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AMPLIAÇÃO DE SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA UTILIZANDO ETA METÁLICA

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AMPLIAÇÃO DE SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA 
UTILIZANDO ETA METÁLICA 
 
Ariel Donizete Soares Junior1 
Dra. Siumara Rodrigues Alcântara2 
 
RESUMO 
Frente à constante expansão urbana e com ela o crescimento populacional, a obrigatoriedade em atender as 
necessidades básicas dos seres humanos também necessita ser expandida. Dentre essas necessidades está o direito 
ao acesso a água tratada e própria para consumo nas residências familiares. Visando suprir o abastecimento dessas 
residências, a água é tratada em larga escala nas chamadas Estações de Tratamento de Água. Porém, referindo-se 
a ampliação da capacidade de tratamento de água, há casos onde não é possível a execução de uma nova estação 
completa adjacente à existente em funcionamento, demandando a busca por novos locais para tal ou outras opções 
que sejam viáveis frente a necessidade dessa ampliação. Em função disso, existem os chamados Módulos 
Compactos de Estação de Tratamento de Água, módulos menores, que oferecem uma ampliação moderada do 
tratamento, de igual funcionalidade e custos mais atraentes, e que podem ser instalados em áreas menores e 
interligados as Estações já existentes e em funcionamento, sem comprometer suas atividades. Diante disso, o 
presente artigo visa explanar de forma suscinta a funcionalidade desses módulos dentro do sistema de tratamento 
da água, bem como seus custos gerais, demonstrando benefícios na ampliação do tratamento de água se utilizando 
de módulos compactos. 
Palavras-chave: Saneamento; Abastecimento de água; Floco-decantação. 
 
ABSTRACT 
Facing the constant urban expansion and with it the population growth, the mandatory to attend human being basic 
needings must be expanded as well. Among these necessities is the right to access treated and consumption fitting 
water at family homes. Aiming to provide these homes water supply, the water is treated in large scales at the 
Water Treatment Plants (WTS). However, when it comes to treatment capacities enlargement, there are instances 
where a new full water plant construction isn’t possible, demanding the search for new places to do it or other 
options that may be viable facing the enlargement necessities. Because of that, there are the WTS called Compact 
Modules Water Treatment Plants, that are small modules, which offer a moderate treatment enlargement, of equal 
functionality and more attractive costs, that may be installed at smaller areas and connected to existent and working 
Plants, without compromise their activities. Given this, this article aims to explain in a easy way the functionality 
of these modules among the water treatment system, as well as their general costs, demonstrating the advantage in 
the enlargement of water treatment using these compact modules. 
Keywords: Sanitation; Water supply; Flake-decanting. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Por muito tempo, a água distribuída nas cidades e utilizada nas casas era advinda 
diretamente de poços ou de captações em rios próximos aos centros urbanos. Porém, essa água 
não era própria para consumo, o que levou pesquisadores e estudiosos a desenvolver métodos 
de tratamento da mesma, com o intuito de torná-la potável a fim de ser consumida pela 
 
1 Graduando em Engenharia Civil, pela Faculdade Estácio de Sá – UNESA, ariel.ds.junior@hotmail.com. 
2 Doutora em Engenharia de Processos, professora orientadora pela Faculdade Estácio de Sá – FAESO, 
siumaraalcantara@yahoo.com.br. 
 
 
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população. Segundo Cech (2013, p.308), “o primeiro passo para obter água potável com 
segurança para consumo é proteger a água natural na sua fonte”. Medidas relacionadas a 
preservação ambiental, afetam de forma direta a questão da escolha dos locais de captação da 
água. Essa captação pode ocorrer a partir de poços ligados a lençóis freáticos, rios e lagoas, daí 
a preocupação com ambiente ao redor dos mesmos, pois como se sabe, a poluição pode atingir 
o lençol freático através de infiltrações capilares, e atingir rios e lagoas de forma mais séria e 
grave tendo em vista o descaso da população em relação a destinação de resíduos sólidos e 
líquidos não tratados. 
Existem inclusive normas de qualidade para a escolha das águas a serem utilizadas no 
abastecimento das residências, elas são chamadas de Padrões de Potabilidade, sendo que o 
pioneiro a definir normas em relação à qualidade da água no Brasil foi o Estado de São Paulo 
(AZEVEDO NETTO e RICHTER, 1991). 
Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, PNSB, cerca de 6,56% dos 
municípios brasileiros não possuem nenhum tipo de tratamento de água, sendo que apenas 5 
das 27 unidades da federação nacional possuem algum tipo de tratamento da água em 100% 
dos municípios, sendo o Estado do Paraná uma delas. Baseado em dados coletados pela PNSB 
de 2008, Estações de Tratamento de Água (ETAs) já existentes na época em que a pesquisa foi 
realizada ainda existem e estão em funcionamento em 100% das cidades outrora pesquisadas, 
porém, como é de conhecimento comum, a densidade populacional cresceu de forma 
exponencial nos últimos anos, sendo que, segundo o IBGE, em 2008 estimavam cerca de 191,5 
milhões de brasileiros, e em 2018 a população já ultrapassa 208 milhões de pessoas (IBGE, 
2008; DOU, 2018). 
Em consequência do crescente aumento da população, aumento do número de moradias 
e a expansão das cidades, decorre também o aumento da demanda de serviços de saneamento 
básico, como tratamento de água e coleta e tratamento de esgoto. Em relação ao tratamento de 
água, a necessidade de captação de maior volume de águas, para garantir o abastecimento 
completo dos municípios demanda de igual forma um maior desempenho das ETAs, o que 
muitas das vezes não pode ser obtido através dos módulos já operantes, sendo que os mesmos 
foram projetados para trabalhar num ritmo específico, tratando um determinado volume de água 
por hora. 
Essa demanda maior, exige que empresas responsáveis pela distribuição da água, sejam 
elas privadas ou públicas, adotem medidas para suprir o abastecimento necessário. Uma vez 
que a expansão acontece de forma rápida e inesperada, a execução e manutenção de ETAs ditas 
convencionais acabam se tornando dificultosas. É nesse contexto que a implantação dos 
 
 
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módulos de ETA metálica pode se tornar uma opção prática e rápida, acelerando o processo de 
ampliação para atendimento das demandas. 
Visando abranger as etapas do tratamento da água, para assim alocar o objeto de estudo 
nesses processos, foi aplicada a revisão bibliográfica como metodologia de pesquisa inicial, 
para dar uma explanação mais apurada das mesmas. 
O presente artigo objetiva apresentar o funcionamento do sistema de tratamento de água, 
demonstrando qual o papel da utilização dos módulos de ETA Metálica no processo de 
tratamento. Objetiva apresentar custos e benefícios da execução de uma ETA metálica, visando 
ampliação da capacidade de tratamento de água em uma ETA completa já existente e em 
funcionamento. 
Foi utilizada a ETA de Siqueira Campos, no Estado do Paraná, como objeto de estudo 
para aplicação dos cálculos relacionados a ampliação do tratamento de água utilizando-se do 
módulo compacto. 
 
 
2. TRATAMENTO DA ÁGUA 
 
2.1. TRATAMENTO EM ETA CONVENCIONAL 
 
Em função do possível transporte de resíduos sólidos, a captação em rios e lagoas se dá 
abaixo da superfície, em diferentes profundidades. O transporte dessa água captada se dá 
através das chamadas adutoras, tubulações que transportam a água bruta até a estação de 
tratamento, ou até o reservatório para ser distribuída. O material, o diâmetro, e a espessura da 
parede dos tubos da adutora variam de acordo com a situação do terreno em que a mesma irá 
ser executada. (CECH, 2013; MIRANDA E MONTEGGIA, 2007) 
A despeito de existirem vários métodos para tratamento da água bruta, dos mais simples 
aos mais complexos e completos, o chamado processo convencional é o principalprocesso 
utilizado nas ETAs ao redor do mundo. Esse processo consiste em etapas do tratamento, sendo 
elas a Floculação/Coagulação, a Decantação, a Filtração, a cloração e a fluoretação ou fluoração 
(Figura 1). Existem diferentes métodos de desinfecção, mas segundo Miranda e Monteggia 
(2007, p.132), “A escolha de um desinfetante depende [...] das características que possam 
ameaçar pessoas e ambiente durante a aplicação; [...] da segurança de manuseio, estocagem e 
transporte”. 
 
 
 
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Figura 1: Fases do tratamento da água. 
Fonte: SABESP, 2019. 
 
As águas advindas da adução, ao adentrarem as unidades de tratamento, passam por um 
canal de gradeamento, que segundo Miranda e Monteggia é tido como a primeira etapa do 
tratamento da água. Esse gradeamento serve para filtrar os resíduos sólidos como galhos e 
pedras. Em unidades de tratamento convencionais, antes de ser conduzida ao floculador, são 
adicionados produtos químicos à água, os quais reagem ao entrar em contato com as impurezas 
nela contidas, sendo que o mais utilizado pela SANEPAR é o cloreto polialumínico, ou PAC, 
e sua dosificação varia “conforme a época do ano, são maiores em épocas frias ou quando de 
turbidez provocada por grandes precipitações em que há arraste de muitos sólidos e lodos” 
(FUNIBER, 2018, p. 113), coagulando-as formando flocos (MIRANDA E MONTEGGIA, 
2007; SANEPAR, 2018). 
Após passar pelo vertedouro, a água é conduzida para o floculador, um módulo que 
contém turbinas de fluxo axial, ou radial, que agitam a água para acelerar seu movimento, 
fazendo assim com que, conforme apresentam Miranda e Monteggia (2007), ocorra o 
crescimento dos flocos a serem decantados, ocasionado pela união das partículas coaguladas 
em movimento na água. 
A Figura 2 apresenta um modelo comumente executado em cidades de pequeno porte 
no Estado do Paraná, conhecido como SANEPAR-CEPIS, desenvolvido em conjunto no ano 
de 1975, pelos engenheiros Carlos Richter, então funcionário da SANEPAR e Jorge A. 
Arboleda Valência, então funcionário do CEPIS (Pan American Centre for Sanitary 
Engineering and Environmental Sciences) (AZEVEDO NETTO e RICHTER, 1991). 
 
 
 
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Figura 2: Modelo SANEPAR-CEPIS de ETA 
Fonte: AZEVEDO NETTO e RICHTER, 1991. 
 
No caso da ETA SANEPAR-CEPIS, o floculador conduz a água verticalmente de forma 
descendente, fazendo com que os flocos se depositem em mantos de lodo ao longo do seu corpo, 
e levando-a até os decantadores, nos quais a água, agora de forma ascendente, conforme Figura 
3, atinge um nível específico de onde escoa de forma lenta, dentro de canaletas de coleta da 
água já decantada e livre do lodo, o qual é retirado dos módulos em média a cada seis meses 
(DVORAK, 2013; CECH, 2013). 
 
 
Figura 3: ETA SANEPAR-CEPIS - Corte transversal floculador e decantadores. 
Fonte: Dvorak, 2013. 
 
 
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Após ser conduzida atrás das canaletas, a água passa por uma unidade filtrante, 
constituída basicamente por três camadas diferentes de materiais. Falando dessas camadas, 
Martins (2004, p.138) apresenta que “A camada filtrante simples é constituída de areia e a 
dupla, de camadas sobrepostas de areia e antracito. A camada suporte deve ser constituída de 
seixos rolados”. Um fato interessante sobre os filtros, é que a capacidade de filtragem da água 
é inversamente proporcional ao tamanho dos grãos. 
 
 
Figura 4: ETA SANEPAR-CEPIS - Corte longitudinal floculador e filtros 
Fonte: Dvorak, 2013. 
 
O processo final de tratamento da água, para torna-la própria para consumo, consiste na 
desinfecção total de possíveis microrganismos patogênicos. Os dois processos mais comuns 
utilizados nas ETAs atualmente consistem na cloração e fluoração da água, sendo que o último, 
segundo Cech (2013, p.312) é considerado uma ação “[...] preventiva para melhorar a saúde 
dos dentes.” Um fator importante relacionado a cloração, é que o cloro é um produto altamente 
tóxico, pois apenas um litro do cloro no estado líquido é capaz de purificar cerca de 450 litros 
de água, o que demanda um alto preparo e cuidado no manuseio do mesmo nas ETAs 
(MIRANDA E MOTEGGIA, 2007). 
Tendo em vista os processos citados, levando em consideração o fato de que os mesmos 
criam uma interdependência entre si, onde as atividades desenvolvidas por um dependem do 
bom desenvolvimento das atividades do outro, Martins (2004, p.135) afirma que a execução da 
ETA pode ser realizada em módulos separados entre si, mas interligados na sequência do 
tratamento, sendo que essa divisão visa necessidades futuras de ampliações no tratamento. 
 
 
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Na cidade objeto de estudo, estão em funcionamento duas ETAs tipo SANEPAR-
CEPIS, que possuem capacidade de tratamento de 45 L/s cada, totalizando 90 L/s sendo tratados 
nas unidades convencionais existentes antes da ampliação. 
 
2.2. TRATAMENTO DE ÁGUA EM ETA COMPACTA 
 
De acordo com o Manual de Projetos de Saneamento (MPS), as ETAs ditas 
convencionais, são compostas por vários módulos floculadores, decantadores e filtros, os quais 
são executados numa mesma unidade de tratamento. Porém, a SANEPAR se utiliza também 
dos chamados módulos compactos, compostos por floco-decantadores e filtros, sendo que 
possuem um ou dois filtros para cada floco-decantador (SANEPAR, 2018). 
Em relação aos módulos compactos, o MPS (SANEPAR, 2018) afirma que podem ser 
utilizados em casos para vazões de cerca de 15 L/s, diferentemente das unidades convencionais 
SANEPAR-CEPIS, que trabalham com vazões entre 11,5 a 60 L/s (AZEVEDO NETTO e 
RICHTER, 1991). 
Como já mencionado, o módulo compacto é composto por dois módulos distintos, um 
de flocodecantação e um de filtragem rápida. O módulo flocodecantador, une dois processos 
normalmente executados em módulos separados nas ETAs ditas convencionais, o floculador e 
o decantador. De igual modo ao tratamento convencional, há a necessidade da adição do 
coagulante antes que água bruta adentre o floculador, contudo, neste caso, o PAC é adicionado 
diretamente na adutora, se utilizando de uma bomba de pressão (SANEPAR, 2018) 
Conforme Figura 5, a água adentra o flocodecantador pela parte inferior, debaixo de um 
fundo falso com aberturas que geram movimento rotativo na água, de forma ascendente, até a 
parte alta do módulo. No centro do módulo, na parte interior, existe um tubo que coleta o lodo. 
Próximo ao topo do módulo, segundo SANEPAR (2017, p. 1), existem “placas planas paralelas 
inclinadas onde se efetuará a decantação acelerada e calhas coletoras de água decantada que 
alimentarão o canal de acesso ao filtro”. A partir dessas calhas são instalados tubos que levarão 
a água decantada para o filtro e tubos que transportam a água que será utilizada para lavagem 
do módulo e descarga, em casos onde houver necessidade 
 
 
 
 
 
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Figura 5: Corte transversal do Módulo Flocodecantador - ETA Compacta. 
Fonte: SANEPAR, 2017. 
 
 
 
Figura 6: Corte transversal do Módulo Filtragem rápida - ETA Compacta 
Fonte: SANEPAR, 2017. 
 
 
 
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A Figura 6 apresenta o segundo módulo da ETA compacta, o módulo de filtragem 
rápida. A água vinda do flocodecantador entra no filtro na parte superior, acima das camadas 
filtrantes, e é filtrada de forma descendente, passando pelas camada de carvão antracitoso, areia 
e pedregulhos respectivamente, até um fundo falso perfurado, onde é coletada e transportada 
para o módulo onde é feita a desinfecção, com a adição do cloro e do flúor, módulo esse 
pertencente a unidade convencional da ETA existente (SANEPAR, 2017). 
Vale ressaltar que em casos onde são instalados dois filtros, a tubulação que transporta 
a água decantada é dividida e alimenta a ambos, dando a possibilidade de lavagem dos filtros 
de forma separada sem comprometer o tratamento. 
Para acesso aos módulos, são instalados uma escada e passarela, ambos com guarda 
corpo, dando visibilidade do funcionamentodos mesmos, bem como possibilitando sua 
lavagem, caso se faça necessária. 
Os módulos compactos possuem área de aproximadamente 22m², o que os tornam 
práticos em termos do espaço que ocupam. 
 
Figura 7: Módulo Compacto, Elevação frontal. 
Fonte: SANEPAR, 2017. 
 
 
 
 
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Figura 8: Módulo Compacto, Vista Superior 
Fonte: SANEPAR, 2017. 
 
Pode-se observar na Figura 7 e Figura 8, elevação frontal e vista superior 
respectivamente do projeto do módulo instalado, conforme detalhado e descrito anteriormente, 
com o flocodecantador, ligações e filtro, bem como a base. 
 
 
3. DESENVOLVIMENTO DA PARTE ORÇAMENTÁRIA 
 
Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU, 2014, p. 6) “o orçamento de uma obra é 
a peça de fechamento do seu projeto, traduzindo-o em termos econômicos e financeiros”. O 
orçamento dá a real dimensão do avanço do empreendimento, e serve de controle para o mesmo 
(TCU, 2014). 
No Brasil, existe um sistema nacional que referencia valores de insumos e custos de 
serviços gerenciado pela Caixa Econômica Federal e pelo IBGE, por via de decreto oficial, 
sendo “a Caixa responsável por toda base técnica da engenharia [...] enquanto o IBGE atua na 
realização da pesquisa de preço, tratamento de dados e divulgação dos índices”. Esse sistema é 
chamado de tabela SINAPI, e tem seus valores atualizados mensalmente para todas as capitais 
brasileiras e divulgados pelo site da Caixa (CAIXA, 2019; SINAPI, 2019). 
Segundo o TCU, a orçamentação segue três etapas principais. Na primeira delas, se 
busca quantificar os serviços a serem executados, através dos planejamentos e estudos dos 
projetos. É na segunda etapa que são definidos os custos unitários de cada processo, bem como 
 
 
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dos materiais e mão de obra a serem utilizados. E finalmente, na terceira etapa, é formado o 
preço final do orçamento, baseando-se nos dados obtidos nas etapas anteriores (TCU, 2014). 
Sendo assim, visando orçar a execução dos módulos compactos, definem-se os objetivos 
da ampliação com os projetos hidráulico, estrutural e geotécnico, levando a quantificar valores 
e serviços desde a sondagem e análise do solo, passando pela estruturação das bases até a 
instalação dos módulos interligando-os com a ETA em funcionamento. 
Os módulos compactos são geralmente confeccionados em fibra de vidro ou metálicos, 
necessitando projetos de base de concreto armado para instalação, bem como projetos 
topográficos, indicando cotas e local de chegada da adutora para entrada nos módulos floco-
decantadores. Esses módulos, por se tratarem de peças prontas, não construídas in-loco 
diferentemente das ETAs convencionais, são fornecidos por empresas especializadas, tendo 
assim seu custo variado de acordo com o fornecedor (SANEPAR, 2018). 
O projeto para a execução de uma base para fixação de módulo compacto, deve ser 
confeccionado após laudo de sondagem de solo, levando em consideração o fato de que os 
módulos possuem o peso próprio do material em que foram executados, além do peso dos 
materiais filtrantes no filtro e do lodo proveniente da decantação no floco-decantador, bem 
como do peso da água que passará constantemente durante o funcionamento do módulo. 
A sondagem para reconhecimento de solo, do tipo SPT, tem suas especificações regidas 
pela NBR 6484, sendo que para cada módulo, floco-decantador e filtro, e de acordo com a NBR 
8036, devem ser feitas 2 perfurações de sondagem, quantidade mínima requerida em função da 
pequena área do módulo como um todo (ABNT, 1983; ABNT, 2001). 
A profundidade da sondagem deve seguir especificações da empresa solicitante, ou 
atingir delimitações expostas na NBR 6484, sendo que para o caso estudado no presente artigo, 
foi-se calculada com base em perfuração de 10m de profundidade, laudos e deslocamento, 
trazendo assim os custos apresentados na Tabela 1, item 1, baseados pela tabela SINAPI 
(iSINAPI, 2019; ABNT 2001). 
Os laudos emitidos após sondagens são utilizados pelo engenheiro projetista na 
elaboração do projeto estrutural da base do módulo, projeto o qual não se aplica como objeto 
de estudo no presente artigo, sendo levado em consideração apenas os dados emitidos no 
projeto, a serem aplicados nos orçamentos de ferragens para a armação das estacas e dos radier 
da base, e por conseguinte, orçamentos de caixarias e de concretagem. 
Também baseado na tabela SINAPI (iSINAPI, 2019), nos subitens 2.1 e 2.2 da Tabela 
1, são apresentados quantitativos e valores para a armadura das estacas e vigas para o módulo 
flocodecantador e filtro respectivamente. Pode-se notar ainda em comparação desses itens, que 
 
 
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a armadura calculada das estacas e vigas varia de acordo com a carga que são projetadas para 
suportar referente a cada módulo. 
 É importante ressaltar que, de acordo com a NBR 7480, o diâmetro nominal das barras 
é sempre citado em milímetros, embora em lojas de materiais de construção sejam na prática, 
comumente vendidas e classificadas utilizando o sistema de polegadas, onde por exemplo, as 
barras de 6,3mm são chamadas de barras de ¼” (um quarto) (ABNT, 2007) 
 Na Tabela 1, os subitens 2.3 e 2.4 trazem discriminados quantitativos e valores para as 
armaduras do radier da base do módulo, sendo que a base para o flocodecantador foi calculada 
baseada na área do projeto que é de 3,40x4,10m, e de 2,80x2,80m para a base do filtro. 
 Vale ressaltar que o elemento estrutural escolhido para a base dos módulos é o radier, 
pois segundo a NBR 6122, é um “elemento de fundação rasa dotado de rigidez para receber e 
distribuir mais do que 70% das cargas da estrutura” (ABNT 2019). 
 Estas composições foram elaboradas também baseadas nos valores apresentados pela 
tabela SINAPI. 
 Tendo se especificado valores para as ferragens das estacas e radier da base, o item 3 
apresenta valores gerais para o madeiramento, estando dividida entre filtro e flocodecantador. 
 E finalizando a parte orçamentária da execução das bases, têm-se o valor do concreto a 
ser utilizado nas estacas e radier da base do módulo, conforme item 4. 
 Tendo os quantitativos de materiais definidos, utilizou-se então um software para 
cálculo da mão de obra chamado Arquimedes, o qual é oferecido pela empresa CYPE. Esse 
software trabalha com diversas bases de custos nas suas composições, dentre as quais podemos 
mencionar a tabela SINAPI, já citada anteriormente no presente artigo. O valor resultante dos 
cálculos se encontra no item 5 da Tabela 1 (CYPE, 2019). 
 O material filtrante, utilizado nas camadas do filtro rápido do módulo compacto, em sua 
totalidade, desprezando especificações de diâmetros dos grãos, considerando apenas os 
materiais como sendo carvão antracitoso, areia e pedregulhos de diversos diâmetros. O item 6 
da Tabela 1 apresenta as camadas filtrantes, espessuras, peso e valores de acordo com o material 
e diâmetro de cada uma delas, bem como o valor total para esses materiais. 
Os módulos compactos para a ETA, em material metálico, são adquiridos completos, e 
instalados pela empresa fornecedora, tanto o flocodecantador, quanto o filtro, ficando para a 
empresa de saneamento, apenas a responsabilidade de colocação do material filtrante 
(SANEPAR, 2017). Sendo assim, tendo em vista o produto, transporte e instalação, o módulo 
compacto composto por flocodecantador e filtro, a partir de cotações realizadas pela própria 
 
 
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SANEPAR, pode-se chegar ao preço de mercado fornecido pela empresa GRATT Indústrias de 
Máquinas LTDA, conforme item 7 da Tabela 1. 
 
Tabela 1: Planilha orçamentária total 
 
 
 
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 Os valores obtidos referem-se à implantação de apenas um módulo como ampliação do 
tratamento da água, sendo interligado a uma nova adutora, onde caso necessário, poderá ser 
instalada uma válvula redutora de pressão. Vale ressaltar que conforme especificação proposta 
pela SANEPAR, o módulo compacto pode ainda ser utilizado em paralelo,criando interligação 
de até três módulos no máximo, podendo aumentar em até 45 L/s o tratamento da água 
(SANEPAR, 2018). 
 Em função da baixa capacidade de atendimento do abastecimento da cidade por parte 
da ETA convencional já operante na cidade objeto de estudo, a SANEPAR, após análise, 
decidiu realizar a ampliação utilizando dois módulos compactos, aumentando assim a 
capacidade de tratamento em 30 L/s. Portanto, os valores obtidos para a execução de um módulo 
foram também multiplicados por dois, chegando assim, para execução da ampliação, ao valor 
final de R$ 653.363,60. 
Em se tratando do PAC para coagulação das partículas, no caso da ligação feita ao 
módulo compacto, o mesmo é adicionado diretamente à adutora, sob a orientação de prever 
bombas para lançamento automático da dosagem do produto (SANEPAR, 2018). 
A tubulação de saída do filtro do módulo é ligada diretamente à câmara de contato, ou 
misturador, ou interligada com outros módulos compactos, caso necessário, para então ser 
levada à câmara, onde é realizado o processo final do tratamento, a adição do cloro e flúor, 
conforme já mencionado anteriormente. 
 
 
4. CONCLUSÃO 
 
Com base no que foi apresentado, a despeito de terem sido projetadas para suprir o 
tratamento dos municípios, as ETAs podem vir a necessitar de ampliações, conforme a 
densidade populacional sofrer acréscimo. Em virtude disso, tomou-se a cidade de Siqueira 
Campos-PR como objeto de estudo, visto que a capacidade de tratamento das ETAs da mesma, 
90 L/s, já não supria a demanda de atendimento das residências do município. 
Dessa maneira, na realização da ampliação, teve-se como alternativa o uso dos módulos 
compactos, que apresentam a mesma funcionalidade, porém com baixo custo em relação a 
execução de uma unidade completa, já que possuem uma menor capacidade de tratamento por 
módulo. 
Como foco da ampliação, a execução de dois módulos compactos resultou num 
acréscimo de 30 L/s ao tratamento da água no município, passando assim de 90 L/s à 120 L/s 
 
 
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tratados, ou seja, um aumento de 33,33% na vazão final de água tratada. Esse acréscimo no 
tratamento retornou um melhor desempenho no atendimento da população, porém dados mais 
concretos quanto ao atendimento não puderam ser levantados em função de um período de 
estiagem que atingiu a cidade afetando assim os pontos de captação de uma forma geral. 
Dessa forma, tendo em vista o fato de que os custos apresentados englobam materiais, 
execução e interligação para funcionamento dos módulos, e sabendo que com apenas dois 
módulos compactos pode-se obter o aumento de 1/3 na vazão final do tratamento, as ETAs 
metálicas compactas se apresentam como uma opção viável na sua implementação, de baixo 
custo e praticidade de execução. 
 
 
5. REFERÊNCIAS 
 
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fundações. Rio de Janeiro. 2019. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6484: Solo – Sondagens de 
simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio. Rio de Janeiro. 2001. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7480: Aço destinado a 
armaduras para estruturas de concreto armado – Especificação. Rio de Janeiro, p. 4. 2007. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8036: Programação de 
sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios. Rio de Janeiro, p. 
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