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GESTÃO DA SAÚDE SOB A PERCEPÇÃO DO USUÁRIO: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO DE CATALÃO-GO E CALDAS NOVAS-GO Silva, Larissa Juliana Patrocínio da, larissajps_@hotmail.com 1 Naves, Laura Helena 1 Oliveira, Paulo Henrique Santana de 1 Souza, Rejane Arruda de 1 Silva, Vanessa Gonçalves da 1 Bá, Serigne Ababacar Cissé 1 1 Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão/Unidade Acadêmica Especial de Gestão e Negócios/Administração Pública Resumo: esse trabalho teve por objetivo fazer uma pesquisa de campo, por meio de um questionário aplicado a usuários da saúde pública das cidades de Catalão e de Caldas Novas, que buscam os serviços das Unidades de Pronto Atendimento, construindo um paralelo entre as percepções dos usuários das duas unidades e, a partir daí, apresentou uma análise de SWOT, demonstrando os aspectos positivos e os aspectos que devem ser observados com maior atenção. Foram aplicados questionários estruturados, com questões de fechadas, através das quais buscou-se avaliar, por meio de análise qualitativa e quantitativa dos dados, o grau de satisfação ou insatisfação dos entrevistados, de modo a passar sua percepção do serviço das unidades locais. Através das duas matrizes foi possível perceber muitas semelhanças entre as cidades que apresentam um número de habitantes próximos e também possuem localização próxima. Palavras-chave: Gestão da saúde. Análise SWOT. Unidade de Pronto Atendimento. __________________________________________________________________________________________ 1. INTRODUÇÃO No Século XX viu-se uma maior preocupação com a promoção do bem-estar da sociedade, em que um dos aspectos considerados é no que se refere à saúde, em que foi se notando a importância de promovê-la, uma vez que se trata de um aspecto fundamental para o desenvolvimento da sociedade, além de se tratar de um direito garantido na Constituição de 1988, em que tem-se o SUS como integrante e protagonista desse processo. Portanto, apesar de se tratar de um direito fundamental do ser humano, explicitada na Constituição Federal de 1988, a realidade é que nem todos têm condições de pagar por um profissional e necessitam de recorrer aos serviços públicos, ao atendimento de saúde pública, que passou por evoluções ao longo dos anos e que nem sempre existiu. Desse modo, com esse trabalho tem-se a pretensão de apresentar um apanhado sobre a saúde pública no Brasil, para tal, de modo a conhecer a realidade, faz-se uma pesquisa de campo, por meio de um questionário aplicado a usuários da saúde pública das cidades de Catalão e de Caldas Novas, que buscam os serviços das Unidades de Pronto Atendimento, construindo um paralelo entre as percepções dos usuários das duas unidades e, a partir daí, apresentar uma análise de SWOT, demonstrando os aspectos positivos e os aspectos que devem ser observados com maior atenção. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A Realidade da Saúde no Brasil O Sistema Público de Saúde resultou de décadas de luta de um movimento que se denominou Movimento da Reforma Sanitária. Foi instituído pela Constituição Federal de 1988 e consolidado pelas Leis 8.080 e 8.142. Esse Sistema foi denominado Sistema Único de Saúde (SUS), que ainda rege até os dias atuais. Algumas características desse sistema de saúde, começando pelo mais essencial, dizem respeito à colocação constitucional de que Saúde é Direito do Cidadão e Dever do Estado. Cabe ao SUS se dedicar às ações de assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, além disso, são suas funções regular, fiscalizar, controlar e executar. As diretrizes e princípios tecno-assistenciais da Constituição Federal de 1988 e Lei 8.080 apontam que os serviços do SUS devem ser garantidos levando em consideração a universalidade, igualdade, equidade, integralidade, intersetorialidade, direito à informação, autonomia das pessoas, resolutividade e base epidemiológica. De um modo geral, é possível afirmar que o projeto do SUS é bastante útil e cheio de verdadeiras garantias ao cidadão, portanto, a realidade que se mostra é um sistema de saúde marcado por grandes crises, por poucos investimentos, desvios de verbas, má gestão e pouca preocupação com esse setor, que, ao longo dos anos vem sendo utilizado apenas como uma ferramenta de interesses políticos. Desse modo, a realidade da saúde no Brasil é marcada por diversos fatores, dentre os quais podem ser ressaltados: filas frequentes de pacientes nos serviços de saúde; falta de leitos hospitalares para atender à demanda da população; escassez de recursos financeiros, materiais e humanos para manter os serviços de saúde operando com eficácia e eficiência; atraso no repasse dos pagamentos do Ministério da Saúde para os serviços conveniados; baixos valores pagos pelo SUS aos diversos procedimentos médico-hospitalares; aumento de incidência e o ressurgimento de diversas doenças transmissíveis; denúncias de abusos cometidos pelos planos privados e pelos seguros de saúde (POLIGNANO, 2009, p.01). É fato que a Constituição Federal de 1988 representou um grande avanço para os direitos do cidadão à saúde pública, porém, pelo que se apresenta, ainda há muito o que fazer, muito o que agir, muito o que investir, onde todos assumam um real compromisso com esse setor e que não o usem apenas com interesses políticos, uma vez que a saúde e sua eficiência depende de interesses verdadeiros de melhorias por parte dos gestores. 2.2 UPA – Contextualização O Sistema de Saúde, no Brasil, encontra-se estruturado em três níveis hierárquicos complementares de atenção à saúde − atenção básica, de média e alta complexidade. Cada um desses componentes da rede assistencial deve participar da Atenção às Urgências respeitando-se os limites de sua complexidade e capacidade de resolução. Nesse cenário, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) surgem como uma das estratégias da Política Nacional de Atenção às Urgências para a melhor organização da assistência, articulação dos serviços; e definição de fluxos e referências resolutivas. Essa estratégia aparece como uma das iniciativas resolutivas para o problema da superlotação em emergências hospitalares. As Unidades supracitadas ocupam o nível intermediário de complexidade entre as Unidades Básicas de Saúde (atenção básica) e a média e alta complexidade, integrando a Rede Pré-Hospitalar Fixa. Criada em 2002, a proposta baseou-se em experiências de sucesso em cidades como Campinas-SP, Curitiba-PR, Belo Horizonte - MG e Rio de Janeiro - RJ. As UPAs devem funcionar 24 horas por dia com atendimento que segue a um padrão para todas as unidades, onde acontece a triagem classificatória de risco, prestando atendimento resolutivo aos pacientes acometidos por quadros agudos ou crônicos agudizados, casos de baixa complexidade, à noite e nos finais de semana, quando a rede básica e a Estratégia de Saúde da Família não estão ativas, dessa maneira, também, entreposto de estabilização do paciente crítico para o Serviço de Atendimento Pré-Hospitalar Móvel (SAMU), e constrói fluxos coerentes e efetivos de referência e contrarreferência com outras instituições e serviços de saúde do sistema locorregional. A triagem classificatória de risco, segundo a Portaria n. 2048/02, deve ser executada por profissional de nível superior treinado, e respeitar protocolos de avaliação de urgência, priorizando os casos mais graves para atendimento preferencial, no caso, definiu-se a utilização do Protocolo de Manchester, que classifica, após uma triagem baseada nos sintomas, os doentes por cores, que representam o grau de gravidade e o tempo de espera recomendado para atendimento. De acordo com o determinado pela Portarian. 2048/02, A classificação é feita a partir das queixas, sinais, sintomas, sinais vitais, saturação de O2, escala de dor, glicemia entre outros. Após essa avaliação os pacientes são identificados com pulseiras de cores correspondentes a um dos seis níveis estabelecido pelo sistema. A cor vermelha se refere a casos graves (emergência), que requer atendimento imediato; a laranja são casos muito urgentes (muito urgente), que requer um atendimento rápido, porém não tão imediato, prevê atendimento em dez minutos; o amarelo são os casos de urgência, que não necessitam de atendimento imediato (urgente), nesse caso, vê-se que o paciente tem condições de aguardar até 60 minutos; o verde (pouco urgente), 120 minutos; e o azul (não urgente), 240 minutos. Portanto, centra-se aí a importância da triagem, que fará essa classificação, mas, existem alguns aspectos que são considerados entraves no uso dessa classificação, como: Não tem classificação de risco que dê conta de uma demanda exagerada; Ausência de integralidade na abordagem, porque existe uma tendência de se basear na queixa conduta, o que foge ao objetivo primordial da atenção primária; Ausência de individualização na avaliação de cada caso, visto que os sintomas já vêm listados; Redução substancial na resolubilidade de outros membros da equipe do programa, por ser centrado no médico; Sobrecarga da enfermagem que faz o primeiro contato e preenche o Manchester; O Manchester não leva em conta a vulnerabilidade social; Risco de quebra do vínculo com os pacientes; e O Manchester é centrado na doença e tira o foco do pessoal, trazendo desumanização da subjetividade da narrativa do usuário, em prol de um protocolo informatizado. Portanto, no que se refere ao funcionamento das unidades, essa classificação gera maior organização, além de garantir mais segurança para o usuário e para o profissional, e significa uma linguagem única na rede (nomenclatura padrão), uma vez que todas fazem uso do mesmo padrão de classificação. De acordo com o Ministério do Planejamento (BRASIL, 2018), as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) foram criadas para funcionarem 24 horas por dia, sete dias por semana e resolverem grande parte das urgências e emergências o que auxilia na diminuição das filas nos prontos-socorros dos hospitais. As UPAs fazem parte da Política Nacional de Urgência e Emergência lançada pelo Ministério da Saúde em 2003 com o objetivo de integrar a atenção às urgências (BRASIL, 2018). Elas possuem três portes: - Porte I: tem o mínimo de 7 leitos de observação. Capacidade de atendimento médio de 150 pacientes por dia. População na área de abrangência de 50 mil a 100 mil habitantes. - Porte II: tem o mínimo de 11 leitos de observação. Capacidade de atendimento médio de 250 pacientes por dia. População na área de abrangência de 100 mil a 200 mil habitantes. - Porte III: tem o mínimo de 15 leitos de observação. Capacidade de atendimento médio de 350 pacientes por dia. População na área de abrangência de 200 mil a 300 mil habitantes. No Brasil existe 345 UPAs, das quais 22 estão localizadas no estado de Goiás, dentre elas 5 estão na capital e as outras 17 distribuídas pelo interior do estado. A de Catalão de acordo com o Ministério do Planejamento (BRASIL, 2018) recebeu um investimento de R$1.400.000,00 enquanto a de Caldas Novas recebeu um investimento de R$2.200.000,00. Segundo o IBGE (2018a), Catalão possui uma população estimada de 102.393 no ano de 2017, e ainda possuía em 2009, 51 estabelecimentos de saúde, sendo 4 atendimentos de emergência. Destes 51 estabelecimentos, 32 são de esfera administrativa privada e 19 é de esfera administrativa pública. Possuía 272 leitos para internação, dos quais 15 de esfera pública e 257 de esfera privada. Segundo o site da Prefeitura de Catalão, a UPA foi inaugurada em Junho de 2016 e custou cerca de R$5 milhões aos cofres públicos e com a intenção de funcionar 24 horas e desafogar a Santa Casa de Misericórdia de Catalão, mas um ano depois já precisava de reformas para reparação e readequação de alguns serviços (PREFEITURA DE CATALÃO, 2017). De acordo com o IBGE (2018b), Caldas Novas possui uma população estimada de 84.900 no ano de 2017. Em 2009 possuía 31 estabelecimentos de saúde, sendo 4 também atendimentos de emergência.Dos 31 estabelecimentos, 15 são de esfera administrativa privada e 16 de esfera pública. Possuía 107 leitos para internação, onde 32 são públicos e 75 são privados. 3. METODOLOGIA O presente estudo trata-se de uma pesquisa de natureza aplicada, abordagem quantitativa e utilizou- se de pesquisa bibliográfica em livros e artigos recentes e também utilizou-se do estudo de caso que permite um amplo e detalhado conhecimento (GIL, 1994). Para atingir o objetivo, foi elaborado um questionário com dezenove questões fechadas onde o usuário avaliou o seu grau de satisfação. Segundo Gil (2002, p. 114), questionário é "um conjunto de questões que são respondidas por escrito pelo pesquisado". Foram aplicados quarenta questionários e em seguida feita a análise quantitativa das respostas e posteriormente realizada a análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats). Estes questionários foram aplicados aos usuários da Unidade de Pronto Atendimento do município de Catalão - GO e do município de Caldas Novas - GO. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram aplicados 40 questionários no total aos usuários das UPAs, sendo 20 questionários na cidade de Catalão e 20 questionários na cidade de Caldas Novas. Em Catalão dos vinte questionários, 14 foram respondidos por mulheres e apenas 6 eram homens. Em Caldas Novas dos 20 questionários, 12 foram respondidos por mulheres e 8 por homens. As primeiras perguntas eram para identificar o perfil dos usuários das UPAs pesquisadas. Quando perguntados sobre a faixa etária, em Catalão 2 pessoas tinham entre 15 e 19 anos, 1 tinha entre 20 e 29 anos, 8 possuíam entre 30 a 59 anos e 9 pessoas possuíam 60 anos ou mais. Já em Caldas Novas 2 pessoas também tinham entre 15 e 19 anos, 5 pessoas possuíam entre 20 e 29 anos, 12 pessoas possuíam entre 30 e 59 anos e nenhuma pessoa respondeu estar na última faixa etária de 60 anos ou mais. Ao perguntar sobre a cor ou raça que os usuários se identificam, em Catalão 3 pessoas responderam ser afrodescendente, 9 pessoas responderam cor branca e 8 responderam cor parda. Em Caldas Novas também 3 responderam ser afrodescendente, 12 responderam cor branca e 5 responderam cor parda. Sobre a escolaridade, em Catalão 6 pessoas responderam não terem estudado, e estas mesmas pessoas possuem 60 anos ou mais. Outras 2 pessoas responderam possuir fundamental incompleto, 4 possuíam fundamental completo, 7 possuíam ensino médio e apenas 1 pessoa possuía ensino superior. Já na cidade de Caldas Novas 4 pessoas possuíam ensino fundamental completo, 9 possuíam ensino médio completo e 7 pessoas possuíam ensino superior. Após o perfil dos usuários, foram feitas perguntas sobre o acesso a atendimento médico, satisfação com a duração do atendimento médico, satisfação do atendimento na UPA, satisfação da relação médico-paciente como educação, gentileza, boa vontade, entendimento e desinteresse. Também foi questionado o grau de satisfação do atendimento médico e ainda se o usuário acredita que o governo municipal investe recursos necessários para manutenção da saúde em sua cidade, se os médicos especialistas do posto de saúde atendem a necessidade da população usuária e se os recursos financeiros destinados à compra de remédios e equipamentos são bem aplicados pelo Gestor municipal para que fosse feita a análise SWOT das duas cidades e feita a comparação das mesmas como descrito nos Quadros 1 e 2:Quadro 1 - Matriz SWOT da cidade de Catalão – GO Fatores Internos Forças Fraquezas - Atendimento em até uma hora - Satisfação do usuário com o tempo da consulta - Até uma hora para o laudo, medicação e liberação do usuário - Bom atendimento para casos urgentes - Bom atendimento na recepção - Satisfação com a equipe de enfermagem - Boa higiene - Bom ambiente - Satisfação com o - Tempo de espera para consultas - Maioria razoável e bom para atendimentos não considerados urgentes - Percepção de prescrição apenas básica - Percepção de poucos médicos - Demora para resultados de exames atendimento Fatores Externos Oportunidades Ameaças - Maior número de médicos - Desejo de o governo investir mais - Residentes de medicina da UFCat - Ouvidoria - Transportes alternativos - Melhora nos hospitais particulares - Adesão a planos de saúde - Mudanças na gestão - Defasagem de equipamentos - Alta rotatividade de funcionários - Escassez de mão de obra - Falta de verba - Falta de manutenção Fonte: Elaborado pelos autores (2018) Quadro 2 – Matriz SWOT da cidade de Caldas Novas - GO Fatores Internos Forças Fraquezas - Atendimento em até uma hora - Satisfação do usuário com o tempo da consulta - Bom atendimento para casos urgentes - Bom atendimento na recepção - Satisfação com a equipe de enfermagem - Boa higiene - Bom ambiente - Satisfação com o atendimento - Maioria bom para atendimentos não considerados urgentes - Maioria bom para atendimentos considerados urgentes - Mais de uma hora, até mais de duas para o laudo, medicação e liberação do usuário - Tempo de espera para consultas - Percepção de prescrição apenas básica - Percepção de poucos médicos - Demora para resultados de exames Fatores Externos Oportunidades Ameaças - Maior número de médicos - Ouvidoria - Mais especialidades - Inauguração da nova UPA exclusiva para moradores da cidade - Melhora nos hospitais particulares - Adesão a planos de saúde - Mudanças na gestão - Defasagem de equipamentos - Alta rotatividade de funcionários - Escassez de mão de obra - Falta de verba - Falta de manutenção - Feriados e férias com o aumento da população flutuante (turistas) Fonte: Elaborado pelos autores (2018) Através das duas matrizes foi possível perceber muitas semelhanças entre as cidades que apresentam um número de habitantes próximos e também possuem localização próxima. Em Fatores internos, em Forças possuem atendimento em até uma hora, satisfação do usuário com o tempo da consulta, bom atendimento para casos urgentes, bom atendimento na recepção, satisfação com a equipe de enfermagem, boa higiene, bom ambiente e satisfação com o atendimento. Como diferença foi possível perceber que Catalão os usuários registraram que o atendimento é de até uma hora para o laudo, medicação e liberação, enquanto em Caldas Novas é de mais de uma hora para estes procedimentos, o pode ser justificado pela demora na realização de exames. E também há diferença na satisfação de atendimento de casos não urgentes, onde a maioria dos usuários de Catalão responderam como não satisfeitos e em Caldas responderam satisfeitos. A percepção de urgência e emergência pode atrapalhar na satisfação do mesmo. Já em Fraquezas Catalão apresenta a insatisfação dos usuários no atendimento não urgente como já citado e possui em comum com Caldas Novas o grande tempo de espera pelas consultas, percepção de prescrição básica e não específica para o caso, poucos médicos para atendimento e demora na realização de exames nas duas UPAs. Já em Fatores Externos, dentro de Oportunidades foi possível identificar mais diferenças entre as duas cidades, onde Catalão os usuários desejam maior investimento do governo na UPA, desejam residentes de medicina da UFCat atuando na UPA, uma ouvidoria e transportes alternativos para UPA, pois todos responderam que foram por recursos próprios para receber atendimento. Já Caldas Novas possui como oportunidades obter mais especialidades médicas e desejam a inauguração da nova UPA que está sendo construída na cidade. Em comum, as duas cidades tem como oportunidade maior número de médicos e uma ouvidoria para melhorarem seus serviços prestados. Ao observar ameaças dentro dos Fatores externos, observa-se grandes semelhanças como melhora nos hospitais particulares para leitos do SUS, adesão a planos de saúde, mudanças na gestão, defasagem de equipamentos, alta rotatividade de funcionários, escassez de mão de obra, falta de verba e de manutenção. As mudanças na gestão e rotatividade de funcionários são os pontos que mais preocupam os usuários, pois a cada mudança de prefeito, muda-se sistema e todos os funcionários, o que atrapalha os serviços prestados e a cada mudança de funcionários, os mesmos precisam passar por treinamento, o que leva tempo até o serviço fluir normalmente. E como diferença em as duas cidades, tem-se em Caldas uma ameaça maior indicada pelos usuários que são os feriados e férias que aumentam a população flutuante da cidade, ou seja, a ida de turistas para a cidade sobrecarrega o serviço da UPA, e por isso está sendo construída uma nova exclusiva para os residentes na cidade e que aparece como um desejo forte dos usuários em tê-la pronta para uso. De acordo com Agência Estadual de Turismo de Goiás (2017), Caldas Novas recebe 3 milhões de turistas por ano, o que significa um número maior de pessoas pré-disponíveis a necessitar de atendimentos da UPA. Fica claro nessa pesquisa, a necessidade de que o atendimento às urgências precisa estar amparado em todos os níveis de atenção, cada um dentro das suas limitações de resolutividade. Por isso, a comunicação efetiva entre Atenção Básica, UPA, SAMU, Hospitais e demais integrantes do sistema de saúde, como os CAPSs (Centros de Atenção Psicossocial), é imprescindível para a eficiência do serviço, que, nas unidades analisadas mantêm comunicação e tornam o atendimento às emergências e urgências mais efetivos, visto que já são comunicados antecipadamente e os profissionais já ficam aguardando a postos. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ou CONCLUSÕES Durante a pesquisa ficaram nítidos alguns aspectos, onde cita-se, por exemplo, que a UPA de Catalão tem reclamações no que tange ao tempo de espera, em que nota-se que pacientes que chegaram à unidade e foram classificados entre urgente a emergente, demonstraram satisfação no atendimento, enquanto que os demais, apresentaram insatisfação com o tempo de espera. Outro aspecto que é motivo de reclamação, é no que se refere ao tempo de espera dos resultados dos exames o que se dá devido à carência que a unidade tem de um laboratório de análises clínicas. No que se refere à UPA da cidade de Caldas Novas, apesar da mesma possuir um laboratório interno, o tempo de espera é o maior motivo de reclamação da unidade, em que os pacientes afirmam ser bastante longo. As duas unidades, conforme apresentado, possuem pontos positivos, portanto, salienta-se a necessidade de que seja realizado um trabalho educativo no sentido de conscientizar que o processo de acolher (triagem) o paciente e classificá-lo de acordo com os sinais e sintomas que apresenta ao contrário de representar um descaso com o paciente, agiliza o atendimento, prioriza as emergências e urgência e, acima de tudo, é uma ação de educação em Saúde. As reclamações e descontentamentos com relação à triagem e à demora para o atendimento poderiam ser resolvidas com diálogo, com explicações a respeito das classificações, em que deve entender que o tempo estipulado na classificação é apenasum limite que se coloca, uma vez que, na maioria dos casos, as pessoas são atendidas antes do previsto. Tudo requer ações educativas no sentido de conscientizar os pacientes a respeito do que vem a ser emergência, muito urgente, urgente, pouco urgente, dentre outros e que para necessidade os procedimentos são diferenciados de acordo com essa classificação. Nota-se que são duas unidades com bastante movimento, que, apesar de possuírem classificação de pertencerem ao Porte I, ambas têm estrutura e atendimento que lhes capacita a receber a classificação de Porte III, o que significaria um maior repasse para as unidades, possibilitando-lhes maiores condições de investimentos em sua estrutura e funcionamento, atendendo às necessidades reais da população e possibilitando uma gestão com maiores oportunidades de ação. Um ponto a ser observado, é que, muitos relatos deixam claro que a busca pelo atendimento na UPA não se deu por casos de emergência ou urgência, o que subentende que são casos que poderiam aguardar, isso leva a uma percepção de algo que tem acontecido e sido relatado nas UPAs de diferentes localidades, em que as unidades vêm sendo usadas, servindo de porta de entrada para casos ambulatoriais, os quais poderiam ser atendidos na rede básica de saúde, mas, que, por ter atendimento no dia, buscam a unidade para facilitar seu acesso a um médico, o que demonstra a necessidade de maiores condições básicas de acesso à saúde pública pela população, que, é um assunto que requer bastante atenção e muita discussão. Assim, conforme explícito em documentos, como a Constituição Federal (BRASIL, 1988), todos, sem distinção de ninguém, devem ter garantida a saúde e que essa, além de atendimentos médicos, depende da manutenção dos aspectos essenciais, como “paz, habitação, educação, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade”, garantindo- lhe melhores condições de ter uma vida digna e com qualidade. No entanto, há que se considerar que a construção de uma saúde pública eficiente ainda é um desafio em quase todo o mundo, assim como a superação de outras violações aos direitos humanos, que deixam de ser garantidos devido à más gestões e falta de políticas públicas eficientes. REFERÊNCIAS AGÊNCIA ESTADUAL DE TURISMO. Caldas Novas recebe mais de 3 milhões de turistas por ano. 2017. Disponível em: <http://www.goiasturismo.go.gov.br/caldas-novas- recebe-mais-de-3-milhoes-de-turistas-por-ano/>. Acesso em: 25 de Julho de 2018. BRASIL, República Federativa do. Constituição Federal do Brasil: Seção II – Da saúde. 1988. BRASIL. Ministério do Planejamento. Infraestrutura Social e Urbana. Disponível em: <http://www.pac.gov.br/infraestrutura-social-e- urbana/upa-unidade-de-pronto-atendimento/go/>. Acesso em: 22 de Julho de 2018. IBGE, Assistência Médica Sanitária 2009. Rio de Janeiro: IBGE, 2010a. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/go/catalao/pesqui sa/32/28163>. Acesso em: 11 de Julho de 2018. IBGE, Assistência Médica Sanitária 2009. Rio de Janeiro: IBGE, 2010b. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/go/caldas- novas/pesquisa/32/28163>. Acesso em: 20 de Julho de 2018. GIL, Antônio C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4 a ed. São Paulo: Atlas, 2002. GIL, Antônio C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1994. 207 p. PREFEITURA DE CATALÃO. Saúde, 2017. Disponível em: <http://www.catalao.go.gov.br/site/upa-de-catalao- ja-precisa-de-novas-obras-em-apenas-um-ano-de- inauguracao,NTV,MzY1.html>. Acesso em: 11 de Julho de 2018. POLIGNANO, Marcus Vinícius. História das políticas de saúde no Brasil: uma pequena revisão, 2009. Disponível em: http://www.medicina/ufmg.br/internatorural/arquivo s/mimeo23p.pdf. Acesso em: julho/2018. RESPONSABILIDADE AUTORAL “Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo deste trabalho”.
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