado, inúmeros avanços sociais; a afirmação da soberania e 
fortalecimento do Estado brasileiro, além de diversas conquistas de direitos 
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trabalhistas, com a consecutiva edição e Consolidação das Leis do Trabalho 
15(CLT). 
Com a proximidade do fim da Segunda Guerra Mundial, o quadro foi 
mudando. A Constituição começou a ser duramente atacada. Naquela conjuntura 
era inadmissível que aqui vigorasse uma Constituição fascista, quando, na Europa, o 
Brasil lutava pelo fim desse regime com os milhares de soldados da Força 
Expedicionária Brasileira. Foram sendo editadas várias leis constitucionais que 
alteravam os artigos mais autoritários. A concessão da anistia política e a permissão 
para a criação de partidos políticos – inclusive o Partido Comunista – transformaram 
a Carta em letra morta. Em 29 de outubro um golpe militar derrubou Getúlio Vargas. 
Estava aberto o caminho para a efetiva realização das eleições de 2 de dezembro, 
tanto para a Presidência da República como para eleger os deputados e senadores 
constituintes. Pouco mais de nove meses depois, foi promulgada a nova 
Constituição (VILA, 2011). 
Em seguida, com a perda de legitimidade, o Estado Novo entra colapso o 
que resulta em seu fim, em outubro 1945. Sequencialmente à deposição de Getúlio 
Vargas, inicia-se um período de redemocratização que culminaria na promulgação 
da Constituição de 1946. 
4.5 A Constituição de 1946 
 
Constituição dos Estados Unidos do Brasil, promulgada em 18 de setembro 
de 1946 foi oriunda da redemocratização resultante da queda de Getúlio Vargas. 
Restabeleceu-se o equilíbrio entre os Poderes e os direitos fundamentais, 
condicionando-se a propriedade ao bem-estar social. 
Em 2 de dezembro de 1945 foram eleitos os constituintes e o presidente da 
República. Dois meses depois foi instalada formalmente a Assembleia Constituinte16. 
 
15
 Consolidação das Leis do Trabalho - A CLT é uma norma legislativa de regulamentação das leis referentes 
ao Direito do Trabalho e do Direito Processual do Trabalho no Brasil. A CLT foi aprovada pelo Decreto-lei nº 
5.452, de 1º de maio de 1943 e sancionada por Getúlio Vargas, o presidente do Brasil na época. Constitui o 
principal instrumento de regulamentação das relações individuais e coletivas do trabalho. 
 
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A maior bancada continuou a ser a mineira, com 36 representantes, seguida por São 
Paulo, com 23, e depois por Pernambuco, Distrito Federal, Rio de Janeiro, com 19 
cada uma. Diferentemente de 1891 e 1934, não havia anteprojeto governamental. 
Em 18 de setembro foi promulgada a quinta Constituição brasileira, a quarta 
republicana. Dia de festa. Afinal, havia pouco mais de um ano terminara a Segunda 
Guerra Mundial e parecia que o mundo caminhava para um longo período de paz. 
(VILLA, 2011). 
 
A Constituição de 1946 exprime o esforço por superar o Estado autoritário e 
reinstalar a democracia representativa, com o poder sendo exercido por 
mandatários escolhidos pelo povo, em seu nome, e por prazo certo e 
razoável. Reaviva-se a importância dos direitos individuais e da liberdade 
política. Volta-se a levar a sério a fórmula federal do Estado, assegurando-
se autonomia real aos Estados-membros. A Constituição era 
presidencialista, exceto pelo período compreendido entre setembro de 1961 
e janeiro de 1963, em que durou o parlamentarismo, implantado pela 
Emenda n. 4, como providência destinada a amenizar crise política que se 
seguiu à renúncia de Jânio Quadros à Presidência da República. O 
Legislativo reassumiu o seu prestígio, reservando-se somente a ele a 
função de legislar, ressalvado o caso da lei delegada. Na vigência dessa 
Constituição, foi instituída a representação por inconstitucionalidade de lei, 
reforçando o papel do Judiciário no concerto dos três Poderes. Da mesma 
forma,proclamou-se que nenhuma lesão de direito poderia ser subtraída do 
escrutínio desse Poder. Ficaram excluídas as penas de morte, de 
banimento e do confisco. A Constituição ocupava-se da organização da vida 
econômica, vinculando a propriedade ao bem-estar social e fazendo dos 
princípios da justiça social, da liberdade de iniciativa e da valorização do 
trabalho as vigas principais da ordem econômica. O direito de greve 
apareceu expresso no Texto (MENDES E BRANCO, 2011, p. 91). 
 
 
Manteve-se a Forma de Governo Republicana e Forma de Estado 
Federativa. O Distrito Federal continuou como a Capital da União, contudo, a 
previsão do art. 4.º do ADCT determinava que a Capital da União seria transferida 
para o planalto central do País e o atual Distrito Federal passaria a constituir o 
Estado da Guanabara17. Brasília, a nova capital do Brasil, foi inaugurada em 21 de 
abril de 1960. Manteve-se a inexistência de religião oficial continuando o País laico, 
 
16
 Assembléia Constituinte - é um órgão colegiado que tem como função redigir ou reformar a constituição, a 
ordem político-institucional de um Estado, sendo para isso dotado de plenos poderes ou poder constituinte, ao 
qual devem submeter-se todas as instituições públicas. 
17
 Estado da Guanabara - foi um estado do Brasil de 1960 a 1975, que existiu no território do 
atual município do Rio de Janeiro. Em sua área, esteve localizado o antigo Distrito Federal. A palavra guanabara 
tem sua origem no tupi guaná-pará, que significa seio-mar. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Unidades_federativas_do_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Munic%C3%ADpio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_Federal_do_Brasil_(1891-1960)
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_tupi
26 
 
 
 
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muito embora a expressa menção a “Deus” no preâmbulo. Na organização do 
Estado a teoria clássica da tripartição de “Poderes” de Montesquieu foi 
restabelecida. O Poder Legislativo era exercido pelo Congresso Nacional, que se 
compunha da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, reaparecendo o 
bicameralismo. O Presidente da República deveria ser eleito de forma direta para 
mandato de 5 anos, junto com o vice que acumulava a função de Presidente do 
Senado Federal. No Poder Judiciário foi retomada a situação de normalidade. 
Vedou-se, caracterizando seu cunho humanitário, a pena de morte, a de banimento, 
a de confisco e a de caráter perpétuo. Foi reconhecido o direito de greve. As várias 
garantias dos trabalhadores já conquistadas durante o “Estado Novo” foram 
mantidas, marcando importante “degrau” na evolução social do País (LENZA, 2012). 
 
4.6 A Constituição de 1967 
 
Em 01 de abril de 1964 foi deflagrado o Golpe Militar no Brasil, com a 
deposição do governo democrático de João Goulart, em 1967, é outorgada mais 
uma Constituição Federal. Antidemocrática e centralizadora potencializava os 
poderes do Presidente da República e suprimia-se os direitos sociais e individuais 
dos cidadãos. 
A Revolução de 1964 foi inegavelmente um golpe de Estado tramado por 
militares descontentes com as políticas reformistas de João Goulart. O País foi 
surpreendido por cenas de força e violência. Soldados fortemente armados, tanques, 
caminhões e jipes de guerra ocuparam as ruas das principais Cidades brasileiras. As 
sedes dos partidos políticos, dos sindicatos e associações que apoiavam as 
reformas do governo Jango foram tomadas pelos soldados. A sede da União 
Nacional dos Estudantes (UNE), localizada no Rio de Janeiro, foi incendiada. 
Implanta-se no País um longo regime de ditadura militar que perdurou até 1985, com 
violenta repressão política nos anos 60 e 70, quando, sob a égide da Lei de 
Segurança Nacional, tornaram-se comuns as perseguições políticas, as prisões e as 
torturas de opositores políticos do regime, além da cassação de seus direitos 
políticos (CUNHA JÚNIOR, 2012). 
27 
 
 
 
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O Golpe Militar de 1964 colocou fim à república populista18, e em seu lugar 
foi imposta uma nova ordem legal cuja marca era a violência e o autoritarismo. Após 
o golpe, continuou a vigorar a Constituição de 1946, entretanto apenas nas 
aparências, já que na prática ocorria completa subversão dos direitos e garantias 
dos brasileiros. 
O comando do golpe, que se auto intitulava Comando Supremo da 
Revolução, passou a governar com a edição dos chamados Atos Institucionais, 17 
foram editados, o primeiro (AI) n.º 1 determinava que a eleição do novo presidente 
seria realizada em 11 de abril, pelo Congresso Nacional. 
Realizada a eleição por um Congresso deformado pela cassação da maioria 
dos parlamentares que se opunham ao golpe, foi eleito Presidente o marechal 
Castelo Branco. 
O ato institucional nº 1, previa, ainda, a possibilidade do Presidente da 
República enviar ao Congresso Nacional projetos de lei sobre qualquer matéria, os 
quais deveriam ser apreciados dentro de trinta dias, caso contrário, seriam tidos 
como aprovados. 
Foram suspensas, por seis meses, as garantias constitucionais ou legais de 
vitaliciedade19 e estabilidade. Podendo, por investigação sumária, os titulares dessas 
garantias serem demitidos ou dispensados, postos em disponibilidade, aposentados, 
transferidos para a reserva ou reformados, mediante atos do Comando Supremo da 
 
18
 República Populista - Após o fim da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas, em 1945, a República 
brasileira conheceu um curto período de democracia liberal representativa. Também conhecido como República 
Populista, esse período da história do Brasil representou uma maior integração econômica do país na esfera do 
capitalismo ocidental, resultando em um impulso à industrialização brasileira. Entretanto, essa integração às 
cadeias produtivas ocidentais e ao impulso industrial aprofundou as contradições da sociedade brasileira, já que 
o processo de modernização não atingiu a todos. A miséria, a concentração de terras e de renda, a 
preponderância do capital proveniente de outros países e a intensa exploração do trabalho ainda se faziam 
presentes, indicando um caráter conservador do processo de modernização. Tal situação resultou na formação de 
movimentos sociais no campo, como as Ligas Camponesas, e no fortalecimento dos sindicatos de trabalhadores 
urbanos. Os partidos políticos ligados aos trabalhadores, como o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido 
Trabalhista Brasileiro (PTB), também ganharam maior influência. A ligação de alguns governos aos movimentos 
populares foi um dos aspectos que garantiram a adjetivação do período como populista. 
 
19
 Vitaliciedade - dir.const adm garantia concedida pela Constituição a certos titulares de funções públicas, civis 
e militares de carreira, de ocuparem os respectivos cargos até atingirem a idade prevista para a aposentadoria 
compulsória, não podendo deles ser afastados ou demitidos, salvo por motivo estabelecido por lei ou por 
sentença do órgão judiciário competente. 
 
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Revolução até a posse do Presidente da República e, depois da sua posse, por 
decreto presidencial ou, em setratando de servidores estaduais, por decreto do 
governo do Estado, desde que tenham tentado contra a segurança do Pais, o regime 
democrático e a probidade da administração pública, sem prejuízo das sanções 
penais a que estejam sujeitos. 
Estabelecia, por fim que no interesse da paz e da honra nacional, e sem as 
limitações previstas na Constituição, os Comandantes-em-Chefe, que editam o 
presente Ato, poderão suspender os direitos políticos, pelo prazo de dez anos. e 
cassar mandatos legislativos federais, estaduais e municipais, excluída a apreciação 
judicial desses atos. 
De início foram cassados 41 deputados. Seis meses após o golpe, o número 
de cassados era de 4.454, dos quais 2.757 eram militares. 
Em novembro de 1965 os partidos políticos foram extintos. Empurrando o 
país ao bipartidarismo20. O partido do governo – a Aliança Renovadora Nacional 
(Arena) e o partido oposicionista – o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). 
No decorrer do mandato, o presidente militar Castelo Branco, descumprindo 
o juramento de posse, estendeu seu mandato de 30 de janeiro de 1966 para 15 de 
março de 1967. 
Em 5 de fevereiro de 1966, veio o AI-3 que estabelecia: que a eleição de 
Governador e Vice-Governador dos Estados far-se-ia pela maioria absoluta dos 
membros da Assembléia Legislativa, em sessão pública e votação 
nominal. Estabelecendo para esses casos a eleições indiretas; que, respeitados os 
mandatos em vigor, serão nomeados pelos Governadores de Estado, os Prefeitos 
dos Municípios das Capitais mediante prévio assentimento da Assembléia 
Legislativa ao nome proposto; e que apenas os Prefeitos dos demais Municípios 
seriam eleitos por voto direto, sendo permitido ao Senador e ao Deputado federal ou 
estadual, com prévia licença da sua Câmara exercer o cargo de Prefeito de Capital 
de Estado. 
 
20
 Bipartidarismo - existência de apenas dois partidos, ou de apenas dois partidos importantes, na vida política 
de um país. Sistema ou estrutura política bipartidária. 
 
29 
 
 
 
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Foram excluídos de apreciação judicial os atos praticados com fundamento 
no Ato institucional e nos atos complementares a ele. 
A “revolução” que se distinguia “de outros movimentos armados pelo fato de 
que traduz não o interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da 
nação”, como rezava a introdução do AI-2, retirou dessa mesma nação o direito de 
escolher o presidente da República, os governadores e os prefeitos das capitais 
(VILLA, 2011). 
O segundo Presidente Militar foi Costa e Silva, escolhido em outubro de 
1966, período em que o Congresso foi fechado por 32 dias com a cassação de 
vários parlamentares. 
Editado o AI-4, em dezembro de 1966, é convocado o Congresso Nacional 
para se reunir extraordinariamente, de 12 de dezembro de 1966 a 24 de janeiro de 
1967, para a discussão, votação e promulgação do projeto de Constituição 
apresentado pelo Presidente da República. 
Estabelecia que logo que o projeto de Constituição fosse recebido pelo 
Presidente do Senado, seriam convocadas, para a sessão conjunta, as duas Casas 
do Congresso, e o Presidente deste designaria Comissão Mista, composta de onze 
Senadores e onze Deputados, indicados pelas respectivas lideranças e observando 
o critério da proporcionalidade. A Comissão Mista deveria reunir-se nas 24 horas 
subseqüentes à sua designação, para eleição de seu Presidente e Vice-Presidente, 
cabendo àquele a escolha do relator, o qual dentro de 72 horas daria seu parecer, 
que concluiria pela aprovação ou rejeição do projeto. 
Obedientemente, o Congresso cumpriu as determinações do general-
presidente. O projeto só chegou no dia 13. Na justificativa, o ministro da Justiça 
alertava que “a revolução não se fez somente para extirpar da Carta Magna 
preceitos que, no curso do tempo, se tornaram obsoletos; tinha de inovar e o fez 
através de Atos e Emendas Constitucionais, com o objetivo de consolidar a 
democracia e o sistema presidencial de governo”. Ou seja, o ministro legitimava a 
legislação arbitrária e justificava os atos discricionários do regime militar. (VILLA, 
2011). 
A Constituição Federal de 1967 concentrou, bruscamente, o poder no âmbito 
federal, esvaziando os Estados e Municípios e conferindo amplos poderes ao 
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Presidente da República. Houve forte preocupação com a segurança nacional. Muito 
embora o art. 1.º estabelecesse ser o Brasil uma República Federativa, constituída, 
sob o regime representativo, pela união indissolúvel dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Territórios, na prática, contudo, o que se percebeu foi um duro “golpe” no 
federalismo, mais se aproximando de um Estado unitário centralizado do que 
federativo. A teoria clássica da tripartição de “Poderes” de Montesquieu foi 
formalmente mantida, embora no fundo existia um só, que era o Executivo, visto que 
a situação reinante tornava por demais mesquinhas as competências tanto do 
Legislativo quanto do Judiciário (PEDRO LENZA, 2012). 
Em seguida à edição da Constituição, a crise política e social no país 
agrava-se. Pressionado, o governo militar edita, em 13 de dezembro de 1968, 
durante o governo do general Costa e Silva, o AI-5. Este foi a expressão 
caracterizadora da ditadura militar brasileira (1964-1985) e esteve em vigor até 
1978. Foi responsável por inúmeras ações arbitrárias de longos efeitos. Foi 
indicativo do momento mais arbitrário do regime, conferiu poderes de exceção aos 
governos para punir indiscriminadamente os que fossem adversários do regime ou 
como tal considerados. 
Pelo AI-5 são mantidas a Constituição de 1967 e as Constituições estaduais, 
entretanto com algumas modificações: 
a) O Presidente da República poderá decretar o recesso do Congresso 
Nacional, das Assembléias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, por Ato 
Complementar, em estado de sitio ou fora dele, só voltando os mesmos a funcionar 
quando convocados pelo Presidente da República. Decretado o recesso 
parlamentar, o Poder Executivo correspondente fica autorizado a legislar em todas 
as matérias e exercer as atribuições previstas nas Constituições ou na Lei Orgânica 
dos Municípios. Durante o período de recesso, os Senadores, os Deputados 
federais, estaduais e os Vereadores só perceberão a parte fixa de seus subsídios. 
b) O Presidente da República, no interesse nacional, poderá decretar a 
intervenção nos Estados e Municípios, sem as limitações previstas na Constituição. 
Os interventores nos Estados e Municípios serão nomeados pelo Presidente da 
República e exercerão todas as funções e atribuições que caibam, respectivamente, 
31 
 
 
 
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aos Governadores ou Prefeitos, e gozarão das prerrogativas, vencimentos e 
vantagens fixados em lei. 
c) No interesse de preservar a Revolução, o Presidente da República, ouvido 
o Conselho de Segurança Nacional, e sem as limitações previstas na Constituição, 
poderá suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos 
e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais. 
 d) A suspensão dos direitos políticos21, com base neste Ato, importa, 
simultaneamente, em: I - cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função; II 
- suspensão do direito de votar e de ser votado nas eleições sindicais; III - proibição 
de atividades

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