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1 Roteiro de Aula A) Características do contrato de doação O contrato de doação é: – Unilateral – envolve prestação de apenas uma das partes; – Gratuito – em regra, o doador não espera qualquer prestação do donatário. É uma liberalidade do doador; – Solene – a lei impõe forma escrita para doação, exceto nos casos de bens móveis de pequeno valor, havendo a tradição imediatamente depois. (art. 541) B) Aceitação A aceitação pelo donatário é elemento indispensável para a doação e pode ser: – expressa – quando é manifestada de forma verbal, escrita ou por gestos. – tácita – quando resulta de comportamento do donatário incompatível com sua recusa à doação. – presumida pela lei – nos casos previstos nos arts. 539, 543 e 546 da Lei nº 10.406/2002. C) Espécies de Doação Doação pura – é pura liberalidade. O doador não espera do donatário qualquer ato ou prestação por parte do donatário. Doação remuneratória – tem o objetivo de pagar um serviço prestado pelo donatário, mas que não podia ser exigido pagamento pelo doador. Por exemplo, prêmio pago a alguém que encontrou seu cachorro desaparecido. Doação com encargo – nessa espécie de doação, o doador impõe ao doador uma contraprestação que resulta em vantagem para o próprio doador ou para terceiro. Exemplo: Doador doa recursos ao donatário, mas o donatário fica obrigado a pagar uma mesada a um parente do doador. A doação remuneratória e a doação com encargo perdem a característica da gratuidade? 2 Restrições à liberdade de doar – Doação de todos os bens do doador – art. 548 da Lei nº 10.406/2002 O objetivo dessa restrição é proteger o doador e também a sociedade, evitando que o doador passe a ficar totalmente desamparado e tenha que ser assistido pelo Estado. – Doação de parte que caberia à legítima – art. 549 da Lei nº 10.406/2002 Essa restrição visa proteger o patrimônio dos herdeiros. De acordo com o art. 1.846, pertence aos herdeiros necessários a metade dos bens da herança. Sendo assim, se o doador tem herdeiros necessários, ele só pode doar metade de seus bens, tendo em vista que a outra metade constitui a legítima, e é assegurada aos herdeiros necessários. No momento da doação deve ser aferido se o bem a ser doado é superior à metade dos bens do doador. Por outro lado, se o doador não tiver herdeiros necessários, ele terá ampla liberdade de doar seus bens, observando-se apenas as demais restrições previstas no Código Civil, como visto anteriormente. – Doação que prejudique os credores do doador – art. 158 da Lei nº 10.406/2002 Embora esta restrição não esteja expressa no capítulo sobre doação do Código Civil, ela está prevista no art. 158 do Código Civil, que trata da fraude contra credores. Para proteger os credores quirografários do doador, o código prevê que eles podem anular a doação quando o doador estiver insolvente com eles ou ficar insolvente com os credores por ter doado bens a terceiros. – Doação do cônjuge adúltero a seu cúmplice – art. 550 da Lei nº 10.406/2002 Essa restrição tem como propósito proteger o cônjuge e os herdeiros necessários. E) Doação de ascendente para descendente Como já vimos anteriormente, o legislador preocupou-se em tentar evitar que um dos filhos seja beneficiado pelos pais em detrimento do outro. Dessa forma, no caso da compra e venda, é anulável a venda de ascendente a descendente, exceto se os outros descendentes expressamente consentirem. Na permuta entre descendente e ascendente, é anulável a troca de valores desiguais, sem consentimento dos outros descendentes. 3 Qual foi o mecanismo adotado no caso da doação? E se o pai realmente quiser doar algo para um dos filhos em detrimento dos outros? CASE (FGV) “Com a morte de seus pais, Ruth e Raquel abriram o inventário. Raquel pede que o juiz considere como adiantamento de legítima à Ruth os gastos que os pais tiveram com a festa de casamento de Ruth. Ruth, por sua vez, solicita que o juiz considere como adiantamento de legítima a Raquel, todas as despesas que os pais tiveram para pagamento do doutorado de Raquel em Paris. Se você fosse o juiz, o que você faria?” F) Resolução e revogação da doação A doação pode ser desfeita: – por motivos comuns a todos os contratos – embora não esteja prevista no capítulo específico sobre doações, aplicam-se as regras gerais a todos os contratos, ou seja, os defeitos que podem macular o ato jurídico, como erro, dolo, coação, simulação e fraude, são motivos para anular a doação. – por ser resolúvel o negócio – ocorre, por exemplo, no caso previsto no art. 547, no qual o doador sobrevive ao donatário e o domínio do bem volta ao patrimônio do doador. A doação pode ser revogada: – por descumprimento do encargo – no caso de doação com encargo, se o donatário não cumprir o encargo no prazo assinalado pelo doador, o doador pode desfazer a doação. – por ingratidão do donatário – o legislador visou punir o donatário, mas restringiu a possibilidade de revogar a doação por ingratidão a determinadas causas e regulou seus efeitos.
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