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Turismo e Lazer

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Prévia do material em texto

2012
Turismo e Lazer
Prof.ª Talita Cristina Zechner Lenz
Copyright © UNIASSELVI 2012
Elaboração:
Prof.ª Talita Cristina Zechner Lenz
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
 
338.4791
L575t Lenz, Talita Cristina Zechner
 Turismo e lazer /Talita Cristina Zechner Lenz. Indaial : 
Uniasselvi, 2012.
 191 p. : il.
 
 ISBN 978-85-7830-536-9
 1. Turismo e lazer.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
 
Impresso por:
III
apresenTação
Caro acadêmico(a)!
No âmbito do gestão do turismo, o debate sobre o tema lazer toma 
força nos últimos tempos. Muito se discute sobre a importância do lazer para 
assegurar uma vida de qualidade e nesse sentido, o turismo é visto como uma 
grande oportunidade para sanar as necessidades de lazer.
Tendo em vista que as relações que se estabelecem entre turismo e 
lazer não são tão simples e diretas, faz-se necessário refletir e analisar com 
atenção a questão do lazer, considerando suas características e os elementos 
chaves que fazem parte do conceito de lazer. Para tanto, nessa disciplina você 
irá estudar quais as relações que existem entre lazer e turismo e se aproximar 
de algumas modalidades de negócios de lazer.
Além disso, vamos debater as interfaces entre o setor público e privado 
no lazer, entender o que é recreação e observar os diferentes consumidores 
que interferem no mercado de turismo e lazer. Vamos ainda discutir de que 
modo o lazer se apropria dos espaços públicos e como o debate do lazer vem 
adentrando no ambiente empresarial.
Outros elementos irão fazer parte dessa rica disciplina, que pretende 
contribuir alargando as perspectivas que permeiam a questão do turismo, 
oferecendo subsídios para conduzir com eficiência e eficácia a gestão de 
empresas e projetos de lazer e turismo. 
Boa leitura e sucesso em seus estudos!
Prof.ª Talita Cristina Zechner Lenz
IV
UNI
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades 
em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o 
material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato 
mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação 
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir 
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO LAZER ............................................................ 1
TÓPICO 1 – O LAZER NO CONTEXTO HISTÓRICO ................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 UMA SOCIEDADE PAUTADA NO TRABALHO ........................................................................ 3
3 AS MUDANÇAS NO TEMPO DE PRODUÇÃO E A EMERGÊNCIA DO TEMPO 
 LIVRE ..................................................................................................................................................... 4
4 ALGUNS PRECONCEITOS EXISTENTES SOBRE LAZER E LÚDICO .................................. 8
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 11
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 12
TÓPICO 2 – DISCUTINDO O CONCEITO DE LAZER ................................................................. 13
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 13
2 O QUE É LAZER? ................................................................................................................................. 13
3 TIPOS DE LAZER ................................................................................................................................ 17
4 LAZER E CULTURA DO CONSUMO ............................................................................................. 19
5 O BINÔMIO TURISMO E LAZER ................................................................................................... 24
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 27
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 28
TÓPICO 3 – A IMPORTÂNCIA DO LAZER NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA ........... 29
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 29
2 QUAL A IMPORTÂNCIA DO LAZER PARA AS SOCIEDADES? ........................................... 29
3 LAZER E QUALIDADE DE VIDA ................................................................................................... 30
4 O LAZER ENQUANTO MODALIDADE DE NEGÓCIO ........................................................... 34
5 EMPREENDIMENTOS DE LAZER ................................................................................................. 35
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 45
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 46
TÓPICO 4 – O LAZER NO CONTEXTO SOCIAL ........................................................................... 47
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 47
2 AS ABORDAGENS TEÓRICAS DO LAZER ................................................................................. 47
3 UM DIALÓGO ENTRE LAZER E RACIONALIDADE ............................................................... 48
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 50
RESUMO DO TÓPICO 4 .......................................................................................................................56
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 57
UNIDADE 2 – TEMAS CENTRAIS PARA O ESTUDO DO LAZER E DO TURISMO ........... 59
TÓPICO 1 – OS CONSUMIDORES DE LAZER .............................................................................. 61
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 61
2 O PÚBLICO INFANTIL/ ADOLESCENTE E O LAZER .............................................................. 61
3 O LAZER E OS ADULTOS ................................................................................................................ 63
4 A TERCEIRA IDADE E O LAZER (adultos da segunda fase) .................................................... 65
sumário
VIII
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 67
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 68
TÓPICO 2 – RECREAÇÃO E LAZER .................................................................................................. 69
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 69
2 ENTENDENDO O CONCEITO DE RECREAÇÃO ...................................................................... 69
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 75
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 76
TÓPICO 3 – ESPORTE E LAZER ......................................................................................................... 77
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 77
2 DISTINGUINDO ESPORTE E RECREAÇÃO ............................................................................... 77
3 BREVE HISTÓRICO SOBRE O ESPORTE ..................................................................................... 78
4 ESPORTE, TURISMO E LAZER ....................................................................................................... 82
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 85
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 86
TÓPICO 4 – O PLANEJAMENTO E AS POLÍTICAS DE LAZER E TURISMO ........................ 87
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 87
2 A POSSIBILIDADE DAS POLÍTICAS DE LAZER E TURISMO .............................................. 87
2.1 OPERACIONALIZAÇÃO DE POLÍTICAS DE TURISMO E LAZER ..................................... 90
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 92
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 93
TÓPICO 5 – LAZER E A QUESTÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS ............................................... 95
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 95
2 O ESPAÇO DO LAZER ....................................................................................................................... 95
3 INTERSETORIALIDADE NO LAZER ............................................................................................ 100
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 102
RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 112
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 113
TÓPICO 6 – O PROFISSIONAL DE LAZER E SUA FORMAÇÃO .............................................. 115
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 115
RESUMO DO TÓPICO 6 ....................................................................................................................... 118
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 119
UNIDADE 3 – TURISMO E LAZER - TEMAS TRANSVERSAIS ................................................ 121
TÓPICO 1 – MOTIVAÇÕES PARA O LAZER E O TURISMO ..................................................... 123
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 123
2 AS PRINCIPAIS MOTIVAÇOES PARA O TURISMO E LAZER .............................................. 123
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 133
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 134
TÓPICO 2 – O LAZER E A EMPRESA ............................................................................................... 135
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 135
2 O TRABALHO E O LAZER NAS EMPRESAS .............................................................................. 135
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 145
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 146
TÓPICO 3 – LAZER E TECNOLOGIA ............................................................................................... 147
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 147
IX
2 COMO O LAZER SE RELACIONA COM A TECNOLOGIA ..................................................... 147
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 156
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 157
TÓPICO 4 – O LAZER E O JOGO ....................................................................................................... 159
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 159
2 OS JOGOS E OS CASSINOS ............................................................................................................ 159
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 163
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 164
TÓPICO 5 – FESTAS, LAZER E CULTURA ......................................................................................165
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 165
2 FESTAS E TURISMO .......................................................................................................................... 165
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 169
RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 180
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 181
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 183
X
1
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO AO ESTUDO 
DO LAZER
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• entender em que contexto histórico e social surgem as discussões sobre o 
lazer;
• conhecer e aprofundar o conceito de lazer;
• analisar a importância do lazer na sociedade contemporânea e;
• pontuar as relações existentes entre lazer e sociedade, perpassando pelas 
principais correntes teóricas que tratam do assunto.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos, no decorrer dos estudos, você 
encontrará atividades que o ajudarão a fixar os conteúdos adquiridos.
TÓPICO 1 – O LAZER NO CONTEXTO HISTÓRICO
TÓPICO 2 – DISCUTINDO O CONCEITO DE LAZER
TÓPICO 3 – A IMPORTÂNCIA DO LAZER NA SOCIEDADE 
 CONTEMPORÂNEA
TÓPICO 4 – O LAZER NO CONTEXTO SOCIAL
Assista ao vídeo 
desta unidade.
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
O LAZER NO CONTEXTO HISTÓRICO
1 INTRODUÇÃO
Para muitas pessoas a palavra lazer parece trazer consigo um significado 
de supérfluo, “perfumaria” (diriam alguns), ou ainda, um antônimo de prioridade. 
Outros, já admitem sua importância para assegurar uma vida de qualidade e 
mais equilibrada. A discussão em torno do tempo é carregada de sentidos que se 
encontra atrelada a diferentes momentos históricos, isto é, dizem respeito a uma 
construção cultural. Nesse tópico, vamos analisar, de forma introdutória, como o 
tema lazer foi discutido ao longo da história. 
2 UMA SOCIEDADE PAUTADA NO TRABALHO
Em nosso modelo de sociedade atual, o trabalho é considerado por muitas 
pessoas a principal razão de existência. As crianças são desde cedo estimuladas 
a pensar sobre o seu futuro profissional. Algumas escolas, ainda na etapa do 
ensino fundamental, inserem disciplinas e conteúdos relacionados ao tema do 
empreendedorismo e línguas estrangeiras aclamando a necessidade de se preparar 
bons candidatos para ingressar no mercado de trabalho. Durante o ensino médio, 
é comum a realização de ‘aulões’ e simulados destinados a preparar muito bem os 
alunos para o vestibular, para que o ingresso no ensino superior seja possível. 
Por detrás de todas estas estratégias, é inerente a preocupação em fazer 
com que crianças, adolescentes e jovens tenham êxito em sua carreira profissional. 
Que encontrem um posto de trabalho que ofereça boa remuneração e, ainda, a 
expectativa é que o ofício lhe traga realização pessoal e prestígio. Na fase adulta, a 
profissão é algo que costuma ser tão importante, que o indivíduo, ao ser questionado 
“Quem é você?”, tende a responder, “Me chamo Maria, sou arquiteta” ou ainda, 
“Sou Promotor de Justiça, meu nome é Marcos Roberto”. Quer dizer, muito 
além de constituir uma forma de vender a força de trabalho ou de explorá-la, o 
trabalho da pessoa traz consigo um sentido de identidade, que para alguns, pode 
ser uma forma de status, reconhecimento e aceitação, isto é, extrapola o simples 
entendimento de ser uma maneira de se ganhar dinheiro. 
Neste cenário, a preocupação e as reflexões em torno do tema trabalho são 
comuns e fazem parte do nosso aparato cultural.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO LAZER
4
Na contramão desse processo, somos pouco estimulados a meditar e 
ponderar a questão do lazer em nossas vidas. Não é intenção, de modo nenhum, 
negar a relevância de se planejar e de se organizar para ter um bom emprego, nem 
tampouco, deslegitimar o papel que cumpre o trabalho na sociedade capitalista 
que vivemos.
Na atualidade, o que parece bastante necessário é amadurecer e clarear 
as ideias que permeiam o tema do lazer. É um assunto que sempre parece menos 
importante, que costuma ser relegado a segundo plano na vida cotidiana, na visão 
de alguns, um ‘capricho’ para quem pode. Este modo de enxergar o lazer está 
carregado de preconceitos e distorções e escondem o sentido legítimo do conceito, 
conforme iremos estudar ao longo do tópico.
3 AS MUDANÇAS NO TEMPO DE PRODUÇÃO E A EMERGÊNCIA 
DO TEMPO LIVRE
O modo como as sociedades organizam seu tempo de trabalho e lazer não foi 
sempre igual. A modificação da forma de trabalho artesanal e predominantemente 
rural, típica da Idade Média, para o trabalho industrial, de modo geral urbano, 
gerou alterações significativas. Camargo (1999) explica que no decorrer da Idade 
Média, trabalhava-se em média de 700 a 1.000 horas por ano e demandando 
grande esforço físico. O trabalho era duro, mas adaptado ao clima e às estações, 
com momentos de descanso e festa ditados pela família e, sobretudo, pela religião, 
tendo um calendário composto por diversos dias santos. Passada a Revolução 
Industrial, os trabalhadores partem do campo para as fábricas e passam a ser 
submetidos a árduas jornadas de 3.500 a 4.000 horas anuais, em um ambiente bem 
diferente do contexto social do qual faziam parte. 
Nas sociedades pré-industriais, o lazer não existia e o trabalho inscreveu-
se nos ciclos naturais das estações e dos dias, ou seja, era intenso durante a boa 
estação e esmorecia durante a estação má. Além disso, o ritmo do trabalho era 
natural, sendo interrompido por cantos, pausas, jogos e cerimônias, de modo que 
o corte entre o trabalho e o repouso não era nítido. (DUMAZEDIER, 1999).
Nas cidades industrializadas do Brasil, no início do século XX, não havia 
tempo para se divertir, nem mesmo no domingo, que também passou a ser dia de 
trabalho. Neste período, a vida era ditada pelo trabalho. Após lutas e reivindicações 
da classe operária, a jornada de trabalho passou para os atuais patamares de 1.800 
e 2.000 horas anuais, isto é, 40 ou 44 horas semanais. Por conseguinte, passaram a 
ter em média 30 a 35 horas na semana para o lazer. (CAMARGO, 1999). 
A maneira como o trabalho era encarado pelas pessoas também difere 
ao longo do tempo. Até o século XIX, a preocupação das sociedades centrava-se 
em organizar estruturas socioculturais e econômico-políticas destinadas a atingir 
TÓPICO 1 | O LAZER NO CONTEXTO HISTÓRICO
5
um nível de produção que ultrapassasse o consumo, até então, maior que o dos 
bens e serviços indispensáveis às famílias. Isto é, no início do período industrial, 
a luta pelo consumo e equipamentos eletrodomésticos e eletrônicos era grande, 
pois antes o contato com tais aparatos domésticos era raro, e, portanto, a referida 
etapa inicial, é marcada por um intenso consumo. Certamente que havia restrições 
de ordem financeira o que dificultava o acesso a alguns itens, mas o desejo em 
almejar tais produtos era grande. No Brasil, por exemplo, onde as condições de 
financiamento mais dificultosas do que atualmente, havia os chamados ‘consórcios’ 
para aquisição de vários equipamentos, desde veículos até televisores. 
Nessa corrida, pouco se falava sobre a usufruição do lazer e sobre a 
natural necessidade de repouso da sociedade em geral, pois durante essa fase, as 
pessoas sentiam seu valor pessoal reduzido a sua capacidade de produção. Em 
contrapartida, significativo era o papel da religião e da igreja, que incorporava um 
discurso quase dogmático segundo o qual homens nasceram para trabalhar e seu 
trabalho era considerado um modo de purificação dos pecados, ou seja, a ideia detrabalho se encontrava imbuída de sofrimento. (ANDRADE, 2001). 
Ainda sobre o papel desempenhado pela igreja na construção histórica do 
conceito de lazer, convém apontar que nem mesmo dentro do cristianismo havia 
um consenso construído. Camargo (1999) explica que no bojo do catolicismo, 
havia duas vertentes centrais que tratavam a questão do lazer dos fiéis, de modo 
que a primeira condenava o não fazer nada e o divertimento em geral, em que as 
atividades lúdicas eram consideradas ociosas e geradoras de desvios, originando 
ditos populares como “A ociosidade é mãe de todos os vícios” e “Para cabeça 
vazia, o diabo arruma serviço”. Uma segunda abordagem ditava que o trabalho 
era uma obrigação a que o homem estava condenado. No protestantismo, grande 
relevância foi atribuída ao trabalho e ao acúmulo de riquezas. A riqueza, fruto 
do trabalho, era vista como bênção divina, e a falta de dinheiro, a pobreza, como 
ausência de sintonia com Deus, um estado de doença espiritual. Esta abordagem 
apresenta-se de forma nítida e detalhada na obra do sociólogo Max Weber, 
intitulada “Ética protestante e o espírito capitalista”. De todo modo, nota-se que o 
lazer não foi valorizado e tratado adequadamente por nenhuma das vertentes 
religiosas referidas, pois ao invés de ser tratado como um direito fundamental 
manteve-se atrelado aos ideais de divindade, pecado, culpa, enfim, bem longe do 
seu sentido genuíno. 
Ainda nesta linha de considerações, vale lembrar que antes do século 
XIX aqueles que detinham o poder e que controlavam escravos, dependentes, 
empregados e devedores de favores e de bens, não costumam trabalhar. 
Autoridades, grandes senhores e credores importantes usualmente viviam longe 
das obrigações de trabalho, folgando na alegria. No bojo de tais parâmetros 
comportamentais, o lazer e o repouso eram privilégios apenas das pessoas 
livres. (ANDRADE, 2001).
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO LAZER
6
FIGURA 1 – TINTUREIROS NA IDADE MÉDIA
FONTE: Cidade Medieval Blog spot. Disponível em: <http://
cidademedieval.blogspot.com/2009/04/o-paternalismo-nas-relacoes-de-
trabalho.html>. Acesso em: 8 dez. 2011. 
A situação vivenciada na primeira etapa da industrialização, marcada 
por condições massacrantes de trabalho, não perdura por muito tempo, pois 
gradualmente os operários se organizaram e passaram a reivindicar o direito ao 
repouso e a condições mais dignas de trabalho. Como fruto de protestos, ocorreu 
o reconhecimento público da necessidade social de tempo livre e a busca de 
condições adequadas ao livre exercício do lazer e do repouso para os empregados, 
seus familiares e dependentes. (ANDRADE, 2001). 
No Brasil, a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho representa um marco 
fundamental na conquista dos direitos dos trabalhadores. Trata-se da principal 
norma legislativa do direito do trabalho, tendo sido criada através do Decreto-Lei 
nº 5.452, em 1º de maio de 1943. De modo geral, a referida consolidação institui 
as normas que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho (BRASIL, 
2011). A CLT foi e continua sendo uma ferramenta indispensável para assegurar os 
direitos dos trabalhadores, incluindo o repouso e férias remuneradas.
Conforme explica Viana (2011), a consolidação das leis trabalhistas esteve 
diretamente atrelada à visão de governo populista e dependente da aclamação 
popular e o surgimento da CLT coincide com a criação do Ministério do Trabalho. 
Assim, a consolidação das leis trabalhistas foi recebida como uma melhoria nas 
relações sociais do país e constitui-se de um passo importante para a evolução 
econômica nacional. Ademais, ainda de acordo com Viana (2011), até o fim do 
TÓPICO 1 | O LAZER NO CONTEXTO HISTÓRICO
7
século XX, a CLT sofreu alterações em tópicos como a remuneração das férias, 
merecendo destaque a equiparação gradual do trabalhador rural ao urbano.
Conforme pode ser visto, a consolidação das leis trabalhistas foi um passo 
de suma importância para o trabalhador brasileiro, tendo sido criado inclusive a 
expressão “celetista” para se referir aos empregados enquadrados no referida lei. 
Tendo em vista que as leis trabalhistas são relativamente antigas em nosso país, já 
nos acostumamos e consideramos ‘normal’ o direito às férias remuneradas. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada a 10 de 
dezembro de 1948, assegura a todas as pessoas o direito ao repouso e ao 
lazer, contudo, o direito a férias pagas não existe em muitos países do mundo. 
(REVISTA FÓRUM, 2011).
Especificamente, 34 nações possuem o direito a férias remuneradas 
regulamentadas, a saber: Alemanha, Armênia, Bélgica, Bósnia-Herzegovina, 
Brasil, Burkina Faso, Camarões, Chade, Croácia, Eslovênia, Espanha, Finlândia, 
Guiné, Hungria, Iêmen, Iraque, Irlanda, Itália, Letônia, Luxemburgo, Macedônia, 
Madagáscar, Malta, Moldávia, Noruega, Portugal, Quênia, República Tcheca, 
Ruanda, Sérvia, Suécia, Suíça, Ucrânia e Uruguai. (REVISTA FÓRUM, 2011). 
Nos Estados Unidos, por exemplo, as férias pagas não são obrigatórias, de tal 
forma que somente 67% dos servidores públicos e 80% dos trabalhadores do setor 
privado têm direito a férias pagas de duração variável. No Japão, outra potência 
econômica, os trabalhadores têm direito a 10 dias de férias não remuneradas. Na 
China, por sua vez, funcionários possuem atualmente o direito de gozar de até 
três semanas anuais de férias, mas este direito não se aplica em todos os setores. 
(REVISTA FÓRUM, 2011).
Conforme foi possível observar, a concessão do direito a férias ainda é um 
desafio para alguns países. Neste sentido, é pertinente fazer uma breve reflexão 
sobre um paradoxo que parece se instalar em nossa sociedade atual. Se por um 
lado, o direito ao descanso e ao lazer é produto de um processo de reivindicação, 
nos dias de hoje, com o advento das novas tecnologias da informação, muitos 
possuem incutidos em suas mentes, a ideia de que é preciso estar constantemente 
checando e-mail, conferindo os últimos twets ou acompanhando o sobe e desce da 
bolsa de valores. E nesse sentido, o que não faltam são opções para se manterem 
conectados: celulares, tablets, smartphones, netbooks, enfim, a lista não para. Fato 
comum é que encontramos pessoas a nossa volta (ou quem sabe, você mesmo), 
tomando providências de trabalho fora do seu horário de trabalho, muitas vezes, 
à noite, aos finais de semana e durante as férias. De modo algum, me parece que 
o problema está nos novos aparatos da era informacional, talvez antes, na falta de 
preparo de lidar com eles, não no sentido técnico, mas sob uma ótica mais madura 
da gestão do tempo pessoal e de trabalho. Ao longo desse caderno, vamos tentar 
entender melhor porque se configura essa nova realidade social.
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO LAZER
8
4 ALGUNS PRECONCEITOS EXISTENTES SOBRE LAZER E 
LÚDICO
Nas rodas de conversa e na mídia, é comum nos depararmos com uma 
série de impressões, opiniões e conceitos equivocados e distorcidos sobre lazer. Na 
sequência, apresenta-se uma síntese dos principais preconceitos inerentes ao tema, 
baseado em Camargo (1999, p. 16-20).
Primeiro preconceito: diversão é preocupação dos ricos
Esse talvez seja o preconceito mais disseminado sobre diversão e apresenta-
se como uma desculpa constante. Muitas vezes reflete apenas a dificuldade em se 
divertir experimentada pela pessoa que o enuncia. Queixar-se da falta de dinheiro 
é um álibi que sempre funciona. Segundo Camargo (1999), esse preconceito está 
associado a certo pudor ao se falar de diversão em um país com tantos problemas 
sociais (fome, saúde, habitação etc.), algo como “falar de banquete na casa de quem 
passa fome”. Contudo, há nessa noção uma distorção, como se de fato, ser pobre 
significasse, além de falta de recursos, uma falta de desejo humano em se divertir. 
É evidente que perante a um cenário de limitação de recursos, algumas opções 
de lazer mais sofisticadas, tais como realizar viagens internacionais, jogar golfe 
ou frequentar cassinos, não serão possíveis.Entretanto, existem várias formas 
de se divertir gastando pouco ou nenhum dinheiro, dando uma caminhada, 
frequentando praças, visitando amigos, ouvindo música etc.
FIGURA 2 – A CAMINHADA COMO OPÇÃO DE LAZER
FONTE: Revista Veja. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/saude/caminhada-
rapida-pode-garantir-alguns-anos-a-mais-de-vida>. Acesso em: 8 dez. 2011.
TÓPICO 1 | O LAZER NO CONTEXTO HISTÓRICO
9
Segundo preconceito: o trabalho é mais importante que o lúdico
Não há dúvidas que ainda hoje, as pessoas consideram o trabalho mais 
importante que o lúdico, por mais que se fale em novos tempos. É sabido, porém, 
que ao invés da máxima “viver para trabalhar”, na atualidade vigora o “trabalhar 
para viver”, aceitando os múltiplos interesses que uma vida plena pode oferecer, 
no trabalho e fora dele. Por exemplo, enquanto antigamente, a imagem do 
político ideal era uma pessoa séria e sisuda, hoje, eles procuram temperar sua 
imagem austera com outras mais lúdicas, do esportista ou do artista entre outras. 
Neste limiar, diversas igrejas que mantinham suas celebrações e liturgias sérias 
inicialmente, passaram incorporar gestos e canções animadas para se tornarem 
mais atrativas. (CAMARGO, 1999). Ou seja, não faltam exemplos a nossa volta 
para demonstrar que é possível ser descontraído, alegre, sem deixar de ser 
responsável e comprometido. 
Terceiro preconceito: a diversão atrapalha o trabalho, o dever
Diversos setores da sociedade e muitas pessoas ainda continuam a partilhar 
da crença de que o divertimento – o fácil – é o responsável pelo pouco empenho 
das pessoas no dever – o difícil. É claro que é preciso ter um equilíbrio entre o 
tempo dedicado ao lazer e aos compromissos, pois, exceto raríssimas exceções, não 
é possível construir uma vida exitosa e próspera, distanciado de todos os tipos de 
compromissos. Mas não é evitando o lúdico que pessoas vão se ocupar melhor de 
suas obrigações. (CAMARGO, 1999). No passado, talvez essa preocupação fizesse 
sentido, pois não poderia haver pausas e distrações que prejudicassem a produção. 
Hoje em dia, a maioria das ocupações exige posturas e atitudes responsáveis e 
criativas, isto é, demandam profissionais que tenham a capacidade de “arejar suas 
próprias ideias”. O lúdico, portanto, não é um obstáculo ao sério. 
Quarto preconceito: trabalhar é difícil, divertir-se é fácil
A verdade dessa afirmativa certamente reside no fato de que o trabalho 
(seja ele braçal, intelectual, de cunho artístico etc.) exige disciplina, esforço, 
concentração, repetição, monotonia. O lazer, por sua vez, pode demandar esforço 
e disciplina, mas apenas na intensidade desejada pelo indivíduo que o pratica, 
e nesse sentido, divertir-se é mais fácil que trabalhar. Contudo, essa reflexão 
não se esgota tão facilmente, pois o que explicaria a expressão de tédio em uma 
criança perante uma montanha de brinquedos novos? Ou turistas que se deslocam 
para remotos lugares e não conseguem relaxar e aproveitar os passeios? Como 
explicar homens e mulheres num iate, entediados? (CAMARGO, 1999). Essas 
situações indicam o desfrute do lazer, não é tão simples como parece. Algumas 
pessoas possuem dificuldades para relaxar e se soltar, e estão sempre preocupadas 
e querendo controlar a situação. Esse tipo de atitude é maléfico e um grande 
empecilho para o desfrute do lazer. O que acontece, é que às vezes a própria pessoa 
não tem consciência de suas dificuldades para se divertir, possivelmente porque 
não foi educada e preparada para o desfrute. 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO LAZER
10
 Diante desse cenário, crescem as ocupações profissionais relacionadas à 
missão de entreter as pessoas, tais como recreadores e animadores culturais que 
buscam proporcionar meios e condições para as pessoas se soltarem e aproveitarem 
melhor os equipamentos de lazer.
ESTUDOS FU
TUROS
O tema recreação será estudado de forma mais aprofundada mais adiante nesta 
disciplina. 
11
Olá acadêmico(a)! Vamos checar os pontos centrais desse tópico de 
abertura.
•	Em nosso modelo de sociedade atual, o trabalho é considerado por muitas 
pessoas a principal razão de existência.
• Até o século XIX, pouco de falava sobre a usufruição do lazer e sobre a natural 
necessidade de repouso, pois durante essa fase, as pessoas sentiam seu valor 
pessoal reduzido a sua capacidade de produção.
•	Como fruto de protestos, ocorreu o reconhecimento público da necessidade 
social de tempo livre e a busca de condições adequadas ao livre exercício do 
lazer e do repouso para os empregados, seus familiares e dependentes.
•	No Brasil, a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho representa um marco 
fundamental na conquista dos direitos dos trabalhadores.
•	Algumas nações desenvolvidas ainda não possuem regulamentado o direito a 
férias remuneradas. 
•	Existem quatro grandes preconceitos com relação ao lazer e ao lúdico: diversão 
é preocupação dos ricos; o trabalho é mais importante que o lúdico; a diversão 
atrapalha o trabalho, o dever e, por fim, trabalhar é difícil, divertir-se é fácil.
RESUMO DO TÓPICO 1
12
Vamos reforçar alguns pontos importantes respondendo às questões a 
seguir:
1 Qual a principal diferença entre o lazer antes e após a Revolução Industrial?
2 Qual a importância da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) para os 
trabalhadores brasileiros?
3 Cite cinco países que respeitam a Convenção 132, elaborada pela Organização 
Internacional do Trabalho que regulamenta o direito a férias remuneradas.
4 Algumas pessoas acreditam que a diversão atrapalha o trabalho, porém esse 
ponto de vista vem sendo alvo de críticas na atualidade. Explique quais os 
argumentos apresentados pela crítica.
5 Sobre a questão do lazer, existe um preconceito que consiste em afirmar 
que esta atividade é uma preocupação exclusiva dos ricos. Esta afirmativa é 
correta?
AUTOATIVIDADE
Assista ao vídeo de
resolução da questão 5
Assista ao vídeo de
resolução da questão 1
13
TÓPICO 2
DISCUTINDO O CONCEITO DE LAZER
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
2 O QUE É LAZER?
Conforme foi possível notar na seção anterior, o termo lazer carece de 
uma apreciação mais cuidadosa e precisa, para que possa ser tratado de maneira 
adequada, seja no setor privado, no setor público, ou ainda no âmbito de nossas 
vidas pessoais. Na sequência, você vai aprender como os estudiosos tratam o 
assunto. Isto lhe permitirá solidificar a compreensão do tema. Em seguida, os 
assuntos lazer e turismo serão aproximados para você entender as interfaces que 
se estabelecem entre os dois fenômenos.
O termo lazer surgiu na antiga civilização greco-romana e deriva do 
latim licere, que significa ‘ser permitido’. Nesse período, o ideal de lazer estava 
atrelado à plena expressão de si mesmo nos planos físico, artístico e intelectual. 
(CAMARGO, 1999). 
Diversão, brincadeira e ludicidade sempre estiveram atreladas à cultura das 
sociedades, contudo o fenômeno do lazer, tal como o concebemos na atualidade, é 
um fenômeno que emergiu mais recentemente. Por isso, não é apropriado dizer que 
a história do lazer seria tão antiga como a história das civilizações. Na perspectiva 
de Dumazedier (1999, p. 26), “o tempo fora do trabalho é, evidentemente, tão antigo 
quanto o próprio trabalho, porém o lazer possui traços específicos, característicos 
da civilização nascida da Revolução Industrial”. 
Mascarenhas (2003) também concorda que o lazer é um fenômeno moderno, 
resultante das tensões entre trabalho e capital, que se materializa como um tempo 
e espaço de vivências lúdicas, culturais e de relações sociais. Por isso, o conceito de 
lazer está intimamente relacionado à questão do trabalho (sob forma de empresas 
e indústrias, com horários e rotinas próprias), pois é a partir desse novo contexto 
social que se começa pensar nas ocupações desempenhadas sem função produtiva. 
Dumazedier (1999, p. 28) faz uma distinção importante entre o tempo de ausência 
de trabalho e o de lazer: “o lazer não é a ociosidade, não suprime o trabalho; o 
pressupõe.Corresponde a uma liberação periódica do trabalho no fim do dia, da 
semana, do ano ou da vida de trabalho”. 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO LAZER
14
Outra característica relevante, é que com a Revolução Industrial o domínio 
da igreja em todas as esferas da vida social é diminuído, pois as atividades de 
trabalho passam a obedecer a outro código de poder, expresso pela figura do patrão 
e das relações contratuais de trabalho. Além, o domínio da natureza, também 
se altera nesse novo quadro. Afinal, os limites para os turnos de trabalho e as 
condições para a realização das atividades passa a não depender em sua totalidade 
das condições da natureza, pois o parque fabril dispõe de uma infraestrutura 
suficiente para não ficar à mercê das mudanças climáticas, por exemplo. 
O lazer diz respeito às atividades que permitem ao indivíduo entregar-se 
de livre vontade, seja para repousar, divertir-se, recrear-se, entreter-se, ou ainda 
aprender sobre determinado assunto sem que se estabeleça um compromisso, após 
desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais. (DUMAZEDIER, 
1973). Taschner (2000) realça a presença de uma dimensão subjetiva na concepção 
de lazer de Dumazedier. Pois é o indivíduo que, em última instância, decide o que 
ele vive e o que ele não vive como lazer.
Se admitirmos a dimensão da subjetividade intrínseca ao conceito de lazer, 
é possível compreender que não existe uma regra clara e rígida para determinar se 
uma atividade faz parte do lazer do indivíduo, pois além da ação em si, depende 
da condição em que ela é praticada. Cozinhar, por exemplo, pode ser uma prática 
de lazer, quando quem se dedica à atividade o faz por apreço, para relaxar, buscar 
informações de maneira despretensiosa sobre gastronomia e se entreter. A mãe 
de família, contudo, que prepara o almoço para crianças diariamente, na pressa 
de conciliar o horário da escola dos filhos com seu horário de trabalho, não está 
desfrutando de um momento de lazer. 
O mesmo raciocínio é válido para refletir se a prática religiosa se enquadra 
como um momento de lazer ou não na rotina do indivíduo. A este respeito, 
Andrade (2001) mostra que são os interesses imediatos, os gostos pessoais e as 
finalidades funcionais que determinam se as preces e as meditações costumeiras se 
constituem ou não, em trabalho sério, lazer devoto ou repouso descompromissado 
com qualquer outro tipo de produtividade ou de revigoramento voltado ao 
desenvolvimento da vida humana e cristã. 
Outro conceito válido para discussão encontra-se em Rolin (1989) que 
aborda a questão do lazer a partir de uma abordagem psicossocial, definindo-o 
como um tempo livre, empregado pelo indivíduo na sua realização pessoal 
como um fim em si mesmo, que permite recompor-se do cansaço, repousando; 
do aborrecimento, divertindo-se; da especialização funcional, desenvolvendo 
capacidades de seu corpo e espírito, diferente daquelas realizadas diariamente. 
Sintetizando a compreensão do tema, Andrade (2001) diz que lazer é 
um conjunto de atividades e circunstâncias isento de pressões e tensões. Faz-se 
necessário ainda, distinguir os conceitos de lazer e hobby, que são tratados, algumas 
vezes, de forma imprecisa. De acordo com o dicionário de Aurélio Buarque de 
Holanda Ferreira (2009), hobby refere-se a um passatempo favorito; derivativo que 
TÓPICO 2 | DISCUTINDO O CONCEITO DE LAZER
15
serve para preencher o tempo em que se repousa de um trabalho habitual. Quer 
dizer, o hobby pode ser uma forma de lazer, mas é preciso lembrar que a definição 
de lazer situa-se em um arcabouço mais amplo, que inclui outras modalidades de 
atividades. 
É oportuno comentar ainda o conceito de lazer trabalhado por Marcelino 
(1990) que o define como a cultura vivenciada no tempo disponível, tendo como 
traço definidor o caráter desinteressado dessa vivência, ou seja, a recompensada 
reside na satisfação provocada pela situação. 
Para Edginton (2011), existem três abordagens clássicas para se definir 
o lazer, que foram utilizadas ao longo do processo histórico. A primeira é que 
ele representa o tempo livre, no qual não se tem que trabalhar para garantir a 
subsistência. A segunda é que ele é a série de atividades em que um indivíduo 
está envolvido. Futebol pode ser uma atividade de lazer para uma criança, mas 
é um trabalho para jogadores profissionais, recordando que o elemento chave é a 
circunstância em que a atividade se desenvolve. A terceira e mais recente definição 
considera-o como um estado da mente – isso significa que ele pode ocorrer a 
qualquer momento, em qualquer lugar. Além disso, temos que ter em mente que o 
lazer é definido culturalmente. Não é apropriado que um americano defina o que 
é lazer no Brasil, mesmo em um mundo tão globalizado.
Visando clarificar a compreensão do tema lazer, permitindo uma distinção 
adequada entre trabalho, obrigações, repouso e diversão, Dumazedier (1999) 
elenca quatro aspectos fundamentais do lazer, a saber:
a) Caráter liberatório: o lazer resulta de uma livre escolha e seria falso dizer 
que lazer é sinônimo de liberdade, ausentando qualquer possibilidade de 
obrigação que pudesse estar relacionado ao lazer. O lazer é a liberação de 
certo gênero de obrigações, mas depende, como toda atividade, das relações 
sociais e das obrigações interpessoais. Isto é, o lazer está sujeito às obrigações 
decorrentes da formação de um grupo. Por exemplo, um grupo de amigos que 
se reúne semanalmente para jogar pôquer, pode ter regras e obrigações, como 
chegar no horário combinado, não faltar mais que duas vezes ao mês, ter de 
avisar quando não puder comparecer etc. O aspecto liberatório do lazer está 
relacionado à ausência de obrigações institucionais, imposta pelas instituições 
profissionais, familiais, socioespirituais e sociopolíticas. Reciprocamente, 
quando a atividade de lazer se torna uma obrigação, tal como sair para passear 
com a família de forma imposta, ou quando o jogo de tênis semanal migra 
para a categoria profissional, sob o ponto de vista sociológico, mesmo que 
o conteúdo técnico da atividade não se altere, a atividade passa a ser uma 
obrigação e deixa de ser lazer.
b) Caráter desinteressado: O lazer não está fundamentalmente submetido a fim 
lucrativo algum tal como o trabalho profissional e tampouco, a fim utilitário 
algum, como as obrigações domésticas (limpar a casa) e ainda, não possui 
finalidade ideológica, como os deveres políticos, por exemplo. Ou seja, o lazer 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO LAZER
16
não se coloca a serviço de nenhum fim material ou social, mesmo que tais 
aspectos perpassem indiretamente pela atividade escolhida, como por exemplo, 
entrar para o time de vôlei da empresa. Em primeiro lugar, pesa o desejo de se 
divertir e praticar o esporte, melhorar o contato com os colegas de labuta, não 
assume a razão de ser da atividade.
c) Caráter hedonístico: o lazer é marcado pela busca de um estado de satisfação, 
tomado como um fim em si e essa busca é de natureza hedonística, trata-se da 
procura do prazer, da felicidade ou da alegria. Certamente, não se pode reduzir 
a felicidade ao lazer, pois ela pode acompanhar o exercício das obrigações sociais 
de base. Em suma, a busca de um estado de satisfação é a condição primeira do 
lazer, quando o indivíduo pode afirmar: ‘isso me interessa’.
d) Caráter pessoal: cada pessoa busca a sua maneira atender a suas próprias 
necessidades de lazer. Ele oferece ao sujeito a possibilidade de libertar-se das 
fadigas físicas ou nervosas que contrariam os ritmos biológicos das pessoas, 
sendo uma fonte de recuperação. E ainda, permite a pessoa libertar-se do tédio 
cotidiano que brota da realização de tarefas repetitivas, abrindo caminho de 
uma livre superação de si mesmo e de uma liberação do potencial criador. 
Conforme vimos, a necessidade de repouso e lazer é regulamentada pela 
CLT no Brasil que estabelece a quantidade de dias e horas destinadas a essa 
necessidade. Contudo, é fácil imaginar que não existeuma tabela e padrões pré-
determinados para assegurar que a pessoa esteja de fato descansada e relaxada. 
A complexidade do ser humano torna os indivíduos diferentes entre si e, 
portanto, é difícil estipular, por exemplo, a cota de duas horas diárias de lazer 
para assegurar o bem-estar físico e mental do sujeito. Quer dizer, as pessoas 
possuem necessidades distintas e, por conseguinte, buscam maneiras diferentes 
de relaxar e se entreter. Nesta linha de considerações, Andrade (2001) pontua que 
a ocupação apropriada do tempo para aliviar as tensões diárias que envolvem 
as pessoas, embora se trate de uma necessidade objetiva em si mesma, assume 
aspectos subjetivos em suas qualidades, pois as estruturas e circunstâncias nas 
quais vive cada pessoa são diferentes. 
Um exemplo claro do assunto, é que muitas pessoas associam o lazer ao 
sossego, quietude, calmaria e um pouco de preguiça, isto é, relaxar e se manter sem 
muitos planos. Para outros, o lazer está estreitamento relacionado ao movimento, 
aos esportes, a viagens, passeios etc. Reflexão interessante sobre este aspecto do 
lazer encontra-se no estudo de Featherstone (2000) que analisa porque algumas 
pessoas buscam elementos de aventura e risco em seus momentos de lazer. O 
autor comenta que quanto mais o mundo se torna racionalizado e os lugares, 
antes inóspitos se transformam em jardins cultivados, mais riscos as pessoas 
desejam correr. Por exemplo, se é permitido aos membros das classes mais baixas 
embarcarem em trens panorâmicos até o topo das montanhas locais, então os que 
buscam distinção precisam participar de passatempos mais excitantes e perigosos 
para se sobressair.
TÓPICO 2 | DISCUTINDO O CONCEITO DE LAZER
17
3 TIPOS DE LAZER
Do mesmo modo como ocorre com o turismo, é possível classificar o 
lazer em categorias para facilitar o entendimento das diferentes alternativas 
existentes. O tipo de categoria irá variar de acordo com o critério e a finalidade 
que se propõem. Inicialmente, apresenta-se uma divisão pautada no conteúdo da 
atividade realizada com base em Dumazedier (1999), acompanhe:
a) Físico: envolve as atividades nas quais se enfatiza o movimento ou o exercício 
físico. Incluem-se as diversas modalidades esportivas, os passeios e a pesca. 
b) Manual: diz respeito à capacidade de manipulação, seja na transformação de 
objetos e materiais, ou na lida com a natureza, como a elaboração de artesanato, 
habilidade com a jardinagem ou o cuidado com animais. 
c) Intelectual: almeja o contato com o real, as informações objetivas e explicações 
racionais, destacando-se o conhecimento vivido, experimentado, como exemplo, 
cita-se a participação em cursos ou na leitura. 
d) Artístico: envolve o conteúdo estético associado a imagens, sentimentos e 
emoções. A dança, as artes plásticas, o teatro e o cinema são algumas dessas 
manifestações. 
e) Social: refere-se ao relacionamento, o convívio com outras pessoas. Pode-se 
mencionar o encontro em bailes, bares e cafés como exemplos dessa categoria. 
Como faz notar Andrade (2001), outra forma interessante de analisar o 
fenômeno é a partir da variável tempo. Nesta perspectiva, inicialmente, pode-se 
mencionar o lazer espontâneo, que é aquele que ocorre sem uma ação prevista 
anteriormente. É uma consequência de uma ação que revele espontaneidade e 
propicia uma surpresa. Normalmente, ocorre em conjunto com atos corriqueiros, 
pelo surgimento de circunstâncias inesperadas e por questões subjetivas. Por conta 
da espontaneidade, os diversos efeitos psicossomáticos da surpresa asseguram alta 
qualificação e maior durabilidade do efeito do lazer. Um exemplo dessa categoria 
seria um encontro ao acaso com um amigo antigo na hora do almoço seguida de 
uma boa conversa. 
No outro extremo, existe o lazer programado, que embora bastante 
conhecido e praticado, sob o ponto de vista de recomposição de energias físicas e 
psíquicas, não é tão eficiente. (ANDRADE, 2001). Uma expressão bem clara deste 
tipo de lazer são as viagens turísticas. Outro exemplo que incita a reflexão são os 
sítios, fazendas, casas de campos e praia, chamados de segunda residência, que 
obrigam os proprietários e seus familiares a frequentarem assiduamente o lugar e 
com o passar dos anos, por diversos fatores como o tempo de posse, a passagem 
das crianças para a fase da adolescência e alterações diversas na família, causam 
mais saturação do que lazer e repouso. Ou seja, não existe uma receita mágica 
que garanta níveis superiores de repouso. (ANDRADE, 2001). Por isso, cabe ao 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO LAZER
18
indivíduo se autoconhecer e buscar compreender um pouco do gosto de seus 
familiares e amigos para que de fato, o lazer programado nas férias ou nos finais 
de semana possa realmente revigorar os envolvidos. 
Existe ainda o chamado lazer esporádico, que abarca as atividades que se 
realizam conforme a disponibilidade de tempo, sem as características que exigem 
duração e periodicidade determinada. A inexistência de obrigação de um período 
específico para o lazer poupa os indivíduos do ônus do planejamento e lhes propiciam 
boas possibilidades de descontrair-se. (ANDRADE, 2001).
Por fim, o autor elabora o conceito de lazer habitual, que se perfaz das 
sensações percebidas no intervalo das atividades cotidianas, à consciência do dever 
cumprido e simples expectativa de diversão. Trata-se de um estado psicológico 
ausente de preocupações. Como exemplo, seria a sensação de chegar a casa ao final 
do dia e repousar no sofá, sem preocupações, apenas relaxando e tendo em mente 
a sensação de que o dever daquele dia foi cumprido. 
Ainda quanto aos tipos de lazer, é possível dividir as práticas de lazer que 
acontecem dentro e fora de casa. É inegável que por uma série de fatores como 
financeiros, culturais, de transporte e até mesmo de acomodação, as pessoas 
passam uma parte importante do tempo livre e do tempo de lazer em casa. De 
maneira alguma, pode-se afirmar que o lazer dentro de casa é menos importante 
que o lazer que implica saídas.
Ficar em casa ouvindo boa música, organizando uma coleção de moedas, 
cuidando de uma horta, pintando um quadro, bordando, enfim, realizando 
qualquer atividade que se tenha apreço, pode se constituir em uma excelente 
alternativa de lazer. O problema reside em dedicar o tempo de lazer em ações 
automatizadas e apáticas, que não contribuem para o bem-estar e desenvolvimento 
pessoal. Passar o final de semana inteiro assistindo a qualquer coisa na televisão, 
sem nenhum critério, recebendo tudo de forma passiva e apática, apenas para ‘ 
matar o tempo’, certamente está longe de ser uma boa alternativa de lazer. Um 
ponto importante, é que a pessoa tenha consciência da atividade que pretende 
realizar para desfrutar e se divertir com ela. 
Na atualidade cresce o número de opções para o chamado lazer doméstico, 
em decorrência de um conjunto de fatores, como por exemplo, a ampliação dos 
equipamentos destinados ao lazer, como os televisores de tela plana, TV a cabo, 
videogames, computadores pessoais, DVDs, Blu Ray’s, hidromassagens, saunas 
domésticas, CDs Players entre muitos outros. Existe uma tendência de alguns 
segmentos em transformar casas e apartamentos em locais aconchegantes, 
confortáveis, íntimos e acolhedores para desfrutar os períodos de lazer. (TRIGO, 
2002). Outro exemplo são os variados itens disponíveis para a área de gastronomia, 
que em conjunto com alguns dotes culinários, transformam qualquer cozinha em 
um ponto de confraternização com os amigos e familiares. 
TÓPICO 2 | DISCUTINDO O CONCEITO DE LAZER
19
Dentre as modalidade de lazer que ocorrem fora das residências, além do 
turismo, pode-se mencionar as atividades físicas, as ‘baladas’, as idas aos cinemas, 
passeios no shopping, participação em shows e espetáculos, participação em grupos 
formais e associações (terceira idade, grupos de jovens, clubes esportivos etc.), ir 
ao clube, entre outras. 
4 LAZER E CULTURA DO CONSUMO
Conforme foi visto, o lazer é umproduto da sociedade moderna que teve 
como marco da construção do seu sentido atual, a industrialização capitalista, que 
alterou, significativamente, o estilo de vida nos centros urbanos, principalmente, 
pela ênfase na apropriação do consumo. Em decorrência disso, atualmente o 
segmento de lazer constitui-se em um mercado em ascensão. (ZINGONI, 2002). 
Com a ascensão do lazer, ocorre um largo crescimento do setor de 
serviços, destinados a atender as demandas do mesmo, como por exemplo, os 
empreendimentos turísticos. Todo esse processo de busca por formas de satisfazer 
as necessidades e desejos de distração e autorrealização alavanca a consolidação 
da chamada cultura do consumo. 
Antes de adentrar na discussão sobre a cultura do consumo, parece 
oportuno apresentar o conceito de cultura em si, embora não exista unanimidade 
no círculo das ciências sociais sobre o assunto. Por ora, nos serve a importante 
contribuição do antropólogo Roberto Da Matta (1981) que explica que a cultura, 
analogicamente, pode ser entendida como um mapa, um receituário, um código 
por meio do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam e 
modificam o mundo e a si mesmas. Refere-se a um conjunto de regras que nos diz 
como o mundo pode e deve ser classificado.
A cultura do consumo, por sua vez, envolve o conjunto de imagens, 
símbolos, valores e atitudes que se desenvolveram com a Modernidade, que 
se tornaram associados ao consumo (real ou imaginário) de mercadorias e que 
passaram a orientar pensamentos, sentimentos e comportamentos de segmentos 
crescentes da população. (TASCHNER, 2000).
A relação entre cultura e consumo encontra-se imbricada na ideia de 
que uma vida boa é aquela baseada no consumo, tanto de mercadorias como de 
entretenimento, sugerindo que a felicidade e o bem-estar das pessoas estejam 
subordinados ao consumo. É bastante evidente que o lazer, assim como as demais 
esferas da vida, passa a ser vinculado ao mercado e ao consumo, e não somente 
às atividades de lazer tornam-se mercadorias, como o próprio tempo destinado ao 
lazer torna-se tempo para consumir mercadorias. (PADILHA, 2002). 
E na atualidade, os indivíduos são influenciados pelas constantes mudanças, 
típicas da sociedade pós-moderna, e passam a ter uma maior mobilidade na 
caracterização de sua identidade, propiciando então, a produção de simulacros 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO LAZER
20
da cultura e vivências imediatas, que resultam em produtos que são usados como 
respaldo na constituição das mesmas – desde sua personalidade (interior) até sua 
imagem (exterior) - e, rapidamente são substituídos, pois deixam de corresponder 
às necessidades dos consumidores. (FÉLIX, 2003). 
Nas palavras de Zingoni (2002), é suficientemente evidente que o 
capitalismo encontrou uma forma de se fazer presente também no lazer das 
pessoas, fazendo com que elas se transformem em potenciais consumidores de 
mercadorias lúdico-culturais. 
A cultura do consumo é um elemento nuclear na constituição da identidade 
de uma pessoa. Segundo Featherstone apud Félix (2003), o corpo, as roupas, o 
discurso, os entretenimentos de lazer, as preferências gastronômicas, a opção de 
férias entre várias outras formas de consumo, são vistos como indicadores da 
individualidade, dos gostos. 
Mais do que um ato de consumo em si, trazem consigo um símbolo, uma 
representação icônica daquilo que se é ou se pretende ser. Tais escolhas de consumo, 
incluídas aí a vasta gama de segmento de lazer, representa uma “segunda voz”, pois 
como sabemos o indivíduo não se apresenta apenas oralmente, mas também pelos 
seus gestos e significados implícitos em seus hábitos de consumo. Por exemplo, 
direta ou indiretamente, de modo consciente ou não, muitas vezes optamos por ir 
a determinado restaurante, pois é um lugar “bacana, de gente bonita e descolada”, 
pois gostaríamos de ser reconhecidos assim. 
É notável que os padrões de consumo são peculiares a cada classe social. 
Para Padilha (2002), o tempo livre possui dimensões que variam de acordo com o 
nível de renda (capital financeiro) e o nível de cultura (capital cultural), permitindo 
uma distinção social além da própria satisfação de necessidades. 
Em se tratando da relação lazer e consumo, é possível ainda citar o conceito 
de indústria cultural, que conforme Rocha (1995) engloba as produções simbólicas 
da atualidade e que são veiculas pelos meios de comunicação de massa. Padilha 
(2002) explica ainda que a cultura decorrente da indústria cultural é padronizada, 
pautada em gosto médio de um público que não questiona aquilo que consome. Os 
meios de comunicação procuram naturalizar as regras do jogo social, transmitindo 
em seus conteúdos códigos comuns para toda sua audiência. 
Especialmente no Brasil, este cenário é preocupante e apresenta cada vez 
mais indícios de sua decadência. Programas de humor com personagens usando 
trajes mínimos, com piadas e jargões exageradamente carregados de conotação 
sexual, parecem cada vez mais ultrapassar a linha do bom senso e do bom gosto, 
construindo um tipo de humor apelativo. Com relação aos comportamentos 
sociais desejáveis, é nítida em muitos folhetins a inserção de determinados temas 
que parecem estar na moda. Sempre polêmicos, a proposta é selecionar algum 
assunto, como por exemplo, homossexualismo, prostituição, ou algo que o valha, 
TÓPICO 2 | DISCUTINDO O CONCEITO DE LAZER
21
e explorá-lo nas novelas para que depois de tanto ouvir falar do tema, tudo se 
torne “normal”, “natural”. Não se pode negar que esse tipo de estratégia pode ter 
como impacto positivo, a desconstrução de alguns preconceitos e incita debates 
sobre o tema. O problema reside no fato, de que a proposta dos programas reside 
em apresentar uma resposta pronta, um ponto de vista que deve ser incorporado 
de forma alienada, sem que o indivíduo chegue por si só as suas impressões e 
opiniões sobre determinado tema. 
Ainda tratando da questão da indústria cultural, convém lembrar que a 
publicidade é o ponto de sustentação do universo simbólico da comunicação de 
massa, na medida em que é ela que financia e paga a conta daquilo que se recebe 
quase gratuitamente. (PADILHA, 2002). 
Sob a égide capitalista, é impossível desassociar o lazer ao consumo, 
fenômeno que cresce paulatinamente nos últimos anos. Santos (2000) discorre sobre 
o panorama da sociedade pós-industrial e comenta que os progressos tecnológicos 
e científicos prometeram alívio no trabalho, mediante mais produção por pessoa 
e por unidade de tempo, contribuindo também para o aumento do tempo livre, 
visando a uma realização mais completa da existência pessoal através do acesso a 
mais informação, comunicação e política. 
Mas o próprio autor reconhece que tal promessa não passou de um sonho, 
distanciado da realidade. Não há dúvidas que de fato ocorreu a revolução dos 
transportes, a conquista da velocidade e a diminuição virtual da distância (embora 
o custo de tais comodidades ainda mantenha afastada muitas pessoas). A ascensão 
de diversas mídias e utilização indiscriminada de propagandas que por vezes 
expressam conteúdo diverso do real contribuiu para a criação de estereótipos e 
manipulação de massas, sendo que a imagem estereotipada ameaça a tomar o 
lugar tão importante do gosto pela fantasia e pela descoberta. Tendo em vista 
a perspectiva geográfica do trabalho de Santos (2000), ele acrescenta ainda que 
o fenômeno da massificação das atividades de lazer sofre influência da própria 
emergência das massas, resignificadas com a explosão urbana e metropolitana. 
Quer dizer, a própria configuração de cidades com imensas zonas urbanas estimula 
a homogeneização dos gostos e das opções de lazer. 
Para Zingoni (2002), as metrópoles brasileiras demonstram em suas 
diferentes formas de organização, uma hierarquização social embasada nos fatores 
de localização e acessibilidade aos bens e serviços de lazer, que definirão os valores 
de uso e de troca dos espaços de lazer nas cidades e neste limiar,regiões, bairros, 
ruas e praças vão se hierarquizando pautadas em cargas valorativas de sentido. 
Atributos arquitetônicos e estéticos dos equipamentos de lazer, outdoors, áreas 
verdes no entorno e qualidade dos serviços prestados formam um conjunto de 
signos que balizam o imaginário urbano.
Se pararmos para pensar sobre qual seria a principal característica da 
sociedade atual, certamente, o consumismo seria uma delas. Há um grande 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO LAZER
22
apelo para consumir e se antes, o consumo estava mais atrelado às necessidades 
elementares, hoje, sabe-se que as explicações não são tão simples. E como seria de 
imaginar, a prática do lazer também se altera nesse cenário. Um exemplo icônico 
da busca de lazer e entretenimento massificado, típico dos centros urbanos, são os 
passeios pelos Shopping Centers. 
Observem na matéria apresentada na sequência, algumas explicações 
apresentadas para o crescimento desta modalidade de empreendimento.
TEMPLOS DE CONSUMO E LAZER
Cinthia Scheffer
Na era do hiperconsumo, busca por segurança e conforto faz dos centros 
comerciais as novas praças das cidades grandes.
Mais de 350 milhões de pessoas circulam por mês nas centenas de 
shopping centers brasileiros. No mundo todo, pode se supor que, a cada 30 dias, 
o equivalente a toda a população chinesa – algo em torno do 1,35 bilhão – vá a 
algum desses “templos do consumo”. Mas, por quê? O que têm esses espaços 
para atrair e seduzir tanta gente ao redor do planeta? Concluir que essas pessoas 
vão até lá porque precisam comprar algo é tão óbvio quanto simplista. A 
sociedade que criou o “fenômeno shopping center” tem prazer em consumir. Vê 
nesses empreendimentos uma combinação de conforto, praticidade e segurança 
que se perdeu no centro das grandes cidades.
“Não há chuva nem vento. As pessoas não cospem nem jogam tocos de 
cigarro no chão. Não há moscas. Não há cachorros. A vida sob o teto de um 
shopping é tranquila, segura e acolhedora”, diz o consultor Paco Underhill, 
autor do livro A Magia dos Shoppings (Best Books) e considerado um dos maiores 
especialistas do mundo em comportamento do consumidor.
Os primeiros centros comerciais foram criados nos Estados Unidos no 
fim da década de 1950, período pós-guerra no qual as famílias de classe média 
começavam a povoar os subúrbios das cidades norte-americanas. No berço da 
sociedade de consumo, esses espaços reproduziam, mais perto das novas casas 
e com ampla opção de estacionamento, a região central das cidades. Na década 
de 70, eles já eram milhares e representavam metade do varejo norte-americano.
Com algumas adaptações, os malls – como são chamados na terra natal – 
chegaram ao Brasil em 1966, quando foi inaugurado o Shopping Iguatemi, em 
São Paulo. Hoje, a associação que representa os empreendimentos, a Abrasce, 
tem 379 associados e a previsão de 20 novos ao longo deste ano. No Paraná, 
são 28 – 13 só na capital.
TÓPICO 2 | DISCUTINDO O CONCEITO DE LAZER
23
Praças
Uma das principais diferenças do modelo tupiniquim é a localização – 
aqui, os shoppings se instalaram principalmente em regiões mais centrais. Mas, 
nos dois casos, é comum a noção de que os shoppings passaram, em grande 
medida, a substituir as praças das cidades como espaços públicos – embora 
sejam privados.
“Praças cobertas” que, muito mais no Brasil do que em qualquer outra 
parte do mundo, se consolidaram, sobretudo, pela oferta de segurança – natural, 
em uma sociedade que sofre com o aumento da criminalidade. 
A proteção, nesses casos, vai além de evitar furtos ou assaltos. Nessa 
cidade recriada entre paredes, fica de fora o que não agrada nos grandes centros 
– não se vê pobreza, gente sem teto e passando fome, por exemplo. “Mais do 
que um ‘guardião’, no shopping center você tem a segurança no sentido de 
andar sem ser incomodado ou abordado. E essa é uma característica dos nossos 
tempos: as pessoas não querem contato, não querem ser incomodadas”, diz a 
professora do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná 
(UFPR) Olga Firkowski, estudiosa do assunto.
Parte desse isolamento, diz Olga, é resultado de uma “barreira” natural. 
“As pessoas mais pobres têm receio de entrar nesses empreendimentos. Eles 
são intimidadores para elas porque, em geral, são bonitos, suntuosos e com 
guardas de terno em todos os cantos.” É o que Underhill chama de “mecanismo 
de autorregulagem capaz de manter a ordem na shoppinlândia”.
No lado oposto, para os olhos de quem frequenta, entrar nesse ambiente 
isolado pode trazer a satisfação do “fazer parte” de um lugar destinado a 
“poucos”. “Embora ninguém fale isso claramente quando questionado, do 
ponto de vista da psicanálise, as pessoas vão até o shopping para se sentirem 
selecionadas”, analisa a professora Valquíria Padilha, doutora em Ciências 
Sociais e autora do livro Shopping Center: a Catedral das Mercadorias (Boitempo 
Editorial). “Mas os shoppings são um fenômeno mundial. E o porquê disso não é 
uma resposta simples de se dar. É um conjunto de fatores. É preciso pensar, por 
exemplo, que eles são parte do universo da sociedade de consumo.”
Para a professora do curso de Psicologia da Universidade Positivo Andréia 
Schmidt, ir ao shopping é fazer parte de algo que a nossa cultura, ao longo dos 
últimos anos, valoriza como prazer. “Consumir não está mais relacionado com 
atender uma necessidade básica. É de fato entretenimento. Está cada vez mais 
ligado à busca de prazer”, diz. “E o shopping é planejado totalmente para essa 
busca. Ele não é só um ambiente protegido, com lugar para estacionar. É um 
espaço para ver e ser visto.”
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO LAZER
24
Naturalmente, os centros comerciais não criaram o hiperconsumo. Mas, 
de certa forma, são o símbolo de uma sociedade que tem prazer em comprar. Na 
tese defendida pelo sociólogo francês Gilles Lipovetsky, autor de A Felicidade 
Paradoxal (Companhia das Letras), na era do “hiperconsumismo”, ligar o 
entretenimento ao consumo é algo que marca o cotidiano de toda a pirâmide 
social e que mudou o relacionamento do indivíduo consigo e com os outros. 
Lipovetsky defende o consumo como forma de terapia contra as 
frustrações cotidianas. Algo que o pesquisador e professor da Faculdade de 
Comunicação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Ricardo 
Ferreira Freitas, chama de “consumoterapia” – um jogo de palavras que brinca 
com a ideia de que, consumindo, é possível ser mais feliz. “Todas as pessoas, 
mesmo com pequeno poder aquisitivo, caem nessa armadilha: comprar para 
compensar frustrações. Se isso puder ser feito em um lugar seguro (como o 
shopping center), melhor ainda.”
FONTE: Jornal Gazeta do Povo. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/cadernog/
conteudo.phtml?id=900017>. Acesso em: 8 dez. 2011.
A partir do exposto, relacionado à questão do consumo do lazer enquanto 
modalidade de negócio é possível lançar dois olhares sobre esse mercado em 
expansão. O primeiro concerne em admitir as inúmeras possibilidades de atuação 
profissional que se vislumbram para os profissionais desse segmento, conforme 
iremos estudar ao longo desse caderno. O segundo, diz respeito a aceitar, com 
uma postura crítica, que o excesso de atividades e programas ofertados pode ser 
sufocante e pouco prazeroso para o indivíduo e sua família. Se durante o final de 
semana, ao invés de se atentar para o que se tem vontade e interesse de fazer, seja 
ir ao cinema, passear no parque ou ficar ouvindo música, se cair na armadilha 
de grandes maratonas de programas e agendas, tentando encaixar a balada, com 
a apresentação teatral e o desfile no shopping, em meio a uma correria parecida 
com a dos escritórios, então, não existirá um ambiente propício para o desfrute do 
repouso e de um revigoramento físico e mental. 
5 O BINÔMIO TURISMO E LAZER
A esta altura, você já deve ter compreendido adequadamente a concepção 
de lazer. Vamos agora entender de que modo o fenômeno do lazer se relaciona 
com a atividadeturística.
Para tanto, vamos retomar algumas definições elementares sobre o turismo 
apresentadas na disciplina Teoria Geral do Turismo. Vimos que o turismo, de acordo 
com a Organização Mundial do Turismo (GEE, 2003), é o fenômeno que abrange as 
atividades de pessoas que viajam para lugares afastados de seu ambiente usual, ou 
que neles permaneçam por menos de um ano consecutivo, a lazer, a negócios ou 
TÓPICO 2 | DISCUTINDO O CONCEITO DE LAZER
25
por outros motivos. Para Montaner (2001) turismo é um fenômeno vinculado ao 
tempo livre e a cultura do lazer. Trata-se de um fenômeno embasado em uma série 
de disciplinas relacionadas com as ciências sociais e humanas. 
Levando em conta o conceito de turismo, fica fácil entender de que forma 
ele se relaciona com o lazer. O turismo pode ser uma alternativa na busca do lazer 
pelas pessoas, uma forma de realizá-lo.
Convém destacar que tanto o turismo como o lazer, apresentam aspectos 
subjetivos relacionados a sua motivação. Para melhorar o entendimento, 
retomamos a noção básica de tipologias de turismo, como por exemplo, a prática 
do turismo cultural, turismo ecológico entre outros. Entre todas essas modalidades, 
é a motivação da viagem que determina o tipo de turismo em questão. Nunca é 
demais reforçar que as pessoas possuem os mais variados gostos e interesses o que 
pode permitir a emergência de novas modalidades de turismo, como é o caso do 
turismo espacial.
Desta forma, fica nítido que o turismo não se reduz ao lazer, já que parte 
significativa dos deslocamentos turísticos obedece a expectativas que vêm das 
esferas de saúde, profissionais, familiares, entre outras, logo, as viagens ocorrem 
por distintas motivações, ainda que estejam ligadas a valores e expectativas 
nascidas do lazer. (CAMARGO, 2001).
No lazer, também são os elementos subjetivos que vão determinar se 
uma dada ação ou atividade pode ser considerada parte integrante do lazer do 
indivíduo. Acordar às 5 horas da manhã para ir pescar, pode ser muito estimulante 
e divertido para quem tem apreço pela atividade, ou um verdadeiro martírio para 
aqueles que não gostam de despertar tão cedo e participar de uma atividade junto 
à natureza. As práticas de lazer, sendo estas turísticas ou não, algumas vezes só 
fazem sentido para aqueles que realmente adoram um determinado passatempo, 
enquanto outras atividades, como ir ao cinema, por exemplo, acabam atendendo a 
um número maior de pessoas. 
Outro ponto importante é que no turismo o aspecto do entretenimento e 
dos atrativos constitui um aspecto fundamental para o turista, pois ao chegar à 
destinação, o que se espera (na maioria das vezes) são opções de lazer e diversão, 
evidenciando novamente a possibilidade de entrelaçamento dos dois fenômenos. 
Trigo (2002) destaca que apesar de o lazer ser notável em nosso país, 
ainda existem consideráveis lacunas na elaboração da problemática envolvendo o 
setor. Pormenorizando as debilidades existentes, verifica-se que o setor de lazer é 
relativamente recente no Brasil, de tal forma que as pessoas não têm consciência do 
que o setor supracitado pode representar em termos econômicos ou profissionais. 
Além disso, pesa o fato de não existirem programas e controles abrangentes de 
qualidade em lazer e ainda, a constatação de que alguns setores privados não 
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO LAZER
26
conhecem profundamente o lazer e o turismo e por este motivo, não investem de 
maneira adequada em equipamentos, projetos e qualificação profissional. O autor 
acrescenta que vários setores da sociedade civil ainda não se sensibilizaram que o 
lazer é tão indispensável como a saúde e habitação, por exemplo. 
A partir da década de 1990, ficam gradualmente mais evidentes as 
preocupações e iniciativas destinadas à organização de uma “indústria de lazer e 
entretenimento”, replicando a tendência de outros países. Notadamente observou-
se o crescimento das preocupações com o turismo, a consolidação do esporte como 
um importante produto de negócios, além do fortalecimento do mercado cultural 
e do crescimento dos parques temáticos. (ALVES JUNIOR; MELO, 2003). 
27
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você viu que:
• O termo lazer surgiu na antiga civilização greco-romana e deriva do latim licere, 
que significa ‘ser permitido’.
• O lazer é um fenômeno moderno, resultante das tensões entre trabalho e capital, 
que se materializa como um tempo e espaço de vivências lúdicas, culturais e de 
relações sociais.
• O lazer diz respeito às atividades que permitem ao indivíduo entregar-se de 
livre vontade, seja para repousar, divertir-se, recrear-se, entreter-se, ou ainda 
aprender sobre determinado assunto sem que se estabeleça um compromisso, 
após desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.
• O lazer é um produto da sociedade moderna que teve como marco da construção 
do seu sentido atual, a industrialização capitalista.
• Cultura refere-se a um conjunto de regras que nos diz como o mundo pode e 
deve ser classificado.
• A cultura do consumo envolve o conjunto de imagens, símbolos, valores e 
atitudes que se desenvolveram com a Modernidade, que se tornaram associados 
ao consumo de mercadorias e que passaram a orientar pensamentos, sentimentos 
e comportamentos.
• O turismo pode ser uma alternativa na busca do lazer pelas pessoas, uma forma de 
realizá-lo.
• No turismo, o aspecto do entretenimento e dos atrativos constitui um aspecto 
fundamental para o turista.
• Tanto o turismo como o lazer estão relacionados pela subjetividade da motivação.
28
Olá acadêmico! Responda às questões a seguir, revendo pontos 
relevantes tratados nesse tópico.
1 Lazer e tempo fora do trabalho podem ser considerados sinônimos?
2 Explique com suas palavras o que é lazer.
3 Qual a diferença entre hobby e lazer?
4 A partir de uma perspectiva antropológica, o que é cultura?
5 O que significa a expressão ‘ cultura de consumo’ ?
AUTOATIVIDADE
Assista ao vídeo de
resolução da questão 1
29
TÓPICO 3
A IMPORTÂNCIA DO LAZER NA 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
2 QUAL A IMPORTÂNCIA DO LAZER PARA AS SOCIEDADES?
Qual a importância do lazer na atualidade? Seria sua contribuição para 
o bem-estar das pessoas? Um modo de recarregar as baterias para o trabalho e 
estudo? Ou seria importante por sua capacidade de movimentar o mercado 
enquanto modalidade de negócio? Nesse tópico, vamos nos aproximar dos temas 
citados a fim de compreender qual a contribuição deste importante fenômeno em 
nossa sociedade. 
A finalidade do lazer é conseguir a desaceleração das atenções pessoais, 
sejam estas de natureza profissional ou não, distanciando-se das atividades 
rotineiras. Como consequência, ocorre um relaxamento psicológico e físico que 
contribui para o bem-estar social. (ANDRADE, 2001).
Os indivíduos buscam nas atividades de lazer alternativas para relaxar, se 
divertir e recarregar as sua energias. Conforme estamos aprendendo, cada pessoa 
possui singularidades e em decorrência disso, o modo como cada uma encontra 
no lazer a possiblidade de saciar suas necessidades físicas e psíquicas, também 
muda. Para Camargo (1999), de modo geral, as pessoas buscam quatro grandes 
motivações no lazer: a aventura, a competição, a vertigem e a fantasia. Vejamos na 
sequência cada uma delas com mais detalhes de acordo com Carvalho (1999):
a) Aventura: está relacionada às descobertas, à busca por novidades que podem 
ser alcançadas pelo lazer. Uma demonstração clara dessa sensação está na 
experiência de viajar, conhecer novas cidades, pratos diferentes, culturas 
diferentes – ou seja, desfrutar de várias pequenas aventuras. A experiência 
lúdica da aventura tem por base a curiosidade. 
b) Competição: de início, convém esclarecer que competição não significa 
necessariamente disputa com outro, pode ser uma questão de superação pessoal, 
quer dizer, um confronto consigo mesmo. Tal situação, no âmbito do lazer, pode 
ser exemplificada pelo pescador que pretende fisgar um peixe

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