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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI 
Programa de Pós-graduação em Saúde, Sociedade e Ambiente 
 
 
Luciana Fernandes Amaro Leite 
 
 
 
 
 
DOENÇA RENAL CRÔNICA COMO FOCO PARA A EDUCAÇÃO PERMANENTE EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diamantina – MG 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Luciana Fernandes Amaro Leite 
 
 
 
 
 
DOENCA RENAL CRÔNICA COMO FOCO PARA A EDUCAÇÃO PERMANENTE EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Luciana Fernandes Amaro Leite 
 
 
 
 
 
 
DOENCA RENAL CRÔNICA COMO FOCO PARA A EDUCAÇÃO PERMANENTE EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Saúde, Sociedade e Ambiente da 
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e 
Mucuri – UFVJM, como requisito parcial para a 
obtenção do título de Mestre em Saúde, Sociedade e 
Ambiente. 
 
 
 
Orientadora: Profª. Drª. Leida Calegário de Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diamantina 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho com muito amor e carinho aos meus queridos filhos Pedro Henrique e Luísa. 
Vocês fazem a minha vida muito melhor! 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço à Deus pelo dom da vida. Por me dar sabedoria para vencer os desafios que a vida nos 
apresenta. 
Aos meus filhos Pedro Henrique e Luísa, por todo amor. Vocês iluminam de maneira especial os meus 
dias. Vocês são a melhor parte de mim! 
Ao meu esposo Ramon, grande companheiro de uma jornada de muitas lutas. Pela alegria de estarmos 
juntos e por seu amor que me acalenta e completa. Obrigada por toda compreensão. 
À minha amada mãe Luci, exemplo de vida, perseverança, bondade e luz. Você é meu alicerce de amor 
e amizade. 
Ao meu amado pai Pedro, por toda sua dedicação, carinho e amor incondicional. Nunca mediu esforços 
para me ver feliz. 
À minha querida irmã Poliana, pelo laço de amor tão importante, por todo incentivo, por dividirmos 
momentos de alegria e de tristeza. Estaremos sempre juntas! 
À minha Tia Lucia, por se fazer sempre presente em minha vida e por todo cuidado dados a mim e aos 
meus filhos. 
À minha avó Nadir, exemplo de humildade e força, por me receber sempre de braços abertos. 
Aos meus avós Manoel, Maria e Jaques, in memorian, por todos os ensinamentos. Saudades eternas! 
Aos meus sogros Maciel e Maria Lucia, pais que a vida me presenteou. 
Ao meu querido cunhado Renato, in memorian, pelos momentos compartilhados. 
Às cunhadas e cunhados que se tornaram parte da minha família. 
Aos meus sobrinhos, João Victor e Clara, pela alegria da convivência. 
À todos os meus familiares pelo incentivo e apoio constantes. 
À Profª. Drª. Leida Calegário de Oliveira, não encontro palavras suficientes para expressar toda a 
 
 
minha gratidão. Você me estendeu a mão no momento que mais precisei, jamais esquecerei. Obrigada 
pela confiança depositada em mim! Você exerce com maestria a arte de orientar seus alunos. Agradeço 
pela oportunidade de desenvolvermos juntas esse trabalho e espero que possamos realizar muitos 
outros. Obrigada por tudo! 
À Profª. Drª. Angélica Pataro Reis, pela contribuição, participando da banca de qualificação e defesa 
deste trabalho. 
À Profª. Drª. Claudia Mara Niquini, pela contribuição, participando da banca de qualificação e defesa 
deste trabalho. 
Ao Prof. Dr. Herton Helder Rocha Pires, pela contribuição, participando da banca de qualificação e 
defesa deste trabalho. 
Ao Programa de Pós-graduação Saúde, Sociedade e Ambiente pelo suporte e serviços prestados. 
Aos professores do Mestrado Saúde, Sociedade e Ambiente, pelos ensinamentos e conhecimentos 
compartilhados. 
Aos colegas do mestrado, pela troca de experiências e conhecimento. Ficarão as saudosas recordações. 
À Jéssica Samara Oliveira Tolomeu, com quem fiz várias parcerias ao longo desta jornada. Foi um 
prazer trabalhar com você. 
Às acadêmicas envolvidas neste trabalho, pela dedicação na realização desta pesquisa. 
À Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, pela possibilidade de 
crescimento profissional constante. 
À Profª. Drª. Ana Paula Rodrigues, do Departamento de Farmácia da UFVJM, pela parceria e 
contribuição para a realização dos exames laboratoriais desta pesquisa. 
À MSc. Patrícia Silva Santos Guimarães, técnica do Departamento de Farmácia da UFVJM, pela 
parceria e contribuição para a realização dos exames laboratoriais desta pesquisa. 
Ao Prof. Dr. Emerson Cotta Bodevan, professor do Departamento de Matemática e Estatística da 
UFVJM, pela parceria e contribuição para a realização das análises estatísticas desta pesquisa. 
 
 
À Faculdade de Medicina – FAMED / UFVJM – Campus Diamantina, pelo incentivo ao 
aperfeiçoamento do magistério superior. 
Aos meus alunos da Faculdade de Medicina de Diamantina, pelo prazer da convivência e da troca de 
experiências. 
À empresa Bioclin, pela doação de kits para a realização dos exames laboratoriais desta pesquisa. 
À Secretária Municipal de Saúde de Gouveia, Evanir de Oliveira Nunes Pequi, pelo apoio a esta 
pesquisa. 
À Secretária Municipal de Saúde de Diamantina, Cinara Lemos Meira Souza, pelo apoio a esta 
pesquisa. 
Aos profissionais de saúde que concordaram em participar desta pesquisa. 
Aos pacientes que aceitaram participar desta pesquisa e são minha maior inspiração para, de alguma 
forma, contribuir para a melhoria da saúde do próximo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O caminho que eu escolhi é o do amor. Não importam as dores, as angústias, nem as decepções que eu 
vou ter que encarar. Escolhi ser verdadeira. No meu caminho, o abraço é apertado, o aperto de mão é 
sincero, por isso não estranhe a minha maneira de sorrir, de te desejar o bem. É só assim que eu 
enxergo a vida, e é só assim que eu acredito que valha a pena viver.” 
 
 
CLARICE LISPECTOR 
 
 
 
http://www.frasesfamosas.com.br/frases-de/clarice-lispector/
 
 
RESUMO 
 
A Doença Renal Crônica é um importante problema de saúde pública em todo o mundo porque sua 
incidência e prevalência estão aumentando, o custo é elevado e medidas de prevenção precisam ser 
implementadas. O Inquérito Brasileiro de Diálise Crônica mostrou que em julho de 2013, o número 
total estimado de indivíduos em diálise no país foi de 100.397; a taxa anual de mortalidade bruta foi de 
17,9% e o número absoluto de indivíduos em diálise tem aumentado 3% ao ano nos últimos três anos. 
Como no Brasil não há dados fidedignos de DRC não dialítica, para fins de programação, a Secretaria 
de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) estima que 11,6% dos adultos mineiros (com idade 
igual ou superior a 20 anos) apresentem DRC em um dos seus estágios. Deste modo, considerando a 
relevância e o impacto da DRC na saúde da população brasileira, o presente estudo tem por objetivo 
central realizar o rastreio desta doença em adultos em uma Estratégia de Saúde da Família da cidade de 
Diamantina, Minas Gerais, bem como promover a capacitação dos profissionais médicos e enfermeiros 
deste município em relação à mesma. Foi realizado, através de análise das fichas do Sistema de 
Informação da Atenção Básica, o levantamento de todos os usuários com presença de algum fator de 
risco para o desenvolvimento da DRC na ESF Cazuza, Diamantina. Os usuários do Sistema Único de 
Saúde que apresentaram fatores de risco para DRC foram convidados a participar de entrevistas onde 
foram coletados dados sócio demográficos, comportamentais, comorbidades e antropométricos. Foram 
coletados materiais biológicos(sangue e urina) para realização dos exames de creatinina sérica e 
urinária, urina rotina e proteínas totais na urina. O valor da creatinina sérica foi utilizado para fazer a 
estimativa da Taxa de Filtração Glomerular (TFG) utilizando o nomograma baseado na equação 
Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (CKD-EPI). Na urina rotina, especial atenção foi 
dada à presença de hematúria de origem glomerular tendo como sinais a presença de cilindros 
hemáticos ou dismorfismo eritrocitário. Os resultados dos exames de proteínas totais na urina e 
creatinina urinária foram utilizados para calcular a relação proteinúria/creatininúria. Assim foi possível 
rastrear a presença da DRC em 191 indivíduos. Destes pacientes, 57,6% eram do sexo feminino, 73,8% 
de raça não branca, 64,4% possuía ensino fundamental incompleto, 81,2% eram sedentários, 13,1% 
apresentaram uso abusivo do álcool, 63,4% eram hipertensos, 10,0% eram diabéticos, 35,1% estavam 
obesos e 18,3% tinham história familiar de DRC. Com a estimativa da TFG obteve-se 53,4% no estágio 
1. O rastreio para DRC foi positivo para 14,2% dos pacientes. As informações obtidas dos pacientes 
foram utilizadas nas capacitações no formato de módulos de capacitação para médicos e enfermeiros 
 
 
que atuam na Estratégia de Saúde da Família de Diamantina, MG, sendo que estes treinamentos 
geraram uma melhora do nível de conhecimento dos profissionais participantes de 8,8%. Pode-se 
concluir a importância da atuação dos profissionais da atenção primária a saúde no controle dos fatores 
de risco para o desenvolvimento e progressão da DRC. 
PALAVRAS-CHAVE: Insuficiência Renal Crônica, Educação Continuada, Atenção Primária à 
Saúde, Prevenção de Doenças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Chronic Kidney Disease is an important public health problem all over the world because its incidence 
and prevalence have been growing, the cost to treat it is high, and prevention measures need to be 
implemented. The Brazilian Chronic Dialysis Survey has shown that in July 2013 the estimated total 
number of individuals on dialysis in the Brazil was 100,397; the annual crude death rate was 17.9%, 
and the absolute number of individuals on dialysis has grown by 3% a year over the last three years. 
Since there are no reliable data concerning non-dialytic CKD in Brazil, the Health Department of the 
State of Minas Gerais (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais – SES/MG), for planning 
purposes, estimates that 11.6% of the adults born in Minas Gerais (aged 20 or higher) present with 
CKD in one of its stages. Therefore, considering the relevance and impact of CKD on the health of the 
Brazilian population, the central aim of this study is to screen for this disease in adults in a Family 
Health Strategy in the city of Diamantina, state of Minas Gerais, as well as to promote the training of 
medical professionals and nurses in this municipality as far as CKD is concerned. Upon analysis of the 
records of the Basic HealthCare Information System, data were compiled on all users presenting any 
risk factor for the development of CKD in the Cazuza FHS in Diamantina. Users of the Brazilian 
Unified Health System (SUS) who presented risk factors for CKD were invited to participate in 
interviews where socio-demographic, behavioral, comorbidity, and anthropometric data were gathered. 
Biological materials (blood and urine) were collected for serum and urine creatinine, routine urine, and 
total urine protein tests. The value of serum creatinine was utilized to estimate the Glomerular 
Filtration Rate (GFR) using the nomogram based on the Chronic Kidney Disease Epidemiology 
Collaboration(CKD-EPI) equation. In the routine urine test, special attention was given to the presence 
of hematuria of glomerular origin characterized by the presence of red blood cell casts or 
dysmorphic erythrocytes.The results of the total urine protein and urine creatinine tests were utilized to 
calculate the proteinuria/creatinuria ratio. Thus, it was possible to screen the presence of CKD in 191 
individuals. Out of these patients, 57.6% were females, 73.8% were non-whites, 64.4% had not 
completed their primary education, 81.2% were sedentary, 13.1% were alcohol abusers, 63.4% were 
hypertensives, 10.0% were diabetics, 35.1% were obese, and 18.3% had a family history of CKD. 
According to the GFR estimate, 53.4% of the individuals are in stage 1. The screening for CKD was 
positive for 14.2% of the patients. The information obtained from patients was utilized in the training 
provided to physicians and nurses who work in the Family Health Strategy in Diamantina, MG. This 
 
 
training, carried out in modules, improved by 8.8% the level of knowledge of the professionals who 
attended it. Hence, it can be concluded that the actions of primary health care professionals are 
important to control risk factors leading to the development and progression of CKD. 
KEYWORDS: Renal Insufficiency Chronic, Education Continuing, Primary Health Care, Disease 
Prevention. 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 Página 
Figura 1 - O sistema urinário masculino .............................................................................. 30 
Figura 2 - O rim ................................................................................................................... 31 
Figura 3 - O néfron ............................................................................................................... 32 
Figura 4 – Fatores de Risco para o desenvolvimento da Doença Renal Crônica ................ 35 
Figura 5 - Ultrassonografia normal do rim direito .............................................................. 40 
Figura 6 - Critérios para Doença Renal Crônica (qualquer um dos seguintes presentes 
por mais de 3 meses) .......................................................................................... 
 
41 
Figura 7 - Estágios da Doença Renal Crônica baseados na taxa de filtração glomerular e 
presença ou não de lesão do parênquima renal .................................................. 
 
44 
Figura 8 - Taxa de Filtração Glomerular baseada na equação Chronic Kidney Disease 
Epidemiology Collaboration (CKD-EPI) nas mulheres ...................................... 
 
46 
Figura 9 - Taxa de Filtração Glomerular baseada na equação Chronic Kidney Disease 
Epidemiology Collaboration (CKD-EPI) nos homens ........................................ 
 
47 
Figura 10 - Classificação prognóstica da Doença Renal Crônica ......................................... 50 
Figura 11 - Transição dos sistemas de saúde ......................................................................... 53 
Figura 12 - Mapa de Minas Gerais com a localização do município de Diamantina e de 
Belo Horizonte .................................................................................................... 
 
60 
Figura 13 - Frequência relativa de ocorrência dos fatores de risco para DRC em usuários 
com idade entre 20 e 80 anos cadastrados nas microáreas da zona urbana da 
Estratégia de Saúde da Família Cazuza, Diamantina, MG, 2015 ....................... 
 
 
85 
 
 
Figura 14 - Medicamentos com potencial de nefrotoxicidade utilizados por sujeitos 
portadores de algum fator de risco para DRC com idade entre 20 e 80 anos 
cadastrados nas microáreas da zona urbana da Estratégia de Saúde da Família 
Cazuza, Diamantina, MG, 2015 .......................................................................... 
 
 
 
86 
Figura 15 - Comparação entre os resultados obtidos a partir da análise das respostas dadas 
pelos participantes aos questionários pré e pós-capacitação, aplicados aos 
profissionais (médicos e enfermeiros) das Estratégias de Saúde da Família de 
Diamantina, MG, 2015 ........................................................................................94 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 Página 
Tabela 1 - Fórmula Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (Adultos) 
baseada na concentração creatinina sérica, em mL/min ………......................... 
 
45 
Tabela 2 - Usuários cadastrados na Estratégia de Saúde da Família Cazuza ....................... 63 
Tabela 3 - Equipes de Saúde da Família do município de Diamantina, Minas Gerais ........ 64 
Tabela 4 - Dados sócio demográficos dos usuários portadores de algum fator de risco 
para DRC com idade entre 20 e 80 anos cadastrados nas microáreas da zona 
urbana da Estratégia de Saúde da Família Cazuza, Diamantina, MG, 2015 ....... 
 
 
78 
Tabela 5 - Estratificação em faixa etária os usuários participantes da pesquisa .................. 79 
Tabela 6 - Dados comportamentais e de comorbidades dos usuários portadores de algum 
fator de risco para DRC com idade entre 20 e 80 anos cadastrados nas 
microáreas da zona urbana da Estratégia de Saúde da Família Cazuza, 
Diamantina, MG, 2015 ........................................................................................ 
 
 
 
82 
Tabela 7 - Frequência relativa da Taxa de Filtração Glomerular estimada em usuários 
portadores de algum fator de risco para DRC com idade entre 20 e 80 anos 
cadastrados nas microáreas da zona urbana da Estratégia de Saúde da Família 
Cazuza, Diamantina, MG, 2015 .......................................................................... 
 
 
88 
Tabela 8 - Frequência relativa do rastreio para Doença Renal Crônica em usuários 
portadores de algum fator de risco para DRC com idade entre 20 e 80 anos 
cadastrados nas microáreas da zona urbana da Estratégia de Saúde da Família 
Cazuza, Diamantina, MG, 2015 .......................................................................... 
 
 
 
88 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 9 - Análise das variáveis associadas ao rastreio positivo para Doença Renal 
Crônica em usuários portadores de algum fator de risco para DRC com idade 
entre 20 e 80 anos cadastrados nas microáreas da zona urbana da Estratégia de 
Saúde da Família Cazuza, Diamantina, MG, 2015 ............................................. 
 
 
 
90 
Tabela 10 - Dados sócio demográficos e profissionais dos médicos e enfermeiros atuantes 
nas Estratégias de Saúde da Família de Diamantina, MG, 2015 ......................... 
 
92 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ACS Agentes Comunitários de Saúde 
APS Atenção Primária à Saúde 
BRA Bloqueadores do Receptor da Angiotensina II 
CEP Comitê de Ética em Pesquisa 
CKD-EPI Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration 
CNS Conselho Nacional de Saúde 
DAC Doença do Aparelho Circulatório 
DCNT Doença Crônica Não-Transmissível 
DM Diabetes Mellitus 
DRC Doença Renal Crônica 
DRET Doença Renal Crônica em Estágio Terminal 
DRT Doença Renal Terminal 
EAS Exame Sumário de Urina 
EPS Educação Permanente em Saúde 
ESF Estratégia de Saúde da Família 
E-SUS AB E-SUS Atenção Básica 
EUA Estados Unidos da América 
HAS Hipertensão Arterial Sistêmica 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal 
IECA Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina 
IMC Índice de Massa Corpórea 
IRC Insuficiência Renal Crônica 
KDIGO Kidney Disease Improving Global Outcomes 
LILACS Scientific Eletronic Library Online 
MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval System Online 
MESA Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis 
MG Minas Gerais 
NHANES National Health and Nutrition Examination Surveys 
 
 
PA Pressão Arterial 
PNEPS Política Nacional de Educação Permanente em Saúde 
PNAB Política Nacional da Atenção Básica 
RAC Relação Albumina/Creatinina 
RCV Risco Cardiovascular 
RPC Relação Proteína/Creatinina 
SCORED Screening for Occult Renal Disease 
SES/MG Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais 
SIAB Sistema de Informação da Atenção Básica 
SMS Secretaria Municipal de Saúde 
SUS Sistema Único de Saúde 
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
TFG Taxa de Filtração Glomerular 
TRS Terapia Renal Substitutiva 
UBS Unidade Básica de Saúde 
UFVJM Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 Página 
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................. 25 
2. REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... 28 
 2.1 O Sistema Urinário .......................................................................................... 29 
 2.2 O Rim ................................................................................................................ 30 
 2.3 Manifestações Clínicas das Doenças Renais.................................................. 33 
 2.4 Doença Renal Crônica ..................................................................................... 34 
 2.4.1 Cenário Atual ....................................................................................... 34 
 2.4.2 Definição .............................................................................................. 34 
 2.4.3 Fatores de Risco ................................................................................... 35 
 2.4.4 Diagnóstico .......................................................................................... 38 
 2.4.5 Estadiamento ........................................................................................ 43 
 2.4.6 Sinais e Sintomas ................................................................................. 47 
 2.4.7 Preditores de Progressão ...................................................................... 48 
 2.4.8 Tratamento ........................................................................................... 51 
 2.4.9 Critérios para Encaminhamento ........................................................... 52 
 2.4.10 Atenção à Saúde no Brasil ................................................................... 52 
 2.5 Educação Permanente em Saúde .................................................................... 54 
3. OBJETIVOS ................................................................................................................. 56 
 3.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 57 
 3.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 57 
4. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 58 
 4.1 Revisão Bibliográfica ....................................................................................... 59 
 4.2 Tipo de Estudo .................................................................................................. 59 
 
 
 4.3 Local de Estudo ................................................................................................ 59 
 4.4 Aspectos Éticos ................................................................................................. 61 
 4.5 Escolha do Cenário .......................................................................................... 62 
 4.6 População do Estudo ........................................................................................ 62 
 4.6.1 Critérios de Inclusão e Exclusão .......................................................... 64 
 4.7 Quantitativo dos participantes ........................................................................ 65 
 4.7.1 Profissionais da Saúde ......................................................................... 65 
 4.7.2 Cálculo do tamanho amostral de usuários ...........................................65 
 4.7.3 Total de participantes ........................................................................... 67 
 4.8 Recrutamento dos sujeitos .............................................................................. 67 
 4.9 Teste Piloto ....................................................................................................... 68 
 4.10 Fases da Pesquisa ............................................................................................. 69 
 4.10.1 Levantamento dos usuários com idade entre 20 e 80 anos com fator 
de risco para DRC ................................................................................ 
 
70 
 4.10.2 Caracterização do perfil dos usuários com fator de risco para DRC ... 70 
 4.10.3 Realização dos exames laboratoriais dos usuários com fator de risco 
para DRC ............................................................................................. 
 
71 
 4.10.4 Aplicação do questionário pré-capacitação para profissionais da APS 
sobre DRC ............................................................................................ 
 
72 
 4.10.5 Realização das capacitações para profissionais da saúde da APS de 
Diamantina ........................................................................................... 
 
73 
 4.10.6 Aplicação do questionário pós-capacitação para profissionais da 
APS sobre DRC ................................................................................... 
 
74 
 4.11 Análise dos dados ............................................................................................. 75 
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 76 
 5.1 Usuários ............................................................................................................ 77 
 
 
 5.2 Profissionais da saúde ...................................................................................... 91 
6. CONCLUSÕES ............................................................................................................ 96 
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 98 
 ANEXOS ....................................................................................................................... 107 
 APÊNDICES................................................................................................................ 122 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GLOSSÁRIO 
 
Anúria: ausência de fluxo urinário. 
Azotemia: teor de nitrogênio (azoto) de procedência não proteica no sangue constituído pelo 
nitrogênio da ureia, das bases púricas, do ácido úrico, da creatinina e do amoníaco. 
Bacteriúria: presença de bactérias em número excessivo na urina. 
Cilindrúria: presença de cilindros urinários na urina. 
Esclerose: endurecimento patológico de um tecido devido à proliferação de seu tecido conectivo, 
acompanhado por aumento do colágeno e de rarefação progressiva das células. A esclerose constitui 
frequentemente o estádio terminal de uma lesão inflamatória, podendo às vezes ocorrer sem fenômenos 
inflamatórios aparentes, sob a influência de distúrbios metabólicos, enzimáticos ou hormonais. 
Estenose: diminuição patológica permanente de um ducto ou óstio orgânico (também chamada 
estreitamento ou constrição) 
Hematúria: presença de hemácias na urina. 
Lipidúria: presença de lipídios na urina. 
Necrose: processo de degeneração levando a destruição de uma célula ou tecido. 
Nefrectomia: ablação total ou parcial de um rim. 
Nefrectomizado: que sofreu nefrectomia. 
Nictúria: emissão de urina mais frequente ou mais abundante à noite do que de dia. 
Oligúria: diminuição da quantidade de urina emitida em 24 horas. 
Pielonefrite: afecção inflamatória de origem bacteriana interessando a pelve renal e o parênquima 
renal. 
Piúria: presença de pus na urina. 
Polidipsia: sede excessiva. 
 
 
Poliúria: formação excessiva de urina. 
Proteinúria: presença de proteínas na urina. 
Uremia: conjunto de manifestações tóxicas que acompanham a retenção no organismo (sobretudo no 
sangue) de produtos nitrogenados que são normalmente eliminados na urina (principalmente a ureia), 
com mais frequência secundária a insuficiência renal grave. 
 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” 
 
 
Cora Coralina 
 
 
 
 
 
 
26 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 Uma mudança demográfica e epidemiológica está ocorrendo em nosso país. O número 
de idosos está aumentando a cada dia. Esse fato deve ser comemorando, pois representa a 
melhoria das condições socioeconômicas da população. No entanto, esse fato traz 
consequências financeiras para o sistema de saúde, uma vez que idosos geralmente demandam 
mais serviços e medicações. Essas alterações demográficas têm potenciais implicações 
dramáticas para doenças, como a Doença Renal Crônica (DRC), para a qual a prevalência 
aumenta com a idade. 
 A transição epidemiológica, acarretou no aumento da prevalência de Doenças Crônicas 
Não-Transmissíveis (DCNT), como a Obesidade, a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o 
Diabetes Mellitus (DM), também promovem impactos expressivos na ocorrência da DRC, 
tendo em vista, que as principais causas de DRC dialítica são a hipertensão e o diabetes. 
 Diante dessas mudanças, a DRC tornou-se um importante problema de saúde pública em 
todo o mundo. A incidência e prevalência estão aumentando, o custo gerado pela patologia é 
elevado e medidas de prevenção necessitam ser implementadas. 
 No Brasil, não existem dados fidedignos sobre a prevalência da DRC não dialítica. O 
Inquérito Brasileiro de Diálise Crônica mostrou que em julho de 2013, o número total estimado 
de indivíduos em diálise no país foi de 100.397; a taxa anual de mortalidade bruta foi de 17,9% 
e o número absoluto de indivíduos em diálise tem aumentado 3% ao ano nos últimos três anos 
(SESSO, 2014). Esses dados reforçam a importância de medidas preventivas em relação à DRC. 
Define-se como DRC quando um adulto com idade igual ou superior a 18 anos, por um período 
de três meses ou mais, apresenta Taxa de Filtração Glomerular (TFG) menor que 60 
mL/min/1,73 m
2 
ou mesmo que seja superior a 60 mL/min/1,73 m
2
, mas apresente alguma 
evidência de lesão da estrutura renal. Tomando-se essa definição, para fins de planejamento e 
levando-se em consideração que as causas e os fatores de risco para a DRC no Brasil são 
semelhantes àqueles dos Estados Unidos e da Europa, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas 
Gerais (SES/MG) estima que 11,6% dos adultos mineiros (com idade igual ou superior a 20 
anos) apresentem DRC em algum dos seus estágios (MINAS GERAIS, 2013). 
 Deste modo, considerando a relevância e o impacto da DRC na saúde da população 
27 
 
brasileira, o presente estudo teve por objetivo central realizar o rastreio desta doença em adultos 
em uma Estratégia de Saúde da Família (ESF) da cidade de Diamantina, Minas Gerais (MG), 
bem como promover a capacitação dos profissionais médicos e enfermeiros deste município em 
relação à mesma. 
 Vale ressaltar que a maior motivação para a realização deste trabalho vem da 
experiência pessoal como médica de família e comunidade que tem como vertentes de trabalho, 
a promoção da saúde e prevenção de doenças. Vislumbro a possibilidade de alertar pacientes e 
profissionais da saúde para um olhar atento à DRC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referencial Teórico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A educação é a mais poderosa arma pela qual se pode mudar o mundo” 
 
 
Nelson Mandela 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1 O sistema urinárioO sistema urinário é constituído por rins, ureteres, bexiga e uretra. Observe sua representação 
na Figura 1. Os órgãos urinários superiores (rins e ureteres) são estruturas retroperitoneais, pois 
localizam-se na parede posterior do abdome. Os rins são ovóides, com formato de feijão, estão 
situados um de cada lado da coluna vertebral no nível das vértebras T12 - L3. Os rins estão 
relacionados ao diafragma, desta forma, a cada movimento de respiração profunda os rins movem-se 2 
- 3 centímetros em direção vertical. O rim direito localiza-se um pouco mais baixo do que o rim 
esquerdo, em decorrência à relação com o fígado. Cada rim de um humano adulto pesa cerca de 150 
gramas e tem o tamanho aproximado de uma mão fechada. Os rins funcionam como filtros, retiram o 
excesso de água, sais e resíduos do sangue, enquanto devolvem nutrientes e substâncias químicas ao 
sangue. Os rins produzem urina, que é transportada pelos ureteres para a bexiga na pelve (MOORE; 
DALLEY, 2007). Os ureteres são ductos musculares (25 – 30 centímetros de comprimento) com luzes 
estreitas que conduzem urina dos rins para a bexiga. A bexiga urinária é uma bolsa localizada 
posteriormente a sínfise púbica e que funciona como reservatório de urina. A bexiga quando está cheia 
pode armazenar 500 mL de urina, mas o desejo de micção já ocorre com 350 mL. A uretra é o último 
segmento das vias urinárias, sendo um tubo mediano que estabelece contato entre a bexiga e meio 
exterior. Vale ressaltar as diferenças desta estrutura nos dois sexos. No homem, possui de oito a onze 
centímetros de comprimento, sendo uma via comum para micção e ejaculação. Na mulher, apresenta 
quatro centímetros de comprimento e serve apenas para a excreção da urina (DANGELO; FATTINI, 
2007). 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
Figura 1 - O sistema urinário masculino 
 
 Fonte: DANGELO; FATTINI, 2007 
 
2.2 O Rim 
 
 O parênquima renal, ou seja, o tecido renal propriamente dito, é constituído por duas camadas 
visivelmente distintas: a cortical, mais externa e a medular, mais interna. Envolvendo o contorno 
externo dos rins temos uma membrana de tecido conjuntivo, a cápsula renal. A região central da borda 
côncava do rim, por onde chegam vasos e nervos que suprem o órgão, é conhecida como hilo renal 
(MOORE; DALLEY, 2007). 
 A urina formada no parênquima renal é despejada numa complexa rede de cavidades: os 
cálices renais menores, os cálices renais maiores e a pelve renal. Os cálices maiores são formados 
normalmente pela confluência de três ou quatro cálices menores, enquanto a pelve renal costuma ser 
formada pela confluência de dois ou três cálices maiores (DANGELO; FATTINI, 2007). 
 O aspecto macroscópico de um rim é representado esquematicamente na Figura 2. 
 
 
31 
 
Figura 2 - O rim 
 
 Fonte: GUYTON; HALL, 2011 
 
 A artéria renal, ao entrar no parênquima dos rins, ramifica-se em direção ao córtex. Na região 
cortical são identificados pequenos e importantes ramos, que recebem a denominação de arteríola 
aferente. Esta dá origem a uma série de alças capilares que se enovelam para formar uma estrutura 
arredondada denominada glomérulo (GUYTON; HALL, 2011). 
 A camada cortical, ou Córtex renal, contém os glomérulos, sendo responsável pela depuração 
do sangue que chega aos rins, dando início a formação do filtrado, precursor da urina. Os glomérulos 
são envolvidos pela Cápsula de Bowman. A camada medular, ou Medula Renal, é formada 
macroscopicamente por 10 – 18 estruturas cônicas: as pirâmides de Malpighi (DANGELO; FATTINI, 
2007). 
 O néfron é a unidade funcional dos rins, ou seja, é responsável pela gênese da urina. É uma 
estrutura microscópica formada pela associação do corpúsculo de Malpighi, contendo o tufo 
glomerular, com o sistema tubular, composto pelo túbulo contorcido proximal, alça de Henle, túbulo 
contorcido distal e túbulo coletor (GOSS, 1988). Os rins possuem em média 1,6 milhões de néfrons, 
32 
 
não sendo possível regenerar novos néfrons. Desta forma, com a lesão renal, doença ou 
envelhecimento, há um gradual declínio no número de néfrons. 
 A Figura 3 ilustra a imagem de um néfron com sua disposição. 
 
Figura 3 – O néfron 
 
 Fonte: GUYTON; HALL, 2011 
 
 Os rins possuem muitas funções como a excreção dos metabólitos; a manutenção das 
concentrações e dos conteúdos corpóreos de eletrólitos e dos volumes de fluidos intracelulares e 
extracelulares; regulação da pressão sanguínea e várias funções endócrinas. Dentre as funções 
endócrinas dos rins, vale ressaltar a regulação do metabolismo dos ossos e minerais, da hematopoiese 
(eritropoetina), e da função adrenal (renina). Toda essa grande dimensão de funções dos rins é 
importante conhecer porque isso possibilitará antever as várias complicações previsíveis da DRC. 
(GOLDMAN; AUSIELLO, 2009). 
33 
 
2.3 Manifestações Clínicas das Doenças Renais 
 
 As doenças dos rins são tão complexas quanto a sua estrutura. Na sequência, apresenta-se, 
segundo Cotran; Kumar; Collins (2000), uma pequena descrição das manifestações clínicas das 
doenças renais, algumas agrupadas em síndromes. 
- A Síndrome Nefrítica Aguda é uma síndrome glomerular caracterizada pelo início agudo de 
hematúria visível habitualmente macroscópica, proteinúria leve a moderada e hipertensão. 
- A Síndrome Nefrótica caracteriza-se por proteinúria maciça, hipoalbuminemia, edema grave, 
hiperglicemia e lipidúria. 
- A hematúria ou proteinúria assintomáticas, ou a combinação das duas, refletem manifestações de 
anormalidades glomerulares sutis e leves. 
- A insuficiência renal aguda caracteriza-se por oligúria ou anúria, com início recente de azotemia. 
Pode resultar de lesão glomerular, intersticial e vascular ou de necrose tubular aguda. 
- A insuficiência renal crônica, caracterizada por sinais e sintomas prolongados de uremia, constitui o 
resultado final de todas as doenças renais crônicas. 
- Os defeitos tubulares renais são denominados por poliúria, nictúria e distúrbios eletrolíticos. 
Resultam de doenças que afetam diretamente a estrutura tubular ou de defeitos em funções tubulares 
específicas. 
- A infecção das vias urinárias caracteriza-se por bacteriúria e piúria. A infecção pode ser sintomática 
ou assintomática, podendo afetar o rim (pielonefrite) ou a bexiga (cistite). 
- A nefrolitíase manifesta-se por cólica renal, hematúria e formação recorrente de cálculos. 
- A obstrução das vias urinárias e os tumores renais representam lesões anatômicas específicas com 
manifestações clínicas frequentemente variadas. 
 
 
 
 
34 
 
2.4 Doença Renal Crônica 
 
2.4.1 Cenário Atual 
 
 A Doença Renal Crônica (DRC) vem se tornando um problema de saúde pública em 
decorrência de diversas transformações, como no perfil de morbimortalidade da população (mudança 
epidemiológica) e também pela mudança demográfica. Existe atualmente, um predomínio das doenças 
crônico degenerativas acarretando uma maior expressão da DRC. O crescimento da população idosa e 
da prevalência de obesidade levou a um aumento das doenças crônicas, com destaque para o diabetes 
mellitus e a hipertensão arterial, principais causas de falência renal em todo o mundo (ATKINS, 
2005). 
 O reconhecimento da DRC como um problema de saúde pública reforça a importância de 
políticas para sua prevenção e detecção precoces, bem como para o tratamento de suas complicações 
(DUNCAN et al., 2013). 
 Há poucos estudos disponíveis sobre a prevalência da doença renal no Brasil (BASTOS et al., 
2009). Para se obter uma intervenção correta da DRC em termos de políticas públicas de saúde, 
precisamos avançar mais no conhecimento da dimensão da DRC no país (MATOS; LUGON, 2014). 
 
2.4.2 Definição 
 
 A DRC é um processo fisiopatológico de múltiplas etiologias, resultando em inexorável 
desgaste do número e dafunção dos néfrons e, com frequência, causando Doença Renal Terminal 
(DRT) (LONGO et al., 2013). 
 Será considerado portador da DRC qualquer indivíduo, independente da causa, que apresente 
por pelo menos três meses consecutivos uma Taxa de Filtração Glomerular (TFG) inferior a 
60mL/min/1,73m² ou apresente TFG igual ou superior a 60 mL/min/1,73m² associado à pelo menos 
um marcador de dano renal parenquimatoso ou alteração no exame de imagem (BRASIL, 2014a). 
 Foi publicada em 2013, a nova versão das diretrizes sobre DRC, elaboradas pelo Kidney 
35 
 
Diasease: Improving Global Outcomes (KDIGO) (KIRSZTAJN et al., 2014). 
A definição da DRC – anormalidades da estrutura e/ou função dos rins presentes por mais de 
três meses – foi mantida; mas foram acrescentadas as palavras ”com implicação para a saúde”. 
O objetivo desse acréscimo foi ressaltar que uma variedade de anormalidades na estrutura e 
função dos rins pode existir, porém, nem todas têm implicações clínicas indesejáveis para a 
saúde do indivíduo e, assim, necessitam ser devidamente contextualizadas (KIRSZTAJN et al., 
2014). 
 
2.4.3 Fatores de Risco 
 
 Fator de risco, em se tratando de saúde, é qualquer situação que aumente a probabilidade de 
ocorrência de uma doença ou agravo à saúde. A Figura 4 ilustra quais são os fatores de risco para o 
desenvolvimento da DRC (BRASIL, 2014a). 
 
Figura 4 – Fatores de Risco para o desenvolvimento da Doença Renal Crônica 
 
 Fonte: Elaboração própria 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAde
https://pt.wikipedia.org/wiki/Probabilidade
36 
 
1. Diabetes Tipo 1 ou Tipo 2 
 Existem três critérios aceitos para a confirmação do diagnóstico de diabetes: Sintomas de 
poliúria, polidipsia e perda ponderal acrescidos de glicemia casual > 200 mg/dL; Glicemia de jejum ≥ 
126 mg/dL em duas ocasiões ou Glicemia de 2 horas pós-sobrecarga de 75 g de glicose > 200 mg/dL 
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2015). 
 O diabetes afeta as arteríolas, causando esclerose arteriolar; aumentando a suscetibilidade ao 
desenvolvimento de pielonefrite e necrose papilar, provocando ainda uma variedade de lesões 
tubulares. O termo Nefropatia Diabética é aplicado ao conglomerado de lesões que quase sempre 
ocorrem concomitantemente no rim diabético (COTRAN; KUMAR; COLLINS, 2000). 
 
2. Hipertensão Arterial Sistêmica 
 A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição clínica na qual os níveis da pressão 
arterial encontram-se elevados e sustentados (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 
2010). 
 O mecanismo de ação para explicar como a hipertensão lesa o rim ainda não foi 
completamente definido. No entanto, há duas propostas de explicação para o desenvolvimento da 
insuficiência renal na presença de hipertensão: isquemia glomerular devido ao progressivo 
estreitamento vascular e esclerose glomerular devido à perda da auto-regulação renal e transmissão da 
hipertensão para o capilar glomerular (BORTOLOTTO, 2008). 
 A hipertensão arterial sistêmica e a função renal estão intimamente relacionadas, podendo ser a 
hipertensão tanto causa como consequência de uma doença renal (COTRAN; KUMAR; COLLINS, 
2000). 
 
3. Idade 
 A idade avançada é fator de risco, englobando todos os indivíduos com idade igual ou acima 
de 60 anos (BRASIL, 2014b). 
 Após os 40 anos de idade, o número de néfrons diminui cerca de 10% a cada 10 anos 
(GUYTON; HALL, 2011). Com a idade, as artérias interlobulares acumulam progressivamente uma 
37 
 
fibroplasia da íntima, o que acarreta estenoses e uma heterogeneidade glomerular. 
 A senescência deve ser compreendida como um processo natural de envelhecimento, de 
diminuição progressiva da reserva funcional dos indivíduos, o que em condições normais, não costuma 
provocar qualquer problema. Cabe ressaltar que certas alterações decorrentes do processo de 
senescência podem ter seus efeitos minimizados pela adoção de um estilo de vida mais ativo. Em 
contrapartida, em condições de sobrecarga como, doenças, acidentes e estresse emocional, pode-se 
ocorrer a senelidade que trata-se de uma condição patológica que requeira assistência. As doenças 
crônicas não-transmissíveis (DCNT) podem afetar a funcionalidade das pessoas idosas e 
consequentemente interferir negativamente da qualidade de vida dos idosos (BRASIL, 2006). 
 Especial atenção deve ser dada aos idosos, pelo fato de quando sofrem um agravo renal 
agudo, se já tiverem doença renal crônica, têm um risco elevado de doença renal terminal (RIELLA, 
2010). 
 
 4. Obesidade 
 Por alguns motivos como facilidade de mensuração, técnica não invasiva e baixo custo, na 
prática clínica, utiliza-se o Índice de Massa Corpórea (IMC) para avaliar o peso do paciente (BRASIL, 
2014b). Portanto, são considerados indivíduos obesos os que apresentam IMC ≥ 30 Kg/m². 
 Segundo Paula et al: 
A epidemia de obesidade que atinge a maioria dos países ocidentais é acompanhada 
por uma elevação alarmante no número de casos novos de doença renal crônica (DRC). 
A obesidade cursa com alterações hemodinâmicas renais caracterizadas por aumento 
do fluxo plasmático renal, hiperfiltração glomerular e retenção salina. A estas 
alterações, freqüentemente, se superpõem co-morbidades como o diabete melito e a 
hipertensão arterial, consideradas duas das causas mais freqüentes de DRC. Além 
disso, a obesidade pode acelerar a evolução de glomerulopatias preexistentes e pode 
induzir lesão renal de novo em pacientes uninefrectomizados. Finalmente, a obesidade 
tem sido associada a um tipo específico de lesão glomerular, manifesta por proteinúria, 
glomerulomegalia e esclerose glomerular segmentar e focal, o que também contribui 
para a gênese da DRC. (PAULA et al., 2006). 
 
5. Histórico de doença do aparelho circulatório 
 As doenças do aparelho circulatório englobam a doença coronariana, acidente vascular 
cerebral, doença vascular periférica e insuficiência cardíaca. 
 Rim e coração compartilham funções e cooperam em conjunto para manutenção da 
38 
 
homeostasia corporal. A relação íntima desses dois órgãos vitais permite manter a estabilidade 
hemodinâmica e uma perfusão eficaz de todos os tecidos. Alterações funcionais leves num dos órgãos 
são compensadas pelo outro. Entretanto, esta compensação é insuficiente e nociva quando a alteração 
é importante (SILVA, 2013). 
 
6. História familiar de DRC 
 Os distúrbios com herança monogênica nítida representam uma parte pequena, porém 
importante, entre as etiologias da DRC. A doença renal policística autossômica dominante é o 
distúrbio mais comum em nível mundial (LONGO, 2013). 
 
7. Tabagismo 
 O ato de fumar produz em torno de 4000 partículas e gases, alguns com efeito nefrotóxico 
(COOPER, 2006). Dentre as partículas, especial atenção deve ser dada aos metais pesados que 
apresentam toxicidade tubular como o cádmio e chumbo, podendo atingir concentrações séricas acima 
de 40% em fumantes (SATARUG; MOORE, 2004). As modificações hemodinâmicas, como aumento 
da pressão arterial, da frequência cardíaca e da resistência vascular periférica são causadas pela ação 
da nicotina, em receptores específicos colinérgicos (HANSEN et al., 1996). 
 
8. Uso de agentes nefrotóxicos – vide anexo A 
 Os fármacos podem produzir lesão renal pelo menos de três maneiras: podem desencadear uma 
reação imunológica intersticial; podem causar insuficiência renal aguda e podem causar lesão sutil, 
porém, cumulativa dos túbulos, que leva anos para se manifestar, resultando em insuficiência renal 
crônica (COTRAN; KUMAR; COLLINS, 2000). 
 
2.4.4 Diagnóstico 
 
 Como a DRC é na maior parte dos casos assintomática até muito tardiamente na evolução 
clínica, faz necessária a utilização de exames laboratoriais para determinar a presença e a extensão da 
39 
 
disfunção renal (HENRY, 2008). 
 Para se estabelecer o diagnóstico, alguns recursos devem ser utilizados para identificar o 
paciente portadorda DRC como a TFG, o exame de urina e um exame de imagem (BRASIL, 2014a). 
 A avaliação da TFG deve ser feita através da dosagem da creatinina sérica. Com este resultado, 
é possível fazer a estimativa da TFG com os nomogramas da equação Chronic Kidney Disease 
Epidemiology Collaboration - CKD-EPI (MAGACHO et al., 2012). 
 A creatinina é produto da degradação da creatina muscular, está presente em valores estáveis 
no plasma. A creatinina é excretada na circulação em uma taxa relativamente constante, que é 
proporcional a massa muscular do indivíduo. A creatinina é filtrada livremente pelos glomérulos, mas 
não é reabsorvida pelos túbulos; entretanto, é secretada na urina pelo túbulo proximal (HENRY, 
2008). 
 As alterações parenquimatosas devem ser analisadas através do exame do sumário de urina 
(EAS) e pela pesquisa de proteína na urina. Atenção deve ser dada à presença de hematúria de origem 
glomerular que se determina pelo achado de cilindros hemáticos ou dismorfismo eritrocitário 
(BRASIL, 2014a). 
 Dando sequência ao diagnóstico para DRC é necessário a realização da dosagem inicial de 
proteinúria, deve-se dar preferência à amostra da primeira urina da manhã, usando-se como primeira 
opção a relação albumina/creatinina na urina (RAC) e em segundo plano a relação proteína/creatinina 
na urina (RPC) (KIRSZTAJN et al., 2014). 
 A avaliação de imagem deve ser feita preferencialmente com a ultrassonografia dos rins e vias 
urinárias em pacientes com história familiar de DRC, infecção urinária de repetição e doenças 
urológicas. A ultrassonografia é a investigação de primeira escolha na maioria dos pacientes, 
fornecendo informações anatômica sem fazer uso de radiação ionizante ou uso de contraste 
intravenoso (ARMSTRONG; WASTIE; ROCKALL, 2006). A figura 5 apresenta uma imagem de 
ultrassonografia do rim direito sem alterações. 
 
 
 
40 
 
Figura 5 – Ultrassonografia normal do rim direito 
 
 Fonte: ARMSTRONG; WASTIE; ROCKALL, 2006 
 
 Ressalta-se que todos os pacientes portadores de algum fator de risco para desenvolver a DRC 
devem ser submetidos à dosagem da creatinina sérica, estimativa da TFG e ao EAS, anualmente 
(BRASIL, 2014a). 
 Vale ressaltar que a creatinina, embora amplamente disponível na maioria dos laboratórios de 
analises clínicas, não deve ser isoladamente usada para a avaliação da função renal. Tendo em vista, 
que podem ser observados valores ”normais” de creatinina em pacientes com diminuição importante 
da função renal (RIELLA, 2010). 
 No KDIGO 2012 (KIRSZTAJN et al., 2014) são reforçados os critérios a serem utilizados para 
diagnóstico de DRC, os quais são apresentados na figura 6. 
 
 
 
 
41 
 
Figura 6 - Critérios para Doença Renal Crônica (qualquer um dos seguintes presentes por mais de 3 
meses). 
Marcadores de lesão renal (um ou mais): 
a) Albuminúria (> 30 mg/24h; relação albumina/creatinina 30 mg/g) 
b) Anormalidades no sedimento urinário 
c) Distúrbios eletrolíticos e outros devido a lesões tubulares 
d) Anormalidades detectadas por exame histológico 
e) Anormalidades estruturais detectadas por exame de imagem 
f) História de transplante renal 
g) TFG diminuída: < 60mL/min/1,73m
2 
(categorias de TFG G3a – G5) 
DRC: Doença renal crônica; TFG: Taxa de filtração glomerular 
Fonte: KIRSZTAJN et al., 2014
 
 
a) Albuminúria 
 Um dos principais marcadores de lesão do parênquima renal é a albuminúria ou proteinúria que 
pode ser facilmente realizada usando-se fitas de imersão urinária (RIELLA, 2010). 
 A membrana glomerular, normalmente, impede a passagem da maior parte das moléculas 
protéicas relativamente grandes do sangue para a urina. Entretanto, uma pequena quantidade é filtrada, 
e uma fração desta é reabsorvida pelos túbulos, sendo o restante excretado. Vale ressaltar que essas 
quantidades não são detectadas pelos métodos clínicos de rotina. Tendo em vista, o tamanho molecular 
relativamente pequeno da albumina, essa tende a se tornar o principal constituinte da proteinúria 
(RAVEL, 1997). 
 
b) Anormalidades no sedimento urinário 
 O exame de urina é um dos exames mais importantes para a função renal, pois ele pode 
fornecer uma quantidade significativa de informações. A urinálise de rotina consiste em dois espectros 
importantes: - determinações fisioquímicas (aspecto, densidade específica, e determinações de fita 
reagente e – exame de microscopia de campo claro ou de contraste de fase para evidenciar hematúria, 
piúria, cilindros (cilindrúria) e cristalúria (HENRY, 2008). 
 Como mencionado anteriormente, especial atenção deve ser dada aos cilindros hemáticos e ao 
42 
 
dismorfismo eritrocitário. A presença de cilindros hemáticos ou eritrocitários na urina é muito 
significativa, pois eles indicam sangramento no néfron (RIELLA, 2010). 
 Os eritrócitos são encontrados na urina em pequenos números (0 a 2 células/hpf) na urina 
normal. De acordo com a morfologia dos eritrócitos urinários, tenta-se localizar o sítio de origem da 
hematúria. Os eritrócitos com protrusões ou fragmentação celulares são denominados cilindros 
dismórficos, sua presença nas amostras de urina é altamente sugestivo de sangramento de origem renal 
(ERICHSEN et al., 2009). 
 
c) Distúrbios eletrolíticos e outros devido a lesões tubulares 
 O rim é responsável pelo equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico do corpo. Portanto, ele é 
capaz de manter o conteúdo corporal de água, eletrólitos e H
+
, a despeito das variações da dieta 
(LONGO et al., 2013). 
 Na insuficiência renal crônica, a medida que a filtração glomerular reduz, um mecanismo de 
adaptação faz aumentar a fração excretória de cada néfron remanescente, de forma a manter a 
capacidade de excreção renal total e garantir o equilíbrio hidroeletrolítico. Enquanto a TFG for 
superior a 20 mL/min, o equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico normalmente está preservado 
(GOLDMAN; AUSIELLO, 2009). 
 
d) Anormalidades detectadas por exame histológico 
 É através da biópsia renal que é possível realizar a análise histológica do respectivo tecido. É 
usada para investigação de alterações na função renal de etiologia não identificada, em casos, por 
exemplo, de proteinúria ou suspeita de doenças glomerulares (BRASIL, 2014a). 
 
e) Anormalidades estruturais detectadas por exame de imagem 
 Para investigação do trato urinário por meio do ultra-som, as principais utilizações são: 
investigar pacientes com sintomas que parecem ser originadas do trato urinário; investigar o tamanho 
dos rins e hidronefrose em pacientes com insuficiência renal; diagnosticar tumores renais, abscessos e 
cistos; avaliar e seguir o tamanho renal e cicatrização em crianças com infecções do trato urinário; 
avaliar bexiga e próstata (ARMSTRONG; WASTIE; ROCKALL, 2006). 
43 
 
f) História de transplante renal 
 É importante comentar que os pacientes com DRC devem ser encaminhados para os serviços 
de transplante, desde o estágio 5 Não Dialítico, ou seja, quando apresentam TFG menor que 15 
mL/min/1,73m
2
 e que não estão em Terapia Renal Substitutiva (TRS) (BRASIL, 2014a). 
 
g) TFG diminuída: < 60mL/min/1,73m2 
 A melhor medida do número glomerular é a TFG. Os valores de referência para a TFG em 
homens sadio são de 125 a 150 mL/min e valores ligeiramente inferiores em mulheres. Esses valores 
declinam com a idade (HENRY, 2008). 
 Para melhor definição do tratamento e para estimativa de prognóstico, é necessário que os 
pacientes sejam classificados quanto a sua TFG (BRASIL, 2014a). 
 A DRC na faixa etária pediátrica apresenta incidência e prevalência que variam conforme as 
características étnicas e as condições socioeconômicas e são difíceis de serem estabelecidas com rigor, 
tendo em vista, que a maior parte das informações são dos registros de diálise e transplantes. A DRC 
na infância, quanto mais precoce for seu aparecimento, maiores serão as repercussões sobreo 
crescimento e o desenvolvimento da criança (LEÃO et al., 2013). 
 Ao longo das Diretrizes do KDIGO 2012, são apresentados ajustes nos critérios a serem 
adotados para as crianças (considerando-se peculiaridades deste grupo desde o nascimento aos 18 
anos), cujas faixas de referência de resultados laboratoriais são diferenciadas. Vale ressaltar algumas 
diferenças na DRC em crianças, como as condições subjacentes que são as anomalias congênitas dos 
rins e vias urinárias que equivalem a 30% a 50% dos casos e tem a RPC como a melhor opção para 
investigar a presença de lesão do parênquima renal quando comparada a RAC (KIRSZTAJN et al., 
2014). 
 
2.4.5 Estadiamento 
 
 É aconselhado estimar a TFG a partir da creatinina sérica como melhor método para o 
diagnóstico, classificação e o acompanhamento da progressão da DRC. A TFG (em mL/min/1,73m
2
) 
44 
 
foi dividida nas categorias 1 (≥ 90), 2 (60-89), 3a (45-59), 3b (30-44), 4 (15-29) e 5 (< 15) 
(KIRSZTAJN et al., 2014). 
 A figura 7 apresenta os estágios da DRC baseados na TFG e presença ou não de lesão do 
parênquima renal. 
 
Figura 7 – Estágios da Doença Renal Crônica baseados na taxa de filtração glomerular e presença ou 
não de lesão do parênquima renal 
Estágio da Função Renal TFG (mL/min/1,73m²) Lesão do parênquima renal 
1 ≥ 90 Sim 
2 60 - 89 Sim 
3a 45 – 59 Sim ou Não 
3b 30 - 44 Sim ou Não 
4 15 – 29 Sim ou Não 
5 < 15 Sim ou Não 
 DRC = Doença Renal Crônica ; TFG = Taxa de Filtração Glomerular. 
 Fonte: KDOQI, 2007 
 
 Atualmente, é indicado o uso da equação CKD-EPI para a estimativa da TFG devido ao menor 
viés e maior acurácia, principalmente nas faixas de TFG > 60 mL/min/1,73m
2
. Vale a pena enfatizar a 
necessidade da realização de outros métodos para a confirmação do diagnóstico da DRC (MAGACHO 
et al., 2012a). 
A equação CKD-EPI faz uso de quatro variáveis: idade (nos limites de 18 a 80 anos), sexo, 
creatinina sanguínea (nos limites de 0,6 a 5 mg/dL) e a raça negra. A equação é representada pela 
seguinte fórmula (MAGACHO et al., 2012a). 
A tabela 1 sumariza a equação CKD-EPI. 
 
45 
 
Tabela 1 - Fórmula Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (Adultos) baseada na 
concentração creatinina sérica, em mL/min 
Homens: 
Com creatinina sérica ≤ 0,9 mg/dL: 
TFG = 141 α x (creatinina sérica/0,9) - 0.411 x (0.993) idade 
 
Com creatinina sérica > 0,9 mg/dL: 
TFG = 141 α x (creatinina sérica/0,9) - 1.209 x (0.993) idade 
Mulheres: 
Com creatinina sérica ≤ 0,7 mg 
TFG = 144 α x (creatinina sérica/0,7) - 0.329 x (0.993) idade 
 
Com creatinina sérica > 0,7 mg/dL: 
TFG = 144 α x (creatinina sérica /0,7) - 1.209 x (0.993) idade 
Idade expressa em anos e creatinina sérica em mg/dL. 
Fator de correção para etnia: se afro-descendente, o coeficiente α é 163 em homens e 166 em 
mulheres. 
 
Fonte: Sodré AB; Oliveira MIA, 2014. TFG = Taxa de Filtração Glomerular. 
 
A partir da equação CKD-EPI, o Jornal Brasileiro de Nefrologia propôs nomogramas para 
mulheres e homens utilizando três variáveis: idade (nos limites de 18 a 80 anos), sexo e na 
concentração sérica de creatinina (nos limites de 0,6 a 5 mg/dL). Para cálculo da TFG estimada, com a 
fórmula CKD-EPI, não incluíram a variável raça negra, importante para a população dos Estados 
Unidos da América (MAGACHO et al., 2012a). 
Nas figuras 8 e 9 seguem os nomogramas para mulheres e homens. 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 Figura 8 - Taxa de Filtração Glomerular baseada na equação CKD-EPI nas mulheres 
 
 
Fonte: MAGACHO et al., 2012
 
 
 
 
 
47 
 
Figura 9 - Taxa de Filtração Glomerular baseada na equação CKD-EPI nos homens 
 
 
Fonte: MAGACHO et al., 2012 
 
2.4.6 Sinais e Sintomas 
 
 Por ser uma doença de curso prolongado, insidiosa e na maior parte do tempo, ser 
assintomática, faz-se necessário reconhecer os indivíduos que estão no grupo de risco para 
48 
 
desenvolver a DRC (RIELLA, 2010). 
 O caráter assintomático da DRC nos estágios iniciais, é um aspecto importante, com 
consequente desconhecimento pelo paciente sobre a sua doença, o que leva ao atendimento 
nefrológico tardio, muitas vezes quando já é necessária a terapia renal substitutiva (MAGACHO et al., 
2012b). 
 Na maioria dos indivíduos, as fases iniciais são assintomáticas ou apresentam sintomatologia 
decorrente da doença de base, de modo que o diagnóstico da DRC pode ser iniciado pelo rastreamento 
de grupos de risco ou pela suspeita clínica feita durante o acompanhamento de outras comorbidades 
(DUNCAN et al., 2013). A maioria dos indivíduos com DRC evolui com declínio da TFG, sendo que 
a doença pode permanecer assintomática até atingir o estágio 4. Entretanto, é possível reduzir a 
velocidade de progressão da DRC, sendo que, para isso, é importante que seja realizado o seu 
diagnóstico precoce. 
A DRC é um problema de grande relevância e é reconhecida como uma doença complexa que 
exige múltiplas abordagens no seu tratamento. O diagnóstico precoce, encaminhamento 
imediato e instituição de medidas para diminuir/interromper a progressão da DRC estão entre as 
estratégias-chave para melhorar os desfechos (BASTOS; KIRSZTAJN, 2011). 
 
Levando-se em consideração o caráter assintomático da DRC nos estágios iniciais, um 
questionário denominado “Screening for Occult Renal Disease” (SCORED), foi elaborado objetivando 
predizer a chance de o indivíduo apresentar DRC. O questionário foi construído a partir de dados 
demográficos, clínicos e laboratoriais do “National Health and Nutrition Examination Surveys 
(NHANES) (MAGACHO et al., 2012b). O questionário é de simples compreensão e pode ser aplicado 
em diversos contextos como em campanhas de prevenção da DRC. Para visualização do questionário 
vide anexo B - Versão final - Triagem para Doença Renal Oculta. 
 
2.4.7 Preditores de Progressão 
 
 Aos pacientes já diagnosticados com DRC, é necessário implementar a prevenção secundária 
cujos objetivos incluem diminuir ou interromper a evolução da doença; tratar precocemente as 
complicações, comorbidades e preparar o paciente para a TRS (RIELLA, 2010). 
 Ao longo da evolução clínica da DRC alguns marcadores sinalizam para um pior prognóstico 
49 
 
para perda da função renal (BRASIL, 2014a). Apresentamos na sequência, alguns desses marcadores: 
 
1. Níveis pressóricos mal controlados 
A manutenção dos níveis da pressão arterial menores que 130/80 mmHg é fundamental para retardar 
a progressão da DRC e reduzir o risco de doença cardiovascular (RIELLA, 2010). 
 
2. Níveis glicêmicos mal controlados 
Recomenda-se que os níveis da hemoglobina glicosilada sejam menores do que 7,0% com o objetivo 
de reduzir a progressão da DRC através da redução dos eventos microvasculares (SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE DIABETES, 2015). 
 
3. Níveis de colesterol mal controlados 
A diminuição da função renal está associada à maior mortalidade cardiovascular. Portanto, a 
presença da DRC é considerada um critério para tornar o paciente classificado como alto risco para 
eventos coronarianos. Desta forma, todo indivíduo portador de DRC deve ser avaliado quanto à 
presença de dislipidemias (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2013). 
 
4. Estágio da DRC 
Há uma tendência a perda da função renal mais rápida nos estágios mais avançados da doença 
(BRASIL, 2014a). 
 
5. Presença de albuminúria e a sua intensidade 
Quanto maior o nível de albuminúria, pior o prognóstico para perda da função renal (BRASIL, 
2014a). 
 
6. Tabagismo 
Todos os pacientes portadores de DRC, independente do estágio da doença, terá como manejo clínico 
o incentivo ao abandono do tabagismo (BRASIL, 2014a). 
 
 
50 
 
7. Uso de agentes nefrotóxicos 
Especial atenção deve ser dada aos pacientes com TFG menor que 60mL/min/1,73m
2
, ou seja, a partir 
do estágio 3a, o médico deve atentar-se para a correção das doses de algumas medicações de acordo 
com a TFG(BRASIL, 2014a). Vide lista de medições no anexo A. 
 Segundo DUNCAN et al., 2013 a DRC é consequência do mau controle de um grupo 
heterogêneo de condições clínicas que afetam a estrutura e a função renal. Portanto, o rastreamento 
da DRC é preconizado para pessoas com diabetes, hipertensão e doença cardiovascular estabelecida, 
para as quais intervenções efetivas têm sido mais avaliadas. 
 A partir dos múltiplos estágios de risco, foi possível refinar o prognóstico dos indivíduos 
com DRC, estabelecendo três categorias prognósticas, definidas pelos riscos compostos dos vários 
estágios. A figura 10 ilustra o risco crescente dessas categorias pelas cores amarelo, laranja e 
vermelho (DUNCAN et al., 2013). 
 
 
Figura 10 - Classificação prognóstica da Doença Renal Crônica 
*A não ser que apresente Hematúria ou anormalidade estrutural ou patológica do rim. Verde = Não há risco para DRC; 
Amarelo= risco moderado; Laranja= risco alto; Vermelho= risco muito alto. RAC = Razão albumina/creatinina. 
Fonte: DUNCAN et al., 2013
 
 
 Como a TFG declina com a idade, a prevalência de DRC é especialmente alta nos idosos (> 
40% em pessoas acima de 70 anos). A KDIGO Controversies Conference concluiu que os dados 
existentes não são suficientes para esclarecer as causas do declínio da TFG e do aumento da 
Estágio 
da 
Função 
Renal 
Taxa de Filtração 
Glomerular 
(mL/min/1,73m
2
) 
Estágio de Albuminúria 
NORMAL 
(RAC urina <30 mg/g) 
MICROALBUMINÚRIA 
(RAC urina 30 a 300mg/g) 
MACROALBUMINÚRIA 
(RAC urina > 300mg/g) 
1 ≥ 90 Não é DRC* 
2 60 a 89 Não é DRC* 
3a 45 a 59 
3b 30 a 44 
4 15 a 29 
5 < 15 ou em 
diálise 
 
51 
 
albuminúria no idoso; se esses achados representam envelhecimento ou processos patológicos e, ainda, 
se os benefícios do rastreamento superam os possíveis danos e custos do rótulo de doença (DUNCAN 
et al., 2013). 
 O acompanhamento médico tem como meta retardar a progressão da doença renal. O declínio 
médio na TFG na população geral é de 0,75 a 1,00 mL/min/1,73m
2 
ao ano após os 40 anos de idade. Já 
na DRC, o declínio é variável, sendo maior em casos de albuminúria, diabetes ou hipertensão, e em 
algumas minorias étnicas. Os mecanismos para progressão rápida variam de doença a doença, e 
algumas intervenções podem reduzir a taxa de progressão (DUNCAN et al., 2013). 
 
2.4.8 Tratamento 
 
 A DRC requer conhecimento de aspectos distintos, mas relacionados para seu tratamento, 
como: a doença de base, o estágio da doença, a velocidade da diminuição da Filtração Glomerular, 
identificação de complicações e comorbidades (BASTOS; BREGMAN; KIRSZTAJN, 2010). 
 Idealmente, o tratamento da DRC deve basear em três pontos: diagnóstico precoce; 
encaminhamento imediato para tratamento nefrológico e implementação de medidas para preservar a 
função renal (BASTOS; KIRSZTAJN, 2011). 
 O manejo adequado do usuário hipertenso ou diabético que apresenta DRC permite reduzir a 
velocidade de perda da função renal, diminuir a morbimortalidade, reduzir a necessidade de 
hospitalização e o tempo de permanência hospitalar, diminuir a necessidade de início do tratamento 
dialítico em situação de urgência/emergência médica e com acesso vascular temporário (cateteres), 
aumentar a possibilidade de transplante renal (inclusive dos usuários que ainda não estejam em diálise) 
e ofertar educação e letramento do usuário sobre a sua doença (SOCIEDADE BRASILEIRA DE 
NEFROLOGIA; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTROLOGIA, 2011). 
 Algumas medidas no manejo clínico dos pacientes portadores de DRC são necessárias para 
todos os estágios da doença como: diminuir a ingestão de sódio; realizar atividade física compatível 
com a saúde cardiovascular e tolerância; abandono do tabagismo; manter controlado os níveis 
pressóricos e controle glicêmico adequado (BRASIL, 2014a). 
 
52 
 
2.4.9 Critérios para Encaminhamento 
 
 A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (2013) através da Linha-Guia de hipertensão 
arterial sistêmica, diabetes mellitus e doença renal crônica trouxe critérios de encaminhamento do 
usuário hipertenso e diabético ao nefrologista. São eles: 
 - apresentar o nível de albuminúria maior do que 1g/dia; 
 - a ocorrência de albuminúria menor que 1g/dia e de hematúria de origem glomerular; 
 - houver diminuição abrupta (maior 30% do basal) da TFG (num intervalo de tempo menor que 
3 meses); 
 - houver queda anual da TFG maior que 5 mL/min/1,73m
2
; 
 - apresentar TFG inferior a 45 mL/min/1,73m
2 
(ou seja, a partir do estágio 3b). 
 
2.4.10 Atenção à Saúde no Brasil 
 
 A promulgação da Constituição do Brasil de 1988 trouxe três importantes inovações para o 
sistema de saúde brasileiro. A definição de que saúde é um direito de todos e um dever do Estado 
(Artigo 196) possibilitou ao cidadão o direito ao acesso à assistência à saúde, independente de sua 
condição financeira, de vinculação com qualquer tipo de emprego, ou com qualquer outra condição. É 
também criado um conceito mais ampliado de saúde, trazendo a saúde como resultado das condições 
sociais em que o indivíduo vive e por fim, criando o Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 1988). 
 O SUS foi instituído em 1990 através das Leis Orgânicas da Saúde (8.080 e 8.142) e vem 
sendo construído ao longo de todos esses anos com um vasto arcabouço jurídico (GIOVANELLA et 
al., 2012). 
 Uma das políticas mais importantes para a construção do sistema de saúde brasileiro está a 
Política Nacional da Atenção Básica (PNAB), implantada em 2006, traz a Saúde da Família como 
estratégia do Estado Brasileiro para organizar a atenção primária à saúde dentro do SUS. Desta forma, 
a Estratégia de Saúde da Família (ESF) é vista como principal estratégia de expansão, qualificação e 
consolidação da Atenção Primária à Saúde (APS) por possibilitar uma reorientação do processo de 
53 
 
trabalho com maior potencial de aprofundar os princípios, as diretrizes, os fundamentos da atenção 
primária, assim como ampliar a resolubilidade dos problemas de saúde e produzir maior impacto na 
situação de saúde das pessoas e coletividades, além de trazer uma importante relação custo-efetividade 
(BRASIL, 2011). 
 Outra política que vale destacar é a Política de Redes de Atenção a Saúde instituída em 2010. 
Onde o sistema de saúde constitui-se de redes horizontais interligadas por pontos de atenção, de 
distintas densidades tecnológicas, com suas estruturas de apoio, não havendo hierarquia entre os 
diferentes locais de prestação de serviços (BRASIL, 2014c). 
 A figura 11 representa a mudança dos sistemas de saúde de modelo piramidal e hierárquico 
para o modelo de redes de atenção. 
 
Figura 11 – Transição dos sistemas de saúde 
 
Fonte: http://docplayer.com.br/1593209-Caderno-de-atencao-domiciliar.html 
 
 A rede de serviços da atenção primária à saúde pode resolver 85% dos problemas de saúde da 
população. Contudo, para que haja tal resolubilidade, precisa-se de boa qualidade na assistência e 
recursos necessários disponíveis (ANDERSON; DEMARZO; RODRIGUES, 2007). 
54 
 
 Com as atuais políticas de saúde vigentes no Brasil, espera-se um sistema de saúde orientado 
pela APS, onde as unidades de saúde da família sejam a porta de entrada, o primeiro contato dos 
indivíduos com o sistema de saúde para a grande maioria das situações. E que esses serviços 
respondam as necessidades de saúde com ações preventivas, curativas, de reabilitação e de promoção 
da saúde, integrando os cuidados quando existe mais de um problema e responsabilizando-se, ao longo 
do tempo, pela coordenação do conjunto de respostas as necessidades em saúde (GUSSO et al., 2012). 
 O atendimento aos pacientes portadores de doenças crônicas requer uma APS bem organizada 
que atenda adequadamente aos seus atributos: acesso (primeiro contato), longitudinalidade, 
integralidade, coordenação do cuidado, orientação na família e orientação comunitária (DUNCANet 
al., 2013). 
 
2.5 Educação Permanente em Saúde 
 
 A Constituição de 1988 em seu Artigo 200 trata que caberá ao SUS ordenar a formação de 
recursos humanos na área da saúde. Desta forma, em 2004 foi instituída a Política Nacional de 
Educação Permanente em Saúde – PNEPS. Assim, o Ministério da Saúde assume a responsabilidade 
de gerir a formação dos seus trabalhadores (BRASIL, 2004). 
 A Educação Permanente deve ser compreendida como uma forma de reciclagem cotidiana das 
práticas, tendo como norte os novos conhecimentos teóricos, metodológicos, científicos e tecnológicos 
disponíveis (CECCIM, 2005). 
 Vale ressaltar que a Educação Permanente em Saúde (EPS) baseia-se na aprendizagem 
significativa, que promove e produz sentidos, demonstrando que a prática profissional deva ser 
baseada na reflexão crítica da realidade. Desta forma, a EPS acontece no encontro do mundo de 
formação com o mundo do trabalho, e o aprender e o ensinar incorporam-se ao cotidiano (ROCHA; 
BEVILACQUA; BARLETTO, 2015). 
A EPS vem para transformar o processo de trabalho dos profissionais de saúde, vislumbrando 
melhorias na qualidade dos serviços prestados a população, sendo encarado como um processo 
contínuo de aperfeiçoamento dos trabalhadores (BRASIL, 2004). 
55 
 
A EPS possibilita o encontro dos segmentos da formação, da atenção, da gestão e do controle 
social em saúde com o objetivo de fortalecer as características de cada local, valorizar as capacidades 
dos profissionais desenvolvendo suas potencialidades, implementar a aprendizagem significativa e 
estimular a capacidade crítica (CECCIM, 2005). 
Para tanto, é preciso ter alguns elementos para implantação da EPS: - Análise da educação dos 
profissionais de saúde que tem como foco a mudança da concepção hegemônica tradicional 
(biologicista, mecanicista, centrada no professor e na transmissão do conhecimento) para a concepção 
construtivista (interacionista, de problematizarão das práticas e dos saberes); mudança também da idéia 
lógico-racionalista, elitista e concentradora da produção de conhecimento para o incentivo à construção 
do conhecimento nos serviços e por argumentos de sensibilidade; - Análise das práticas de atenção à 
saúde com o intuito de inserir novas práticas com o olhar para a integralidade, para a humanização e 
para a inclusão dos pacientes no planejamento do tratamento; - Análise da gestão setorial que objetiva a 
criação original da rede de serviços de forma a assegurar uma rede capaz de atender às necessidade de 
saúde da população e que se preocupa com a satisfação do usuário; - Análise da organização social com 
o intuito de conhecer a presença dos movimentos sociais e incentivar à visão ampliada das lutas por 
saúde (CECCIM, 2005). 
Alguns trabalhos demonstram as vitórias conquistadas por municípios com implantação da EPS. 
Segundo CAROTTA; KAWAMURA; SALAZAR (2009) de acordo com o trabalho feito no município 
de Embu, concluíram que os fatores mais relevantes da implantação da EPS foram promover a reflexão 
crítica dos processos de trabalho; o espaço propiciado para encontro da equipe possibilitando conversa 
sobre os problemas e a construção coletiva das soluções. Isso acarretou melhora da assistência e das 
relações, em decorrência da responsabilização de cada membro envolvido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Objetivos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Não é o quanto fazemos, mas quanto amor colocamos naquilo 
que fazemos. Não é o quanto damos, mas quanto amor colocamos 
em dar” 
 
 
Madre Teresa de Calcutá 
 
 
 
 
 
 
57 
 
3. OBJETIVOS 
 
3.1 Objetivo geral 
 
 Realizar rastreio para Doença Renal Crônica em adultos de uma Estratégia de Saúde da Família, 
na cidade de Diamantina, Minas Gerais e utilizar destas informações para prover Educação Permanente 
em Saúde. 
 
3.2 Objetivos específicos 
 
 Realizar levantamento do perfil dos indivíduos com algum fator de risco para DRC em uma Equipe 
de Saúde da Família de Diamantina, através do levantamento de dados sócio demográficos, dados 
comportamentais e dados antropométricos. 
 Realizar exames laboratoriais dos pacientes que apresentaram algum fator de risco para Doença 
Renal Crônica, com o objetivo de identificar o rastreio positivo para Doença Renal Crônica. 
 Fazer cruzamento dos dados coletados dos usuários com o objetivo de identificar os fatores de risco 
que mais estão impactando na saúde desses indivíduos. 
 Avaliar o nível de conhecimento de médicos e enfermeiros da Atenção Primária à Saúde do 
município de Diamantina, em relação à DRC. 
 Promover treinamento dos profissionais médicos e enfermeiros na linha-guia de DRC, estimulando-
os a realizarem trabalho com a população portadora de fatores de risco para o desenvolvimento da 
doença e aperfeiçoamento do conhecimento sobre manejo clínico dos pacientes já sabidamente 
portadores da DRC. 
 
 
 
58 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material e Métodos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A persistência é o caminho do êxito” 
 
 
Charles Chaplin 
 
 
 
 
 
 
 
59 
 
4. MATERIAL E MÉTODOS 
 
4.1 Revisão bibliográfica 
 
Realizou-se um levantamento dos trabalhos científicos publicados que abordavam o tema 
Insuficiência Renal Crônica. 
Para a identificação das publicações de qualquer natureza (artigos, relatos, monografias, 
dissertações e teses, dentre outras), foi realizada uma busca nas bases de referências bibliográficas 
Medical Literature Analysis and Retrieval System Online – MEDLINE, Literatura Latino-Americana e 
do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS e Scientific Eletronic Library Online – SciElo. Para as três 
bases de referências bibliográficas, o termo utilizado para a busca foi “Insuficiência Renal Crônica” 
contidos nos descritores em Ciências da Saúde usados na pesquisa e recuperação de assuntos da 
literatura científicas nas fontes de informação disponíveis. Os idiomas buscados incluíram o português, 
inglês e espanhol. 
Vale ressaltar que o termo Insuficiência Renal Crônica é sinônimo de Doença Renal Crônica. 
 
4.2 Tipo de Estudo 
 
 Trata-se de uma pesquisa quantitativa, do tipo descritiva com observação transversal. 
 As investigações epidemiológicas descritivas têm como foco principal informar sobre a 
distribuição de um evento na população, em termos quantitativos (PEREIRA, 2014). 
 Nas investigações transversais, as observações e mensurações das variáveis de interesse são 
realizadas simultaneamente, traduzindo-se em uma radiografia estática do que ocorre em um dado 
momento na vida das pessoas. O momento é determinado pelo investigador, que escolhe a época da 
coleta dos dados (PEREIRA, 2014). 
 
4.3 Local de Estudo 
 
A pesquisa foi realizada no município de Diamantina, Minas Gerais. 
60 
 
Diamantina possuía em 2010, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), uma área territorial de 3.891,70 Km
2
, uma população de 45.880 habitantes com 
uma densidade demográfica de 11,79 habitantes por Km
2
. A população se distribuía da seguinte forma: 
zona urbana 40.064 (87,32%) pessoas e zona rural 5.816 (12,68%); sexo masculino 22.239 pessoas 
(48,47%) e sexo feminino 23.641 (51,53%). Para 2015 a população foi estimada em 47.952 habitantes 
(IBGE, 2010). 
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é uma medida composta de 
indicadores de três dimensões: longevidade, educação e renda. O valor varia de zero a um. Quanto mais 
próximo de um, maior o desenvolvimento humano no município. Em 2010, o IDHM de Diamantina foi 
de 0,716, classificado como alto (BRASIL, 2010). 
A Figura 12 mostra a localização geográfica do município de Diamantina em relação ao 
município de Belo Horizonte no mapa do Estado de Minas Gerais. 
 
Figura 12 – Mapa de Minas Gerais com a localização do município de Diamantina e de Belo 
Horizonte 
 
 Fonte: http://marlivieira.blogspot.com.br/2009_04_01_archive.html

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