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Análise de Risco e Recuperação de Áreas Degradadas

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Análise de Risco e Recuperação 
de Áreas Degradadas
W
BA
01
53
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1.
1
2/267
Análise de Risco e Recuperação de Áreas Degradadas
Autor: Felipe Micali Nuvoloni
Como citar este documento: NUVOLONI, F. M. . Análise de Risco e Recuperação de áreas degradadas. 
Valinhos: 2015.
Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção 05
Unidade 2: Avaliação e Gerenciamento de Risco 37
Unidade 3: Mapeamento e Gestão de Riscos de Escorregamentos em Áreas de Assentamentos 
Precários
64
Unidade 4: Restauração Ambiental: Restauração Física 95
Unidade 5: Restauração Ambiental: Restauração Química 128
Unidade 6: Restauração Ambiental: Restauração Biológica 164
Unidade 7: Restauração Ambiental: Restauração Social 203
Unidade 8: Elaboração do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD 239
2/267
3/267
Apresentação da Disciplina
Na disciplina atual apresentaremos os 
conceitos da análise e gestão de riscos 
ambientais, bem como descreveremos 
como devem proceder estudos de 
restauração de áreas degradadas. A 
palavra risco, em primeira instância, 
significa chance, probabilidade, a partir 
do qual configura a possibilidade de um 
evento ocorrer. No contexto do meio 
ambiente, o conceito de risco ambiental 
é definido como a possibilidade da 
ocorrência de dano ao meio ambiente 
que, segundo Lyra (1997), pode ser 
entendido como “toda e qualquer forma de 
degradação que afete o equilíbrio do meio 
ambiente”.
Compreender que há riscos ambientais 
pressupõe, portanto, relacionar os 
atos às incertezas sobre suas possíveis 
consequências e, dessa forma, poder tomar 
medidas preventivas para diminuir suas 
chances de ocorrência, ou então medidas 
emergenciais e de restauração em caso de 
ocorrência de acidentes.
Após um episódio de acidente ambiental, 
a recuperação e restauração da área 
degradada representam eventos 
obrigatórios e prioritários que devem 
ser conduzidos, visando restabelecer 
parâmetros físicos, químicos, biológicos 
e sociais do ambiente degradado. A 
restauração ecológica é uma atividade 
intencional que inicia ou acelera a 
recuperação de um ecossistema em 
relação à sua saúde, integridade e 
sustentabilidade. Frequentemente, o 
4/267
ecossistema que necessita restauração foi 
degradado, perturbado, transformado ou 
inteiramente destruído como resultado 
direto ou indireto de ações humanas.
5/267
Unidade 1
Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção
Objetivos
Compreender que há riscos ambientais 
pressupõe relacionar os atos às incertezas 
sobre suas possíveis consequências, que nem 
sempre trazem dano no sentido negativo do 
termo. Nosso primeiro objetivo é diferenciar a 
conceituação entre risco e perigo, e apresentar 
de que forma os princípios da prevenção e 
precaução são fundamentais para os estudos 
de riscos ambientais e a sociedade.
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção6/267
Introdução
Risco e perigo. A palavra risco em primeira 
instância significa chance, probabilidade, 
a partir do qual configura a possibilidade 
de um evento ocorrer. No contexto do 
meio ambiente, o conceito de risco 
ambiental é definido como a possibilidade 
da ocorrência de dano ao meio ambiente, 
que, segundo Lyra (1997, p. 134), pode ser 
entendido como “toda e qualquer forma 
de degradação que afete o equilíbrio do 
meio ambiente”. Perguntas do tipo “o que 
aconteceria se...” são muitas vezes feitas 
ao se analisar a viabilidade ambiental de 
um projeto (SÁNCHES, 2008), sendo que 
os resultados do mau funcionamento 
do empreendimento podem ser mais 
significativos do que os impactos 
recorrentes de seu funcionamento normal. 
Compreender que há riscos ambientais 
pressupõe, portanto, relacionar os 
atos às incertezas sobre suas possíveis 
consequências, que nem sempre trazem 
dano no sentido negativo do termo.
Segundo o Estudo de Análise de Riscos e 
Programa de Gerenciamento de Riscos do 
IBAMA, o risco de determinada atividade 
pode ser entendido como o potencial de 
ocorrência de consequências indesejadas 
decorrentes da realização da atividade. 
Dois aspectos importantes dessa definição: 
1. O potencial de ocorrência expressa o 
elemento de incerteza inerente ao conceito 
de risco. A sua expressão quantitativa pode 
ser feita com o conceito de probabilidade 
de ocorrência ou analogamente com a 
frequência esperada de ocorrência; 2. As 
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção7/267
consequências indesejadas caracterizam 
o fato de que o conceito de risco está 
intimamente ligado a algum tipo de dano, 
seja para a saúde, para a vida, para o meio 
ambiente ou para as finanças individuais 
ou sociais. 
Quantitativamente, o risco tem sido 
expresso como algum tipo de combinação 
(uma função matemática) entre a 
frequência esperada de ocorrência do 
evento indesejado e a magnitude das suas 
consequências. Observe que as definições 
apresentadas são idênticas e podem 
ser resumidas genericamente, como: 
RISCO = COMBINAÇÃO DE FREQUÊNCIA 
E CONSEQUÊNCIA. O IBAMA destaca, 
ainda nesse estudo, dois conceitos 
importantes em análise de risco, que são 
os conceitos de risco e perigo. Embora 
ainda haja alguma confusão entre os dois, 
existe atualmente um consenso bastante 
grande sobre as definições desses dois 
termos. Diferentemente de risco, o perigo 
representa uma ou mais condições, físicas 
ou químicas, com potencial para causar 
danos, seja às pessoas, à propriedade, 
ao meio ambiente ou à combinação 
desses (CETESB). Em resumo, o risco 
é a contextualização de uma situação 
de perigo, ou seja, a possibilidade da 
materialização do perigo devido a um 
evento indesejado. Compreender que há 
riscos ambientais pressupõe, portanto, 
relacionar os atos às incertezas sobre 
suas possíveis consequências, que nem 
sempre trazem dano no sentido negativo. 
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção8/267
Os riscos são classificados de acordo 
com as situações potenciais de perdas e 
danos que causam ao homem e ao meio 
ambiente, sendo que alguns autores 
(CERRI, 1995) consideram que os riscos 
ambientais formam a maior classe que 
abriga os demais tipos de riscos, naturais, 
sociais e riscos tecnológicos, os quais, por 
sua vez, podem ser agrupados em classes 
e subclasses, como veremos adiante. A 
questão do risco, portanto, não pode ser 
ignorada, mas compreendida.
Meio ambiente e sociedade. Do ponto de 
vista prático, mesmo que atualmente haja 
uma maior preocupação da sociedade 
com o meio ambiente e recursos naturais, 
a simples consciência ambiental e 
bom senso generalizado ainda não são 
suficientes para frear a crise ambiental, 
visto que, quando confrontado com 
interesses econômicos, frequentemente 
são relegados a um segundo plano (MORIN, 
2003). Dessa forma, visando assegurar a 
não destruição compulsiva da natureza, 
faz-se necessária a adoção de medidas de 
conservação do meio ambiente por meio 
de estudos de prevenção e mitigação de 
impactos ambientais.
Novamente, entram em choque as 
ações dos seres humanos em sua busca 
incessante pela modernidade e os ônus 
provenientes de suas ações que são 
relegados aos indivíduos que coabitam 
os mesmos espaços. Nos dias atuais, 
para uma grande parcela da sociedade 
mundial, tornou-se evidente a noção de 
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção9/267
da natureza per se, mas também como 
um ato egoísta do ser humano, pois 
visa resguardar seu próprio hábitat, e 
os recursos que se fazem necessários à 
vida, em benefício da geração atual e das 
futuras. Assim, nesse contexto de crise 
ambiental atual, mais do que nunca é 
necessária a ampliação de conhecimentos 
técnicos, o aperfeiçoamento da 
normatização jurídica, e, principalmente, 
engajamento social para que a gestão 
ambiental faça-se presente e atuante. 
1. Princípios da Precaução e 
Prevenção
É nessa direção que a salvaguardado 
planeta, e, consequentemente, a própria 
que uma quantidade enorme de recursos 
ambientais é necessária para mantermos 
funcionando o aparato científico-
tecnológico que dá suporte ao estilo de 
vida da mesma. Essa exige um alto nível de 
conforto, que só pode ser oferecido com o 
comprometimento da qualidade ambiental 
do nosso planeta. Assim, ao manter esse 
ritmo sem tentar conciliar a produção de 
bens com a preservação é uma atitude 
suicida ou no mínimo arriscada para as 
gerações futuras, que terão de pagar 
um alto preço para saldar nossa dívida 
ambiental e conseguir uma qualidade de 
vida aceitável.
A preservação dos recursos naturais e 
do meio ambiente como um todo faz-se 
necessária não somente pela manutenção 
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção10/267
uma regra geral para ser empregado 
em políticas públicas em situações nas 
quais há ameaças sérias ou irreversíveis à 
saúde humana e ao meio ambiente; onde 
há necessidade de se reduzir o potencial 
de risco, e há forte prova de perigo, 
considerando-se sempre os custos e os 
benefícios de sua aplicação ou não (SANTI, 
2003). 
O Princípio da precaução foi formalmente 
proposto na Conferência da Organização 
das Nações Unidas (ONU), no Rio de 
Janeiro, em 1992. Mais especificamente 
explicitado no princípio 15, dentre os 27 
estabelecidos na Declaração do Rio sobre o 
Meio Ambiente e Desenvolvimento:
espécie humana, pode se beneficiar do 
princípio da precaução, uma vez que sua 
aplicação permite afastar o perigo de 
dano ambiental em situações de incerteza 
quanto aos efeitos provocados por uma 
atividade, através de sua ação preventiva 
e não mais reparadora (ATTANÁSIO; 
ATTANÁSIO, 2004). O princípio da 
precaução é um valioso suporte jurídico 
aos instrumentos de gestão ambiental 
na medida em que possibilita, por meio 
de critérios estabelecidos pelo poder 
público, empreendedor e sociedade, 
analisar a viabilidade ambiental de 
um empreendimento ou atividade, 
ponderando-se os riscos que serão 
tolerados (PEDERSOLI, 2007). O princípio 
da precaução foi desenvolvido como 
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção11/267
De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser 
amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. 
Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência 
de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para 
postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a 
degradação do meio ambiente.
Para saber mais
Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento de 06/1992. Disponível em: <http://www.onu.
org.br/rio20/img/2012/01/rio92.pdf>.
Em resumo, é um instrumento conceitual que precisa ser implementado pela gestão ambiental 
por causa de seu potencial para amparar a relação homem-risco-ambiente, como uma garantia 
contra os riscos potenciais (desconhecidos ou não perfeitamente identificados), ao propor 
que a inexistência de certeza científica não deve ser utilizada como razão para o adiamento 
http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/rio92.pdf
http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/rio92.pdf
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção12/267
de medidas economicamente viáveis 
para prevenir a degradação ambiental. 
Em termos práticos, a precaução requer 
o estabelecimento do nível de prova 
necessário para justificar sua aplicação, 
e, segundo Ferreira (2004), não tem 
o propósito de paralisar as atividades 
humanas, mas apartar o risco das ações 
antrópicas “diante de um perigo abstrato, 
ou de um estado de perigo potencial”. 
Buscando amparo no direito germânico, 
Sampaio et al. (2003) comentam que o 
princípio da precaução é composto por 
quatro elementos interdependentes, 
que são: (1) evitar danos ambientais, (2) 
identificar riscos ambientais pela pesquisa 
científica, (3) adotar ações preventivas 
mesmo na ausência de evidencias 
iminentes de danos; e (4) amortizar 
o desenvolvimento tecnológico pela 
paulatina redução dos ônus ambientais. 
Em termos práticos, pode incluir, por 
exemplo, a pesquisa e o monitoramento 
para a detecção de substâncias 
perigosas; a redução geral dos níveis 
de lançamento de poluentes no meio 
ambiente; a promoção de produção limpa 
e inovações tecnológicas, além de ações 
para redução dos próprios riscos (SANTI, 
2003), assumindo, por conseguinte, 
papel de destaque nos procedimentos 
de licenciamento ambiental, uma vez que 
tem por objetivo afastar tanto o perigo 
do dano ambiental em situações de 
incerteza quanto os efeitos adversos 
provocados pelo desenvolvimento de 
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção13/267
uma atividade (PEDERSOLI, 2007). O 
princípio da precaução não se aplica sem 
um procedimento prévio de identificação 
e avaliação dos riscos. Empregar somente 
a expressão princípio da precaução sem 
inserir em seu conteúdo o risco e seu 
dimensionamento, por meio da avalição 
de riscos, tornaria o princípio sem real 
significado (MACHADO, 2006).
Complementarmente ao princípio de 
precaução, o princípio da prevenção 
atua com prévio conhecimento das 
implicações relativas às intervenções 
antrópicas quando previsível a ocorrência 
de impactos negativos ao meio ambiente. 
Assim, a prevenção aplica-se quando 
não há dúvida alguma de que os danos 
possam vir a ocorrer, ou seja, os riscos 
são previsíveis. Segundo Machado 
(2001), prevenção e precaução guardam 
semelhanças nas definições, havendo, 
contudo, características próprias para 
ambos. Prevenir é agir antecipadamente, 
porém com informação e conhecimento do 
que prevenir, por exemplo, com avaliações 
e estudos de impacto ambiental, e precaver 
é cautela antecipada diante de risco ou 
perigo, visando à durabilidade da sadia 
qualidade de vida das gerações humanas 
e à continuidade da natureza existente no 
planeta.
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção14/267
2. Relacionando riscos, impacto, 
precaução e prevenção
Em termos legais, a aplicação do princípio 
da prevenção se materializa, por exemplo, 
por meio dos estudos de Avaliação de 
Impactos Ambientais (AIA), que pode 
ser definida, conforme Sadler (1996), 
como sendo um processo que busca 
identificar, prever, avaliar e mitigar os 
efeitos relevantes nos planos biofísico, 
social e outros, decorrentes de obras 
e projetos, e que ocorre previamente à 
tomada de decisão quanto à viabilidade 
Para saber mais
PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO E ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL NO DIREITO BRASILEIRO. As pesquisas 
científicas recomendam uma atuação cautelosa e preventiva em relação a intervenções no meio 
ambiente. Essa é a essência do princípio da precaução: na dúvida, deve-se decidir em favor do meio 
ambiente, não do lucro imediato. O estudo de impacto ambiental e seu relatório de impacto ambiental 
são as principais formas práticas de aplicação desse princípio (AMOY, 2006). Disponível em: <http://
www.uniflu.edu.br/arquivos/Revistas/Revista08/DiscenteGraduacao/Rodrigo.pdf>.
http://www.uniflu.edu.br/arquivos/Revistas/Revista08/DiscenteGraduacao/Rodrigo.pdf
http://www.uniflu.edu.br/arquivos/Revistas/Revista08/DiscenteGraduacao/Rodrigo.pdf
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção15/267
ambiental. A AIA é um instrumental 
capaz de fazer compreender o meio 
ambiente, e de tentar mensurá-lo, 
segundo as relações estabelecidas 
entre os elementos que o compõem, ou 
seja, quanto aos seus aspectos físicos, 
bióticos, econômicos, sociais e culturais 
(MACEDO, 1995). Esses procedimentos 
podem ser descritos como um conjunto 
ordenado de atividades e procedimentos 
que varia conforme o regramento legal 
a que estão submetidos. Ao discorrer 
sobre a AIA em particular, Fortunato Neto 
(2004) considera que o procedimento 
obedece a uma sequência lógica finalística, 
subdividida em três principais etapas: 
preliminarmente, devem ser capazes deindicar a existência ou não de impactos 
ambientais, bem como sua magnitude. 
Além disso, devem estar suficientemente 
providos de elementos que permitam 
ao órgão ambiental optar: a) entender 
como desnecessária a licença ambiental 
devido à pouquíssima intervenção 
antrópica no meio ambiente; b) deferir a 
expedição da licença, porque – embora 
existentes – os impactos ambientais 
decorrentes não são significativos; c) 
concluir pela impossibilidade de licenciar 
a obra ou atividade, por ser capaz, ainda 
que em potencial, de causar impactos 
ambientais de difícil ou impossível 
reparação; d) concluir pela necessidade 
de aprofundamento dos estudos técnicos 
apresentados, já que insuficientes para 
esclarecer em todos os seus aspectos os 
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção16/267
impactos ambientais que provocará.
No Brasil, a AIA tem sido realizada 
considerando as seguintes etapas e 
elementos constituintes (SANTI, 2005; 
SANCHÉZ, 2000):
1ª. Seleção das ações (ou projetos) 
sujeitas ao processo de AIA, 
apresentadas na Resolução 
CONAMA ou a critério do órgão 
ambiental, em função do tipo, porte, 
impactos ambientais prováveis e 
vulnerabilidade socioambiental da 
área.
2ª. Definição dos objetivos e escopos 
do Estudo de Impacto Ambiental, 
com a definição do conjunto mínimo 
do diagnóstico ambiental da área de 
influência do projeto e a seleção dos 
fatores ambientais que devem ser 
considerados e os itens abordados.
3ª. Elaboração do Estudo de Impacto 
Ambiental (EIA).
4ª. Elaboração do Relatório de 
Impacto Ambiental (RIMA).
5ª. Realização de audiência pública 
(consulta pública).
6ª. Proposição de programas 
de acompanhamento e de 
monitoramento dos impactos 
ambientais identificados, 
implantados com o objetivo de 
avaliar a eficácia das medidas 
mitigadoras propostas e a evolução 
da qualidade ambiental na área de 
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção17/267
influência do projeto.
Conforme indicado no Artigo 1º da Resolução CONAMA-001, considera-se impacto ambiental 
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada 
por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou 
indiretamente, afetam: 
I. a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
II. as atividades sociais e econômicas;
III. a biota; 
IV. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 
V. a qualidade dos recursos ambientais. 
Como se depreende do texto acima, o risco imposto à população ou ao meio ambiente devido 
aos acidentes que podem vir a ocorrer durante a operação de um dado empreendimento 
industrial pode ser considerado como uma forma de impacto ambiental. No entanto, 
inicialmente, os trabalhos de EIA-RIMA simplesmente não faziam menção aos riscos de 
acidente, caracterizando os impactos ambientais como aqueles decorrentes das alterações 
ambientais causadas durante a fase de construção ou pelas operações normais do 
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção18/267
empreendimento (emissão de efluentes, 
alterações das condições sociais etc.). 
Mais recentemente, essa visão tem sido 
modificada, tendo se tornado mais comum 
que os estudos de EIA-RIMA incluam 
também alguma forma de identificação 
dos perigos de acidentes e de avaliação 
dos riscos associados, para os casos 
de empreendimentos que lidam com 
substâncias perigosas ou que de alguma 
forma podem trazer riscos de acidentes 
maiores para as populações situadas na 
sua área de influência (nesse último caso, 
estariam as barragens, por exemplo).
Comumente os riscos ambientais são 
classificados em: naturais, sociais e 
tecnológicos (Figura 1).
Os riscos naturais podem ser subdivididos 
em riscos físicos e riscos biológicos. Os 
riscos físicos podem ser subdivididos 
em subclasses englobando riscos 
atmosféricos, geológicos, subdivididos 
em riscos endógenos e exógenos, e riscos 
hidrológicos. A relação dialética entre 
recursos e ameaças é consubstancial com o 
desenvolvimento da Terra e da sociedade. 
As ameaças naturais à Terra envolvem 
processos geológicos, geomorfológicos, 
climáticos e oceanográficos que tendem 
a ser uma constante em termos de um 
número importante dos grandes, médios e 
pequenos centros urbanos do mundo. Em 
consequência do crescimento urbano, a 
ameaça aumenta, pois os centros urbanos 
avançam até zonas de maior perigo 
(encostas, ribanceiras etc.), excedendo os 
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção19/267
limites das áreas mais seguras, adotadas 
no plano piloto da cidade.
Os riscos sociais podem ser avaliados 
pela história das últimas décadas, que 
está repleta de incidentes de violência 
nas grandes cidades ao redor do mundo. 
Assim, quando inseridos dentro da classe 
de riscos sociais, o risco individual pode 
ser definido como a frequência na qual 
um indivíduo pode sofrer um dano em 
resultado de ameaças específicas. Trata-
se da probabilidade de uma pessoa em 
particular sofrer dano.
Os riscos tecnológicos podem ser definidos 
como sendo, ao mesmo tempo, técnicos, 
coletivos e ambientais, de acordo com Sevá 
(2002) e destacado por Santi (2005): o risco 
é técnico, para diferenciá-lo de um risco 
natural típico; o risco é coletivo, porque se 
ampliam os efeitos acidentais, poluidores 
e patológicos da atividade, atingindo não 
somente os trabalhadores diretos, mas, por 
vezes, toda a sociedade envolvida; o risco 
é ambiental, porque os efeitos acidentais, 
poluidores e patológicos da atividade 
atingem compartimentos ambientais 
– água, o ar e solo – e os ecossistemas 
concernidos, gerando processos de 
degradação ambiental. E, como os demais, 
os riscos tecnológicos ambientais podem 
ser gerenciados, tanto em relação à 
probabilidade de ocorrência quanto em 
relação à intensidade das consequências 
(PEDERSOLI, 2007).
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção20/267
Figura 1 – Classificação dos riscos ambientais 
Fonte: Adaptado de Amaral e Silva, 1998.
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção21/267
Com a inclusão da exigência de 
realização de análises de riscos para os 
empreendimentos considerados perigosos, 
alguns órgãos de controle ambiental 
passaram também a exigir a apresentação 
de um Programa de Gerenciamento de 
Risco (PGR) como forma de controle e 
monitoração dos riscos avaliados. Como 
requisito adicional, tem sido solicitada 
a realização de um Plano de Ação de 
Emergência, o qual tem de ser feito a partir 
dos resultados da análise de riscos.
Os riscos para as pessoas e para o meio 
ambiente são um dos aspectos a serem 
considerados na avaliação ambiental do 
projeto de um novo empreendimento. 
Quando uma análise de risco é realizada 
durante a fase de projeto:
• medidas de redução de riscos podem 
ser tomadas ainda na fase de projeto, 
que é, sem dúvida, a melhor época 
para se fazer isso, pois as instalações 
ainda são virtuais, de forma que 
modificações podem ser feitas com 
recursos bem menores que aqueles 
necessários após a montagem das 
instalações;
• o enquadramento dos riscos em 
critérios de aceitabilidade deve ser 
feito durante a fase de projeto, de 
forma que as instalações já sejam 
construídas de acordo com o nível de 
segurança embutidos nos critérios de 
aceitabilidade de riscos.
O gerenciamento dos riscos é um processo 
contínuo e constante: 
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção22/267
• Pode apenas ser iniciado na fase de projeto, tendo de ser monitorado e avaliado 
continuamente ao longo da vida operacional.
Assim, é difícil falar de Programa de Gerenciamento de Riscos para um dado projeto. Na 
realidade, a operadora proprietária do projeto (ou seja, que vai operar a futura instalação) é que 
deve ter um Sistema de Gerenciamento de Risco formal, estruturado, monitorado e avaliado 
periodicamente,o qual será, assim, naturalmente adotado em todas as fases da vida da 
instalação.
Para saber mais
Estudo de caso “IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS / MEDIDAS 
MITIGADORAS E COMPENSATÓRIAS NA USINA NUCLEAR ANGRA 3. Disponível em: <http://www.
eletronuclear.gov.br/Portals/0/RIMAdeAngra3/index.html>
http://www.eletronuclear.gov.br/Portals/0/RIMAdeAngra3/index.html
http://www.eletronuclear.gov.br/Portals/0/RIMAdeAngra3/index.html
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção23/267
Glossário
Risco ambiental: é a possibilidade da ocorrência de dano ao meio ambiente.
Perigo: representa uma ou mais condições, físicas ou químicas, com potencial para causar danos, seja às 
pessoas, à propriedade, ao meio ambiente ou à combinação desses.
AIA: de Avaliação de Impactos Ambientais (AIA), que pode ser definida como sendo um processo que busca 
identificar, prever, avaliar e mitigar os efeitos relevantes nos planos biofísico, social e outros, decorrentes de 
obras e projetos, e que ocorre previamente à tomada de decisão quanto à viabilidade ambiental.
Questão
reflexão
?
para
24/267
Princípio da Precaução e Estudo de Impacto Ambiental 
no Direito Brasileiro 
Dentre as diversas medidas de proteção ambiental, o inciso IV do 
§ 1º do art. 225 da CR estabelece a realização de estudo prévio 
de impacto ambiental para a instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio 
ambiente. O objetivo é evitar a ocorrência de impactos ambientais 
adversos, muitas vezes irreversíveis, através de uma atuação 
preventiva de danos, que crie alternativas menos impactantes 
para o ambiente. Diante dos frequentes problemas ambientais 
de caráter planetário que hoje vivenciamos, tais como mudanças 
climáticas abruptas, decorrentes do fenômeno do aquecimento 
Questão
reflexão
?
para
25/267
global, é preciso que haja uma mudança de paradigmas, uma 
alteração de prioridades. As pesquisas científicas recomendam 
uma atuação cautelosa e preventiva em relação a intervenções no 
meio ambiente. Essa é a essência do princípio da precaução: na 
dúvida, deve-se decidir em favor do meio ambiente, não do lucro 
imediato (AMOY, 2006).
Disponível em: <http://www.uniflu.edu.br/arquivos/Revistas/
Revista08/DiscenteGraduacao/Rodrigo.pdf>
http://www.uniflu.edu.br/arquivos/Revistas/Revista08/DiscenteGraduacao/Rodrigo.pdf
http://www.uniflu.edu.br/arquivos/Revistas/Revista08/DiscenteGraduacao/Rodrigo.pdf
26/267
Considerações Finais (1/2)
 » Princípio da prevenção: diz respeito ao conhecimento antecipado 
dos sérios danos que podem ser causados ao bem ambiental em 
determinada situação e a realização de providências para evitá-los. Já 
se verifica um nexo de causalidade cientificamente demonstrável entre 
uma ação e a concretização de prejuízos ao meio ambiente.
 » Princípios da Precaução: O Princípio 15 – Princípio da Precaução – 
da Declaração do Rio/92 sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 
Sustentável foi proposto na Conferência no Rio de Janeiro, em junho de 
1992, que o definiu como “a garantia contra os riscos potenciais que, 
de acordo com o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda 
identificados”. “Onde existam ameaças de riscos sérios ou irreversíveis, 
não será utilizada a falta de certeza científica total como razão para 
o adiamento de medidas eficazes, em termos de custo, para evitar a 
degradação ambiental”.
27/267
 » Impacto ambiental: qualquer alteração das propriedades físicas, 
químicas e biológicas do meio ambiente causada por matéria ou energia 
resultante das atividades humanas. Como consequência, podem afetar 
a saúde, a segurança e o bem-estar da população, além de influenciar 
nas atividades sociais e econômicas e na biota ou condições estéticas e 
sanitárias do ambiente.
Considerações Finais (2/2)
Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção28/267
Referências
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Unidade 1 • Risco Ambiental à Luz dos Princípios da Precaução e da Prevenção29/267
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Referências
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panacéia? Sustentabilidade como guia de cooperações poluidoras? In: Encontro da Associação 
Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Ambiente e Sociedade. Campinas, 2002.
Referências
31/267
1. Não compreende uma situação de risco ou perigo segundo a definição 
correta:
a) Risco: armazenamento incorreto de substâncias perigosas.
b) Perigo: característica intrínseca de uma substância ou situação.
c) Risco: representa uma condição física ou química, com potencial para causar danos.
d) Perigo: qualquer situação com potencial de ocasionar danos ambientais ou sociais.
e) Risco: possibilidade de ocorrência de dano ao meio ambiente.
Questão 1
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2. Abaixo, assinale a única alternativa que não exemplifica a aplicação 
prática dos princípios de prevenção e precação na prática:
a) Estudos de avaliação de riscos.
b) Estudos de avaliação de impacto ambiental.
c) Aplicação de protocolos de segurança.
d) Elaboração de um plano de emergência. 
e) Agir instintivamente mediante uma situação nova.
Questão 2
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3. Como podem ser classificados os riscos ambientais?a) Naturais, agudos e crônicos.
b) Sociais, econômicos e políticos.
c) Tecnológicos, naturais e sociais.
d) Hidrológicos, biológicos e físicos.
e) Siderais, sociais e geológicos.
Questão 3
34/267
4. Segundo o princípio da precaução, quando uma atividade representa 
ameaças de danos ao meio ambiente e às pessoas, deve-se:
a) adotar medidas de precaução, mesmo se algumas relações de causa e consequência não 
foram plenamente estabelecidas cientificamente;
b) adotar medidas de precaução apenas se as relações de causa e efeito terem sido 
embasadas cientificamente;
c) adotar a cautela e agir apenas em caso de absoluta certeza sobre o evento;
d) comprovar a ameaça de dano, agindo de forma mitigadora efetivamente após 
comprovação dele;
e) adotar a precaução, realizando uma análise de riscos e perigos.
Questão 4
35/267
5. Segundo o princípio da precaução, assinale a alternativa incorreta:
a) Pode ser associado a uma avaliação concreta dos riscos e impactos possíveis;
b) Riscos e impactos são previamente conhecidos.
c) Possibilitam a adoção de medidas de controle.
d) Deve-se agir sem o conhecimento prévio, mediante uma situação nova de risco.
e) Aplica-se quando não há dúvida de que os danos possam vir a ocorrer.
Questão 5
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Gabarito
1. Resposta: C.
O risco representa a materialização de uma 
situação de perigo. Essa alternativa traz a 
definição de perigo e não de risco.
2. Resposta: E.
Deve-se agir sempre seguindo os 
protocolos de segurança, ou, caso 
esteja mediante uma situação de risco 
desconhecido, buscar informações 
necessárias para compreendê-lo.
3. Resposta: C.
Riscos ambientais podem ser categorizados 
basicamente em tecnológicos, naturais e 
sociais.
4. Resposta: A.
As medidas de precaução são aplicadas 
mediante uma situação de ameaça 
ou risco, mesmo que não plenamente 
comprovado.
5. Resposta: D.
O princípio da prevenção prediz que uma 
situação de risco é conhecida, e devem 
ser aplicadas medidas que reduzem ou 
minimizem seus danos.
37/267
Unidade 2
Avaliação e Gerenciamento de Risco
Objetivos
Para boa parte da população, o conceito de risco é algo bastante subjetivo, relacionado à 
percepção dos níveis de perigo que, em certas oportunidades, decidimos aceitar ou não. O 
objetivo desta aula é apresentar, dentro de um contexto teórico e prático os procedimentos 
necessários para implantação de projetos de avaliação, monitoramento e gerenciamento de 
riscos.
Unidade 2 • Avaliação e Gerenciamento de Risco38/267
Introdução
Como verificado no capítulo anterior, são 
muitas as classificações possíveis para os 
chamados riscos ambientais. Tecnológicos, 
ambientais ou humanos, agudos ou 
crônicos são alguns dos diferentes tipos de 
riscos. Seu reconhecimento necessita de 
uma definição prévia de qual tipo de risco 
se pretende identificar.
O processo de reconhecimento de uma 
situação de risco depende de inúmeros 
fatores, dentre os quais se inclui o tipo de 
risco. No âmbito dos riscos tecnológicos, 
é mais fácil reconhecer um risco agudo 
do que um risco crônico. Tal situação 
decorre primordialmente do fato de que, 
no primeiro caso, há facilidade em se 
estabelecer uma relação entre causa e 
efeito, o que não ocorre na maioria das 
situações de risco crônico (SÁNCHES, 
2008). Ademais, o efeito é imediato, 
enquanto nos casos de risco crônico, como 
o nome diz, manifesta-se a médio ou longo 
prazo.
O vazamento de petróleo de um duto ou 
navio, por exemplo, traz efeitos imediatos e 
visíveis, ao passo que a liberação contínua 
de pequenas quantidades de poluentes 
pode não só trazer efeitos a longo prazo, 
mas também tornar incerta a conexão 
entre causa e efeito. Em tal situação, o 
reconhecimento das situações de risco é 
mais difícil (SÁNCHES, 2008).
Em avaliação de impacto ambiental, a 
preocupação com o risco normalmente 
se refere a riscos tecnológicos, apesar 
dos riscos naturais quando agravados ou 
potencializados pela ação humana também 
Unidade 2 • Avaliação e Gerenciamento de Risco39/267
serem de grande importância. No caso dos 
riscos tecnológicos, são os riscos agudos 
que mais chamam a atenção, no entanto, 
em muitos casos, os riscos crônicos podem 
ser mais significativos do que os agudos. 
Como exemplo, o caso do incinerador, 
que, embora possa haver perigos como 
explosões ou vazamento de substâncias, 
são os eventuais danos à saúde que 
podem se manifestar a longo prazo, 
constituindo grande fonte de preocupação 
e polêmica (SÁNCHES, 2008). Por sua vez, 
modificações de processos naturais podem 
resultar em um aumento de riscos, por 
exemplo: uma rodovia que aumenta os 
riscos geológicos de escorregamentos e 
desmatamentos das margens dos rios que 
aumentam o risco de inundações e secas 
nas grandes cidades. 
Relembrando as diferenças entre perigo 
e risco: enquanto o perigo é definido 
como uma situação ou condição que tem 
potencial de acarretar consequências 
indesejáveis, além de ser uma 
característica intrínseca a uma substância, 
instalação ou artefato, o risco, por sua vez, 
é conceituado como a contextualização 
de uma situação de perigo, ou seja, a 
possibilidade de materialização do perigo 
ou de um evento indesejado. Por exemplo, 
uma substância perigosa não identificada 
e armazenada em recipientes mal vedados 
representa um risco maior do que uma 
situação em que há identificação clara 
da substância e ela está acondicionada 
adequadamente.
Unidade 2 • Avaliação e Gerenciamento de Risco40/267
1. Avaliação de Risco
A Avaliação de Risco é a aplicação de um 
juízo de valor para discutir a importância 
dos riscos e suas consequências sociais, 
econômicas e ambientais. De acordo com 
Suter (2007), não existe uma definição de 
Avaliação de Risco que possa compreender 
todas as possibilidades do seu uso melhor 
do que “Suporte técnico para a tomada 
de decisões perante incertezas”. O 
gerenciamento de riscos pode ser definido 
como uma ferramenta que utiliza os 
resultados provenientes da avaliação de 
riscos em prol de se diminuir as chances 
através de medidas preventivas, ou então 
de medidas emergenciais no caso de 
ocorrência de acidentes (CARPENTER, 
1995). Essas etapas envolvem o 
conhecimento da legislação vigente, além 
de considerar custos, disponibilidade 
de tecnologia e fatores políticos, 
incorporando aspectos alheios à esfera 
cientifica.
A avaliação de riscos é uma atividade 
correlata à avaliação de impacto 
ambiental, mas as duas se desenvolveram 
“em contextos separados, por 
comunidades profissionais e disciplinares 
diferentes” (ANDREWS, 1988, p. 45). A 
análise, ou avaliação de riscos é um estudo 
que visa à identificação dos perigos de uma 
atividade, projeto ou área, seguido pela 
estimação do risco existente para possíveis 
receptores, podendo ser tanto bens, 
pessoas ou ambientais.
Unidade 2 • Avaliação e Gerenciamento de Risco41/267
Estudos de avaliação de riscos podem ser integrados aos estudos de impacto ambiental ou 
ser conduzidos como avaliações separadas do EIA (Estudo de Impacto Ambiental). Essa última 
forma é usada no estado de São Paulo, onde cabe à Cetesb exigir e aprovar estudos de análise 
de risco (EARs), ao passo que cabe ao Depto. de Avaliação de Impacto Ambiental da Secretaria 
do Meio Ambiente a análise dos EIAs (Diário Oficial do Estado 113, de 20 de agosto de 2003, p. 
34-43).
Para saber mais
Manual Técnico do Licenciamento Ambiental com EIA-RIMA. O Estudo de Impacto Ambiental é 
um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente utilizados para identificar, prevenir 
e compensar alterações ambientais prejudiciais produzidas por empreendimentos ou ações com 
significativo impacto ambiental. Realizado por equipe multidisciplinar, às expensas do empreendedor, 
e também avaliado por equipe multidisciplinar do Órgão Ambiental, os estudos ambientais, na forma 
resumida de RIMA, submetem-se à apreciação pública, sendo um dos mais importantes instrumentos 
de licenciamento ambiental. Disponível em: <http://ecologia.ib.usp.br/bie314/2013/manual_tecnico_rima.pdf>.
http://ecologia.ib.usp.br/bie314/2013/manual_tecnico_rima.pdf
http://ecologia.ib.usp.br/bie314/2013/manual_tecnico_rima.pdf
Unidade 2 • Avaliação e Gerenciamento de Risco42/267
Os estudos de análise de risco são exigidos 
para o licenciamento (instalação ou 
ampliação) de indústrias ou atividades 
potencialmente perigosas, e esses estudos 
são sistematicamente necessários nos 
casos de dutos de transporte de petróleo 
e seus derivados, ou gases e outras 
substâncias químicas, ou plataformas 
de petróleo ou gás. Os critérios de 
classificação das instalações perigosas 
e a consequente exigência de estudos 
especializados sobre risco baseiam-
se no perigo de uma instalação para 
a comunidade e o meio ambiente 
circunvizinho, que, por sua vez, depende 
dos tipos de substâncias químicas 
manipuladas, das quantidades envolvidas 
e da vulnerabilidade do local. Os estudos 
de avaliação de riscos devem descrever 
as instalações analisadas, identificar os 
perigos, quantificar os riscos e propor 
medidas de gestão para reduzi-los, assim 
como um plano de ação para situações de 
emergência (CETESB, 2003).
A avaliação de risco é usualmente realizada 
em algumas etapas, sendo que algumas 
delas podem se apresentar condensadas 
em alguns casos, dependendo da 
abordagem escolhida pelo grupo executor. 
As principais são (CARPENTER, 1995):
a) caracterização do 
empreendimento e da região;
b) identificação dos perigos e 
consolidação das hipóteses Acidentais;
c) estimativa dos efeitos físicos e 
Unidade 2 • Avaliação e Gerenciamento de Risco43/267
avaliação de vulnerabilidade;
d) estimativa de frequências;
e) estimativa e avaliação de riscos;
f) gerenciamento de riscos.
Em resumo, a estimativa do risco é uma tentativa de estimar matematicamente as 
probabilidades de um evento e a magnitude de seus efeitos; a avaliação do risco 
é a aplicação de um juízo de valor para discutir a importância dos riscos e suas 
consequências sociais, econômicas e ambientais; e, por fim, o gerenciamento é um 
termo que engloba o conjunto de atividades de identificação, estimação, comunicação e 
avaliação de riscos, associado à avaliação de alternativas de minimização dos riscos e 
suas consequências (GRIMA et al., 1986).
Unidade 2 • Avaliação e Gerenciamento de Risco44/267
2. Aplicação da Avalição e Ge-
renciamento de Riscos 
a) Caracterização do 
 empreendimento e da 
 região.
Descrição física e geográfica da região, 
incluindo características climáticas, 
mananciais, áreas litorâneas, fauna, flora 
e interferências com outros sistemas 
existentes; distribuição populacional 
da região; descrição física e layout da 
instalação, em escala; fotos aéreas 
que apresentem a circunvizinhança ao 
Para saber mais
 Os estudos de análise de riscos são “ferramentas técnicas” fundamentais para subsidiar o 
gerenciamento desses de atividades consideradas perigosas e devem, cada vez mais, ser incorporadas 
aos processos de gestão ambiental de saúde e segurança. No BrasiI, embora o assunto tenha avançado 
significativamente nos últimos anos, em particular por iniciativa de alguns órgãos ambientais, como, 
por exemplo, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), o tema ainda carece de 
regulamentação específica. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/made/article/
view/22120/14484>.
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/made/article/view/22120/14484
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/made/article/view/22120/14484
Unidade 2 • Avaliação e Gerenciamento de Risco45/267
redor da instalação, além da utilização 
e transporte de substâncias químicas 
incluindo quantidades, armazenamento 
e manipulação; descrição do processo e 
rotinas operacionais se ainda em operação; 
apresentação de plantas baixas das 
unidades e fluxogramas de processos, de 
instrumentação e de tubulações; sistemas 
de proteção e segurança. Esses dados 
são de especial importância para que seja 
possível caracterizar o empreendimento, 
contemplando seus aspectos construtivos 
e operacionais, além das peculiaridades da 
região onde esse se encontra, foi ou será 
instalado.
b) Identificação dos perigos 
 e consolidação de cenários 
 de acidentes.
Essa etapa visa identificar a existência 
de perigos, desde substâncias, situações, 
procedimentos, falhas de operações, 
desastres naturais, sabotagem ou 
eventuais sequências de eventos 
que possam causar dano, incluindo 
cenários acidentais hipotéticos a serem 
estudados de forma detalhada. Existem 
várias técnicas estruturadas para tais 
identificações, como Análise Preliminar 
de Perigos (APP), a Análise de Perigos e 
Operabilidade (HAZOP) e a Análise de 
Modos de Falhas e Efeitos (AMFE).
c) Estimativa dos efeitos 
 físicos e avaliação de 
 Vulnerabilidade.
Cada cenário acidental acarreta 
em diferentes efeitos físicos. Esses 
Unidade 2 • Avaliação e Gerenciamento de Risco46/267
podem ser decorrentes de explosões, 
substâncias químicas ou tóxicas, quedas, 
soterramentos, entre outras situações. 
A estimativa de efeitos físicos deve ser 
realizada através de modelos matemáticos 
que efetivamente representem os 
fenômenos relacionados aos cenários 
acidentais, assim como de acordo com 
as características e comportamento das 
substâncias potencialmente envolvidas. 
Os modelos a serem utilizados devem 
simular para cada tipologia acidental a 
possibilidade de liberações de substâncias 
tóxicas e inflamáveis. É necessária uma 
série de informações para a correta 
construção e interpretação desses 
modelos, assim como o dimensionamento 
de vazamentos, áreas de poças e massas 
de substâncias envolvidas em cada evento. 
Dentre essas informações, destacam-se:
• Condições 
atmosféricas
• Topografia
• Tempo de 
vazamento
• Área de poça
• Massa de vapor 
envolvida no 
cálculo de explosão 
confinada
• Rendimento da 
explosão
• Valores de 
referência de 
letalidade (kW/m², 
faixas de 1% e 50% 
de fatalidade)
• Distâncias 
consideradas
• Apresentação de 
resultados
• Mapas
Deve ser feita a estimativa de danos 
Unidade 2 • Avaliação e Gerenciamento de Risco47/267
a propriedades e outros impactos 
econômicos e ambientais, comumente 
se utilizando a taxa de mortalidade para 
riscos agudos.
a) Estimativa de frequências.
Essa etapa envolve a estimação da 
frequência de eventos e situações 
acidentais escolhidos na etapa anterior. 
Tal etapa é obrigatória para aqueles 
empreendimentos em que os efeitos físicos 
extrapolem os limites físicos da empresa, 
podendo afetar terceiros e bens alheios. 
Em diversos estudos de análise de risco, o 
empreendimento pode apresentar cenários 
de acidentes conhecidos, sobre os quais 
pode se estimar a frequência através de 
registros históricos em bancos de dados ou 
referencias bibliográficas. Se a instalação 
for muito complexa ou não se encontre 
dados aceitáveis, pode ser necessário se 
utilizar a Análise por Árvore de Falhas como 
método de identificação, conseguindo, 
assim, as frequências.
b) Estimativa e avaliação de 
 riscos.
 O risco é considerado uma função que 
relaciona a frequência de acidentes com 
suas respectivas consequências, podendo-
se, com base nos resultados quantitativos 
das etapas anteriores, estimar o risco de 
um empreendimento, particularmente 
para os danos ao homem e ao meio 
ambiente. Como foi visto, essas estimativas 
dependem de uma série de variáveis, 
Unidade 2 • Avaliação e Gerenciamento de Risco48/267
diferentes para cada empreendimento, 
e, muitas vezes, pouco conhecidas, 
apresentando diferentes níveis de 
incerteza, sendo praticamente impossível 
descrever todos os riscos existentes. 
Portanto, em uma avaliação de risco devem 
ser cobertas todas as situações que possam 
ter vítimas fatais, ou haja ameaças à saúde 
da comunidade vizinha e seus bens. O 
modo mais comum de se apresentar tais 
riscos é dividindo-os em risco social e 
risco individual. O risco social é aquele 
que associa o risco de uma população ou 
agrupamento depessoas expostas a danos, 
injúrias ou morte decorrente de um cenário 
acidental. A estimativa de risco social deve 
conter alguns dados, tais como o tipo da 
população (composição da área exposta, 
quantas moradias, estabelecimentos 
comerciais, escolas, hospitais etc.), efeitos 
em diferentes períodos e condições 
meteorológicas (dia, noite, clima seco, 
chuva), além das características das 
edificações onde as pessoas se encontram.
O método mais comum de apresentação 
dos riscos sociais é pela Curva F-N 
(frequência-número), que relaciona dados 
de frequência acumulada do evento final 
e seus respectivos efeitos representados 
em termos de número de vítimas fatais, 
apesar de também poder ser usada para 
riscos individuais. O risco individual pode 
ser caracterizado pela probabilidade de 
ferimento, doença ou fatalidade de uma 
pessoa presente na vizinhança de um 
perigo, desde a natureza do dano e o 
Unidade 2 • Avaliação e Gerenciamento de Risco49/267
período de tempo em que esse pode ocorrer. Como ferimentos apresentam mais dificuldade de 
se avaliar devido à sua multiplicidade de formas, é difícil de conseguir estatísticas pertinentes 
a elas, em especial fazer uma graduação quanto à sua severidade. Sendo assim, a forma mais 
comum de se avaliar o risco é através de danos irreversíveis, doenças e fatalidades. O risco 
individual pode ser estimado para aqueles indivíduos mais expostos ao perigo, para um grupo 
de pessoas ou para uma média de indivíduos presentes na zona de efeito.
Para saber mais
 Conceitos fundamentais, formas de expressão e critérios de aceitabilidade de riscos. A partir do início da 
década de 1970, a ocorrência de alguns acidentes industriais de grande repercussão (Island, Flixborough, 
Bhopal, Cidade do México, Seveso) levaram à criação de importantes leis e regulamentações sobre 
segurança industrial e controle ambiental nos principais países industrializados, levando à implantação 
de estudos de análise e gerenciamento de riscos. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/
estruturas/sqa_pnla/_arquivos/_3.pdf>.
http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/_3.pdf
http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/_3.pdf
Unidade 2 • Avaliação e Gerenciamento de Risco50/267
A avaliação dos riscos envolve, 
principalmente, a comparação de níveis de 
risco, esses baseados em opiniões pessoais 
e quesitos subjetivos, muitas vezes 
variando de pessoa a pessoa, de acordo 
com a sua percepção e sua predisposição 
a riscos. No entanto, a definição de 
limites é algo necessário para avaliar 
empreendimentos com potencial de danos 
à população e seus bens, decorrente de 
acidentes ou produtos perigosos.
Cada entidade que se prontifica a fazer 
uma avaliação de risco precisa delimitar 
tais valores limite e, como no caso da 
CETESB (2003), utilizar uma média do 
levantamento bibliográfico internacional 
dos critérios vigentes para estabelecer 
os seus próprios. Os riscos situados 
entre intolerável e negligenciável são 
classificados como pertencentes à zona 
ALARP (As Low As Reasonably Praticable), 
na qual precisam ser minimizados ao 
máximo possível. Para o risco individual, 
a mortalidade de 1x10-6 é aceitável, 
enquanto superiores a 1x10-5 são 
considerados inaceitáveis.
a) Gerenciamento de riscos
A última etapa da análise de riscos 
envolve a tomada de providências, desde 
estruturais, procedimentais e educacionais, 
que visem à redução das frequências e 
consequências de eventuais acidentes, 
baseadas nas considerações feitas pelas 
etapas anteriores, em especial na avaliação 
dos riscos. Ainda assim, durante a sua 
Unidade 2 • Avaliação e Gerenciamento de Risco51/267
operação, um empreendimento que utilize 
substâncias ou processos perigosos deve 
estar funcionando de acordo com padrões 
adequados, e sob manutenção periódica. 
Para tal, é recomendável que um Programa 
de Gerenciamento de Riscos (PRG) seja 
implementado, tanto para as operações 
rotineiras como para as excepcionais.
O objetivo do PRG é promover uma 
sistemática que, baseada em atividades 
de gestão, atenda a todas as operações 
e equipamentos, priorizando ações 
baseadas nos cenários acidentais 
propostos. Há a necessidade das ações 
serem documentadas, e estabelecida a 
responsabilidade de cada processo. Dentre 
as atividades, a CETESB (2003) propõe a 
seguinte lista para empreendimentos de 
médio e grande porte:
• Informações de segurança de 
processos;
• revisão dos riscos de processos;
• gerenciamento de modificações;
• manutenção e garantia da 
integridade de sistemas críticos;
• procedimentos operacionais;
• capacitação de recursos humanos;
• investigação de acidentes;
• auditorias;
• Plano de Ação de Emergências (PAE).
As recomendações e medidas resultantes 
do estudo de análise e avaliação de 
Unidade 2 • Avaliação e Gerenciamento de Risco52/267
riscos para a redução das frequências e 
consequências de eventuais acidentes 
devem ser consideradas como partes 
integrantes do processo de gerenciamento 
de riscos; entretanto, independentemente 
da adoção dessas medidas, uma instalação 
que possua substâncias ou processos 
perigosos deve ser operada e mantida, ao 
longo de sua vida útil, dentro de padrões 
considerados toleráveis, razão pela qual 
um Programa de Gerenciamento de 
Riscos (PGR) deve ser implementado e 
considerado nas atividades, rotineiras ou 
não, de uma planta industrial.
Muitas vezes, a preparação de um 
estudo completo de análise de risco 
pode ser substituída pela preparação de 
um plano de gerenciamento de riscos 
(PGR). Com isso, evitam-se as atividades 
complexas e detalhadas de estimativa das 
frequências e de simulação dos efeitos 
físicos, concentrando os esforços na 
formulação de medidas para reduzir os 
riscos e na preparação de um PAE. Esse 
plano de gerenciamento de riscos pode 
facilmente ser incorporado a um EIA ou 
a algum documento subsequente no 
processo de licenciamento ambiental. 
Um PGR apresentado para fins de 
licenciamento é muito semelhante a um 
plano de gerenciamento de risco usado 
internamente por algumas empresas.
Unidade 2 • Avaliação e Gerenciamento de Risco53/267
Glossário
Risco agudo: são decorrentes do mau funcionamento de um sistema tecnológico, como, por exemplo, 
acidentes industriais ampliados, vazamento de petróleo de um duto ou navio.
Risco crônico: são decorrentes da exposição continuada, de longo prazo, da população a agentes físicos 
ou químicos, liberação contínua de pequenas quantidades de poluentes no meio ambiente.
Negligenciar: negligenciar é o ato de omitir ou de esquecer algo que deveria ter sido dito ou feito de 
modo a evitar que produza lesão ou dano a terceiros. Negligência não é sinônimo de imprudência nem de 
imperícia. Enquanto negligência é o ato de se omitir, de agir de forma desleixada, desatenciosa, imprudência 
é o ato de agir de forma precipitada, de não ser comedido nem ser moderado.
Questão
reflexão
?
para
54/267
Relatório de Impacto Ambiental da Usina Hidrelétrica de Belo 
Monte
A construção de uma usina hidrelétrica causa efeitos negativos e 
positivos. E, para saber se o AHE Belo Monte poderá ser construído, foi 
preciso estudar o meio físico (clima, qualidade da água, recursos minerais 
e geologia, entre outros), o meio biótico (plantas e animais), o meio 
socioeconômico (atividades econômicas, condições de vida, patrimônio 
histórico e cultural, saúde, educação, entre outros) e as comunidades 
indígenas. Assim, estudos de avaliação de risco, nesse caso resumidos 
ao EIA (Estudos de Impacto Ambiental) e RIMA (Relatório de impacto 
Ambiental) de Belo Monte, demonstram os riscos e perigos que a 
construção de hidrelétrica trará ao meio ambiente e comunidades locais. 
Veja mais os detalhes de estudo e relatório de impacto ambiental da 
Questão
reflexão
?
para
55/267
hidrelétrica de Belo Monte em: <http://philip.inpa.gov.br/publ_livres/
Dossie/BM/DocsOf/RIMA-09/Rima_AHE%20Belo%20Monte.pdf>.
Para saber mais
Apresentação de estudo de casosobre Análise de Riscos (EAR) das 
instalações da Usina Termelétrica da Brasil Bio Fuels S.A. (BBF), no 
município de Tefé, Amazonas. Disponível em: <http://www.ipaam.
am.gov.br/arquivos/download/arqeditor/RIMA/ANEXO%20XII%20
-%20EAR.pdf>.
http://philip.inpa.gov.br/publ_livres/Dossie/BM/DocsOf/RIMA-09/Rima_AHE%20Belo%20Monte.pdf
http://philip.inpa.gov.br/publ_livres/Dossie/BM/DocsOf/RIMA-09/Rima_AHE%20Belo%20Monte.pdf
file:http://www.ipaam.am.gov.br/arquivos/download/arqeditor/RIMA/ANEXO%2520XII%2520-%2520EAR.pdf
http://www.ipaam.am.gov.br/arquivos/download/arqeditor/RIMA/ANEXO%20XII%20-%20EAR.pdf
http://www.ipaam.am.gov.br/arquivos/download/arqeditor/RIMA/ANEXO%20XII%20-%20EAR.pdf
http://www.ipaam.am.gov.br/arquivos/download/arqeditor/RIMA/ANEXO%20XII%20-%20EAR.pdf
56/267
Considerações Finais
 » Estudos de análise de risco: busca identificar os perigos e estimar 
os riscos, estimando matematicamente as probabilidades de 
ocorrência de um evento e a magnitude das consequências.
 » Análise de vulnerabilidade: previsão das consequências 
ambientais, caso se concretizem os cenários considerados para 
análise.
 » Gerenciamento de risco: consiste na formulação de diferentes 
medidas para evitar a ocorrência de acidentes ou reduzir seus 
efeitos.
 » Plano de gerenciamento de riscos (PGR): deve descrever 
todos os procedimentos propostos e os recursos necessários, 
concentrando-se nos aspectos críticos identificados 
anteriormente e dando prioridade aos cenários acidentais mais 
importantes.
Unidade 2 • Avaliação e Gerenciamento de Risco57/267
Referências 
ANDREWS, R.L.N. Environmental impact assessment and risk assessment: learning from each 
other. In: Environmental impact assessment: theory and practice. Wathern, P. London: Unwin 
Hyman, 1988. p. 85-97.
CARPENTER, R.A. 1995. Risk assessment. In: Environmental and social impact assessment. 
Vanclay, F. & Bronstein, D.A. Chichester: John Wiley & Sons. p. 193-219.
CETESB – Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental. 2003. Norma técnica 
P 2461. Manual de orientação para elaboração de estudos de análise de riscos. Diário Oficial 
do Estado de São Paulo, São Paulo, seção 1, n.113, v. 156, p. 34-43.
GRIAM, A.P. et al. Risk management and EIA: research needs and opportunities. Hull: Canadian 
Environmental Assessment Research Council, 1986.
SÁNCHES, L.E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de 
Textos, 2008.
58/267
1. Por que em uma situação de risco tecnológico os riscos crônicos são 
mais difíceis de serem reconhecidos, prevenidos e gerenciados do que os 
agudos?
a) Riscos crônicos apresentam efeitos imediatos, porém seus danos são pequenos.
b) As consequências dos riscos agudos são perceptíveis a longo prazo.
c) Riscos crônicos apresentam consequências a longo prazo.
d) Riscos crônicos apresentam consequências à saúde das pessoas, mas não ao meio 
ambiente.
e) Riscos agudos são mais perigosos do que os riscos crônicos.
Questão 1
59/267
2. Estudos de análise de risco relacionam frequência e magnitude de 
ocorrência. De que forma podemos diminuir os danos de um referido 
risco?
a) Diminuindo a frequência e aumentando a magnitude.
b) Diminuindo a frequência e/ou a magnitude.
c) Aumentando a frequência e diminuindo a magnitude.
d) Controlando a frequência e mantendo a mesma magnitude.
e) São impossíveis de serem diminuídos.
Questão 2
60/267
3. A elaboração de um Programa de Gerenciamento de Riscos deve 
abordar os seguintes elementos, exceto:
a) Plano de Ação de Emergência.
b) Revisão dos riscos de processos.
c) Capacitação de recursos humanos.
d) Investigação de acidentes.
e) Caracterização da área e empreendimento.
Questão 3
61/267
4. Por que em projetos de avaliação de risco ambiental a maior 
preocupação refere-se aos riscos tecnológicos?
a) Porque os riscos naturais não ocasionam danos.
b) Porque os riscos tecnológicos estão intimamente associados à ação humana, e podem 
causar danos de grande magnitude.
c) Porque os riscos tecnológicos podem ocasionar danos apenas a sistemas operacionais e 
máquinas.
d) Porque os riscos naturais são mais previsíveis e fáceis de serem prevenidos.
e) Porque os riscos tecnológicos estão associados a danos de pequeno impacto, e de fácil 
prevenção.
Questão 4
62/267
5. Assinale a alternativa que indique quais das alternativas não está incluída 
na caracterização de risco de um empreendimento:
a) Aspectos construtivos e operacionais do empreendimento.
b) Particularidades locais e regionais.
c) Caracterização da instalação.
d) Elaboração de um plano de ação emergencial.
e) Estimativa de frequências.
Questão 5
63/267
Gabarito
1. Resposta: C.
Em situações de risco agudo, os danos são 
imediatos, enquanto que os riscos crônicos 
os danos são perceptíveis a médio ou longo 
prazo.
2. Resposta: B.
Risco é uma função da frequência e 
magnitude, então deve-se diminuir um ou 
ambos para uma redução dos seus danos.
3. Resposta: E.
A caracterização da área e do 
empreendimento compreende uma fase da 
avaliação de risco, e não do gerenciamento.
4. Resposta: B.
Os riscos tecnológicos são aqueles 
associados à ação humana, e com maior 
chance de danos ao meio ambiente e às 
pessoas.
5. Resposta: D.
A elaboração de um Plano de Ação 
Emergencial faz parte do Gerenciamento 
de riscos e não deve ser realizada durante a 
fase de caracterização de risco.
64/267
Unidade 3
Mapeamento e Gestão de Riscos de Escorregamentos em Áreas de Assentamentos Precários
Objetivos
Os enormes danos e prejuízos individuais e coletivos, transtornos insuportáveis e recorrentes 
no trânsito das grandes cidades e o assustador número de mortes associadas aos períodos 
chuvosos dos últimos anos têm trazido ao debate a temática dos riscos urbanos. Nesse 
contexto, o objetivo desta aula é compreender os mecanismos que acentuam os riscos de 
escorregamentos, bem como as possíveis medidas de manejo, prevenção e gestão das áreas de 
risco e pessoas envolvidas.
Unidade 3 • Mapeamento e Gestão de Riscos de Escorregamentos em Áreas de Assentamentos Precários65/267
Introdução
Os principais fenômenos relacionados 
a desastres naturais no Brasil são 
os deslizamentos de encostas e as 
inundações, que estão associados 
a eventos pluviométricos intensos 
e prolongados, repetindo-se a cada 
período chuvoso mais severo. Apesar de 
as inundações serem os processos que 
produzem as maiores perdas econômicas 
e os impactos mais significativos na saúde 
pública, são os deslizamentos que geram o 
maior número de vítimas fatais. Esse fato 
justifica a concepção e implantação de 
políticas públicas municipais específicas 
para a gestão de risco de deslizamentos em 
encostas (CARVALHO; GALVÃO 2006).
Os deslizamentos de encostas são 
fenômenos naturais, que podem ocorrer 
em qualquer área de alta declividade, por 
ocasião de chuvas intensas e prolongadas. 
No entanto, a remoção da vegetação 
original e a ocupação urbana desordenada 
(favelas, assentamentos, e loteamentos 
irregulares) tendem a tornar mais frágil 
o equilíbrio naturalmente precário, 
fazendo com que os deslizamentos 
passem a ocorrer com maior frequência 
e magnitude. Associado a esses fatores 
de risco, somam-se a execução de cortes 
e aterros instáveis para a construção de 
moradias e vias de acesso, a deposição de 
lixo nas encostas, a ausência de sistemas 
de drenagem de águas pluviais e coleta de 
esgotos, a elevada densidade populacional 
e a fragilidade das moradias (CARVALHO; 
GALVÃO, 2006). Os escorregamentos 
Unidade 3 • Mapeamento e Gestão de Riscos de Escorregamentos em Áreas de Assentamentos Precários66/267
podem movimentar, além de rochas, solo 
e vegetação, depósitos artificiais (lixo, 
aterros, entulhos) ou materiais mistos. 
Embora tais acidentes também ocorram 
em áreas ocupadas de forma regular 
e, portanto, dotadas de infraestrutura 
urbana, é certo que predominam em 
áreas de assentamentos precários ou 
subnormais.
A cada estação chuvosa, ocorrem graves 
acidentesassociados a escorregamentos 
em áreas urbanas de vários municípios 
brasileiros, muitas vezes resultando em 
perdas de vidas e ferimentos, e, quase 
sempre, em prejuízos materiais que 
representam grave impacto na capacidade 
de desenvolvimento da população 
que reside nas áreas afetadas (CERRI; 
NOGUEIRA, 2012). Levantamentos de 
riscos realizados em encostas de vários 
municípios brasileiros indicam que, 
em todos eles, a falta de infraestrutura 
urbana é uma das principais causas dos 
fenômenos de deslizamentos no Brasil. 
Dessa forma, uma política eficiente de 
prevenção de riscos de deslizamentos 
em encostas deve considerar como áreas 
prioritárias de atuação os assentamentos 
precários e deve também fazer parte 
das políticas municipais de habitação, 
saneamento e planejamento urbano.
De acordo com levantamento realizado 
pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas 
do Estado de São Paulo – IPT, os acidentes 
graves relacionados com deslizamentos 
atingem de forma recorrente um número 
Unidade 3 • Mapeamento e Gestão de Riscos de Escorregamentos em Áreas de Assentamentos Precários67/267
relativamente pequeno dos 5.563 
municípios brasileiros, girando em torno 
de 150 os que tiveram vítimas fatais nos 
últimos 17 anos. Os municípios mais 
vulneráveis localizam-se nos estados de 
São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, 
Santa Catarina, Pernambuco, Alagoas, 
Bahia e Espírito Santo.
A prevenção dos acidentes associados a 
deslizamentos de encostas deve fazer parte 
da gestão do território e da política de 
desenvolvimento urbano, constituindo-se 
em uma atribuição municipal. Em 2003, o 
Ministério das Cidades instituiu a Ação de 
Apoio à Prevenção e Erradicação de Riscos 
em Assentamentos Precários, no âmbito do 
Programa de Urbanização, Regularização 
e Integração de Assentamentos Precários. 
Trata-se de articular um conjunto de 
ações visando à redução de risco nas áreas 
urbanas, e estando em concordância 
com os programas de urbanização e 
regularização de favelas e loteamentos 
precários, áreas particularmente mais 
vulneráveis à ocorrência de desastres 
associados aos deslizamentos de encostas. 
De modo geral, os programas preventivos 
de acidentes estão estruturados na 
formação de grupos especialmente 
encarregados de: elaborar e atualizar 
permanentemente o mapeamento de risco 
no município; monitorar precipitações 
pluviométricas e estabelecer ações 
preventivas de Defesa Civil; desenvolver 
ações de mobilização da comunidade 
envolvendo aspectos de educação 
Unidade 3 • Mapeamento e Gestão de Riscos de Escorregamentos em Áreas de Assentamentos Precários68/267
ambiental, monitoramento de situações de 
risco e técnicas construtivas adequadas; 
mobilizar os demais órgãos da prefeitura 
encarregados do socorro a vítimas e 
estabelecer a necessária articulação com 
os governos estadual e federal, por meio 
do Sistema Nacional de Defesa Civil; 
estabelecer redes de solidariedade para 
apoio às famílias em risco; e, finalmente, 
planejar a implantação de intervenções 
estruturais de segurança, como redes de 
drenagem, obras de contenção de taludes 
ou remoção de moradias (CARVALHO; 
GALVÃO, 2006).
Dentro de um contexto maior, 
a análise de riscos associados a 
escorregamentos envolve inicialmente 
o mapeamento de riscos, a gestão de 
riscos e escorregamentos que incluem 
a identificação e análise das situações 
de risco, o planejamento de intervenção 
estrutural, monitoramento permanente, e 
por fim a informação pública e capacitação 
para autodefesa.
1. Mapeamento de Riscos Asso-
ciados a Escorregamentos 
Os mapeamentos de risco requerem que 
sejam consideradas tanto a probabilidade 
(ou possibilidade) de ocorrência do evento 
adverso (processos de instabilidade 
associados a escorregamentos em 
encostas) quanto as consequências 
potenciais, sociais e/ou econômicas a eles 
associadas. Nogueira (2002) descreve que 
Unidade 3 • Mapeamento e Gestão de Riscos de Escorregamentos em Áreas de Assentamentos Precários69/267
a consequência decorrente de um acidente 
é função da vulnerabilidade, e que essa é 
dependente da suscetibilidade de pessoas 
e/ou bens a serem afetados, bem como 
da “resiliência” dos elementos expostos. 
O termo “resiliência” corresponde 
à capacidade de resposta de uma 
determinada população supostamente 
afetada por um acidente, ou seja, na 
habilidade das pessoas em reagir ao 
sinistro e em recuperar a condição 
normal, anterior ao acidente (CERRI; 
NOGUEIRA, 2012). A avaliação qualitativa 
da probabilidade (ou possibilidade) 
de um determinado fenômeno físico 
ocorrer em um local e período de 
tempo definidos deve levar em conta as 
características específicas do processo 
perigoso em questão, especialmente 
a sua tipologia, mecanismo, material 
envolvido, magnitude, velocidade, 
tempo de duração, trajetória, severidade 
etc., o que requer a identificação dos 
condicionantes naturais e induzidos dos 
processos perigosos, o reconhecimento 
de indícios de seu desenvolvimento, bem 
como de feições e evidências indicativas 
de instabilidades. Tais condicionantes, 
aliados à experiência da equipe executiva 
envolvida nas atividades de identificação 
e análise de riscos, podem subsidiar a 
elaboração de adequados programas de 
gerenciamento de riscos, que acabam por 
reduzir substancialmente a ocorrência de 
acidentes geológicos, bem como tornam 
mínima a dimensão de suas consequências.
Unidade 3 • Mapeamento e Gestão de Riscos de Escorregamentos em Áreas de Assentamentos Precários70/267
Operacionalmente, no primeiro passo, 
é necessário definir quais as áreas que 
serão objetos de mapeamento de risco, 
bem como a localização e a dimensão 
dessas áreas. Sugere-se a elaboração de 
um quadro contendo: a) número da área a 
ser mapeada; b) denominação da área; c) 
localização da área (de preferência citar as 
ruas dos limites da área); e d) coordenadas 
geográficas (obtidas por meio de leitura do 
Global Positioning System – GPS, realizadas 
no campo). Posteriormente, para que seja 
possível uma visualização da distribuição 
das áreas de risco mapeadas, é desejável 
que seja elaborado um mapa de localização 
das áreas de risco, em escala que permita 
a análise da distribuição espacial das áreas 
de risco. A identificação das áreas de maior 
frequência de acidentes e sua distribuição 
no território do município orienta o 
mapeamento de risco de escorregamentos 
dimensionamento da equipe executiva 
do mapeamento, realizada com base 
em fotos verticais em escalas próximas 
a 1:5000, cópias de bases cartográficas 
com representação da cartografia e da 
ocupação existente, histórico de acidentes, 
registros de processos de instabilidade, 
cópia de relatórios técnicos etc.
A reunião do material técnico descrito visa 
possibilitar a realização de uma análise 
preliminar das áreas a serem mapeadas. 
Desse modo, as equipes responsáveis pelos 
trabalhos de campo já se dirigem às áreas 
indicadas para mapeamento com uma 
série de informações técnicas que devem 
Unidade 3 • Mapeamento e Gestão de Riscos de Escorregamentos em Áreas de Assentamentos Precários71/267
permitir realizar o mapeamento de forma 
eficaz e mais ágil. A partir daí, passa-se à 
realização dos trabalhos de campos para 
identificação dos riscos, que devem adotar 
os seguintes procedimentos:
• Definir qual ou quais processos 
destrutivos (processos perigosos) 
são objeto do mapeamento de risco 
e elaborar, para cada processo, um 
modelo de ocorrência;
• realizar trabalhos de campo, por 
meio de investigações geológico-
geotécnicas de superfície, visando 
identificar condicionantes dos 
processos de instabilidade, 
evidências (feições) de instabilidade e 
indícios (sinais) do desenvolvimento 
de processos destrutivos. Relacionar 
os aspectos que devem ser 
observados durante a realização 
das investigações de campo para 
definição do grau de probabilidade 
de ocorrência do processo destrutivo 
(para a região Sudeste, tem-se 
adotado a listagem reproduzida no 
Quadro 1 – Listagem de controlepara diagnóstico de setores e 
para descrição dos processos de 
instabilização e o Quadro 2 – Critérios 
para caracterização da ocupação);
• relacionar os aspectos que devem 
ser observados durante a realização 
das investigações de campo, de 
modo a não deixar de verificar todos 
os aspectos importantes para a 
Unidade 3 • Mapeamento e Gestão de Riscos de Escorregamentos em Áreas de Assentamentos Precários72/267
definição do grau de probabilidade de ocorrência do processo destrutivo. 
• registrar os resultados das investigações geológico-geotécnicas e das interpretações em 
fichas de campo específicas. 
Caracterização do local
Talude natural/corte, altura do talude, aterro 
compactado/lançado, distância da moradia, 
declividade, estrutura do solo, presença de 
blocos de rocha/matacões/ paredões rochosos, 
presença de lixo/atelho, aterro, ocupação de 
cabeceira de drenagem.
Evidências de Movimentação Trincas na 
moradia/aterro, Inclinação de árvores/postes/
muros, degraus de abatimento, cicatrizes de 
escorregamentos, feições erosivas, muros/
paredes “embarrigados”.
Água
Concentração de água da chuva na superfície, 
lançamento de água servida em superfície, 
presença de fossas/rede de esgoto/rede de 
água a céu aberto, surgimento de águas e 
vazamentos.
Unidade 3 • Mapeamento e Gestão de Riscos de Escorregamentos em Áreas de Assentamentos Precários73/267
Vegetação no talude ou proximidades
Presença de árvores, vegetação rasteira, área 
desmatada, área de cultivo
Margens de córrego
Tipo de canal (natural/sinuoso/ retificado), 
distância da margem, altura do talude 
marginal, altura de cheias, trincas na 
superfície do terreno
Quadro 1. Listagem de controle para diagnóstico de setores de risco e para descrição dos 
processos destrutivos (baseado em CARVALHO & GALVÃO, 2006)
Categoria de ocupação Características
Área consolidada
Áreas densamente ocupadas, com infra 
estrutura.
Área parcialmente consolidada
Áreas em processo de ocupação, adjacentes 
a áreas de ocupação consolidada. Densidade 
da ocupação variando de 30 a 90%. Razoável 
infra estrutura.
Unidade 3 • Mapeamento e Gestão de Riscos de Escorregamentos em Áreas de Assentamentos Precários74/267
Área parcelada
Áreas de expansão, periféricas e distantes 
de núcleo urbanizado. Baixa densidade de 
ocupação (até 30%). Desprovidas de infra 
estrutura básica
Área mista
Nesses casos, caracterizar a área quanto 
a densidade de ocupação e quanto a 
implantação de infra estrutura básica.
Quadro 2. Critérios para caracterizar a densidade da ocupação e implantação de infra estrutura básica (baseado em CARVALHO & GALVÃO, 2006)
Gestão de Riscos de Escorregamentos 
A gestão de riscos de escorregamentos pode ser definida como um processo social 
relativamente complexo destinado a reduzir os níveis de risco existentes e prever e controlar 
situações futuras de risco. Envolve o desenvolvimento de uma série concatenada de atividades 
que, ao final, deve conduzir à implementação de estratégias, instrumentos e ações de redução e 
controle dos riscos (LAVELL, 2003). Entretanto, a prática mais frequente das cidades brasileiras 
ainda se restringe ao atendimento pós-acidente, e restrita aos organismos de Defesa Civil e ao 
gerenciamento do acidente ou do desastre. 
Unidade 3 • Mapeamento e Gestão de Riscos de Escorregamentos em Áreas de Assentamentos Precários75/267
Para Veyret (2007), “a crise ou a catástrofe 
deve ser gerenciada na urgência pelos 
serviços de socorro, no contexto de planos 
definidos de antemão, ao passo que o risco 
exige ser integrado às escolhas de gestão e 
às políticas de organização dos territórios”. 
Lavell (2003) considera que as atividades 
necessárias para a construção de políticas 
de gestão de riscos devem incluir:
• a construção de cenários de risco 
para áreas, setores e populações 
delimitadas, considerando 
um determinado processo 
perigoso (hazard) e os fatores de 
vulnerabilidade;
• a decisão sobre os níveis de risco 
aceitáveis e inaceitáveis, levando em 
conta o contexto em que o risco se 
manifesta;
• a identificação de estratégias, 
instrumentos e atividades de redução 
e controle de risco potencial e a 
discussão e negociação de soluções 
exequíveis;
• a implementação das medidas e 
estratégias de redução de riscos.
Atualmente, para a gestão de riscos 
associados a escorregamentos, tem sido 
empregada a estratégia que envolve os 
seguintes passos (modificada de UNDRO 
1991):
a. Identificação, análise e mapeamento 
das situações de risco, em escala 
adequada: uma primeira e 
Unidade 3 • Mapeamento e Gestão de Riscos de Escorregamentos em Áreas de Assentamentos Precários76/267
imprescindível etapa do gerenciamento 
de riscos consiste em identificar, 
analisar, cartografar e descrever seus 
componentes para poder construir 
uma estratégia adequada para seu 
enfrentamento. Para Augusto Filho 
(2001), esse é um dos fundamentos do 
gerenciamento de riscos: a existência 
de técnicas que permitem identificá-
los e avaliá-los. Não há possibilidade 
de prevenção de acidentes se não é 
possível prevê-los, e não é possível 
prevê-los sem o mapeamento de 
riscos na escala adequada (conforme 
explicado anteriormente), que 
possibilite associar o alcance, em caso 
de ocorrência do potencial processo 
físico identificado, a edificações e 
equipamentos existentes nomeio 
urbano;
b. planejamento de intervenções 
estruturais para redução ou 
erradicação dos riscos: a partir da 
criação do Ministério das Cidades, 
que teve sua origem em 2003, houve 
a incorporação do conceito de gestão 
de riscos como um componente 
indispensável na gestão urbana. 
Dentro do Programa de Urbanização, 
Regularização e Integração de 
Assentamentos Precários da Secretaria 
Nacional de Programas Urbanos, foi 
criada a Ação de Apoio a Programas 
Municipais de Redução e Erradicação 
de Riscos. Com recursos do Orçamento 
Geral da União, desde 2004 o 
Unidade 3 • Mapeamento e Gestão de Riscos de Escorregamentos em Áreas de Assentamentos Precários77/267
Ministério disponibilizou recursos e 
suporte técnico para cerca de sessenta 
e cinco municípios elaborarem seus 
Planos Municipais de Redução de 
Riscos, denominados PMRR.
Para o Ministério das Cidades, o PMRR 
deve contemplar, no mínimo: (1) um 
diagnóstico do risco nos assentamentos 
precários do município, tendo por 
referência metodológica o documento 
“Critérios para elaboração do mapeamento 
de riscos em assentamentos precários” 
(BRASIL, 2007); (2) a proposição de 
intervenções estruturais para redução 
e controle de riscos nos setores mais 
críticos do diagnóstico; (3) a estimativa 
de custos para as intervenções sugeridas; 
(4) o estabelecimento de uma escala 
de prioridades de intervenção, com 
critérios definidos em conjunto com a 
prefeitura; (5) a identificação de fontes de 
recursos potenciais para a implantação 
das intervenções prioritárias, buscando 
programas dos governos municipal, 
estadual e federal; (6) a realização de 
audiência pública para discussão do 
plano e busca de agenda comum para 
implantação das intervenções prioritárias. 
Têm sido priorizados estudos de riscos 
associados à instabilidade de taludes 
em encostas e margens de córregos, 
envolvendo processos de escorregamentos 
e erosão (e, mais particularmente, 
solapamento de taludes fluviais marginais) 
em ocupações. Diversos relatos e 
análise dos PMRR executados podem ser 
Unidade 3 • Mapeamento e Gestão de Riscos de Escorregamentos em Áreas de Assentamentos Precários78/267
encontrados em Nogueira et al. (2005); 
Vieira et al. (2007); Yoshikawa et al. (2007); 
Gramani et al. (2007); Vilarinho Silva et al. 
(2007); Souza et al. (2008), entre outros.
Em grande parte desses estudos, são 
apresentadas propostas de intervenções 
estruturais e não estruturais para o 
controle e a redução dos riscos e, em 
alguns casos, metas e estratégias para 
a erradicação das situações de riscos 
identificadas. Pelo menos 20% dos 
estudos já concluídos incluem uma análise

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