Buscar

INTRODUÇÃO A FILOSOFIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Diretora de Ensino a Distância: 
Profa. Ma. Daniela Ferreira Correa
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Designer Educacional: 
Clovis Ribeiro do Nascimento Junior
Diagramador:
Alan Michel Bariani
Revisão Textual:
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim / 
Mariana Tait Romancini Domingos
Produção Audiovisual:
Eudes Wilter Pitta / Heber Acuña 
Berger
Revisão dos Processos de 
Produção: 
Rodrigo Ferreira de Souza
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
UNIDADE
3WWW.UNINGA.BR
ENSINO A DISTÂNCIA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
O QUE É FILOSOFIA? ................................................................................................................................................. 5
A FILOSOFIA NA ANTIGUIDADE ............................................................................................................................... 9
A FILOSOFIA COMO 
DISCIPLINA
PROF. ME. CELSO ROMANO 
01
4WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
1
ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Muitos não a entendem a Filoso� a, outros a adoram, dependendo da forma com que se vê 
a vida; do que é gostar ou do que é não gostar; do que é felicidade ou do que é tristeza. No mundo 
atual, procura-se a aplicação imediata e rentável das atitudes – pensar e re� etir sobre como a 
vida parece uma atividade frívola, que não produz os resultados utilitários que a vida corrida dos 
dias de hoje cobra da sociedade. O que se percebe, é um comportamento imediatista diante das 
situações cotidianas, em que as pessoas não se importam com o signi� cado das ações, mas sim 
com os resultados dessas ações. 
Hoje, o que se procura é uma simpli� cação das ações, ao invés da tentativa de re� exão 
ou de se buscar na razão a explicação do mundo que vivemos. Se dá preferência aos � lmes com 
pouco apelo interpretativo, ou a vídeos curtos e prontos, se deixando levar pelos pensamentos 
alheios, apenas para saciar as curiosidades, sem grandes consequências. Assim, a � loso� a, que 
não confere habilidades técnicas ou conhecimentos cientí� cos que visam soluções individualiza-
das, mas que proporciona uma atitude genérica de mundo, se torna supér� ua e não prioritária. 
Não se pode entender a � loso� a como uma matéria acadêmica, em que se lê, se memoriza 
e se abstrai no momento dos exames. Filosofar é criar suas próprias questões e tentar respondê-
-las, dando sentido às ações. Portanto, o presente material não pretende fazer com que o leitor 
passe a gostar da � loso� a, mas apresentar uma noção de como a � loso� a evoluiu nos períodos 
históricos e mostrar como ela foi importante para o desenvolvimento da humanidade como base 
para as ciências, para a religião e para o ser humano em geral. 
5WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
1
ENSINO A DISTÂNCIA
O QUE É FILOSOFIA?
Esta pergunta é um problema clássico da � loso� a. 
A � loso� a é tão instigante que sua própria de� nição nos leva a re� etir sobre sua real 
utilidade. Isto porque sua amplitude ou abrangência é muito grande dando margem a várias con-
ceituações e cada uma delas ensejando novos questionamentos. 
No decorrer deste material, esses questionamentos são próprios da � loso� a, por sua ori-
gem e seus princípios. Inúmeras respostas foram elaboradas ao longo da história, mas nenhuma 
delas foi de� nitiva. O que se observa é que, a elaboração de questões � losó� cas é tão difícil quan-
to responde-las.
Figura 1 - Quadrinhos da Mafalda. Fonte: Filoso� a com Criança (2017).
Algumas de� nições se mostram bastante gerais ou vagas, como aquela que procura de-
terminar a � loso� a como uma visão de mundo de uma cultura ou civilização. Outras de� nições 
se constroem baseadas em contemplação do mundo e sabedoria interior, portanto bastante sub-
jetivas. Inúmeras de� nições foram elaboradas ao longo da história da � loso� a, mas até hoje, 
todas as respostas trazem novos questionamento e assim, continuamos procurando um conceito 
de� nitivo. 
A � loso� a não é a posse da verdade, mas uma incessante busca dela. É um reaprender 
a ver o mundo. Com todo esse ser ou não ser, podemos dizer que a � loso� a não determina, ela 
questiona, pois se esquiva de qualquer determinação estabelecida e se coloca aberta aos questio-
namentos de valores sociais, éticos, políticos, cientí� cos, artísticos e culturais. A � loso� a eclode 
no momento em que o pensar é posto em causa, tornando-se objeto de uma re� exão, segundo 
Aranha, 1986, p. 46).
6WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
1
ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 2 - Filoso� a. Fonte: Blog Filoso� a Relação com o Mito (2017).
Portanto, para a � loso� a qualquer a� rmação deve ser questionada, desa� ando o óbvio, 
o senso-comum, o pensamento hegemônico, os conceitos vagos, ou seja, a inquietação crítica, 
a análise do contraditório, por mais óbvios que possam parecer, são os motores propulsores da 
� loso� a. 
A � loso� a escapa a qualquer determinação estabelecida ou dogmática, em contrapartida 
questiona valores sociais, políticos, éticos e culturais. Portanto, a � loso� a não aceita respostas 
óbvias, do senso comum, sem questionamento crítico, sem rigor, sem análise do contraditório, 
generalizados e imprecisos. Maritain (1972) exempli� ca expondo que a � loso� a é o conhecimen-
to que pela luz natural da razão considera as causas primeiras ou as razões mais elevadas de todas 
as coisas. 
A � loso� a não é ciência: é uma re� exão crítica sobre os procedimentos e concei-
tos cientí� cos. Não é religião: é uma re� exão crítica sobre a origem e as formas 
das crenças religiosas. Não é arte: é uma interpretação crítica dos conteúdos, das 
formas, das signi� cações das obras de arte e do trabalho artístico. Não é socio-
logia nem psicologia, mas a interpretação e avaliação crítica dos conceitos e mé-
todos da sociologia e da psicologia. Não é política, mas interpretação, compre-
ensão e re� exão sobre a origem, a natureza e as formas do poder. Não é história, 
mas interpretação do sentido dos acontecimentos enquanto inseridos no tempo 
e compreensão do que seja o próprio tempo. Conhecimento do conhecimento 
e da ação humanos, conhecimento da transformação temporal dos princípios 
do saber e do agir, conhecimento da mudança das formas do real ou dos seres, 
a � loso� a sabe que está na história e que possui história. (CHAUI, 2007, p.15)
A � loso� a pode ser classi� cada: 
• Por temas: ética, política, metafísica, estética e outros;
• Por autores: Platão, Aristóteles,Santo Agostinho, Kant, Nietzsche, Maquiavel, Rousse-
au, Descartes, Bacon, e muitos outros; 
• Por Períodos históricos: Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e Idade contem-
porânea. 
Este material não pretende transformar seu leitor em � lósofo, mas apresentar um resumo 
da história da � loso� a, ou seja, é um estudo da � loso� a. A prática da � loso� a � ca para outra eta-
pa, a critério do leitor. Assim, o estudo da � loso� a será apresentado utilizando-se da classi� cação 
por período históricos, sendo cada período estudado em cada uma de suas unidades. 
Sintetizando, será trabalhado uma visão geral de � loso� a, iniciando na Unidade I com 
os � lósofos antigos que procuravam dar conta dos fenômenos da natureza, de forma racional, 
buscando explicações do que realmente seriam esses fenômenos.
 
7WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
1
ENSINO A DISTÂNCIA
O mais conhecido deles, Sócrates trás para a polis os conceitos � losó� cos, questionava, 
em praça pública (Ágora), os cidadãos quanto a explicações de temas ligados a vida, como “o que 
é saúde”, “o que é política”, “o que é a vida”, colocando em dúvida questões vitais, ironizando a 
vida e criando, assim, um ambiente crítico, na busca pela essência do que era considerado trivial.
Em seguida, na Unidade II, será mostrado que nos quase mil anos da idade média, a � -
loso� a acompanhou o ambiente de a� rmação das crenças religiosas. No período medieval, Deus 
era a explicação para as questões cotidianas e as ciências foram consideradas hereges e não acei-
tas. 
Os � lósofos mais conhecidos da época eram ligados à Igreja, como Santo Agostinho e São 
Tomás de Aquino. Já na Idade Moderna, apresentada na Unidade III, o movimento do Renasci-
mento fez retornar o homem como o centro dos pensamentos preponderantes do período, com 
ênfase na razão e no sujeito racional moderno. 
Vários são os representantes desse movimento com destaque nas ciências, nas artes, na 
literatura, desde Descartes com a frase “penso, logo existo”, passando por Maquiavel, Leonardo 
da Vince, � omas Morus, Camões, Michelangelo, Galileu, Rousseau e tantos outros. 
E por � m, na Unidade IV, após a Revolução Francesa, teve início a Idade Contemporânea, 
conhecida como a idade das grandes guerras, em que o assombro com o ser humano é destaque 
na � loso� a. O homem se mostra mais perverso, mais sinistro, ávido pelo poder e destruidor, 
despertando assim estudos de tema relacionados à � loso� a, antropologia, política e sociologia. 
Começando por Hegel com sua análise da razão dialética, contrapondo a alegria com 
o sofrimento, o amor com o ódio, a bondade com a perversidade, passando por Freud, Marx, 
Nietzsche e outros. Essa passagem histórica da � loso� a será mostrada com mais detalhes, no 
transcorrer das Unidades. 
ORIGEM E ETIMOLOGIA
Segundo os historiadores, na passagem do mundo mítico para o mundo racional, por 
volta do Século VI a.C., um dos primeiros sophos (sábios em grego) chamado Pítágoras, o mate-
mático, foi o precursor em utilizar o termo � loso� a (philo + sophia). Philo (em grego) signi� ca 
amizade ou amor fraterno, logo se pode traduzir � loso� a por amor pela sabedoria, respeito pelo 
saber. Segundo Pitágoras, a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os homens 
podem deseja-la ou amá-la, tornando-se � lósofos, segundo Chaui (2007, pg.17). 
Assim, sua origem se deu na disposição ao saber, na busca da sabedoria, não se conceben-
do como um conjunto de conhecimentos cientí� cos, mas uma atitude interrogativa, inicialmen-
te, a respeito dos fenômenos naturais. 
Diziam os gregos que a � loso� a nasce do assombro, da indignação pelo desconhecimen-
to, de não se conformar com o que se parece cotidiano ou normal. Se con� gurando como um 
convite para o questionamento das normalidades, partindo das raízes do que se quer indagar. 
PARA QUE FILOSOFIA?
Existe uma crença de que a � loso� a não serve para nada, pois faz perguntas que não res-
pondem aos anseios do cotidiano. Faz perguntas que, normalmente, não fazemos e suas respostas 
são mais complicadas que as próprias perguntas, diferentemente das ciências que não são ques-
tionadas, pois fazem perguntas que demonstram algum sentido prático na aplicação cientí� ca à 
realidade. Ou seja, as coisas só têm valor se tiver alguma � nalidade prática, visível e de utilidade 
imediata. 
Os � lósofos se defendem dizendo que a � loso� a faz perguntas sobre nós mesmos, sobre 
nossa vida e isso nos incomoda, ou seja, a � loso� a serve para nos lembrar de coisas de devería-
mos nos preocupar, mas que nossa vida conturbada não nos reserva um espaço de tempo para 
as interrogações. 
8WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
1
ENSINO A DISTÂNCIA
Então, a � loso� a é útil ou inútil? Os � lósofos perguntariam: O que é ser útil? Por que algo 
precisa ser útil? Se algo é útil por ensejar prestígio, riqueza, poder ou fama, a � loso� a se coloca 
como inútil, pois não são esses seus propósitos. Vemos sentido na resposta quando perguntamos 
“Que horas são?”, mas não percebemos o mesmo quando perguntamos “O que é o tempo?”. E 
esta, talvez seja a pergunta mais antiga da � loso� a e ainda não respondida satisfatoriamente até 
hoje. E, outras perguntas também geram incômodo, como: “o que é sonho?”, “o que é arte?”, “o 
que é beleza?”, “o que é liberdade”, “o que é ética?”. 
O pensar, defendem os � lósofos, pode ser visto como algo prazeroso, que é precedido por 
um incômodo, que se torna prazer quando a pergunta é essencial para o ser humano conhecer 
a si próprio. Portanto, não se pode aceitar imediatamente as coisas, sem maiores considerações. 
A cabeça de quem estuda e pratica a � loso� a se abre a novos horizontes, passa a pensar de 
forma diferente, passa a olhar sob outros ângulos e a rever coisas estabelecidas. Ao invés de viver 
apenas com o que está pronto, esta pessoa passa a interpretar as coisas ou conceitos. Se as coisas 
são como são, qual o motivo de serem assim e não de outra forma? O enigmático ou misterioso 
deixa de assustar, uma vez que o � lósofo aprende a lidar com o enigma ou com o mistério. 
Outra grande utilidade da � loso� a, defendida por Sócrates, é o fato dela mostrar a pró-
pria ignorância, a miudeza e a fraqueza do ser humano.
A � loso� a não tem a pretensão de ser caracterizada como coisa útil, pois ela vai além 
das coisas pragmáticas e rígidas do cotidiano. A � loso� a pode ser encaixada como na categoria 
da música, das pinturas, das esculturas, de um jogo de futebol, das peças teatrais, ou seja, coisas 
consideradas prazerosas, independente da utilidade material. Quer mais motivos da importância 
da � loso� a? 
A prática da � loso� a desenvolve o raciocínio lógico, ensina a argumentar, aprimora a 
escrita e a oratória, desenvolve a capacidade crítica para não ser enganado pelos dogmatismos, o 
pensamento evolui se tornando aberto a novos conhecimentos ou ideais. Dessa forma, a � loso� a 
pode ser entendida como uma forma de conhecer e analisar a realidade, com o objetivo de com-
preender o sentido da própria existência. Assim, a � loso� a pode ser praticada por todo indivíduo 
que busca compreender os re� exos do trabalho humano sobre a natureza e sobre a sociedade. 
NEM SENSO COMUM, NEM CIÊNCIA
Antes de conhecermos as coisas por conhecimento cientí� co, pela re� exão ou pelas cau-
sas, conhecemo-las pelo senso comum, também conhecido como conhecimento vulgar, segundo 
Maritain (1972, pg. 85).
O senso comum é, para muitos, constituído de opiniões e crenças, com uma certa fun-
damentação, muitas vezes, baseadas em “certezas verdadeiras” conhecidas pelos antepassados, 
mas também fundamentadas em outros conhecimentos vulgares. Os homens possuem a certeza 
natural dessas verdades. É o caso, por exemplo, das religiões. 
Como você se comportaria se alguém lhe fizesse a seguinte pergunta:
Você sabe com quem está falando? 
Para entendermos o tamanho de nossa pequenez, sugiro assistira este vídeo.
Trata-se de um fragmento de uma palestra proferida pelo filósofo londrinense
Mário Sergio Cortella
https://www.youtube.com/watch?v=0YGB5u2u8kA
9WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
1
ENSINO A DISTÂNCIA
Teles (1985) entende que o conhecimento vulgar é uma resposta às exigências da vida 
cotidiana, das necessidades do ser humano em encontrar respostas rápidas aos obstáculos da 
vida, podendo ser adquirido ao acaso, sem obrigatoriedade de um exame para comprovar sua 
validade, e por vezes, impreciso e contraditório. 
Porém, como todo conhecimento, o senso comum tem grande importância com institui-
ção de modo de vida. Se são imperfeitas quanto ao modo ou ao estado em que foram fundamen-
tadas, não o são quanto o valor da verdade. E a � loso� a? A � loso� a não deve se basear na auto-
ridade do senso comum, pois a � loso� a repousa na evidência, segundo Maritain (1972, pg. 87). 
Chauí (2007) a� rma que a atitude � losó� ca começa com a decisão de não aceitar como 
óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores e os comportamentos de 
nossa existência cotidiana. Logo, a re� exão � losó� ca é uma atitude de contrapor o senso comum, 
ou seja, aquilo que todos dizem ou pensam, sem questionar, sem experimentar, sem praticar, sem 
errar e aprender com os erros. 
Diferentemente da sociologia, cujo objeto é o conhecimento da realidade, a � loso� a in-
daga a vida moral e ética, o juízo dos porquês. Enquanto a sociologia estuda os fatos da forma 
que acontecem, a � loso� a propõe o ideal, um “vir a ser”. Ter uma atitude � losó� ca é buscar o 
entendimento do que a coisa ou conceito é, o porquê da coisa ou conceito ser de uma forma e não 
de outra. Dessa forma, indagando a própria indagação, a � loso� a acaba se realizando como uma 
re� exão ou volta sobre si mesma, organizando-se em torno dos motivos (razões ou causas), do 
conteúdo e da intenção do que pensamos, dizemos ou fazemos, segundo Chauí (2007).
Quadro 1 - Re� exão Filosó� ca. Fonte: Chaui (2007, p. 12).
 
Por sua vez, numa relação entre teoria e prática, as ciências procuram a verdade por 
meio de um método cientí� co, cujos objetos de estudo sejam analisados por procedimentos ex-
perimentais rigorosos, de forma sistemática e objetiva. Essa busca pela verdade, por meio de 
questionamentos, tem por origem o trabalho com questões � losó� cas. Estas já respondidas, de 
modo que a própria � loso� a as formularam. Podendo supor que a ciência é uma fase posterior à 
� loso� a. 
A FILOSOFIA NA ANTIGUIDADE
A � loso� a na Antiguidade se confunde com a � loso� a na Grécia. Não quer dizer que não 
existiram outros � lósofos em outras civilizações, mas que, os mais conhecidos e que, realmente, 
interessa para um estudo introdutório, são os � lósofos gregos. Eles consideravam sua cultura tão 
superior às outras, que, por muito tempo, evitaram o compartilhamento de seus saberes com 
outras civilizações. Apenas após a invasão romana aos seus domínios é que a cultura grega passa 
a ser difundida para outros territórios. 
10WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
1
ENSINO A DISTÂNCIA
Teles (1985) menciona que a ideia central grega daquele momento girava em torno do 
esforço intelectual para compreender o que era o mundo, o universo, a realidade, ou na sua ex-
pressão, o Cosmos. Essa ânsia de entender racionalmente o mundo, acaba por criar a � loso� a. Por 
meio da razão, os gregos procuram entender que havia uma ordem, uma unidade, uma harmo-
nia por detrás da multiplicidade caótica das coisas e dos acontecimentos, segundo Teles (1985, 
pg.22).
Mas, e antes dos primeiros � lósofos, o que existia em termos de absorção de conhecimen-
to? 
DO MITO À FILOSOFIA
É importante entender esta passagem para não cair no preconceito em relação à mitolo-
gia. Mitologia é considerada uma questão de fé, de uma história mal contada ou sem importância. 
Mas, ela foi fundamental para dar origem ao pensamento � losó� co, que também traz embutido 
o conhecimento mitológico. Enquanto a � loso� a é um conjunto de conhecimentos baseados em 
uma estrutura racional de ideias, a mitologia possui uma certa razão nos próprios mitos. 
A in� uência da mitologia na � loso� a não é tão evidente, e portanto, � ca a pergunta: real-
mente existe in� uência da mitologia na � loso� a? Alguns pensadores defendem esta ideia, de que 
existe uma razão nos mitos, que os � lósofos retiraram aspectos mitológicos para formular suas 
teorias. Outros, como Georg Friedrich Hegel, um famoso � lósofo alemão do início do Século 
XIX, acreditam na ruptura da mitologia e da � loso� a. Para Hegel, os gregos despertaram de uma 
era em que a razão estava submetida aos mitos e, portanto, não vê uma ligação que não seja de 
negação entre estes dois momentos. 
É importante entender que esta passagem do mito à � loso� a não se deu num simples 
despertar, mas se deu em um processo. 
O surgimento da � loso� a na Grécia não é, na verdade, um salto realizado por 
um povo privilegiado, mas a culminação de um processo que se fez através dos 
milênios (ARANHA, 1986, p.33).
E nesse processo milenar, uma de suas fases foi a formação e a consolidação das polis. O 
nascimento da polis (cidade) é decisivo para a transição do pensamento mítico para o pensamen-
to � losó� co. A novidade com o surgimento e crescimento das cidades é a con� uência de pessoas 
em torno da discussão de ideias. 
O que há de novo nessa cidade é que está centralizada na ágora (praça pública), 
espaço onde se debatem os problemas de interesse comum. Separam-se na polis 
o domínio público e o privado: isto signi� ca que ao ideal de valor de sangue, 
restrito a grupos privilegiados, em função do nascimento ou fortuna, se sobre-
põe a justa distribuição dos direitos dos cidadãos enquanto representantes dos 
interesses da cidade (ARANHA, 1986, p.34).
Os primeiros � lósofos viveram nas colônias gregas, por volta do Século VI a.C., classi� ca-
dos como pré-socráticos – a classi� cação da � loso� a da antiguidade utiliza Sócrates como marco 
referencial – e Tales de Mileto é considerado o primeiro dos � lósofos gregos, cujo pensamento 
buscava entender o surgimento do universal – a natureza das coisas – e encontra a água como 
princípio que rege o universo ou que deu origem a ele.
11WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
1
ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 3 – Tales de Mileto. Fonte: Google Images (2017).
Tales se utiliza de três palavras gregas, que outros � lósofos da antiguidade continuaram 
a usar.
1) Logos – em grego signi� ca “Palavra, verbo”. Mas, para os � lósofos passa a ter um sig-
ni� cado de razão, de lógica, de argumentação racional encadeada ou de capacidade de raciona-
lização individual;
2) Phisis – Física ou natureza, ou seja, a matéria como fundamento das coisas. Que de� ne 
a natureza dos seres, de como eles surgem, como se transformam;
3) Arché – Arqueologia ou princípio universal. A grande questão dos � lósofos, princi-
palmente dos pensadores anteriores a Sócrates, caracterizado pela procura do conceito inicial, de 
onde as coisas iniciam e se derivam. 
Tales de Mileto usou fartamente o conjunto das três palavras para justi� car seu pensa-
mento. A lógica da argumentação ou encadeamento racional das ideias, a natureza dos seres e, 
� nalmente, a origem do universo. E a água, cujo fenômeno é explicado pela mitologia grega por 
meio do Deus Poseidon e pela mitologia romana pelo Deus Netuno, é analisado por Tales como 
uma fonte inicial de energia que explica a existência da Terra, pois a água, explica Tales, tem um 
ciclo, muda de estado e não perde suas qualidades. Em oposição aos mitos, a � loso� a passa a res-
peitar a argumentação racional e lógica, procura derrubar preconceitos estabelecidos pelo caráter 
crítico do pensamento.
AS FASES DA FILOSOFIA ANTIGA
Utilizando Sócrates como marco referencial, a Filoso� a Grega é classi� cada em quatro 
períodos:
1) Período Pré-socráticoou Cosmológico: Como se pode concluir pelo nome, este perí-
odo compreende à fase anterior ao nascimento de Sócrates. Seus representantes se ocupavam em 
explicar a origem do mundo e as causas das transformações da natureza, em oposição à mitologia, 
que tentava explicar os fenômenos da natureza pelos poderes e humor dos Deuses mitológicos. 
12WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
1
ENSINO A DISTÂNCIA
2) Período Socrático ou Antropológico: Período em que Sócrates, um marco da � loso� a 
grega, inicia sua caminhada � losó� ca, seguido de seus discípulos Platão e Aristóteles. Deixam de 
se preocupar, fundamentalmente, com a natureza e passam a analisar o comportamento humano, 
como ética, política, o que é o homem e outros temas ligados à natureza humana;
3) Período Sistemático: Os � lósofos do período procuram colocar as questões dos dois 
períodos anteriores em uma forma sistematizada, adequando-os a um método. Tudo pode ser 
objeto de conhecimento e de explicação � losó� ca, desde que obedeça a critérios normativos e 
baseados em boa argumentação lógica.
4) Período Helenístico ou Período Greco-romano: No processo de expansão do Im-
pério, os romanos invadem e submetem a Grécia ao seu governo. As culturas romana e grega 
acabam por se mesclar. Neste período, chamado helenístico, de mais de sete séculos, os � lósofos 
se ocuparam com as questões da ética, do conhecimento humano e das relações do homem e 
natureza, e como novidade, o início da ideia de Deus, como ser único e supremo. 
Quadro 2 – Períodos da Filoso� a Grega. Fonte: Chaui (2007, p.28).
OS PRÉ-SOCRÁTICOS
Os pré-socráticos estavam preocupados com a natureza e origem das coisas, enquanto os 
socráticos desenvolveram a ontologia – preocupação com o ser humano. Ao longo da história da 
humanidade, em que o ser humano começa a se conhecer como ser humano, com suas idiossin-
crasias e vicissitudes, experimentando todas as di� culdades do ser humano. Os seres humanos 
começam a perceber que não se satisfazem apenas com o saciar das suas necessidades básicas 
animal, como alimentação e procriação. Eles passam a querer ir além, para tanto, começam a se 
relacionar com outros seres humanos e essas relações começam a se tornar complexas, como a 
questão da � nitude; como lidar com o fenômeno da morte: Se o � m é inevitável, como tudo se 
originou? Quem sou eu? De onde eu vim? Para onde vou? O que estou fazendo aqui? São pergun-
tas eternas, que continuam sendo feitas. 
A � loso� a não tem respostas de� nitivas para elas. Quem se preocupa em respondê-las é 
a religião, que trabalha com a fé. Cada religião, a seu modo, procura explicar estas indagações. 
Os pré-socráticos foram os primeiros a sistematizar o pensamento � losó� co. Para entendê-los, 
é preciso estudar a história da civilização, dos povos antigos e principalmente da histórica grega 
e de sua expansão. Nem todos viviam na Grécia, mas viviam em regiões colonizadas pelo povo 
grego, na Bacia do Mar Mediterrâneo. 
13WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
1
ENSINO A DISTÂNCIA
Já havia narrativas a respeito do surgimento do mundo. Os mitos gregos eram exemplos 
disso, em que o mundo se torna espaço para a imaginação e os fenômenos da natureza, como a 
chuva, terremoto, furacão têm explicação no estado de humor dos Deuses. Foi neste ambiente 
que os pré-socráticos cresceram e desenvolveram seu pensamento � losó� co de questionamento 
das verdades mitológicas. Procuraram explicar a natureza a partir de um ponto de vista lógico, 
racional, gerando uma ruptura com a tradição, fruto das narrativas fantasiosas de contos e fábu-
las. 
Assim, os pré-socráticos podem ser de� nidos como praticantes da � loso� a cosmocêntri-
ca – parte da Filoso� a que estuda o mundo e a natureza –, cuja posição � losó� ca a� rma a prio-
ridade do mundo natural, em que a natureza ou o mundo ocupa lugar central e fundamental na 
ordem da existência, ou seja, o centro de referência de toda explicação � losó� ca. 
Alguns nomes do período: Tales de Mileto, Heráclito, Pitágoras, Demócrito. 
Segundo Pitágoras e seus seguidores, chamados de � lósofos pitagóricos, o mundo pode 
ser explicado pelas soluções matemáticas, a posição dos astros, a sequência dia e noite, a ordem 
das estações do ano, o movimento das estrelas, a ordem das folhas das plantas, e outras obser-
vações da natureza teriam explicações matemáticas. Para Demócrito o mundo é constituído de 
partículas indivisíveis, por isso ele e seus seguidores são chamados de atomistas. 
OS SOCRÁTICOS
O período � losó� co conhecido como “os Socráticos”, ou “período antropocêntrico” – 
parte da � loso� a que estuda as questões humanas –, vai do � nal do Século V a.C. até o � nal do 
Século IV a.C., e é conhecido como antropológico por investigar as questões humanas, isto é, a 
política, a ética e as técnicas cientí� cas, segundo Chauí (2007, p. 28). 
Nesse período, a escravidão grega atinge o seu apogeu: todas as atividades artesanais 
eram executadas por escravos, liberando as pessoas mais nobres para as atividades ligadas ao 
pensamento, à política e ao lazer. Por muitos séculos, esta ideia iniciada pelos gregos de que o 
trabalho não era digno prevaleceu também em outras civilizações. 
Assim, os mais nobres, quando não havia guerra, passam a desenvolver habilidades liga-
das ao pensamento e no período socrático se destacaram, o próprio Sócrates, seu discípulo Platão 
e, posteriormente, o discípulo de Platão, Aristóteles, cujo pensamento organizado e sistemático 
irá in� uenciar durante séculos a cultura ocidental, segundo Aranha (1986, pg. 219).
Sócrates (469 a.C. – 399 a.C.)
Figura 4 – Sócrates. Fonte: Google Images (2017).
14WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
1
ENSINO A DISTÂNCIA
Sócrates, patrono e mártir da � loso� a, é considerado um dos fundadores da � loso� a oci-
dental, mesmo que isso não fosse claro durante sua juventude. Nasceu em uma família humilde, 
na Grécia Antiga, em 469 a.C. Seu pai era um escultor, especialista em talhar colunas dos tem-
plos. Na idade adulta, Sócrates trabalhou na pro� ssão que o pai lhe ensinou e também serviu ao 
exército, tendo participado da Guerra do Peloponeso, entre Esparta e Atenas. Somente quando 
se aposentou, Sócrates se dedicou à tarefa pela qual se tornou mais conhecido – a de educador. 
Sócrates não deixou obras escritas. O que se conhece dele vem principalmente dos rela-
tos nas obras de seus alunos Platão, Xenofonte e também do dramaturgo Aristófanes. Esse fato 
é conhecido por “O Problema de Sócrates”, pois o que se sabe dele vem por meio de relatos de 
segunda via e que era uma das di� culdades de escrita daquela época. 
O que se pode considerar como histórias escritas durante o Período Clássico da � loso� a é 
pouco abrangente. O que se encontra são obras dramatizadas, como peças e diálogos � losó� cos. 
Por exemplo, na obra de sátiras As Nuvens, de Aristófanes, Sócrates é representado como uma 
pessoa malandra que ensina aos seus aprendizes várias maneiras de enganar pessoas. Por ser uma 
sátira, este relato é pouco aceito entre os historiadores e � lósofos e criticado por Platão.
Mesmo com algumas divergências, Platão e Xenofonte apresentavam uma versão mais 
cordial em relação ao caráter de Sócrates. A reputação conquistada por Sócrates como uma mente 
privilegiada surgiu quando um de seus seguidores, peregrinando no Oráculo de Delfos – Oráculo 
era uma sacerdotisa no Templo de Apolo que se fazia de médium, através do qual o Deus Apolo 
falava. Pessoas vinham de todos os cantos da Europa para ouvir suas profecias –, foi profetizado 
que não havia outro ser mais sábio que Sócrates. Quando Sócrates � cou sabendo da profecia, 
decidiu averiguar pessoalmente, entrevistando pessoas de Atenas que pudessem ser mais sábio 
que ele próprio. Dentre essas pessoas, entrevistou professores, artistas e políticos, reconhecendo 
a sabedoria de muitos deles, mas percebeu que todos tinhamum defeito, que para Sócrates era 
de fundamental importância: eles realmente sabiam muito, mas eram ignorantes sobre o que não 
sabiam. Assim, Sócrates entendeu que também era ignorante como qualquer outro ser, mas com 
a vantagem de ter consciência da sua ignorância, e por isso, era o mais sábio entre os ignorantes. 
Daí sua frase, “Só sei que nada sei” se tornou conhecida como o paradoxo de Sócrates. É surpre-
endente o fato de Sócrates (o homem mais sábio de Atenas) não ser conhecido pelos seus escritos, 
nem pelos seus discursos ou oratória, mas, sim, pelo seu método de educador, conhecido como 
“maiêutica”. 
A maiêutica era um método de transmissão do conhecimento traduzido como parto das 
ideias. Para Sócrates o educador deveria se portar como parteiro de almas, pois nada se pode en-
sinar. O conhecimento é intrínseco à pessoa, o que se precisa fazer é parir as ideias, por meio de 
instigação, do questionamento, auxiliando a libertar as mentes das aparências e busca da verdade. 
Partindo da frase “conhece-te a ti mesmo”, era frequente ver Sócrates, em praça pública (Ágora), 
formulando perguntas às pessoas, procurando descobrir o que a pessoa sabia. Pelas respostas, 
ele percebia as inconsistências lógicas de raciocínio e, por meio de novas perguntas e respostas, 
entrevistador e entrevistado aprendiam. 
Procurado pelos jovens, passava horas discutindo na praça pública. Interpelava 
os transeuntes, dizendo-se ignorante, e fazia perguntas aos que julgavam en-
tender determinado assunto. Colocava o interlocutor em tal situação, que não 
havia saída senão reconhecer a própria ignorância. Com isso Sócrates conseguiu 
rancorosos inimigos. Mas também alguns discípulos (ARANHA, 1986, pg.42). 
15WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
1
ENSINO A DISTÂNCIA
Diferentemente dos pré-socráticos, que tentavam entender a natureza, Sócrates buscava 
respostas para a existência do homem. Busca pela virtude, procurando fazer dos moradores de 
Atenas pessoas virtuosas, para se conseguir uma sociedade mais justa, mais igualitária e para 
uma vida melhor. Devoto da argumentação racional, se preocupava com o homem e como ele 
vivia na sociedade. Buscava explicações e questionava a ética, a justiça, a verdade, a beleza, a co-
ragem, pois para ele, as pessoas não � losó� cas vivem em estado de sonho e confundem fantasmas 
com a realidade. Uma de suas perguntas recorrentes era: o que é o homem?
A questão passa pelo exame das teorias ou atividades humanas, em que a ideia de homem 
instiga sua de� nição. Desde os primórdios da humanidade, o homem se coloca como objeto de 
estudos, nas suas mais diversas representações, desde sua luta pela sobrevivência, sua evolução 
como ser humano, sua luta contra as diversidades da natureza, até sua inserção no meio urbano 
e sua adaptação à sociedade, como ser social. 
Sócrates foi um dos primeiros a questionar tal entendimento das pessoas da polis grega, 
em que o desenvolvimento da re� exão � losó� ca de “si mesmo” foi sua marca. O levantamento 
de questões que levassem o homem a se auto re� etir, resultando em incertezas e em desconforto.
Sócrates tinha poucos amigos em Atenas. Por vários motivos, como esse hábito de apon-
tar as falhas no raciocínio alheio ocasionando um afastamento das pessoas. Também, o fato de 
sua aparência não ser muito agradável, descrito por Platão em “Simpósio”, como sendo nada 
atraente, baixo, robusto, olhos saltados, e assim como sua postura religiosa, pouco comum para 
a época.
Em As nuvens, Aristófanes sugere que Sócrates estivesse associado com os So� stas. Os 
so� stas eram um grupo de educadores, que os mais velhos temiam por incentivarem os mais jo-
vens a serem selvagens e desrespeitosos. Juntamente com essa dúvida, Sócrates ainda foi acusado 
de ser ateu, de introduzir novos Deuses, de espalhar dúvidas com suas ideias e de corromper a 
juventude ateniense. 
Em seu julgamento, Sócrates fez sua própria defesa, negando ser so� sta e mostrando 
provas de suas verdadeiras intenções, de encorajar a virtude nos atenienses. Usando de sua inte-
ligência e ironia, demonstra o quão pobre era o raciocínio acusatório. O júri não se comoveu, o 
julgou culpado e o condenou à morte. Seus seguidores lamentaram a condenação e pediam para 
que fugisse de Atenas, já que tal prática era comum neste tipo de julgamento. Como se tivesse 
de mostrar que seu argumento era vitorioso e de sempre obedecer à lei, Sócrates aceitou a pena 
sem demonstrar qualquer medo. De aparente bom grado, aos 70 anos de idade, bebeu o copo de 
cicuta, que era sua forma de execução. O homem mais sábio e mais justo de todos, assim descrito 
por Platão, havia morrido, mas suas ideias vivem, relatadas por seus discípulos e continuaram a 
ser estudadas na Idade Média e ganharam vida na Renascença. 
PLATÃO (427 A.C. – 347 A.C.)
Figura 5 - Platão. Fonte: Google Images (2017).
16WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
1
ENSINO A DISTÂNCIA
O � lósofo Platão foi discípulo de Sócrates e professor de Aristóteles. Foi matemático, ge-
ômetra, � lósofo e escreveu sobre uma grande variedade de assuntos, tais como política, estética, 
cosmologia e epistemologia (estudo do conhecimento cientí� co do ponto de vista crítico, isto é, 
do seu valor). É considerado o iniciador da tradição � losó� ca ocidental. O “amor platônico” ou 
os “ideais platônicos” são exemplos de referência à � loso� a de Platão, que buscava o conhecimen-
to e a verdade das coisas.
Platão nasceu em berço de ouro, em 427 a.C., pois seus pais descendiam da nobreza ate-
niense. Como outras crianças de famílias importantes de Atenas, Platão recebeu a melhor educa-
ção possível, tendo estudado � loso� a, poesia, artes e matemática. Platão cresceu durante a Guer-
ra do Peloponeso, tendo testemunhado o caos político em que Atenas se encontrava durante a 
guerra e depois da derrota para os espartanos. O novo grupo que ascendeu ao poder após a guer-
ra, conhecido por Tirania dos Trinta, se notabilizou por retirar direitos dos atenienses, fazendo 
de Platão um crítico do grupo, que acabou � cando pouco tempo no poder. Após a retomada da 
Democracia em Atenas, devido às conexões políticas de Platão, era esperada sua participação 
ativa na política ateniense. Mas, sua vida teve um outro rumo após conhecer Sócrates, o grande 
professor, se inspirando na � loso� a, na busca de conhecimento e virtude. Sócrates não era po-
pular, nem com a Tirania dos Trinta, como tampouco com os novos líderes da recém restaurada 
democracia. Quando da condenação de Sócrates, Platão tentou evitar sua morte, oferecendo-se 
para pagar a � ança, mas como já visto, Sócrates optou por acatar sua sentença. Desde então, Pla-
tão, enojado com a política, passou a se dedicar para a � loso� a, seguindo os passos de seu mestre. 
Conhecido como discípulo de Sócrates, Platão foi também in� uenciado por Pitágoras 
e outros matemáticos. Após a morte de Sócrates, Platão viajou por doze anos, estudando vários 
assuntos, inclusive matemática com os pitagóricos italianos e astronomia no Egito. Durante sua 
viagem, escreveu seus primeiros diálogos. Grande parte de suas obras foram escritas na forma 
de diálogos, nos quais fazia de seu mestre, Sócrates, o principal personagem e porta-voz de suas 
ideias. Os temas eram diversos como o governo da razão, o estado modelo, justo e feliz e o saber 
racional. 
Ao retornar para Atenas, Platão funda a Academia Platônica, considerada a primeira ins-
tituição de ensino superior do Ocidente, onde se podia assistir aulas ao ar livre, de matemática, 
astronomia, biologia, política e � loso� a. Na academia, o Método Socrático também era utilizado 
como forma de discussão racional, em que uma determinada hipótese era analisada procurando-
-se respostas a diversas perguntas, até se encontrar uma resposta racional e lógica que pudessem 
conduzir para a verdade. 
Várias gerações foram educadas na Academia, até sua destruição em 86 a.C., quando os 
Romanos conquistarama Grécia. Alguns séculos depois, a Academia foi reavivada pelos Neo-
platônicos, que se consideravam os sucessores de Platão. Cem anos depois, em 529, o Imperador 
Romano Bizantino Justiniano I, considerando a Academia uma ameaça aos ideais cristãos, a 
fechou de� nitivamente.
Durante sua vida, Platão � nalizou 35 diálogos e 13 cartas (conhecidas como Epístolas de 
Platão). Platão evitou escrever sobre si mesmo, mas deixou alguns relatos sobre sua família, como 
sinal do orgulho que sentia sobre sua distinção. 
Os historiadores classi� caram suas obras da seguinte maneira:
• Os primeiros Diálogos – apresentam os ensinamentos da Sócrates;
• Os Diálogos Finais – fundamentam a Teoria das Formas e a relação entre a alma, o 
Estado e o universo;
• Diálogos construtivos ou da maturidade – abordam assuntos como a lei, a matemática 
e as ciências naturais. 
17WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
1
ENSINO A DISTÂNCIA
A Teoria das Formas ou Teoria das Ideias é a essência do platonismo, em que a realidade 
não está ao alcance dos que só con� am inteiramente nos seus sentidos, ou seja, cada objeto com 
o qual podemos interagir ou ver dentro da nossa experiência de realidade é meramente uma 
representação da Forma. Platão entendia que vivemos em dois mundos, um representado pelo 
mundo físico, que percebemos pelos nossos sentidos, vendo, sentindo, cheirando ou ouvindo. O 
outro mundo, mais complexo, é composto por essência imaterial que temos contato com nossas 
mentes, segundo Nash (2017).
O mundo inteligível seria constituído de coisas ou conceitos perfeitos, enquanto o mun-
do sensível, de coisas ou conceitos copiados do original, portanto imperfeitos, logo, o mundo 
físico é uma cópia imperfeita de ideias perfeitas, portanto um mundo de ilusão. Ideia que Santo 
Agostinho se apropriará para justi� car a existência de um Deus perfeito. 
Esta apresentação da Teoria das Formas tem sido estudada por muitos � lósofos gerando 
muitas interpretações. Um exemplo que poderia melhorar o entendimento da Teoria platônica: 
Explique a cor verde. Fica muito difícil explicar a cor verde sem se � xar em exemplos de objetos 
que têm a cor verde. Isto, porque o mundo físico é mais próximos do homem, enquanto o mundo 
da mente é mais distante. 
Ideias universais como igualdade, justiça ou ética não são acessíveis por meio dos sen-
tidos, mas pela razão. Utilizando de uma parábola, em A República, Platão procura descrever a 
di� culdade do homem em se desvencilhar do concreto. Trata-se do Mito da Caverna ou Alegoria 
da Caverna, descrito no quadro abaixo. 
Quadro 3 – Mito da Caverna. Fonte: Portal sua Escola (2017).
18WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
1
ENSINO A DISTÂNCIA
O Mito da Caverna mantém-se muito contemporâneo nas diversas sociedades ao redor 
do mundo, que preferem permanecer alheios ao pensamento crítico (seja por preguiça ou falta de 
interesse) e aceitar as ideias e conceitos que são impostos por grupos dominantes.
Vamos fazer um questionamento: 
No nosso cotidiano, percebemos em vários locais públicos ou privados que frequentamos, 
uma televisão ligada. Pode ser em um restaurante ou lanchonete, na sala de espera do dentista, 
do consultório médico, em lojas, em prefeituras, etc. De 90% a 100% dos casos, em qual canal 
essas televisões estão sintonizadas? Não é difícil responder. Será que estamos pensando por nós 
mesmos, ou estamos pensando pelo que esta grande rede de comunicação quer que pensemos? 
Em que caverna estamos vivendo? 
Pode ser que estejamos presos e acorrentados a esta caverna. Quando estamos em nossas 
casas à noite, família reunida, sofás lotados, todos � xamente olhando para a televisão, prova-
velmente sintonizada naquele mesmo canal, estamos em uma caverna e atrás de nós existe uma 
fogueira que projeta sombras, e que nos faz pensar, que vemos coisas reais, mas que na verdade 
o que vemos é ilusão, ou simplesmente pobres cópias do mundo real projetadas diante de nossos 
olhos. 
Não seria o momento de vencer nossos medos, quebrar nossas correntes da ignorância e 
sair da caverna?
Platão passou seus últimos anos ensinando na sua Academia. Muito do que ele pensava, 
assim como ocorrido com Sócrates, é sabido pelos escritos de seus discípulos, porque Platão 
tinha muita facilidade com a oratória e segundo seus discípulos (dentre eles o mais famoso foi 
Aristóteles), Platão tinha uma série de doutrinas não escritas e que foram apresentadas apenas 
oralmente.
ARISTÓTELES (384 A.C. – 322 A.C.)
Figura 6 – Aristóteles. Fonte: Google Images.
Sugestão de leitura de texto referente a este tema: 
http://mitodacaaverna.blogspot.com.br/2010/07/mito-da-caverna-e-relacao-
-com-midia.html
19WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
1
ENSINO A DISTÂNCIA
Aristóteles foi discípulo de Platão. Pode-se dizer que ele sistematizou o conhecimento, 
escreveu sobre política, lógica, biologia, física, ética, retórica e inúmeros outros assuntos. O � ló-
sofo também é considerado o primeiro cientista da história, sendo que muitos o consideram um 
renascentista bem antes da renascença.
Filho de Nicômaco (amigo e médico pessoal do Rei da Macedônia Amintas III), Aristóte-
les nasceu em Estagira, norte da Grécia, região da antiga Macedônia. Seus pais faleceram quando 
ainda era jovem, sendo criado por sua irmã mais velha. 
Quando tinha 17 anos, Aristóteles foi enviado para Atenas para seguir com seus estudos. 
Atenas era a cidade que os jovens mais abastados preferiam para se aprofundar em alguma carrei-
ra ou pro� ssão. Entrou para a Academia fundada por Platão, e logo, Aristóteles se destaca como 
aluno exemplar, permanecendo na Academia por 20 anos, inicialmente como aluno e depois 
como professor. Mesmo com sua inteligência e disciplina extraordinária, Aristóteles não era visto 
como o futuro sucessor de Platão, visto que discordava em muitos pontos da doutrina do mestre 
Platão. Este acreditava que o verdadeiro conhecimento somente poderia ser obtido por meio da 
razão, por sua vez Aristóteles critica Platão por miti� car a realidade e entendia que a verdade 
seria conseguida pela experimentação de objetos reais, pois a verdade não está com os homens, 
mas entre os homens. 
Quando Platão morreu, Aristóteles não assumiu a Academia, preferindo retornar para 
Macedônia, sendo reintegrado ao círculo real macedônico. Se tornou o educador de Alexandre, 
� lho adolescente do Rei Filipe I, que mais tarde viria a ser conhecido como Alexandre o Grande. 
Este, aos 20 anos de idade, assume o trono do pai e inicia uma campanha militar de conquis-
tas, culminando com a uni� cação das cidades-estados gregas. Em pouco tempo � cou conhecido 
como Alexandre o Grande, senhor da Babilônia, da Ásia e dos quatro cantos do mundo. 
Nesse período, Aristóteles retorna a Atenas, agora sob domínio macedônico e funda sua 
própria academia, o Liceu. No Liceu, Aristóteles ensinava os mais diversos assuntos, caminhando 
pelos jardins, seguido pelos discípulos, que passaram a ser conhecidos como “peripatéticos” (em 
grego, signi� ca “os que passeiam”).
Aristóteles desenvolveu vários estudos sobre biologia, utilizando uma classi� cação que 
difere muito pouco do que é conhecido hoje como animais vertebrados e invertebrados. Tam-
bém, fez uma análise bastante próxima da realidade sobre o ciclo da água, sobre terremotos, 
sobre o vento e sobre a escala de tempo geológico. Pesquisador das ciências exatas e humanas, 
utilizou de linguagens técnicas, ainda hoje usada pelas ciências. 
Mesmo com todos esses conhecimentos cientí� cos, bastante desenvolvido para a época, 
Aristóteles é mais conhecido pelos seus tratados � losó� cos, que incluem a retórica, a importân-
cia da lógica metafísica e trabalhos sobre a ética, criando um código de conduta para uma vida 
melhor. 
Na � loso� a, Aristóteles não queria saber apenas o porquê das coisas, mas queria saber a 
intenção, o propósito e a � nalidade das coisas. Dizia que afelicidade é ter algo que fazer, ter algo 
que amar e algo que esperar, e que o conhecimento parte dos sentidos e é elaborado no mundo, 
diferentemente de Sócrates, que defendia que o conhecimento viria das ideias. 
Aristóteles abandonou o Liceu por ocasião da morte de Alexandre o Grande e a derru-
bada do governo macedônico que imperava em Atenas. Com isso, Aristóteles foi considerado 
simpatizante do governo deposto e acusado de impiedade, um crime parecido com o que Sócra-
tes foi condenado. Optou por fugir para a ilha de Eubeia, onde veio a falecer em 322 a.C., aos 62 
anos de idade. 
20WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
1
ENSINO A DISTÂNCIA
Dos mais de duzentos documentos escritos por Aristóteles, apenas 31 são de conheci-
mento público, graças a Teofrasto, que o sucedeu no Liceu e os guardou sob segurança. Apesar 
de várias de suas ideias serem consideradas controversas durante sua vida, elas foram revisadas, 
defendidas ou rebatidas na Idade Média. Curiosamente, os devotos de Aristóteles do período 
medieval, tanto se utilizaram de sua obra, que ela se tornou a � loso� a o� cial da Igreja Católica. 
Quem ousasse negar seus estudos - como o modelo heliocêntrico do Sistema Solar de Copérnico 
e Galileu – seria acusado e julgado como herege. 
UNIDADE
21WWW.UNINGA.BR
ENSINO A DISTÂNCIA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 22
A CONSOLIDAÇÃO DO CRISTIANISMO ................................................................................................................. 23
A ESCOLA PATRÍSTICA DE SANTO AGOSTINHO .................................................................................................. 25
A ESCOLÁSTICA DE SÃO TOMÁS DE AQUINO ...................................................................................................... 28
A IGREJA E A FILOSOFIA 
MEDIEVAL
PROF. ME. CELSO ROMANO 
02
22WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
2
ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Com a queda do Império Romano do Ocidente e o apoio do Império Bizantino Oriental, 
cuja capital era em Bizâncio – este foi o nome da atual cidade de Istambul, na Turquia, até o ano 
330. Elevada à categoria de Capital do Império Romano do Oriente passou a se chamar Constan-
tinopla, até sua tomada pelos turcos em 1453 –, o cristianismo surge como solução aos problemas 
decorrentes da formação de inúmeros reinos bárbaros. O cristianismo nasceu, não como uma 
religião de um povo ou nação, mas como uma religião que iria aglutinar todos que acreditassem, 
por sua fé, na existência de um único e soberano Deus, segundo Chauí (2007). 
E, para a consolidação da religião como universal, os � lósofos da época não mais majori-
tariamente gregos, ligados à Igreja, pois eram os únicos letrados, passam a concentrar esforços na 
tentativa de conciliar a razão com a fé cristã e no trabalho de conversão dos não-cristão. Como 
ponto de partida, esses � lósofos retomaram às ideias da Grécia Clássica, principalmente Platão 
e Aristóteles, promovendo um debate de seus pensamentos com os ideais que interessavam aos 
religiosos. 
As principais questões da � loso� a cristã passam a dar ênfase teológica de:
• O dogma da trindade;
• A encarnação de Deus Filho;
• A liberdade e a salvação;
• A relação entre fé e razão.
Duas escolas � losó� cas que se sobressaem na Idade Média são a Patrística, que busca 
uma reconciliação entre a fé e a razão, sobretudo a partir da interpretação da � loso� a de Platão; e 
a Escolástica, que busca sistematização da � loso� a cristã, a partir da interpretação de Aristóteles.
Teodósio, o último imperador do Império Romano unido (o próximo Imperador divi-
diu o Império em Império Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente), cedendo às 
pressões, o� cializa o cristianismo como religião o� cial do Império, com o nome de Igreja Cató-
lica Apostólica Romana, em 27 de fevereiro de 380, proibindo a “adoração pública” dos antigos 
deuses romanos. Com a queda do Império Romano do lado ocidental no ano de 476, tomado 
pelos povos bárbaros vindos do Norte, houve uma fragmentação política, com o surgimento de 
diversos novos reinados. 
23WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
2
ENSINO A DISTÂNCIA
A CONSOLIDAÇÃO DO CRISTIANISMO
Com a fragmentação política e a emergência de novas civilizações, a Igreja surge como 
elemento agregador dos novos reinados e assim, a igreja passa a ter tanto o poder espiritual quan-
to o poder político nos Estados. Esta passa a de� nir e dizer para o povo o que era certo e errado, 
o que era o bem e o mal, o justo ou o injusto, ou seja, como as pessoas deveriam viver. Mas, como 
se deu todo esse monopólio restritivo da Igreja nos campos do pensamento e da cultura sobre os 
imperadores e sobre as pessoas em geral em um período tão longo, de quase mil anos? 
Não há como pensar na atitude re� exiva da � loso� a na Idade Média sem levar em con-
sideração o cristianismo e suas consequências, tanto que por muitos anos a Idade Média foi co-
nhecida como a Idade das Trevas, ou a noite que durou quase mil anos. Este foi considerado um 
período obscuro, de violência, da barbárie e de ideias atrasadas, devido ao declínio econômico e 
político do feudalismo, às guerras religiosas, à peste negra e à quase ausência de produções lite-
rárias, artísticas, cientí� cas e culturais. 
Entretanto, a arte gótica e suas igrejas, a cultura lírica dos trovadores, as obras de � lóso-
fos de grande originalidade mostram quão errônea e preconceituosa é esta imagem de que este 
período consolida a religião cristã como pensamento dominante no mundo ocidental. Não se 
pode esquecer que foi neste período que um monge italiano, no Século X, esquematizou as notas 
musicais utilizadas até hoje. Também, foi no período medieval que grandes construções ligadas à 
igreja foram erigidas e continuam sólidas e robustas até os dias de hoje, ou que, grandes religiões 
surgiram no período, juntamente com a consolidação das línguas e da cultura de diversos países. 
Como visto, a consolidação do cristianismo como religião o� cial dos romanos se deu 
no � nal da antiguidade, pouco menos de cem anos da derrota do Império. Com o objetivo de 
catequização para o cristianismo, alguns religiosos passaram a desprezar a � loso� a grega, porque 
viam, nessa forma de pensamento, uma porta aberta para o surgimento de doutrina contrária à 
estabelecida pela igreja, baseada na fé e, portanto, considerada herege. E o objetivo deveria ser a 
evangelização: “Ide e levai a boa nova – o evangelho, pois nosso reino não está no mundo físico, 
mas no reino de Deus”. 
Paulatinamente os chefes dos novos reinos foram catequisados e convertidos para o cris-
tianismo, que se consolidou como a religião soberana absoluta do mundo ocidental. Com a evan-
gelização dos imperadores romanos, dos bárbaros e também dos pensadores gregos, a cultura 
greco-romano quase desaparece frente à invasão cristã. 
Figura 7 - Catequização dos reis. Fonte: Souza (2017).
24WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
2
ENSINO A DISTÂNCIA
Outros cristãos defendiam o conhecimento da � loso� a grega como possibilidade de ins-
trumento a serviço do cristianismo, pois entendiam que, conciliado com a fé cristã, o estudo 
da � loso� a grega permitiria à Igreja enfrentar as descrenças e hereges com as próprias armas 
do pensamento lógico. O objetivo era convencer os descrentes pela razão, para depois aceitar a 
imensidão dos mistérios divinos, somente acessíveis aos detentores da fé, ou seja, seria possível 
agregar o ensino religioso com o � losó� co. Já os � lósofos mais in� exíveis propunham que nin-
guém poderia falar com rigor de uma � loso� a cristã, se o objetivo cristão tiver que de� nir um 
caráter � losó� co, pois só era aceito falar de � loso� a cristã quandoo � lósofo estiver imbuído da 
fé. O que não se pode negar é que os � lósofos medievais foram, quase que em sua totalidade, 
in� uenciados pelo cristianismo. 
No plano político, foi de� nida a ordem da organização social, ordem Feudal, estabelecen-
do a relação entre o Senhor Feudal e o servo ou vassalo. 
Estabelecida em uma sociedade marcada pelo pensamento religioso, a Igreja es-
teve nos mais diferentes extratos da sociedade medieval. A própria organização 
da sociedade medieval (dividida em Clero, Nobreza e Servos) era um re� exo da 
Santíssima Trindade. Além disso, a vida terrena era desprezada em relação aos 
benefícios a serem alcançados pela vida nos céus (SOUSA, 2017). 
Dessa forma, fundamenta uma sociedade típica do feudalismo, hierárquica, desigual e 
estamental (imóvel), em que há uma pessoa nascendo pobre e que morrerá pobre, sem possibili-
dade de ascensão social. 
Na área da educação, a igreja monopoliza o saber. Di� cilmente uma pessoa, que não fosse 
da igreja, teria acesso à leitura e à escrita, quase uma exclusividade da religiosidade. 
Quadro 4 - Os monges copistas. Fonte: A história (2017).
25WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
2
ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 8 - Os monges copistas. Fonte: A história (2017).
Na relação entre fé e razão, a igreja determinava que a verdade estivesse com a fé, � cando 
para a razão (submissa) o papel de justi� car as verdades apregoadas pela fé. Os primeiros padres 
da religião católica adaptaram as ideias � losó� cas à religião, criando a � loso� a cristã. Eles tinham 
a missão de pregar a ideia da salvação e não precisavam se apegar às ideias dos socráticos quanto 
ao questionamento do ser e da vida, pois a religião dava conta das explicações por meio da fé e 
do amor a Deus. 
Como foi exposto, na antiguidade, o homem foi estudado a partir da perspectiva cosmo-
cêntrica, enquanto que na � loso� a cristã, desenvolvida na Idade Média, concebia-se o homem na 
ótica teocêntrica, como relata Mondim (2005). 
Com o cristianismo abre-se para o homem (e, portanto, também para a re� e-
xão antropológica) uma nova perspectiva. O fundo sobre o qual se desenvolve 
a vida humana não é mais o da natureza, do cosmos, como para os gregos, mas 
sim aquele da história da salvação, ou seja, a história das relações entre Deus e a 
Humanidade. Por conseguinte, a re� exão antropológica dos autores cristãos tem 
como ponto de referência constante o próprio Deus: é re� exão evidentemente 
teocêntrica (MONDIN, 2005, p. 11).
A temática religiosa se impõe em defesa à fé cristã, no trabalho de conversão dos não-
-cristãos, como a máxima dominante de “Crer para compreender, e compreender para crer”, e 
ainda, se utilizando da � loso� a como meio de consolidação das suas ideias (ARANHA, 1986). 
Nesse período, podemos dividir a � loso� a em duas grandes tendências � losó� cas: a � loso� a pa-
trística e a � loso� a escolástica. 
A ESCOLA PATRÍSTICA DE SANTO AGOSTINHO
A fase da � loso� a, conhecida como Patrística, teve Santo Agostinho como precursor e 
este é considerado o período que vai do Século IV ao Século VIII. Com o desenvolvimento do 
cristianismo, tornou-se necessário explicar seus preceitos de forma convincente às autoridades 
romanas e ao povo em geral. A igreja católica sabia que não poderia impor esses preceitos pela 
força, mas de forma persuasiva.
26WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
2
ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 9 – Santo Agostinho. Fonte: Google Images (2017).
Os primeiros padres se empenharam na elaboração de inúmeros textos sobre a fé e as 
revelações cristãs. O conjunto desses textos � cou conhecido como patrística, por ter sido escrito 
pelos grandes padres da Igreja. Assim, os padres tentaram uma formulação intelectual dos dog-
mas e uma discussão racional com seus questionadores heréticos ou pagãos. 
O projeto de conciliação entre o cristianismo e o pensamento grego teve o Padre Agos-
tinho de Hipona como seu maior expoente. Este nasceu sob o domínio romano, na região onde 
hoje é a Argélia, na África. Foi religioso, teólogo e � lósofo cristão. Sistematizou a doutrina cristã 
in� uenciado pela � loso� a de Platão e considerado o arquiteto da implementação da doutrina do 
cristianismo. Agostinho era � lho de um Patrício, homem de posses e pagão, mais tarde converti-
do ao cristianismo; e de Mônica, mais tarde considerada Santa. 
Santo Agostinho, inicialmente aderiu ao maniqueísmo – uma doutrina persa que pregava 
a existência da dualidade: bem ou mal, em que o bem seria próprio da alma e o mal, do corpo, di-
ferentemente do cristianismo em que tanto o bem quanto o mal são elementos próprios da alma. 
Agostinho viajou para Roma e Milão entrando em contato com o Neoplatonismo, um movimen-
to � losó� co iniciado na Grécia e que se espalhou pela Europa, inspirado em Platão, marcado por 
sentimentos religiosos e crenças místicas. Interessado pelo cristianismo, viveu um período de 
con� ito interior até se de� nir como religioso e até se tornar padre aos 37 anos e posteriormente, 
bispo cristão. 
Em um clima de caos do Império Romano, Santo Agostinho estudou e escreveu suas 
obras, num total de 93 obras divididas em 232 livros. 
Principais obras: 
• Da Trindade - Sistematização da teologia e � loso� a cristã;
• Da Cidade de Deus - Questões do bem e do mal, vida espiritual e material, teologia da 
História;
• Con� ssões – sua autobiogra� a. 
A obra de Santo Agostinho, por si mesma, é imensa e de extraordinária riqueza, evoluída 
para a época, chegando mesmo a antecipar o cartesianismo e a � loso� a da existência. Funda a 
� loso� a da história e domina todo o pensamento ocidental até o Século VIII, quando dá lugar 
ao tomismo – sistema � losó� co e teológico proposto por São Tomás de Aquino – e a in� uência 
aristotélica. 
27WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
2
ENSINO A DISTÂNCIA
Santo Agostinho defendeu a supremacia da alma sobre o corpo (matéria). A alma seria 
criada por Deus para reinar sobre o corpo, para se dirigir para o bem. O homem pecador inverte 
esta ordem, fazendo o corpo assumir o comando sobre a alma, provocando a submissão do espí-
rito sobre a matéria, ou o transitório sobre o eterno. 
Para Santo Agostino os � lósofos gregos se perderam ao endeusar a razão, chegando a 
dizer: “chegaram até as portas do céu, mas não adentraram, atolaram-se no seu próprio orgulho 
racional”. Este faleceu no ano 430 na cidade de Hipona, na Itália, sob uma crise brutal e sem pre-
cedentes de Roma. Saqueada por vândalos, o Império Romano viria a se desmantelar cem anos 
mais tarde. 
Como visto, o problema central da � loso� a de Santo Agostinho é a relação entre fé e ra-
zão. Para embasar suas explicações sob a ótica cristã, procura responder questões, com base no 
� lósofo grego Platão, como: Se a fé é irracional e dona da verdade, qual o lugar da razão? A fé 
ampara a razão ou o inverso? Como usar a � loso� a greco-romana sendo cristão? Se Deus é per-
feito, como pensar o bem e o mal? Há alguma ligação entre a � loso� a e o pensamento religioso?
O pensamento de Santo Agostinho está calcado em alguns temas, em cujas explicações 
enseja um debate com a razão dos gregos, especialmente com Platão, e são eles:
• A liberdade: é um dos temas centrais do seu pensamento. Para o não-cristão, ser livre é 
exercer o livre-arbítrio, é fazer o que se quer. Seguir certas regras é perder a liberdade, enquanto 
que o cristão não fará todos os seus desejos, todas as suas vontades, mas seguirá sua fé. 
Ser livre para o cristão é estar livre do seu querer, ou seja, um outro conceito de liberdade, 
em que amar a Deus é amá-lo sem medida.
A liberdade deve ser entendida como algo próprio da vontade e não como da racionali-
dade ou do livre arbítrio, quando para satisfazer suas vontades, o indivíduo peca. Dessa forma, o 
cristão é mais livre que o pagão, pois ser livre é servir a Deus, e o prazer de pecar é a escravidão. 
• Teoria da Iluminação:Santo Agostinho a� rma: “Se não credes não entendereis”, ou 
seja, a fé precede à razão, pois a razão sozinha é incompleta, falta a fé, que ilumina a razão para se 
chegar à verdade. Se a fé vem de dentro para fora, a verdade vem da alma humana, que é divina, 
iluminada por Cristo, bastando ser trazida à superfície. 
A fé nos faz crer em coisas que nem sempre entendemos pela razão, como dito por Santo 
Agostinho, em Sobre a Cidade de Deus: “Creio em tudo que entendo, mas nem tudo que creio 
também entendo. Tudo que compreendo conheço, mas nem tudo que creio conheço” (COSTA, 
2017).
• A maldade: Se Deus é perfeito, por que existe a maldade no mundo? Quem criou o mal? 
Por que tantas guerras? São perguntas recorrentes que Santo Agostinho responde dizendo que o 
mal não existe como matéria, mas que o mal é a ausência de Deus. Comparando com a física, em 
que o frio é ausência de calor e o escuro é a ausência de luz. 
É no homem interior que habita a verdade. Santo Agostinho expõe: “Não há razão para o 
homem � losofar senão para que seja feliz; e o que o faz com que este seja feliz é o � m bom; não 
há, por conseguinte, nenhuma causa para � losofar, salvo a meta do bem” (COSTA, 2017).
• A anterioridade: O que Deus fazia antes de criar o mundo? Para Santo Agostinho não 
existia o antes. Se não existia o mundo, também não existia o tempo, que foi criação de Deus. E 
esta é uma das provas da limitação dos mortais, em que não se consegue pensar o mundo sem se 
relacionar com o tempo. 
28WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
2
ENSINO A DISTÂNCIA
A ESCOLÁSTICA DE SÃO TOMÁS DE AQUINO
Após o período de domínio da escola Patrística, o próximo movimento � losó� co domi-
nante da Idade Média foi a Escolástica, que perdurou um longo período, do Século IX ao Século 
XVI. Por Escolástica, em sentido restrito, entende-se por uma � loso� a teológica nas escolas, des-
de o Reinado de Carlos Magno até o movimento moderno conhecido por Renascentismo. 
Figura 10 – São Tomás de Aquino. Fonte: Google Images (2017).
No Século VIII, o Imperador do Sacro Império Romano, Carlos Magno, organizou o 
ensino e fundou escolas ligadas às igrejas. Essas escolas foram, em princípio, as catedrais e pos-
teriormente as Universidades. Com isso, todo o saber guardado nos mosteiros, passou a ser di-
vulgado. Nessas escolas, ensinava-se retórica, gramática, dialética, geometria, aritmética, astro-
nomia e música. 
Como sistema � losó� co e teológico, a Escolástica tentou resolver, a partir dos aspectos 
aristotélicos da � loso� a e mediante um método especulativo, problemas relacionados com a fé e 
a razão, desejo e pensamento, realismo e nominalismo, como também a probabilidade da exis-
tência de Deus, e dar sentido a essas duas formas de saber e conhecimento. 
Assim, a história da Escolástica apresenta-se como a história da razão humana em deter-
minado momento de sua evolução, exprimindo inicialmente a consciência da alienação frente ao 
dogma da doutrina das verdades e � nalmente a negação da alienação e ruptura entre razão e fé. E, 
na a� rmação de que o real em sua totalidade, incluindo natureza e história, é racional, de forma 
diferente da Patrística, que a� rmava a supremacia do espírito sobre a matéria. 
Três fases caracterizam a Escolástica:
1) Século IX ao Século XII – con� ança na perfeita harmonia entre fé e razão;
2) Século XII ao Século XIV – grandes sistemas � losó� cos, com destaque para as obras 
de São Tomás de Aquino, em que a harmonização entre fé e razão pode ser parcialmente obtida;
3) Século XIV a Século XVI – decadência da Escolástica. Ressurgem as diferenças fun-
damentais entre fé e razão. 
29WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
2
ENSINO A DISTÂNCIA
Por se tratar de um estudo introdutório à Filoso� a, será focado o segundo período da Es-
colástica, com os estudos de São Tomás de Aquino. Este nasceu em Nápoles, sul da Itália, em 1226 
e morreu em 1274, com apenas 48 anos de idade. Elaborou os princípios da doutrina cristã numa 
perspectiva aristotélica. Sintetizando de forma original a obra de Aristóteles, buscou elementos 
racionais que pudessem explicar os princípios da fé cristã. Viveu em um momento conturbado 
na Europa, num contexto de mudanças, até então estagnado e feudal, o mundo está começando 
a se modi� car. Assim, São Tomás de Aquino se vê frente a esse mundo de caos, de mudanças, 
retomada do comércio e o retorno do rural para o urbano. 
Durante a Idade Média, o comércio não deixou de existir, mas não havia os grandes cen-
tros comerciais, como existiu na Idade Antiga, como Roma, Atenas, Esparta, Cairo e outras. O 
comércio era concentrado em pequenas regiões, cujo cenário que está sendo alterado com a 
criação de novas rotas comerciais, surgimento de novos pontos de comércio e consequente novas 
cidades. Também, observa-se a concentração de renda em alguns comerciantes, ou seja, começa a 
surgir os primeiros burgueses, que mais tarde viriam revolucionar o mundo com a consolidação 
do capitalismo. 
A � loso� a tem uma forte in� uência do momento e do lugar onde ela se desenvolve e São 
Tomás de Aquino tenta analisar � loso� camente o mundo nesse contexto. Se Santo Agostinho, 
em seu momento de divulgação dos conceitos dogmáticos do cristianismo, se � xou na fé em 
detrimento da razão, São Tomás de Aquino trabalhou esta relação com uma visão baseada em 
Aristóteles, visto que o Cristianismo vinha perdendo seguidores e a persuasão somente pela fé 
não estava convencendo a nova população em transformação. 
Procurando se adaptar ao contexto europeu, faz uma análise lógica para provar em cinco 
vias a existência de Deus, frente ao movimento racional que vinha sendo praticado, pois era certo 
que a ideia de Deus não era muito evidente, ao contrário, era muito confusa. Assim, era preciso 
chegar a essa ideia por meio da razão. 
“Se é correto que a verdade cristã ultrapassa as capacidades da razão humana, nem por 
isso os princípios inatos naturalmente à razão podem estar em contradição com esta verdade 
sobrenatural”. Com essa frase, São Tomás de Aquino questiona a rigidez do pensamento de Santo 
Agostinho, em favor da fé frente à razão. 
As revelações divinas estão acima das revelações materiais, mas elas não precisam se ne-
gar ou estar em con� ito. Mesmo opostas, uma precisa da outra para se complementar. Essa a� r-
mação faz muita diferença dentro do contexto de mundo da época. 
Em seu livro mais famoso, Suma Teológica, São Tomás de Aquino buscou cinco provas 
para a existência de Deus, que para ele, as provas da existência de Deus estão aqui no mundo 
material e não apenas no mundo espiritual, como pregava Santo Agostinho. 
1) Argumento do movimento: Era uma das questões de Aristóteles que São Tomás de 
Aquino cristianizou. Para Aristóteles, tudo que se move é movido por outro ser. E este outro 
ser, também necessita de outro ser para movê-lo, e assim sucessivamente. Se não tivéssemos o 
primeiro ser móvel, tudo estaria estático e inde� nido. Logo, este ser inicial que não precisou de 
outro ser, ou o primeiro motor, é Deus.
2) Causa e� ciente: Tem por de� nição, algo que produz outro algo. Nada pode ser a causa 
e� ciente de si mesmo. Logo, a primeira causa e� ciente é Deus. 
30WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
2
ENSINO A DISTÂNCIA
3) Argumento cosmológico: São Tomás de Aquino questiona como as coisas são. As 
coisas são como são, mas poderiam ser diferentes ou existem, mas poderiam não existir. Deus 
teria um gosto especí� co. As coisas são assim porque Deus as quis. As cores, as paisagens, os seres 
vivos são criações de um ser bastante inteligente. E este ser é Deus. 
4) Argumento dos graus existentes: Uma ideia de comparação baseada em parâmetros. 
A medida certa de todas as coisas só pode ser uma obra divina. Deus de� ne os parâmetros per-
feitos de comparação. 
5) Argumento teológico: Todas as coisas brutas da natureza, que não possuem inteligên-cia própria, têm uma � nalidade ou função. As coisas têm um curso natural, como o ciclo da vida, 
logo, deve existir uma força sobrenatural que dirija estes seres para que cumpram seus objetivos. 
Esta força é Deus. 
São Tomás de Aquino utiliza da razão para explicar e comprovar a fé, utilizando das mes-
mas armas dos hereges que usavam da razão para desmisti� car a fé. Mas, ele não é bem compre-
endido na época em que viveu, até mesmo pela Igreja, que posteriormente se curva às suas ideias 
e passa a adotar como doutrina única nos séculos seguintes, ao � nal da Idade Média. 
Quadro 5 – Filoso� a Medieval. Fonte: Conseac UFF (2017).
Mesmo sendo aludido por vários autores como a Idade das Trevas, o período medieval 
é rico historicamente, pelas construções dos mosteiros, de igrejas e grandes monumentos, pelas 
artes góticas, pela cultura lírica dos feudos ou pelos exércitos que procuravam consolidar suas 
religiões. Hoje, são muitos os relatos escritos (de � cção ou não � cção) e � lmes que procuram 
retratar aquele período. 
31WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
2
ENSINO A DISTÂNCIA
Sugestão de filmes relacionados com a Idade Média.
O Nome da Rosa - 1986 - Dirigido por: Jean-Jaques Annaud
Em nome de Deus - 1988 - Dirigido por: Clive Donner
Cruzada - 2005 - Dirigido por: Ridley Scott
UNIDADE
32WWW.UNINGA.BR
ENSINO A DISTÂNCIA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 33
A FILOSOFIA NA MODERNIDADE .......................................................................................................................... 34
DO ILUMINISMO À CONTEMPORANEIDADE ....................................................................................................... 46
DA MODERNIDADE À 
CONTEMPORANEIDADE
PROF. ME. CELSO ROMANO 
03
33WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
3
ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
A Idade Moderna histórica é o período que se inicia em 1453, ano da Tomada da cidade 
de Constantinopla pelos turcos e se prolonga até 1789, início da Revolução Francesa. As princi-
pais características desse período foram: 
• Absolutismo – A política foi marcada pelo sistema Absolutista de governo, em que a 
origem do poder real é a divindade. Os principais teóricos defensores do sistema, como forma de 
manutenção de poder foram Nicolau Maquiavel e � omas Hobbes. 
• Mercantilismo – Sistema econômico vigente que foi a forma encontrada pelos Reis para 
mostrar seu poderio perante as civilizações rivais vizinhas, que procuravam se � rmar como na-
ções. As principais formas dos reis se a� rmarem como monarcas respeitosos se calcaram no 
metalismo (juntar ouro e prata); promover uma balança comercial favorável (vender mais que 
comprar); conseguir novas colônias nas américas, na Ásia ou na África; promoção do escravagis-
mo; monopólio comercial (surgimento da burguesia); protecionismo dos produtos nacionais; e o 
intervencionismo na economia. 
• O Renascimento cultural, que será estudado em seguida.
• A reforma e a contrarreforma religiosa – Resumidamente, pode ser dito que até a Idade 
Média, a Igreja era dominada pelo catolicismo romano. Em 1517, Martinho Lutero, um monge 
católico alemão se insurgiu contra a venda de indulgências praticada pela Igreja Católica, foi ex-
comungado e criou um movimento chamado Protestantismo ou Luteranismo, cujo pensamento 
era de que a salvação somente seria conseguida pela fé, isso acabou conseguindo muitos seguido-
res. Outras religiões protestantes foram criadas, por exemplo, o Calvinismo, criado por João Cal-
vino; e do Anglicanismo, criado pelo Rei D. Henrique VIII, na Inglaterra. Percebendo que vinha 
perdendo � éis, a Igreja Católica Romana, no concílio de Trento, em 1545, resolveu contra-atacar 
com o que foi chamado de Contrarreforma, cujos pilares foram: catequização dos habitantes dos 
povos das terras recém descobertas pelos Jesuítas; Criação do Index - Índice dos Livros Proibidos 
– como forma de combater a propagação de ideias contrários ao Catolicismo; e, intensi� cação da 
Inquisição, com a punição dos hereges. 
• As grandes navegações – Com a tomada da cidade de Constantinopla, os turcos proibi-
ram que os cristãos circulassem e � zessem comércio nos mares das regiões próximas ao seu novo 
território. Com isso, ingleses, espanhóis e português passaram a procurar novos caminhos marí-
timos e como consequência descobriram terras ainda não conhecidas, principalmente a América. 
• A � loso� a no período foi muito in� uenciada por novos rumos políticos, se desvenci-
lhando em grande parte dos poderes da igreja. Uma corrente � losó� ca bastante atuante no Século 
XVIII foi o Iluminismo, que também será estudado nesta unidade. 
34WWW.UNINGA.BR
IN
TR
OD
UÇ
ÃO
 À
 F
IL
OS
OF
IA
 | U
NI
ND
AD
E 
3
ENSINO A DISTÂNCIA
A FILOSOFIA NA MODERNIDADE
O conceito de modernidade deve ser visto como uma nova identidade em surgimento, 
sem se perder os conceitos antigo. Mas, o que é ser moderno? Moderno é um conceito que se 
opõe ao período anterior, da Idade Média, marcada pelas questões religiosas, ligadas a fé. É im-
portante ressaltar que as questões modernas procuram romper com a tradição em que o novo 
passa a ser um caminhar mais seguro, mas com respaldo das ciências baseadas na racionalidade. 
Como visto na introdução, quatro dos fatores históricos são característicos da modernidade e 
in� uenciaram a � loso� a moderna: 
• O renascimento cultural e o antropocentrismo;
• A reforma e contrarreforma religiosa;
• O descobrimento das Américas;
• A revolução cientí� ca ou iluminista.
Por sua importância � losó� ca, nesta apostila será dado destaque para o Renascimento 
cultural e a revolução cientí� ca, por se entender que a reforma e a contrarreforma religiosa e o 
descobrimento das Américas têm maior interesse histórico que � losó� co. 
Dentre os � lósofos da modernidade, Rene Descartes, que nasceu em 1596 na França e 
morreu em 1650 na Suécia, é considerado o fundador da � loso� a moderna. A principal questão 
� losó� ca que Descartes discute é o fundamento da verdade. A dúvida de que todas as coisas que 
estão nas mentes das pessoas não são mais verdadeiras que as ilusões dos seus sonhos. A vida não 
seria apenas um sonho? Este tipo de questionamento era a base do método investigativo de Des-
cartes. Para ele, para se chegar à verdade se começa duvidando e se tudo é questionável, a única 
verdade é a própria dúvida, ou seja, o indubitável. 
Com exercício de subjetividade e a con� ança na razão, Descartes revolucionou o pensa-
mento � losó� co e cientí� co no período pós Idade Média, até então, como já visto, subordinado à 
igreja e aos líderes que se autoproclamavam como enviados de Deus. Em 1637, Descartes publi-
cou o livro Discurso do Método, que propunha um método com as principais ferramentas para 
a descoberta da verdade, partindo-se do pensamento individual para se chegar à sua verdade. 
Neste método, Descartes apresenta um modelo matemático que envolve todos os saberes em uma 
só unidade e um modelo para a busca da verdade, em que dividia a análise em: 
1) Particularização das evidências e os questionamentos dessas evidências; 
2) Análise das partes do problema; 
3) Ordenação dos conhecimentos adquiridos sobre o problema em análise, partindo do 
mais simples ao mais complexo; 
4) Enumeração das fases, particulares e gerais para que nada seja esquecido. 
O RENASCIMENTO E O ANTROPOCENTRISMO
O renascimento pode ser entendido como um conjunto de práticas e pensamentos que 
resgata a cultura greco-romana a partir de uma retomada de obras clássicas como as de Platão, 
em primeiro momento e de Aristóteles, num momento mais adiante. A � loso� a na renascença 
foi um período da história da � loso� a que começou no Século XV e terminou no Século XVI, 
ocupando um espaço entre a Idade Média e o Iluminismo. Considerada

Outros materiais