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1 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br INTRODUÇÃO AO DIREITO CONSTITUCIONAL Barbacena/MG 2 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br Índice 1. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO ........................................................................... 3 2. CONSTITUCIONALISMO ........................................................................................ 7 3 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES ............................................................ 10 4. HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS ........................................... 13 4.1 A Constituição de 1824 .................................................................................... 14 4.2 A Constituição de 1891 .................................................................................... 18 4.3 A Constituição de 1934 .................................................................................... 19 4.4 A Constituição de 1937 .................................................................................... 22 4.5 A Constituição de 1946 .................................................................................... 24 4.6 A Constituição de 1967 .................................................................................... 26 4.7 A Constituição de 1988 .................................................................................... 33 5. PODER CONSTITUINTE ...................................................................................... 37 5.1 Poder Constituinte Originário ........................................................................... 39 5.2 Poder Constituinte Derivado ............................................................................ 41 5.2.1 Poder Constituinte Reformador ................................................................. 42 5.2.2 Poder Constituinte Decorrente .................................................................. 43 6 HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL .................................................................. 43 6.1 Princípios de Interpretação Constitucional ....................................................... 45 6.1.1 Princípio da Unidade de Constituição ....................................................... 45 6.1.2 Princípio do Efeito Integrador .................................................................... 45 6.1.3 Princípio da Concordância Prática (ou da harmonização) ........................ 46 6.1.4 Princípio da Correção Funcional ............................................................... 46 6.1.5 Princípio da Convivência das Liberdades Públicas (ou relatividade) ........ 47 6.1.6 Principio da Força Normativa da Constituição .......................................... 47 6.1.7 Princípio da Máxima Efetividade ............................................................... 48 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49 3 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br 1. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO Constituição, lato sensu1, é o ato de constituir, de estabelecer, de firmar; ou, ainda, o modo pelo qual se constitui uma coisa, um ser vivo, um grupo de pessoas; organização, formação. Juridicamente, porém, Constituição deve ser entendida como a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. Além disso, é a Constituição que individualiza os órgãos competentes para a edição de normas jurídicas, legislativas ou administrativas. (ALEXANDRE DE MORAES, 2003, p. 27). Por essa estrutura normativa envolver um conjunto de princípios e regras advindos dos elementos constitutivos de um Estado, relacionados à sua realidade social, ele é concebida em diferentes sentidos. Ao longo da construção da Teoria Constitucional, três percepções distintas de Constituição se formaram: a jurídica, a política e a sociológica. No sentido Jurídico, a Constituição, segundo HANS KELSEN, é a lei pura, a norma positiva suprema de um Estado. Para CARL SCHMIT, a Constituição é considerada uma decisão política fundamental sobre o modo de vida e a forma do Estado. Já FERDINAND LASSALLE entende a Constituição, a partir de um sentido sociológico, como a soma dos fatores reais dos poderes que regem um país. Ocorre que, na verdade, a Constituição condiciona, em si, todos esses conceitos. Nesse sentindo, grande parte da doutrina entende a Constituição como uma estrutura complexa, “mediante a qual se processa a integração dialética dos vários conteúdos da vida coletiva na unidade de uma ordenação fundamental e suprema” (FERREIRA, p. 24). A Constituição é criada retirando-se da forma de vida da sociedade os elementos essenciais que constituem o Estado reunindo-os em um conjunto de normas fundamentais. RODRIGO CÉSAR REBELLO PINHO (2011, p. 29) leciona: 1 Lato sensu - é uma expressão em latim que significa, literalmente, "em sentido amplo", em contraposição ao stricto sensu (sentido estrito). https://pt.wikipedia.org/wiki/Latim 4 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br A Constituição é a lei fundamental de organização do Estado, ao estruturar e delimitar os seus poderes políticos. Dispõe sobre os principais aspectos da sua estrutura. Trata das formas de Estado e de governo, do sistema de governo, do modo de aquisição, exercício e perda do poder político e dos principais postulados da ordem econômica e social. Estabelece os limites da atuação do Estado, ao assegurar respeito aos direitos individuais. O Estado, assim como seus agentes, não possui poderes ilimitados. Devem exercê-los na medida em que lhes foram conferidos pelas normas jurídicas, respondendo por eventuais abusos a direitos individuais. Nesse sentido, o objetivo precípuo da Constituição é determinar a estrutura do Estado, sua forma de governo, sua organização e suas instituições, bem como, estabelecer o modo de aquisição, o exercício, atuação e os limites dos poderes existentes, assegurar os direitos fundamentais do cidadão e suas respectivas garantias e regular princípios básicos de convivência social. Etimologicamente, o verbete “constituição” origina-se do verbo latino “constituere”, UADI LAMMÊGO BULOS (2000), ancorado nos ensinamentos de Howard Lee McBain, adota o entendimento de que a constituição é um “organismo vivo” com escopo é delimitar a organização estrutural do Estado, a forma de governo o modo de aquisição e exercício do poder, através de um conjunto de normas jurídicas, escritas ou costumeiras que estatuem direitos, prerrogativas, garantias, competências, deveres e encargos. A Constituição, sob uma perspectiva histórica, refere-se ao conjunto das normas e das estruturas institucionais que determinam, em determinada época, a ordem jurídica e política de determinado sociedade organizada como nação. Variando de acordo com a época ou o local, os conceitos, modelos e institutos constitucionais, ou ainda, sofrendovariações com o modelo e o nível de desenvolvimento do constitucionalismo até então vigentes. As constituições podem ser compreendidas como verdadeiros organismos vivos, pois consignam verdadeiros documentos abertos no tempo, em verdadeira interrelação com as manifestações do meio social que a circula, como as crenças, as convicções, as aspirações, os anseios populares, a burocracia etc. Portanto, por ser um conjunto evolutivo de normas, cabe ao legislador prever possíveis modificações futuras, o que requer que sejam estas normas dotadas de 5 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br certa mutabilidade, que possibilitem fatos novos surgidos após o advento da Constituição. Uma vez que a Constituição apresenta – além dos direitos, deveres, competências e garantias – o perfil do Estado e os elementos que o compõem, afirma-se que ela é, na verdade, a particular maneira de ser do Estado. A Constituição é a norma suprema e fundamental, situa-se, no topo do sistema jurídico, como o norte que direciona todas as outras leis e serve de fundamento a toda autoridade pública do Estado. A atuação e a competência de todos os poderes governamentais são sempre limitadas pelas normas constitucionais. As outras normas que integram o ordenamento jurídico, para que sejam válidas, devem estar em conformidade com a norma suprema. ANDRÉIA AGOSTIN (2011, p. 8) leciona: As Constituições têm por objeto estabelecer a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos, o modo de aquisição do poder e a forma de seu exercício, limites de sua atuação, assegurar os direitos e garantias dos indivíduos, fixar o regime político e disciplinar os fins sócio-econômicos do Estado, bem como os fundamentos dos direitos econômicos, sociais e culturais. São Elementos da Constituição: a) Elementos orgânicos: Normas sobre a estrutura do Estado e seu poder. b) Elementos limitativos: Limita a atuação do Estado sobre os direitos individuais, com base em um conjunto de direitos e garantias fundamentais. c) Elementos sócio-ideológicos: Prescreve a atuação social do Estado (intervencionista ou liberal). d) Elementos de estabilização constitucional: Normas para defesa da Constituição (ações diretas, intervenção federal, estado de sítio, estado de defesa). e) Elementos formais de aplicabilidade: Regras sobre a correta aplicação da Constituição. Verifica-se, portanto, que as normas constitucionais possuem superioridade hierárquica sobre as demais regras jurídicas. A distinção que se faz, entre normas ordinárias e normas constitucionais, surge da acepção formal de supremacia da Constituição. Essa supremacia formal, por seu turno, surge da regra da rigidez constitucional, sendo seu principal corolário. GILMAR FERREIRA MENDES e PAULO GUSTAVO GONET BRANCO (2011, p. 53) estabelecem dois sentidos a este conceito de Constituição, dividindo-o em substancial e formal: 6 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br Fala-se em Constituição no sentido substancial quando o critério definidor se atém ao conteúdo das normas examinadas. A Constituição será, assim, o conjunto de normas que instituem e fixam as competências dos principais órgãos do Estado, estabelecendo como serão dirigidos e por quem, além de disciplinar as interações e controles recíprocos entre tais órgãos. Compõem a Constituição também, sob esse ponto de vista, as normas que limitam a ação dos órgãos estatais, em benefício da preservação da esfera de autodeterminação dos indivíduos e grupos que se encontram sob a regência desse Estatuto Político. (...) Outro modo de se conceituar a Constituição centra-se em um critério de forma, que também é devedor das postulações do constitucionalismo, no ponto em que preconizava os méritos da Constituição documentada, escrita como forma não somente de melhor acesso aos seus comandos como de estabilidade e racionalização do poder. A Constituição, em sentido formal, é o documento escrito e solene que positiva as normas jurídicas superiores da comunidade do Estado, elaboradas por um processo constituinte específico. O princípio desta organização social que delimita o modelo estatal ocorre no exato momento em que se edita a constituição, seja ela proveniente de revolução ou de assembléia popular. A nova constituição, que ali nasce, funda a nova ordem jurídica, diversa da anterior. Portanto, daquele momento em diante, o Estado, do ponto de vista histórico e geográfico, pode ser o mesmo, mas da ótica exclusivamente jurídica, não, pois, a cada manifestação constituinte, emissora de atos constitucionais, se inaugura um novo Estado. UADI LAMMÊGO BULOS (2000) apresenta, ainda outras concepções de Constituição, pela ótica da filosofia do direito: a) Jusnaturalistas: a constituição concebida consoante princípios de direito natural, principalmente no que diz respeito aos direitos fundamentais do ser humano (Víctor Cathrein); b) Positivistas: a constituição como complexo normativo emanado do poder estatal, sem considerar qualquer elemento axiológico em sua formação (Laband, Jellinek, Carré de Malberg e Kelsen); c) Historicistas: a constituição como derivação do processo histórico, que ao reger a vida de um povo considera a tradição, os costumes, os folkways e mores, a religião, a geografia, as relações políticas e econômicas (Burke, De Maistre, Gierke); d) Marxistas: a constituição como produto da supra-estrutura ideológica, condicionada pela infra-estrutura econômica. É o caso da “constituição-balanço”, que descreve e registra a organização política estabelecida, é dizer, os estágios das relações de poder; 7 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br e) Culturalistas: a constituição como fato cultural, desembocando na filosofia dos valores (Meirelles Teixeira, Maunz, Otto Bachof); f) Estruturalistas: a constituição como resultado das estruturas sociais, equilibradora das relações políticas e da sua transformação (José Afonso da Silva, Spagna Musso). 2. CONSTITUCIONALISMO A origem do constitucionalismo remonta à antiguidade clássica, mais especificamente, ao povo hebreu, de onde partiram as primeiras manifestações deste movimento constitucional em busca de uma organização política da comunidade fundada na limitação do poder absoluto. De fato, explica Loewenstein que o regime teocrático dos hebreus se caracterizou fundamentalmente a partir da idéia de que o detentor do poder, longe de ostentar um poder absoluto e arbitrário, estava limitado pela lei do senhor que submetia igualmente os governantes e governados, radicando aí o modelo de Constituição material daquele povo (DIRLEY DA CUNHA JÚNIOR, 2012, p. 16). CANOTILHO (2003, p. 51) identifica constitucionalismo como “a teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade.” Explica, ainda, o autor, que não há um constitucionalismo, mas vários constitucionalismos. O movimento constitucional gerador da constituição em sentido moderno possui diversas raízes localizadas em espaços históricos geográficos e culturais diferenciados. O termo Constitucionalismo designa todo sistema jurídico que possua uma Constituição passível de regular o poder Estatal. Neste contexto, sob a perspectiva histórica, o constitucionalismo surge para limitar o poder dos governantes em face da liberdade dos governados.Portanto, quando determinados agrupamentos sociais passam a instituir mecanismos de limitação do exercício do poder político, na vida social é que surge o 8 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br constitucionalismo. Configurando-se, neste contexto amplo, independentemente da existência de normas escritas ou de desenvolvimento teórico. Embora vários momentos e divisões do Constitucionalismo sejam apontados pela doutrina, CANOTILHO (2003, p 52), simplificando sua evolução histórica, estabelece dois grandes movimentos constitucionais: o constitucionalismo antigo e o moderno, caracterizando-se este último como “... o movimento político, social e cultural que, sobretudo a partir de meados do século XVIII, questiona nos planos: político, filosófico e jurídico os esquemas tradicionais de domínio político, sugerindo, ao mesmo tempo, a invenção de uma forma de ordenação e fundamentação do poder político”. Mas também o constitucionalismo viveu várias fases históricas. Em seus primórdios (constitucionalismo “antigo”), o movimento iniciou-se nas práticas político- teocráticas do povo hebreu, cujos governantes tinham poderes limitados pela autoridade das leis divinais, às quais todos deviam obediência, incluindo os próprios monarcas. Ainda durante o constitucionalismo antigo, destacam-se os sistemas de leis criados na Grécia antiga e durante o período republicano do Império Romano. E já numa fase mais ou menos remota, a doutrina se refere ao constitucionalismo experimentado na Inglaterra e suas colônias, a partir da Idade Média, sobretudo com a aprovação da Magna Carta2 (1215), passando ainda por outros diplomas importantes, como a Petition of Rights (1628), as Fundamental Orders of Connecticut (América do Norte, 1639) e o Agreement of the People (Inglaterra, 1647), até o chamado “Instrumento de Governo”, assinado por Oliver Cromwell em 1654, e que é considerado a primeira constituição “moderna” (BERNARDES e ALVES, 2012, p. 15). Após a Magna Carta inglesa, o constitucionalismo deslancha em direção à modernidade, ganhando novos contornos. No século XVIII, o constitucionalismo ganha significativo reforço com as idéias iluministas, a exemplo da doutrina do contrato social e dos direitos naturais, de filósofos como John Locke (1632-1704), 2 Magna Carta - (expressão em latim que significa “Grande Carta”) foi o primeiro documento a colocar por escrito alguns direitos do povo inglês. Seu nome completo é “Grande carta das liberdades ou concórdia entre o rei João e os barões para a outorga das liberdades da Igreja e do reino inglês”. O rei João sem Terra, da Inglaterra, a assinou em 15 de junho de 1215. A Magna Carta estabeleceu que o rei devia seguir a lei e não podia mais reinar como bem entendesse. Foi um dos primeiros documentos a conceder direitos aos cidadãos. Desse modo, é considerado um tipo de constituição, a primeira que houve no mundo. http://escola.britannica.com.br/article/481046/constituicao 9 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br Monstesquieu (1689-1755), Rousseau (1712-1778) e Kant (1724-1804), que se opunham aos governos absolutistas (luzes contra trevas), e que serviram de combustível para as revoluções liberais (CUNHA, 2012, p.18). Todavia, o constitucionalismo moderno não é movimento que se resuma à território ou tempo determinados. Está presente em todas intervenções voltadas a novas formas de ordenação e sistematização do Estado e do poder político. Com isso, sofre influências das ideologias e pensamentos reinantes em cada período histórico e contexto social. Esse o motivo para se afirmar tanto que o constitucionalismo é “técnica jurídica” de limitação do poder que varia de acordo com a época e a tradição de cada país, como para se sustentar a existência de múltiplos movimentos constitucionalistas. Adotando-se o conceito de constituição tipicamente liberal do século XVIII, ainda nos primeiros movimentos do constitucionalismo moderno, dizia-se que uma “sociedade em que não está assegurada a garantia dos direitos nem reconhecida a divisão dos poderes não tem Constituição.” (Art. 16 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão – 1789). Entretanto, na atualidade esta conceituação não se coaduna correta, uma vez que, se reconhece, hoje, que quaisquer organizações sociais possuem constituição, já que cada sociedade apresenta-se, de qualquer forma, minimamente estruturada, pelo menos, mesmo que baseada nos costumes ou na simples autoridade de quem exerce o poder político. D’outro giro, os arcaicos modelos de constituição, que antecederam ao constitucionalismo eram meramente descritivas da realidade estatal, sem que pudéssemos verificar nelas qualquer preocupação consciente em fixar mecanismos limitadores do poder político ou de estabelecer direitos e garantias para os cidadãos. Embora a qualquer existência política concreta corresponda alguma constituição, nem toda entidade política concreta decide conscientemente acerca dessa forma de existência política, nem adota, mediante determinação própria e consciente, a decisão sobre seu modo concreto de ser. Nesse rumo, é somente com o desenvolvimento do constitucionalismo moderno que surge a chamada constituição moderna, cujo conceito consiste na ordenação sistemática e racional da comunidade política através de documento http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/112175738/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/112175738/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/112175738/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/112175738/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/112175738/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/112175738/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 10 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br escrito no qual se declaram a liberdades e os direitos fundamentais e se fixam os limites do poder político (CANOTILHO, 2003). 3 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES As constituições podem ser classificações sobre diversos critérios, ALEXANDRE DE MORAES (2003, p. 28) assim as estabelece: Classificação das Constituições: Quanto ao conteúdo - Materiais, Formais Quanto à forma - Escritas, Não escritas Quanto ao modo de elaboração - Dogmáticas, Históricas Quanto à origem - Promulgadas, Outorgadas Quanto à estabilidade - Imutáveis, Rígidas, Flexíveis, Semi-rígidas Quanto à extensão e finalidade - Analíticas, Sintéticas 1) QUANDO AO CONTEÚDO: As Constituições podem ser formais ou materiais: a) Formal: formal é aquela Constituição que considera a maneira como as normas foram introduzidas no ordenamento jurídico e não, o seu conteúdo. Nesse caso o que interessa caso é o processo de formação da norma. b) Material: Na Constituição material é considerado o conteúdo da norma. Considera-se se a norma traz aborda questões relativas à estrutura do Estado, organização de seus órgãos, bem como a consagração de direitose garantias fundamentais do cidadão. 2) QUANDO A FORMA: A Constituição pode ser escrita ou consuetudinária: 11 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br a) Escrita: A Constituição escrita é aquela que possui um conjunto de regras sistematizado em um único documento escrito. b) Consuetudinária: consuetudinária é considerada aquela Constituição que, ao contrário da escrita, não se encontra estabelecida em um único documento. Entretanto, não se confunde Constituição costumeira com Constituição não expressa. Em que pese seja taxada como costumeira, a Constituição consuetudinária é formada por textos esparsos, não formalizados em um único documento. 3) QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO: As Constituições podem ser Dogmáticas ou Históricas: a) Dogmáticas: são as Constituições que apresentam em seu conteúdo elementos que podem ser consideradas como dogmas estruturais fundamentais de um Estado. b) Históricas: são aquelas que são fruto de um processo histórico do povo de determinado país. Esse tipo de Constituição geralmente representa, em seu conteúdo, os anseios e vitórias do povo de uma nação em determinada época. 4) QUANTO A ORIGEM: A Constituição pode ser promulgada ou outorgada: a) Promulgada: Considera-se promulgada a Constituição que é elaborada por uma Assembléia Nacional Constituinte, formada por representantes do povo, ou seja, titulares do exercício do poder soberano. Ou seja, encontra-se presente, ainda que indiretamente, por meio de representantes, a vontade soberana do povo, portando, consideradas como democráticas. b) Outorgada: É a Constituição imposta de maneira unilateral por agentes que não receberam do povo a titularidade de exercício do poder, para que possam 12 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br agir em nome do povo, ou seja, não são frutos do trabalho de Assembléias Nacionais Constituintes, mas tão somente, da vontade unilateral de uma pessoa. 5) QUANTO A ESTABILIDADE: As Constituições podem ser rígidas, semi- rígidas e semi-flexíveis ou flexíveis: a) Rígidas: são aquelas que para sofrerem alterações, depois de já estarem em vigor, necessitam de um processo mais complexo. Não se confunde rigidez com imutabilidade. A Constituição rígida é mutável, entretanto, é necessário um processo mais amplo e severo para sua alteração. b) Semi-rígidas: são as Constituições que possuem matérias que para serem alteradas necessitam de um procedimento mais rígido, ao mesmo tempo em que, de outro lado, possuem matérias que para serem alteradas não necessitam de procedimento tão complexo. c) Semi-flexíveis ou Flexíveis: São aquelas Constituições cujo processo de alteração é o mesmo exigido para as normas infraconstitucionais. 6) QUANTO A EXTENSÃO: As Constituições podem ser analíticas ou sintéticas: a) Analíticas: são as Constituições trazem em seu arcabouço matérias minuciosamente apresentadas sobre o contexto estatal, social, político, etc., matérias que, muitas vezes, não eram necessárias serem expressas no texto da Constituição, uma vez que poderiam ser tratadas em lei infraconstitucional. b) Sintética: É a Constituição que não aborda minuciosamente as questões existentes, trazendo, em seu bojo, apenas matérias inerentes à estrutura do Estado e aos direitos fundamentais. 13 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br Considerando estes critérios de classificação, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 pode ser assim considerada: formal, escrita, legal, dogmática, promulgada (democrática, popular), rígida, analítica. 4. HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS Historicamente, desde sua independência de Português, em 07 de setembro de 1822, o Brasil já editou sete Constituições: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 (com a emenda de 1969), e a atual de 1988. Inicialmente, é necessário verificar, estabelecendo-se como fonte os estudos de Konrad Hesse e de Ferdinand Lassalle, os elementos formadores de uma Constituição. Nesse sentido VAINER (2007) sintetiza que ao se realizar uma análise sociológica das Constituições, verificar-se-ia que elas só seriam realmente eficazes se refletissem os “fatores de poder” do país. Portanto, segundo esse pensamento a Constituição de um país só teria efetividade e aplicabilidade concreta se estivesse de acordo com os interesses da classe dominante, que de fato comanda o país, em concordância absoluta com os chamados “fatores de poder” que são formados pela burguesia, aristocracia, banqueiros e forças armadas, ou seja, organismos sociais e políticos que possuam alguma relação com o poder no Estado. Sem tais fatores, a Constituição não possuiria nenhuma eficácia. Seguindo esse pensamento, verifica-se que, para Lassalle, os assuntos constitucionais têm mais relação com elementos de poder do que a assuntos jurídicos propriamente ditos. Esta análise aborda a Constituição como sendo, mais do que uma relação jurídica, uma relação de poder, afirmando-se que um texto que não se refira a tais relações é um texto que já nasce sem eficácia, nem durabilidade. Neste contexto, infere-se que por praticamente toda a história da humanidade, especialmente, da idade antiga à idade média, passando pelo absolutismo, pela tripartição de poderes, revolução francesa, segunda grande 14 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br guerra, etc., as leis ou regras de conduta sempre representaram tão somente os fatores do poder. Observa-se, entretanto, que os fatores de poder estão em constante mudança, de maneira que uma Constituição que previsse os interesses de determinada classe dominante seria revogada no exato momento em que outra classe assumisse o poder. A doutrina é uníssona em afirmar que a Constituição é o conjunto máximo de leis de um país. A Constituição é definida por Karl Marx como a superestrutura que define as regras da infraestrutura da sociedade. A Constituição cria o Estado de Direito, estando nela inseridos os princípios norteadores da estrutura social, sendo o seu alicerce, norteando todo o seu ordenamento jurídico. Nesse sentido é dever da Constituição positivar os direitos fundamentais do homem, que constituem a chamada “força normativa da Constituição”, na medida em que, ao tentar alcançar a toda a sociedade, busca impedir que somente os interesses dos fatores de poder recebam proteção da Constituição. A força normativa da Constituição deve estar atenta à questão social, com atenção aos hipossuficientes, devendo garantir a igualdade jurídica de todos. Pela força normativa da Constituição é possível proteger as pessoas externas aos fatores de poder, possibilitando imaginar uma sociedade mais justa e, em consequência, mais igualitária. Com referência à evolução constitucional, podem-se apontar três fases no Brasil, em face dos valores políticos, jurídicos e ideológicos que influenciaram enormemente a criação e formação de nossas constituições. A primeira, interligada ao modelo constitucional inglês e francês do século XIX. A segunda inspirada no modelo dos Estados Unidos. A terceira, e atual, com contornos elementares do constitucionalismo alemão. 4.1 A Constituição de 1824 O ano de 1808 é a datahistórica, entre Brasil e Portugal, em que a família real portuguesa, desembarca em solo brasileiro, fugindo do governo Napoleônico, https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_de_Portugal https://pt.wikipedia.org/wiki/Fam%C3%ADlia_real_portuguesa https://pt.wikipedia.org/wiki/Fam%C3%ADlia_real_portuguesa 15 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br com o objetivo de se radicaram no Brasil. Conjuntamente com a corte portuguesa, desembarcaram servos e demais empregados domésticos, totalizando, inicialmente, cerca de quinze mil pessoas. Na capital do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro, estabeleceu-se a capital se de Portugal, havendo, segundo diversos historiadores, uma verdadeira "inversão metropolitana", já que a antiga colônia passara a sediar uma corte européia. Alguns anos após, por causa da Revolução do Porto, a nobreza portuguesa que permanecera na terra natal, passa a exigir o retorno do Rei Dom João VI, rei de Portugal, que, precisamente em 1821, se vê obrigado a retornar a Portugal, deixando em seu lugar, no Brasil, o príncipe Dom Pedro I, Regente brasileiro. Esses acontecimentos históricos foram decisivos para a intensificação dos movimentos pela independência do Brasil. Desobedecendo as ordens de seu pai que exigia seu retorno imediato a Portugal, em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro I, buscando a consolidação da recolonização do Brasil, nega-se a retornar, permanecendo no Brasil. Este episódio ficou conhecido como o “Dia do Fico”. Em 7 de setembro de 1822, logo após a declaração da Independência do Brasil, é convocada, por Dom Pedro I a primeira Assembleia Geral Constituinte e Legislativa do Brasil, isso no ano de 1823, esta impregnada de ideais nitidamente liberais. Entretanto, antes de se consolidar, a mesma foi desfeita, arbitrariamente, pois não coadunava com as ideias autoritárias do Imperador. Para substituir a Assembleia Geral Constituinte, em 1824, Dom Pedro I nomeia um Conselho de Estado para elaborar um novo projeto, mas desta vez, em consonância com suas pretensões. Em 25 de março de 1824 o texto constitucional foi outorgado por D. Pedro I, passando a vigorar, a partir daquela data, a primeira constituição brasileira. Conforme lecionam MENDES E BRANCO (2011, p. 90): À parte o curtíssimo período de vigência da Constituição de Cádiz entre nós, a história das nossas constituições tem início com a Independência. A Constituição de 1824 foi outorgada por D. Pedro I, depois de dissolvida a assembleia constituinte convocada no ano anterior. Foi a mais longeva das constituições brasileiras, durando 65 anos, somente tendo sido emendada https://pt.wikipedia.org/wiki/Servid%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Empregado_dom%C3%A9stico https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_de_Portugal https://pt.wikipedia.org/wiki/Historiador https://pt.wikipedia.org/wiki/Corte_(realeza) 16 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br uma vez, em 1834. Instituiu a monarquia constitucional e o Estado unitário, concentrando rigorosamente toda a autoridade política na Capital. Com inspiração ideológica dos franceses e dos ingleses, nossa primeira Constituição foi formulada com bases liberais, que dominaram o final do século XVIII e o início do século XIX. Este matiz de pensamento, que apresenta como cerne colocar o homem, individualmente considerado, como base de todo o sistema social, foi a inspiração para as principais ideias contidas na Constituição de 1924, pois as mesmas se opunham frontalmente às ideias monárquicas absolutistas. Entretanto, é necessário reconhecer que este constitucionalismo liberal encontrava plena consonância com os ideias dominantes na época, inclusive com as elites do país. Porém, não deixaria de encontrar toda a sorte de dificuldades para se tornar eficaz, como por exemplo, o pequeno desenvolvimento econômico do país, a falta de participação política, as grandes distâncias, e a precariedade dos transportes e das comunicações. O pensamento liberal é marcado por uma enorme diversidade de ideias, que foram evoluindo de acordo com a própria sociedade. John Lock conta-se entre os pioneiros do liberalismo, ao defender um conjunto de direito naturais inalienáveis do indivíduo anteriores à própria sociedade: a liberdade, a propriedade e a vida. A Constituição de 1824, dentre outras características, foi outorgada, sendo marcada por forte centralismo administrativo e político tendo em vista o Poder Moderador. Foi a Constituição brasileira que mais tempo durou, foram 65 anos. A doutrina aponta as seguintes características para a Constituição de 1824: 1) Governo Monárquico, hereditário, Constitucional e representativo; 2) Forma unitária de Estado, isto significa, mais explicitamente, que não existia a divisão dos Estados em entes Federativos; 3) Território: As antigas capitanias hereditárias foram transformadas em províncias; 4) Dinastia Imperante: Dom Pedro I, durante o império. Tivemos, também, a de D. Pedro II; 5) Religião oficial do Império: Católica Apostólica Romana; 17 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br 6) Capital do Império: Rio de Janeiro (1822/1889); 7) Organização dos Poderes. Não se adotou a função tripartida de Montesquieu. Pois, além das funções legislativa, executiva e judiciária, adotou-se a função Moderadora (4º Poder); 8) Poder Legislativo, exercido pela Assembleia Geral, com sanção do Imperador – bicameral (Câmara dos Deputados e Senado); 9) Eleições Indiretas; Sufrágio: Censitário (só votava quem tinha renda); 10) Poder Executivo, exercido pelo Imperador; 11) Poder Judiciário independente e composto de juízes e jurados. O órgão de cúpula do judiciário era o Supremo Tribunal de Justiça; 12) Poder Moderador, assegurava a estabilidade do trono; 13) Quanto à alterabilidade: Semi-rígida; 14) Liberdades públicas com declaração de direitos e garantias. Por forte influência das Revoluções Americana (1776) e Francesa (1789), configurando a ideia de constitucionalismo liberal, a Constituição de 1824 continha importante rol de Direitos Civis e Políticos. Sem dúvida influenciou as declarações de direitos e garantias das Constituições que se seguiram. Não podemos, contudo, deixar de execrar a triste manutenção da escravidão, por força do regime que se baseava na “monocultura latifundiária e escravocrata”, como mancha do regime até 13 de maio de 1888, data de sua abolição, quando da assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel (LENZA, 2012, p. 104). Percorremos um longo caminho. Mais de duzentos anos separam a vinda da família real para o Brasil e os dias de hoje. Nesse intervalo, a colônia exótica e semiabandonada tornou-se uma das dez maiores economias do mundo. O Império de viés autoritário, fundado em uma Carta outorgada, converteu-se em um Estado constitucional democrático e estável, com alternância de poder e absorção institucional das crises políticas. Do regime escravocrata, restou-nos a diversidade racial e cultural, capaz de enfrentar – não sem percalços, é certo – o preconceito e a discriminação persistentes. Não tem sido uma história de poucos acidentes. Da Independência até hoje, tivemos oito Cartas constitucionais: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, 1969 e 1988, em um melancólico estigma de instabilidade e de falta de continuidade das instituições. A Constituição de 1988 representa o ponto culminante dessa trajetória, catalisando o esforço de inúmeras geraçõesde brasileiros contra o autoritarismo, a exclusão social e o patrimonialismo, 18 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br estigmas da formação nacional. Nem tudo são flores, mas há muitas razões para celebrá-la (MARTINS, 2012, p. 10). 4.2 A Constituição de 1891 Após o declínio do governo monárquico brasileiro, em seguida à proclamação da República de 15 de novembro 1889, com forte inspiração na Constituição dos Estados Unidos da América, ocorreu, em 24 de fevereiro de 1891, a promulgação da Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. Contando com Rui Barbosa como seu relator foi escolhido o sistema presidencialista e a forma de Federativa de Estado. Leciona CUNHA JÚNIOR (2012, p. 261): Promulgada em 24 de fevereiro de 1891, a nova Constituição brasileira adota como forma de Governo, sob o regime representativo, a República Federativa, que se constitui por união perpétua e indissolúvel das suas antigas províncias, convertidas em Estados Unidos do Brasil. Cada uma das antigas Províncias formará um Estado membro da nova Federação (arts.1º e 2º). Organiza os poderes da República a partir de um sistema de separação tripartite, estabelecendo como órgãos da soberania nacional o Poder Legislativo, o Executivo e o Judiciário, harmônicos e independentes entre si (art. 15). Assim, a forma de governo Republicana substituiu à Monarquia. Ocorreu a previsão, pela primeira vez, do instituto do Habeas Corpus, que tutelava quaisquer direitos. Estabeleceu-se para a forma de Governo o regime representativo. Previu-se a união perpétua e indissolúvel das antigas Províncias; Adotou-se o Rio de Janeiro como a Capital de Brasil. Não mais se instituía o catolicismo como a religião oficial, preferindo-se o Estado laico3. 3 Estado laico - significa um país ou nação com uma posição neutra no campo religioso. Também conhecido como Estado secular, o Estado laico tem como princípio a imparcialidade em assuntos religiosos, não apoiando ou discriminando nenhuma religião. 19 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br Ocorreu a Extinção do Poder Moderador. Adotando-se a “Tripartição dos Poderes4” de Montesquieu: O Poder Legislativo era exercido pelo Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República; O Poder Judiciário possuía como Órgão máximo, Supremo Tribunal Federal; e o Poder Executivo passa a ser Exercido pelo Presidente da República. Aboliu-se a pena de Galés5, a de banimento e a de morte. Pode-se dizer que foi uma Constituição nominativa, pois suas disposições não encontraram eco na realidade social, vale dizer, seus comandos não foram efetivamente cumpridos. O coronelismo fora o poder real e efetivo, a despeito das normas constitucionais. Em 1926, a Constituição sofreu uma profunda reforma, de cunho marcadamente centralizador e autoritário, que acabou por precipitar a sua derrocada, ocorrida com a revolução de 1930 (VICENTE PAULO e MARCELO ALEXANDRINO, 2013, p. 32). 4.3 A Constituição de 1934 Em 1930, as oligarquias6 latifundiárias comandam o país. Sob grave crise econômico-financeira (fruto da depressão de 1929), constantes fraudes eleitorais, e 4 Tripartição dos Poderes - O conceito da separação dos poderes, também referido como princípio de trias politica, é um modelo de governar cuja criação é datada da antiga Grécia. A essência desta teoria se firma no princípio de que os três poderes que formam o Estado (legislativo, executivo ejudiciário) devem atuar de forma separada, independente e harmônica, mantendo, no entanto, as características do poder de ser uno, indivisível e indelegável.O objetivo dessa separação é evitar que o poder concentre-se nas mãos de uma única pessoa, para que não haja abuso, como o ocorrido no Estado Absolutista, por exemplo, em que todo o poder concentrava-se na mão do rei. A passagem do Estado Absolutistapara o Estado Liberal caracterizou-se justamente pela separação de Poderes, denominada Tripartição dos Poderes Políticos. 5 A pena das galés - era a punição na qual os condenados cumpriam a pena de trabalhos forçados. Era uma espécie de antiga sanção criminal. O Código Criminal de 1830 adotou este tipo de sanção, determinando, no artigo 44, os réus a andarem com calcetas nos pés e correntes de ferro, e a empregarem-se nos trabalhos públicos da província onde ocorrera o delito, ficando assim, à disposição do governo. 6 Oligarquia - Governo de poucas pessoas. Ocorre quando um pequeno grupo de pessoas de uma família, de um grupo econômico ou de um partido governa um país, estado ou município. Uma das características desta forma de governo é que os interesses políticos e econômicos do grupo que está no poder prevalecem sobre os da maioria. Entre os anos de 1889 (Proclamação da República) e 1930 (início da Era Vargas), o Brasil foi governado por uma elite, formada por grandes proprietários rurais e pecuaristas (conhecidos como coronéis). Os interesses sociais de grande parte da população foi deixada de lado, sendo que a política era feita para garantir os interesses políticos e econômicos desta oligarquia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia_Antiga https://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_legislativo https://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_executivo https://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_judici%C3%A1rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Rei https://pt.wikipedia.org/wiki/Absolutismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Liberalismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Puni%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho_for%C3%A7ado https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_Criminal_de_1830 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Calceta&action=edit&redlink=1 20 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br ascensão de uma pequena burguesia, naquele ano, subjugada pela Revolução de 30, que levou Getulio Vargas ao poder central do Brasil, tem fim a nominada República Velha. Nesse contexto, em 1930 uma Junta Militar transfere o poder para um Governo Provisório, que o exerceria até a promulgação do texto de 1934. Cabia ao Governo Provisório exercer, discricionariamente, em toda sua plenitude, as funções e atribuições não só do Poder Executivo como também do Poder Legislativo, até que, eleita a Assembléia Constituinte, se estabelecesse a reorganização constitucional do País. Foi nomeado um interventor para cada Estado, havendo controle, também, sobre os Municípios. Como ponto positivo, em 1932, Getulio Vargas decretou o importante Código Eleitoral, que instituiu a Justiça Eleitoral, trazendo, assim, garantias contra a política anterior, que “sepultou” a Primeira República, retirando a atribuição de proclamar os eleitos das assembleias políticas, e, ainda, adotou o voto feminino e o sufrágio universal7, direto e secreto. Esse segundo Governo Provisório da República durou até o advento da Constituição de 1934, promulgada em 16.07.1934 (LENZA, 2012). Marcada por enorme influência da Constituição de Weimar 8 o Estado passa a dar atenção aos direitos humanos de 2ª geração, assim conhecidos, resumidamente, os direitos econômicos e sociais e o embrionário Estado Social de Direito9. Entretanto, recebeu, também, influência do fascismo. 7 O sufrágiouniversal - em oposição ao sufrágio restrito, consiste na extensão do sufrágio, ou o direito de voto, a todos os indivíduos considerados intelectualmente maduros. No Brasil, os adolescentes acima de 16 anos têm direito ao voto, sem distinção de etnia, sexo, crença ou classe social. 8 Constituição de Weimar - Weimarer Verfassung (alemão) ou, na sua forma portuguesa, Veimar, oficialmente Constituição do Império Alemão (alemão: Verfassung des Deutschen Reichs) era o documento que governou a curta República de Weimar (1919-1933) da Alemanha. 9 Estado Social de Direitos - é um dos pressupostos do Estado de Direito consagrado no nosso projecto constitucional, que visa a realização da democracia económica e social. Quanto falamos em estado social aludimos à obrigação do estado desenvolver politicas de promoção do bem-estar social, concretizadoras da igualdade real entre cidadãos. Devido a esta obrigação, o estado tem o dever de manter um sistema de saúde, um sistema de educação, um sistema de segurança social, com carácter universal disponível a todos os cidadãos. O Estado social representa efetivamente uma transformação superestrutural do Estado liberal. O Estado social busca superar a contradição entre a igualdade política e a desigualdade social. A liberdade política como liberdade restrita era inoperante. O velho liberalismo não dava nenhuma solução às contradições sociais, mormente das pessoas à margem da vida, desapossadas de quase todos os bens. 21 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br São algumas de suas características: Mantém como forma de Governo a República Federativa, com capital na cidade do Rio de Janeiro. O Estado permanece laico. Mantém-se a tripartição dos Poderes, diminuindo, entretanto, o poder dos Estados membros e aumentando o poder da União. O Poder Legislativo é bicameral. O Poder Executivo continua a ser exercido pelo Presidente da República e o Poder Judiciário permanece coordenado juridicamente pela Corte Suprema seguidamente dos os juízes e Tribunais federais; dos juízes e Tribunais militares e dos juízes e Tribunais eleitorais. Cria-se o mandado de segurança10 e a ação popular11. Sobre a Constituição de 1934 lecionam MENDES e BRANCO (2012, p. 91): Culminando as frequentes crises da República Velha, sobreveio a Revolução de 1930. As forças exitosas ficaram devendo, no entanto, uma nova Constituição para o país, reclamada com derramamento de sangue, em São Paulo, em 1932. Em 1933, reuniu-se, afinal, uma assembléia constituinte, que redundou no documento constitucional do ano seguinte. Nota-se nele a influência da Constituição de Weimar, de 1919, dando forma a preocupações com um Estado mais atuante no campo econômico e social. A Constituição de 1934 buscou resolver o problema da falta de efeitos erga omnes 12 das decisões declaratórias de inconstitucionalidade do 10 Mandado de Segurança - é uma classe de ação judicial que visa resguardar Direito líquido e certo, não amparado por Habeas Corpus ou por Habeas Data, que seja negado, ou mesmo ameaçado, por autoridade pública ou no exercício de atribuições do poder público. A Lei Federal brasileira nº 12.016, de 07 de Agosto de 2009, no seu art. 1.º determina que "Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça". 11 Ação popular - é o meio processual a que tem direito qualquer cidadão que deseje questionar judicialmente a validade de atos que considera lesivos ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. A Lei n.º 4.717 de 1967 estabelece em seu Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos. 12 Erga omnes - (do Latim, contra, relativamente a, frente a todos[1] ) é uma expressão usada principalmente no meio jurídico, para indicar que os efeitos de algum ato ou lei atingem todos os indivíduos de uma determinada população ou membros de uma organização, para o direito nacional. https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_l%C3%ADquido_e_certo https://pt.wikipedia.org/wiki/Habeas_Corpus https://pt.wikipedia.org/wiki/Habeas_Data https://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_p%C3%BAblico http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12016.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12016.htm https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidad%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_Judici%C3%A1rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Patrim%C3%B4nio_p%C3%BAblico http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao46.htm#art141§38 https://pt.wikipedia.org/wiki/Latim https://pt.wikipedia.org/wiki/Erga_omnes#cite_note-1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito https://pt.wikipedia.org/wiki/Popula%C3%A7%C3%A3o 22 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br STF, instituindo o mecanismo da suspensão, pelo Senado, das leis invalidadas na mais alta Corte. No campo do controle de constitucionalidade, ainda, a intervenção federal em Estados-membros por descumprimento de princípio constitucional sensível foi subordinada ao juízo de procedência, pelo STF, de representação do Procurador-Geral da República. A Constituição previu expressamente o mandado de segurança. 4.4 A Constituição de 1937 Em 1937, quando a sociedade brasileira aguardava as eleições presidenciais marcadas para janeiro de 1938, que seriam disputadas por José Américo de Almeida, Plínio Salgado e Armando de Sales Oliveira, foi denunciada pelo governo a existência de um plano comunista para a tomada do poder. Este plano ficou conhecido como Plano Cohen13. Com a comoção popular causada pelo Plano Cohen, além da instabilidade política gerada pela intentona comunista, e com o receio de novas revoluções comunistas, Getúlio Vargas, sem resistência, deu um golpe e instaurou uma ditadura em 10 de novembro de 1937, através de um pronunciamento transmitido por rádio a todo o país, anunciando o Estado Novo. Iniciava-se um período de ditadura na História do Brasil, que se estende até 29 de outubro de 1945, quando Getúlio é deposto pelos militares. Getúlio fechou o Congresso Nacional e impôs ao país uma nova Constituição, que ficaria conhecida depois como "Polaca”: por ter se inspirado na Constituição autoritária da Polônia, de tendência fascista14 (CUNHA JÚNIOR, 2012, p. 263). 13 Plano Cohen - foi elaborado pelo capitão Olympio Mourão Filho como um exercício interno da Ação integralista Brasileira, e foi apreendido pelo governo, que o usou como se fosse verdadeiro, encontrandoaí uma ótima desculpa para a tomada preventiva do poder por Getúlio. Anos mais tarde foi comprovada a falsidade do documento. 14 Fascismo - é uma forma de radicalismo político autoritário nacionalista que ganhou destaque no início do século XX na Europa. Os fascistas procuravam unificar sua nação através de um Estado totalitário que promove a vigilância, um estado forte, a mobilização em massa da comunidade nacional, confiando em um partido de vanguarda para iniciar uma revolução e organizar a nação em princípios fascistas hostis ao socialismo e ao comunismo em todas as suas formas. Os movimentos fascistas compartilham certas características comuns, incluindo a veneração ao Estado, a devoção a um líder forte e uma ênfase em ultranacionalismo, etnocentrismo e militarismo. O fascismo vê a violência política, a guerra, e o imperialismo como meios para alcançar o rejuvenescimento nacional e afirma que as nações e raças consideradas superiores devem obter espaço deslocando ou eliminando aquelas consideradas fracas ou inferiores, como no caso da prática fascista modelada pelo nazismo. https://pt.wikipedia.org/wiki/Totalitarismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Vanguarda https://pt.wikipedia.org/wiki/Socialismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Comunismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Nacionalismo#Ultranacionalismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Etnocentrismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Militarismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Imperialismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Ra%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/Limpeza_%C3%A9tnica https://pt.wikipedia.org/wiki/Genoc%C3%ADdio 23 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br Em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas, no poder, dissolve a Câmara e o Senado, revoga a Constituição de 1934 e outorga a Carta de 1937, dando início ao período ditatorial conhecido como Estado Novo. Como se vê, foi uma carta Outorgada, fruto de um golpe de Estado. Era a Carta de inspiração fascista, de caráter marcadamente autoritário e com forte concentração de poderes nas mãos do Presidente da República (PAULO E ALEXANDRINO, 2013, p. 33). A Carta de 1937 não teve, porém aplicação regular. Muitos de seus dispositivos permaneceram “letra morta”. Houve ditadura pura e simples, com todo Poder Executivo e Legislativo concentrado nas mãos do Presidente da República, que legislava por via de decretos-leis que ele próprio aplicava, como órgão executivo (SILVA, 2007). Dentre outras características, podemos elencar: Como forma de Governo permanece a república. O Estado Federado continua sendo adotado como Forma de Estado. A Capital da República permanece na cidade do Rio de Janeiro. Permanece a inexistência de religião oficial, o país continua laico. Continua a tripartição dos Poderes: 1) Poder Legislativo passa a ser exercido pelo Parlamento Nacional com a colaboração do conselho da Economia Nacional e do Presidente da República, desaparece o Senado; 2) Poder Executivo nas mãos do Presidente da República, podendo até fechar o Legislativo com eleições indiretas para Presidente que, cumpria mandato de seis anos; 3) Poder Judiciário composto pelo STF, juízes e Tribunais dos Estados, do D.F. e dos Territórios,e os juízes e Tribunais militares. Ocorre a supressão de direitos fundamentais, sem a existência de mandado de segurança ou da ação popular. Inexistente o direito de greve. Estabelecimento da pena de morte para crimes políticos e homicídio cometido por motivo fútil e com extremos de perversidade. D’outro lado, inúmeros avanços sociais; a afirmação da soberania e fortalecimento do Estado brasileiro, além de diversas conquistas de direitos 24 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br trabalhistas, com a consecutiva edição e Consolidação das Leis do Trabalho 15(CLT). Com a proximidade do fim da Segunda Guerra Mundial, o quadro foi mudando. A Constituição começou a ser duramente atacada. Naquela conjuntura era inadmissível que aqui vigorasse uma Constituição fascista, quando, na Europa, o Brasil lutava pelo fim desse regime com os milhares de soldados da Força Expedicionária Brasileira. Foram sendo editadas várias leis constitucionais que alteravam os artigos mais autoritários. A concessão da anistia política e a permissão para a criação de partidos políticos – inclusive o Partido Comunista – transformaram a Carta em letra morta. Em 29 de outubro um golpe militar derrubou Getúlio Vargas. Estava aberto o caminho para a efetiva realização das eleições de 2 de dezembro, tanto para a Presidência da República como para eleger os deputados e senadores constituintes. Pouco mais de nove meses depois, foi promulgada a nova Constituição (VILA, 2011). Em seguida, com a perda de legitimidade, o Estado Novo entra colapso o que resulta em seu fim, em outubro 1945. Sequencialmente à deposição de Getúlio Vargas, inicia-se um período de redemocratização que culminaria na promulgação da Constituição de 1946. 4.5 A Constituição de 1946 Constituição dos Estados Unidos do Brasil, promulgada em 18 de setembro de 1946 foi oriunda da redemocratização resultante da queda de Getúlio Vargas. Restabeleceu-se o equilíbrio entre os Poderes e os direitos fundamentais, condicionando-se a propriedade ao bem-estar social. Em 2 de dezembro de 1945 foram eleitos os constituintes e o presidente da República. Dois meses depois foi instalada formalmente a Assembleia Constituinte16. 15 Consolidação das Leis do Trabalho - A CLT é uma norma legislativa de regulamentação das leis referentes ao Direito do Trabalho e do Direito Processual do Trabalho no Brasil. A CLT foi aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 e sancionada por Getúlio Vargas, o presidente do Brasil na época. Constitui o principal instrumento de regulamentação das relações individuais e coletivas do trabalho. 25 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br A maior bancada continuou a ser a mineira, com 36 representantes, seguida por São Paulo, com 23, e depois por Pernambuco, Distrito Federal, Rio de Janeiro, com 19 cada uma. Diferentemente de 1891 e 1934, não havia anteprojeto governamental. Em 18 de setembro foi promulgada a quinta Constituição brasileira, a quarta republicana. Dia de festa. Afinal, havia pouco mais de um ano terminara a Segunda Guerra Mundial e parecia que o mundo caminhava para um longo período de paz. (VILLA, 2011). A Constituição de 1946 exprime o esforço por superar o Estado autoritário e reinstalar a democracia representativa, com o poder sendo exercido por mandatários escolhidos pelo povo, em seu nome, e por prazo certo e razoável. Reaviva-se a importância dos direitos individuais e da liberdade política. Volta-se a levar a sério a fórmula federal do Estado, assegurando- se autonomia real aos Estados-membros. A Constituição era presidencialista, exceto pelo período compreendido entre setembro de 1961 e janeiro de 1963, em que durou o parlamentarismo, implantado pela Emenda n. 4, como providência destinada a amenizar crise política que se seguiu à renúncia de Jânio Quadros à Presidência da República. O Legislativo reassumiu o seu prestígio, reservando-se somente a ele a função de legislar, ressalvado o caso da lei delegada. Na vigência dessa Constituição, foi instituída a representação por inconstitucionalidade de lei, reforçando o papel do Judiciário no concerto dos três Poderes. Da mesma forma,proclamou-se que nenhuma lesão de direito poderia ser subtraída do escrutínio desse Poder. Ficaram excluídas as penas de morte, de banimento e do confisco. A Constituição ocupava-se da organização da vida econômica, vinculando a propriedade ao bem-estar social e fazendo dos princípios da justiça social, da liberdade de iniciativa e da valorização do trabalho as vigas principais da ordem econômica. O direito de greve apareceu expresso no Texto (MENDES E BRANCO, 2011, p. 91). Manteve-se a Forma de Governo Republicana e Forma de Estado Federativa. O Distrito Federal continuou como a Capital da União, contudo, a previsão do art. 4.º do ADCT determinava que a Capital da União seria transferida para o planalto central do País e o atual Distrito Federal passaria a constituir o Estado da Guanabara17. Brasília, a nova capital do Brasil, foi inaugurada em 21 de abril de 1960. Manteve-se a inexistência de religião oficial continuando o País laico, 16 Assembléia Constituinte - é um órgão colegiado que tem como função redigir ou reformar a constituição, a ordem político-institucional de um Estado, sendo para isso dotado de plenos poderes ou poder constituinte, ao qual devem submeter-se todas as instituições públicas. 17 Estado da Guanabara - foi um estado do Brasil de 1960 a 1975, que existiu no território do atual município do Rio de Janeiro. Em sua área, esteve localizado o antigo Distrito Federal. A palavra guanabara tem sua origem no tupi guaná-pará, que significa seio-mar. https://pt.wikipedia.org/wiki/Unidades_federativas_do_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Munic%C3%ADpio https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade) https://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_Federal_do_Brasil_(1891-1960) https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_tupi 26 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br muito embora a expressa menção a “Deus” no preâmbulo. Na organização do Estado a teoria clássica da tripartição de “Poderes” de Montesquieu foi restabelecida. O Poder Legislativo era exercido pelo Congresso Nacional, que se compunha da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, reaparecendo o bicameralismo. O Presidente da República deveria ser eleito de forma direta para mandato de 5 anos, junto com o vice que acumulava a função de Presidente do Senado Federal. No Poder Judiciário foi retomada a situação de normalidade. Vedou-se, caracterizando seu cunho humanitário, a pena de morte, a de banimento, a de confisco e a de caráter perpétuo. Foi reconhecido o direito de greve. As várias garantias dos trabalhadores já conquistadas durante o “Estado Novo” foram mantidas, marcando importante “degrau” na evolução social do País (LENZA, 2012). 4.6 A Constituição de 1967 Em 01 de abril de 1964 foi deflagrado o Golpe Militar no Brasil, com a deposição do governo democrático de João Goulart, em 1967, é outorgada mais uma Constituição Federal. Antidemocrática e centralizadora potencializava os poderes do Presidente da República e suprimia-se os direitos sociais e individuais dos cidadãos. A Revolução de 1964 foi inegavelmente um golpe de Estado tramado por militares descontentes com as políticas reformistas de João Goulart. O País foi surpreendido por cenas de força e violência. Soldados fortemente armados, tanques, caminhões e jipes de guerra ocuparam as ruas das principais Cidades brasileiras. As sedes dos partidos políticos, dos sindicatos e associações que apoiavam as reformas do governo Jango foram tomadas pelos soldados. A sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), localizada no Rio de Janeiro, foi incendiada. Implanta-se no País um longo regime de ditadura militar que perdurou até 1985, com violenta repressão política nos anos 60 e 70, quando, sob a égide da Lei de Segurança Nacional, tornaram-se comuns as perseguições políticas, as prisões e as torturas de opositores políticos do regime, além da cassação de seus direitos políticos (CUNHA JÚNIOR, 2012). 27 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br O Golpe Militar de 1964 colocou fim à república populista18, e em seu lugar foi imposta uma nova ordem legal cuja marca era a violência e o autoritarismo. Após o golpe, continuou a vigorar a Constituição de 1946, entretanto apenas nas aparências, já que na prática ocorria completa subversão dos direitos e garantias dos brasileiros. O comando do golpe, que se auto intitulava Comando Supremo da Revolução, passou a governar com a edição dos chamados Atos Institucionais, 17 foram editados, o primeiro (AI) n.º 1 determinava que a eleição do novo presidente seria realizada em 11 de abril, pelo Congresso Nacional. Realizada a eleição por um Congresso deformado pela cassação da maioria dos parlamentares que se opunham ao golpe, foi eleito Presidente o marechal Castelo Branco. O ato institucional nº 1, previa, ainda, a possibilidade do Presidente da República enviar ao Congresso Nacional projetos de lei sobre qualquer matéria, os quais deveriam ser apreciados dentro de trinta dias, caso contrário, seriam tidos como aprovados. Foram suspensas, por seis meses, as garantias constitucionais ou legais de vitaliciedade19 e estabilidade. Podendo, por investigação sumária, os titulares dessas garantias serem demitidos ou dispensados, postos em disponibilidade, aposentados, transferidos para a reserva ou reformados, mediante atos do Comando Supremo da 18 República Populista - Após o fim da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas, em 1945, a República brasileira conheceu um curto período de democracia liberal representativa. Também conhecido como República Populista, esse período da história do Brasil representou uma maior integração econômica do país na esfera do capitalismo ocidental, resultando em um impulso à industrialização brasileira. Entretanto, essa integração às cadeias produtivas ocidentais e ao impulso industrial aprofundou as contradições da sociedade brasileira, já que o processo de modernização não atingiu a todos. A miséria, a concentração de terras e de renda, a preponderância do capital proveniente de outros países e a intensa exploração do trabalho ainda se faziam presentes, indicando um caráter conservador do processo de modernização. Tal situação resultou na formação de movimentos sociais no campo, como as Ligas Camponesas, e no fortalecimento dos sindicatos de trabalhadores urbanos. Os partidos políticos ligados aos trabalhadores, como o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), também ganharam maior influência. A ligação de alguns governos aos movimentos populares foi um dos aspectos que garantiram a adjetivação do período como populista. 19 Vitaliciedade - dir.const adm garantia concedida pela Constituição a certos titulares de funções públicas, civis e militares de carreira, de ocuparem os respectivos cargos até atingirem a idade prevista para a aposentadoria compulsória, não podendo deles ser afastados ou demitidos, salvo por motivo estabelecido por lei ou por sentença do órgão judiciário competente. 28 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br Revolução até a posse do Presidente da República e, depois da sua posse, por decreto presidencial ou, em setratando de servidores estaduais, por decreto do governo do Estado, desde que tenham tentado contra a segurança do Pais, o regime democrático e a probidade da administração pública, sem prejuízo das sanções penais a que estejam sujeitos. Estabelecia, por fim que no interesse da paz e da honra nacional, e sem as limitações previstas na Constituição, os Comandantes-em-Chefe, que editam o presente Ato, poderão suspender os direitos políticos, pelo prazo de dez anos. e cassar mandatos legislativos federais, estaduais e municipais, excluída a apreciação judicial desses atos. De início foram cassados 41 deputados. Seis meses após o golpe, o número de cassados era de 4.454, dos quais 2.757 eram militares. Em novembro de 1965 os partidos políticos foram extintos. Empurrando o país ao bipartidarismo20. O partido do governo – a Aliança Renovadora Nacional (Arena) e o partido oposicionista – o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). No decorrer do mandato, o presidente militar Castelo Branco, descumprindo o juramento de posse, estendeu seu mandato de 30 de janeiro de 1966 para 15 de março de 1967. Em 5 de fevereiro de 1966, veio o AI-3 que estabelecia: que a eleição de Governador e Vice-Governador dos Estados far-se-ia pela maioria absoluta dos membros da Assembléia Legislativa, em sessão pública e votação nominal. Estabelecendo para esses casos a eleições indiretas; que, respeitados os mandatos em vigor, serão nomeados pelos Governadores de Estado, os Prefeitos dos Municípios das Capitais mediante prévio assentimento da Assembléia Legislativa ao nome proposto; e que apenas os Prefeitos dos demais Municípios seriam eleitos por voto direto, sendo permitido ao Senador e ao Deputado federal ou estadual, com prévia licença da sua Câmara exercer o cargo de Prefeito de Capital de Estado. 20 Bipartidarismo - existência de apenas dois partidos, ou de apenas dois partidos importantes, na vida política de um país. Sistema ou estrutura política bipartidária. 29 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br Foram excluídos de apreciação judicial os atos praticados com fundamento no Ato institucional e nos atos complementares a ele. A “revolução” que se distinguia “de outros movimentos armados pelo fato de que traduz não o interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da nação”, como rezava a introdução do AI-2, retirou dessa mesma nação o direito de escolher o presidente da República, os governadores e os prefeitos das capitais (VILLA, 2011). O segundo Presidente Militar foi Costa e Silva, escolhido em outubro de 1966, período em que o Congresso foi fechado por 32 dias com a cassação de vários parlamentares. Editado o AI-4, em dezembro de 1966, é convocado o Congresso Nacional para se reunir extraordinariamente, de 12 de dezembro de 1966 a 24 de janeiro de 1967, para a discussão, votação e promulgação do projeto de Constituição apresentado pelo Presidente da República. Estabelecia que logo que o projeto de Constituição fosse recebido pelo Presidente do Senado, seriam convocadas, para a sessão conjunta, as duas Casas do Congresso, e o Presidente deste designaria Comissão Mista, composta de onze Senadores e onze Deputados, indicados pelas respectivas lideranças e observando o critério da proporcionalidade. A Comissão Mista deveria reunir-se nas 24 horas subseqüentes à sua designação, para eleição de seu Presidente e Vice-Presidente, cabendo àquele a escolha do relator, o qual dentro de 72 horas daria seu parecer, que concluiria pela aprovação ou rejeição do projeto. Obedientemente, o Congresso cumpriu as determinações do general- presidente. O projeto só chegou no dia 13. Na justificativa, o ministro da Justiça alertava que “a revolução não se fez somente para extirpar da Carta Magna preceitos que, no curso do tempo, se tornaram obsoletos; tinha de inovar e o fez através de Atos e Emendas Constitucionais, com o objetivo de consolidar a democracia e o sistema presidencial de governo”. Ou seja, o ministro legitimava a legislação arbitrária e justificava os atos discricionários do regime militar. (VILLA, 2011). A Constituição Federal de 1967 concentrou, bruscamente, o poder no âmbito federal, esvaziando os Estados e Municípios e conferindo amplos poderes ao 30 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br Presidente da República. Houve forte preocupação com a segurança nacional. Muito embora o art. 1.º estabelecesse ser o Brasil uma República Federativa, constituída, sob o regime representativo, pela união indissolúvel dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, na prática, contudo, o que se percebeu foi um duro “golpe” no federalismo, mais se aproximando de um Estado unitário centralizado do que federativo. A teoria clássica da tripartição de “Poderes” de Montesquieu foi formalmente mantida, embora no fundo existia um só, que era o Executivo, visto que a situação reinante tornava por demais mesquinhas as competências tanto do Legislativo quanto do Judiciário (PEDRO LENZA, 2012). Em seguida à edição da Constituição, a crise política e social no país agrava-se. Pressionado, o governo militar edita, em 13 de dezembro de 1968, durante o governo do general Costa e Silva, o AI-5. Este foi a expressão caracterizadora da ditadura militar brasileira (1964-1985) e esteve em vigor até 1978. Foi responsável por inúmeras ações arbitrárias de longos efeitos. Foi indicativo do momento mais arbitrário do regime, conferiu poderes de exceção aos governos para punir indiscriminadamente os que fossem adversários do regime ou como tal considerados. Pelo AI-5 são mantidas a Constituição de 1967 e as Constituições estaduais, entretanto com algumas modificações: a) O Presidente da República poderá decretar o recesso do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, por Ato Complementar, em estado de sitio ou fora dele, só voltando os mesmos a funcionar quando convocados pelo Presidente da República. Decretado o recesso parlamentar, o Poder Executivo correspondente fica autorizado a legislar em todas as matérias e exercer as atribuições previstas nas Constituições ou na Lei Orgânica dos Municípios. Durante o período de recesso, os Senadores, os Deputados federais, estaduais e os Vereadores só perceberão a parte fixa de seus subsídios. b) O Presidente da República, no interesse nacional, poderá decretar a intervenção nos Estados e Municípios, sem as limitações previstas na Constituição. Os interventores nos Estados e Municípios serão nomeados pelo Presidente da República e exercerão todas as funções e atribuições que caibam, respectivamente, 31 Instituto NÚCLEO- conecte-se a um novo mundo - Tel.: (32) 3331-3600/ (32) 3333-3457 Rua Olinto Magalhães- nº 123- Centro secretaria@nucleoeadbrasil.com.br aos Governadores ou Prefeitos, e gozarão das prerrogativas, vencimentos e vantagens fixados em lei. c) No interesse de preservar a Revolução, o Presidente da República, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e sem as limitações previstas na Constituição, poderá suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais. d) A suspensão dos direitos políticos21, com base neste Ato, importa, simultaneamente, em: I - cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função; II - suspensão do direito de votar e de ser votado nas eleições sindicais; III - proibição de atividades
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