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Aula 07 - Conteúdo Interativo

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11/08/2020 Disciplina Portal
estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=48432230234ABBF19DC2C771047D5F6753FD92CC52DDA5EF2423A1608F072… 1/15
Linguagem Jurídica
Aula 7 - Construção da Narrativa Jurídica:
Fatos/Indícios X Provas X Circunstâncias
INTRODUÇÃO
Analisaremos a importância da narração e descrição do fato jurídico e dos fatos importantes para maior entendimento
do caso concreto, tendo em vista que o reconhecimento de um direito passa pela análise do fato gerador do con�ito
(fato jurídico) e a relevância da descrição pormenorizada das circunstâncias em que esse fato jurídico ocorreu para a
tipi�cação da conduta, na busca futura também de atenuantes, agravantes e até descaracterização da conduta
tipi�cada.
Sabemos que a descrição dos fatos permite a aplicação do Direito, possibilitando o devido enquadramento jurídico da
questão, razão por que um laudo pericial, portanto, auxilia tanto o juiz na tomada de suas decisões quando realizado
com precisão técnica para esse �m.
11/08/2020 Disciplina Portal
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OBJETIVOS
Selecionar os fatos importantes e os juridicamente relevantes em busca de maior clareza textual na construção da
narrativa jurídica;
Explicar a função persuasiva da descrição no ato de narrar;
Identi�car os elementos da narrativa e a função do uso de modalizadores na condução da mediação de con�itos;
Ordenar os fatos na ordem linear para maior clareza;
Reconhecer a importância das formas verbais pretéritas na narrativa jurídica;
Reconhecer a importância da descrição a serviço da narrativa na análise criteriosa dos vestígios no local do crime para
entender como ocorreu o ato criminoso.
11/08/2020 Disciplina Portal
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CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA JURÍDICA
Fonte da Imagem: Shutterstock
Othon Garcia (2012) de�ne narrativa como o relato de um episódio real ou �ctício que implica interferência de
elementos, como:
Fato ou ação [o quê];
Personagens [quem];
O modo como a ação/fato é desenvolvido [como];
O momento em que o fato ocorreu [quando];
O lugar do ocorrido [onde];
O motivo do acontecimento [por quê]; e
O resultado da ação [por isso].
No entanto, de acordo com Garcia (2012), nem sempre todos esses elementos estão presentes na narrativa, mas,
segundo ele, os elementos indispensáveis para que haja narração são quem e o quê.
O autor informa, ainda, que a narração gira em torno do fato, isto é, de “qualquer acontecimento de que o homem
participe direta ou indiretamente” (GARCIA, 2012, p. 254).
ESTÁGIOS PROGRESSIVOS NO ENREDO
Garcia (2012, p.254) explica ainda que há três ou quatro estágios progressivos no enredo.
Atenção
, Na realidade, a narrativa jurídica é o relato de todos os fatos importantes, que auxiliam na compreensão do caso concreto e dos
relevantes juridicamente, porque deles advêm consequências jurídicas.
11/08/2020 Disciplina Portal
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Por isso, a seleção dos fatos é de fundamental relevância no discurso jurídico, uma vez que esses fatos escolhidos se
transformarão em argumentos na argumentação jurídica (seja em uma Petição Inicial, seja em um Parecer Técnico Criminal).
Clique aqui (galeria/aula7/docs/processo.pdf) e veja um exemplo.
NARRATIVA JURÍDICA E SEUS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS: O QUÊ?
QUEM? COMO? ONDE? QUANDO? POR QUÊ?
Fonte da Imagem: Shutterstock
Toda narrativa refaz os fatos a partir do ponto de vista do autor.
Uma das características da “verdade” jurídica é construir uma narrativa dos fatos, que podem ser descritos, por
exemplo, por um tipo penal ― da infração penal — que nada mais é do que a descrição do crime.
Para construir a verdade de que determinado fato é crime, o caso passa por uma transformação progressiva, daquilo
que no início era uma “trama de vida” para um “fato jurídico”.
O tempo e narrativa encontram-se imbricados, pois tudo aquilo que pode ser contado em forma de histórias sucede-se
no tempo, arraiga-se no próprio tempo, desenvolve-se temporalmente; e o que se desenvolve temporalmente pode ser
narrado.
Assim, ao se contar uma história, reordena-se o tempo, articulam-se os eventos em uma sucessão, dando contorno ao vivido de
forma a garantir que o narrador se identi�que ao contá-la e que o leitor se reconheça ao interpretá-la.
Não é sem propósito que a narrativa rearticula, no presente, as imagens do passado, de modo que possam impulsionar e guiar
nossa ação na construção do futuro.
Nesse contexto, a narrativa só poderá ser entendida como a arte de tecer intrigas (enredo), o que signi�ca dizer que contar uma
história é “ agenciar fatos”, compondo junto o que está separado.
Na narrativa jurídica, é de grande importância a seleção dos fatos e a ordenação do tempo, antes de eles serem narrados.
Atenção
, Lembrando-se sempre de que a narração dos fatos deve:
Ser concisa e e�caz;
Seguir sempre a ordem linear ou cronológica (= calendário, relógio);
Deter-se apenas no essencial, em um raciocínio lógico, coeso e coerente.
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON831/galeria/aula7/docs/processo.pdf
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A narrativa jurídica tem estrutura que oscila entre a narração e a descrição, por narrar e descrever os fatos, conforme
apresentados pela parte, ou seja, aquilo que é signi�cativo para o mundo jurídico e que merece análise e julgamento do
judiciário. Ela apresenta fatos em sequência e decorrentes de uma relação de causa-consequência, isto é, um fato
causa uma consequência que dá origem a outro fato, e assim por diante.
Isso signi�ca dizer que entre uma ação e outra, entre um fato e outro, há um lapso temporal, e é a indicação de
transcurso do tempo a tarefa principal do autor da narrativa, depois de selecionar os fatos narrados.
No caso concreto, percebemos que todos os fatos julgados relevantes devem ser narrados linearmente em uma linha
lógica e coerente de raciocínio, em uma progressão temporal, respeitando-se anterioridade e posterioridade dos fatos e
presenti�cando-se todos os elementos da narrativa em seu corpo textual, sempre que possível.
Em síntese:
Atenção
, Devemos evitar o pretérito imperfeito e o pretérito mais-que-perfeito.
Clique aqui (galeria/aula7/docs/evitar.pdf) para ler mais sobre isso.
NARRATIVA JURÍDICA: ORDEM LINEAR OU CRONOLÓGICA
Fonte da Imagem:
Na narrativa jurídica, priorizamos sempre a sequência lógica e linear de tempo e espaço, em que os fatos se passam
em um determinado tempo e lugar, segundo a ordem cronológica ou linear. Tudo conforme o tempo passa (antes-
durante-depois).
A estrutura da narrativa é uma sequência de fatos relacionados entre si de forma coerente, em que há uma ordem
temporal e uma causal.
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON831/galeria/aula7/docs/evitar.pdf
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• A ordem temporal trata da cronologia dos fatos, sucessão de acontecimentos no decorrer do tempo.
• Já a causal estabelece a relação de causa e consequência (conduta humana) ou causa e efeito (fenômeno da
natureza).
Narramos, portanto, a situação fática na ordem rigorosamente linear, ou seja, na ordem natural do tempo: começo,
meio, �m.
Vamos ler agora uma narrativa jurídica (OAB-RJ 2008.1) para analisarmos o transcurso do tempo entre os fatos, os
quais se apresentam, rigorosamente, na ordem linear:
A autora, vendedora domiciliada na cidade de São Paulo – SP, alegou ter engravidado, após relacionamento amoroso
exclusivo com o réu, representante de vendas de empresa sediada em Porto Alegre – RS.
No entanto, o réu se negou a reconhecer a paternidadeao argumento de que tem dúvidas acerca da �delidade da mãe,
já que ele chegava a �car um mês sem ir a São Paulo durante o relacionamento que teve com a autora.
O réu recebe o salário bruto de R$5.000,00 mensais e arca com o sustento de uma �lha, estudante de 22 anos, e ele
não tem domicílio �xo em razão de sua pro�ssão demandar deslocamentos constantes entre São Paulo – SP, Rio de
Janeiro – RJ e Porto Alegre – RS.
A autora ganha, no presente momento, cerca de dois salários mínimos e as despesas mensais de João totalizam
R$1.000,00.
Atenção
, Para acessar a breve análise, clique aqui (galeria/aula7/docs/analise.pdf).
Para acessar o Laudo Pericial, clique aqui (galeria/aula7/docs/laudo_pericial.pdf).
ASPECTOS LINGUÍSTICOS: NARRATIVA JURÍDICA
Na verdade, o advogado utiliza-se de vários procedimentos linguísticos na elaboração da narrativa jurídica para exercer
a persuasão, como:
1
Terceira pessoa do singular, que é mais um recurso verbal que provoca efeito de distanciamento do advogado em relação aos
fatos narrados, fazendo com que pareçam narrar-se a si mesmos, causando um efeito de objetividade.
2
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON831/galeria/aula7/docs/analise.pdf
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON831/galeria/aula7/docs/laudo_pericial.pdf
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O transcurso do tempo (ou lapso temporal) entre uma ação e outra, praticada pelos sujeitos envolvidos na situação fática, é o eixo
principal da coerência narrativa, pois a progressão da narrativa é sempre temporal.
A ordem da narrativa dos fatos (linear); marcos temporais, advérbios ou locuções adverbiais de tempo, em referências a datas e
horas, são todos elementos que orientam de modo mais explícito o leitor quanto ao eixo da coerência narrativa no transcurso do
tempo.
3
A preferência pela ordem cronológica ou linear em busca de maior clareza textual.
O discurso jurídico é dotado de polifonia. Ou seja, além da voz narradora, outros elementos estão presentes, como
vozes. É o caso das partes, testemunhas, autoridade.
Para introduzi-los no discurso, podemos usar a referência indireta, por meio de citações e paráfrases. As paráfrases e
citações constituem um recurso frequente nos textos jurídicos. Para inseri-las, utilizamos os verbos dicendi: dizer,
a�rmar, declarar. Dessa forma, garantimos neutralidade ao discurso, deixando a carga interpretativa para a voz
introduzida.
DESCRIÇÃO A SERVIÇO DA NARRATIVA: CIRCUNSTÂNCIAS DO FATO
Não há como narrar, sem um mínimo de descrição.
A descrição poderia ser concebida independentemente da narração, mas, de fato, nunca é encontrada em estado livre.
A narração, por sua vez, não pode existir sem descrição.
Em outras palavras, há sempre uma relação complementar entre as duas formas de expressão. Sendo que,
principalmente, do lado da narração, a complementação se faz necessária.
Todavia, se a narração não pode existir sem a descrição, essa dependência não lhe retira a prerrogativa de lhe ser
superior.
Não é pelo fato de não se poder narrar sem se referir ou contar com determinados objetos e personagens (partes
processuais) que a descrição se eleva à condição de superioridade.
Pelo contrário, pois, por maior que seja sua importância, sempre lhe é atribuído o papel de um simples auxiliar da
narrativa.
Diferentemente da dinâmica do �o condutor da narração, na descrição o tempo não corre. Aliás, ele pode até mesmo
inexistir.
Em Direito a descrição da circunstância em que o fato ocorreu é muito relevante, pois, por meio dela, será desenhada a
quali�cação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identi�cá-lo, a classi�cação do crime, dentre outros
procedimentos, segundo con�gura, por exemplo, no artigo 41 do Código de Processo Penal:
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Fonte da Imagem: Shutterstock
A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a quali�cação do
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identi�cá-lo, a classi�cação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.
Atenção
, Em suma, nos termos o artigo 473 do NCPC, o laudo pericial deverá conter:
I - a exposição do objeto da perícia;
II - a análise técnica ou cientí�ca realizada pelo perito;
III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área
do conhecimento da qual se originou;
IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público. § 1º No
laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com coerência lógica, indicando como alcançou
suas conclusões.
§ 2º É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir opiniões pessoais que excedam o exame
técnico ou cientí�co do objeto da perícia.
§ 3º Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios necessários,
ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte, de terceiros ou em
repartições públicas, bem como instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotogra�as ou outros elementos
necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.
Percebemos que o dispositivo legal enumera o que deve constar do laudo pericial e, principalmente, tenta evitar que
esse documento seja apresentado de forma inconclusa.
Exige-se também o emprego de uma linguagem simples e com coerência lógica na linha de raciocínio, assim como
devemos evitar qualquer opinião de cunho pessoal que exceda o caráter técnico da perícia realizada.
NARRATIVO E A DESCRIÇÃO A SERVIÇO DO NARRATIVO NA
TIPIFICAÇÃO DA CONDUTA
Elize Araújo Matsunaga foi considerada culpada por júri popular de ter matado o marido Marcos Kitano Matsunaga, em
maio de 2012.
O juiz Adilson Paukoski Simoni, do 5º Tribunal do Júri de São Paulo, estabeleceu a pena em 19 anos e 11 meses, em
5/12/16, por homicídio triplamente quali�cado (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da
vítima) e destruição e ocultação de cadáver.
Atenção
, Clique aqui (galeria/aula7/docs/papel_pericia.pdf) para acessar o texto “O Papel da Perícia Criminal na Busca da Verdade Real”.
VOCÊ SABIA?
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON831/galeria/aula7/docs/papel_pericia.pdf
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Por meio da descrição da circunstância em que o delito ocorreu, tem-se a tipi�cação da conduta, assim como a sua
(des)caracterização e se há agravantes ou atenuantes para a conduta praticada.
Dessa maneira, em todas as situações fáticas, na área penal ou não penal, a narrativa jurídica vai-se construindo em
uma sucessão temporal, e, consequentemente, o juiz, ao buscar compreender o que se passou com as partes do
processo para decidir no presente, participa de uma trama que se liga por um �o condutor que não pode ser apenas
descrito, mas também narrado. Por isso, narrativa jurídica é a maneira mais adequada para se compreender o Direito.
Fonte da Imagem: Shutterstock
Contudo, reiteramos que a descrição está também a serviço da narrativa, como na análise criteriosa dos vestígios no
local do crime, por exemplo, quando se trata de um laudo pericial, para que se possa entender como ocorreu o ato
criminoso e até auxiliar na identi�cação do criminoso.
Sendo assim, o laudo pericial é uma peça escrita, na qual o perito expressa, de forma circunstanciada, clara e objetiva,
as sínteses do objeto da perícia, os estudos, as observações detalhadas minuciosamente e de forma exaustiva que
realizou com base nos sinais, pistas e/ou vestígios, as diligências efetuadas, os critérios adotados e os resultados
fundamentados e as suas conclusões.Atenção
, Clique aqui (galeria/aula7/docs/laudo005.pdf) e aqui (galeria/aula7/docs/laudo004.pdf) para acessar Laudos periciais.
SELEÇÃO VOCABULAR: MEDIAÇÃO DE CONFLITO E PERÍCIA CRIMINAL
A seleção vocabular é um recurso retórico muito importante, pois a escolha dos termos a serem usados na mediação
de con�ito, por exemplo, tem grande poder persuasivo, como a utilização adequada de substantivos, advérbios e
adjetivos pertencentes a um determinado campo semântico em busca de um resultado satisfativo, a começar pela
empatia linguística.
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON831/galeria/aula7/docs/laudo005.pdf
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON831/galeria/aula7/docs/laudo004.pdf
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Fonte da Imagem: Shutterstock
Todo texto, seja aquele que apresenta uma predominância de sequências narrativas ou aquele que apresenta em sua
estrutura a predominância de outra tipologia textual, tem por objetivo principal a adesão de fatos, ideias ou conceitos
por parte dos leitores (ou auditório) ou em busca de uma mediação exitosa entre as partes: o uso da linguagem
adequada é fator decisivo para que se alcance a comoção das partes (pathos).
Observe agora exemplos da conduta de um perito:
1
Devemos dizer ao �nal da sessão individual, na forma negativa, “quais pontos não podem
ser compartilhados com Paulo”, em vez de dizermos na a�rmativa, “o que posso comentar
com Paulo?”
2
O perito criminal não deve também, por exemplo, inserir em seu laudo qualquer comentário
de caráter subjetivo ou ofensivo a qualquer pessoa, seja pessoa envolvida no fato que
acarretou o exame, seja autoridade pública, independentemente de quaisquer outros fatos
que possam atestar a veracidade da sua a�rmação.
3
Não cabe ao perito dizer que uma pessoa matou outra “covardemente”, que é uma “pessoa
fria” ou um “bandido cruel”, ainda que ela tenha recebido várias condenações criminais que
admitam essa conclusão.
4
Não cabe ao perito dizer que uma pessoa matou outra “covardemente”, que é uma “pessoa
fria” ou um “bandido cruel”, ainda que ela tenha recebido várias condenações criminais que
admitam essa conclusão.
11/08/2020 Disciplina Portal
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5
Tampouco cabe ao perito dizer que um crime foi praticado com “requintes de crueldade”,
pois essas conclusões cabem ao promotor de justiça e ao juiz, mas não ao perito.
CONCLUSÃO
• Vimos, então, que, no texto narrativo, a atividade verbal é constante e os fatos se transformam.
• As partes que desenvolvem as suas ações no tempo e no espaço caracterizam os elementos principais de um texto
narrativo jurídico.
• Ocorre sempre uma progressão temporal, porque o texto se desenvolve no tempo, uma vez que um fato se sucede a
outro fato, como sequências temporais, as quais devem ser realizadas por verbos nos tempos pretéritos do modo
indicativo.
Atenção
, Clique aqui (galeria/aula7/docs/funcao_modalizacao.pdf) para acessar o texto “A função da modalização na fala do mediador: o
uso de ir + in�nitivo”.
CONSTRUÇÃO DE FATOS E VERSÕES: A BUSCA DA OBJETIVIDADE E
“IMPARCIALIDADE” NOS LAUDOS PERICIAIS, PARECERES CRIMINAIS,
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
Tentaremos explicar, de modo simples e lógico, como ocorre a passagem do fato, do mundo fático para o mundo
jurídico, fazendo a leitura da crônica de Veríssimo para melhor compreensão deste assunto, a �m de que o perito e o
mediador de con�ito entendam a importância da objetividade e imparcialidade nas respectivas funções ou exercícios:
Leia A verdade (glossário), de Luís Fernando Veríssimo para continuarmos nosso estudo.
Entendemos, então, que os fatos ingressam na órbita jurídica não em estado
bruto, mas sob a forma de uma narrativa jurídica e que um mesmo
encadeamento narrativo pode ser narrado e interpretado de várias maneiras,
observando a função argumentativa ou persuasiva da narrativa.
Não há, portanto, como não reconhecer o caráter interpretativo da apreensão
dos fatos na narrativa jurídica, que devem ser narrados e descritos em uma
linha temporal rigorosamente linear, com um raciocínio lógico, coeso e
coerência narrativa.
O perito e o mediador, entretanto, devem, portanto:
Apresentar objetividade, excluir o julgamento com base no pessoal ou na
subjetividade e não devem se inspirar em suposições;
Ater-se apenas dentro dos parâmetros da sua área de atuação, expulsando o
subjetivo.
ATIVIDADES
Questão 1 - A partir do caso concreto abaixo, elabore uma NARRATIVA JURÍDICA, obedecendo à metodologia estudada
nesta aula:
A internação de João maluco beleza, nesse período, causou uma perda de R$20 mil. Após sua alta, ele retomou sua
função como caminhoneiro, realizando novos fretes.
Lá chegando, João foi internado e submetido a exames e, em seguida, a uma cirurgia para estagnar a hemorragia
interna sofrida.
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON831/galeria/aula7/docs/funcao_modalizacao.pdf
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON831/galeria/aula7/docs/funcao_modalizacao.pdf
11/08/2020 Disciplina Portal
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João, caminhoneiro autônomo, que tem como principal fonte de renda a contratação de fretes, permaneceu internado
por 30 dias, deixando de executar contratos já negociados.
João doidão desmaiou com o impacto, sendo socorrido por transeuntes que contataram o Corpo de Bombeiros, que o
transferiu, de imediato, via ambulância, para o Hospital Municipal X.
A internação de João, boa pinta, amado por muitas mulheres, por este novo período, causou uma perda de R$10 mil.
João ingressou com ação indenizatória perante a 2ª Vara Cível da Comarca da Capital contra o Condomínio Bosque
das Araras, requerendo a compensação dos danos sofridos, alegando que a integralidade dos danos é consequência
da queda do pote de vidro do condomínio, no valor total de R$30 mil, a título de lucros cessantes, e 50 salários mínimos
a título de danos morais, pela violação de sua integridade física.
Contudo, 20 dias após seu retorno às atividades laborais, João, sentindo-se mal, voltou ao Hospital X.
João andava pela calçada da rua onde morava, no Rio de Janeiro, quando foi atingido na cabeça por um pote de vidro
lançado da janela do apartamento 601 do edifício do Condomínio Bosque das Araras, cujo síndico é o Sr. Marcelo
Rodrigues. Foi constatada a necessidade de realização de nova cirurgia, em decorrência de uma infecção no crânio
causada por uma gaze cirúrgica deixada no seu corpo por ocasião da primeira cirurgia. João �cou mais 30 dias
internado, deixando de realizar outros contratos.
Resposta Correta
Leia os fatos que irão compor a situação fática de cada um dos três (3) casos concretos abaixo, postos
intencionalmente na ordem alinear, e reordene-os na ordem rigorosamente linear ou cronológica.
Caso Concreto 1 – XIV Exame da Ordem /2014
Síntese da entrevista realizada com Heitor Samuel Santos, brasileiro, solteiro, desempregado, �lho de Isaura Santos,
portador da identidade 559, CPF 202, residente e domiciliado na Rua Sete de Setembro, casa 18 – Manaus –
Amazonas – CEP 999:
( ) Teve a CTPS assinada como assistente de estoque;
( ) Mas, em parte do horário de trabalho, também realizava as tarefas de um analista de compras, pois seu chefe
determinava que ele �zesse pesquisa de preços e comparasse a sua evolução ao longo do tempo, atividades estranhas
à sua função de assistente de estoque;
( ) Trabalhava de 2ª a 6ª feira das 8h às 16h45min, com intervalo de 45 minutos para refeição, e aos sábados das 8h às
12h, sem intervalo;
( ) É portador de de�ciência e soube que, após a sua dispensa, não houve contratação de um substituto em condição
semelhante;
( ) A empresa possui 220 empregados;
( ) Seu e-mail pessoal era monitorado pela empresa porque, na admissão, estava ocorrendo um problema na
plataformainstitucional, daí porque a ex-empregadora acordou com os empregados que o conteúdo de trabalho seria
enviado ao e-mail particular de cada um, desde que pudesse fazer o monitoramento;
( ) Trabalhou na fábrica de componentes eletrônicos Nimbus S.A. situada na Rua Leonardo Malcher, 7.070 – Manaus –
Amazonas – CEP 210), de 10/10/2012 a 02/07/2014;
( ) Foi dispensado em 02/07/2014, sem justa causa, e recebeu, corretamente, sua indenização;
( ) Que, em razão disso, o empregador teve acesso a diversos escritos e fotos particulares do depoente, inclusive
conteúdo que ele não desejava expor a terceiros;
( ) Durante o contrato, sofreu descontos a título de contribuição sindical e confederativa, mesmo não sendo
sindicalizado.
Agora marque a única opção em que a ordem cronológica do fato acima esteja CORRETA:
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Justi�cativa
Caso Concreto 2 – XIV Exame da Ordem /2014
Síntese da entrevista feita com Bruno Silva, brasileiro, solteiro, CTPS 0010, Identidade 0011, CPF 0012 e PIS 0013, �lho
de Valmor Silva e Helena Silva, nascido em 20/02/1990, domiciliado na Rua Oliveiras, 150 – Cuiabá – CEP 20000-000:
( ) Bruno costumava fazer digitação de trabalhos de conclusão de curso para universitários, ganhando em média
R$200,00 por mês, mas, no período em que esteve afastado pelo INSS, não teve condição física de realizar esta
atividade, que voltou a fazer tão logo retornou ao emprego;
( ) No acidente, sofreu amputação traumática de um dedo da mão esquerda e se submeteu a tratamento médico e
psicológico, gastando com os pro�ssionais R$2.500,00 entre honorários pro�ssionais e medicamentos, tendo levado
consigo os recibos;
( ) Que teve a CTPS assinada e exercia a função de empacotador, recebendo por último o salário de R$1.300,00 por
mês; que sua tarefa consistia em empacotar congelados de legumes em uma máquina adquirida para tal �m;
( ) Que foi admitido em 05/07/2011 pela empresa Central de Legumes Ltda., situada na Rua das Acácias, 58 – Cuiabá
– CEP 20000-010, e dispensado sem justa causa em 27/10/2013, quando recebeu corretamente as verbas da extinção
contratual;
( ) No retorno, tendo sido comprovada pelos peritos do INSS a perda de 20% da sua capacidade laborativa, foi
readaptado a outra função;
( ) Em 30/11/2011 sofreu acidente do trabalho na referida máquina, quando sua mão �cou presa no interior do
equipamento, �cando afastado pelo INSS e recebendo auxílio-doença acidentário até 20/05/2012, quando retornou ao
serviço;
( ) A CIPA da empresa, convocada quando da ocorrência do acidente, veri�cou que a máquina havia sido alterada pela
empresa, que retirou um dos componentes de segurança para que ela trabalhasse com maior rapidez e, assim,
aumentasse a produtividade.
Agora marque a única opção em que a ordem cronológica do fato acima esteja CORRETA:
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Justi�cativa
Caso Concreto 3 - VIII Exame da Ordem /2012
Síntese da entrevista feita com Norberto Castro, brasileiro, solteiro, CTPS 0106, Identidade 124356011, CPF 0012345 e
PIS 001314 15, �lho de Joaquim Castro e Marilda Castro, nascido em 20/02/1980, domiciliado na Rua Palmas, 36 –
Tocantins– CEP 20000-000:
( ) O terreno está situado na Rua Cardoso Soares nº 42, no bairro de Lírios, na cidade de Condonópolis, no Estado de
Tocantins.
( ) Em razão disso, Norberto tem sido constantemente sondado a se retirar do local, recebendo ofertas de valor
insigni�cante, já que as construtoras alegam que o terreno sequer pertence a ele, pois está registrado em nome de
Cândido Gonçalves.
( ) Norberto da Silva, pessoa desprovida de qualquer bem material, adquiriu de terceiro, há nove anos e meio, posse de
terreno medindo 240m² em área urbana, onde construiu moradia simples para sua família.
( ) Norberto não tem qualquer interesse em aceitar tais ofertas. Ao contrário, com setenta e dois anos de idade, viúvo e
acostumado com a vida na localidade, demonstra desejo de lá permanecer com seus �lhos;
( ) A posse é exercida ininterruptamente, de forma mansa e pací�ca, sem qualquer oposição;
( ) No último ano, o bairro passou por um acelerado processo de valorização devido à construção de suntuosos
projetos imobiliários;
( ) São seus vizinhos, do lado direito, Carlos, do esquerdo, Ezequiel e, dos fundos, Edgar.
Agora marque a única opção em que a ordem cronológica do fato acima esteja CORRETA:
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Justi�cativa
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Glossário
AGENCIAR FATOS
Agenciar fatos: É organizar sucessivamente os eventos da experiência temporal humana de forma a dar sequência à história e,
por isso, fazer surgir o tempo.

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