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Gestão da Produção e Logística Prof. Ms. Francisco Carlos Merlo Introdução à Administração da Produção Universidade Anhembi MorumbiIntrodução à Administração da Produção� Introdução à Administração da Produção Definição de Produção: Produção nada mais é do que o conjunto de atividades que le- vam à transformação de um bem tangível (insumo) em outro com maior utilidade (pro- duto). Tipos de Sistemas Produtivos: Existem diversos tipos de sistemas produtivos, classificados conforme sua operação básica. Os três principais são: • Manufatura: Alteração da forma e/ou da composição dos recursos. • Suprimento / Transporte: Alteração da posse dos recursos. • Serviço: Alteração do estado dos recursos. Sistema de Produção: Numa visão restrita e simplificada podemos considerar que todos os sistemas de produção apresentam as seguintes características: PROCESSOINSUMOS PRODUTOS / SERVIÇOS 1. Conceitos Básicos Nesse modelo, entram insumos que, por um determinado processo de produção, são transformados em produtos e/ou serviços. Note que é a própria definição de produção! Universidade Anhembi MorumbiIntrodução à Administração da Produção� 2. Atividades de Produção – Histórico e Evolução Pré-história: Eram produzidos utensílios de pedra para uso próprio, geralmente como ferramentas de trabalho ou armas para caça. Idade média: Muitos séculos se passaram até surgirem os primeiros artesãos nas ativi- dades de produção. Eram dotados de extrema habilidade manual para fabricação de inúmeros produtos. Agora ocorre a fabricação para terceiros e, consequentemente, as primeiras encomendas, havendo a necessidade de organizar a produção e definir: • prazo de entrega; • especificação do cliente; • preço do bem ou produto. Revolução Industrial: Com a invenção da máquina a vapor em 1764, por James Watt, ocorreu verdadeiramente uma revolução industrial, uma vez que houve a substituição da força humana pela força das máquinas. Os artesãos agruparam-se em fábricas e treina- vam pessoas nas suas competências. Surgiram novas exigências: • padronização dos produtos; • padronização dos processos de fabricação; • treinamento e habilitação da mão de obra direta; • criação dos quadros gerenciais e de supervisão; • desenvolvimento de técnicas de planejamento e controle da produção; • desenvolvimento de técnicas de planejamento e controle financeiro; • desenvolvimento de técnicas de vendas. Universidade Anhembi MorumbiIntrodução à Administração da Produção� Administração Científica: No século XIX, o engenheiro americano Frederick Winslow Taylor (1856-1915), a partir de um detalhado estudo no chão de fábrica, verificando as tarefas realizadas pelos operários, criou a Administração Científica e introduziu o conceito de produtividade. Produtividade admite várias definições, sendo que todas são particularidades da definição a seguir. Numa visão abrangente, produtividade é definida como sendo: PRODUTIVIDADE = RESULTADO ESFORÇO Podemos então, estender o conceito de produtividade levando em conta o modelo restri- to do sistema de produção, em que os insumos são considerados os “inputs” do sistema e os produtos e/ou serviços os “outputs”. PROCESSOINPUT OUTPUT PRODUTIVIDADE = MEDIDA DO OUTPUT MEDIDA DO INPUT Por exemplo: • OUTPUT: quantidades produzidas, receitas de vendas e/ou serviços etc. • INPUT: quantidades de matéria-prima, mão de obra, energia elétrica etc. Universidade Anhembi MorumbiIntrodução à Administração da Produção� • Produtividade = Quantidade produzida / quantidade de matéria prima utilizada. • Produtividade = Receita de vendas / quantidade de mão de obra. • Produtividade = Toneladas / Kilowatt hora. Engenharia Industrial: Na década de 10, Henry Ford (1863 - 1947) introduziu o conceito da linha de montagem seriada e da produção em massa com grande volume de produtos extremamente padronizados. Para tanto estudou a melhoria da produtividade, criando a então denominada Engenharia Industrial. Neste novo cenário, surgiram conceitos como a linha de montagem, a definição de posto de trabalho, a criação de estoques intermediários de produtos em processo, o controle estatístico da qualidade, fluxograma de processos e a manutenção preventiva. Grande parte desses conceitos, introduzidos por Ford, perduram até hoje nas fábricas manufatureiras e representam um enorme avanço nas atividades de produção. Lean Manufacturing (Produção Enxuta): Filosofia de trabalho criada no pós guerra pela Toyota, baseada na “análise de valor”. Difundiu-se no ocidente na década de 70 e introduziu novos conceitos para a manufatura. Entre os principais pontos podemos citar: • Just in time. • Engenharia simultânea. • Tecnologia de grupo. • Células de produção. • Sistemas flexíveis de manufatura. • Manufatura integrada por computador. Produção Customizada: Atualmente a manufatura evoluiu para a Produção Customizada, crescendo em importância a figura do consumidor, em nome do qual NOTA Este conceito de produtividade perdura até os dias de hoje, sendo utilizado no nosso dia a dia. Por exemplo, se um automóvel consome 1 litro de gasolina para percorrer 10 km e outro com este mesmo litro percorre 15 km, podemos dizer que a “produtividade” do segundo é maior que a do primeiro, pois com o mesmo input ( 1litro de gasolina) apresentou um “output” ( km percorridos) muito melhor. Universidade Anhembi MorumbiIntrodução à Administração da Produção� tudo se tem feito. Novas técnicas de produção baseiam-se no objetivo principal que é a satisfação do consumidor. Hoje é comum encontrarmos empresas nas quais o consumidor especifica seu produto. Como exemplo, podemos citar a indústria automobilística, que já dispõe de “sites” na Internet em que o consumidor pode especificar detalhadamente e até mesmo encomendar seu veículo, dentro de suas reais necessidades. Dentro desse contexto surgiram as Empresas Classe Mundial, que apresentam as seguintes características: • Voltadas para o cliente sem perder as características de empresas enxutas. • Altos indicadores de produtividade em nível mundial. • Procura incessante por melhorias. 3. Manufatura e Serviços Até a década de 50, a indústria de transformação era a que se destacava no cenário político e econômico mundial. Administração da Produção relacionava-se com o chão de fábrica e tratava de arranjo físico, processos de fabricação, planejamento e controle da produção, controle da qualidade, manutenção das instalações fabris, manuseio e armazenagem de materiais etc. Hoje, é o setor de serviços que se destaca, e todas as técnicas anteriores foram a eles incorporadas. Universidade Anhembi MorumbiIntrodução à Administração da Produção� Dessa forma, tornou-se necessária uma correção na denominação do tema em estudo, que mais apropriadamente passou a chamar-se Administração da Produção e Operações. Compõe o conjunto de todas as atividades da empresa relacionadas com a produção de bens e / ou serviços O principal objetivo da Administração da Produção e Operações é a gestão eficaz das atividades das empresas que, na tentativa de transformar insumos em produtos acabados ou serviços, consomem recursos que nem sempre agregam valor ao produto final. 4. Competitividade Competitividade está associada a dois pontos básicos: • Identificar as necessidades dos consumidores. • Saber como atender a tais necessidades. Obter vantagem competitiva significa estabelecer uma estratégia de manufatura ou de operações quanto aos objetivos de: custos, qualidade, prazos de entrega, flexibilidade, inovação e produtividade. Universidade Anhembi MorumbiIntrodução à Administração da Produção� Custos: Produção de um bem ou serviço ao menor custo possível é um objetivo permanente das organizações. A redução de custos pode traduzir-se em menor preço de venda, com enorme impacto na vantagem competitiva. Qualidade: Diferencial de qualidade representa uma grande vantagem competitivaentre produtos e/ou serviços semelhantes, além de contribuir na redução dos custos de produção. Prazo de Entrega: Quanto menor o prazo de entrega de um produto / serviço; mais satisfeito ficará o consumidor, menores serão os estoques intermediários, maior o giro de estoques de matérias-primas, mais cedo será realizada a receita e menores serão os desperdícios e as perdas. Flexibilidade: É a capacidade de a empresa rapidamente se adaptar às mudanças nas tendências do mercado. Traduz-se na agilidade da adaptação de seus produtos / serviços às novas exigências do consumidor. Quanto mais flexível, mais rápida sairá na frente de seus concorrentes, ganhando a vantagem da novidade. Inovação: É a capacidade de a empresa antecipar-se às necessidades dos consumidores. Produtividade: É uma dimensão que deve estar presente em todas as ações da empresa, sob pena de perder competitividade, em que pese sua capacidade de inovar, sua flexibilidade, qualidade etc. Todas as decisões devem ter uma relação custo / benefício favorável, pelo médio ou longo prazo. Universidade Anhembi MorumbiIntrodução à Administração da Produção� 5. Objetivo da Administração da Produção e Operações Quanto produzir? • Se produzir a mais acarretará custos desnecessários; • se produzir a menos incorrerá em diversos problemas, tais como: o custo do não atendimento, o desgaste da imagem da empresa e a consequente perda de clientes. Determinar o ponto de equilíbrio é o objetivo básico da Administração da Produção e Operações Bibliografia MARTINS, Petrônio G., LAUNEGI, Fernando P. Administração da Produção. São Paulo: Saraiva, 2005. MOREIRA, Daniel A. Administração da Produção e Operações. São Paulo: Pioneira, 2004. RITZMAN, Larry P., KRAJEWSKI, Lee J. Administração da Produção e Operações. São Paulo: Pearson, 2004. Este documento é de uso exclusivo da Universidade Anhembi Morumbi, está protegido pelas leis de Direito Autoral e não deve ser copiado, divulgado ou utilizado para outros fins que não os pretendidos pelo autor ou por ele expressamente autorizados. Gestão da Produção e Logística Prof. Ms. Francisco Carlos Merlo O Produto Universidade Anhembi MorumbiO Produto� O Produto 1. Projeto do Produto Um produto ou serviço tem por finalidade principal atender às necessidades de seus consumidores. Seu sucesso estará diretamente relacionado à sua capacidade de satisfazer e até mesmo suplantar as expectativas de seus clientes. Portanto, o projeto do produto, seja ele um bem tangível ou um serviço, assume uma grande importância neste contexto, uma vez que irá definir as características do produto e/ou serviço e, consequentemente, sua aceitação pelo mercado consumidor. Como já visto na unidade 1, a competitividade está ligada à identificação das necessidades dos consumidores e à forma como atendê-las. Então, o projeto do produto passa a ser um elemento básico de competitividade, quando diferenciado em relação a custos, qualidade, prazo de entrega, flexibilidade, inovação e produtividade. 2. Ciclo de vida do produto O ciclo de vida é o conjunto das fases por que passa a demanda de um produto. O projeto de um produto deve levar em consideração seu ciclo de vida. Alguns produtos têm ciclos de vida mais longos, outros mais curtos. Alguns já nascem com data prevista para retirada do mercado, conceito este denominado de “obsolescência planejada.” Universidade Anhembi MorumbiO Produto� Alguns autores definem cinco fases distintas para o ciclo de vida de um produto; outros preferem reconhecer apenas quatro. Na verdade o ciclo de vida é apenas um modelo teórico no qual podemos associar a um dado produto cada uma das fases de demanda e estudar suas implicações em Marketing e Produção. A figura abaixo representa o ciclo de vida de um produto, supondo a existência de cinco fases distintas. Nota: no caso de se considerar somente quatro fases, “maturidade” e “saturação” formariam apenas uma única fase. Cada uma dessas fases contempla determinadas estratégias de Marketing, Processos e Produção. A tabela a seguir mostra, de forma resumida, as principais características de cada fase do ciclo de vida do produto. Universidade Anhembi MorumbiO Produto� Um exemplo de produto com ciclo de vida longo é o Uno Mille, fabricado pela Fiat Automóveis S/A. Desde seu lançamento em 1984, passou por uma série de mudanças, algumas bastante superficiais, e mantém-se vivo ao longo desses quase 28 anos. A produção do Mille em 2007, no seu modelo Flex, atingiu a casa das 128.000 unidades, enquanto que o recém lançado Celta da Chevrolet vendeu pouco mais de 118.000 unidades (dados da ANFAVEA – Associação Nacional dos fabricantes de Veículos Automotores). Ao que tudo indica, o Mille ainda se encontra na fase da maturidade. Universidade Anhembi MorumbiO Produto� Se observarmos os inúmeros produtos e/ou serviços que fazem parte de nosso dia a dia, com certeza identificaremos alguns com ciclo de vida longo e outros bastante curtos. Os telefones celulares são um exemplo típico de produto com ciclo de vida curto: alguns modelos sobrevivem no mercado por menos de 6 meses. 3. Engenharia de Produtos O desenvolvimento de novos produtos está diretamente ligado às estratégias da empresa e à sequência de atividades que devem ser seguidas desde a geração da ideia até a introdução do produto no mercado e sua avaliação final. Nesse contexto, a Engenharia de Produtos assume papel relevante, uma vez que é a responsável por todo esse processo dentro das organizações. Como estratégias de desenvolvimento de produtos podemos citar a “product-out”, na qual a empresa busca desenvolver novos produtos com a tecnologia que possui e a procura por compradores passa a ser um problema da equipe de vendas; ou a “market – in” em que a empresa desenvolve os produtos que o mercado deseja, antecipando-se e até mesmo gerando novas necessidades de consumo. Elaborada por Martins e Laugeni (2005), a figura a seguir apresenta um esquema das relações projeto, fabricação e mercado relativas às estratégias de desenvolvimento de novos produtos. Universidade Anhembi MorumbiO Produto� Quanto às atividades de desenvolvimento de novos produtos, geralmente a Engenharia de Produtos, baseada em aspectos internos e externos à organização, observa a seguinte sequência de atividades: Universidade Anhembi MorumbiO Produto� Na sequência acima, a Engenharia de Produto utiliza-se, além do conhecimento de todos os departamentos da empresa, de diversas técnicas, tais como: estratégias “product-out”/ “market-in”, engenharia reversa, análise de valor, engenharia simultânea e engenharia robusta. Engenharia Reversa: Consiste em usar a criatividade para, a partir de uma solução pronta, retirar todos os possíveis conceitos novos ali empregados. É o processo de análise de um produto e dos detalhes de seu funcionamento, geralmente com a intenção de construir um novo produto que execute as mesmas funções, sem realmente copiar o original. Objetivamente a Engenharia Reversa consiste em, por exemplo, desmontar uma máquina para descobrir como ela funciona, e utilizando, por exemplo, a análise de valor, melhorar seu projeto. Engenharia Robusta: A robustez de um produto é função de seu projeto. Para o consumidor, a prova da qualidade do produto é seu desempenho quando submetido a golpes, sobrecarga e quedas. Ou seja, o produto deve suportar não apenas variações no processo produtivo, mas também as mais difíceis situações de uso sem apresentar defeitos. 4. Tecnologias CAE, CAD, CAM Devido à competitividade, as empresas veem-se obrigadas a lançar produtos inovadores e atrativos para conquistar os consumidores cada vez mais exigentes. Em um mundo globalizado, a velocidade de informação, execução e implementação de um projeto são fundamentais para o sucesso de uma empresa. Universidade Anhembi MorumbiO Produto� A gradual redução do tempo de vida de um produto faz comque as empresas necessitem desenvolver novos produtos num espaço de tempo cada vez menor. Esta realidade faz com que recorram a metodologias e ferramentas de gestão do desenvolvimento de produtos que lhes permitam atingir esse objetivo. Os sistemas CAD - Computer Aided Design (Projeto Auxiliado por Computador), CAE- Computer Aided Engineer (Engenharia Auxiliada por Computador) e CAM - Computer Aided Manufacturing (Manufatura Auxiliada por Computador) são ferramentas que desempenham um papel fundamental para a viabilização de um projeto de produto em tempo reduzido, ao oferecerem oportunidade para simular e reduzir custos na fase de desenvolvimento do produto. CAD / CAE Não se limitam apenas em facilitar o desenho do produto, mas trabalham com cálculos de engenharia, possibilitando a determinação de volume, peso, resistência mecânica, condutividade térmica, condutividade elétrica, cálculos estruturais e outras propriedades específicas. A grande vantagem competitiva é a possibilidade de desenvolvimento de um novo projeto em curto espaço de tempo, utilizando dados de projetos já existentes, levando em consideração as características anteriores utilizadas com sucesso e já consolidadas. São uma poderosa ferramenta de trabalho, aliando precisão e velocidade de execução. Atualmente, todas as empresas utilizam esses recursos de projeto, eliminando definitivamente a prancheta. Universidade Anhembi MorumbiO Produto� CAM Programa que interliga as máquinas da produção com os dados do projeto gerados a partir do CAD / CAE. Define parâmetros de operação dos equipamentos por comandos de computador. São exemplos de aplicação do CAM as máquinas CNC (Computer Numerically Controled) que armazenam e executam as sequências de operação previamente definidas, e os equipamentos DNC (Direct Numerically Controled) que recebem as informações de execução das operações diretamente de um computador central. A grande vantagem da utilização do CAM associado a outras tecnologias modernas reside na facilidade e na rapidez com que os equipamentos são reprogramados, a partir de um banco de dados pré-estabelecido. Para realizar, por exemplo, uma sequência de operações num torno mecânico, basta carregar as informações já existentes, a partir de um computador central, e apertar o comando “executar”. 5. Engenharia Simultânea Atualmente, devido à crescente complexidade e exigências de qualidade, o tempo necessário para o desenvolvimento de novos produtos tem se tornado um fator crítico. Por outro lado, as empresas necessitam de tempos cada vez menores para lançamento de novos produtos a fim de manter sua competitividade no mercado. Universidade Anhembi MorumbiO Produto10 Uma solução muito utilizada é a adoção da Engenharia Simultânea ou Engenharia Concorrente, na qual uma nova etapa do projeto de desenvolvimento do produto é executada paralelamente à anterior, não se esperando a completa finalização desta para início da próxima. Atividades que eram realizadas somente após o término e aprovação das atividades anteriores são antecipadas de forma que seu início não dependa dos demorados ciclos de aprovação. Podemos citar uma definição clássica de Engenharia Simultânea (WINNER et al., 1988 apud PRASAD, 1996): “Engenharia Simultânea é uma abordagem sistemática para o desenvolvimento integrado e paralelo do projeto de um produto e os processos relacionados, incluindo manufatura e suporte. Essa abordagem procura fazer com que as pessoas envolvidas no desenvolvimento considerem, desde o início, todos os elementos do ciclo de vida do produto, da concepção ao descarte, incluindo qualidade, custo, prazos e requisitos dos clientes.” A figura abaixo apresenta um esquema típico de abordagem da Engenharia Simultânea. As etapas de desenvolvimento de um novo produto, desde a geração da ideia até o projeto final, são “paralelizadas” e não “sequenciais”. Dessa forma, o tempo total resultante será significativamente menor. Universidade Anhembi MorumbiO Produto11 6. Análise de Valor É a técnica que leva em conta o questionamento quanto à possibilidade da substituição de determinado material por outros mais baratos e que exerçam a mesma função com a mesma (ou até melhor) qualidade. No desenvolvimento de novos produtos, ou até mesmo para aqueles já em produção, na Análise de Valor, deve-se repetidamente questionar: O que agrega valor e o que agrega custo? Conforme comumente conhecida, a Análise de Valor (AV) é utilizada para produtos já existentes, em produção, enquanto que a Engenharia de Valor (EV) é utilizada para projetos e produtos na fase de desenvolvimento. Dessa forma, a engenharia / análise de valor podem ser aplicadas em todo o ciclo do produto. É claro que a melhor prática é a de aplicar a Engenharia de Valor aos novos produtos, ainda na fase de projeto ou desenvolvimento, uma vez que o potencial de resultados será mais alto. A metodologia a ser utilizada para aplicação dos conceitos da Engenharia de Valor segue o processo científico de análise e é basicamente igual em quase todas as circunstâncias. Uma sequência lógica a ser seguida envolve: seleção do produto, obtenção de informações, definição de funções, geração, avaliação e seleção das alternativas e finalmente a Implantação das modificações. Por exemplo, a Análise de Valor / Engenharia de Valor, resultam na: • Simplificação de processos. • Redução do número de componentes de um produto. • Uso de materiais mais baratos. Universidade Anhembi MorumbiO Produto1� Um pouco de História (disponível em http://www.abeav.com.br/AVHISTOR.htm) A Análise do Valor teve origem durante a 2a. Guerra Mundial, como resultado da aplicação de conceitos desenvolvidos por Lawrence D. Miles que, na época, era engenheiro do Departamento de Compras da General Eletric Co. Durante a guerra, o Governo dos Estados Unidos, determinou que a disponibilidade das matérias-primas “nobres” - como níquel, cromo e platina ficasse reservada exclusivamente para uso da indústria de material bélico ou de interesse militar. Isto fez com que a indústria, em geral, sentisse a necessidade de encontrar materiais alternativos para mantê-la em funcionamento. Lawrence D. Miles, aplicando o seu raciocínio lógico e os conceitos por ele desenvolvidos, obteve grandes resultados, pois, além de conseguir redução de custos, notou melhorias tanto na qualidade como no desempenho dos produtos analisados. Terminada a guerra, Miles estendeu a aplicação destes conceitos para a concepção de um produto, com o intuito de substituir as soluções tradicionais por outras mais econômicas. Convocado para emitir seu parecer sobre a atividade de um Departamento de Projetos, Miles afirma: a) Se esse departamento obtiver informações econômicas completas referentes a preços de matérias-primas, custos de mão-de-obra de diferentes processos de fabricação, pode-se obter um ganho de até 5% sobre o custo final dos produtos. b) Se, durante um projeto, esse departamento, abandonando seu isolamento, consultar outros setores da empresa, com, por exemplo: Processos, Produção, Controle de Qualidade, Compras, Marketing etc..., a economia pode atingir 10%. c) Finalmente, se for colocada em análise a própria concepção do produto, as reduções de custos podem atingir níveis mais significativos. Os conceitos desenvolvidos por Miles tiveram origem com a seguinte questão: “Como fazer para encontrar materiais mais baratos que apresentem a mesma função daqueles atualmente utilizados?” Com o acúmulo de respostas obtidas com sucesso, Miles observa que, enquanto reduziam os custos, mantinham-se ou melhoravam-se as funções desempenhadas pelos produtos analisados, e isso levou-o a obter um maior Valor para quem produzia tais produtos. E foi pensando e fazendo uso de dados e fatos ocorridos antes e durante a década de 40 que Lawrence D. Miles, pôde chegar a algumas conclusões, após estudos sobre a redução de custos: “ Que o uso dos padrões convencionaissufoca a imaginação e restringe o campo de observações relativo aos objetos existentes. “ Universidade Anhembi MorumbiO Produto1� Um pouco de História (disponível em http://www.abeav.com.br/AVHISTOR.htm) Outra conclusão de Miles, e que basicamente deu origem a todo trabalho de desenvolvimento da Análise do Valor, foi que: “A concentração nos requisitos funcionais permite maior liberdade mental”. A liberdade mental, na busca de alternativas para atendimento das necessidades do homem, também fez com que os homens identificassem os valores de tudo aquilo que nos rodeia. É nesta busca de alternativas que conseguimos identificar os valores reais das funções necessárias nos produtos, sistemas e serviços. Certamente que, para chegarmos a esta conclusão, precisaríamos de uma técnica e um processo metodológico que nos permitisse a ordenação no desenvolvimento dos nossos projetos e a Análise do Valor, está à disposição de todos que quiserem fazer uso dela. Em 1947, esses conceitos foram, então, agrupados em uma metodologia denominada “Value Analysis” - ” Análise do Valor”. A partir daí, ocorreram publicações em jornais e revistas especializadas e muitas empresas americanas iniciaram sua aplicação. Noticiou-se em 1954 e 1955, que a U.S. Navy e U.S. Army, estavam utilizando a Análise do Valor. Nessa época, os escritórios técnicos da Marinha Americana passaram a adotar a metodologia como norma e a denominaram de “Value Engeneering” - “Engenharia do Valor”. Em 1959 ocorreram dois fatos significativos na história da AV: o primeiro diz respeito à fundação da “SAVE”- Society of American Value Engeneers - Sociedade Americana de Engenheiros do Valor; o segundo refere-se à inclusão da AV como cláusula nos contratos assinados pelo Pentágono e isso foi uma decisão tomada por Robert MacNamara - Secretário de Defesa dos Estados Unidos. A partir de 1960 a AV passou a ser difundida em países europeus e no Japão. Na Alemanha, os engenheiros, através de sua associação VDI - Verein Deutscher Ingenieure - Sociedade dos Engenheiros Alemães, que desenvolveu estatutos próprios, sistematizando a técnica de aplicação da WERTANALYSE (Análise do Valor), incluindo-a em suas especificações - Norma DIN, folha 69910 - VDI 2801. No Brasil, a partir de 1970, grandes empresas vêm utilizando-se dessa metodologia, destacando-se algumas como: Volkswagen, Mercedes Benz, Freios Varga, Valeo, Petrobrás, IBM, Telebrás, Panasonic, Klabin do Paraná, TRW, FIAT, Consul, BASF, General Motors e Consul. Com a finalidade de divulgar essa técnica também no Brasil, foi fundada em julho de 1984 a ABEAV - Associação Brasileira de Engenharia e Análise do Valor. Universidade Anhembi MorumbiO Produto1� Bibliografia MARTINS, Petrônio G., LAUNEGI, Fernando P. Administração da Produção. São Paulo: Saraiva, 2005. MOREIRA, Daniel A. Administração da Produção e Operações. São Paulo: Pioneira, 2004. PRASAD, B. Concurrent Engineering Fundamentals: integrated product and process development. USA: Prentice Hall, 1996. RITZMAN, Larry P., KRAJEWSKI, Lee J. Administração da Produção e Operações. São Paulo: Pearson, 2004. Este documento é de uso exclusivo da Universidade Anhembi Morumbi, está protegido pelas leis de Direito Autoral e não deve ser copiado, divulgado ou utilizado para outros fins que não os pretendidos pelo autor ou por ele expressamente autorizados. ADM02058_(1)_(1) ADM02058_(1)_(2)
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