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Percepção do Usuário sobre Gestão da Saúde

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GESTÃO DA SAÚDE SOB A PERCEPÇÃO DO USUÁRIO: UM 
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS UNIDADES DE PRONTO 
ATENDIMENTO DE CATALÃO-GO E CALDAS NOVAS-GO 
 
Silva, Larissa Juliana Patrocínio da, larissajps_@hotmail.com
1
 
Naves, Laura Helena
1
 
Oliveira, Paulo Henrique Santana de
1
 
Souza, Rejane Arruda de
1
 
Silva, Vanessa Gonçalves da
1
 
Bá, Serigne Ababacar Cissé
1
 
 
1
Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Gestão e 
Negócios/Administração Pública 
 
Resumo: esse trabalho teve por objetivo fazer uma pesquisa de campo, por meio de um questionário aplicado a 
usuários da saúde pública das cidades de Catalão e de Caldas Novas, que buscam os serviços das Unidades de 
Pronto Atendimento, construindo um paralelo entre as percepções dos usuários das duas unidades e, a partir 
daí, apresentou uma análise de SWOT, demonstrando os aspectos positivos e os aspectos que devem ser 
observados com maior atenção. Foram aplicados questionários estruturados, com questões de fechadas, através 
das quais buscou-se avaliar, por meio de análise qualitativa e quantitativa dos dados, o grau de satisfação ou 
insatisfação dos entrevistados, de modo a passar sua percepção do serviço das unidades locais. Através das 
duas matrizes foi possível perceber muitas semelhanças entre as cidades que apresentam um número de 
habitantes próximos e também possuem localização próxima. 
 
Palavras-chave: Gestão da saúde. Análise SWOT. Unidade de Pronto Atendimento. 
__________________________________________________________________________________________ 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
No Século XX viu-se uma maior preocupação 
com a promoção do bem-estar da sociedade, em que 
um dos aspectos considerados é no que se refere à 
saúde, em que foi se notando a importância de 
promovê-la, uma vez que se trata de um aspecto 
fundamental para o desenvolvimento da sociedade, 
além de se tratar de um direito garantido na 
Constituição de 1988, em que tem-se o SUS como 
integrante e protagonista desse processo. 
Portanto, apesar de se tratar de um direito 
fundamental do ser humano, explicitada na 
Constituição Federal de 1988, a realidade é que nem 
todos têm condições de pagar por um profissional e 
necessitam de recorrer aos serviços públicos, ao 
atendimento de saúde pública, que passou por 
evoluções ao longo dos anos e que nem sempre 
existiu. 
Desse modo, com esse trabalho tem-se a 
pretensão de apresentar um apanhado sobre a saúde 
pública no Brasil, para tal, de modo a conhecer a 
realidade, faz-se uma pesquisa de campo, por meio 
de um questionário aplicado a usuários da saúde 
pública das cidades de Catalão e de Caldas Novas, 
que buscam os serviços das Unidades de Pronto 
Atendimento, construindo um paralelo entre as 
percepções dos usuários das duas unidades e, a partir 
daí, apresentar uma análise de SWOT, 
demonstrando os aspectos positivos e os aspectos 
que devem ser observados com maior atenção. 
 
2. REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1 A Realidade da Saúde no Brasil 
 
O Sistema Público de Saúde resultou de décadas 
de luta de um movimento que se denominou 
Movimento da Reforma Sanitária. Foi instituído pela 
Constituição Federal de 1988 e consolidado pelas 
Leis 8.080 e 8.142. Esse Sistema foi denominado 
Sistema Único de Saúde (SUS), que ainda rege até 
os dias atuais. Algumas características desse sistema 
de saúde, começando pelo mais essencial, dizem 
respeito à colocação constitucional de que Saúde é 
Direito do Cidadão e Dever do Estado. Cabe ao SUS 
se dedicar às ações de assistência às pessoas por 
intermédio de ações de promoção, proteção e 
recuperação da saúde, além disso, são suas funções 
regular, fiscalizar, controlar e executar. 
 
 
 
As diretrizes e princípios tecno-assistenciais da 
Constituição Federal de 1988 e Lei 8.080 apontam 
que os serviços do SUS devem ser garantidos 
levando em consideração a universalidade, 
igualdade, equidade, integralidade, 
intersetorialidade, direito à informação, autonomia 
das pessoas, resolutividade e base epidemiológica. 
De um modo geral, é possível afirmar que o 
projeto do SUS é bastante útil e cheio de verdadeiras 
garantias ao cidadão, portanto, a realidade que se 
mostra é um sistema de saúde marcado por grandes 
crises, por poucos investimentos, desvios de verbas, 
má gestão e pouca preocupação com esse setor, que, 
ao longo dos anos vem sendo utilizado apenas como 
uma ferramenta de interesses políticos. 
Desse modo, a realidade da saúde no Brasil é 
marcada por diversos fatores, dentre os quais podem 
ser ressaltados: filas frequentes de pacientes nos 
serviços de saúde; falta de leitos hospitalares para 
atender à demanda da população; escassez de 
recursos financeiros, materiais e humanos para 
manter os serviços de saúde operando com eficácia e 
eficiência; atraso no repasse dos pagamentos do 
Ministério da Saúde para os serviços conveniados; 
baixos valores pagos pelo SUS aos diversos 
procedimentos médico-hospitalares; aumento de 
incidência e o ressurgimento de diversas doenças 
transmissíveis; denúncias de abusos cometidos pelos 
planos privados e pelos seguros de saúde 
(POLIGNANO, 2009, p.01). 
É fato que a Constituição Federal de 1988 
representou um grande avanço para os direitos do 
cidadão à saúde pública, porém, pelo que se 
apresenta, ainda há muito o que fazer, muito o que 
agir, muito o que investir, onde todos assumam um 
real compromisso com esse setor e que não o usem 
apenas com interesses políticos, uma vez que a 
saúde e sua eficiência depende de interesses 
verdadeiros de melhorias por parte dos gestores. 
 
2.2 UPA – Contextualização 
 
O Sistema de Saúde, no Brasil, encontra-se 
estruturado em três níveis hierárquicos 
complementares de atenção à saúde − atenção 
básica, de média e alta complexidade. Cada um 
desses componentes da rede assistencial deve 
participar da Atenção às Urgências respeitando-se os 
limites de sua complexidade e capacidade de 
resolução. 
Nesse cenário, as Unidades de Pronto 
Atendimento (UPAs) surgem como uma das 
estratégias da Política Nacional de Atenção às 
Urgências para a melhor organização da assistência, 
articulação dos serviços; e definição de fluxos e 
referências resolutivas. 
Essa estratégia aparece como uma das 
iniciativas resolutivas para o problema da 
superlotação em emergências hospitalares. 
As Unidades supracitadas ocupam o nível 
intermediário de complexidade entre as Unidades 
Básicas de Saúde (atenção básica) e a média e alta 
complexidade, integrando a Rede Pré-Hospitalar 
Fixa. Criada em 2002, a proposta baseou-se em 
experiências de sucesso em cidades como 
Campinas-SP, Curitiba-PR, Belo Horizonte - MG e 
Rio de Janeiro - RJ. 
As UPAs devem funcionar 24 horas por dia com 
atendimento que segue a um padrão para todas as 
unidades, onde acontece a triagem classificatória de 
risco, prestando atendimento resolutivo aos 
pacientes acometidos por quadros agudos ou 
crônicos agudizados, casos de baixa complexidade, à 
noite e nos finais de semana, quando a rede básica e 
a Estratégia de Saúde da Família não estão ativas, 
dessa maneira, também, entreposto de estabilização 
do paciente crítico para o Serviço de Atendimento 
Pré-Hospitalar Móvel (SAMU), e constrói fluxos 
coerentes e efetivos de referência e contrarreferência 
com outras instituições e serviços de saúde do 
sistema locorregional. 
A triagem classificatória de risco, segundo a 
Portaria n. 2048/02, deve ser executada por 
profissional de nível superior treinado, e respeitar 
protocolos de avaliação de urgência, priorizando os 
casos mais graves para atendimento preferencial, no 
caso, definiu-se a utilização do Protocolo de 
Manchester, que classifica, após uma triagem 
baseada nos sintomas, os doentes por cores, que 
representam o grau de gravidade e o tempo de espera 
recomendado para atendimento. 
De acordo com o determinado pela Portarian. 
2048/02, A classificação é feita a partir das queixas, 
sinais, sintomas, sinais vitais, saturação de O2, 
escala de dor, glicemia entre outros. Após essa 
avaliação os pacientes são identificados com 
pulseiras de cores correspondentes a um dos seis 
níveis estabelecido pelo sistema. 
A cor vermelha se refere a casos graves 
(emergência), que requer atendimento imediato; a 
laranja são casos muito urgentes (muito urgente), 
que requer um atendimento rápido, porém não tão 
imediato, prevê atendimento em dez minutos; o 
amarelo são os casos de urgência, que não 
necessitam de atendimento imediato (urgente), nesse 
caso, vê-se que o paciente tem condições de 
aguardar até 60 minutos; o verde (pouco urgente), 
120 minutos; e o azul (não urgente), 240 minutos. 
Portanto, centra-se aí a importância da triagem, que 
fará essa classificação, mas, existem alguns aspectos 
que são considerados entraves no uso dessa 
classificação, como: Não tem classificação de risco 
que dê conta de uma demanda exagerada; Ausência 
de integralidade na abordagem, porque existe uma 
 
 
 
tendência de se basear na queixa conduta, o que foge 
ao objetivo primordial da atenção primária; 
Ausência de individualização na avaliação de cada 
caso, visto que os sintomas já vêm listados; Redução 
substancial na resolubilidade de outros membros da 
equipe do programa, por ser centrado no médico; 
Sobrecarga da enfermagem que faz o primeiro 
contato e preenche o Manchester; O Manchester não 
leva em conta a vulnerabilidade social; Risco de 
quebra do vínculo com os pacientes; e O Manchester 
é centrado na doença e tira o foco do pessoal, 
trazendo desumanização da subjetividade da 
narrativa do usuário, em prol de um protocolo 
informatizado. 
Portanto, no que se refere ao funcionamento das 
unidades, essa classificação gera maior organização, 
além de garantir mais segurança para o usuário e 
para o profissional, e significa uma linguagem única 
na rede (nomenclatura padrão), uma vez que todas 
fazem uso do mesmo padrão de classificação. 
De acordo com o Ministério do Planejamento 
(BRASIL, 2018), as Unidades de Pronto 
Atendimento (UPAs) foram criadas para 
funcionarem 24 horas por dia, sete dias por semana e 
resolverem grande parte das urgências e 
emergências o que auxilia na diminuição das filas 
nos prontos-socorros dos hospitais. As UPAs fazem 
parte da Política Nacional de Urgência e Emergência 
lançada pelo Ministério da Saúde em 2003 com o 
objetivo de integrar a atenção às urgências 
(BRASIL, 2018). Elas possuem três portes: 
- Porte I: tem o mínimo de 7 leitos de 
observação. Capacidade de atendimento médio de 
150 pacientes por dia. População na área de 
abrangência de 50 mil a 100 mil habitantes. 
- Porte II: tem o mínimo de 11 leitos de 
observação. Capacidade de atendimento médio de 
250 pacientes por dia. População na área de 
abrangência de 100 mil a 200 mil habitantes. 
- Porte III: tem o mínimo de 15 leitos de 
observação. Capacidade de atendimento médio de 
350 pacientes por dia. População na área de 
abrangência de 200 mil a 300 mil habitantes. 
No Brasil existe 345 UPAs, das quais 22 estão 
localizadas no estado de Goiás, dentre elas 5 estão 
na capital e as outras 17 distribuídas pelo interior do 
estado. A de Catalão de acordo com o Ministério do 
Planejamento (BRASIL, 2018) recebeu um 
investimento de R$1.400.000,00 enquanto a de 
Caldas Novas recebeu um investimento de 
R$2.200.000,00. 
Segundo o IBGE (2018a), Catalão possui uma 
população estimada de 102.393 no ano de 2017, e 
ainda possuía em 2009, 51 estabelecimentos de 
saúde, sendo 4 atendimentos de emergência. Destes 
51 estabelecimentos, 32 são de esfera administrativa 
privada e 19 é de esfera administrativa pública. 
Possuía 272 leitos para internação, dos quais 15 de 
esfera pública e 257 de esfera privada. 
Segundo o site da Prefeitura de Catalão, a UPA 
foi inaugurada em Junho de 2016 e custou cerca de 
R$5 milhões aos cofres públicos e com a intenção de 
funcionar 24 horas e desafogar a Santa Casa de 
Misericórdia de Catalão, mas um ano depois já 
precisava de reformas para reparação e readequação 
de alguns serviços (PREFEITURA DE CATALÃO, 
2017). 
De acordo com o IBGE (2018b), Caldas Novas 
possui uma população estimada de 84.900 no ano de 
2017. Em 2009 possuía 31 estabelecimentos de 
saúde, sendo 4 também atendimentos de 
emergência.Dos 31 estabelecimentos, 15 são de 
esfera administrativa privada e 16 de esfera pública. 
Possuía 107 leitos para internação, onde 32 são 
públicos e 75 são privados. 
 
3. METODOLOGIA 
 
O presente estudo trata-se de uma pesquisa de 
natureza aplicada, abordagem quantitativa e utilizou-
se de pesquisa bibliográfica em livros e artigos 
recentes e também utilizou-se do estudo de caso que 
permite um amplo e detalhado conhecimento (GIL, 
1994). 
Para atingir o objetivo, foi elaborado um 
questionário com dezenove questões fechadas onde 
o usuário avaliou o seu grau de satisfação. Segundo 
Gil (2002, p. 114), questionário é "um conjunto de 
questões que são respondidas por escrito pelo 
pesquisado". Foram aplicados quarenta 
questionários e em seguida feita a análise 
quantitativa das respostas e posteriormente realizada 
a análise SWOT (Strengths, Weaknesses, 
Opportunities and Threats). Estes questionários 
foram aplicados aos usuários da Unidade de Pronto 
Atendimento do município de Catalão - GO e do 
município de Caldas Novas - GO. 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Foram aplicados 40 questionários no total aos 
usuários das UPAs, sendo 20 questionários na 
cidade de Catalão e 20 questionários na cidade de 
Caldas Novas. Em Catalão dos vinte questionários, 
14 foram respondidos por mulheres e apenas 6 eram 
homens. Em Caldas Novas dos 20 questionários, 12 
foram respondidos por mulheres e 8 por homens. 
As primeiras perguntas eram para identificar o 
perfil dos usuários das UPAs pesquisadas. Quando 
perguntados sobre a faixa etária, em Catalão 2 
pessoas tinham entre 15 e 19 anos, 1 tinha entre 20 e 
29 anos, 8 possuíam entre 30 a 59 anos e 9 pessoas 
possuíam 60 anos ou mais. Já em Caldas Novas 2 
pessoas também tinham entre 15 e 19 anos, 5 
 
 
 
pessoas possuíam entre 20 e 29 anos, 12 pessoas 
possuíam entre 30 e 59 anos e nenhuma pessoa 
respondeu estar na última faixa etária de 60 anos ou 
mais. 
Ao perguntar sobre a cor ou raça que os usuários 
se identificam, em Catalão 3 pessoas responderam 
ser afrodescendente, 9 pessoas responderam cor 
branca e 8 responderam cor parda. Em Caldas Novas 
também 3 responderam ser afrodescendente, 12 
responderam cor branca e 5 responderam cor parda. 
Sobre a escolaridade, em Catalão 6 pessoas 
responderam não terem estudado, e estas mesmas 
pessoas possuem 60 anos ou mais. Outras 2 pessoas 
responderam possuir fundamental incompleto, 4 
possuíam fundamental completo, 7 possuíam ensino 
médio e apenas 1 pessoa possuía ensino superior. Já 
na cidade de Caldas Novas 4 pessoas possuíam 
ensino fundamental completo, 9 possuíam ensino 
médio completo e 7 pessoas possuíam ensino 
superior. 
Após o perfil dos usuários, foram feitas 
perguntas sobre o acesso a atendimento médico, 
satisfação com a duração do atendimento médico, 
satisfação do atendimento na UPA, satisfação da 
relação médico-paciente como educação, gentileza, 
boa vontade, entendimento e desinteresse. Também 
foi questionado o grau de satisfação do atendimento 
médico e ainda se o usuário acredita que o governo 
municipal investe recursos necessários para 
manutenção da saúde em sua cidade, se os médicos 
especialistas do posto de saúde atendem a 
necessidade da população usuária e se os recursos 
financeiros destinados à compra de remédios e 
equipamentos são bem aplicados pelo Gestor 
municipal para que fosse feita a análise SWOT das 
duas cidades e feita a comparação das mesmas como 
descrito nos Quadros 1 e 2:Quadro 1 - Matriz SWOT da cidade de Catalão – 
GO 
Fatores 
Internos 
Forças Fraquezas 
- Atendimento em 
até uma hora 
- Satisfação do 
usuário com o 
tempo da consulta 
- Até uma hora para 
o laudo, medicação 
e liberação do 
usuário 
- Bom atendimento 
para casos urgentes 
- Bom atendimento 
na recepção 
- Satisfação com a 
equipe de 
enfermagem 
- Boa higiene 
- Bom ambiente 
- Satisfação com o 
- Tempo de espera 
para consultas 
- Maioria razoável 
e bom para 
atendimentos não 
considerados 
urgentes 
- Percepção de 
prescrição apenas 
básica 
- Percepção de 
poucos médicos 
- Demora para 
resultados de 
exames 
atendimento 
Fatores 
Externos 
Oportunidades Ameaças 
- Maior número de 
médicos 
- Desejo de o 
governo investir 
mais 
- Residentes de 
medicina da UFCat 
- Ouvidoria 
- Transportes 
alternativos 
- Melhora nos 
hospitais 
particulares 
- Adesão a planos 
de saúde 
- Mudanças na 
gestão 
- Defasagem de 
equipamentos 
- Alta rotatividade 
de funcionários 
- Escassez de mão 
de obra 
- Falta de verba 
- Falta de 
manutenção 
Fonte: Elaborado pelos autores (2018) 
 
Quadro 2 – Matriz SWOT da cidade de Caldas 
Novas - GO 
Fatores 
Internos 
Forças Fraquezas 
- Atendimento em 
até uma hora 
- Satisfação do 
usuário com o 
tempo da consulta 
- Bom 
atendimento para 
casos urgentes 
- Bom 
atendimento na 
recepção 
- Satisfação com 
a equipe de 
enfermagem 
- Boa higiene 
- Bom ambiente 
- Satisfação com 
o atendimento 
- Maioria bom 
para atendimentos 
não considerados 
urgentes 
- Maioria bom 
para atendimentos 
considerados 
urgentes 
- Mais de uma hora, 
até mais de duas 
para o laudo, 
medicação e 
liberação do usuário 
- Tempo de espera 
para consultas 
- Percepção de 
prescrição apenas 
básica 
- Percepção de 
poucos médicos 
- Demora para 
resultados de 
exames 
 
Fatores 
Externos 
Oportunidades Ameaças 
- Maior número 
de médicos 
- Ouvidoria 
- Mais 
especialidades 
- Inauguração da 
nova UPA 
exclusiva para 
moradores da 
cidade 
 
- Melhora nos 
hospitais 
particulares 
- Adesão a planos 
de saúde 
- Mudanças na 
gestão 
- Defasagem de 
equipamentos 
- Alta rotatividade 
de funcionários 
- Escassez de mão 
de obra 
 
 
 
- Falta de verba 
- Falta de 
manutenção 
- Feriados e férias 
com o aumento da 
população flutuante 
(turistas) 
Fonte: Elaborado pelos autores (2018) 
 
Através das duas matrizes foi possível perceber 
muitas semelhanças entre as cidades que apresentam 
um número de habitantes próximos e também 
possuem localização próxima. Em Fatores internos, 
em Forças possuem atendimento em até uma hora, 
satisfação do usuário com o tempo da consulta, bom 
atendimento para casos urgentes, bom atendimento 
na recepção, satisfação com a equipe de 
enfermagem, boa higiene, bom ambiente e satisfação 
com o atendimento. 
Como diferença foi possível perceber que 
Catalão os usuários registraram que o atendimento é 
de até uma hora para o laudo, medicação e liberação, 
enquanto em Caldas Novas é de mais de uma hora 
para estes procedimentos, o pode ser justificado pela 
demora na realização de exames. E também há 
diferença na satisfação de atendimento de casos não 
urgentes, onde a maioria dos usuários de Catalão 
responderam como não satisfeitos e em Caldas 
responderam satisfeitos. A percepção de urgência e 
emergência pode atrapalhar na satisfação do mesmo. 
Já em Fraquezas Catalão apresenta a 
insatisfação dos usuários no atendimento não 
urgente como já citado e possui em comum com 
Caldas Novas o grande tempo de espera pelas 
consultas, percepção de prescrição básica e não 
específica para o caso, poucos médicos para 
atendimento e demora na realização de exames nas 
duas UPAs. 
Já em Fatores Externos, dentro de 
Oportunidades foi possível identificar mais 
diferenças entre as duas cidades, onde Catalão os 
usuários desejam maior investimento do governo na 
UPA, desejam residentes de medicina da UFCat 
atuando na UPA, uma ouvidoria e transportes 
alternativos para UPA, pois todos responderam que 
foram por recursos próprios para receber 
atendimento. Já Caldas Novas possui como 
oportunidades obter mais especialidades médicas e 
desejam a inauguração da nova UPA que está sendo 
construída na cidade. Em comum, as duas cidades 
tem como oportunidade maior número de médicos e 
uma ouvidoria para melhorarem seus serviços 
prestados. 
Ao observar ameaças dentro dos Fatores 
externos, observa-se grandes semelhanças como 
melhora nos hospitais particulares para leitos do 
SUS, adesão a planos de saúde, mudanças na gestão, 
defasagem de equipamentos, alta rotatividade de 
funcionários, escassez de mão de obra, falta de verba 
e de manutenção. As mudanças na gestão e 
rotatividade de funcionários são os pontos que mais 
preocupam os usuários, pois a cada mudança de 
prefeito, muda-se sistema e todos os funcionários, o 
que atrapalha os serviços prestados e a cada 
mudança de funcionários, os mesmos precisam 
passar por treinamento, o que leva tempo até o 
serviço fluir normalmente. 
E como diferença em as duas cidades, tem-se 
em Caldas uma ameaça maior indicada pelos 
usuários que são os feriados e férias que aumentam a 
população flutuante da cidade, ou seja, a ida de 
turistas para a cidade sobrecarrega o serviço da 
UPA, e por isso está sendo construída uma nova 
exclusiva para os residentes na cidade e que aparece 
como um desejo forte dos usuários em tê-la pronta 
para uso. De acordo com Agência Estadual de 
Turismo de Goiás (2017), Caldas Novas recebe 3 
milhões de turistas por ano, o que significa um 
número maior de pessoas pré-disponíveis a 
necessitar de atendimentos da UPA. 
Fica claro nessa pesquisa, a necessidade de que 
o atendimento às urgências precisa estar amparado 
em todos os níveis de atenção, cada um dentro das 
suas limitações de resolutividade. Por isso, a 
comunicação efetiva entre Atenção Básica, UPA, 
SAMU, Hospitais e demais integrantes do sistema 
de saúde, como os CAPSs (Centros de Atenção 
Psicossocial), é imprescindível para a eficiência do 
serviço, que, nas unidades analisadas mantêm 
comunicação e tornam o atendimento às 
emergências e urgências mais efetivos, visto que já 
são comunicados antecipadamente e os profissionais 
já ficam aguardando a postos. 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ou 
CONCLUSÕES 
 
Durante a pesquisa ficaram nítidos alguns 
aspectos, onde cita-se, por exemplo, que a UPA de 
Catalão tem reclamações no que tange ao tempo de 
espera, em que nota-se que pacientes que chegaram 
à unidade e foram classificados entre urgente a 
emergente, demonstraram satisfação no 
atendimento, enquanto que os demais, apresentaram 
insatisfação com o tempo de espera. Outro aspecto 
que é motivo de reclamação, é no que se refere ao 
tempo de espera dos resultados dos exames o que se 
dá devido à carência que a unidade tem de um 
laboratório de análises clínicas. 
No que se refere à UPA da cidade de Caldas 
Novas, apesar da mesma possuir um laboratório 
interno, o tempo de espera é o maior motivo de 
reclamação da unidade, em que os pacientes 
afirmam ser bastante longo. 
 
 
 
As duas unidades, conforme apresentado, 
possuem pontos positivos, portanto, salienta-se a 
necessidade de que seja realizado um trabalho 
educativo no sentido de conscientizar que o processo 
de acolher (triagem) o paciente e classificá-lo de 
acordo com os sinais e sintomas que apresenta ao 
contrário de representar um descaso com o paciente, 
agiliza o atendimento, prioriza as emergências e 
urgência e, acima de tudo, é uma ação de educação 
em Saúde. As reclamações e descontentamentos com 
relação à triagem e à demora para o atendimento 
poderiam ser resolvidas com diálogo, com 
explicações a respeito das classificações, em que 
deve entender que o tempo estipulado na 
classificação é apenasum limite que se coloca, uma 
vez que, na maioria dos casos, as pessoas são 
atendidas antes do previsto. 
Tudo requer ações educativas no sentido de 
conscientizar os pacientes a respeito do que vem a 
ser emergência, muito urgente, urgente, pouco 
urgente, dentre outros e que para necessidade os 
procedimentos são diferenciados de acordo com essa 
classificação. 
Nota-se que são duas unidades com bastante 
movimento, que, apesar de possuírem classificação 
de pertencerem ao Porte I, ambas têm estrutura e 
atendimento que lhes capacita a receber a 
classificação de Porte III, o que significaria um 
maior repasse para as unidades, possibilitando-lhes 
maiores condições de investimentos em sua estrutura 
e funcionamento, atendendo às necessidades reais da 
população e possibilitando uma gestão com maiores 
oportunidades de ação. 
Um ponto a ser observado, é que, muitos relatos 
deixam claro que a busca pelo atendimento na UPA 
não se deu por casos de emergência ou urgência, o 
que subentende que são casos que poderiam 
aguardar, isso leva a uma percepção de algo que tem 
acontecido e sido relatado nas UPAs de diferentes 
localidades, em que as unidades vêm sendo usadas, 
servindo de porta de entrada para casos 
ambulatoriais, os quais poderiam ser atendidos na 
rede básica de saúde, mas, que, por ter atendimento 
no dia, buscam a unidade para facilitar seu acesso a 
um médico, o que demonstra a necessidade de 
maiores condições básicas de acesso à saúde pública 
pela população, que, é um assunto que requer 
bastante atenção e muita discussão. 
Assim, conforme explícito em documentos, 
como a Constituição Federal (BRASIL, 1988), 
todos, sem distinção de ninguém, devem ter 
garantida a saúde e que essa, além de atendimentos 
médicos, depende da manutenção dos aspectos 
essenciais, como “paz, habitação, educação, 
alimentação, renda, ecossistema estável, recursos 
sustentáveis, justiça social e equidade”, garantindo-
lhe melhores condições de ter uma vida digna e com 
qualidade. No entanto, há que se considerar que a 
construção de uma saúde pública eficiente ainda é 
um desafio em quase todo o mundo, assim como a 
superação de outras violações aos direitos humanos, 
que deixam de ser garantidos devido à más gestões e 
falta de políticas públicas eficientes. 
 
REFERÊNCIAS 
 
AGÊNCIA ESTADUAL DE TURISMO. Caldas 
Novas recebe mais de 3 milhões de turistas por 
ano. 2017. Disponível em: 
<http://www.goiasturismo.go.gov.br/caldas-novas-
recebe-mais-de-3-milhoes-de-turistas-por-ano/>. 
Acesso em: 25 de Julho de 2018. 
 
BRASIL, República Federativa do. Constituição 
Federal do Brasil: Seção II – Da saúde. 1988. 
 
BRASIL. Ministério do Planejamento. 
Infraestrutura Social e Urbana. Disponível em: 
<http://www.pac.gov.br/infraestrutura-social-e-
urbana/upa-unidade-de-pronto-atendimento/go/>. 
Acesso em: 22 de Julho de 2018. 
 
IBGE, Assistência Médica Sanitária 2009. Rio de 
Janeiro: IBGE, 2010a. Disponível em: 
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 “Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo deste trabalho”.

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