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11_Legislacao_Especial

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1 
 
 
 
 
 
 
 
DEPEN 
Agente Federal de Execução Penal 
 
1 Lei nº 12.850/2013 e suas alterações (organizações criminosas) ..................................... 1 
2 Lei nº 9.613/1998 e suas alterações (lavagem de dinheiro) ............................................ 20 
3 Lei nº 9.455/1997 e suas alterações(antitortura) ............................................................. 32 
4 Lei nº 12.846/2013 e suas alterações (anticorrupção) ..................................................... 37 
5 Lei nº 13.869/2019 (abuso de autoridade) ...................................................................... 37 
6 Lei nº 8.429/1992 e suas alterações (improbidade administrava) ................................... 43 
7 Lei nº 10.826/2003 e suas alterações (Estatuto do Desarmamento) ............................... 54 
8 Lei nº 11.343/2006 e suas alterações (Lei de Drogas) .................................................... 66 
9 Lei nº 13964/2019 (aperfeiçoa a legislação penal e processual penal) .......................... 90 
 
 
 
 
Olá Concurseiro, tudo bem? 
 
Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua 
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do 
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando 
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você tenha 
uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação. 
 
Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail 
professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou 
questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam 
por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior 
aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens: 
 
01. Apostila (concurso e cargo); 
02. Disciplina (matéria); 
03. Número da página onde se encontra a dúvida; e 
04. Qual a dúvida. 
 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados, 
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até 
três dias úteis para respondê-lo(a). 
 
Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado! 
 
Bons estudos e conte sempre conosco! 
1633893 E-book gerado especialmente para DIEGO CESPEDES DE SOUZA
 
1 
 
 
 
LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013 
 
No Brasil, há três grandes marcos conceituais para organizações criminosas. Antes, ainda em 1995, 
foi publicada a, hoje já revogada, Lei 9.034 que dispunha sobre a utilização de meios operacionais para 
a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas. No entanto, lamentavelmente, 
não trazia no bojo do seu texto a definição legal de organização criminosa, ficando a cargo da doutrina 
tentar, sem sucesso, conceituar o instituto. Foram anos sem nenhum respaldo legal, até o surgimento de 
um primeiro conceito. 
 
1. O conceito da Convenção de Palermo 
O ordenamento jurídico brasileiro esteve órfão de uma definição desde a publicação da Lei 9.034/95 
até a entrada em vigor do Decreto nº 5.015 de 2004, que promulgou a Convenção das Nações Unidas 
contra o Crime Organizado Transnacional, conhecida como Convenção de Palermo, adotada em Nova 
York em novembro de 2000. 
Embora tenha sido adotada em solo norte-americano, a Convenção de Palermo detém essa 
nomenclatura devido ao fato de que este instrumento internacional e multilateral teve três de quatro 
instrumentos assinados na cidade de Palermo, na ilha de Sicília, na Itália, tendo sido subscrito por 147 
países, que se comprometeram a definir e combater o crime organizado. Na esfera da Organização dos 
Estados Americanos (OEA), a Convenção de Palermo foi objeto de Resolução, aprovada na XXX 
Assembleia Geral, contando com o apoio do Governo brasileiro. 
Preceitua a dita Convenção que Grupo Criminoso Organizado é: “grupo estruturado de três ou mais 
pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais 
infrações graves ou enunciadas na presente Convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, 
um benefício econômico ou outro benefício material”. Define ainda o texto da Convenção que “infração 
grave” refere-se àquela que “constitua infração punível com uma pena de privação de liberdade, cujo 
máximo não seja inferior a quatro anos ou com pena superior”; e que “grupo estruturado” diz respeito a 
“grupo formado de maneira não fortuita para a prática imediata de uma infração, ainda que os seus 
membros não tenham funções formalmente definidas, que não haja continuidade na sua composição e 
que não disponha de uma estrutura elaborada”. 
Para boa parte da doutrina nacional, este deveria ser então o conceito a ser adotado pela ordem 
jurídica brasileira, aplicando-se os dispositivos previstos, sobretudo, na Lei 9.034/95. No entanto, 
contrariando esse entendimento, decidiu o Supremo Tribunal Federal, enfrentando o HC nº 96.007/SP, 
que o conceito trazido pela Convenção não deveria ser adotado para regular os procedimentos dispostos 
na Lei 9.034/95. Asseverou, na ocasião, o Ministro Marco Aurélio que “a definição emprestada de 
organização criminosa seria acrescentar à norma penal elementos inexistentes, o que seria uma 
intolerável tentativa de substituir o legislador, que não se expressou nesse sentido”. 
Não escapou, também, a adesão deste conceito pelo ordenamento pátrio, das críticas doutrinárias. 
Luiz Flávio Gomes logo estampou e enumerou os vícios decorrentes deste acolhimento: em primeiro 
lugar, a definição de crime organizado trazida pela Convenção de Palermo é por demais ampla, genérica, 
e viola a garantia da taxatividade, corolário do princípio da legalidade. Em segundo, o conceito 
apresentado tem valor para nossas relações com o direito internacional, não com o direito interno. Por 
último, as definições preceituadas pelas convenções ou tratados internacionais jamais valem para reger 
nossas relações com o Direito penal interno em razão da exigência do princípio da democracia (ou 
garantia da lex populi). 
 
2. A definição legislativa na Lei 12.694 de 2012 
Finalmente, em julho de 2012, surge a primeira conceituação legislativa de organizações criminosas. 
Trata-se da Lei 12.694 que dispõe sobre o processo e o julgamento colegiado em primeiro grau de 
jurisdição de crimes praticados por organizações criminosas. Essencialmente processual, a Lei não se 
esquivou de conceituar o tema. Reza o diploma, em seu art. 2º: “Para os efeitos desta Lei, considera-se 
organização criminosa a associação, de 3 (três) ou mais pessoas, estruturalmente ordenada e 
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou 
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de crimes cuja pena máxima seja igual 
ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de caráter transnacional”. 
1 Lei nº 12.850/2013 e suas alterações (organizações criminosas) 
 
1633893 E-book gerado especialmente para DIEGO CESPEDES DE SOUZA
 
2 
 
Desta forma, notável que o legislador pátrio não adotou o mesmo conceito da Convenção de Palermo, 
alvitrando suaves, porém significativas, alterações. Conforme lição de Rogério Sanches Cunha: 
1) Modificou o rol de infrações sobre as quais podem incidir a caracterização de crime organizado, 
passando a ser apenas os crimes de pena máxima igual ou superior a 4 anos ou crimes, qualquer seja a 
pena, desde que transnacionais. O antigo conceito englobava qualquer infração penal, crimes ou 
contravenções, com pena máxima também igual ou superior a 4 anos e, ainda, as infrações previstas na 
própria Convenção. 
2) O objetivo do grupo no conceito da Convenção deveria ser a obtenção de vantagem econômica ou 
benefício material; enquanto que na Lei 12.694/12 este objetivo seria a obtenção de vantagem de 
qualquernatureza, inclusive a não-econômica. 
Imperioso destacar que, embora o novo conceito trazido tenha âmbito de aplicação definido como 
“para efeitos desta Lei”, a Doutrina não hesitou ao afirmar que essa definição não se restringia a esse 
instituto, abrangendo também os procedimentos previstos na Lei nº 9.034/95. 
 
3. O novo conceito trazido pela Lei 12.850/13 
Preceitua o novo estatuto que: “considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou 
mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, 
com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de 
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter 
transnacional”. 
As mudanças conceituais e tipológicas inovadas pela Lei 12.850/13 são evidentes e substanciais. A 
saber: 
1) O número mínimo de integrantes exigidos na nova compreensão legal passa a ser de 4 (quatro) 
pessoas, e não apenas 3 (três) como previa a lei anterior. 
2) A nova definição deixa de abranger apenas crimes, passando a tratar sobre infrações penais, que 
incluem crimes e contravenções (art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal). Além disso, abarca 
infrações punidas com pena máxima superior a 4 (quatro) anos, e não mais as com pena máxima igual 
ou superior a este patamar. 
3) A prática de crimes com pena máxima igual a 4 (quatro) anos, que incluem o furto simples (art. 155, 
CP), a receptação (art. 180, CP), a fraude à licitação (art. 90, Lei 8.666/90), restaram afastados da 
possibilidade de incidirem como crime organizado pelo novo conceito legal. Embora o contrabando e o 
descaminho (art. 318, CP) tenham pena máxima igual a 4 anos, estes são essencialmente transnacionais, 
razão pelo qual não estão excluídos na nova conceituação legal. 
4) A nova compreensão legal inovou também ao estender o conceito às infrações penais previstas em 
Tratados Internacionais quando caracterizadas pela internacionalidade; e ainda aos grupos terroristas 
internacionais. 
Por fim, oportuno recordar que a Lei 12.850/13 – pela primeira vez – tipificou as condutas de 
organização criminosa, transformando-as em crime autônomo. 
 
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DE PROVA 
 
O legislador, em ato digno de aplausos, sob a égide da novel Lei 12.850/13, dispõe que o Delegado 
de Polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente de autorização judicial, apenas aos 
dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o 
endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de 
internet e administradoras de cartão de crédito. 
Conforme se nota, há flagrante ampliação de poderes da autoridade policial, visto que o novo diploma 
permite a representação por dados cadastrais do investigado sem a necessidade de autorização judicial. 
Indubitavelmente, trata-se de um avanço legislativo que proporcionará maior agilidade investigativa e, por 
conseguinte, maior probabilidade de sucesso na persecução penal. 
Entrementes, antes que os garantistas hiperbólicos monoculares digam que a medida afronta o Direito 
de Intimidade tutelado no art. 5º, X da Constituição Federal, faz-se imperioso ressaltar que a medida não 
se imiscui no íntimo do ser humano, sendo direcionada apenas para garantir maior agilidade à persecução 
penal. Nesse sentido, até o maior crítico da novel Lei de Organizações Criminosas, o ilustre Eugênio 
Pacelli, se posiciona: “É que não se cuida de acesso aos dados de movimentação financeira, nem àqueles 
relativos aos valores eventualmente depositados à titularidade do investigado, e, tampouco, ao montante 
de gastos efetuados com o sistema de telefonia ou de administração de crédito. O que a lei autoriza é 
que tais instituições informem o nome, estado civil, filiação e endereço da pessoa. Há, portanto, redução 
sensível quanto ao conteúdo de privacidade a ser acessado, ainda que se reconheça, como o fazemos, 
1633893 E-book gerado especialmente para DIEGO CESPEDES DE SOUZA
 
3 
 
que a medida ostenta dimensão mais alargada da privacidade e da intimidade do investigado. Por isso, 
sustentamos a validade constitucional da medida”. 
Para fins do exposto, as empresas de transporte possibilitarão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, acesso 
direto e permanente do Juiz, do Ministério Público ou do Delegado de Polícia aos bancos de dados de 
reservas e registro de viagens. Ademais, as concessionárias de telefonia fixa ou móvel manterão, pelo 
prazo de 5 (cinco) anos, à disposição das autoridades mencionadas, registros de identificação dos 
números dos terminais de origem e de destino das ligações telefônicas internacionais, interurbanas e 
locais. 
Convém salientar que, não obstante ser recente a alteração normativa, parcela da doutrina já se 
posiciona quanto à extensão deste método investigativo às infrações de outra natureza. Contudo, 
entendemos que a autoridade policial somente poderá diligenciar diretamente quanto ao acesso a 
registros, dados cadastrais, documentos e informações diante de crime de organização criminosa, fulcro 
no Princípio da Reserva Legal. 
 
DA COLABORAÇÃO PREMIADA 
 
O instituto da delação premiada foi inserido no ordenamento jurídico brasileiro no ano de 1990, quando 
da edição da Lei Federal nº 8.072, a chamada Lei dos Crimes Hediondos. Trata-se de instrumento de 
política criminal importado do Direito Italiano que tem por objetivo precípuo combater o pacto do silêncio 
absoluto que predomina diante das organizações criminosas. 
Preliminarmente, impende assinalar que, apesar de ser um eficaz instrumento à persecução penal, o 
procedimento carecia de regulamentação que garantisse o devido processo legal e, principalmente, a 
segurança jurídica e pessoal ao delator. Por oportuno, com o advento da Lei 12.850/13, a medida foi 
precisamente regulamentada, adquirindo contornos normativos claros, de modo a garantir maior eficácia 
e exequibilidade. 
Nas palavras do emérito Guilherme de Souza Nucci: “A delação premiada significa a possibilidade de 
se reduzir a pena do criminoso que entregar o(s) comparsa(s). É o ‘dedurismo’ oficializado, que, apesar 
de moralmente criticável, deve ser incentivado em face do aumento contínuo do crime organizado. É um 
mal necessário, pois trata-se da forma mais eficaz de se quebrar a espinha dorsal das quadrilhas, 
permitindo que um de seus membros possa se arrepender, entregando a atividade dos demais e 
proporcionando ao Estado resultados positivos no combate à criminalidade”. 
 
Análise comparativa da Delação Premiada no Ordenamento Jurídico Brasileiro 
A novel lei não apenas proporciona uma grande evolução ao combate das organizações criminosas, 
como também revoluciona ao alterar o nomen juris da medida para Colaboração Premiada. No 
ordenamento jurídico brasileiro, o instrumento é conhecido como Delação Premiada e não é exclusivo ao 
combate das organizações criminosas, permeando diversos dispositivos legais, dentre os quais: Código 
Penal (arts. e 159, §4º, e 288, p. único), Lei do Crime Organizado – nº 9.034/05 (art. 6º), Lei dos Crimes 
contra o Sistema Financeiro Nacional – nº 7.492/86 (art. 25, §2º), Lei dos Crimes de Lavagem de Capitais 
– nº 9.613/88 (art. 1º, §5º), Lei dos Crimes contra a Ordem Tributária e Econômica – nº 8.137/90 (art. 16, 
p. único), Lei de Proteção a vítimas e testemunhas – nº 9.807/99 (art. 14), Nova Lei de Drogas – nº 
11.343/06 (art. 41), e, mais recentemente, na Lei que trata do Sistema Brasileiro de Defesa da 
Concorrência – nº 12.529/2011 (art. 86). Nesse sentido, em caráter didático, colacionaremos cada 
hipótese para melhor análise: 
A) Lei 7.492/86 (Crimes Financeiros): “Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o 
controlador e os administradores de instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes 
(Vetado). §1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) ointerventor, o 
liquidante ou o síndico. §2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o 
coautor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a 
trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços”. 
B) Lei 8.072/90 (Crimes Hediondos): “Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no 
art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar 
à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a 
dois terços”. 
C) Lei 8.137/90 (Crimes Tributários): “Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do 
Ministério Público nos crimes descritos nesta lei, fornecendo-lhe por escrito informações sobre o fato e a 
autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. Parágrafo único. Nos crimes 
previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe que através de confissão 
1633893 E-book gerado especialmente para DIEGO CESPEDES DE SOUZA
 
4 
 
espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de 
um a dois terços”. 
D) Lei 9.269/96 (Altera o §4º do art. 159 do CPB): “ (Extorsão mediante sequestro) Art. 159 – 
Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou 
preço do resgate: (…) §4° Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à 
autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços”. 
E) Lei 9.613/98 (Lavagem de Capitais e ativos): “Art.1. (…) §5º A pena poderá ser reduzida de um a 
dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao Juiz deixar de aplicá-la ou 
substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar 
espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das 
infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos 
ou valores objeto do crime”. 
F) Lei 11.343/06 (Tráfico ilícito de entorpecentes): “Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar 
voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais coautores 
ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, 
terá pena reduzida de um terço a dois terços”. 
G) Lei 9.807/99 (Proteção a testemunhas e réus colaboradores): “(CAPÍTULO II DA PROTEÇÃO AOS 
RÉUS COLABORADORES) Art. 13. Poderá o Juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o 
perdão judicial e a consequente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário, tenha 
colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal, desde que dessa 
colaboração tenha resultado: I – a identificação dos demais coautores ou partícipes da ação criminosa; II 
– a localização da vítima com a sua integridade física preservada; III – a recuperação total ou parcial do 
produto do crime. Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta a personalidade do 
beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso”; “Art. 14. O 
indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na 
identificação dos demais coautores ou partícipes do crime, na localização da vítima com vida e na 
recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um a 
dois terços”. 
H) Lei 9.034/95 (Antiga Lei de Organização Criminosa): “Art. 6º Nos crimes praticados em organização 
criminosa, a pena será reduzida de um a dois terços, quando a colaboração espontânea do agente levar 
ao esclarecimento de infrações penais e sua autoria”. 
 
Colaboração Premiada na Nova Lei de Organizações Criminosas 
O mecanismo de colaboração premiada estatuído na Lei 12.850/13 apresenta grandes alterações ao 
que era previsto na revogada Lei 9.034/05, trazendo requisitos objetivos e subjetivos à concessão do 
benefício processual. Quanto aos requisitos objetivos, a lei expõe que a delação deve resultar em: I – a 
identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles 
praticadas; II – a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; III 
– a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; IV – a 
recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização 
criminosa; V – a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. Ademais, o 
Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador não for o líder da organização 
criminosa ou for o primeiro a prestar efetiva colaboração, desde que alcançados os resultados objetivos 
retro citados. Imperioso destacar que não estamos diante de requisitos cumulativos, ou seja, basta que a 
delação atinja um dos resultados previstos na norma para fins de aplicabilidade do instituto. 
Quanto aos requisitos subjetivos, a lei explicita que, em qualquer caso, a concessão do benefício levará 
em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão 
social do fato criminoso e a eficácia da colaboração. Nessa seara, em seu brilhante artigo sobre a novel 
lei, Eugênio Pacelli posiciona-se com louvor: “No particular, o legislador brasileiro parece ter um fetiche 
com a personalidade do agente! Ora, não há tecnologia ou ciência suficientemente desenvolvida, ou cujo 
conhecimento técnico seja seguro quanto aos vários e possíveis diagnósticos acerca da personalidade 
de quem quer que seja! Certamente não se trata de questão jurídica, o que, já por aí, tornaria o Juiz refém 
de laudos médicos, psicológicos ou psiquiatras”. 
No que concerne à natureza jurídica da colaboração premiada, a nova lei se reveste de causas de 
diminuição e substituição de pena e perdão judicial, como se vê: “Art. 4º O Juiz poderá, a requerimento 
das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou 
substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a 
investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes 
resultados”. 
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5 
 
O Princípio da Irretroatividade da norma penal é previsto no artigo 5º, inciso XL, da Constituição 
Federal, contudo, com uma importante ressalva: “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. 
Em termos comparativos, pode-se constatar que a L. 12.850/13 apresenta-se como lex mellius, ou seja, 
norma que apresenta contornos mais benéficos ao réu ao prever a possibilidade de aplicação de perdão 
judicial. Assim, o novel diploma legal poderá retroagir a crimes ocorridos no passado – Teoria da Atividade 
– a fim de perquirir o Direito Subjetivo Constitucional do réu em ter aplicada a norma mais favorável, ainda 
que superveniente, seguindo o Princípio da Extratividade da norma penal. 
 
Nesse contexto, o ilustre Eugênio Pacelli aduz que estamos diante de norma mais favorável e que 
deve ser estendida às demais hipóteses de delação premiada previstas em nosso ordenamento jurídico. 
Conquanto o brilhantismo do referido autor, à luz do Princípio da Especialidade e Princípio da Reserva 
Legal, entendemos que as consequências jurídicas da novel colaboração premiada somente são 
aplicáveis às organizações criminosas, respeitando a especificidade das demais previsões do instituto. 
Outro ponto relevante da alteração é a exigência da colaboração voluntária, ao revés do que era 
requerido pela antiga norma, que exigia colaboraçãoespontânea. Como se sabe, são conceitos díspares, 
situação em que colaboração espontânea é aquela que não pode sofrer qualquer influência externa, 
partindo de motivação interna do agente; enquanto a voluntária aceita influências externas. Destarte, 
acertadamente veio a inovação legislativa, pois, segundo a antiga lei, mero aconselhamento por parte de 
terceiros seria suficiente para refutar a concessão da benesse processual. 
Em caráter revolucionário, permite-se a suspensão do prazo para oferecimento da denúncia e da 
prescrição por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas 
de colaboração. Parece-nos que o legislador, nesse ponto, entende a complexidade de investigações 
envolvendo organizações criminosas e proporciona uma ampliação dos direitos do Estado a fim de 
garantir maior eficácia da persecução penal. 
Ademais, a L. 12.850/13 traz o que chamamos de “Colaboração Posterior”, hipótese em que, se a 
colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a 
progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos. Como se vê, o instituto da colaboração 
tem cabimento em sede de inquérito policial, fase processual e de execução da pena. Todavia, para 
concessão do benefício, o réu deverá apresentar condições subjetivas positivas, pois a lei somente traz 
exceção ao requisito objetivo. 
 
Do requerimento e representação da medida de colaboração premiada 
No que tange ao requerimento e representação da medida, considerando a relevância da colaboração 
prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o Delegado de Polícia, nos autos do inquérito policial, 
com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao Juiz pela concessão de 
perdão judicial ao colaborador. Havendo discordância entre a opinio juris do Ministério Público e a 
convicção do Magistrado, aplica-se o Princípio da Devolução, de modo que a divergência deverá ser 
encaminhada para o Procurador Geral de Justiça para fins de aplicação do que dispõe o art. 28 do Código 
de Processo Penal. Por óbvio, não se aplica o referido procedimento quando a divergência ocorre entre 
a autoridade policial e o Ministério Público, hipótese em que o juiz deverá analisar a concessão da medida 
representada pelo Delegado de Polícia, mesmo que o Ministério Público seja desfavorável. 
O dispositivo retro citado ratifica a independência técnico-jurídica da autoridade policial preconizada 
na Lei 12.830/13, situação em que a decisão sobre o cabimento da medida será realizada posteriormente 
pelo juiz. 
Convém notar que a norma torna o Juiz equidistante ao acordo de colaboração premiada a fim de 
preservar a imparcialidade. Assim, infere-se que o Juiz não poderá participar da formalização do acordo, 
sendo responsável apenas pela sua homologação, desde que preenchidos os requisitos da Lei. 
Não obstante a norma seja recente, já há vozes na doutrina assinalando a inconstitucionalidade do 
dispositivo sob alegação de que o diploma está concedendo capacidade postulatória ao Delegado de 
Polícia. Data maxima venia, a tese não merece prosperar. A nova norma tão somente concede à 
autoridade policial a possibilidade de realizar o acordo e representar pela concessão da colaboração 
premiada que, a posteriori será avaliada pelo Juiz. Essa exegese parte da interpretação lógico-sistemática 
de todo ordenamento jurídico, pautando-se na capacidade que o Delegado possui em representar pelas 
demais medidas cautelares do ordenamento jurídico. Ademais, no Brasil, ao contrário de alguns países 
europeus, o Delegado de Polícia não atua sob delegação do Ministério Público, possuindo, assim, 
autonomia técnico-jurídica para atuar, com discricionariedade, na persecução penal pré-processual. 
Outrossim, por amor incondicional ao debate, importante colacionar a tese de inconstitucionalidade da 
representação do Delegado de Polícia quanto ao pedido de concessão da delação premiada emitida pelo 
emérito Eugênio Pacelli: “A Constituição da República comete à polícia, inquinada de judiciária, funções 
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exclusivamente investigatórias (art. 144, §1º, IV, e §4º). E, mais, remete e comete ao Ministério Público a 
defesa da ordem jurídica (art. 127) e a promoção privativa da ação penal (art. 129, I). Ora, a atribuição 
privativa da ação penal pública significa a titularidade acerca do juízo de valoração jurídico-penal dos 
fatos que tenham ou possam ter qualificação criminal. Não se trata, evidentemente, e apenas, da simples 
capacidade para agir, no sentido de poder ajuizar a ação penal, mas, muito além, decidir acerca do caráter 
criminoso do fato e da viabilidade de sua persecução em juízo (exame das condições da ação penal). Em 
uma palavra: é o Ministério Público e somente ele a parte ativa no processo penal de natureza pública 
(ações públicas). E o que fez a Lei 12.850/13? Dispôs que o Delegado de Polícia, nos autos do inquérito 
policial, com a manifestação do Ministério Público, poderá representar ao Juiz pela concessão de perdão 
judicial ao colaborador (art. 4º, §2º) !!! Naturalmente, o mesmo dispositivo defere semelhante capacidade 
e legitimidade também ao Ministério Público! O desatino não poderia ir tão longe…”. 
Respeitosamente, a medida pleiteada pela autoridade policial possui inequívoca natureza 
investigativa, compatibilizando-se com a exegese do art. 144, §1º, IV, e §4º da Constituição Federal. 
Nesse diapasão, a colaboração proporcionará ao Delegado diligenciar com maior precisão através das 
informações adquiridas pelo delator e, principalmente, culminará em eficaz colheita probatória e grande 
instrumento formador da justa causa. Ademais, a tese retro citada não encontra amparo legal e conceitual, 
visto que o Ministério Público – órgão de controle externo das atividades investigativas – poderá se 
manifestar acerca da representação da autoridade policial. Assim, em consonância com a sistemática 
processual, pode-se constatar que a titularidade da ação penal do Ministério Público não fora, de forma 
alguma, suprimida pelo novel diploma normativo. Se assim o fosse, a autoridade policial careceria da 
legitimidade em representar por todas as demais medidas cautelares disciplinadas em nosso 
ordenamento jurídico. 
 
Dando continuidade ao tema, o pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído, 
contendo apenas informações que não possam identificar o colaborador e o seu objeto. Convém notar 
que a Lei 12.850/13 compatibiliza-se com o entendimento sufragado pela Súmula Vinculante 14, pois, 
segundo expressa previsão legal, o pedido de concessão da colaboração criminosa será sigiloso, de 
modo a garantir a higidez probatória. Destarte, sob a inteligência da referida jurisprudência constitucional, 
nem mesmo o advogado do suposto autor do crime poderá ter acesso ao referido pedido, uma vez que o 
conhecimento do acordo pode não só prejudicar a colheita probatória como colocar em risco a integridade 
do delator. 
O acesso aos autos será restrito ao Juiz, ao Ministério Público e ao Delegado de Polícia, como forma 
de garantir o êxito das investigações, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo 
acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente 
precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento. 
O acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso assim que recebida a denúncia, observados 
os direitos do colaborador em: I – usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica; II 
– ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservados; III – ser conduzido, em 
juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes; IV – participar das audiências sem contato visual 
com os outros acusados; V – não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser 
fotografado ou filmado, sem sua prévia autorizaçãopor escrito; VI – cumprir pena em estabelecimento 
penal diverso dos demais corréus ou condenados. 
 
O acordo de colaboração 
Realizado o acordo, o respectivo termo, acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da 
investigação, será remetido ao Juiz para homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, 
legalidade e voluntariedade, podendo, para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador na presença de 
seu defensor. Caso a proposta não atenda aos requisitos legais, o Juiz poderá recusar homologação à 
proposta ou adequá-la ao caso concreto. Não se pode olvidar que o colaborador assina o termo de 
cooperação antes de iniciar a colaboração e, supervenientemente, no momento da sentença, o Juiz 
apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia processual. 
O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito por escrito e conter: I – o relato da 
colaboração e seus possíveis resultados; II – as condições da proposta do Ministério Público ou do 
Delegado de Polícia; III – a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor; IV – as assinaturas 
do representante do Ministério Público ou do Delegado de Polícia, do colaborador e de seu defensor; V – 
a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua família, quando necessário. Por 
conseguinte, as informações pormenorizadas da colaboração serão dirigidas diretamente ao Juiz a que 
recair a distribuição, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. 
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Outrossim, a norma prevê a possibilidade de retratação do acordo de colaboração, hipótese em que 
as provas autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em 
seu desfavor. Trata-se de exegese do nemo tenetur se detegere, tutelando o direito do réu em quedar-se 
inerte, de modo a não produzir provas contra si mesmo. In casu, enquanto em colaboração, o delator está 
protegido por estar comungando com o interesse estatal, de modo que as provas produzidas não poderão 
ser utilizadas em seu desfavor se decidir não mais cooperar. Nada mais justo, pois, mesmo que opte por 
cessar a medida colaborativa, há grande possibilidade do agente já ter auxiliado de forma satisfatória em 
termos de diligência ou mesmo em âmbito processual, para fins de formação da convicção do Juiz quanto 
a todo o complexo estrutural da organização criminosa. 
Corroborando com a sistemática constitucional, em todos os atos de negociação, confirmação e 
execução da colaboração, o colaborador deverá estar assistido por defensor. Assim, nos depoimentos 
que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito 
ao compromisso legal de dizer a verdade. 
Quanto à validade probatória da colaboração premiada, a lei é clara e afirma que nenhuma sentença 
condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador. Como se 
vê, a própria norma mitiga de certa forma o valor processual da colaboração premiada, sendo necessário 
que ela esteja colimada com demais aparatos probatórios para fins de ulterior condenação. 
 
DA AÇÃO CONTROLADA 
 
O novo conceito legal de Ação Controlada 
A própria Lei 12.850/13 conceitua a Ação Controlada: “art. 8º – Consiste a ação controlada em retardar 
a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela 
vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize 
no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações”. 
A principal alteração da conceituação legal reside na inclusão dos órgãos administrativos como 
legitimados para realizar a Ação Controlada, conhecida pela Doutrina também como Flagrante 
Postergado ou Diferido. Desta forma, incluiu o novel estatuto os agentes integrantes da Agência Brasileira 
de Inteligência, fiscais das receitas federais e estaduais, entre outros. Não é mais, por conseguinte, ato 
exclusivo das instituições policiais. 
 
O fim da Ação Controlada Descontrolada 
Não obstante a recenticidade da Lei 12.850/13, o fim ou não da chamada Ação Controlada 
Descontrolada (nome dado pela Doutrina) trata-se de uma das questões mais controversas ocasionadas 
pelo novo Diploma. A Lei anterior (Lei 9.034/95) já tratava do instituto da Ação Controlada, porém, apenas 
timidamente o conceituava, razão pela qual a Doutrina afirmava de forma uníssona que para sua 
aplicação não se fazia necessária uma autorização judicial. Desta forma, o flagrante postergado aplicado 
às Organizações Criminosas, ao contrário do que ocorria na Lei 11.343/06 (Lei de Drogas), era 
descontrolado, desprovido de limitação jurisdicional, ficando a cargo da Autoridade Policial realizar a 
operação e só posteriormente comunicar o fato ao Magistrado. 
Com efeito, o §1º do art. 8º da nova Lei, alterando esse cenário, trouxe o seguinte texto: “O 
retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao Juiz competente 
que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público” (grifos nossos). 
Destarte, antes de agir o Delegado de Polícia deverá, agora, comunicar sua pretensão e os motivos que 
ensejaram essa escolha no caso concreto, justificando, portanto, o diferimento do flagrante ao órgão 
jurisdicional competente. 
De acordo com o texto legal, o Magistrado, conforme o caso, estabelecerá os limites da ação, podendo 
inclusive, no nosso entendimento, recusá-la, caso entenda que não exista necessidade da postergação 
ou não haja proporcionalidade da medida. Com isso, questiona-se: não poderia o Magistrado desautorizar 
a Ação Controlada? Não dependeria o Delegado de Polícia, portanto, de uma autorização, ainda que 
tácita, do Juiz? São esses os questionamentos que já causam furor na Doutrina. 
Há quem defenda que, embora a Lei traga o vocábulo “comunicação”, na verdade o legislador referiu-
se a uma espécie de “autorização”, de “controle” jurisdicional, seguindo a mesma linha da Lei de Drogas 
de 2006. Assim, o Delegado, ao comunicar e justificar seu anseio ao Juiz, dependeria de uma 
concordância deste, que pode limitar a ação parcialmente ou em seu todo. 
Para Rogério Sanches, contudo, não há necessidade de uma autorização judicial: “Questão 
tormentosa se refere à necessidade de prévio mandado judicial para que seja autorizado o retardamento 
da ação. A revogada Lei nº 9.034/95 (lei das organizações criminosas), quando tratava singelamente da 
matéria em seu art. 2º, inc. II, não exigia a prévia autorização judicial. Era o entendimento da 
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jurisprudência. Já a lei de drogas (Lei nº 11.343/2006), como se depreende do teor do caput de seu art. 
53, é expressa ao exigir o mandado judicial para a diligência”. Adiante, explica o ilustre professor que 
quando a Lei 12.850/13 exige autorização judicial nas diligências, como ocorre na Infiltração de Agentes, 
ela traz expressamente esta obrigatoriedade. 
Sem dúvida, será um dos temas que gerará debates na Doutrina e nos Tribunais Superiores dentro de 
breve. Na nossa ótica, seja qual for a corrente adotada, estamos diante do fim da Ação Descontrolada, 
como consequência da obrigatoriedade de comunicação prévia e da possibilidade de limitação pelo Juiz. 
 
DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES 
Trata-se de instrumento investigativo com origem ligada ao período do Absolutismo Francês e 
conhecido mundialmente como Undercover Operations. A infiltração de agentes afigura-se como método 
de investigação em que membro da polícia judiciária se infiltra na organização criminosa participando da 
trama organizativa, utilizando-se de uma identidade falsa, concedida pelo Estado, e que possui como 
finalidade detectar a comissão de delitos e informar sobre suas atividades às autoridades competentes. 
Tudo isso com o escopo primordial de obter provas da prática de crimes e proceder à detenção de seus 
autores.No Direito Comparado, a infiltração de agentes é meio investigativo e de prova encontrado em quase 
todos os países do mundo, à exceção de Luxemburgo, ainda que em alguns ordenamentos esta figura 
não esteja positivada. O instituto emerge no Direito Brasileiro a partir da Lei 10.217/01, que alterou a 
atualmente revogada e tão criticada Lei 9.034/95. No que concerne às críticas, uníssona doutrina 
questionava a falta de regulamentação da infiltração de agentes, que, por via de consequência, tornava 
inexequível a aplicação do instituto em termos práticos. Nesse diapasão, como um avanço legislativo, eis 
que surge a Lei 12.850/2013, revogando a Lei 9.034/95 e regulamentando o procedimento da infiltração 
de agentes, de modo a tornar palpável e exequível o procedimento que outrora era apenas uma falácia 
jurídica. 
Conforme Marcelo Batlouni sustenta: “As vantagens que podem advir da infiltração de agentes são de 
suma importância para a persecução penal, desvendando: fatos criminosos não esclarecidos, modus 
operandi da organização, nome dos “cabeças”, “testas de ferro”, bens, plano de execução do crime, 
agentes públicos envolvidos, nomes de empresas e outros mecanismos utilizados para lavagem do 
dinheiro”. Destarte, o ordenamento jurídico brasileiro passa a dispor de um mecanismo de grande 
efetividade probatória que auxiliará a Polícia Judiciária e o Ministério Público a alcançar os fins coligidos 
pela norma constitucional e processual penal. 
 
A aplicação da medida de infiltração de agentes 
A novel lei expõe que a investigação através da infiltração de agentes deverá ser representada pelo 
Delegado de Polícia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do Delegado de 
Polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida motivada e sigilosa autorização 
judicial, que estabelecerá seus limites. Infere-se do texto que há uma nova atribuição da autoridade 
policial, qual seja, de se manifestar quanto à infiltração de agentes. Parece-nos que o legislador 
reconhece a autoridade policial como capacitada para emitir parecer técnico e logístico a respeito da 
viabilidade da infiltração de agentes. Esta manifestação prévia, inegavelmente, tem natureza jurídica de 
ato administrativo e, por certo, não vincula a opinião do Ministério Público e nem mesmo do Juiz, 
possuindo caráter meramente informativo para fins de ulterior decisão do parquet e do magistrado. 
Convém notar que a Lei 12.850/13 compatibiliza-se com o entendimento sufragado pela Súmula 
Vinculante 14, pois, segundo expressa previsão legal, o pedido e a autorização judicial referente à 
infiltração de agentes serão sigilosos, de modo a garantir a higidez probatória e a segurança do agente 
policial. Destarte, sob a inteligência da referida jurisprudência constitucional, nem mesmo o advogado do 
suposto autor do delito poderá ter acesso ao pedido ou autorização da infiltração de agentes, uma vez 
que o conhecimento da diligência não só fulminaria a colheita probatória como também seria uma 
“sentença de morte” ao policial infiltrado. 
Ademais, a Lei 12.850/13 condiciona a infiltração de agentes à existência de indícios da infração de 
Organização Criminosa, hoje crime autônomo, além de dispor que a medida somente será admitida se a 
prova não puder ser produzida por outros meios disponíveis. Nesse sentido, depreende-se que a 
infiltração de agentes, em razão do alto grau de periculosidade proporcionado ao agente policial, bem 
como da incerteza do sucesso probatório, deve ser aplicada como ultima ratio probatória, ou seja, 
somente aplicada se demonstrado que os outros meios de prova são inviáveis à persecução penal, 
inclusive no que tange à interceptação telefônica estatuída na Lei 9.296/96. A análise de necessidade da 
medida deve ser pautada no Princípio Constitucional da Proporcionalidade, hipótese em que será 
averiguado se o meio é adequado a atingir o fim pretendido (adequação); se o meio é o menos gravoso 
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para atingir determinado fim (necessidade); e se os benefícios proporcionados por aquele meio superam 
os prejuízos acarretados através do meio adotado (Proporcionalidade em sentido estrito). 
Ato contínuo, é de bom alvitre ressaltar que a análise da proporcionalidade para fins de adoção do 
procedimento de infiltração de agentes é trilateral, visto que o Juiz poderá fazê-la quando do momento da 
autorização, o Ministério Público através da oitiva prévia e, a partir da inovação legislativa, o Delegado de 
Polícia, em seu parecer técnico, deverá ponderar a adequação, necessidade e proporcionalidade em 
sentido estrito da medida. 
No Brasil, o agente infiltrado é sempre um policial, enquanto que em outros países, a atribuição recai 
em um funcionário público ou mesmo um particular. Oportuno lembrar que a antiga lei permitia o 
procedimento de infiltração por agentes da polícia e de inteligência, fato que se alterou com a inovação 
legislativa, permitindo apenas o procedimento por intermédio de agentes da polícia. Parece-nos que a 
revogação ratifica a tese de incompatibilidade de atribuição dos membros da ABIN diante do procedimento 
investigativo em questão. Ademais, imperioso lembrar ao intérprete que somente policiais dos órgãos 
repressivos de Segurança Pública podem atuar como agentes infiltrados, o que, por via de consequência, 
afasta a possibilidade de um policial militar ser inserido em um programa de infiltração. 
Outrossim, a Lei 12.850/13 inovou ao apresentar um limitador temporal de 6 (seis) meses para fins de 
duração da infiltração, podendo ser renovado, desde que comprovada a sua necessidade. Entendemos, 
com fulcro na inteligência interpretativa do Supremo Tribunal Federal sobre a renovação do prazo das 
interceptações telefônicas – Lei 9.296/96 -, que não há qualquer vedação quanto à multiplicidade de 
renovações do prazo da infiltração, desde que comprovada sua necessidade. 
 
Da segurança jurídica e pessoal do agente infiltrado 
Quanto à atuação do infiltrado, o novel diploma legal é explícito ao afirmar que o agente atua albergado 
por excludente de culpabilidade fundamentada na inexigibilidade de conduta diversa. Nessa seara, vale 
lembrar que parcela da doutrina não admitia que o agente infiltrado cometesse qualquer crime, pois 
inexistiria excludente ao seu favor. Destarte, esse posicionamento normativo é deveras importante para 
findar com a grande divergência doutrinária sobre o tema e, principalmente, proporcionar maior segurança 
jurídica aos agentes que atuarão infiltrados. 
Entrementes, não obstante haja permissivo legal à atuação do agente infiltrado, sua atuação deve ser 
proporcional à finalidade da investigação, não sendo afastada sua responsabilidade diante de excessos 
praticados. Ademais, havendo indícios seguros de que o agente infiltrado sofre risco iminente, a operação 
será sustada mediante requisição do Ministério Público ou pelo Delegado de Polícia, dando-se imediata 
ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial. 
Corroborando com a maior proteção ao agente infiltrado, a Lei 12.850/13 dispõe que a participação no 
procedimento é voluntária e também pode ser interrompida a critério do agente, sendo direito seu ter sua 
identidade alterada, ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações pessoais 
preservadas durante a investigação e o processo criminal e não ter sua identidade revelada, nem ser 
fotografado ou filmado pelos meios de comunicação, sem sua prévia autorização por escrito. 
Consoante noção cedida, conforme bem observa MORAES, a tarefa de infiltração de agentes exige 
um bom aparato técnico e, do agente policial, uma boa preparação psicológica. Por óbvio, não poderá o 
Estado, simplesmente, prever uma espécie de medida extraordinária como essa, cuja realização jamais 
se verificará sem a atuação direta e decisiva do seu agente, e abandoná-lo à própria sorte, sem o 
acompanhamento correto e sem maiores recursos. Tantopara conseguir se infiltrar quanto para 
permanecer na organização tempo suficiente para a produção da prova, precisará o agente da ajuda de 
uma equipe especializada nesse tipo de trabalho, no que concerne ao material a ser empregado na 
operação e também à preparação pessoal do infiltrado. 
 
Neste contexto, em seguida vamos acompanhar o que prevê a Lei em comento: 
 
LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 20131 
 
Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, 
infrações penais correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro 
de 1940 (Código Penal); revoga a Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências. 
 
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a 
seguinte Lei: 
 
1 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12850.htm - acesso em 05/05/2020 
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CAPÍTULO I 
DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA 
 
Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de 
obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado. 
§ 1o Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente 
ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta 
ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas 
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. 
§ 2o Esta Lei se aplica também: 
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução 
no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; 
II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo 
legalmente definidos. (Redação dada pela lei nº 13.260, de 2016) 
 
Art. 2o Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização 
criminosa: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às 
demais infrações penais praticadas. 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de 
infração penal que envolva organização criminosa. 
§ 2o As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização criminosa houver emprego 
de arma de fogo. 
§ 3o A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, 
ainda que não pratique pessoalmente atos de execução. 
§ 4o A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços): 
I - se há participação de criança ou adolescente; 
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a 
prática de infração penal; 
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior; 
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas independentes; 
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização. 
§ 5o Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra organização criminosa, poderá 
o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, 
quando a medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual. 
§ 6o A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função, 
emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 
(oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena. 
§ 7o Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de 
Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Público, que designará membro para 
acompanhar o feito até a sua conclusão. 
§ 8º As lideranças de organizações criminosas armadas ou que tenham armas à disposição deverão 
iniciar o cumprimento da pena em estabelecimentos penais de segurança máxima. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
§ 9º O condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou por crime 
praticado por meio de organização criminosa não poderá progredir de regime de cumprimento de pena 
ou obter livramento condicional ou outros benefícios prisionais se houver elementos probatórios que 
indiquem a manutenção do vínculo associativo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
 
CAPÍTULO II 
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA 
 
Art. 3o Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos 
em lei, os seguintes meios de obtenção da prova: 
I - colaboração premiada; 
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; 
III - ação controlada; 
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IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos 
de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais; 
V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica; 
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica; 
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11; 
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de 
provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal. 
§ 1º Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre a capacidade investigatória, poderá ser 
dispensada licitação para contratação de serviços técnicos especializados, aquisição ou locação de 
equipamentos destinados à polícia judiciária para o rastreamento e obtenção de provas previstas nos 
incisos II e V. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) 
§ 2º No caso do § 1º, fica dispensada a publicação de que trata o parágrafo único do art. 61 da Lei nº 
8.666, de 21 de junho de 1993, devendo ser comunicado o órgão de controle interno da realização da 
contratação. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) 
 
Seção I 
Da Colaboração Premiada 
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico processual e meio de obtenção de 
prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 3º-B. O recebimento da proposta para formalização de acordo de colaboração demarca o início 
das negociações e constitui também marco de confidencialidade, configurando violação de sigilo e quebra 
da confiança e da boa-fé a divulgação de tais tratativas iniciais ou de documento que as formalize, até o 
levantamento de sigilo por decisão judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 1º A proposta de acordo de colaboração premiada poderá ser sumariamente indeferida, com a devida 
justificativa, cientificando-se o interessado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes deverão firmar Termo de Confidencialidade para 
prosseguimento das tratativas, o que vinculará os órgãos envolvidos na negociação e impedirá o 
indeferimento posterior sem justa causa. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 3º O recebimento de proposta de colaboração para análise ou o Termo de Confidencialidade não 
implica, por si só, a suspensão da investigação, ressalvado acordo em contrário quanto à propositura de 
medidas processuais penais cautelares e assecuratórias, bem como medidas processuais cíveis 
admitidas pela legislação processual civil em vigor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser precedido de instrução, quando houver 
necessidade de identificação ou complementação de seu objeto, dos fatos narrados, sua definição 
jurídica, relevância,utilidade e interesse público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 5º Os termos de recebimento de proposta de colaboração e de confidencialidade serão elaborados 
pelo celebrante e assinados por ele, pelo colaborador e pelo advogado ou defensor público com poderes 
específicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer 
de nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer outra 
finalidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve estar instruída com procuração do interessado 
com poderes específicos para iniciar o procedimento de colaboração e suas tratativas, ou firmada 
pessoalmente pela parte que pretende a colaboração e seu advogado ou defensor público. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada deve ser realizada sem a presença de advogado 
constituído ou defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou de colaborador hipossuficiente, o celebrante deverá 
solicitar a presença de outro advogado ou a participação de defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) 
§ 3º No acordo de colaboração premiada, o colaborador deve narrar todos os fatos ilícitos para os 
quais concorreu e que tenham relação direta com os fatos investigados. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
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§ 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de colaboração e os anexos com os fatos adequadamente 
descritos, com todas as suas circunstâncias, indicando as provas e os elementos de corroboração. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois 
terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado 
efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração 
advenha um ou mais dos seguintes resultados: 
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais 
por eles praticadas; 
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; 
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; 
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela 
organização criminosa; 
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. 
§ 1º Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a personalidade do colaborador, a 
natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da 
colaboração. 
§ 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o 
delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão 
requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse 
benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). 
§ 3º O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser 
suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas de 
colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional. 
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Ministério Público poderá deixar de oferecer 
denúncia se a proposta de acordo de colaboração referir-se a infração de cuja existência não tenha prévio 
conhecimento e o colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
I - não for o líder da organização criminosa; 
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo. 
§ 4º-A. Considera-se existente o conhecimento prévio da infração quando o Ministério Público ou a 
autoridade policial competente tenha instaurado inquérito ou procedimento investigatório para apuração 
dos fatos apresentados pelo colaborador. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou será 
admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos. 
§ 6º O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo 
de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação 
do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu 
defensor. 
§ 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo, serão remetidos ao juiz, para análise, o 
respectivo termo, as declarações do colaborador e cópia da investigação, devendo o juiz ouvir 
sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu defensor, oportunidade em que analisará os seguintes 
aspectos na homologação: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
I - regularidade e legalidade; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
II - adequação dos benefícios pactuados àqueles previstos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo, 
sendo nulas as cláusulas que violem o critério de definição do regime inicial de cumprimento de pena do 
art. 33 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), as regras de cada um dos 
regimes previstos no Código Penal e na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal) e 
os requisitos de progressão de regime não abrangidos pelo § 5º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) 
III - adequação dos resultados da colaboração aos resultados mínimos exigidos nos incisos I, II, III, IV 
e V do caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
IV - voluntariedade da manifestação de vontade, especialmente nos casos em que o colaborador está 
ou esteve sob efeito de medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise fundamentada do mérito da denúncia, do perdão 
judicial e das primeiras etapas de aplicação da pena, nos termos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal) e do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de 
Processo Penal), antes de conceder os benefícios pactuados, exceto quando o acordo prever o não 
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oferecimento da denúncia na forma dos §§ 4º e 4º-A deste artigo ou já tiver sido proferida sentença. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões de renúncia ao direito de impugnar a decisão 
homologatória. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta que não atender aos requisitos legais, 
devolvendo-a às partes para as adequações necessárias. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 9º Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, 
ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável pelas 
investigações. 
§ 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas autoincriminatórias produzidas 
pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. 
§ 10-A Em todas as fases do processo, deve-se garantir ao réu delatado a oportunidade de manifestar-
se após o decurso do prazo concedido ao réu que o delatou. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia. 
§ 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador poderá ser ouvido 
em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial. 
§ 13. O registro das tratativas e dos atos de colaboraçãodeverá ser feito pelos meios ou recursos de 
gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior 
fidelidade das informações, garantindo-se a disponibilização de cópia do material ao colaborador. 
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu defensor, ao direito 
ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade. 
§ 15. Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da colaboração, o colaborador deverá 
estar assistido por defensor. 
§ 16. Nenhuma das seguintes medidas será decretada ou proferida com fundamento apenas nas 
declarações do colaborador: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
I - medidas cautelares reais ou pessoais; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
II - recebimento de denúncia ou queixa-crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
III - sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 17. O acordo homologado poderá ser rescindido em caso de omissão dolosa sobre os fatos objeto 
da colaboração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 18. O acordo de colaboração premiada pressupõe que o colaborador cesse o envolvimento em 
conduta ilícita relacionada ao objeto da colaboração, sob pena de rescisão. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) 
 
Art. 5o São direitos do colaborador: 
I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica; 
II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservados; 
III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes; 
IV - participar das audiências sem contato visual com os outros acusados; 
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem 
sua prévia autorização por escrito; 
VI - cumprir pena ou prisão cautelar em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou 
condenados. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 6o O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito por escrito e conter: 
I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados; 
II - as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de polícia; 
III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor; 
IV - as assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado de polícia, do colaborador 
e de seu defensor; 
V - a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua família, quando necessário. 
 
Art. 7o O pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído, contendo apenas 
informações que não possam identificar o colaborador e o seu objeto. 
§ 1o As informações pormenorizadas da colaboração serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a 
distribuição, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. 
§ 2o O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como 
forma de garantir o êxito das investigações, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, 
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amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente 
precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento. 
§ 3º O acordo de colaboração premiada e os depoimentos do colaborador serão mantidos em sigilo 
até o recebimento da denúncia ou da queixa-crime, sendo vedado ao magistrado decidir por sua 
publicidade em qualquer hipótese. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Seção II 
Da Ação Controlada 
 
Art. 8o Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação 
praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e 
acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas 
e obtenção de informações. 
§ 1o O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao juiz 
competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público. 
§ 2o A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações que possam 
indicar a operação a ser efetuada. 
§ 3o Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e 
ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações. 
§ 4o Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação controlada. 
 
Art. 9o Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, o retardamento da intervenção policial 
ou administrativa somente poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos países que figurem 
como provável itinerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do 
produto, objeto, instrumento ou proveito do crime. 
 
Seção III 
Da Infiltração de Agentes 
 
Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado de 
polícia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando 
solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa 
autorização judicial, que estabelecerá seus limites. 
§ 1o Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá 
o Ministério Público. 
§ 2o Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1o e se a prova 
não puder ser produzida por outros meios disponíveis. 
§ 3o A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais 
renovações, desde que comprovada sua necessidade. 
§ 4o Findo o prazo previsto no § 3o, o relatório circunstanciado será apresentado ao juiz competente, 
que imediatamente cientificará o Ministério Público. 
§ 5o No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o 
Ministério Público poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração. 
 
Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de polícia infiltrados virtuais, obedecidos os requisitos do 
caput do art. 10, na internet, com o fim de investigar os crimes previstos nesta Lei e a eles conexos, 
praticados por organizações criminosas, desde que demonstrada sua necessidade e indicados o alcance 
das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados 
de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
§ 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
I - dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, duração, endereço de 
Protocolo de Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
II - dados cadastrais: informações referentes a nome e endereço de assinante ou de usuário registrado 
ou autenticado para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código de acesso 
tenha sido atribuído no momento da conexão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 2º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá 
o Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
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§ 3º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1º desta Lei e 
se as provas não puderem ser produzidas por outros meios disponíveis. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) 
§ 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais 
renovações, mediante ordem judicial fundamentada e desde que o total não exceda a 720 (setecentos e 
vinte) dias e seja comprovada sua necessidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 5º Findo o prazo previsto no§ 4º deste artigo, o relatório circunstanciado, juntamente com todos os 
atos eletrônicos praticados durante a operação, deverão ser registrados, gravados, armazenados e 
apresentados ao juiz competente, que imediatamente cientificará o Ministério Público. (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019) 
§ 6º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o 
Ministério Público e o juiz competente poderão requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de 
infiltração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 7º É nula a prova obtida sem a observância do disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
 
Art. 10-B. As informações da operação de infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz 
responsável pela autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos autos será reservado ao juiz, ao 
Ministério Público e ao delegado de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o sigilo 
das investigações. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 10-C. Não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet, colher 
indícios de autoria e materialidade dos crimes previstos no art. 1º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) 
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da investigação 
responderá pelos excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 10-D. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos praticados durante a operação deverão 
ser registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, juntamente com 
relatório circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no caput deste artigo serão reunidos em autos 
apartados e apensados ao processo criminal juntamente com o inquérito policial, assegurando-se a 
preservação da identidade do agente policial infiltrado e a intimidade dos envolvidos. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
 
Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a representação do delegado de polícia para a 
infiltração de agentes conterão a demonstração da necessidade da medida, o alcance das tarefas dos 
agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e o local da infiltração. 
Parágrafo único. Os órgãos de registro e cadastro público poderão incluir nos bancos de dados 
próprios, mediante procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações necessárias 
à efetividade da identidade fictícia criada, nos casos de infiltração de agentes na internet. (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de forma a não conter informações que 
possam indicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente que será infiltrado. 
§ 1o As informações quanto à necessidade da operação de infiltração serão dirigidas diretamente ao 
juiz competente, que decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, após manifestação do Ministério 
Público na hipótese de representação do delegado de polícia, devendo-se adotar as medidas necessárias 
para o êxito das investigações e a segurança do agente infiltrado. 
§ 2o Os autos contendo as informações da operação de infiltração acompanharão a denúncia do 
Ministério Público, quando serão disponibilizados à defesa, assegurando-se a preservação da identidade 
do agente. 
§ 3o Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado sofre risco iminente, a operação será sustada 
mediante requisição do Ministério Público ou pelo delegado de polícia, dando-se imediata ciência ao 
Ministério Público e à autoridade judicial. 
 
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Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida proporcionalidade com a finalidade da 
investigação, responderá pelos excessos praticados. 
Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no 
curso da investigação, quando inexigível conduta diversa. 
 
Art. 14. São direitos do agente: 
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada; 
II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 9o da Lei no 9.807, de 
13 de julho de 1999, bem como usufruir das medidas de proteção a testemunhas; 
III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações pessoais preservadas 
durante a investigação e o processo criminal, salvo se houver decisão judicial em contrário; 
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de comunicação, 
sem sua prévia autorização por escrito. 
 
Seção IV 
Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Documentos e Informações 
 
Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente de autorização 
judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualificação 
pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições 
financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito. 
 
Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e 
permanente do juiz, do Ministério Público ou do delegado de polícia aos bancos de dados de reservas e 
registro de viagens. 
 
Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à 
disposição das autoridades mencionadas no art. 15, registros de identificação dos números dos terminais 
de origem e de destino das ligações telefônicas internacionais, interurbanas e locais. 
 
Seção V 
Dos Crimes Ocorridos na Investigação e na Obtenção da Prova 
 
Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia autorização por escrito: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
 
Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de infração penal a 
pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura de organização criminosa que 
sabe inverídicas: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação controlada e a 
infiltração de agentes: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e informações requisitadas pelo 
juiz, Ministério Público ou delegado de polícia, no curso de investigação ou do processo: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de forma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz 
uso dos dados cadastrais de que trata esta Lei. 
 
CAPÍTULO III 
DISPOSIÇÕES FINAIS 
 
Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais conexas serão apurados mediante 
procedimento ordinário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo 
Penal), observado o disposto no parágrafo único deste artigo. 
Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser encerrada em prazo razoável, o qual não poderá 
exceder a 120 (cento e vinte) dias quando o réu estiver preso, prorrogáveis em até igual período, por 
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decisão fundamentada, devidamente motivada pela complexidade da causa ou por fato procrastinatório 
atribuível ao réu. 
 
Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para 
garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no 
interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do 
direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências

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