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AUDITORIA EM SAÚDE Professora Esp. Caroline Miguel Aver GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; AVER, Caroline Miguel. Auditoria em Saúde. Caroline Miguel Aver. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 181 p. “Graduação - EaD”. 1. Auditoria. 2. Saúde . 3. Hospitalar 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0849-4 CDD - 22 ed. 362 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard Coordenador de Conteúdo Silvio César Castro Designer Educacional Nayara Garcia Valenciano Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Fernando Henrique Mendes Qualidade Textual Alessandra Sardeto Ilustração Marta Kakitani Marcelo Goto Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Pró-Reitor de Ensino de EAD Diretoria de Graduação e Pós-graduação Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis- cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U TO R A Professora Esp. Caroline Miguel Aver Possui especialização em MBA Gestão em Saúde e Auditoria e graduação em Enfermagem. Atualmente é Diretora Geral de um Hospital e docente em uma Universidade de Maringá no Curso de Gestão Hospitalar. Tem experiência na área de Liderança de Equipe (Corpo Clínico e Multiprofissional), Gerenciamento nos Serviços da Saúde, Auditoria, Promoção e Prevenção em Saúde e Gerenciamento de Pacientes. Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir. <http://lattes.cnpq.br/1447199197756891>. SEJA BEM-VINDO(A)! Caro(a) aluno(a), para entendermos o processo da Auditoria, inicialmente será necessá- rio compreender o seu conceito e como a mesma surgiu em nosso contexto histórico e evoluiu de forma tão significativa até os dias atuais, ocupando um papel tão fundamen- tal na área da saúde. Entendida como o ato de avaliar, controlar e examinar, o berço da Auditoria se deu no ramo contábil, e não teve um marco inicial específico, embora seja possível encontrar o exercício do Auditor desde a épocas das grandes navegações marítimas, até a Revo- lução Industrial em que a expansão comercial exigia a fiscalização sobre os produtos, serviços e taxas. Se nesse contexto o papel do Auditor pode ser entendido como alguém cujo objetivo é fiscalizar e prestar contas a partir de dados observados, a Auditoria começou a ganhar espaço em diversos setores que demandam essa necessidade. Seja no Serviço Público ou no Privado, as diversas complexidades e exigências que a esfera da Saúde acarretam, bem como sua constante evolução, fizeram com que, em meados dos anos 80, fosse constituído um órgão que regulamenta e fiscaliza os serviços em Saúde. Dessa forma, foi implantado para o sistema Público o SNA (Sistema Nacional de Auditoria) e para Saúde Suplementar a ANS (Agência Nacional de Saúde). Será possível não só entender o conceito de Auditoria e como ela contribui para a me- lhoria dos Serviços de Saúde, mas também sua cronologia na saúde, e como ela é divi- dida e classificada. Na Unidade II iremos abordar o perfil e as competências que o profissional auditor deve apresentar, uma vez que estes ocupam um papel fundamental nesse processo. Os auditores respondem não só perante a administração da organização a que prestam serviço, mas também perante os usuários e todos os processos e resultados que estão envolvidos, motivo pelo qual esse profissional deve ter independência, imparcialidade, conhecimento técnico, capacidade profissional, atualização dos conhecimentos técni- cos, cautela, zelo profissional, comportamento ético, sigilo e discrição. Perfis dos profissionais atuantes como médicos, enfermeiros, dentista, farmacêuticos e biomédicos, assim como os deveres regidos pela regulamentação de cada conselhomediante ao profissional auditor, terão uma abordagem diferenciada, a fim de que pos- samos explanar melhor acerca de cada área. Na Unidade III entraremos no processo da auditoria, com ênfase para auditoria de en- fermagem, tanto a forma que esta funciona no setor público, como no setor privado, porém, em ambos os casos o resultado contribui para a promoção e manutenção da saúde do usuário. Nem sempre será necessária apenas reduzir gastos e evitar prejuízos financeiros, mas tam- bém para proporcionar uma gestão eficiente com excelência na qualidade dos serviços prestados ao menor custo possível, fato este que justifica a importância desse módulo. APRESENTAÇÃO AUDITORIA EM SAÚDE Será possível observar que a Auditoria de Enfermagem do SUS implica em diversas fases etapas que resultam em uma sequência de diagnóstico, preparação, implanta- ção e resultado de uma situação. Já na esfera das Operadoras de Saúde, será enfocado os três tipos de auditoria: pré, concorrente e de contas médicas, responsáveis desde a liberação ou não de uma guia, passando pelo internamento hospitalar, até a revisão das contas hospitalares. Na Unidade IV trataremos sobre os custos e as ferramentas utilizadas na auditoria, já que o gerenciamento de custos mostra a importância para os planos de saúde e sistema público como uma forma de otimização de recursos. Diversas tabelas e sistemas serão apresentadas a vocês, a fim de que a familiarização ocorra de forma proveitosa e efetiva. Nesse contexto, será abordado o processo de faturamento a fim de reconhecer sua importância no processo, assim como o im- pacto das glosas hospitalares. Sabe-se que a análise de dados e processos resulta em um indicador fundamental: o bom ou não funcionamento do serviço e para isso o diagnóstico do serviço por meio de relatórios é fundamental, por isso analisaremos um modelo. A área da assistência à saúde tem sido marcada por uma crescente preocupação com o estímulo ao uso e efetiva utilização de práticas endossadas pelo conheci- mento científico corrente, por isso a Unidade V será dedicada aos indicadores em saúde, fluxos e modelos de relatórios de gestão, além dos dados e informações que os norteiam. APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE 15 Introdução 16 Conceito da Auditoria 18 Evolução da Auditoria em Saúde 20 Auditoria nos Serviços de Saúde Público e Privado 30 Classificação e Finalidade da Auditoria 34 Auditoria Hospitalar 37 Considerações Finais 43 Referências 46 Gabarito UNIDADE II PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS E GESTÃO DOS SERVIÇOS 49 Introdução 50 O Perfil do Profissional Auditor 56 Funções Pertinentes ao Auditor 57 Médico Auditor 59 A Enfermeira Auditora 61 Hospital 64 Demais Profissionais e sua Importância SUMÁRIO 10 69 Considerações Finais 75 Referências 77 Gabarito UNIDADE III AUDITORIA DE ENFERMAGEM 81 Introdução 82 Processo De Auditoria De Enfermagem 93 Classificação da Auditoria: um Foco no Setor Privado 101 Prontuário do Paciente e o Impacto das Anotações de Enfermagem 106 Considerações Finais 113 Referências 115 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE IV AUDITORIA DE CUSTOS EM SAÚDE 119 Introdução 120 Ferramentas de Trabalho Para Auditoria 130 Faturamento Hospitalar 132 Glosa Hospitalar 139 Considerações Finais 145 Referências 146 Gabarito UNIDADE V AUDITORIA QUANTO À ASSISTÊNCIA E QUALIDADE EM SAÚDE 149 Introdução 150 Fluxo dos Processos dos Serviços de Saúde 156 Indicadores de Serviços de Saúde 161 Relatórios de Supervisão de Serviços de Saúde 165 Qualidade da Assistência 168 Qualidade da Assistência em Saúde 172 Considerações Finais 180 Gabarito 181 Conclusão U N ID A D E I Professora Esp. Caroline Miguel Aver INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Objetivos de Aprendizagem ■ Demonstrar a evolução da Auditoria no Setor da Saúde. ■ Descrever o Processo da Auditoria no Setor Público e Privado. ■ Citar os tipos de Auditoria existentes, identificando as suas características. ■ Identificar o processo da Auditoria no ambiente hospitalar, assim como a importância que o mesmo ocupa em todos os setores relacionados. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Conceito da Auditoria ■ Evolução da Auditoria em Saúde ■ Auditoria nos Serviços de Saúde Público e Privado ■ Tipos de Auditoria ■ Auditoria Hospitalar INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), para entendermos o processo da Auditoria, inicialmente será necessário compreender o seu conceito e como a mesma surgiu em nosso con- texto histórico e evoluiu de forma tão significativa até os dias atuais, ocupando um papel tão fundamental na área da Saúde. Dessa forma, o conceito da Auditoria pode ser entendida como o ato de avaliar, controlar e avaliar, sendo esse um processo amplo e aplicado nas mais diversas áreas que exijam um maior controle e planejamento. Nesta unidade iremos entender a origem desse processo, ainda na área con- tábil e a forma que a auditoria evoluiu ao longo das décadas, chegando até o que representa atualmente. Aplicada à área da Saúde, a auditoria, como será visto a seguir, é uma fer- ramenta importante para a mensuração da qualidade e custos das instituições de saúde, sendo uma forma de avaliação sistemática e formal de uma atividade que busca fiscalizar, controlar, avaliar, regular e otimizar a utilização dos recur- sos, físicos e humanos. Tanto na saúde pública quanto na privada, será possível entender a particu- laridade desse processos em cada setor e como a mesma foi evoluindo na história, principalmente a partir dos anos 80 e 90, onde se constitui a regulamentação de sistema de regulação da Auditoria. Atualmente, diversas instituições encontram-se em crescimento e exigem uma maior qualidade do serviço prestado e buscam a otimização de custos. Dessa forma a Auditoria vem ganhando espaço e importância Ao final desta unidade, entenderemos como o conceito de Auditoria e como a mesma contribui para a melhoria dos Serviços de Saúde, além de seu início e importância do Setor Privado e Público, e como a mesma é dividida e entendida dentro do contexto em Saúde, chegando no principal foco sobre a compreen- são da Auditoria Hospitalar. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 CONCEITO DA AUDITORIA A palavra auditoria origina-se do latim audire que signifi ca ouvir, já no termo inglês audit, ela ganha o sentido de examinar, corrigir e certifi car. Na área da saúde, segundo Siqueira (2004) é uma prática usada para avaliação e controle das ações que refl etem na qualidade da assistência prestada ao cliente, na efi ci- ência das ações e nos resultados obtidos. Conceitualmente vários autores descrevem a Auditoria; na área contábil, Sá (1977, p. 207) a defi ne como “o exame de demonstrações e registros admi- nistrativos. O auditor observa a exatidão, integridade e autenticidade de tais demonstrações, registros e documentos.” Já Ferreira (1986) defi ne auditoria como “exame analítico e pericial que segue o desenvolvimento das operações contábeis, desde o início até o balanço”. O mesmo autor se refere à auditoria como sendo “cargo de auditor” e/ou “lugar onde este exerce suas funções”. NA ÁREA DE SAÚDE Na área de saúde, a auditoria está praticamente em fase inicial e já conta com algumas defi nições consagradas. É considerada um instrumento de adminis- tração utilizado na avaliação da qualidade do cuidado; é a comparação entre a assistência prestada e os padrões de assistência considerados aceitáveis. Conceito da Auditoria Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 de fe ve re iro d e 19 98 . 17 Especificamente, no campo da enfermagem, Sá (1977, p. 207) define audito- ria como “exame oficial dos registros de enfermagem com o objetivo de avaliar, verificar, e melhorar a assistência de enfermagem”. Atualmente, diversas instituições se encontram em crescimento e exigem a maior qualidade do serviço prestado e buscam a otimização de custos. Dessa forma, a Auditoria vem ganhando espaço e importância nas mais diversas áreas e sistemas que buscam o exercício de examinar e certificar determinado dado ou processo, além da garantia na qualidade do serviço. Ainda de acordo com Siqueira (2004), não há marco inicial definido acerca do surgimento da Auditoria, mas o interessante é que podemos identificar em diversos momentos e fases do contexto histórico esse processo sendo empregado nas mais diversas funções e atribuições. Nos módulos de estudo trataremos da Auditoria na Saúde, mas inicialmente o seu berço foi na área de contabilidade, e segundo Attie (2006, p. 25), ela seria uma especialização unicamente contábil voltada a testar a eficiência e a eficá- cia do controle patrimonial implantado com o objetivo de expressar a opinião sobre determinado dado. E o fato do autor a considerar dessa forma, é que em meados do século XIII esse processo era executado por associações profissionais na Europa, como os Conselhos Londrinos e o Tribunal de Contas em Paris, com objetivo da fiscaliza- ção e prestação de contas a fim de averiguar a fidedignidade de alguns números e dados (O’REILLY, 1990, p. 626). No final do século XV, esse processo estava presente nas expedições marí- timas financiadas pelos reis, príncipes, empresários e banqueiros que criaram a necessidade de prestação de contas da receita e dos gastos das expedições às Américas, Índias e Ásia (DUARTE, 2010). Mas foi com a Revolução Industrial, marco representativo que ocorreu na Inglaterra, que o termo Auditoria foi entendido pelos ingleses como a designa- ção de ações relacionadas aos registros contábeis, análise de fraudes e controle de custos (ARAÚJO, 2001). Tal fato, segunda Souza et al. (2010), deve-se ao surgimento das grandes empresas, das necessidades por parte dos investidores de acompanhamento do capital e da taxação do imposto de renda com base no lucro. INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 A história do termo auditoria permite concluir que toda a pessoa que pos- suía a função de verificar a legitimidade dos fatos econômicos – financeiros, prestando contas a um superior – poderia ser considerado auditor. No Brasil não foi diferente, e a evolução da profissão se deveu à presença cada vez maior da ação de países estrangeiros que precisavam de informações fidedignas sobre seus tesouros e riquezas adquiridas no Brasil. Assim, enviavam auditores com o objetivo de verificar a veracidade dos dados emitidos. Como foi visto, a Auditoria ganhou um sentido muito mais abrangente, em que, além da área da contabilidade, diversos profissionais desempenham fun- ções e ações nos mais diferentes setores. EVOLUÇÃO DA AUDITORIA EM SAÚDE Sendo a Auditoria o ato de avaliar, controlar e analisar o setor da Saúde, ela é considerada um processo efetivo e de grande importância para o sistema. De acordo com Brasil (2001), o enfoque passou a ser não apenas contábil, mas em uma linha também administrativa, que tinha como objetivo avaliar a eficácia e a efetividade da aplicação dos controles internos. A análise da literatura sobre a avaliação de serviços de saúde demonstra que sempre existiram mecanismos de avaliação da qualidade da prática Evolução da Auditoria em Saúde Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 médica e dos serviços de saúde, caracterizados pela formação tanto da opinião pública quanto dos conselhos corporativos (REIS et al., 1990). De acordo com autor, diversos estudos demonstraram a importância em se ter um processo fiscalizador na Saúde em que a qualidade fosse mensurada e dados fossem controlados, como foi o relatório Flexner e o estudo de Codman, publi- cado em 1916. Estes trazem propostas semelhantes de metodologia da avaliação rotineira do estado de saúde dos doentes, para estabelecer os resultados finais das intervenções médicas no âmbito hospitalar, contando índices de sucessos e insucessos. Com isso, diversos órgãos foram criados com objetivo de avaliar as con- dições que os serviços de saúde dispunham acerca da qualidade do serviço. O California Administrative Code desenvolveu o Minimum Standard for Hospitals, relacionando requisitos mínimos para a realização de avaliações hospitalares (FONSECA et al., 2005, p. 54). Na primeira análise identificou-se que dos 800 hospitais fiscalizados que possuíam mais de 100 leitos, menos de 135 deles apresentava um nível de qua- lidade razoável. Outro fator importante a se considerar foram os crescentes custos da aten- ção médica, em especial nos países centrais. Na Inglaterra, por exemplo, ocorreu uma alta demanda por serviços de saúde, como consultas médicas, exames sub- sidiários e medicação. Dada a limitação de recursos utilizados para o custeio, buscou-se otimizar sua aplicação, surgindo preocupações com estudos da eficácia e eficiência dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos (REIS et al., 1990). Com todos os programas, estudos e custos em evidência a Auditoria em Saúde ganhou seu lugar e, segundo Paim (2007), pode ser considerada como uma avaliação sistemática da qualidade da assistência ao cliente. De acordo com Lima e Erdmann (2006, p. 271), a auditoria trata-se de um método de avaliação voluntário, periódico e reservado, dos recursos institucio- nais de cada hospital para garantir a qualidade da assistência por meio de padrões previamente definidos. Vale ressaltar que ela não deve ser vista como um mero instrumento fiscalizador, sendo muito mais abrangente. INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 Cria e implanta normas que permitem o contínuo aperfeiçoamento do sistema Determina parâmetros nos setores de contas médicas e hospitalares Funciona como uma ferramenta na diminuição dos custos, sem redução da qualidade do atendimento. Figura 1- Atribuições e importância do processo da Auditoria Fonte: a autora. AUDITORIA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE PÚBLICO E PRIVADO No final do anos 70 o Brasil passou por uma grave crise financeira na área econômica, e pro- curava se consolidar dentro de um processo de expansão da cobertura assistencial em Saúde (CALEMAN; SANCHES; MOREIRA, 1998). De acordo com o autor, nessa mesma época, inicia o Movimento da Reforma Sanitária Brasileira que objetiva, basicamente, a construção de uma nova política de saúde efetivamente democrática, considerando a des- centralização, universalização e unificação como elementos essenciais para a reforma do setor. Auditoria nos Serviços de Saúde Público e Privado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 Obviamente que todas essas transformações estavam ocorrendo, mas o Sistema de Saúde precisava funcionar, e como era seu funcionamento? Como os serviços eram pagos se não havia regulamentação vigente acerca disto? Nessa época, as atividades de análise e fiscalização ligadas ao serviços hospita- lares eram realizadas pelos supervisores do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) por meio de apurações em prontuários de pacientes (SIQUEIRA, 2004). Em 1978 é criada a Secretaria de Assistência Médica, subordinada ao Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social - INAMPS. Depois, vê-se a necessidade de reorganizar esses setores, então, é instituídaa Coordenadoria de Controle e Avaliação nas capitais, e o Serviço de Medicina Social nos municípios. Na nova Constituição Federal (BRASIL,1988) foi originado o Sistema Único de Saúde (SUS), determinando que “a saúde é direito de todos e dever do Estado”. Por meio do quadro a seguir é possível ver as formas de controle da Gestão pública. Quadro 1 - Formas de controle da Gestão Co nt ro le So ci al Co nt ro le Es ta ta l É a integração da sociedade com a administração pública, com a �nalidade de solucionar problemas e as de�ciências sociais com mais e�ciência. É um instrumento democrático, com a participação dos cidadãos no exercício do poder, colocando a vontade social como fator de avaliação para a criação de metas a serem alcançadas no âmbito de algumas políticas públicas. A ser executado por órgãos do governo, que podem ser subdivididos em órgãos de Controle Externo e órgãos de Controle Interno. Fonte: Brasil (2011a, p. 5). Para o melhor entendimento acerca do Controle Estatal, podemos detalhar com maior precisão a função e importância do controle interno e externo, responsá- vel por fiscalizar as ações públicas. INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 Controle Externo - É realizado por órgãos externos, que fiscalizam as ações da administração pública e seu funcionamento. Tem o controle parlamentar direto, pelo Poder Legislativo, o controle pelos tribunais de contas e por fim o controle jurisdicional, sendo os órgãos: Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado, Tribunal de Contas do Município, Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual. Controle Interno - É aquele em que o Poder Público fiscaliza suas pró- prias ações, objetivando assegurar a execução destas dentro dos prin- cípios básicos da administração pública. Compreende as atividades de avaliação do cumprimento das metas, da execução dos programas de governo e dos orçamentos da União e de avaliação da gestão dos ad- ministradores públicos, utilizando, como instrumento, a auditoria e a fiscalização (BRASIL, 2011a, p. 5). No entanto, um serviço de saúde sendo constituído com essas premissas nessa fase econômica do país, trouxe consigo um conjunto de fatores, como problemas ligados ao financiamento, ao clientelismo, à mudança do padrão epidemiológico e demográfico da população que se constituíam em obstáculos expressivos para avanços maiores e mais consistentes para a saúde (BRASIL, 2005). Diante de tais fatos, surgiu a grande necessidade de um sistema de informa- ções que permitisse ao Estado exercer seu papel regulatório buscando o controle das informações e dados, além do desenhos de estratégias para superar o desa- fio da transformação a ser realizada no setor da saúde. Foi então identificado dentro do Controle Interno com a Lei 8.689, de 1993, no artigo 6º, que o Sistema Nacional de Auditoria extinguiu o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social, e conduziu à reestruturação do setor da Saúde, levando a criação do SNA (Sistema Nacional de Auditoria), o qual prevê, de acordo com Brasil (2008, p. 4), que o SNA exercerá as atividades de controle da execução para verificar a sua conformidade com os padrões estabelecidos ou detectar situações que exijam maior aprofundamento, avaliação da estrutura, dos proces- sos aplicados e dos resultados alcançados, para aferir sua adequação aos critérios e parâmetros exigidos e a auditoria da regularidade dos procedimentos praticados mediante exame analítico e pericial. Auditoria nos Serviços de Saúde Público e Privado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 Dessa forma, institui-se um Sistema capaz de coordenar todo o processo da Auditoria em Saúde nas três esferas, norteando todas as ações e indicadores. Figura 1 - Atribuição do Sistema Nacional de Auditoria e sua regulação (SNA) Fonte: Brasil (2011a, p. 5). De acordo com o autor, a Auditoria do SUS constitui-se na avaliação da gestão pública da saúde, sendo responsável por fi scalizar as ações, processos, informação, comunicação em saúde e aplicação dos recursos públicos, por meio de compa- ração entre o que está sendo feito e os critérios técnicos, operacionais e legais. Conforme Brasília (2011, p.6) esse processo desempenha um papel ainda mais importante no combate: a) Ao desperdício dos recursos públicos; b) Na avaliação do desempenho dos seus agentes; c) Na observação das ações, dos cuidado, dos indicadores de saúde, per- mitindo a transparência e garantindo as informações e as prestações de contas à sociedade. Auditoria é vista como um meio para que o SNA possa ampliar o diálogo com as políticas públicas de modo a gerar melhoria dos indicadores epidemiológicos e de bem-estar social, e no acesso e na humanização dos serviços (BRASIL, 2011a). Esses processos ligados aos processos do Sistema Nacional de Auditoria do SUS (SNA) formam a estrutura descentralizada, sendo suas aç ões desenvolvidas em três instâncias de gestão: Ministério da Saúde (por meio do DENASUS); Secretarias Estaduais de Saúde; e Secretarias Municipais de Saúde (BRASIL, 2015, p. 12). INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 Nesse contexto, é possível verificar as finalidades da auditoria do SUS por meio do quadro a seguir. Quadro 2 - Finalidades da Auditoria do SUS Finalidades da auditoria do SUS Aferir a observância dos padrões estabe- lecidos de qualidade, quantidade, custos e gastos da atenção à saúde. Avaliar os elementos componentes dos processos da instituição, serviço ou sistema auditado, objetivando a melho- ria dos procedimentos, por meio da detecção de desvios dos padrões estabelecidos; Avaliar a qualidade, a propriedade e a efetividade dos serviços de saúde prestados à população; Produzir informações para subsidiar o planejamento das ações que contribuam para o aperfeiçoamento do SUS. Fonte: BRASIL (2015, on-line). Sendo a auditoria o processo que relaciona diversas instâncias e prevê o controle, regulação e vigilância em saúde, o Artigo 5º da Constituição Federal brasileira, assegura a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da ima- gem das pessoas, como garantia para todos os brasileiros (BRASIL, 2011, p. 13). Portanto, ainda de acordo com o autor, os auditores estão triplamente obri- gados pela Constituição Federal, pelo Código de Ética do Servidor Público e pelo Auditoria nos Serviços de Saúde Público e Privado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 código de ética de sua categoria profissional, a manter o sigilo e a privacidade do que vierem a constatar ou observar. Também são parâmetros fundamentais: ■ sigilo; ■ evitar atos de imperícia, imprudência ou negligência; ■ responsabilidade pelo ato profissional; ■ consentimento prévio do paciente; ■ elaboração do prontuário do paciente; ■ manuseio de prontuário; ■ informações do quadro clínico ao paciente. Como já fora exposto até o momento, a auditoria do SUS difere em alguns pro- cessos em relação ao sistema privado, em ambos daremos ênfase, porém sempre aprofundando ao longo de nossos módulos na Auditoria Hospitalar. 26 ESTUDO DE CASO 1 Esse estudo de caso retrata a visão acerca dos profissionais no que tange à Auditoria. Concursadas públicas, cerca de cinco enfermeiras com experiência na área assisten- cial em saúde pública afirmam que o trabalho da enfermeira Auditoria é verificar a eficácia e eficiência dos serviços. Entende-se que a prática exercida na auditoria do SUS se aproxima mais das carac- terísticas de controle, e que o ato de verificar a aplicação de recursos contribui para o melhorplanejamento das ações em saúde pública e para a progressiva melhoria da qualidade destes serviços. As enfermeiras identificam que o seu trabalho é dinâmico e diversificado e que atu- am nos três tipos de auditoria desenvolvidos. Na Auditoria de gestão de sistemas municipais de saúde desenvolvem a análise da gestão em saúde, da atenção básica aos procedimentos de alta complexidade. Consideram que esta é a atividade mais complexa e que requer um maior tempo de execução. Na Auditoria, para apuração de denúncias, as enfermeiras analisam documentos e colhem os depoimentos do denunciante e do denunciado para que possam chegar ou não a uma conclusão de procedência do caso. Auditoria nos Serviços de Saúde Público e Privado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 AUDITORIA NO SERVIÇO PRIVADO Na época em que o Brasil vivia uma situação de inflação, os reajustes mensais de preços eram presentes, os planos de saúde deixaram de ganhar com as aplicações financeiras e passaram a focalizar sua atenção em economizar na assistência à saúde (JUNQUEIRA, 2001). Sob esta perspectiva, essas empresas começaram a auditar contas médicas e hospitalares, objetivando a redução do custo assistencial, sendo atuantes princi- palmente da liberação de internações e cirurgias que envolvem órteses e próteses (PRISZKULNIK, 2008). Obviamente que a repercussão foi negativa perante a opinião pública, e o setor de saúde passou a ser alvo de preocupação dos agentes públicos, perce- bendo a necessidade de intervenção estatal sobre a atuação das operadoras de planos de saúde (GOUVEIA, 2004; JUNQUEIRA, 2001). Um movimento institucional importante foi a elaboração do Código de Defesa do Consumidor, em 1990, que deu origem ao Programa Estadual de Defesa do Consumidor (Procon), devido ao volume relevante de queixas de consumido- res em relação aos planos de saúde (SANTOS, 2006). Esses fatos culminaram com a aprovação da lei nº 9.656 (BRASIL, 1998) que estabeleceu as normas de regulação para os planos e seguros privados de assis- tência à saúde, e a lei nº 9.961 (BRASIL, 2000) que criou a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para regular uma atividade privada complexa, inse- rida em um setor essencial, a saúde. A Constituição Federal garantiu o direito do exercício privado da pres- tação de serviços na área da saúde, e também definiu a saúde como um bem público, afirmando que o Estado tem um papel importante em estabelecer regras e em regular o setor. A legislação que se seguiu ao processo constituinte recolocou os temas do controle, avaliação, au- ditoria e regulação, que aparecem como constitutivos no processo de definição do arcabouço legal da saúde (SANTOS, 2006). INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 A partir de então, segundo o autor, a regulação de planos e seguros de saúde passou a ser uma atividade do Governo Federal, que por meio de leis e resolu- ções busca melhorar a qualidade dos contratos, corrigindo as falhas de mercado, contribuindo para que as empresas se sustentem e gerem incentivos que bene- ficiem os consumidores. As organizações que formam o setor de saúde suplementar tiveram de se adequar e cumprir a regulamentação estabelecida. Ademais, para manter posi- ção competitiva no mercado, precisaram se reorganizar e reestruturar, passando por uma série de transformações que permitem sua adaptação aos novos pro- cessos de trabalho (MOTTA; LEÃO; ZAGATTO, 2005). Propostas essas que englobam o ressarcimento ao Serviço Público, registro das operadoras, comprovação de solvência e proibição do monopólio das ativi- dades. As organizações que formam o setor de saúde suplementar tiveram de se adequar e cumprir a regulamentação estabelecida. Ao fornecer conhecimentos sobre o verdadeiro estado da organização, a Auditoria tornou-se ferramenta facilitadora e transformadora, evoluindo de um instrumento fiscalizador para promover a contenção de custos. Agora já não mais auditando prontuários internos no Hospital, a organização consegue atingir os seus objetivos internos de custos, produtividade, qualidade e satisfa- ção dos clientes. Embora ainda haja inúmeros conflitos no processo, a qualificação é um ponto de interesse de todos os setores que integram o Sistema de Saúde. Focada nessa nova perspectiva, a regulação da ANS passou a dar ênfase à qualificação de todos os envolvidos no processo, como operadoras, prestadores de serviços, beneficiários e órgão regulador, direcionando os mesmos. Dessa forma, ANS conduz a transformação dos planos de saúde em gesto- res de saúde, os prestadores de serviços em produtores de cuidado de saúde, os beneficiários em usuários com consciência sanitária e o próprio órgão regula- dor qualificando-se para corresponder à tarefa de ajustar o setor cujo objetivo é produzir saúde (BRASIL, 2007). Obviamente que processos tão complexos exigem a equipe qualificada e competente com perfil e características inerentes ao Serviço. Em relação à Auditoria na Saúde Suplementar e onde ela mesma é aplicada, Auditoria nos Serviços de Saúde Público e Privado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 temos alguns itens importantes a serem indicados. Para tanto, Motta et al. (2005) afirma que a auditoria pode efetivamente ■ participar de negociações contratuais; ■ realizar a análise e pré-análise do prontuário e feedback para o grupo assistencial; ■ auditar junto o faturamento da instituição hospitalar e operadora de saúde suplementar; ■ atuar nos serviços de credenciamento de terceirizados com realização de vistoria técnica, serviços de autorização prévia de procedimento solicitado; ■ atuar nos serviços de revisão de contas médicas e na coordenação e orien- tação dos auxiliares de revisão de contas. 1987 Reforma Sanitária 1988 Constitui- ção 1988 1990 Criação SUS 1991 Código Defesa do Consumi- dor (CDC) 1994 Plano Real 1998 Lei 9.656/ 98 2000 Criação da ANS (Lei 9.661) 2001 Novo Código Civil 2003 Estatuto do Idoso Figura 2 - Breve histórico do Sistema de Saúde Fonte: Paz; Leon ([2017],on-line)1. INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 Para todas essas funções e locais, é importante entendermos a classificação e tipo de auditoria existentes, como vimos na figura apresentada. CLASSIFICAÇÃO E FINALIDADE DA AUDITORIA Até o momento foi discutido o conceito e evolução da Auditoria. Entretanto, um processo tão complexo que abrange inúmeras áreas exige uma série de etapas e classificações que garantem a efetividade do resultado. É importante ressaltar que o processo da Auditoria do SUS e das Operadoras de Saúde diferem, assim como os órgãos que as regulamentam. Ao longo desta ANS disponibiliza em seu link todas as informações pertinentes à regulação de planos de Saúde e de coberturas vigentes nas quais a auditoria se baseia. Para saber mais informações sobre legislação, plano e operadores, acesse o link disponível em: <http://www.ans.gov.br/>. Fonte: a autora. Classificação e Finalidade da Auditoria Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 Unidade ambas serão retratadas, porém a ênfase será dada na Auditoria Hospitalar direcionada às Operadoras. De qualquer forma, ambos os processos designam a Auditoria como sendo a verificação de processos e do resultado da prestação de serviços de acordo com as legislações vigentes. Auditar, ainda, significa emitir a opinião conclusiva sobre dada situação, ou seja, o objetivo de uma Auditoria é sempre verificar em que medida uma situação seencontra segundo algum critério estabelecido nas leis, normas, ou princípios (BRASIL, 2015). As Normas de Auditoria do TCU definem auditoria nestes termos: Auditoria é o processo sistemático, documentado e independente de se avaliar objetivamente uma situação ou condição para determinar a extensão na qual critérios são atendidos, obter evidências quanto a esse atendimento e relatar os resultados dessa avaliação a um destinatário predeterminado (BRASIL, 2011b). Brasil (2005b, p. 89) retrata que essa classificação varia de acordo com a fina- lidade do processo, podendo ser feita de acordo com a execução (analítica ou operativa); o método (prospectiva, concorrente ou retrospectiva); a forma de intervenção (interna ou externa); o tempo (contínua ou periódica); e a natureza (regular ou especial). Sobre a forma de execução, esta pode ser classificada em analítica e opera- tiva. A primeira consiste na análise de relatórios, processos e documentos com a finalidade de subsidiar a verificação in loco. Enquanto isso, a Auditoria operativa consiste na verificação in loco do aten- dimento aos requisitos legais/normativos, que regulam os sistemas e atividades relativas à área da saúde, por meio do exame direto dos fatos, documentos e situações, para determinar a adequação, a conformidade, economicidade, lega- lidade, legitimidade, eficiência, eficácia e efetividade dos processos para alcançar os objetivos propostos (BRASIL, 2011b). Em relação ao método, a classificação pode ser em prospectiva, concorrente ou retrospectiva, sendo utilizada tanto pelo SUS como para as operadoras de Saúde. Motta (2004) define a Auditoria prospectiva ou pré-auditoria como a ava- liação dos procedimentos médicos antes de sua realização. O exemplo disso é a emissão de um parecer, pela operadora de plano de saúde sobre um determi- nado tratamento ou procedimento. INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 Segundo BRASIL (2005b, p. 89), a Auditoria concorrente ou pró-ativa é a análise ligada ao evento no qual o cliente está envolvido durante o atendimento. Nessa situação, pode-se citar a ida de um auditor em um hospital durante o inter- namento para verificar as condições acerca do serviço prestado. Auditoria de contas hospitalares ou retrospectiva ou revisão de contas: con- siste na análise pericial dos procedimentos médicos realizados, com ou sem a análise do prontuário médico, após a alta do paciente. De acordo com a forma de intervenção, esta pode ser classificada em interna e externa. Quadro 2 - Comparativo entre Auditoria Interna e Externa Elementos Auditoria Externa Auditoria Interna Sujeito Pro�ssional Independente Auditor interno (funcionário da empresa) Grau de independência Mais amplo Menos amplo Responsabilidade Pro�ssional, civil e criminal Trabalhista Interessados no trabalho A empresa e o público em geral A empresa Intensidade dos trabalhos em cada área Menor Maior Ação e objetivo Exame das demonstra- ções �nanceiras Exame dos controles operacionais Finalidade Opinar sobre as demons- trações �nanceiras Promover melhorias nos controles operacionais Relatório principal Parecer Recomendações de controle interno e e�ciência administrativa Número de áreas cobertas pelo exame durante um período Maior Menor Fonte: Crepaldi (2004, p. 50). A Auditoria interna é realizada por elementos da própria instituição, devidamente informados e treinados, que tem como função examinar os controles e avaliar a eficiência e eficácia da gestão. Essa área da Auditoria tem por finalidade promo- ver melhoria nos controles operacionais e na gestão de recursos. A Auditoria externa ou independente é realizada por profissionais que não pertencem à instituição, contratados especificamente para a auditoria para veri- ficar as atividades e resultados de uma determinada organização ou sistema. 33 ESTUDO DE CASO 2 Uma equipe de Auditoria é contratada para executar alguns processos dentro de um Hospital Privado pelo próprio grupo. O seu quadro funcional é composto por trinta profissionais, dentre eles médicos, enfermeiras e administrador, além de pes- soal de apoio. Identifica-se a divisão técnica do trabalho, com os profissionais médicos assumindo as visitas aos usuários internados, e as enfermeiras são responsáveis pela análise contábil, por meio da conferência dos registros nos prontuários e das cobranças nas contas hospitalares. Ao questionar sobre o real propósito e função das enfermeiras estas demonstram que sua prática é exercer um papel fiscalizador sobre as cobranças realizadas pelos prestadores de serviços de saúde, a fim de identificar excessos e reduzir os valores finais a serem pagos. Os discursos das enfermeiras revelam as dificuldades que elas têm em expressar objetivamente esta finalidade de sua prática, mas quando o fazem tentam justificar a importância da análise contábil-financeira, dado que são altos os custos dos ser- viços de saúde. Na descrição das atividades das enfermeiras não se encontra qualquer elemento que indicasse uma preocupação ou intervenção direta com as necessidades especí- ficas dos usuários, o que reforça a interpretação de que o foco desta prática é a aná- lise de contas, desenvolvida para garantir o cumprimento dos acordos e contratos estabelecidos entre hospitais e operadoras de planos de saúde. Assim, o esperado pela empresa é que a equipe de Auditores (médicos e enfermei- ras) contribua com a redução dos custos com o atendimento aos usuários dos ser- viços de saúde. Ao estudar os tipos de auditoria, podemos concluir que trata-se de uma Auditoria externa exercendo também o serviço de Auditoria retrospectiva ou revisão de con- tas hospitalares, caracterizada como um trabalho mecânico e rotineiro, em que a principal atividade é a análise de contas hospitalares e registros nos prontuários. INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 Esse estudo de caso, caro(a) aluno(a), o(a) ajudará a compreender melhor, na prática, acerca da auditoria externa. AUDITORIA HOSPITALAR Em instituições hospitalares, as habilidades e a força de trabalho, a complexa estrutura que os compõem, a natureza dos serviços delicados e as patologias dos pacientes críticos, as caracterizam efetivamente como de difícil gestão e controle da qualidade, dos custos e do trabalho. Segundo Catelli (2001), a gestão hospitalar contempla um vasto processo de decisão, baseado no conjunto de conceitos, princípios, leis e regras, que visa garantir a consecução da missão da empresa. Nesse propósito, ter uma gestão bem estruturada e formalizada, capaz de viabilizar o conjunto de diretrizes estratégicas existentes é uma premissa básica, pois compreende um conjunto de procedimentos, organizando-se no planeja- mento e fiscalizando-se no controle das operações. Outros fatores externos também interferem na gestão hospitalar, como a contenção de custos daqueles que financiam o sistema, a busca de atendimento de alta qualidade pelos consumidores, a competitividade de outros prestadores de serviços, entre outros (BITTAR, 1996). Imagine você que todos esses fatores estão ocorrendo de forma simultânea, junto à alta complexidade de gravidade de pacientes e diversos custos e opera- doras atuando dentro de cobranças ou negativas. Assim, a gestão hospitalar, sem dúvida, exige uma série de planejamento e ações que contribuam para o bom funcionamento do sistema, não é mesmo? Obviamente que o esforço está cada vez maior para criação de mecanismos de controle eficientes, para salvaguardar os resultados financeiros das institui- ções e assegurar o atendimento de qualidade aos pacientes e familiares. De acordo com o autor, desempenhando papel vital nos negócios, no governo, Auditoria Hospitalar Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go Pen al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 na economia em geral e na Saúde Suplementar, investidores e analistas finan- ceiros consideram valioso o trabalho dos profissionais que atuam em Auditoria Hospitalar. Estudaremos nos próximos módulos cada item e cada questão pertinentes a esse assunto, mas aqui cabe o breve resumo da grandiosidade e complexidade que a Instituição Hospitalar pode desempenhar junto à Auditoria. Vamos a um exemplo em termos de Auditoria hospitalar, a complexidade desse ambiente de saúde e de seus referidos pacientes, exigem um processo tanto aplicado a Auditoria interna como a externa, a atuação da auditoria prospectiva, concorrente e retrospectiva. Além de profissionais que tenham conhecimento técnico-científico, poten- cializando-se, ainda mais, com a complexidade dos procedimentos e exames realizados e que interferem diretamente na conta hospitalar a ser auditada. Vamos entender essas questões por meio de um estudo de caso? O hospital X atende paciente do SUS e de planos privados, e ao prestar atendimentos, deverá estar a par de todas as regulações e regimentos desses sis- temas. Isso ocorre porque, ao dar alta para um paciente, todos os seus dados como prontuários, entre outros documentos, serão a evidência de que o inter- namento ocorreu e tudo o que se utilizou será identificado para faturamento da conta hospitalar. A Auditoria interna, composta por profissionais da Instituição, deverá rea- lizar um levantamento prévio dessas evidências e coletar todas as informações necessárias para o envio completo a uma auditoria de uma Operadora de Saúde. Assim, a Auditoria Externa fará a conferência, e mediante evidências, INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 conforme contratualização, fará o faturamento dessa conta hospitalar. (Posto avançado de faturamento - Auditoria); (Gastos efetuados pelo paciente não cobertos pelo plano, ou consumo efetua- dos por familiares) Figura 4 - Etapas e processos da Auditoria Fonte: Nunes, ([2017]on-line). Conforme a figura acima, é possível observar que são diversas as etapas e pro- cessos que contemplam o serviço da Auditoria. Ela envolve desde a liberação de uma guia para internação até a alta do paciente. Imagine retirar se não houvesse esse mecanismo para evidenciar a utiliza- ção de recursos e custos, o sistema seria desorganizado e, possivelmente, contaria com muitas fraudes. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como foi visto, a Auditoria em saúde, seja pública ou privada, é um dos instru- mentos de controle e se constitui na avaliação da gestão de saúde. Esse recurso foi utilizado inicialmente na área contábil, começou a se expandir em diversas esfe- ras, chegando na saúde sem um marco inicial específico, mas desempenhando papel fundamental de fiscalização, análise de informações de prontuários, dados de serviços, entre outros. Tal foi sua importância, que foi regulamentada pelo Decreto nº 1.651/95, e por meio da Lei nº 8.080 foi possível prever a criação do Sistema Nacional de Auditoria, que estabeleceu as instâncias de gestão do SUS de acompanhar, con- trolar e avaliar as ações e serviços de saúde, proporcionando grande avanços em relação ao custo, cobranças e avaliação dos serviços. Todo esse avanço exigiu uma reestruturação do setor da Saúde, levando à criação do Sistema Nacional de Auditoria, que tem como objetivo controlar as atividades e verificar a sua conformidade com os padrões estabelecidos, avaliar a estrutura dos processos aplicados e dos resultados alcançados para aferir a sua adequação aos critérios e parâmetros exigidos. Nessa mesma época, em que o Brasil vivia uma situação de inflação, os rea- justes mensais de preços eram presentes, os planos de saúde caminharam em busca de processos que auxiliassem na busca da veracidade de informações e redução de custos, e tendo a Auditoria um papel fundamental, o órgão regula- mentador criado foi a Agência Nacional de Saúde. A evolução na área da Saúde foi criando um processo tão complexo dentro de inúmeras áreas, que uma série de etapas e classificações foram criadas para garantir a efetividade do processo da Auditoria. Sua classificação varia de acordo com a finalidade do processo, podendo ser feita de acordo com a execução (analítica ou operativa), o método (de classifica- ção prospectiva, concorrente ou retrospectiva); a forma de intervenção (interna ou externa); o tempo (contínua ou periódica); a natureza (regular ou especial). Cada tipo ou classificação tem um objetivo, e dentro da Auditoria Hospitalar diversos serão os temas e complexidades a serem discutidos. 38 1. A Auditoria é um processo complexo, que ao longo das décadas mostrou-se evo- luir juntamente com a Saúde. Em relação ao assunto, assinale a alternativa que não faz parte do contexto estudado. a) Inicialmente a Auditoria era considerada um processo unicamente contábil, voltada a testar a eficácia do controle patrimonial. b) O conceito da palavra auditoria em inglês significa avaliar, examinar. c) O marco inicial de surgimento da Auditoria ocorreu com as expansões maríti- mas em que se constatou a necessidade da criação de um processo de presta- ção de contas da receita e dos gastos das expedições. d) A história do termo Auditoria permite concluir que, antes de sua regulação, toda a pessoa que possuía a função de verificar a legitimidade dos fatos econô- micos – financeiros, prestando contas a um superior, poderia ser considerado Auditor. e) O sistema da Auditoria do Sistema de Saúde único é o SNA. 2. Assinale a alternativa que apresenta o órgão responsável pelo controle da execução, para verificar a sua conformidade com os padrões estabelecidos ou detectar situações que exijam maior aprofundamento; avaliação da estrutura, dos processos aplicados e dos resultados alcançados, para aferir sua adequação aos critérios e parâmetros exigidos de eficiência, eficácia e efetividade; Auditoria da regularidade dos procedimentos praticados por pessoas naturais e jurídicas mediante exame analítico e pericial. a) SIA – Sistema de Informações Ambulatorial. b) SIH – Sistema de Informação Hospitalar. c) ANS – Agência Nacional de Saúde. d) SNA – Sistema Nacional de Auditoria. e) AIH - Atendimento Intra-Hospitalar. 3. Considerando a auditoria no Sistema Único de Saúde (SUS) e os órgãos governa- mentais, leia as assertivas a seguir e, em seguida, assinale a alternativa correta. I) A Auditoria, antes de sua regulação, era executada pelo INPS e INAMPS. II) Foi em 1988, com a nova Constituição Federal, que foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS), determinando que “a saúde é direito de todos e dever do Estado”. III) Com a instauração da Lei 8.689, de 1973, no artigo 6º, o Sistema Nacional de Auditoria extinguiu o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social, e levou à reestruturação do setor da Saúde, levando à criação do SNA - Sistema Nacional de Auditoria. IV) O estabelecimento do Sistema Nacional de Auditoria (SNA) compete à dire- ção de Instituições Privadas. 39 V) Os órgãos do SNA exercem atividades de controle, avaliação e Auditoria com as quais a respectiva direção do SUS tenha celebrado contrato ou convênio para realização de serviços de assistência à saúde. a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I está correta. d) Apenas II, III e IV estão corretas. e) Nenhuma das alternativas está correta. 4) Em relação à Lei 8.666/93, assinale a alternativa correta. a) Esta Lei estabelece normas gerais sobre contratos administrativos pertinentes a serviços, inclusive de publicidade, compras, apenas, dos Poderes dos Municípios. b) Esta Lei considera-se contrato todo e qualquer ajusteda Administração Pú- blica exclusivamente particular, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada. c) Esta Lei estabelece normas gerais sobre apenas licitações e contratos admi- nistrativos pertinentes a obras. d) Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. e) Esta Lei estabelece normas sobre contratos públicos. 5) Quanto às formas de classificação da Auditoria, leia as alternativas a seguir e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F). ( ) Auditoria prospectiva ou pré-auditoria como a avaliação dos procedimentos médicos antes de sua realização. ( ) A Auditoria externa ou independente é realizada por profissionais que são per- tencentes à instituição, contratados especificamente para a auditoria a fim de verificar as atividades e resultados de uma determinada organização ou sistema. ( ) A Auditoria operativa consiste na verificação in loco do atendimento aos re- quisitos legais/normativos, que regulam os sistemas e atividades relativas à área da Saúde. ( ) A Auditoria concorrente é aquela realizada pela equipe durante a internação do paciente. ( ) A Auditoria de contas, também conhecida por pré-auditoria prevê a revisão das contas hospitalares. 40 RUMOS DA AUDITORIA EM SAÚDE – INFLUÊNCIAS E DETERMINANTES O desenvolvimento do segmento suplementar de saúde, ora como modelo predomi- nante ora como serviço paralelo e complementar aos oferecidos pelos Sistemas Públicos nos diferentes países, produziu significativa influência sobre a configuração da Auditoria em Saúde. A partir dos anos 70, no Brasil, à medida que cresceu e se organizou o sub- sistema Suplementar cresceu também a incorporação do Auditor de Saúde nesse setor. A inserção da Auditoria com forte conotação contábil na rotina administrativa das se- guradoras e operadoras de saúde permeou os bastidores dessa evolução, pois as insti- tuições precisam comprovar aos órgãos reguladores e à sociedade a sua capacidade de liquidez e as condições econômicas de honrar os compromissos junto aos usuários. Esse é o funcionamento do mercado Suplementar de Saúde. Predominam no modelo suple- mentar relações determinadas pelo capital, nas quais, muitas vezes, estão evidenciados polos antagônicos, representados pelos empresários, pelos trabalhadores de saúde e pelos usuários, cada qual com objetivos distintos entre si. Nesse território, que impulsio- nou o campo de trabalho do Auditor de Saúde, afloram características que irão influen- ciar de alguma forma o próprio objeto da Auditoria. É perceptível que no contexto da Saúde Suplementar a Auditoria esteja focada em ofe- recer suporte técnico aos gestores para a elaboração de pacotes assistenciais, pareceres sobre tabelas, taxas, diárias hospitalares, procedimentos e controle da rede credenciada. Ou seja, sob o domínio de uma visão de mercado, a Auditoria em Saúde vem atuando desde a fase da avaliação das solicitações dos procedimentos na central de liberação até atingir a identificação de distorções nas contas médico-hospitalares, para fins de pagamentos, promovendo correções e buscando um aperfeiçoamento do atendimento médico-hospitalar ou ambulatorial da rede de prestadores de serviços (OLIVEIRA, 2009). Mas é preciso considerar que a saúde suplementar não criou por ela mesma uma nova forma de auditar. Qualquer modelo teórico pode direcionar ou subverter a conformação de uma prática de avaliação e controle ou de uma prática de Saúde. Como exemplo tem- -se a abrangência das concepções da Auditoria no sistema de Saúde do Reino Unido, mais especificamente da Inglaterra. A esse respeito, Buxton (1994) descreveu uma contextualização ampliada das dimen- sões alcançadas pela auditoria no National Health Service (NHS), afirmando que “(...) as reformas do NHS impulsionaram a tecnologia emergente da Auditoria médica em uma nova fase da sua difusão”. Ou seja, no âmbito das reformas do NHS a Auditoria foi siste- maticamente endossada e percebida por todos como uma atividade que merece apoio e incentivo. Constituiu-se, pois, em um conjunto de ferramentas de tecnologia organiza- cional para a análise sistemática e crítica da qualidade dos cuidados médicos, incluindo os procedimentos utilizados para o diagnóstico e tratamento, e a aplicação de recursos frente aos resultados obtidos para o paciente. 41 Embora, o próprio sistema inglês perceba algumas consequências da amplitude concei- tual adquirida pela auditoria, há referências de que estudiosos teimam em posicioná-la em uma perspectiva grandiosa, como a terceira ciência clínica, com a sua própria teoria, técnicas e literatura, objetivando alcançar uma melhor qualidade de atendimento por meio de mudanças contínuas na prática e amplo papel educativo. Fica patente que os rumos da auditoria em saúde foram influenciados por um cenário interno ao sistema de saúde inglês, representado pela necessidade de reformas estruturais no modelo de atenção. De volta ao sistema brasileiro de saúde suplementar, pode-se falar de uma fase anterior à regulamentação do setor e outra pós-regulamentação, nas quais a auditoria apresen- tou realidades e abrangências distintas. Antes da criação da Agência Nacional de Saú- de (ANS) e da regulamentação dos planos e operadoras de saúde pela Lei 9656/1998, a auditoria limitava-se muito mais à apreciação das contas médicas. Posteriormente, a abrangência da auditoria foi ampliada às questões contábeis para comprovar a susten- tabilidade das operadoras no mercado, como também à assessoria gerencial e à quali- dade do atendimento. Não se trata, portanto, de uma nova forma de auditoria, mas de uma nova cultura em construção, a qual tem e terá influências marcantes na configura- ção científica e técnica da auditoria em saúde. Este é um paralelo que pode ser elaborado, comparando-se diferentes determinantes presentes no sistema inglês e no subsistema suplementar de saúde no Brasil. A partir destas análises, verifica-se que para entender a prática da auditoria é necessário pensar qual a estratégia ou a ideologia presente no projeto que a determina; quais são seus valores, princípios e metodologias. Nesse contexto, é preciso ter claro também os papéis dos profissionais que atuam nesse substrato - que ações lhes são possíveis no processo, de que forma se relacionam, quais hierarquias e estruturas de poder estão presentes, e como sua conduta clínica é permeável a essas intervenções. O comportamento da auditoria de saúde, portanto, não é o mesmo nos diferentes mo- delos assistenciais, exigindo dos profissionais, das instituições que representam as pro- fissões, da academia que forma esses trabalhadores e da própria ciência um olhar de compromisso com a autonomia necessária a essa prática, à estrutura e organização da atividade e aos pressupostos teóricos que devem estruturá-la. Fonte: Oliveira, M.; Oliveira, C (2017, on-line)2. MATERIAL COMPLEMENTAR Auditoria em Saúde Haino Burmester e Marlus Volney Editora: Saraiva Sinopse: o livro traz ainda um breve histórico dos sistemas de saúde brasileiro e estabelece paralelos entre as formas de execução da auditoria tanto no subsistema com � nanciamento público como no sistema privado.Também, enfatiza a execução de processos que busquem informações valiosas para promover assistência em saúde com qualidade, propõe formas e técnicas para a execução da auditoria e apresenta vários campos ainda pouco explorados na área, tudo isso permeado por exemplos práticos e por comentários. ARAÚJO, I. P. S. Introdução à auditoria operacional. Rio de Janeiro: FGV, 200.1 ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. 3. ed. São Paulo: Atlas, p. 25, 2006. BITTAR, O. J.; NOGUEIRA, V. Produtividade em hospitais de acordo com alguns indi-cadores hospitalares. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 30, n. 1, p. 53-60, fev. 1996. CALEMAN, G.; MOREIRA, M. L.; SANCHEZ, M. C. Auditoria, controle e programa- ção de serviços de saúde. (Série Saúde e Cidadania). v. 5. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 1998. Disponível em: <http://bvsms. saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_cidadania_volume05.pdf>. Acesso em: 17 jul. 2017 CATELLI, A. Controladoria: uma abordagem de gestão econômica. São Paulo, Atlas, 2001. CREPALDI, S. A. Auditoria Contábil: Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 2002. DUARTE, L. S. Auditoria financeira. Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Mestrado em Gestão, abr., 2010. Disponível em: <https://estudogeral.sib. uc.pt/bitstream/10316/14023/1/Relat%c3%b3rio%20Est%c3%a1gio%20Lara%20 Duarte.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2016. FERREIRA, A. B. H. - Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 5 reimpressão. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986. FONSECA, A. S.; YAMANAKA N. M. A, BARISON T. H. S, LUZ, S.F. Auditoria e o uso de indicadores assistenciais: uma relação mais que necessária para a gestão assisten- cial na atividade hospitalar. O Mundo da Saúde, São Paulo, v.29, n.2, p.54-89, abr./ jun., 2005. JUNQUEIRA, W. N. Auditoria médica em perspectiva: presente e futuro de uma nova especialidade. Criciúma: Edição do Autor, 2001. LIMA, S. B. S.; ERDMANN, A. L. A enfermagem no processo da acreditação hospitalar em serviço de urgência e emergência. Acta Paul Enferm, v.19, n.3, p. 271, 2006. MOTTA, A.L. Auditoria de enfermagem nos hospitais e operadoras de planos de saú- de. 2. ed. São Paulo: Iátria, 2004. MOTTA, A. L. C.; LEÃO, E.; ZAGATTO, J. R. Auditoria médica no sistema privado: abordagem prática para organizações de saúde. São Paulo: Iátria, 2005. MOTTA, A. L. C. Auditoria de Enfermagem nos Hospitais e Operadoras de Planos de Saúde. 3. ed. São Paulo,Iátria, 2006. NUNES, D. Auditoria Interna de Contas Médico Hospitalar como Ferramenta de Gestão. 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Caroline Miguel Aver PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS E GESTÃO DOS SERVIÇOS Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar o tipo de perfil e as competências necessárias ao profissional auditor. ■ Indicar as funções que os auditores podem exercer nos Sistemas, de forma generalizada. ■ Detalhar de forma direcionada os processos e características que envolvem o trabalho do médico auditor. ■ Apresentar perfis e competências da enfermeira auditora e a sua importância em todos os tipos de auditoria. ■ Citar alguns dos profissionais que fazem parte da equipe de auditores e que desempenham papel fundamental no processo. Plano de Estudo A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ O perfil do profissional auditor ■ Funções dos auditores ■ O médico auditor ■ Enfermeira auditora ■ Demais profissionais auditores INTRODUÇÃO Esta é a segunda Unidade do nosso estudo, e já que o conceito de Auditoria em Saúde está formado, é preciso identificar alguns dos profissionais que ocupam o papel fundamental nesse processo e entender a função de cada um deles den- tro do sistema. Devemos lembrar que a Auditoria está inserida na área de Gestão Hospitalar e essa é considerada um processo contemplativo de diversas esferas - adminis- trativa, técnica e operacional - e por isso deve ser predominantemente regido por ética e profissionalismo, por competência e qualificação por parte dos que integram a equipe de Auditoria e de Hospitalar. Os Auditores respondem não só perante a administração da organização a que prestam serviço, mas também diante dos usuários e por todos os processos e resultados que estão envolvidos. Por esses motivos, esse profissional deve ter inde- pendência, imparcialidade, conhecimento técnico (atualização deste), capacidade profissional, cautela, zelo profissional, comportamento ético, sigilo e discrição. Além disso, como o Auditor é a figura que representa o parâmetro de quali- dade do serviço ou processo, diversos são os deveres e condutas que eles devem seguir. Dessa forma, aspectos como ética, sigilo, distanciamento profissional são um dos itens que serão contemplados nessa unidade. Assim, tanto o perfil dos profissionais atuantes - médicos, enfermeiros, den- tista, farmacêuticose biomédicos - como os deveres regidos pela regulamentação de cada conselho mediante o profissional Auditor, nesta unidade, terão aborda- gem diferenciada, a fim de que possamos explanar melhor acerca de cada área. Primeiramente, de forma geral, e depois, de forma individualizada, serão estu- dadas cada classe que representa grande importância na auditoria. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 49 PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS E GESTÃO DOS SERVIÇOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E50 O PERFIL DO PROFISSIONAL AUDITOR Na assistência à saúde, as auditorias podem ser desenvolvidas em vários seto- res e por diferentes profi ssionais, destacando, entre elas, a auditoria médica e de enfermagem. No entanto, profi ssionais como dentistas, nutricionistas, adminis- tradores e contadores também podem fazer parte dessa equipe. A importância da multidisciplinaridade se dá por esse processo que envolve ações administrativas, técnicas e observacionais, cujo objetivo é analisar a quali- dade dos serviços a fi m de assegurar o seu melhor desempenho e resolubilidade (MOTTA, 2005). Ao analisar as equipes de auditores do Sistema Nacional de Auditoria, Melo (2007) conclui que das três esferas: federal, estadual e municipal, esta representa a menor em relação ao número de componentes, com uma média de 41 a 50 anos (62%). Em relação à graduação, 68% estão na área biomédica, enquanto 32% são de outros campos de atuação (exatas e humanas, tais como Jornalismo e Letras). Esses dados indicam a multiprofi ssionalidade como uma característica dessa área, o que de fato é de extrema importância uma vez que o processo de auditoria também tem por objetivo abordar o processo de saúde como um todo. Para que o auditor possa desempenhar bem sua missão, é essencial observar os princípios éticos e profi ssionais. Tais itens, se bem contemplados, proporcio- nam ao profi ssional que os detém, assim como para equipe e para os processos, um meio seguro e efetivo. O processo de trabalho do auditor no SUS é desenvolvido em três eta- pas: planejamento, que compreende a programação da ação da audi- O Perfil do Profissional Auditor Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 51 toria, definindo a equipe e os pontos a serem verificados, realizando a fase analítica que abrange o levantamento dos dados disponíveis nos sistemas de informação do Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde - CNES, Sistema de Informação Ambulatorial - SIA/SUS, Sis- tema de Informação da Atenção Básica - SIAB); execução, compreen- dendo a fase operativa, notificação dos resultados e análise da defesa; e, por último, os resultados, que compreendem a elaboração de relatórios, encaminhamentos e acompanhamento das ações corretivas e saneado- ras propostas (BRASIL, 2005). Os Auditores devem, também, constituir uma instância de mediação, concilia- ção e solução de conflitos, os quais podem surgir nas relações entre profissionais, pacientes, parentes e instituições. Além disso, a Auditoria deve ser o sistema de caráter preventivo do erro profissional e reparador deste, sem cunho de ordem penal (SANTOS; BARCELLOS, 2009). Assim, a Auditoria em serviços de Saúde deve ter como objetivos: manter o equilíbrio do sistema, possibilitando o direito à saúde para todos; garantir a qualidade dos serviços de Saúde oferecidos e prestados; e fazer cumprir os pre- ceitos legais estabelecidos pela legislação nacional, de acordo com os princípios éticos e a defesa do consumidor (MEDEIROS; ANDRADE, 2007). Deve atuar desenvolvendo seu papel nas fases de pré-auditoria, audito- ria operativa, analítica e mista; revisar, avaliar e apresentar subsídios visando o aperfeiçoamento de procedimentos administrativos, controles internos, normas, regulamentos e relações contratuais; promover o andamento justo, adequado e harmonioso dos serviços de Saúde; avaliar o desempenho dos profissionais de Saúde com relação aos aspectos éticos, técnicos e administrativos com quali- dade, eficiência e eficácia das ações de proteção e atenção à Saúde (MEDEIROS; ANDRADE, 2007). O profissional, para ser habilitado como Auditor, não deve fazer inferências, não pode ser proprietário, sócio-cotista, administrador e dirigente de entidade que preste serviço assistencial ao SUS, assim como não ter nessas condições familiares próximos. Também deve ter ficha funcional limpa, respeitar os níveis hierárquicos existentes por toda a organização e ter bom senso (BRASIL, 2008). Segundo o autor, algumas das características, competências e necessidades para o exercício da profissão em questão merecem destaque devida a importân- cia ocupada pelos mesmos. PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS E GESTÃO DOS SERVIÇOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E52 COMPORTAMENTO ÉTICO O auditor deve comprometer-se a proteger os interesses da sociedade e a respei- tar as normas de conduta que regem os servidores públicos, e no caso de Serviço Privado, as regras da Instituição. Mediante alguma situação que represente ou ofereça algum interesse confli- tante, ou possa sofrer pressões para violar princípios éticos e, de forma inadequada, obter ganho pessoal ou organizacional, é de extrema importância manter os prin- cípios instituídos. Questões relacionadas às influências ideológicas, partidárias ou situações que possam enviesar o julgamento devem ser evitadas. IMPARCIALIDADE Deve ser evitado casos em que haja conflito de interesses que possam influenciar a imparcialidade do seu trabalho, como: participar de auditorias nas situações em que o responsável auditado seja parente consanguíneo (até o terceiro grau) e amizades/inimizades que envolvam entidade com a qual tenha mantido vín- culo profissional nos últimos dois anos. Dessa forma, o Auditor deverá declarar impedimento ou suspeição nas situa- ções que possam afetar o desempenho de suas funções e agir com imparcialidade, comunicando o fato aos seus superiores. OBJETIVIDADE É de extrema importância o Auditor ser claro e objetivo, e possuir todas as evi- dências possíveis acerca das mais diversas situações. As constatações e conclusões de Auditoria devem estar sustentadas em sua totalidade pelas evidências coletadas. O Perfil do Profissional Auditor Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 53 COMPETÊNCIA E CAPACIDADE PROFISSIONAL Auditoria é um trabalho multidisciplinar e complexo. Ter conhecimento, competências e habilidades permitirão aos profissionais con- cluir a auditoria com êxito. Atuar em uma auditoria requer compreensão e experiência prá- tica acerca do tipo de auditoria que está sendo realizada, familia- ridade com as normas e a legis- lação aplicáveis, entendimento das operações da entidade audi- tada e habilidade e experiência para exercer julgamento profissional. Também, requer do auditor competência na aplicação de métodos e técnicas de auditoria e conhecimentos contábeis, financeiros, de gestão pública e, no caso de auditores do SNA, de saúde pública (BRASIL, 2005, p.15). Como você pode perceber, caro(a) aluno(a), o auditor lança mão de vários conhe- cimentos para realizar a auditoria com qualidade. DISTANCIAMENTO PROFISSIONAL Uma atitude alerta e questionadora ao avaliar a suficiência e adequação da evi- dência obtida ao longo da auditoria deve ser acompanhada de um distanciamento profissional. É necessário também que o profissional esteja aberto a todos os pontos de vista e argumentos, e ao manter opiniões, é importante que elas se sustentem em argumentos válidos de um membro da equipe ou do supervisor. PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS E
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