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A Alquimia Experimental da Pintura- Fabricação de Papéis, Pincéis e Tintas Artesanais

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A Alquimia Experimental 
da Pintura: Fabricação de 
Papéis, Pincéis e Tintas 
Artesanais 
 
Thais Hayek1 
 
INTRODUÇÃO 
 
Agora que já vimos os materiais de pintura e suas técnicas, 
é hora de nos aventurarmos na fabricação de nossas próprias 
tintas e papéis. Veremos como é possível ensinar a arte de 
 
1 Thais Fernanda Martins Hayek. Doutora em Educação, Arte e História da 
Cultura (UPM), Mestra em Estética e História da Arte (USP) e Graduada em 
Educação Artística: Artes Plásticas. sTrechos do material composto para o 
Centro Universitário Claretiano, 2010. 
maneira a fazer parte do processo completo de criação, da 
fabricação à criação de sua própria arte. 
Há técnicas de fabricação variadas de papéis e tintas. 
Assim, nesta unidade, apresentaremos algumas destas técnicas 
para que você possa aprender, fazer e ensinar a arte da pintura. 
Iniciaremos com a preparação das superfícies para pintura, 
papéis e telas. Depois, para a fabricação de pincéis artesanais e a 
fabricação de algumas tintas. 
Bons estudos! 
 
FABRICAÇÃO DE SUPORTES PARA PINTURA 
A fabricação de suportes para pintura há muito tempo já é 
desenvolvida por profissionais especializados. No entanto, é 
importante que você, futuro educador, conheça alguns meios 
para fabricação destes. Acompanhe. 
Papéis 
Neste tópico, conheceremos os procedimentos para a 
fabricação de um papel artesanal, que pode ser feito por 
qualquer pessoa e até mesmo crianças acompanhadas de um 
adulto. Inicialmente, estudaremos como fazer o papel reciclado, 
que atualmente além de ser bem valorizado é também muito 
saudável para o meio ambiente. 
Fabricar um papel artesanal é, de certa maneira, uma 
alquimia, é transformar um material destinado ao lixo em algo 
novamente em uso. O papel reciclado é a transformação do lixo 
em num papel rústico que pode ficar muito bonito e diferente do 
papel comum. A reciclagem de papel, ajuda a solucionar o 
problema do acúmulo de lixo, e também diminui a devastação de 
florestas. Pode-se fazer a reciclagem artesanal, que mesmo feita 
de forma rudimentar, produz bons resultados, especialmente na 
reciclagem industrial, que nos últimos anos vem aprimorando 
tecnologia e confeccionando papéis com qualidade similar ao 
produzido diretamente da fábrica. 
No entanto, a reciclagem só é viabilizada se houver a coleta 
seletiva do papel. O papel utilizado não deve se misturar com 
outros materiais, especialmente com o lixo orgânico. Mesmo que 
ele esteja amassado, riscado, rasgado, pintado, o que importa é 
aproveitar esse papel para se fazer mais papel. Neste contexto, 
acompanhe a seguir algumas receitas básicas para confeccionar o 
papel caseiro e também o papel machê. 
 
Papel reciclado I 
Para a fabricação deste papel, inicialmente, você deverá 
rasgar o papel a ser reciclado em pedaços pequenos e deixar de 
molho de um dia para o outro e, posteriormente, realizar os 
seguintes procedimentos: 
1) Bater no liquidificador o papel que ficou de molho. 
Começar com 10 pedaços de papel para cada ½ litro 
de água e aos poucos perceber quanto papel se 
pode colocar ao mesmo tempo. É necessário se ater 
à quantidade de papel, pois muito papel dificulta o 
funcionamento do motor do liquidificador e com 
isso as fibras não ficarão bem batidas. 
1) Medir a quantidade de massa de papel e colocar em 
uma bacia com o dobro de água. Mexer bem e 
mergulhar a peneira na bacia. 
2) Devagar, chacoalhar a peneira para espalhar a 
massa por igual. Deixar o excesso de água escorrer 
da peneira em cima da bacia. Nesse momento, 
poderá acrescentar folhas, pétalas ou pedaços de 
papel colorido. 
3) Inverter a peneira com a massa de papel em cima 
de um pano, que por sua vez deve estar em cima de 
jornais. Prensar com cuidado com uma esponja (tipo 
de cozinha ou de banho) sobre a massa de papel, de 
modo a absorver toda a água possível. 
4) Levantar a peneira pelas bordas, a massa deve ficar 
aderida ao pano. Dobrar o pano sobre a massa, 
embrulhar bem, e pendurar em um varal para secar. 
5) Retire do varal o papel embrulhado no pano de 
prato. Estender sobre a mesa e descolar com 
cuidado o papel seco do pano. 
 
Papel reciclado II 
Para a confecção deste papel, faça a coleta seletiva dos 
papéis. Vale ressaltar que não podem ser utilizados papéis 
plastificados e os usados para higiene. A cor, a textura e o estilo 
de papel que se quer produzir dependem do tipo de papel que 
será utilizado; os papéis que apresentam um melhor resultado 
são aqueles usados em computador, em xerox ou off set, 
cartolina, papel de presente e papel de caderno. 
Após a escolha do papel, efetue os seguintes 
procedimentos (figuras 1 e 2): 
 
1) Colocar os papéis selecionados no balde, cobrir com 
água e deixar de molho por seis horas. Rasgar o 
papel amolecido em pequenos pedaços, colocar no 
liquidificador e completar com água, ½ colher (chá) 
de cola e triturar até ficar pastoso. Este processo, 
conhecido como trituragem consiste em quebrar as 
fibras, transformando o papel em polpa. A 
quantidade de papel e água deve ser de acordo com 
a capacidade do liquidificador. Observação: Após 
utilizar o liquidificador, encher de água o copo, 
acrescentar 3 gotas de água sanitária, deixar por 15 
minutos e enxaguar com água corrente. Agindo 
assim, o liquidificador ficará novamente apto para o 
uso doméstico. 
2) Despejar o papel triturado em uma bacia, 
acrescentar três vezes a mesma quantidade de água 
e misturar tudo. Com uma tela gradeada embaixo 
do molde, mergulhar as armações no banho e subir 
devagar com a polpa do papel. Retirar as armações 
do banho, colocar na posição horizontal, esperar 5 
minutos para escoar a água e retirar o molde. 
Despejar o conteúdo da tela em um pano molhado. 
Colocar outro pano por cima e proceder desta 
forma até completar 10 folhas de papel. 
Observações: o pano indicado é um que tenha fácil 
absorção. As armações são parecidas com as usadas 
em serigrafia. Uma das armações é coberta com 
uma tela de nylon bem esticada e é fixada com 
pregos, chamada de tela gradeada; a outra é só a 
armação de madeira e pode ser chamada de molde. 
O nylon utilizado nas armações pode ser 
encontrado em lojas de pesca ou de material de 
construção. 
3) Transferir o papel reciclado para cima de uma das 
madeiras, colocar a outra madeira e pisar em cima, 
usando o peso do corpo para fazer pressão e retirar 
o maior volume de água possível. Retirar com 
cuidado as folhas de papel, uma por uma, coloque 
num varal ou num local plano e deixe secar ao sol 
ou ao vento. 
Como vimos, estas são apenas algumas dicas que podem 
servir para uma orientação inicial. Existem diversas informações 
sobre a fabricação de papel reciclado, mas o importante é 
pesquisar e fazer a sua maneira. Não existe uma receita 
totalmente pronta, cada pessoa deve procurar a melhor forma de 
fazer o papel a partir do equipamento e do espaço físico 
disponível. 
 
 
Figura 1 Materiais para confecção de papel reciclado. 
 
Figura 2 Método ilustrado para confecção de papel reciclado. 
 
Papel Machê 
O processo de fazer o papel machê é bem parecido com o 
de fazer o papel reciclado. Vejamos. 
1) Fazer a coleta seletiva do papel. 
2) Colocar os papéis selecionados no balde, cobrir com 
água e deixar de molho por seis horas. Rasgar o 
papel amolecido em pequenos pedaços e colocar no 
liquidificador. Completar com água, ½ colher (chá) 
de cola e triturar até ficar pastoso. 
3) Derramar a polpa em um pano e espremer bem 
para retirar a água excedente. 
4) Misturar a polpa e colocar farinha de trigo (pouco a 
pouco) e mais cola branca; amassar tudo com as 
mãos e dosar todos os ingredientes até formar uma 
massa pastosa que fique no ponto de modelagem. 
Modelar objetos de sua preferência e deixar secar 
ao sol ou ao vento. Observação: a farinha de trigo 
pode ser substituída por amido de milho. 
Telas 
As telas já prontas apresentam vantagens por serem 
preparadas em oficinas qualificadas. Porém, se o artista quiser 
esticarsua própria tela de um tamanho específico, ele poderá 
utilizar de alguns procedimentos. O tamanho do tecido a ser 
utilizado deverá ser proporcional a moldura (Figura 3). Existem 
diversas técnicas de como esticar telas para pintura, bem como 
sua preparação para a pintura e, a partir destas técnicas você 
poderá esticar telas de diversos formatos, usando sua 
criatividade. Na confecção de tela a madeira deverá 
ser chanfrada, senão a pintura rachará com o tempo. 
 
 
Figura 3 Proporção do tecido à moldura. 
 
Como esticar a tela 
Para esticar uma tela, são necessários os seguintes 
materiais: moldura de madeira ou o chassi (também é possível 
adquiri-la desmontada), tecido (algodão, juta, linho ou lona), 
grampeador (para tapeceiro ou artesanato), grampos para 
grampeador. 
Com os materiais em mãos, dê início aos procedimentos. 
 
 
 
 
 
Figura 4. 
 
 
 
Figura 5. 
 
 
Figura 6. 
 
1) Em uma superfície plana, de preferência um tapete 
duro ou piso plano e livre de sujeira ou poeira, 
coloque um pedaço grande de plástico para 
proteger o chão. 
2) Se estiver com o chassi desmontado, juntar as 
partes nos cantos (Figura 4) e pregar ou colar (com 
cola de madeira). 
3) Coloque o tecido sob a moldura para medir o corte 
na mesma proporção da moldura (Figura 5), depois 
cortar. 
4) Alinhar os quatro cantos do tecido ao chassi, esticar 
bem e grampear todos os lados da tela (Figura 6). 
Observação: se a tela for quadrada, colocar um 
grampo em cada um dos cantos, porque o tecido 
tende a contorcer durante o alongamento da tela. 
 
Proteção do verso das telas 
 As telas que tem uma proteção em seu verso 
proporcionam a pintura maior durabilidade e vitalidade. Existem 
diversas técnicas para efetuar esta proteção à tela e, mesmo 
quando a tela já estiver esticada, os lados e cantos também 
devem ser protegidos. 
 Alguns destes procedimentos são: 
1) Pincelar o verso da tela com cola e esperar secar 
totalmente. 
2) Colocar uma folha de papelão no verso do chassi, de 
modo que a tela esteja com pouca circulação de ar e 
umidade no fundo. 
 
Preparar a tela para pintura 
Esta técnica também é conhecida como imprimação de 
suporte. Os materiais necessários para preparação da tela de 
pintura são: gesso, pincel (tipo trincha), cola e água. O gesso deve 
ser preparado de modo que tenha uma consistência liquida. Os 
procedimentos são: 
 
1) Diluir uma colher de sopa de cola para meia xícara 
de água (morna) e passar em toda a tela. 
2) Deixar secar bem, de preferência de um dia para o 
outro. 
3) Aplicar com o pincel a primeira camada de gesso e 
deixar secar bem. Caso queira um fundo de gesso 
colorido, misture a cor desejada. 
4) Passar quantas camadas julgar necessário, sempre 
respeitando o intervalo de secagem. 
 
Pincéis artesanais 
Você pode confeccionar o seu próprio pincel, 
personalizando-o da maneira que achar mais adequada para o 
seu tipo de pintura. Esta técnica também pode ser usada em sala 
de aula, para ensinar os alunos a fazerem seus próprios pincéis. 
Os materiais a serem utilizados são: pêlos, bambu ou madeira, 
cola quente, elástico e tesoura. Vejamos. 
 
1) O primeiro passo na fabricação do pincel é 
determinar a sua finalidade e escolher o tipo que se 
quer fazer (reveja os tipos de pincéis na Unidade 2). 
2) Posteriormente, é preciso fazer a seleção dos pêlos 
que vai utilizar. Os tipos de pêlos variam também 
quanto sua finalidade, por exemplo, os de cavalo, 
cabrito e rabo de vaca são bons para o uso da tinta 
óleo. Além disso, os pêlos devem ser bem lavados 
com detergente neutro antes da confecção do 
pincel. 
3) Juntar em dois montes distintos (com o auxílio de 
uma pinça), todas as pontas viradas para o mesmo 
lado. Depois prender os dois montes com elástico. 
4) O próximo passo é escolher um cabo. Caso você 
opte por um pincel redondo, pode ser usado um 
tubo fino de bambu; se for um pincel quadrado 
pode ser usada uma madeira macia. 
5) Passar a cola quente na base da onde vai colocar os 
pelos e fixá-los ao cabo. 
6) Aparar os pelos do pincel, dando a forma que 
selecionou no início do processo. 
 
Preparação de tintas 
 
Aquarela 
A fabricação artesanal de aquarelas é pouco utilizada, 
porque a qualidade das tintas fornecidas pelo mercado atende as 
necessidades técnicas dos artistas. 
A maior dificuldade de fabricar a aquarela é a moagem dos 
pigmentos que devem ser bem finos. A seguir, vejamos os 
ingredientes e materiais necessários para a preparação desta 
tinta: 
• Ingredientes: pigmento em pó (quanto baste), 
goma arábica, glicerina, amido de trigo branco, 
xarope de milho, mel, óleo de cravo. 
• Materiais: duas panelas, gaze, lâmina de vidro ou 
bancada de pedra, espátula, colher medidora, 
mascara de rosto e luvas látex. 
Vale destacar que os ingredientes necessários para fabricar 
a tinta aquarela são vendidos em lojas especializadas, mas caso 
queira fazê-los artesanalmente, seguem algumas técnicas: 
• Solução de goma arábica: coloque uma parte de 
goma arábica em pó ou cristais em uma 
panela. Colocar duas partes de água destilada 
fervente, retirar do fogo, despejar lentamente sobre 
a goma arábica e mexer bem para misturar. Cobrir 
com um pano e deixar repousar por um dia, 
mexendo de vez em quando. Em seguida, coar a 
solução em camadas de gazes para remover 
impurezas e sedimentos. Caso utilize uma solução 
de goma arábica misturada, ela deve ter a mesma 
consistência líquida como a solução de glicerina. 
• Umectante: misturar o mel (duas medidas) com o 
xarope de milho (uma medida). Lembrando que o 
umectante favorece a uniformidade da tinta na 
superfície. 
• Dextrina: uma pasta conveniente consiste em 25 
gramas de dextrina para 50 gramas de água 
fervente. 
 
 Reservar um pouco de goma arábica, umectante e dextrina 
em recipientes separados, para ajustar a mistura da tinta 
conforme necessário, e misturar todos os ingredientes conforme 
os procedimentos a seguir: 
 
1) Na lâmina de vidro (ou pedra da bancada), fazer 
uma pilha de pó de pigmento (quanto baste). Usar 
moedor ou algo com função equivalente para 
quebrar e moer os agregados de pigmento. Com a 
parte de trás da colher de medida fazer um buraco 
no centro da pilha de pigmentos. 
2) Despejar a solução para o veículo, no caso a goma 
arábica, e amassar muito lentamente com a 
espátula. Adicionar mais solução de goma arábica 
ou água destilada até que o pigmento seja 
completamente dissolvido e torne-se uma pasta 
cremosa. 
3) Acrescente mais água ao veículo conforme 
necessário para neutralizar a evaporação ou ajustar 
a viscosidade. Adicione a dextrina, conforme o 
necessário, a fim de facilitar e engrossar a 
consistência de tinta. 
4) Cobrir a mistura com um pano e deixar repousar. 
Mexer ocasionalmente com a espátula até a 
evaporação reduzir a viscosidade desejada. 
5) Guardar a tinta em pequenos potes ou tubos. 
 
Alguns problemas podem ser comuns na fabricação de tinta 
aquarela. A tinta que não adere bem na superfície ou contém 
muito pigmento, ou foi feita com muita água, ou ainda, não teve 
a quantidade de goma arábica suficiente. O equilíbrio dos 
ingredientes é fundamental para que a tinta tenha boa 
qualidade. Outros erros comuns na fabricação podem ocorrer: se 
tiver muito umectante a tinta fica pegajosa ou grudenta; se tiver 
muita goma arábica e glicerina suficiente, resulta em rachaduras 
na tinta. 
Para se conseguir uma boa tinta aquarela é necessário 
pesquisa e estudo, bem como o fazer a tinta. Assim, a medida 
que for trabalhando com a arte de fazer tinta, aprimorará os 
métodos e as técnicas para uma melhor qualidade artística. 
 
 Guache 
Existem diversas maneiras de fazer a tinta guache, desde as 
mais simples que podemos fazer com crianças e adolescentes em 
sala de aula, até a fabricação de um guache voltado para artistas. 
Vejamos no Quadro 1 os materiais e os métodos de criação 
de alguns tipos de guache. O primeiro é bem simples, e pode ser 
usado como recurso educativo combastante segurança. 
Acompanhe. 
 
Quadro 1 Fabricação de tinta guache. 
 
Guache I Os ingredientes utilizados para fazer 
esta tinta são: 2 colheres de sopa de pó 
de corante ou anilina, 2 colheres de 
sopa de goma arábica, 2 colheres de 
sopa (ou mais) de água, 1 colher de 
sobremesa de álcool e 2 ou 3 gotas de 
glicerina. Misturar todos os 
ingredientes até ter uma forma 
consistente e homogênea. As tintas 
podem ser feitas de diversas cores. 
Guache II Os ingredientes utilizados para fazer 
esta tinta são: 1 colher (sopa) de gesso 
em pó, 2 colheres (sopa) de goma 
arábica, 2 colheres (sopa) de pó xadrez 
na cor desejada, 1 colher (sobremesa) 
de glicerina, 1 colher de lisofórmio e 
água em quantidade suficiente para 
obter a consistência desejada. Misturar 
todos os ingredientes na ordem 
mencionada. 
Guache III Os ingredientes utilizados para fazer 
esta tinta são: 100 gramas de pó de 
pintor, 30 gramas de glicerina e 60 
gramas de goma arábica. Misturar tudo 
e passar quatro vezes por peneira fina. 
Cozinhar em fogo brando, sempre 
mexendo. Esperar esfriar e guardar em 
vasilha de vidro. Quando for utilizar a 
tinta, dissolver em água para obter um 
bom rendimento. 
Fonte: (LEME, [s.d.]; MAYER, 1996). Adaptado pelo autor. 
 
Têmpera 
Assim como na fabricação das outras tintas, a têmpera 
também possui vários métodos de criação. Ela pode ser feita à 
base de ovo, com emulsões de óleo e ovo, goma arábica entre 
outras. Vejamos a seguir a composição e o procedimento de 
fabricação de algumas delas. 
A tinta têmpera com gema de ovo é bem simples de fazer, 
e muitos professores de arte utilizam desta técnica em sala de 
aula. Os materiais utilizados para fazer a tinta têmpera a base de 
ovo são: gemas de ovos sem a película, água, óleo de cravo (ou 
vinagre), pigmentos (xadrez em pó ou líquido), e potes para 
armazenar a tinta. O processo de fabricação desta têmpera são: 
1) separar a clara da gema; 
2) retirar a película que envolve a gema, com todo 
cuidado; 
3) acrescentar a água duas gotinhas de óleo de cravo 
(ou vinagre) e mexer com uma colher; 
4) separar essa base em potes pequenos e acrescentar 
o pigmento em cada um deles com a cor desejada. 
Vale ressaltar que o tom desejado depende do tipo de 
trabalho que se quer fazer e da quantidade de água e pigmento 
colocados. Quando se coloca mais água e menos pigmento, a 
tinta fica aquarelada. 
Um outro tipo é a têmpera com emulsões de óleo e ovo. 
Um fato interessante em relação a esta têmpera é que, a adição 
de ovo e óleo modifica a qualidade do óleo e dá maior 
flexibilidade à têmpera. Há duas maneiras de fazê-la, vejamos no 
Quadro 2. 
 
Quadro 2 Fabricação de têmpera. 
Óleo e ovo inteiro (gema e clara) Os ingredientes para fazer esta tinta são: 
dois ovos inteiros (faça um pequeno 
orifício na casca para servi-la de medidor 
dos outros ingredientes), 4 medidas de 
água destilada, 1 medida de óleo stand, 1 
parte de verniz de damar e pigmento (pó 
xadrez). Misture todos os ingredientes 
(exceto o pigmento) até obter uma 
consistência homogênea. Depois, separe 
em potes e adicione o pigmento 
desejado. 
Óleo e gema Os ingredientes para fazer esta tinta são: 
3 gemas de ovo (sem película), 1 ½ parte 
de água destilada, 1 parte de óleo stand, 
1 parte de verniz de damar e pigmento 
(pó xadrez). Misture todos os 
ingredientes (exceto o pigmento) até 
obter uma consistência homogênea. 
Depois, separe em potes e adicione o 
pigmento desejado. 
Fonte: (LEME, [s.d.];; MAYER, 1996). Adaptado pelo autor. 
 
Há também a têmpera de goma arábica, que tende a ter 
uma boa qualidade, especialmente quando misturada ao óleo, 
que dá mais brilho e vigor a pintura. Os materiais e os 
ingredientes utilizados para a fabricação desta têmpera são: ¾ 
partes de glicerina, 1 parte de óleo stand, 1 parte de verniz de 
damar, 5 partes de solução de goma arábica (50g de goma 
arábica em pó e 150ml de água, já misturadas). 
O processo de fabricação desta tinta têmpera consiste em 
misturar todos os ingredientes em uma garrafa alta (apenas ¾ 
desta deve conter o líquido) até obter uma mistura branca e 
espessa. E, posteriormente, adicionar o pigmento. 
Uma outra têmpera é a têmpera de caseína, que tem uma 
secagem rápida e é feita a base da proteína do leite. Tem como 
diluente a água e seus efeitos visuais são muito versáteis. 
Conhecida por ter um corpo robusto, produzindo um tom 
distintivo e um semi-acabamento fosco, esta tinta dura até duas 
semanas na geladeira. Para testar a qualidade e a consistência da 
tinta, pinte uma amostra pequena em um papel ou papelão e 
deixe secar por pelo menos uma hora. 
Os ingredientes para a fabricação desta têmpera são: 2 
partes de caseína em pó, 16 partes de água, 1 parte de carbonato 
de amônio, 1 ou 2 partes de pigmento. O processo de fabricação 
desta tinta têmpera segue os seguintes passos: 
1) Peneirar duas partes de caseína em oito partes de 
água. 
2) Mexer bem para não empelotar e, quando a 
mistura estiver boa, adicione uma parte de 
carbonato de amônio. 
3) Deixar a mistura repousar durante uma hora e, em 
seguida, adicionar mais água. 
4) Usando uma espátula, misture os pigmentos com a 
pasta de caseína para formar uma tinta espessa, 
adicionando água até obter a consistência desejada. 
Se for utilizado o amoníaco líquido, pode ser 
necessário reduzir a quantidade de água na 
mistura. Mais atenção, é necessário verificar se o 
produto é claro e não leitoso. 
 
Tintas naturais 
Apesar de existir uma infinidade de tipos pigmentos no 
mercado, não se pode esquecer que os pigmentos são extraídos 
da natureza e que muitos destes elementos estão em nosso 
ambiente cotidiano. Vejamos no Quadro 3 dois tipos de tintas 
feitas com elementos e recursos naturais que podemos usar 
como pigmento. 
 
Quadro 3 Fabricação de tintas naturais. 
Tinta feita com terra Os ingredientes desta tinta são bem 
simples: água, terra e cola branca. 
Selecionar a terra que quer usar (a tinta 
pode ser feita com a mistura de diversos 
tipos de terra). Em um recipiente, colocar 
a terra e jogar água até amolecer, a 
massa deve ficar com uma consistência 
parecida com a de um mingau. Para 
conservação da tinta, guardar em um 
pote fechado na geladeira. 
A terra pode ser substituída por pó de 
serragem, areia fina ou mesmo misturá-
los. 
Tintas com legumes ou verduras É possível extrair cores também de 
verduras e legumes. Os ingredientes para 
a fabricação desta tinta são: água, 
pedaços de beterraba ou couve e uma 
colher de água sanitária. O método de 
execução consiste em bater o legume ou 
vegetal no liquidificador com uma 
pequena quantidade de água. No 
entanto, caso queira uma tinta mais 
líquida, basta coá-la. Por último, 
acrescentar a água sanitária e armazenar 
em potes. Para alterar a consistência da 
tinta, acrescentar um pouco de farinha 
de trigo e cozinhar até ficar com a 
consistência desejada. 
Fonte: (LEME, [s.d.]; ). Adaptado pelo autor. 
 
Existem também outros corantes naturais que podem ser 
utilizados na composição das tintas mencionadas no Quadro 3. 
Alguns deles são: 
1) Açafrão: amarelo ou tonalidades acobreadas. 
2) Carvão de madeira: cinza. 
3) Sementes de girassol: amarelo amarronzado. 
4) Anil (tablete ou folha): azul. 
5) Caroço de abacate: marrom escuro. 
6) Jabuticaba: rosa. 
7) Folhas de hibisco: verde. 
 
Tinta a óleo 
Para fabricar a tinta a óleo é preciso ter uma boa 
observação do equilíbrio para fazer a tinta na consistência 
desejada. Atualmente, não há muita dificuldade em misturar os 
pigmentos, pois eles já vêm com uma fina granulação. É 
oportuno fazer uma advertência quanto ao cuidado em 
manusear pigmentos: embora a maioria dos pigmentos atuais 
não tenha restrição quanto ao contato com a pele, é necessário 
ter o cuidado de não inalá-los. Além disso, o seu manuseio deve 
ser feito de maneira a evitar o levantamento de pó (o mais 
apropriado é usar uma máscara que bloqueie a inalação do 
produto). Portanto, trata-se de uma técnica voltadapara o 
ensino especializado de arte, ou seja, em ateliês e universidades. 
Vejamos a seguir os materiais e os processos de fabricação 
de dois tipos de óleos. Acompanhe. 
A tinta óleo I é a maneira mais simples de fabricação da 
tinta a óleo, e tem como materiais necessários o pigmento seco e 
o óleo de linhaça. O seu método de fabricação também é fácil, 
contudo, o segredo está no equilíbrio da composição da tinta. Os 
procedimentos são: 
1) Em um vidro ou superfície de esmalte, fazer um 
monte com o pigmento seco (uma colher de sopa 
ou duas para começar). 
2) Adicionar óleo de linhaça (o melhor é o refinado) 
em gotas e misturar os poucos com uma espátula 
plana até o pigmento adquirir a consistência 
adequada. 
3) Para misturar, trazer continuamente a pasta de fora 
para o centro. Após concluído o processo, esta tinta 
pode ser utilizada imediatamente em sua paleta ou 
então armazenada em tubo ou pote. 
4) Por fim, para limpeza do material utilizado, usar 
terebentina ou outro solvente compatível. 
 
Já a tinta óleo II é uma outra técnica de fabricar esta tinta, 
e tem como ingredientes: 1 parte de pigmento, 1 parte de verniz 
cristal, 1 parte de óleo de linhaça. O procedimento de fabricação 
deste óleo também é pouco complicado, vejamos: 
1) Misturar em porções iguais o verniz e o óleo de 
linhaça, aos poucos. 
2) Fazer uma pilha com o pigmento e um buraco no 
meio dela e adicionar um pouco da mistura do 
verniz. 
3) Bater a mistura com uma espátula sobre uma 
bancada de pedra ou placa de vidro; 
4) Repetir o processo 3 e 4 citado na receita da tinta 
óleo 1, para obter uma massa com a consistência 
desejada. 
5) Ao final, para limpeza do material utilizado usar 
terebentina ou outro solvente compatível. 
CONSIDERAÇÕES 
Como pudemos ver, esta é uma unidade prática e, para 
melhor compreensão, é importante que você mesmo tente 
fabricar as tintas aqui mencionadas. 
Lembre-se de que, fazer é o melhor jeito de aprender, 
portanto, você deve colocar a mão na massa, ou melhor, na 
tinta! 
 
E-REFERÊNCIAS 
Lista de figuras 
 
Figura 1 - Materiais para confecção de papel reciclado: disponível em 
<http://mayarareginaa.blogspot.com/2009/10/receita-de-papel-reciclado.html>. 
Acesso em: 20 maio 2010. 
Figura 2 - Método ilustrado para confecção de papel reciclado: disponível em 
<http://mayarareginaa.blogspot.com/2009/10/receita-de-papel-reciclado.html>. 
Acesso em: 20 maio 2010. 
Figura 3 - Proporção do tecido à moldura: disponível em: 
<http://artesarantes.com.br/mais/images/crbst_fazer_20telas_207.jpg>. Acesso em: 
21 maio 2010. 
Figura 4: disponível em 
<http://www.webart.com.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=14&Item
id=39>. Acesso em: 21 maio 2010 
Figura 5: disponível em 
<http://www.webart.com.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=14&Item
id=39>. Acesso em: 21 maio 2010 
Figura 6: disponível em 
<http://www.webart.com.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=14&Item
id=39>. Acesso em: 21 maio 2010. 
 
Sites indicados para pesquisa 
 
Papel reciclado: disponível em: 
<http://www.bracelpa.org.br/bra/saibamais/reciclado/index.html>. Acesso em: 21 
maio 2010. 
Papel reciclado: disponível em: 
<http://www.comofazerpapel.com.br/tiposcurso.html>. Acesso em: 21 maio 2010. 
Papel reciclado: disponível em: 
<http://www.cienciamao.if.usp.br/tudo/exibir.php?midia=von&cod=_ecologiacomofaz
erpapelre>. Acesso em: 21 maio 2010. 
Tintas: disponível em: <http://www.scribd.com/doc/6689698/Tinta-Caseira-Tipo-
Guache>. Acesso em: 21 maio 2010. 
Tintas: disponível em: <http://nankinn.blogspot.com/2009/07/no-semestre-anterior-
produzi-meus.html>. Acesso em: 21 maio 2010. 
Tintas: disponível em: <http://www.saberdetudo.com.br/receitas.php?id=513>. Acesso 
em: 21 maio 2010. 
Tintas: disponível em: <http://www.sonholilas.com.br/2009/01/13/receita-de-tinta-
caseira-para-criancas/>. Acesso em: 21 maio 2010. 
Tintas: disponível em: <http://receitaspravoce.com/category/artesanato>. Acesso em: 
21 maio 2010. 
Tintas: disponível em: <http://www.e-familynet.com/phpbb/receita-de-tinta-caseira-
para-criancas-vt368661.html>. Acesso em: 21 maio 2010. 
Papel reciclado: disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=5Y5wbOCu34s>. 
Acesso em: 21 maio 2010. 
Papel reciclado: disponível em: 
<http://www.youtube.com/watch?v=mpBOZjmL_h0&feature=related>. Acesso em: 21 
maio 2010. 
Papel reciclado: disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=Qj52vXf1bVg>. 
Acesso em: 21 maio 2010. 
Papel reciclado: disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=-fmy->. Acesso 
em: 21 maio 2010. 
Tintas: disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=QLinHkJy2nA>. Acesso em: 
21 maio 2010. 
Tintas: disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=pnE7GFufI-
I&feature=related>. Acesso em: 21 maio 2010. 
Tintas: disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=KyPicRdCsMc>. Acesso em: 
21 maio 2010. 
Tintas: disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=8mkUbap5TYg>. Acesso 
em: 21 maio 2010. 
Tintas: disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=bVO5RdvlwSM> Acesso 
em: 21 maio 2010. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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FAJARDO, E.; MATHIAS, C. Tintas e texturas - Oficina de Artesanato. São Paulo: SENAC, 
2002. 
HAZEL, H. Enciclopédia de técnicas de pintura acrílica. Barcelona: Acanto, 1999. 
______________ Enciclopédia de técnicas de pintura acuarela. Barcelona: Acanto, 
2001. 
LEME, S. P. A cozinha da arte. Uberlândia: UFU, [s.d.];. 
MAYER, R. Manual do artista: de técnicas e materiais. São Paulo: Martins fontes, 1996. 
PYLE, D.; PEARCE, E. Winsor & Newton – O livro da pintura a óleo. ColArt Fine Art & 
Graphics Limited, 2002. 
TAPPENDEN, C. Aprender a dibujar e pintar: manual enciclopédico de técnicas paso a 
paso. Madri: Asppan, 2004.

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