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diário de leitura - o evangelho

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA – UEPB
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES
CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA
Componente Curricular: Narrativa da literatura portuguesa
Docente: Anacã
Discente: Hellen Leandra Oliveira
Diário de leitura do livro:
“O evangelho segundo Jesus Cristo” de José Saramago. 1991, 32.a ed. 2011.
	A obra me trouxe bastante dificuldade de interpretação, o fato de não conter parágrafo e de ter uma linguagem complexa dificultou um pouco o entendimento, algumas vezes foi preciso ler algumas partes mais de uma vez para poder fazer associações e entender o contexto que a obra queria me passar. Logo no início de obra o autor inicia descrevendo a grandeza da divindade, trazendo muitas características, mas logo um pouco à frente o autor desmistifica tudo o que ele descreveu anteriormente através do trecho: "(...)Lançando pela boca aberta um grito que não podemos ouvir, pois nenhuma destas coisas é real" . Isso me deixou um pouco intrigada no início, logo após isto, o autor começa a descrever a cruscificação de Jesus e eu já me sinto indignada, pois a crueldade dos homens ao tratar um ser inocente como um ladrão, um mero criminoso, é muito triste. 
	Percebi que o autor meio que "erotiza" Madalena, ele reservou um breve momento para descreve-la, foi aí que comecei a perceber de fato breves traços do machismo que eram presentes, pois ao falar dela, caracteriza muito as suas vestimentas e acusa ela de está levando os homens à perdição: "(...) Está atraindo e retendo a mirada sôfrega dos homens que passam, com grave dano nas almas, assim arrastados à perdição pelo infame corpo."
	Algumas coisas me deixaram um pouco "sem reação", como por exemplo, o fato de José tratar Maria de uma forma extremamente grosseira, mesmo eu sabendo que na época realmente a mulher era submetida a situações como estas, mas de qualquer forma isso meio que me trouxe um choque de realidade, porque não consigo entender os porquês da mulher ser tão inferior naquela época, e isso me chocou, principalmente quando li este trecho: “As mulheres, já sabemos, que em tudo são secundárias, basta lembrar uma vez mais, e não será a última que Eva foi criada depois de Adão e de uma sua costela."
	Uma situação que me deixou intrigada foi a descrição da concepção de Jesus, é aparentemente simples, com poucos detalhes, mas me deixou em dúvida, porque eu não me lembro de na bíblia ser dito sobre o fato de existir sexo entre Maria e José, então nesse momento pude perceber os traços humanistas de Saramago, e então isso me chamou atenção.
	Outra situação que me chama muita atenção e que também achei a ideia de Saramago muito interessante foi o fato de que o anjo da anunciação aparece como um mendigo, então, o fato dele trazer o anjo como um ser humilde e necessitado, em que poucas pessoas dariam pertinência e atenção e Maria lhe dá tudo isso e ainda acredita no que ele diz, me deixou muito instigada para prosseguir na leitura.
	O fato de José desconfiar de Maria com o mendigo é muito chocante, eu fiquei um pouco reflexiva sobre isso e pensando como seria se fosse comigo... Eu não sei se eu chegaria a pensar o mesmo que José ou teria a mesma atitude que ele, talvez eu suspeitasse, porém tentaria apurar os fatos, mas mesmo José sendo um homem tão machista e talvez seja até entendível pelo fato dos costumes e pensamentos da época, e por ele não demonstrar de fato seus sentimentos, ele fica feliz quando Maria anuncia a gravidez, mesmo com a presença da desconfiança em relação a história do mendigo.
	Durante leitura José passa a me incomoda bastante, o jeito como ele trata Maria me deixa muito revoltada, mas eu fico numa situação mais leve entre entender a imagem que Saramago quis passar e não concordar com a presença do machismo tão vigente. Houve um momento em que não entendi muito bem a parte na qual José leva duas rolas para o templo para que elas sejam sacrificadas, não sei em que parte da bíblia isso ocorre e nem o porquê disso ocorrer, mas de qualquer forma, não entendi.
	Quando Maria dá a luz com a ajuda da escrava eu acho muito bonito, mas ainda fico chateada com o fato de José não estar presente num momento tão importante. Porém depois fico menos "revoltada" com José depois que ele demonstra finalmente um traço maior de sensibilidade quando decide resgatar Ananias em Séforis, fiquei bem feliz e esperançosa para que tudo desse certo, mas acabou que infelizmente Ananias morre e José é impedido de salvar o outro rapaz que também precisava de ajuda, pois acaba sendo assaltado. 
	Eu achei a saída de Jesus de casa um pouco justificável, achei legal o fato de ele querer "explorar" o mundo e tentar sair de dentro de um lugar no qual ele não se sente bem e que ele não consegue se identificar com as pessoas que ele convive mesmo sendo sua família.
	Eu demorei um pouco para prestar atenção no Pastor e vê-lo como o diabo, por um momento achei que pudesse ser alguém que poderia o ajudar em algo de fato, mas quando os diálogos começaram, percebi que se tratava de alguém que não estava bem intencionado. Então depois eu achei que o tempo que Jesus passa ao lado do Pastor foi importante, as lições que o Pastor dá a Jesus, me trouxe uma reflexão sobre as pessoas que só trazem negatividade e que passam pela nossa vida as quais nos fazem aprender e amadurecer com as palavras e atitudes fortes.
	A relação de Jesus com sua família é muito "agoniada", eu não achei que os motivos fossem tão grandes assim, Jesus parece que está meio rebelde/revoltado, isso me deixou um pouco meio que revoltada, muitas das atitudes dele me lembram as de José com Maria e ela não merece ser tratada de uma maneira tão ríspida. Outra coisa que quero salientar, foi quando eu li o primeiro diálogo de Jesus e Deus fiquei surpreendida, mesmo diante das condições em que acontece... O pacto que foi feito e que foi simbolizado com a morte da ovelha de Jesus a qual ele tinha tanto apreço é bem triste, até porque é notório o fato de Jesus se sentir sozinho e com poucas esperanças, isso foi mais um "motivo" pra ele se sentir assim, por mais que ele não estivesse. Com o passar da leitura também pude perceber que Jesus não parece se surpreender muito com o seu primeiro milagre, acredito que ele realmente já sabia que depois do pacto algumas coisas iriam mudar e depois todos os milagres que vieram após, não chamam tanta atenção.
	Achei muito interessante o fato de Jesus aprender tanto com Maria e em tão pouco tempo, ela apresente ser um mulher exarcebadamente madura e se mostra muito sábia em todas as palavras e conselhos, depois de tanto tempo a imagem da mulher sendo trazida sempre como "fragilzinha" e inferior aos homens. A forma como Saramago transmite a relação de Jesus com Maria é muito humana, muito verdadeira, ainda mais por ser recíproco. Eu só entendi de verdade que Maria de Magdala era a idealização de Maria de Madalena depois que fui aprofundando a leitura tempo de leitura, apesar de eu ter um certo contato com a bíblia, não estava conseguindo fazer essa ponte.
	Eu achei Maria mãe de Jesus muito injusta com Jesus porque quando ele retorna para Nazaré na esperança de ter uma relação melhor com a família dele, decidido em dedicar mais do seu tempo para eles, é muito triste o fato de nenhum deles acreditar que ele viu Deus, principalmente porque Maria que era sua mãe e que inclusive já tinha visto um anjo e já sabia que ele andava com o demônio, tendo em vista isso, concordei com o fato dele não dar satisfação para ela e para seus irmãos que estiveram atrás dele durante muito tempo.
	Achei muito interessante também na obra, a conversa no meio do nevoeiro entre Deus, Jesus e o Pastor, acredito que uma das melhores "cenas" apresentadas no livro e a que mais impressiona, a figura de Deus e o Pastor de forma invertida, recusa do pedido de perdão do Pastor para Deus é um momento que prende de fato a atenção.
	A conversa é muito profunda, eu de certa forma entendi a "lógica" de Deus, por mais que pareça que Jesus é usado por Deus durante toda asua vida, mas eu não vi com estes olhos, pois Deus já havia planejado algo, por mais que fosse o filho de Deus, era preciso que isso acontecesse para que a existencia da humanidade tivesse um motivo, acredido que na obra, para Jesus ter que escutar todos os nomes das pessoas que iriam morrer, poderia até parecer uma falta de sentimento por parte de Deus, mas infelizmente era um mal necessário.
	A condenação de Jesus é algo cruel, para mim, a maneira como ele "morre" é angustiante. Eu me senti meio que aliviada no último parágrafo do livro, em que Jesus abre os olhos e percebe que estava sonhando, e Deus no momento de sua morte, aparece sorrindo e diz “Tu és o meu filho muito amado, em ti pus toda a minha complacência”. E Jesus entende que desde o princípio, nasceu com o propósito de morrer e a partir desse entendimento, ele reflete consigo sobre a sua existência e todas as coisas que passou até o momento de sua crucificação.
	Esta obra é extremamente contemporânea eu particulamente achei muito interessante, porque apresenta Jesus como um ser humano de fato, todos os outros personagens também são vistos de uma maneira bem real, a relação meio que "complicada" entre Jesus, sua mãe e sua família, esse sentimento de incapacidade e falta de se sentir parte de algo em sua casa, os conflitos internos que ele apresenta, a paixão carnal por Maria de Magdala, em que através disso ele passa a ter um amadurecimento que é extremamente importante, e com isso a gente pode observar que a obra nos traz essa perspectiva completamente humanizada e realista que nos envolver e nos faz sentir o que realmente a obra quer nos transmitir.

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