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Como a gramática normativa indica a formalidade de uso da língua Frequentemente, ouvimos na fala do indivíduo considerado culto a seguinte frase: O livro que eu gosto já está esgotado. No entanto, a gramática normativa prescreve uma construção diferente: O livro de que eu gosto já está esgotado. Essa prescrição é baseada no fato de que, de acordo com a norma culta, a regência do verbo gostar exige a preposição de. Exemplo: Eu gosto disso. Confira outros casos de uso da norma culta estabelecida na gramática. Como você deve ter aprendido na escola, eu é pronome pessoal do caso reto e só pode ser usado na função de sujeito: • Com verbo no infinitivo: Não há nada entre eu sair e você ficar em casa. • Sem verbo no infinitivo: Não há nada entre mim e você. Vamos a outro exemplo de uso da norma culta dele / de ele: 1) Dele quando corresponde a um pronome possessivo. Exemplo: A paciência dele acabou, e ele saiu da sala. 2) Dele quando corresponde à combinação da preposição de com o pronome pessoal oblíquo tônico ele, na função de objeto indireto. Exemplo: Ana gosta muito dele, e ele saiu da sala. 3) De ele como preposição de mais o pronome pessoal ele. Essa combinação só pode ser usada quando ele for sujeito de uma oração reduzida de infinitivo. Exemplos: Conversamos sobre isso de ele sair. (= de que ele saísse) Apesar de ele ter comprado o carro, foi de táxi à festa. O segredo é o verbo no infinitivo. Só podemos usar de ele quando houver esse verbo. Exemplo: Fizemos a surpresa antes de ele chegar ao curso. Veja ainda outra ocorrência na língua coloquial distinta do que estabelece a gramática normativa: Para mim ou para eu? 1) Eu é um pronome pessoal do caso reto e exerce a função de sujeito; 2) Mim é um pronome pessoal oblíquo tônico, nunca exerce a função de sujeito e, obrigatoriamente, deve ser usado com preposição: “a mim”, “de mim”, “entre mim”, “para mim”, “por mim” etc. Exemplos: Ana trouxe o livro para eu ler. (= sujeito) Ana trouxe o livro para mim. (= não é sujeito) No primeiro caso, há duas orações: 1) Ana trouxe o livro: oração principal 2) para eu ler: oração reduzida de infinitivo (= para que eu lesse) Nesse caso, devemos usar o pronome pessoal do caso reto (EU), porque ele exerce a função de sujeito do verbo infinitivo (LER). Em síntese, a diferença entre para mim e para eu está na presença ou não de um verbo (sempre no infinitivo) após o pronome. Portanto, sempre que houver um verbo no infinitivo, devemos usar os pronomes pessoais retos. Isso ocorrerá com qualquer preposição. Exemplos: Minha irmã saiu da festa antes de mim. Ela voltou para o escritório antes de eu chegar. Nossos professores fizeram isso por mim. Mariana fez isso por eu estar cansada. Observe, no entanto, a mudança no significado trazida pelo uso da vírgula: Para eu sair de casa, foi preciso organizar minhas finanças. Para mim, vender meu primeiro imóvel foi uma grande conquista. Na primeira frase, o pronome pessoal reto (eu) é o sujeito do infinitivo (sair). Já na segunda frase, a vírgula indica que para mim está deslocado. Nesse caso, devemos usar o pronome oblíquo (mim), pois ele não é o sujeito do verbo vender.
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