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Conflitos como propriedade (2)

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Conflitos como propriedade 
NILS CHRISTIE 
 
Resumo 
 
Os conflitos são vistos como um elemento importante na sociedade. 
As sociedades altamente industrializadas não possuem conflitos 
internos importantes, ao contrário, elas apresentam somente uns 
poucos. Nós temos que organizar sistemas sociais que oportunizem 
que os conflitos sejam cuidados e tornados visíveis e, a partir daí, 
enxergá-los de forma que os profissionais não monopolizem a 
responsabilidade sobre eles. Especialmente, as vítimas dos crimes 
perderam seus direitos de participar. Um procedimento da corte de 
justiça que restitua os direitos dos participantes sobre seus próprios 
conflitos está delineada. 
 
Introdução 
 
Talvez não devêssemos admitir a criminologia. Talvez devêssemos 
preferir abolir os institutos, não abri-los. Talvez as conseqüências 
sociais da criminologia são mais duvidosas do que gostaríamos de 
imaginar. 
Eu acredito que sim. E acredito que isto tenha relação com meu tema- 
conflito como uma propriedade/bem. Minha suspeita é que a 
criminologia até um certo ponto tem amplificado o processo no qual os 
conflito tem sido retirados das partes diretamente envolvidas de tal 
modo que tem ou desaparecido ou se tornado propriedade de outras 
pessoas. Em ambos os casos o efeito é lamentável. Os conflitos 
devem ser usados e não somente deixados em erosão. Eles tem que 
ser utilizados e tornarem-se úteis para os envolvidos originalmente no 
conflito. Conflitos podem ferir sistemas individuais e também sociais. 
Isto é o que aprendemos na escola. Este é o motivo de termos oficiais. 
Sem eles, a vingança privada e ______ irão desenvolver-se. 
Aprendemos isto tão solidamente que perdemos o curso do outro lado 
da moeda: nossa sociedade industrializada em larga-escala não é 
uma sociedade com muitos conflitos. É uma sociedade com poucos 
conflitos. Conflitos podem matar, mas uma pequena quantidade deles 
pode paralisar. Eu usarei esta ocasião para dar uma _____ desta 
situação. Isto não poderá ser mais do que uma sketch. Este ensaio 
representa o início de algumas idéias em desenvolvimento e não o 
trabalho final acabado. 
 
Acontecimentos e não-acontecimentos 
 
Deixemo-nos tomar como ponto de partida um lugar distante. 
Deixemo-nos mudar para a Tanzânia. Deixemo-nos aproximar o nosso 
problema da encosta ensolarada da província de Arusha. Aqui, dentro 
de uma casa relativamente grande em um vilarejo muito pequeno, um 
certo tipo de acontecimento se passou. A casa estava abarrotada de 
pessoas. A maioria crescidas no vilarejo e muitas unidas as que eram 
de lá. Era um acontecimento feliz, com conversas amigáveis, piadas, 
sorrisos, atenção ampliada, nenhuma frase podia ser perdida. Foi um 
acontecimento dramático, um acontecimento dramático. Foi um caso 
para a corte de justiça. 
O conflito desta vez era entre um homem e uma mulher. Eles haviam 
sido comprometidos. Eles haviam investido muito no relacionamento 
durante um longo tempo, até que a esposa rompeu a relação. Agora 
ele queria retoma-la de volta. Na separação, rapidamente se decidiu 
sobre o ouro, a prata e o dinheiro, mas o que fazer com os objetos e 
despesas já adquiridas? 
O resultado não é de interesse neste contexto, mas sim a sua 
estrutura. Cinco elementos devem ser particularmente mencionados: 
1. As partes, o casal que havia se separado, estavam no centro da 
sala, ou seja, no centro da atenção de todos. Eles conversavam 
bastante e eram avidamente escutados também. 
2. Próximos a eles estavam parentes e amigos que também 
participavam, mas não decidiam por eles. 
3. Também havia a participação de espectadores genéricos através de 
perguntas simples, informações ou piadas. 
4. Os juízes, três secretários do partido, foram extremamente inativos. 
Eles eram obviamente ignorantes no que diz respeito aos assuntos do 
vilarejo. Eles eram expert em normas assim como em ações. Eles 
cristalizaram as normas e esclareceram o que tinha acontecido 
através da participação no procedimento. 
5. Nenhum repórter assistiu. Eles estavam todos lá. 
Minha sabedoria pessoal com relação a cortes de justiça Britânicas é 
sem dúvida limitada. Eu tenho alguma vaga memória da corte juvenil 
onde eu contava algo entre quinze ou vinte pessoas presentes, a 
maioria dos trabalhadores sociais usando a sala de trabalhos 
preparatórios ou a de pequenas conferências. Uma criança ou um 
jovem tem que freqüentar, mas com exceção do juiz, ou talvez o oficial 
de justiça, ninguém parece prestar nenhuma atenção particular. A 
criança ou o jovem estava mais provavelmente completamente 
confusa com quem era quem e para o que, um fato confirmado em um 
pequeno estudo de Peter Scott (1959). Nos Estados Unidos da 
América, Martha Baum (1968) realizou obsevações similares. 
Recentemente Bottoms e McClean (1976) adicionaram outra 
importante observação: “Não existe uma verdade que raramente é 
revelada na literatura do direito ou nos estudos de administração da 
justiça criminal. É uma verdade que se tornou evidente para todos 
aqueles envolvidos neste projeto de pesquisa, como eles analisaram 
os casos que compuseram o nosso exemplo. A verdade é que, para a 
maioria das partes, o negócio da corte de justiça criminal é enfadonho, 
lugar comum, ordinário e após um período totalmente entediante”. 
Mas deixe-me manter calado sobre o nosso sistema, e ao invés disso 
concentrar-se no meu próprio. E deixe-me assegurar para você: o que 
ocorre não é um acontecimento. É tudo uma negação do caso do caso 
da Tanzânia. 
O que é marcante em aproximadamente todos os casos da 
Escandinávia é o acinzentado, a monotonia e a falta de uma audiência 
importante. As cortes de justiça não são elementos centrais na vida 
diária de nossos cidadãos, mas periféricos na maioria dos casos: 
1.Elas estão situadas nos centros administrativos das cidades, fora do 
território das pessoas comuns. 
2. No interior destes centros elas são freqüentemente centralizadas 
dentro de um ou dois prédios de considerável complexidade. 
Advogados com freqüência reclamam que eles necessitam de meses 
para encontrar os seus caminhos dentro destes prédios. Não 
demanda muita fantasia imaginar a situação de partes envolvidas ou 
do público quando eles são capturados no interior destas estruturas. 
Um estudo comparativo da arquitetura da corte poderá tornar 
igualmente relevante para a sociologia da lei como o estudo de Oscar 
Newmans (1972) do espaço defensivo para a criminologia. Mas 
mesmo sem nenhum estudo, sinto que é seguro dizer que ambas a 
situação física e o design arquitetônico são fortes indicadores que as 
cortes de justiça na Escandinávia pertencem aos administradores da 
lei. 
3. Esta impressão é reforçada quando você entra na própria sala de 
audiências de justiça - se você tiver a sorte suficiente para achar o 
caminho até ela. Aqui novamente a periferia das partes é uma 
marcante observação. As partes estão representadas, e são estes 
representantes e o juiz ou juizes a pouca atividade que é ativada 
dentro destas salas. Os famosos desenhos de Honoré Daumier das 
cortes de justiça são representativos para a Escandinávia assim como 
são para a França. 
Existem variações. Nas cidades pequenas ou no campo, as cortes de 
justiça são mais facilmente acessadas do que nas cidades maiores. E 
no nível mais baixo do sistema da corte (a então chamada câmara de 
arbritagem) as partes são às vezes menos representadas através dos 
experts da lei. Mas o símbolo do sistema inteiro é a Suprema Corte na 
qual as partes diretamente envolvidas nem estão presentes nos seus 
próprios casos. 
4. Eu ainda não fiz uma distinção entre os conflitos civis ou criminais. 
Mas é claro que o caso da Tanzânia não era um caso civil. Total 
participação no nosso próprio conflito pressupõe elementos da lei civil. 
O elemento chave em um procedimento criminal é que o procedimento 
é convertido de algo entre as partes concretas em um conflito entre 
umas das partes e o Estado. Portanto, em um julgamento criminal 
moderno,duas coisas importantes têm acontecido. Primeiramente, as 
partes estão sendo representadas. Em segundo lugar, aquela parte 
que é representada pelo Estado, nomeada, a vítima, é tão 
inteiramente representada que ele ou ela para a maioria dos 
procedimentos é empurrada completamente para fora da arena, 
reduzida a uma iniciadora de todo o processo. Ela ou ele são algo 
como duplamente perdedores: primeiramente vis-à-vis o ofensor, mas 
em segundo lugar e freqüente de um modo mais incapacitante, sendo 
negado direitos de participação total no qual poderia ter sido o 
encontro ritual mais importante de sua vida. A vítima perdeu o caso 
para o Estado. 
 
Ladrões profissionais 
 
Como todos sabemos, existem muitas honráveis como desonráveis 
razões por trás deste desenvolvimento. As razões honráveis estão 
relacionadas com a necessidade do Estado em reduzir os conflitos e 
certamente também em seu desejo de proteger a vítima. Isto é 
bastante óbvio. Então é também menos honrável a tentação do 
Estado ou Imperador, ou seja quem for que está no poder, de usar o 
caso criminal para ganho pessoal. Ofensores podem pagar pelos seus 
pecados. As autoridades tem no passado mostrado considerável falta 
de disposição em representar a vítima, em agir como recebedores do 
dinheiro ou outras propriedades do ofensor. Aqueles dias estão 
terminados; o sistema de controle do crime não é regulado por lucro. E 
eles ainda não foram embora. Existem em toda a banalidade, muitos 
interesses em jogo, muitos deles relacionados a profissionalização. 
Os advogados são particularmente bons em roubarem conflitos. Eles 
são treinados para isto. Eles são treinados para prevenir e solucionar 
conflitos. Eles são socializados em uma sub-cultura com uma 
surpreendentemente alta concordância com relação a interpretação 
das normas e considerar qual o tipo de informação pode ser relevante 
em cada caso. Muitos junto a nós têm, como leigos, experimentado 
momentos tristes de verdade quando nossos advogados nos falam 
que os nossos melhores argumentos em nossa briga contra nosso 
vizinho não possuem nenhuma relevância legal e que nós pelo amor 
de Deus devemos nos manter calados sobre eles na corte de justiça. 
Ao invés disso, eles escolhem argumentos que nós poderíamos achar 
irrelevantes ou até mesmo errados de serem utilizados. Meu exemplo 
favorito ocorreu logo após a guerra. Um dos maiores defensores do 
meu país contou com orgulho como ele havia socorrido um cliente 
pobre. O cliente tinha colaborado com os alemães. O promotor alegou 
que o cliente havia sido uma das pessoas chaves na organização do 
movimento Nazista. Ele havia sido uma das mentes-mestres por trás 
de tudo. O defensor, entretanto, salvou seu cliente. Ele salvou ele 
mostrando para o júri como ele era fraco, com falta de habilidade, o 
quanto obviamente deficiente o cliente era, tanto socialmente quanto 
organizacionalmente. O cliente dele não poderia ter sido um dos 
organizadores junto aos colaboradores; ele não tinha talentos. E ele 
ganhou seu caso.Seu cliente ganhou uma sentença com uma 
participação bem menor. O defensor terminou a sua história me 
contando com alguma indignação que nem o acusado e tampouco a 
sua esposa, haviam lhe agradecido, eles nunca mais conversado com 
ele após o julgamento. 
Conflitos tornam-se propriedades dos advogados. Mas advogados não 
escondem que são com os conflitos que eles lidam. E a estrutura 
organizacional da corte de justiça sublinha este ponto. As partes 
opostas, o juiz, a proibição contra comunicação privilegiada dentro do 
sistema da corte de justiça, a falta de estímulo para a especialização - 
especialistas não podem ser internamente controlados – tudo sublinha 
que esta é a organização para que se retenha os conflitos. Tratamento 
pessoal está em uma outra posição. Eles estão mais interessados em 
converter as imagens do caso de um de conflito a outro de não 
conflito. O modelo básico de curadores não é um de opor as partes, 
mas um onde as partes tem que ser auxiliadas na direção de um 
objetivo comum aceitável- a preservação ou restauração da saúde. 
Eles não são treinados como um sistema onde é importante que as 
partes possam controlar umas as outras. Existe, no caso ideal, nada 
para controlar, porque existe uma única meta. Especialização é 
encorajamento. Isto aumenta a quantidade de sabedoria disponível, e 
a perda do controle interno emocional não tem relevância. Uma 
perspectiva de conflito cria dúvidas que incomodam com relação à 
habilidade de cura do trabalho. Uma perspectiva de não conflito é uma 
pré-condição para se definir crime como um alvo legitimado para 
tratamento. 
Uma das maneiras de reduzir a atenção para o conflito é reduzir a 
atenção dada para a vítima. Outra é concentrar a atenção naqueles 
atributos dados no segundo plano do crime, no qual o curador é 
treinado particularmente para lidar. Defeitos biológicos são perfeitos. 
Assim como também são defeitos pessoais quando eles foram 
estabelecidos em tempos atrás na vida - muito distantes dos conflitos 
recentes. Assim, são também toda uma série de variáveis 
explanatórias que a criminologia poderá oferecer. Nós temos em 
criminologia uma grande extensão funcional como uma ciência auxiliar 
para os profissionais dentro do sistema de controle do crime. Nós 
temos nos focado no ofensor, fizemos ele ou ela em um objeto para 
estudo, manipulação e controle. Nós adicionamos todas aquelas 
forças que têm reduzido a vítima em uma pessoa sem importância e o 
ofensor a uma coisa. E esta crítica é talvez não somente relevante 
para a velha criminologia mas também para a nova criminologia. 
Enquanto a velha criminologia explica o crime desde defeitos pessoais 
ou incapacidades sociais, a nova criminologia explica o crime como 
sendo o resultado de amplos conflitos econômicos. A velha 
criminologia perde os conflitos, a nova converte eles de conflitos 
interpessoais a conflitos de classe. E eles são. Eles são conflitos de 
classe também. Mas dando importância a isto, os conflitos são 
novamente retirados das pessoas diretamente envolvidas. Portanto, 
como uma afirmação preliminar: conflitos criminais têm se tornado 
propriedade de outras pessoas- primeiramente propriedade dos 
advogados- ou tem sido interesse de outras pessoas definir os 
conflitos de forma distante. 
 
Ladrões estruturais: 
 
Mas existe mais do que manipulação profissional de conflitos. 
Mudanças na estrututura social básica tem funcionado da mesma 
forma. O que eu tenho particularmente em mente são dois tipos de 
segmentação facilmente observadas em sociedades altamente 
industrializadas. Primeiramente existe a questão da segmentação no 
espaço. Nós funcionamos cada dia como migrantes se movendo entre 
conjunto de pessoas que não necessitam ter nenhuma ligação- exceto 
através do autor da moção. Com freqüência, por conseguinte, nos 
conhecemos nossos colegas de trabalho somente como colegas de 
trabalho, vizinhos somente como vizinhos, companheiros do esqui 
cross-coutry somente como companheiro do esqui cross-coutry. Nós 
conhecemos eles como funções e não como pessoas totais. Esta 
situação é acentuada pelo extremo grau de divisão de trabalho com o 
qual aceitamos viver. Somente experts podem avaliar um ao outro de 
acordo com a competência pessoal e individual. Fora da especialidade 
nós temos que cair em uma avaliação da suposta importância do 
trabalho. Exceto sem especialistas, nós não podemos avaliar o quanto 
é bom determinada pessoa em seu trabalho, apenas o quanto é bom, 
no senso de importância é uma função. Através de tudo isto, nós 
temos possibilidades limitadas de entender o comportamento das 
outras pessoas. O seu comportamento também terá limitadas 
possibilidades de relevância para nós. Funções desempenhadas são 
mais facilmente trocadas do que pessoas. 
O segundo tipo de segmentação tem a ver com o que eu gostaria de 
chamar de nosso restabelecimento da sociedade de castas. Eu não 
estou dizendo sociedade de classes , mesmo que existam tendênciasóbvias também nesta direção. Em minha estrutura, entretanto, eu 
penso nos elementos de casta ainda mais importantes. O que eu 
tenho em mente baseada em atributos biológicos como sexo, cor, 
incapacidades físicas ou o número de invernos passados desde o 
nascimento. A idade é particularmente importante. É um atributo 
proximamente perfeitamente sincronizado com uma sociedade 
moderna complexa e industrializada. É uma variável contínua na qual 
nós podemos introduzir a quantidade de intervalos que poderíamos 
necessitar. Nós podemos dividir a população em dois: crianças e 
adultos. Mas nós também podemos dividir em dez: bebês, crianças 
pré-escolares, crianças em idade escolar, adolescentes, jovem 
adultos, adultos, pré-aposentados, aposentados, idosos e senis. E o 
mais importante: o ponto de corte pode ser movido para cima e para 
baixo de acordo com a necessidade social. O conceito de 
“adolescente” foi particularmente adequado anos atrás. Ele não teria 
“pegado” se a realidade social não estivesse de acordo com a palavra. 
Hoje o conceito não é frequentemente usado em meu país. A 
condição de juventude não termina aos 19 anos. As pessoas jovens 
têm que esperar ainda mais antes que sejam autorizados a entrar nas 
forças de trabalho. A casta daqueles fora da força de trabalho se 
estendeu até a casa dos vinte anos. Ao mesmo tempo a saída da 
força de trabalho (se você conseguir ser admitido, ou seja, se você 
não for mantido completamente fora por causa de sua raça ou 
atributos sexuais) foi trazida o início dos sessenta anos na vida das 
pessoas. Em meu pequeno país de quatro milhões de habitantes, nós 
temos 800.000 pessoas segregadas dentro do sistema educacional. O 
aumento da escassez de trabalho imediatamente levou as autoridades 
a aumentar a capacidade do encarceramento educacional. Outros 
600.000 são aposentados. 
A segmentação de acordo com o espaço e acordo com atributos de 
castas têm muitas conseqüências. Primeiramente e antes de tudo leva 
a uma despersonalização da vida social. Indivíduos são em um grupo 
com menor extensão, ligados uns aos outros em redes próximas onde 
eles são confrontados com todos os seus papéis significantes e com 
os outros significantes. A segmentação cria uma situação com limitada 
quantidade de informação de uns em relação aos outros. Nós 
realmente sabemos menos sobre outras pessoas e temos limitadas 
possibilidades tanto para entender quanto para prever seus 
comportamentos. Se um conflito é criado, nós somos menos hábeis 
para lidar com esta situação. Lá não estão apenas profissionais, 
hábeis e desejando levar o conflito embora, mas nós estamos também 
querendo mais dar adiante o conflito. 
Em segundo lugar, segmentação leva a destruição de certos conflitos 
até mesmo antes deles continuarem. A despersonalização e 
mobilidade dentro da sociedade industrial dissolveu algumas 
condições essenciais para se viver conflitos; aqueles entre as partes 
que significam muito uns para os outros. O que eu tenho 
particularmente em mente são crimes contra a honra de outras 
pessoas, difamação ou difamação de caráter. Todos os países da 
Escandinávia têm apresentado um dramático decréscimo neste tipo de 
crime. Em minha interpretação, isto não ocorre porque a honra está 
sendo mais respeitada, mas sim porque existe menos honra para se 
respeitar. As formas variáveis de segmentação significam que os 
seres humanos estão inter-relacionados de forma que eles 
simplesmente significam menos uns para os outros. Quando eles são 
feridos, eles são somente parcialmente. E se eles estão com 
problemas, eles poderão ser facilmente removidos. E, afinal de contas, 
quem se importa? Ninguém me conhece. Em minha avaliação, a 
diminuição nos crimes de infâmia e difamação é um dos mais 
interessantes e tristes sintomas de perigosos desenvolvimentos dentro 
das modernas sociedades industrializadas. A diminuição é aqui 
claramente relacionada com condições sociais que levam a um 
aumento em outras formas de crime trouxeram para a atenção das 
autoridades. Esta é uma importante meta para a prevenção de crimes, 
recriar as condições sociais que levam ao aumento no número de 
crimes contra a honra das outras pessoas. 
Uma terceira conseqüência do aumento da segmentação de acordo 
com o espaço e idade é que certos conflitos se tornam completamente 
invisíveis e com isso não recebem nenhuma solução decente. Eu 
tenho aqui em mente conflitos em dois extremos de um continuum. 
Em um extremo nós temos os super privados, estes acontecem contra 
indivíduos capturados dentro de um segmento. Agressão a esposa ou 
crianças são exemplos disto. Quanto mais isolado um segmento está, 
ainda mais o mais fraco junto as partes estará sozinho, aberto para a 
ofensa. Inghe e Riener (1943) realizaram um estudo clássico anos 
atrás sobre um fenômeno relacionado no livro deles sobre incesto. A 
afirmação central foi que o isolamento social de certas categorias do 
proletariado de trabalhadores de fazendas Sueco era a condição 
necessária para este tipo de crime. Pobreza significa que as partes 
dentro de uma família nuclear se tornam completamente dependentes 
umas das outras. Isolamento significa que as partes mais fracas 
dentro de uma família não possuem uma rede de relacionamentos 
externa na qual poderiam apelar por ajuda. A força física do marido 
recebeu demasiada importância. No outro extremo nós temos crimes 
realizados por grandes organizações econômicas contra indivíduos 
muito pobres e ignorantes para serem capazes até mesmo em se dar 
conta que eles foram vitimizados. Em ambos os casos, o objetivo da 
prevenção do crime poderá ser recriar condições sociais que façam os 
conflitos visíveis e subsequentemente controláveis. 
 
Conflitos como propriedade/bem 
 
Os conflitos são retirados, dados, dissolvidos, ou tornados invisíveis. 
Isto importa? Isto realmente importa? A maioria de nós provavelmente 
concordaria que devemos proteger as vítimas invisíveis recentemente 
mencionadas. Muitos iriam também acenar aprovando as idéias 
dizendo que estados, ou governos, ou outras autoridades devem 
paras de roubar bens e ao invés disso, deixar que as vítimas pobres 
recebam seu dinheiro. Ao menos eu aprovaria este arranjo. Mas eu 
não vou entrar neste problema aqui e agora. Compensação material 
não é o que eu tenho em mente com a formulação “conflitos como 
propriedade”. É o conflito por ele mesmo que representa a mais 
interessante propriedade retirada, não os bens originais retirados da 
vítimas ou devolvidos a elas. No nosso tipo de sociedade, conflitos 
são mais escassos que propriedades. E eles são imensamente mais 
valiosos. 
Eles são valiosos de várias formas. Deixe-me começar no nível da 
sociedade, desde aqui eu tenho apresentado os fragmentos 
necessários de análise que podem nos permitir ver qual é o problema. 
Sociedades altamente industrializadas enfrentam maiores problemas 
organizando seus membros de forma que um número considerável 
não participa de nenhuma atividade. Segmentação de acordo com 
idade, sexo pode ser visto como um método astuto e perspicaz de 
segregação. A participação é tão escassa que os do interior criam 
monopólios contra os do exterior, especialmente com relação ao 
trabalho. Nesta perspectiva, facilmente será visto que os conflitos 
representam um potencial para a atividade, para participação. O 
sistema de controle criminal moderno representa um dos muitos casos 
de oportunidades perdidas de envolver cidadãos em tarefas que são 
de importância imediata para eles. A nossa sociedade é a das 
incumbências monopolistas. 
A vítima é particularmente a grande perdedora nesta situação. Ela não 
apenas sofreu perdas materiais ou foi ferida, fisicamente ou de outra 
forma. E não apenas o Estado levou sua compensação. Mas acima de 
tudo ela perdeu a participação no caso dela própria. É a Coroa que 
vem para os holofotes, não a vítima. É a Coroa que descreve os 
prejuízos, não a vítima. É a Coroa que aparece no jornal, muito 
raramente a vítima. É a Coroaque tem a chance de conversar com o 
ofensor, e nem a “Coroa” ou o ofensor estão particularmente 
interessados em continuar esta conversa. O promotor público está 
cheio desde então. A vítima não teria estado.Ela deve estar muito 
amedrontada, tomada de pânico ou furiosa. Mas ela não ficaria sem 
se envolver. Teria sido um dos dias importantes de sua vida. Algo que 
a pertencia foi reitrado da vítima. 
Mas os grandes perdedores somos nós, com a extensão para a 
sociedade somos nós. Esta perda é antes de tudo um prejuízo nas 
oportunidade de esclarecer a norma. É uma perda de oprtunidades 
pedagógicas. É uma perda de oprtunidades para continuar a 
discussão sobre o que representa a lei do país. O quanto errado 
estava o criminoso e o quanto certo estava a vítima? Os advogados 
são, como vimos, treinados para estar de acordo com o que é 
relevante em cada caso. Mas isto significa uma incapacidade treinada 
em deixar as partes interessadas decidirem o que elas pensam que é 
relevante. Isto significa que é difícil representar o que nós podemos 
chamar de debate político na corte de justiça. Quando a vítima é 
pequena e o ofensor grande (em tamanho de poder)quanto digno de 
responsabilidade é o crime? E se fosse o contrário, o criminoso 
pequeno e o grande proprietário da casa a vítima? Se o ofensor é bem 
educado, ele deve sofrer mais, ou talvez menos pelo seus pecados? 
Ou se ele é negro ou se ele é jovem, ou se a outra parte é uma 
companhia de seguros, ou se a sua esposa recém o deixou, ou se a 
sua empresa quebrará se ele for recolhido em uma penitenciária, ou 
se sua filha perderá seu noivo, ou se ele era alcoolista ou se ele era 
triste ou se era maluco? Não existe um final para isto. E talvez não 
devesse existir. Quem sabe a lei Barotse da forma como foi descrita 
por Max Gluckman(1967) é o melhor instrumento para o 
esclarecimento na norma, permitindo as partes em conflito trazer a 
cada momento toda a cadeia de antigas reivindicações e 
argumentações. Talvez decisões relevantes e que pesam no sentido 
de o que se pensa que é relevante devam ser tomadas distantes de 
especialistas em questões legais, de idealistas chefes de sistemas de 
controle criminal, e trazidas de volta para decisões nas salas da corte. 
Uma perda geral posterior- tanto para a vítima quanto para a 
sociedade em geral, tem a ver com o nível de ansiedade e os mal 
entendidos. Novamente são as possibilidades de encontros 
personalizados que eu tenho em mente. A vítima está tão totalmente 
fora do caso que ela não tem nunca a chance de vir a conhecer o 
ofensor Nós a deixamos do lado de fora furiosa, talvez humilhada por 
um exame frustrante na corte de justiça, sem nenhum contato humano 
com o ofensor. Ela não tem alternativa. Ela precisará de todos os 
estereótipos clássicos em torno do “crime” para ter o controle de tudo. 
Ela tem a necessidade de um entendimento, mas é ao invés disso 
uma não-pessoa da peça de Kafka. Claro que ela irá embora mais 
amedrontada do que nunca, com mais necessidades do que alguma 
explicação dos criminosos como sendo não-humanos poderia dar 
conta. 
O ofensor representa um caso mais complicado. Não é necessária 
muita introspecção para se ver que a participação direta da vítima 
pode ser experimentada como dolorosa de fato. A maioria de nós iria 
retrair-se com uma confrontação deste tipo. Esta é a primeira reação. 
Mas a segunda é um pouco mais positiva. Seres humanos possuem 
razões para as suas ações. Se a situação está encenada de modo 
que as razões podem ser dadas(razões como as partes as vêem, não 
somente o que os advogados selecionados decidiram classificar como 
relevantes), neste caso a situação talvez não seria tão humilhante. E, 
particularmente, se a situação foi encenada de forma na qual a 
questão central não foi retirada da culpa, mas colocada em uma 
minuciosa discussão sobre o que poderia ser feito para se desfazer a 
ação, a partir disso a situação poderá mudar. E isto é exatamente o 
que deverá acontecer quando a vítima é novamente introduzida no 
caso. Atenções sérias serão centradas nos prejuízos da vítima. Isto 
leva a uma atenção natural para como ela poderá ser conciliada. Isto 
leva a uma discussão sobre restituição. O ofensor tem a possibilidade 
de mudar a sua posição de ser uma pessoa que somente escuta uma 
discussão- frequêntemente uma ininteligível- sobre quanta dor ele 
deve receber, em um participante na discussão de como ele poderia 
fazer as coisas ficarem bem novamente. O ofensor perdeu a 
oportunidade de explicar ele mesmo para a pessoa cuja avalição 
sobre ele deve ter algum significado. Ele tem deste modo perdido 
também a importante oportunidade de sere perdoado. Comparado 
com as humilhações em uma corte comum nitidamente descritas por 
Pat Carlen (1976) em uma recente publicação do Jornal Britânico de 
Criminologia- isto não é obviamente nada ruim para o criminoso. 
Mas deixe-me adicionar que eu penso que nós devêssemos fazer isto 
um pouco independentemente destes desejos. Não é um controle 
saudável que nós estamos discutindo. É o controle do crime. Se os 
criminosos são chocados pelo pensamento inicial de uma 
confrontação próxima com a vítima, preferivelmente uma confrontação 
em uma vizinhança local de uma das partes, e aí? Eu sei de 
conversas recentes nestes assuntos que a maioria das pessoas 
sentenciadas são surpreendidas. Após tudo, elas preferem distância 
da vítima, dos vizinhos, dos ouvintes e talvez do seu próprio caso de 
justiça através do vocabulário e dos experts da ciência do 
comportamento a quem poderá ocorrer estar presente. Eles estão 
desejando perfeitamente dar seus direitos de propriedade no conflito. 
Então a pergunta é mais: Estamos nós desejando deixar eles dar o 
conflito adiante? Estamos nós desejando dar este fácil acesso a 
saída? 
Deixe-me ser mais explícito em um ponto: eu não estou sugerindo 
estas idéias descontextualizadas do interesse particular em melhorar, 
ou tratar os criminosos. Eu não estou embasando meus argumentos 
em uma crença de que o encontro mais personalisado entre a vítima e 
o ofensor poderia levar a redução da reincidência. Talvez levaria. Eu 
acredito que sim. Da forma como é agora, o ofensor perdeu a 
oportunidade de participação em uma confrontação pessoal de uma 
natureza muito séria. Ele perdeu a oportunidade de receber uma 
forma de culpa que é muito difícil de ser neutralizada. Entretanto, eu 
teria sugerido esta providência mesmo que fosse absolutamente certo 
que não existam efeitos na reincidência, mesmo quetivesse efeitos 
negativos. Eu teria feito por causa do outros, maior o lucro geral. E 
deixe-me também acrescentar- não é muito a perder. Como todos 
sabem, hoje, ao menos até onde se sabe, nós não conseguimos 
inventar nenhuma cura para o crime. A não ser por execução, 
castração ou encarceramento perpétuo, nenhuma medida comprovou 
ter o mínimo de eficiência comparado com alguma outra medida. Nós 
temos que reagir ao crime de acordo com o que as partes envolvidas 
mais próximas pensam que é justo e de acordo com os valores gerais 
da sociedade. 
Com esta última afirmação, assim como com a maioria das outras que 
fiz, eu criei muito mais problemas do que respondi. Afirmações em 
políticas criminais, particularmente aquelas com carga de 
responsabilidade, são usualmente preenchidas com respostas. São 
perguntas o que nós precisamos. A seriedade do nosso tema nos faz 
muito mais pedantes do que tidos como transformadores de 
paradigmas. 
 
A vítima – a corte de justiça orientada(guiada, encaminhada) 
 
Existe claramente um modelo de cortes de vizinhança por traz dos 
meus argumentos. Mas é uma com traços peculiares e é isto que 
discutirei no que se segue. 
Primeiramente e mais importante; é uma organização de vítima- 
orientada(guiada, encaminhada). Não é seu estágio inicial. O primeiro 
estágio seria o tradicional, no qual fica estabelecido que uma lei foi 
desrespeitada e onde foi esta pessoa particular que a desrespeitou. 
Então vem o segundo estágio, quenesta corte de justiça seria o de 
máxima importância. Este seria o estágio no qual a situação da vítima 
seria considerada, onde todos os detalhes com respeito ao acontecido 
–legalmente relevantes ou não- seriam trazidos para a atenção da 
corte. Particularmente importante aqui seriam as considerações 
detalhadas com respeito ao que poderia ser feito para ele, 
primeiramente e acima de tudo pelo ofensor, em segundo lugar pela 
vizinhança local e em terceiro lugar pelo estado. Poderia o prejuízo ser 
recompensado, a viúva reparada, a fechadura recolocada, o muro 
pintado, o tempo gasto pelo carro ter sido roubado restituído de volta 
através do trabalho no jardim

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