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CIENCIAS SOCIAIS - NP1 1. Introdução ao pensamento científico sobre o social: Renascimento e Ilustração Iniciamos nossos estudos em Ciências Sociais com a pergunta: qual é o conjunto de ideias que deu base para a formação da sociedade moderna? Nosso objetivo é compreender que tipo de ideias e valores conduzirem os homens e mulheres europeus a constituirem a modernidade a partir do final do século XV. Para isso, precisamos compreender dois movimentos intelectuais que propiciaram mudanças de mentalidade na época e contriburam para o desenvolvimento econômico e social: o Renascimento e a Ilustração. Com a analise do pensamento de autores como Thomas Morus, Maquiavel e Rousseau, procura-se compreender os fundamentos das transformações sociais que conduziram a Europa a estruturar a vida social em torno de valores, como a racionalidade, liberdade, individualidade e competitividade. O Renascimento foi um movimento cultural e social que ocorreu na Europa a partir do século XVI, também foi chamado de humanismo. Foi um movimento que buscou recuperar os valores humanistas das sociedades grego-romanas e valorizou as ações humanas em oposição a uma postura contemplativa desenvolvida ao longo do período medieval. Dele surgiu o antropocentrismo, uma concepção de mundo onde o ser humano ocupa lugar central, neste sentido, todo o conhecimento humano deve convergir para a compreensão dos problemas do sociais. A partir do século XV, ocorrem mudanças na forma de se conceber a existência humana e ver o universo, que propiciou o surgimento de formas de pensar pautadas na razão. O ser humano vai deixando de considerar sua existência como predestinação, isso possibilita o desenvolvimento da razão. A transformação na esfera do pensamento foi acompanhada de crise no modo de organização social da época, o feudalismo. Teve início uma nova era não só para a organização do trabalho, o conhecimento humano também sofre modificações. Essa nova forma de conhecimento da natureza e da sociedade, na qual a experimentação e a observação são fundamentais, possibilitou o desenvolvimento de novas formas de pensar representadas nas obras de Maquiavel (1469-1527), Galileu Galilei (1564-1642), Francis Bacon (1561-1626), René Descartes (1596-1650). O pensamento social do Renascimento contribuiu para se pensar em modelos ideais de sociedade, que mostrariam como a realidade deveria ser, sugerindo que tal modelo de organização social seria construído por homens e mulheres pelas suas ações e não pela crença ou pela fé. Thomas Morus (1478-1535) em sua obra A Utopia defendeu a igualdade e a concórdia entre os seres humanos. Concebeu um modelo de sociedade no qual todos teriam as mesmas condições de vida e executariam em rodízio os mesmos trabalhos. Maquiavel em sua obra O Príncipe, publicada em 1532, afirmava que o destino de uma sociedade depende da ação dos governantes. Analisou as condições para um governante fazer conquistas, reinar e manter-se no poder. A importância dessa obra reside no tratamento dado ao poder, que passou a ser visto a partir da razão e da habilidade do governante para se manter nele, separando a análise do exercício do poder da ética. A obra de Maquiavel permanece atual e até os dias de hoje é recomendada sua leitura para aqueles que buscam compreender as tramas que envolvem as relações de poder entre os grupos sociais. Segundo (COSTA:2005, p.35) as idéias de Thomas Morus e Maquiavel expressam os valores de uma sociedade em mudança, portadora de uma visão laica* da sociedade e do poder. No século XVIII, a Ilustração*, poem em evidência as idéias de racionalidade e liberdade que se convertem em valores supremos. A racionalidade aqui é compreendida como a capacidade humana de pensar e escolher. Liberdade significa que as relações entre os homens deveriam ser pautadas na liberdade contratual. No plano político isto significa a livre escolha dos governantes, colocando em xeque o poder dos monarcas. Os filósofos iluministas concebiam a política como uma coletividade organizada e contratual e o poder como uma construção lógica e jurídica. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) em sua obra O contrato social, afirmou que a base da sociedade estava no interesse comum pela vida social, no consentimento unânime dos homens em renunciar as suas vontades em favor de toda a comunidade (COSTA: 2005, p. 48). Rousseau identificou na propriedade privada a fonte das injustiças sociais e defendeu um modelo de sociedade pautada em princípios de igualdade. Diferentemente de Rousseau, John Locke (1632-1704) reconhecia entre os direitos individuais o respeito à propriedade. Foi o primeiro autor a defender que os princípios de organização social fossem codificados em torna de uma Constituição. Concluímos que o pensamento social anterior a formação da Sociologia como ciência, é caracterizada por estudos sobre a vida social que não tinham como preocupação central conhecer a realidade como ela era, e sim propor formas ideais de organização social. O pensamento filosófico de então, já concebia diferenças entre indivíduo e coletividade, e como afirma (COSTA:2005, p.49) “Mas, presos ainda ao princípio da individualidade, esses filósofos entendiam a vida coletiva como a fusão de sujeitos, possibilitada pela manifestação explícita das suas vontades”. Questão: O renascimento é considerado um dos mais importantes momentos da história do Ocidente, entendido como o momento da ruptura entre o mundo medieval, com características de sociedade agrária, estamental, teocrática e fundiária e o mundo moderno, urbano, burguês e comercial. Neste período emerge um novo pensamento social que tem por base: a-) Estímulo ao individualismo, rejeição ao pensamento religioso, valorização da razão. 2. O pensamento científico sobre o Social A busca do conhecimento e explicação dos fenômenos sociais sempre foi uma preocupação do ser humano. Mas a explicação com base científica, é fruto da sociedade moderna, industrial e capitalista. A Sociologia como ciência, surgiu no século XIX e significou que o pensamento sobre o social se desvinculou das tradições morais e religiosas, Como afirma (COSTA: 2005, p.18). “Tornava-se necessário entender as bases da vida social humana e da organização da sociedade, por meio de um pensamento que permitisse a observação, o controle e a formulação de explicações plausíveis, que tivessem credibilidade num mundo pautado pelo racionalismo”. Augusto Comte (1798-1857) foi o autor que desenvolveu pela primeira vez, reflexões sobre o mundo social sob bases científicas. Para este autor, o papel da Sociologia seria conhecer as leis sociais para poder prever os fenômenos e agir com eficácia. (QUINTANEIRO. 2007 p. 19); Em um contexto de grande desenvolvimento das ciências físicas e biológicas, se inspirou no avanço dos conhecimentos sobre o corpo humano para traçar analogia entre o corpo humano e uma corpo social. Em sua análise compreendia a sociedade como um grande organismo, em que cada parte possui uma função específica e o bom funcionamento do corpo social depende da atuação de cada órgão. Esta ideia é passível de ser exemplificada em nosso cotidiano se observamos as relações de trabalho em uma empresa, onde cada um depende do trabalho do outro e o bom funcionamento da organização é identificado na interrelação do trabalho de diferentes indivíduos. Segundo Comte, ao longo da história a sociedade teria passado por três fases: a teológica, a metafísica e a científica. Concebia a fase teológica como aquela em que os homens recorriam à vontade de deus para explicar os fenômenos da natureza. A segunda fase, o homem já seria capaz de utilizar conceitos abstratos, mas é somente na terceira base, que corresponde à sociedade industrial, que o conhecimento passa a se pautar na descoberta de leis objetivas que determinam os fenômenos. Comte procurou estudaro que já havia sido acumulado em termos de conhecimentos e métodos por outras ciências como a matemática, biologia, física, para saber quais deles poderiam ser utilizados na sociologia. O conhecimento sociológico permite ao homem transpor os limites de sua condição particular para percebê-la como parte de uma totalidade mais ampla, que é o todo social. Isso faz da sociologia um conhecimento indispensável num mundo que, à medida que cresce, mais diferencia e isola os homens e os grupos entre si. Questão: O despontar da Sociologia no século XIX significou o aparecimento da preocupação do homem com o seu mundo e a sua vida em grupo, numa nova expectativa, livre das tradições morais e religiosas provocando assim, uma preocupação com as regras que organizavam a vida social que, se observadas e apreendidas, poderiam dar a este homem explicações razoáveis que tornassem possível prever e controlar os fenômenos sociais, resultando, a-) na possibilidade de poder intervir conscientemente nos processos sociais Texto base: COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3a. ed. São Paulo: Moderna, 2005 Exercícios: 1. A Sociologia surgiu em um contexto social especíco, marcado por profundas transformações sociais que colocava a necessidade de compreendera sociedade sob a perspectivada ciência. O contexto histórico foi marcado pela,(o): A revolução industrial e a revolução francesa, por contribuírem para a consolidação do capitalismo. 2. O renascimento foi caracterizado como o momento histórico em que floresceu um novo pensamento social marcado pelo laicismo e pelo aparecimento de novas instituições políticas e sociais, como as nações, os estados, as legislações e os exércitos. Neste contexto, as atividades econômicas ligadas ao comércio se desenvolveram favorecendo que classe social? A burguesia comercial 3. Foi no Renascimento que o homem europeu retornou a prática do pensamento especulativo, concebendo o seu papel na história dos acontecimentos como agente. O pensamento social renascentista expressou-se nas obras de pensadores como Nicolau Maquiavel e Thomas Morus. Nestas duas obras observa-se: Compreensão da vida social como resultante das condições econômicas e políticas e não da fé; 4. A partir do século XV, o Renascimento possibilitou mudanças profundas na mentalidade da época. Os elementos básicos desta nova mentalidade são: A formação de uma mentalidade laica e a defesa do emprego de métodos científicos. 5. Leia o texto a seguir: "Artigo 6 - A lei é a expressão da vontade geral; todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou por seus representantes, à sua formação; ela deve ser a mesma para todos, seja protegendo, seja punindo. Todos os cidadãos, sendo iguais a seus olhos, são igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo sua capacidade e sem outras distinções que as de suas virtudes e de seus talentos". (Declaração dos direitos do homem e do cidadão,26de agostode1789.) Qual é a teoria política que o texto representa? Liberal, por defender o princípio da liberdade e igual da de entre os seres humanos. 6. Qual foi o contexto histórico que possibilitou o surgimento da Sociologia como ciência? A revolução industrial e francesa, no século XVIII, com a expansão urbanização e formação da classe operária. 1. – Transformações sociais do século XVIII: Revolução Francesa Nesta unidade nosso objetivo é compreender a maneira como o capitalismo se afirmou como modo de organização social a partir do século XVIII. Para isso recorreremos a análise das revoluções burguesas[1] pela capacidade de provocar as mudanças que puseram fim ao sistema feudal. A importância dessas revoluções é que estimularam o desenvolvimento do capitalismo, pondo fim às monarquias absolutistas e contribuíram para a eliminação de barreiras que impediam o livre desenvolvimento econômico. As idéias propagadas pelo iluminismo, conduziram a crítica ao pensamento teológico e o avanço do pensamento racional, contribuindo para mudança dos costumes e do pensamento da época. Buscava-se transformar não só o pensamento, mas a própria sociedade, criticando os fundamentos da sociedade feudal. Autores como Rousseau, Montesquieu procuravam mostrar como a sociedade feudal era injusta e irracional, impedindo o exercício da liberdade humana. https://online.unip.br/conteudo/detalhes/frmAlteraConteudo.aspx No final do século XVIII a monarquia francesa procurava garantir os privilégios da nobreza, que não pagava impostos e possuía o direito de receber tributos, em um contexto no qual crescia a miserabilidade do povo. A burguesia também se opunha ao regime monárquico, pois este, não permitia a livre constituição de empresas, impedindo a burguesia de realizar seus interesses econômicos. Em 1789, com a mobilização das massas em torno da defesa da igualdade e da liberdade, a burguesia tomou o poder e passou a atuar contra o sistema de privilégios da sociedade feudal. Procurou organizar o Estado de forma independente do poder religioso e promoveu profundas inovações na área econômica ao criar medidas para favorecer o desenvolvimento empresarial. Dentre as mudanças significativas impostas pela Revolução Francesa, vale destacar a promulgação de uma legislação que limitava o poder da família, proibindo os abusos da autoridade paterna. Os bens da Igreja foram confiscados e a educação deixa de ser controlada pela Igreja e se torna obrigação do Estado. As massas que participaram da revolução, logo foram surpreendidas pelas medidas da burguesia, que proibiu as manifestações populares e os movimentos contestatórios, que passaram a ser reprimidos com violência. Questão: A Revolução Francesa (1789) foi um fato histórico crucial para o desenvolvimento e consolidação do mundo moderno, tendo em vista que: b) consolidou a política como ação livre de qualquer tipo de influência mágica ou mística, seja na condução e sentido dos acontecimentos, seja na legitimação do poder. 2. Transformações do capitalismo no século XVIII: Revolução Industrial A revolução industrial eclodiu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII. Ela significou algo mais do que a introdução da máquina a vapor, e aperfeiçoamento dos métodos produtivos. A revolução nasceu sob a égide da liberdade: permitir aos empresários industriais que desenvolvessem e criassem novas formas de produzir e enriquecer. (MARTINS: 1992). Constituiu uma autêntica revolução social que se manifestou por transformações profundas na estrutura institucional, cultural, política e social. O desenvolvimento de técnicas levou os empresários a incrementar o processo produtivo e aumentar as taxas de lucro. Isto levou os empresários a se interessar cada vez mais pelo aperfeiçoamento das técnicas de produção, visando produzir mais com menos gente. A relação de classes que passa a existir entre a burguesia e os trabalhadores é orientada pelo contrato – o que permite inferir que a liberdade econômica e a democracia política – temos o trabalhador livre para escolher um emprego qualquer e o empresário livre para empregar quem desejar.(MEKSENAS:1991, p. 47) , ela significou uma profunda transformação na maneira dos homens se relacionarem. Aspectos importantes da Revolução Industrial 1. A produção passa a ser organizada em grandes unidades fabris, onde predomina uma intensa divisão do trabalho. 2. Aumento sem precedentes na produção de mercadorias. 3. Concentração da produção industrial em centros urbanos. 4. Surgimento de um novo tipo de trabalhador: o operário A revolução industrial desencadeou uma maciça migração do campo para cidade, tornando as áreas urbanas o palco de grandes transformações sociais. Formam-se as multidões que revelam nas ruas uma nova face do desenvolvimento do capitalismo: a miserabilidade.No interior das fábricas as condições de trabalho eram ruins. As fábricas não possuíam ventilação, iluminação e os trabalhadores eram submetidos à jornadas de trabalho de até 16 horas por dia. Era usual nas fábricas a presença de mulheres e crianças a partir de 5 anos atuando na linha de produção. Quanto aos homens, amargavam a condição de desempregados. Os problemas sociais inerentes à Revolução Industrial foram inúmeros: aumento da prostituição, suicídio, infanticídio, alcoolismo, criminalidade, violência, doenças epidêmicas, favelas, poluição, migração desordenada. Embora a desigualdade social sempre tenha existido ao longo da história da humanidade, os problemas acima expostos são maximizados na sociedade moderna, tornando . a vida em sociedade complexa. Por isso precisamos de uma ciência para compreender os nexos que ligam a realidade. Isto fez com que a Sociologia tomasse as relações sociais estabelecidas entre os homens como seu objeto de conhecimento sistemático. Questão: Podemos apontar como consequência da Revolução Industrial: d-) O desenvolvimento da urbanização, dos transportes, das comunicações e da produção em série e aumento da desigualdade social. Texto base: MARTINS, Carlos B. O que é Sociologia.São Paulo: Brasiliense, 1992. As revoluções burguesas foram: Revolução Gloriosa (1680) na Inglaterra, a Revolução Francesa (1789), a Independência Americana (1776) e a Revolução Industrial inglesa a partir de 1750. Enfocaremos em nosso curso somente as Revoluções Francesa e Industrial por constituírem as duas faces de um mesmo processo: a consolidação do regime capitalista moderno. Exercícios: 1. No início da Revolução Industrial o trabalho infantil foi utilizado com grande intensidade pelos capitalistas porquê: Supunha, na criança, maior docilidade e obediência em virtude de sua fragilidade. 2. ENADE2004 "O homem se tornou lobo para o homem, porque a meta do desenvolvimento industrial está concentrada num objeto e não no ser humano. A tecnologia e a própria ciência não respeitam valores éticos e, por isso, não tiveram respeito algum com o humanismo, para a convivência e para o sentido mesmo da existência. Na própria política, oque contou no pós guerra foi o êxito econômico e, muito pouco, a justiça social e o cultivo da verdadeira imagem do homem. Fomos vítimas da ganância e da máquina. Das cifras. E, assim, perdemos o sentido autêntico da confiança, da fé, do amor. As máquinas andaram por cima da plantinha sempre tenra da esperança. E foi o caos." ARNS, Paulo Evaristo. Em favor do homem. Rio de Janeiro: Avenir, s\d,p.10. De acordo como texto, pode-se afirmar que: O desenvolvimento tecnológico e cientíco não respeitou o humanismo. 3. A Revolução Industrial ocorrida no final do século XVIII transformou as relações do homem com o trabalho. As máquinas mudaram as formas de trabalhar, e as fábricas concentraram-se em regiões próximas às matérias-primas e grandes portos, originando vastas concentrações humanas. Muitos dos operários vinham da área rural e cumpriam jornadas de trabalho de 12 a 14 horas, na maioria das vezes em condições adversas. A legislação trabalhista surgiu muito lentamente ao longo do século XIX e a diminuição da jornada de trabalho para oito horas diárias concretizou- se no início do século XX. Pode-se afirmar que as conquistas no início do século XX são de correntes de: A capacidade de mobilização dos trabalhadores em defesa dos seus interesses. 4. A Revolução Industrial provocou mudanças profundas na sociedade resultante da movimentação maciça dos trabalhadores rurais para as cidades. Quais são as consequência deste processo de urbanização? Falta de habitação, higiene, desemprego, aumento do alcoolismo e da prostituição nas áreas urbanas, oque resultou em revoltas populares contra a desigualdade social entre empresários e trabalhadores. 5. ENADE 2005 O século XVIII constitui um marco importante para a história do pensamento ocidental e para o surgimento das ciências sociais. As transformações econômicas, políticas e culturais, que se intensificaram a partir dessa época, colocaram problemas inéditos para a humanidade, que experimentava mudanças no Ocidente Europeu com referência aos marcos fundadores do pensamento social no Ocidente, assinale a opção correta. A Revolução Industrial e a Revolução Francesa, ao redefinirem, respectivamente, as relações políticas e as relações de produção, deram condições para o surgimento de uma visão racional do mundo, da qual emerge a sociedade como objeto de estudo. 1. As contribuições de Émile Durkheim e Max Weber O objetivo desta unidade é compreender as diferentes contribuições teóricas das Ciências Sociais para a compreensão da sociedade moderna. É importante compreender como estes conceitos permanecem atuais e podem ser aplicados para estudar os fenômenos contemporâneos. Outro elemento importante deste conteúdo é compreender que existem diferentes princípios explicativos para a sociedade capitalista, evidenciando o grau de complexidade do mundo moderno. Os três teóricos clássicos da sociologia: Durkheim, Weber e Marx criaram concepções norteadoras para a observação social e seguramente pode-se afirmar que qualquer estudo sociológico vai, invariavelmente, ter uma filiação clara a um destes modelos teóricos ou a aspectos combinados destes modelos. Émile Durkheim (1858-1917) foi o criador do organicismo ou funcionalismo, pois comparou a sociedade a um organismo vivo. Para ele, assim como no organismo, em que cada órgão tem que cumprir a sua função para que o todo se mantenha saudável, na vida social cada indivíduo deve cumprir a sua função, do contrário a sociedade ficará doente, ou seja, entrará num estado patológico. Durkheim desenvolveu conceitos fundamentais para a compreensão da vida social como: fatos sociais, que podem ser normais ou patológicos; coerção social; solidariedade mecânica e orgânica. A importância da obra de Durkheim é identificar como o social se sobrepõe ao individual restringindo a possibilidade de exercício da liberdade. Para Max Weber (1864-1920) as instituições produzidas pelo capitalismo, como a grande empresa, constituíam clara organização racional que desenvolvia suas atividades dentro de um padrão de precisão e eficiência. O capitalismo lhe parecia à expressão da modernização e de racionalização do homem ocidental, porém ele alertou para os perigos dessa racionalização crescente que leva a excessiva especialização a um mundo cada vez mais tecnicista e artificial e a deterioração das relações humanas e dos aspectos existenciais do indivíduo. Para Weber esse sistema cria a burocracia, que é um dos principais problemas gerados pelo capitalismo. Além disso, Max Weber volta sua reflexão para a análise das subjetividades humanas analisando a importância do protestantismo no desenvolvimento da sociedade capitalista. Questão: Leia com atenção a frase a seguir: "Se não me submeto às convenções mundanas; se, ao me vestir, não levo em consideração os usos seguidos em meu país e na minha classe, o riso que provoco, o afastamento em que os outros me conservam, produzem os mesmos efeitos de uma pena propriamente dita (...) Não sou obrigado a falar o mesmo idioma que meus compatriotas, nem empregar as moedas legais; mas é impossível agir de outra maneira (...) Se sou industrial, nada me proíbe de trabalhar utilizando processos e técnicas do século passado; mas, se o fizer, terei a ruína como resultado inevitável". (DURKHEIM: 1985, p.02) A frase acima expressa a relação entre o indivíduo e a sociedade, que podem ser compreendida: Existe uma imposição do social sobre o individual, pois quando nascemos já encontramos uma sociedade pronta com regras e valores que devemos seguir. 2. A contribuição teórica de Karl Marx Karl Marx (1818-1883) é um pensador que exerceu grande influência sobre os movimentos políticos do século XX. O conjunto de sua obra guarda atualidadepela crítica que faz ao modo de organização social do mundo moderno. Segundo Marx, as sociedades, assim como tudo o que vive traz em si o gérmen da sua própria destruição. A história dos sistemas e modos de produção é uma constante superação do velho pelo novo, segundo ele o declínio dos sistemas sociais se dá no seu próprio interior, quando os indivíduos ao repetir suas formas vão recriando e transformando seu funcionamento. Karl Marx demonstra que nos diferentes períodos históricos o processo produtivo sempre foi organizado com base na exploração de uma classe sobre a outra. Por esse motivo Marx cunhou uma frase que se tornou famosa: “A história da humanidade é a história da luta de classes”. O processo de extração da mais-valia que foi descrito por Marx ainda se processa da mesma maneira na atualidade. O salário pago ao trabalhador não corresponde ao total de riquezas produzidos por ele. Parte da riqueza produzida fica nas mãos dos empresários. Enquanto o salário garante a subsistência do trabalhador, o lucro os empresários possibilita a reprodução do capital. As inovações tecnológicas tem contribuido para a redução do número de trabalhadores que conseguem emprego, atuando no processo de compressão dos salários para baixo. A análise da obra de Karl Marx é fundamental para a compreensão das desigualdades sociais, um dos problemas centrais do mundo contemporâneo pois mostra como a riqueza produzida pelos trabalhadores é apropriada pela classe dominante. Karl Marx desenvolveu conceitos importantes como ideologia, concebida como um sistema de inversão da realidade, em que as ideais da classe dominante aparecem como as ideias dominantes de uma época. Para ele, a ideologia burguesa tem como objetivo fazer com que as pessoas não percebam que a sociedade é dividida em classes sociais, atuando para a manutenção das estruturas sociais. Desenvolveu o conceito de alienação que faz com que o trabalhador perca a consciência da sua realidade concreta, não se percebendo como o verdadeiro produtor das riquezas. O trabalhador passa a ser controlado externamente, pelo seu patrão, que determina o seu salário, a sua jornada. A alienação política, que significa que o trabalhador não se vê como agente capaz de intervir nos rumos políticos da sociedade. Conceitos como ideologia e alienação possibilitam a compreensão das razões pelas quais os oprimidos não se rebelam contra o sistema, pois o sistema de dominação e introjetado na suas cabeças, que passam a ver com naturalidade a desigualdade e a opressão, dificultando os processos de transformação social. Questão: Com o objetivo de entender o capitalismo, Karl Marx, proporcionou à sociologia uma grande contribuição com novos conceitos, que seriam de extrema importância para os estudos da sociedade. Sendo assim, um deles é chamado de ALIENAÇÃO que é: E a separação do homem de seus meios de produção, dos frutos de seu trabalho, e também vida política, em razão da imposição do mundo capitalista Texto base: COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3a.ed. São Paulo: Moderna, 2005 FERREIRA, Delson. Manual de Sociologia: dos clássicos à Sociedade da Informação. São Paulo: Atlas, 2001 Exercícios: 1. O conceito de mais-valia desenvolvido por Karl Marx significa a mais valia é obtida pela parte da riqueza produzida pelo trabalhador que fica como capitalista. 2. Max Weber elaborou importante teoria sobre os tipos ou formas de poder e de dominação. Assinale a alternativa que, de acordo com o autor, contém os três tipos de poder e de dominação: Legal ou racional, tradicional e carismático. 3. O positivismo derivou do "cientificismo" que significa a crença no poder da razão em conhecera realidade e traduzi-la sob a forma de leis que seriam a base da regulamentação da vidados homens. Qual é objetivo do positivismo? Substituir as explicações teológicas e do senso comum por meio das quais o homem explicava sua participação na vida social. 1. A formação da sociedade capitalista no Brasil O objetivo desta unidade é refletir sobre a maneira como o Brasil foi inserido no mundo capitalista, e a partir daí , identificar as causas da sua dependência externa. A sociedade brasileira se formou a partir do processo de expansão do capitalismo europeu a partir do século XV. No início todas as relações comerciais eram voltadas para a metrópole e aqui se mantinha relações sociais baseadas na escravidão. Somente no século XIX, com a abolição da escravidão e a chegada de um grande contingente de imigrantes é que se introduziu o trabalho livre. Com o ciclo do café, outras atividades econômicas se desenvolveram como: transporte ferroviário, o sistema bancário, pequenas indústrias de alimentos e têxteis, que dinamizaram a vida nas áreas urbanas Vários estudos indicam que o processo de industrialização do Brasil esteve ligado ao desenvolvimento da economia cafeeira no Estado de São Paulo. O processo de industrialização teve início com a introdução do trabalho livre e com o grande surto migratório que o país viveu no século XIX, que gerou um mercado consumidor de produtos industriais. Segundo (VITA: 1989,p. 137) a forma como os negócios do café se organizaram, possibilitou a formação de uma ‘consciência burguesa’ entre os fazendeiros. Pois o capital acumulado no café era utilizado na diversificação das atividades econômicas. Desde modo, o capital acumulado com este comércio era investido em outra atividade que possibilitasse a obtenção de lucro. Já no início dos anos 20, grandes empresas norte-americanas instalaram filiais no Brasil. Ford, Firestone, Armour, IBM etc. (NOVAES:1984 p.117). Com a crise mundial do início dos anos 30, a economia brasileira deixa de ser voltada para a exportação e se apóia na interiorização e na industrialização. Porém, somente na década de 50, com a chegada de um grande número de empresas estrangeiras, que buscam produzir para o mercado externo, o desenvolvimento industrial ganha impulso. Questão: Em determinados países, como o Brasil, a formação de uma indústria local de bens de consumo dependeu de recursos acumulados com a exportação agrária. A socióloga Cristina Costa , em relação a este processo afirma: "Um caso típico, neste sentido, ocorrido no Brasil, foi a industrialização de São Paulo, que, sem a concorrência dos produtos europeus, pôde se desenvolver com a utilização do capital gerado pela exportação do café". Esta colocação está relacionada: Aos momentos iniciais do processo de formação da sociedade capitalista no Brasil, principalmente, a partir do início do século XX. 2. O capitalismo dependente O grau de dependência que a economia brasileira têm com relação às potências estrangeiras pode ser compreendido a partir da análise do modelo de desenvolvimento industrial que o país teve, onde se privilegiou a indústria de bens de consumo em detrimento na indústria de bens de capital. Outro aspecto que merece ser mencionado à respeito da dependência estrangeira, diz respeito à ausência de produção de tecnologia no país, que optou por um modelo de desenvolvimento industrial marcado tanto pela dependência tecnológica como pela de capital estrangeiro. [1] Uma das mais importantes teorias explicativas para a dependência estrangeira, surgiu no encontro de exilados de diversos regimes ditatoriais que proliferaram na América Latina nos anos de 1960. Destaca-se nos estudos sobre a dependência, a obra Dependência e desenvolvimento na América Latina de Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto. É a obra que teve maior repercussão das Ciências Sociais em nível internacional. A obra destaca a natureza política e social do desenvolvimento na América Latina e trata das particularidades do desenvolvimentodo capitalismo na América Latina. A constituição social do povo brasileiro, que tem uma burguesia nacional de origem agrária, colocou a burguesia internacional como o principal agente do desenvolvimento capitalista brasileiro. Para não correr os riscos inerentes ao empreendedorismo, a burguesia nacional optou por sua aliança com o capital internacional e forte dependência do Estado. A obra aponta a fragilidade do povo brasileiro, com uma elite que atua como agente dependente do capitalismo internacional e do Estado. Quanto ao povo, a ausência de uma consciência de classe (veja conteúdo sobre Karl Marx) dada a situação inicial de um povo escravo e sem terra, atua como mero figurante ou espectador nas principais decisões sobre os destinos do país. Assim é exposta a fragilidade da sociedade civil, o povo age como massa e a elite como agente dos interesses internacionais. Por fim ,a obra nos permite compreender a dependência das elites empresariais do Estado e do capilismo internacional e do povo como agente passivo. Esta fragilidade da sociedade civil, contribuiu para o fortalecimento do Estado, que assumiu entre nós a função centralizadora e agente patrocinador do desenvolvimento econômico. https://online.unip.br/conteudo/detalhes/26329 Questão: ENADE 2000 - Após a Segunda Grande Guerra, muitos países em desenvolvimento, sobretudo os da América Latina, adotaram um modelo de desenvolvimento que ficou conhecido como industrialização por substituição de importações. Esse modelo se caracterizava por: Incentivar as importações de bens de consumo final de alto conteúdo tecnológico, no lugar das importações de produtos de baixo conteúdo tecnológico, com o intuito de modernizar a indústria doméstica. 4.3. Referências Bibliográficas: NOVAIS, Carlos E. Capitalismo para principiantes. 8ª. Ed. – São Paulo: Ática, 1984. SINGER, Paul. A formação da classe operária. 5ª ed. São Paulo: Atual; Campinas: Editora da UNICAMP, 1988. VITA, Álvaro. Sociologia da Sociedade Brasileira. São Paulo: Ática, 1989. Não é possível pensar no processo de industrialização brasileiro, sem levar em conta o processo de expansão das empresas européias e norte-americanas no pós-guerra. NP2 1. O que é globalização Nesta unidade, nosso objetivo é compreender sob diversos ângulos o fenômeno da globalização e refletir sobre seus impactos na sociedade. O que denominamos contemporaneamente por globalização é compreendido por ORTIZ: 1994, como um processo de "mundialização do capitalismo" que envolve uma grande diversidade de aspectos de natureza cultural, social, econômica e política. O capitalismo passa por uma série de transformações no final do século XX, por um processo de liberalização comercial que levou à uma maior abertura das economias nacionais resultando em mudanças nos processos de trabalho, hábitos de consumo, configurações geográficas e geopolíticas, poderes e práticas do Estado. No plano econômico a globalização conduziu à abertura comercial , com a redução das barreiras e ampliação dos fluxos globais de capitais em circulação. A expansão das grandes companhias mundiais, levou-as a ocupar posições estratégicas na produção e distribuição de mercadorias para todo o planeta. A busca por novos mercados, conduziu aos processos de fusões e aquisições que culminou na concentração das atividades econômicos em torno de reduzido número de empresas. A globalização do mundo expressa um novo ciclo de expansão do capitalismo como modo de produção e como processo civilizatório de alcance mundial. No cotidiano, a globalização se manifesta de maneira mais visível, nas ampliação da circulação de mercadorias, rapidez e eficiência no processamento de informações, com satélites, informática, telefonia fixa e móvel. Além disso, aumenta a eficiência e rapidez dos transportes aéreos, supernavios e trens de alta velocidade. Neste surto de universalização do comércio, o desenvolvimento adquire novo impulso, com base em novas tecnologias, criação de novos produtos e mundialização de mercados. A globalização é marcada pela transição de um modelo de organização fordista* para um modelo toyotista, que (HARVEY:1992) denomina passagem para um regime de acumulação flexível. Eis algumas característica do regime de acumulação flexível: 1. Flexibilidade dos processos de trabalho, dos produtos e dos padrões de consumo. 2. Ampliação do setor de serviços 3. Níveis relativamente altos de desemprego estrutural 4. Rápida destruição e reconstrução de habilidades e ganhos modestos. 5. Retrocesso do poder sindical. Questão: ”Devido ao rápido aperfeiçoamento dos instrumentos de produção e ao constante progresso dos meios de comunicação, a burguesia arrasta para a torrente da civilização mesmo as nações mais bárbaras. Os baixos preços de seus produtos são artilharia pesada que destrói todas as muralhas da China e obriga a capitularem os bárbaros mais tenazmente hostis aos estrangeiros. Sob pena de morte, ela obriga todas as nações a adotarem o modo burguês de produção, constrange-as a abraçar o que ele chama civilização, isto é, a se tornarem burguesas. Em uma palavra, cria um mundo à sua imagem e semelhança.” (MARX, K. e ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. “Obras Escolhidas”. São Paulo, Alfa-Ômega, 1953. p.25. v.1.) O fenômeno da globalização não é tão recente no mundo capitalista, pois a partir da análise do texto acima, escrito há 160 anos atrás, já fora identificado a gênese deste fenômeno, que tem as seguintes características: e) grande expansão das trocas comerciais entre os países. Alternativa correta: E - O texto trata da expansão das atividades comerciais pelo planeta desde o século XVIII. 2. A globalização e suas consequências A mundialização dos mercados envolve um amplo processo de redistribuição das empresas por todo mundo. As empresas passam por processos de reestruturação para adaptar-se as novas exigências de produtividade, agilidade, capacidade de inovação e competitividade. A globalização envolve ampla transformação na esfera do trabalho, modificam-se as técnicas produtivas, as condições jurídicas, políticas e sociais. A busca de mão de obra barata faz com que as grandes companhias busquem força de trabalho em todos os cantos do mundo, levando o desemprego à escala global. As grandes empresas transnacionais operam em todo o planeta. Elas vendem as mesmas coisas em todos os lugares através da criação de produtos universais. Para os executivos das grandes companhias há necessidade de distanciamento de suas culturas particulares e seu comprometimento se volta para a competição global. A busca por eficiência e produtividade se torna uma obsessão social. (cf. ORTIZ: 1993, p. 153) O sistema financeiro global passa por um processo de reorganização. O mercado de ações, mercados futuros, de acordos de compensação recíproca de taxas de juros e moedas, ao lado da acelerada mobilidade geográfica de fundos, significa a criação de um único mercado mundial de dinheiro e crédito. (HARVEY: 1992, p. 152).Desde modo, o sistema financeiro mundial fugiu do controle coletivo, o que levou ao fortalecimento do capital financeiro. As novas tecnologias têm contribuído para que as fronteiras culturais, lingüísticas percam o sentido e para que se adote o inglês como língua oficial dos negócios internacionais.Os meios de comunicação baseados na eletrônica, tem contribuído para agilizar o mundo dos negócios em escala jamais conhecida. Por ser um processo em curso, há dificuldade de captar a natureza das mudanças que estamos vivenciando. Há análises que enfatizam os elementos positivos destacando a expansão dos meios de comunicação e do consumo. Aqueles que se voltam para análise dos aspectos negativos, afirmamque a globalização só tem favorecido os países desenvolvidos. Enfatizam o crescimento das desigualdes sociais entre os países e crise de poder políticos nos países, que perdem autonomia para a condução das atividades econômicas e sofrem pressão dos movimentos sociais e ONG's que transformam reivindicações locais em movimentos de pressão internacional. Questão: “... cabe lembrar que os problemas que afetam a humanidade e o planeta atravessam fronteiras e tornam-se globais com o processo de globalização que se acelera [...]. Questões como produção, comércio, capital financeiro, migrações, pobreza, danos ambientais, desemprego, informatização, telecomunicações, enfim, as grandes questões econômicas, sociais, ecológicas e políticas deixaram de ser apenas nacionais, tornaram-se transnacionais. É nesse contexto que nasce hoje o conceito de cidadão do mundo, de cidadania planetária, que vem sendo paulatinamente construída pela sociedade civil de todos os países, em contraposição ao poder político do Estado e ao poder econômico do mercado”.(VIEIRA, Liszt. Cidadania e Globalização. Rio de Janeiro: Record, 2005 p. 32) Ao identificar a necessidade de ampliação da cidadania para uma dimensão planetária, constata-se que vivenciamos uma crise dos Estados Nacionais. Identifique as afirmativas que indicam a crise dos Estados Nacionais: I. Os Estados enfraquecem à medida que não podem mais controlar dinâmicas que extrapolam seus limites territoriais. II. Fortalecimento de instituições multilaterais – Banco Mundial e FMI, cujo poder reside na influência que exercem sobre os agentes financeiros internacionais. III. O Estado perde poder de controle sobre o espaço público com a expansão das ONGs internacionais que influenciam as orientações políticas globais. IV. As ameaças ao ecossistema global e os perigos de desestabilização política de dimensão mundial, devido às crescentes desigualdades sociais, acabam por exigir novas instâncias de decisão. Está correto apenas o que se afirma em: b-) I, II, III e IV Alternativa correta B: Todas as afirmativas acima correspondem a indícios da crise do Estado Nacional no processo de globalização. Há perda do controle político, econômico e social sobre os territórios. Referências Bibliográficas BARBOSA, Alexandre. O mundo globalizado: política, sociedade e economia. São Paulo. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2003. HARVEY, David. Condição pós-moderna. 14ª ed. São Paulo: Loyola, 2005. IANNI, Octavio. Teorias da Globalização. 2ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996. ORTIZ, Renato. Mundialização da Cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994. · Fordismo: produção padronizada de bens de consumo. EXERCICIOS: 1. O processo de globalização impulsionado no final do século XX pela grande expansão de empresas multinacionais pelo planeta teve como decorrência: Intensificou o comércio entre os países, facilitando os processos de importação e exportação em escala global. 2. ENADE 2004 - “Os determinantes da globalização podem ser agrupados em três conjuntos de fatores: tecnológicos, institucionais e sistêmicos.” GONÇALVES, Reinaldo. Globalização e Desnacionalização. São Paulo: Paz e Terra, 1999. “A ortodoxia neoliberal não se verifica apenas no campo econômico. Infelizmente, no campo social, tanto no âmbito das idéias como no terreno das políticas, o neoliberalismo fez estragos ( ... ). SOARES, Laura T. O Desastre Social. Rio de Janeiro: Record, 2003. “Junto com a globalização do grande capital, ocorre a fragmentação do mundo do trabalho, a exclusão de grupos humanos, o abandono de continentes e regiões, a concentração da riqueza em certas empresas e países, a fragilização da maioria dos Estados, e assim por diante ( ... ). O primeiro passo para que o Brasil possa enfrentar esta situação é parar de mistificá-la.” BENJAMIM, Cesar & outros. A Opção Brasileira. Rio de Janeiro: Contraponto, 1998. Diante do conteúdo dos textos apresentados acima, algumas questões podem ser levantadas. 1 - A que está relacionado o conjunto de fatores de “ordem tecnológica”? 2 - Considerando que globalização e opção política neoliberal caminharam lado a lado nos últimos tempos, o que defendem os críticos do neoliberalismo? 3 - O que seria necessário fazer para o Brasil enfrentar a situação da globalização no sentido de “parar de mistificá-la”? A alternativa que responde corretamente às três questões, em ordem, é: Revolução tecnocientífica / reforço de políticas sociais com presença do Estado em setores produtivos estratégicos/garantir níveis de bem-estar das pessoas considerandoqueumaparceladeatividadeseconômicasederecursoséinegociável no mercado internacional. 3. Junto com a expansão das multinacionais, tem se manifestado uma crescente concentração de capital. As grandes empresas se fundem, criando verdadeiras potências produtivas, A Mercedes-Benz (alemã) se uniu a Chrysler (estadunidense) e surgiu a Daimler https://online.unip.br/conteudo/detalhes/23389 Chrysler, que comprou 34% das ações da japonesa Mitsubishi Motor Cars. Essa tendência não ocorre só no setor automobilístico, a farmacêutica Astra (sueca) juntou-se à Zeneca (inglesa). No ramo petrolífero a Exxon e a Móbil se fundiram. No ano de 1999, as empresas esta dunidense investiram US$ 865 bilhões fora de seu país, 83% foram destinados a compras ou fusões com outras empresas. As grandes empresas tem preferido, no lugar de novos investimentos, comprar empresas já existentes ou então negociar a distribuição com suas concorrentes. Que motivos levam as empresas a fazer isso? I. A aquisição de uma grande empresa pode ser a porta de entrada de uma multinacional num dado país, reduzindo os custos com marketing, inovação, pesquisa e lançamento de novos produtos, além de obter com maior rapidez, uma fatia do mercado de seu concorrente. II. As empresas se utilizam das vantagens de financiamento, já que as fusões e aquisições são intermediadas por agentes financeiros e empresas de consultoria que querem lucrar com os novos empreendimentos. 4.O crescente processo de globalização tem conduzido a um aumento da competição entre as empresas. Assim, as empresas passam a ter com o referência não mais o mercado interno ou externo, mas o mercado mundial. É correto afirmar que este contexto repercute na ação das empresas por: Deixam de atuar somente nos limites de um país, seu campo de atuação passa a ser o planeta. 5.O fenômeno atual da globalização caracteriza-se pela conexão mundial por meio de uma rede tecnológica e de telecomunicações, como predomínio do capital financeiro. Dentre as consequências deste estado atual está: O aumento do desemprego estrutural devido, entre outros, a utilização de nova tecnologia, com a robótica. 1. Transformações no mundo do trabalho O objetivo deste conteúdo e refletir sobre as transformações do trabalho no contexto de globalização e reestruturação do sistema produtivo. As mudanças na organização dos processos de trabalho já mencionadas na unidade anterior conduziram a uma nítida redução do trabalhador fabril em função da automação, da robótica e da microeletrônica. Na área rural, há redução do número de empregos oferecidos, tendo em vista a crescente mecanização das atividades agrárias, o que tem conduzido ao crescimento sem precedentes da população nas áreas urbanas. Tanto no campo quanto na cidade, há o crescimento da presença feminina no mercado de trabalho, que segundo pesquisas realizadas pela DIEESE, entre 2009 e 2010, ganham em média 76% do salário pago dos homens.[1] A análise das transformações no mundo do trabalho remonta ao início dos anos 1970, quando o modelo fordista de produção começa apresentar declínio: queda da taxa de lucro, alavancada pelo aumento do preço da mão-de-obra e pelas lutas sociais ocorridas nos anos 1960. Têm início o processo de flexibilizaçãoda produção, o toyotismo, modelo de organização da produção que abrange os sistemas just in time, controle de qualidade da produção e polivalência de tarefas, com terceirização e subcontratação de trabalhadores. Neste novo contexto, não há a certeza do lucro, pois todos os empresários têm acesso às tecnologias, o que torna a concorrência agressiva e avançada. Surge então a necessidade de redução de gastos e modelos de gestão mais enxutos. Os investimentos futuros terão efeitos racionalizadores, deste modo, os crescentes investimentos em processos de automação e informatização, têm contribuindo para o aumento vertiginoso do desemprego. Questão: Especialmente nos países subdesenvolvidos, é comum encontrarmos parte significativa da população vivendo de biscates ou de empregos de ocasião. Como explicar essas tendências de aumento do desemprego e a expansão da informalidade? I.Elas se devem à aplicação de medidas de abertura de mercado. II.Elas se devem ao processo de privatização, que gera mais desemprego. III.Essas tendências acontecem devido à inovação tecnológica. IV.Elas ocorrem devido a mudanças na legislação trabalhista que passam a permitir o trabalho temporário. https://online.unip.br/conteudo/detalhes/23057 Assinale a alternativa certa: e-) I, II, III e IV estão corretas A alternativa correta E. Todas as afirmativas expressam as razões para o crescimento do desemprego no mundo atual. 2. A precarização das relações de trabalho As transformações que conduziram à flexibilização dos processos de trabalho (just in time), nos contratos de trabalho (terceirização) além da descentralização do processo produtivo levaram as empresas a investirem em automação. A redução de chefias intermediárias tem resultado na diminuição do número de trabalhadores empregados. Diante deste contexto, as empresas mudam o perfil do trabalhador desejado. O novo quadro do mercado de trabalho requer um trabalhador de perfil polivalente, altamente qualificado, com maior grau de responsabilidade e de autonomia. O trabalhador necessário no mercado deve desenvolver sua criatividade, reciclar-se permanentemente, possuir flexibilidade intelectual nas situações de constante mudança, capacidade de análise e comunicação. Deve ter atitudes de participação, cooperação e multifuncionalidade. As transformações ocorridas no trabalho, não são apenas consequências dos novos padrões tecnológicos, mas são determinadas também através das mudanças ocorridas na política, na economia e na sociedade, re-configurando os que vivem do trabalho: diminuição do operariado, o crescimento dos trabalhadores no setor de serviços e a terceirização, produzindo uma maior segmentação e pulverização dos trabalhadores. Entre as ocupações não-organizadas, destaca a crescente quantidade de trabalhadores temporários, de meio período, freelancers, autônomos, via correio eletrônico (e-mails), contratados e representantes independentes, além daquelas ocupações com ganhos flutuantes atrelados aos índices de desempenho, enterrando de vez a idéia de um futuro previsível assentado no emprego estável. Antunes (2002) considera que a precarização do trabalho levou a mutações onde poucos se especializaram e muitos ficaram sem qualificação suficiente para introduzir-se nesse mercado de trabalho, engrossando a fila dos desempregados, gerando uma classe de trabalhadores fragmentada e dividida entre trabalhadores qualificados e desqualificados, do mercado formal e informal, jovens e velhos, homens e mulheres, estáveis e precários, imigrantes e nacionais etc, sem falar nas divisões que decorrem da inserção diferenciada dos países e de seus trabalhadores na nova divisão internacional do trabalho. Este processo conduziu a destruição e/ou precarização, sem paralelos em toda era moderna. Questão: A transformação no sistema de acumulação do sistema capitalista no final do século XX, que passou de um modelo fordista para um modelo de acumulação flexível impôs profundas transformações na esfera do mercado de trabalho. Assinale a alternativa que corresponde a estas transformações. crescimento dos empregos nas áreas de serviços, redução do emprego rural e necessidade de profissionais com flexibilidade intelectual. Aternativa correta: B - As transformações no mundo do trabalho conduziram ao crescimento dos empregos nas áreas de serviços, redução do emprego rural e necessidade de profissionais com flexibilidade intelectual. O texto base para este conteúdo é: ANTUNES, Ricardo; Adeus ao trabalho? Ensaios sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 14ª. Ed. São Paulo: Cortez, 2010. CASTELLES, Manuel. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999 Os dados da pesquisa são apresentados em: http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/valor/2011/03/02/mulheres-ganham- 76-do-salario-pago-aos-homens-aponta-dieese.jhtm acesso em 16/04/2012. EXERCICIOS: 1. O desenvolvimento científico -tecnológico e seus impactos sobre os meios de produção e o consequente aumento da produtividade, estão eliminando postos de trabalho manual e provocando mudanças nos setores sociais, principalmente nos países mais industrializados. Assinale a alternativa correta. A Tais mudanças diminuirão cada vez mais o peso da classe operária e do sindicato, levando a redução dos direitos individuais e coletivos e a generalização das desigualdades sociais. 2. É correto afirmar que o denominado desemprego estrutural, bem característico da atual fase de globalização é: É provocado pela inclusão da alta tecnologia nos processos produtivos, como a automação, relacionado a uma fraca ou precária reabsorção no mercado de trabalho que atinge diferentes camadas sociais e categorias profissionais, nos demais diversos países. 3. ENADE 2004- As proposições mais recentes de “exibilização das relações de trabalho”: Colidem com direitos sociais conquistados historicamente 4.ENADE 2005 Durante muito tempo, foi a partir do trabalho que se difundiram movimentos universalizantes de direitos para toda a sociedade. Há dúvidas sobre a idéia de que a sociedade capitalista seja capaz de formular novos direitos inclusivos, visto que anuncia não precisar tanto dos trabalhadores e, rapidamente, surgem novas desigualdades e aumento da exclusão social. O caso brasileiro expressa grandes dilemas a partir do momento em que o país se viu envolvido no processo de globalização econômica sem ainda ter resolvido seus problemas sociais básicos, que são potencializados pelo desenvolvimento da economia global. M. A. Santana e J. R. Ramalho (Org.). Além da fábrica.S. Paulo: Boitempo, 2003 (com adaptações). Assinale a opção correta referente ao assunto do texto acima: A economia capitalista atual gera novas formas de exclusão, eliminando ou enfraquecendo o trabalho, que semprefoiconsideradoumaformadeconstruçãodeidentidadedasclassestrabalhadoras. 5. A mudança no sistema de gestão dasorganizações,quepassoudeummodelofordistaparaummodelotoyotista, impôs profundas transformações no mercado de trabalho. Assinale a alternativa que corresponde a estas transformações: Crescimento do sem pregos na área de serviços, redução do emprego na área rural e busca de profissionais com maior flexibilidade intelectual. 1. Política, Poder e Estado Nesta unidade, nosso objetivo é contribuir para a reflexão sobre a complexidade do sistema político a partir da discussão de seus fundamentos e da política como prática social. A palavra política entrou para o vocabulário do homem comum designando a atividade de um grupo social pouco confiável: os políticos profissionais. Porém é preciso esclarecer que todos nós somos seres políticos e que política diz respeito a uma comunidade organizada, formada por cidadãos. Segundo (ARENDT: 2003, 21) “a política trata da convivência entre diferentes.” Desde modo, todos estão envolvidos na política, mesmo aqueles que não querem saber e viramas costas para as decisões que interferem nas suas vidas. O exercício do poder implica em uma relação de mando e obediência e se fundamenta na imposição de uma vontade sobre as outras vontades. O poder não está circunscrito somente no âmbito do Estado. As relações de poder estão presentes em todas as relações sociais. Por exemplo, na família, sempre existe a figura de alguém que exerce o poder. Nas empresas todas as relações são marcadas por hierarquia. O Estado é uma instituição criada pelo homem com o intuito de proteger os homens uns dos outros. O Estado exerce seu poder através do uso das armas e das leis. Max Weber define o Estado como uma estrutura política que tem o monopólio do uso legítimo da força física em determinado território. O Estado é visto como uma relação de homens dominando homens, por meio da violência considerada legítima. Para que o Estado cumpra suas funções de garantir a ordem, proteger a sociedade para que ela não se desfaça é necessário não apenas o exercício do poder, mas a legitimidade, que provém da aceitação da sociedade. Exercício O ESTADO se define por: I. Um conjunto de instituições pública (leis, recursos, serviços) e sua administração pelos cidadãos. II. A razão do Estado de ser do Estado , é assegurar que cada cidadão tenha uma vida digna de ser humano. III. O Estado atua como representante do poder legítimo e pelo uso do monopólio legítimo da força. IV. É concebido como uma entidade cuja legitimidade se baseia na representatividade dos interesses da elite política. Está correto apenas o que se afirma em: e-) Somente a alternativa IV está incorreta. Alternativa correta: E - O Estado deve representar os interesses da maioria da população de um páis e não de uma minoria. 2. Democracia, cidadania e participação política O conceito de democracia surgiu na Grécia antiga e significa que todo o poder deve emanar o cidadão. Ou seja, é um tipo de governo que nasce do povo e tem como objetivo atender aos interesses do povo. A base da democracia encontra-se no reconhecimento das coisas públicas, separadas dos interesses particulares. Deste modo, aquele que ocupa o poder o faz como representante do povo e como tal não é proprietário do poder, tendo em vista que a democracia pressupõe a rotatividade do poder. O exercício da democracia requer o reconhecimento do valor da coisa pública, separada dos interesses particulares, é a aceitação do conflito como expressão das diferenças de opiniões existentes na sociedade. De uma forma mais específica, em nossa sociedade a democracia se manifesta através de um sistema eleitoral onde o povo escolhe seus representantes. Outro elemento fundamental do regime democrático é a liberdade de ir e vir, a liberdade de expressão e de organização. Por cidadania entende-se o direito de qualquer membro da sociedade de participar da vida pública. Segundo o artigo 5º. da Constituição Brasileira, somos todos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se a todos o direito à vida, à liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade. Ninguém escapa da política, quem não se envolve diretamente nos acontecimentos são envolvidos indiretamente nas suas conseqüências, pois todo ato humano em sociedade é político, inclusive o ato de omissão. Observamos no exercício político brasileiro, candidatos se vangloriarem por serem éticos, como se esta fosse uma virtude rara, quando todos aqueles que se propõem a atuar na esfera pública deveriam se ater aos princípios éticos. Portanto, não podemos confundir política com troca de favores, tráfico de influência e ausência de princípios. Estes fatos expressam desvios do sentido da política. A participação política não se restringe ao voto em período eleitoral. Existem outras formas de exercício político como sindicatos e movimentos sociais. Ninguém escapa da política, quem não se envolve diretamente nos acontecimentos são envolvidos indiretamente nas suas conseqüências, pois todo ato humano em sociedade é político, inclusive o ato de omissão. Exercício: Um dos pilares da organização política da sociedade moderna foi formulado no Iluminismo (séc. XVIII) é a idéia de cidadania, que se expressa: I. No acesso à decisão política, eleição de representantes e participação ativa na condução da vida pública. II. Liberdade de opinião, de associação e também de decisão política. III. Liberdade de consciência, de expressão, opinião e associação, bem como o direito à igualdade e o direito de propriedade que se encontra na base da moderna economia. IV. Respeito e participação nas decisões da sociedade para melhorar suas vidas e a de outras pessoas Assinale a alternativa certa. d-) I, II, III e IV estão corretas A alternativa D é a correta, pois todas as afirmativas acima dizem respeito ao exercício da cidadania na sociedade moderna. Para a compreensão desta unidade recomenda-se a leitura da Parte I do livro: VIEIRA, Liszt. Cidadania e Globalização. 5a. ed. - Rio de Janeiro: Record, 2001 EXERCICIOS:
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