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AUDITORIA EM SAÚDE Professora Esp. Caroline Miguel Aver GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; AVER, Caroline Miguel. Auditoria em Saúde. Caroline Miguel Aver. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 181 p. “Graduação - EaD”. 1. Auditoria. 2. Saúde . 3. Hospitalar 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0849-4 CDD - 22 ed. 362 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard Coordenador de Conteúdo Silvio César Castro Designer Educacional Nayara Garcia Valenciano Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Fernando Henrique Mendes Qualidade Textual Alessandra Sardeto Ilustração Marta Kakitani Marcelo Goto Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Pró-Reitor de Ensino de EAD Diretoria de Graduação e Pós-graduação Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis- cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U TO R A Professora Esp. Caroline Miguel Aver Possui especialização em MBA Gestão em Saúde e Auditoria e graduação em Enfermagem. Atualmente é Diretora Geral de um Hospital e docente em uma Universidade de Maringá no Curso de Gestão Hospitalar. Tem experiência na área de Liderança de Equipe (Corpo Clínico e Multiprofissional), Gerenciamento nos Serviços da Saúde, Auditoria, Promoção e Prevenção em Saúde e Gerenciamento de Pacientes. Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir. <http://lattes.cnpq.br/1447199197756891>. SEJA BEM-VINDO(A)! Caro(a) aluno(a), para entendermos o processo da Auditoria, inicialmente será necessá- rio compreender o seu conceito e como a mesma surgiu em nosso contexto histórico e evoluiu de forma tão significativa até os dias atuais, ocupando um papel tão fundamen- tal na área da saúde. Entendida como o ato de avaliar, controlar e examinar, o berço da Auditoria se deu no ramo contábil, e não teve um marco inicial específico, embora seja possível encontrar o exercício do Auditor desde a épocas das grandes navegações marítimas, até a Revo- lução Industrial em que a expansão comercial exigia a fiscalização sobre os produtos, serviços e taxas. Se nesse contexto o papel do Auditor pode ser entendido como alguém cujo objetivo é fiscalizar e prestar contas a partir de dados observados, a Auditoria começou a ganhar espaço em diversos setores que demandam essa necessidade. Seja no Serviço Público ou no Privado, as diversas complexidades e exigências que a esfera da Saúde acarretam, bem como sua constante evolução, fizeram com que, em meados dos anos 80, fosse constituído um órgão que regulamenta e fiscaliza os serviços em Saúde. Dessa forma, foi implantado para o sistema Público o SNA (Sistema Nacional de Auditoria) e para Saúde Suplementar a ANS (Agência Nacional de Saúde). Será possível não só entender o conceito de Auditoria e como ela contribui para a me- lhoria dos Serviços de Saúde, mas também sua cronologia na saúde, e como ela é divi- dida e classificada. Na Unidade II iremos abordar o perfil e as competências que o profissional auditor deve apresentar, uma vez que estes ocupam um papel fundamental nesse processo. Os auditores respondem não só perante a administração da organização a que prestam serviço, mas também perante os usuários e todos os processos e resultados que estão envolvidos, motivo pelo qual esse profissional deve ter independência, imparcialidade, conhecimento técnico, capacidade profissional, atualização dos conhecimentos técni- cos, cautela, zelo profissional, comportamento ético, sigilo e discrição. Perfis dos profissionais atuantes como médicos, enfermeiros, dentista, farmacêuticos e biomédicos, assim como os deveres regidos pela regulamentação de cada conselhomediante ao profissional auditor, terão uma abordagem diferenciada, a fim de que pos- samos explanar melhor acerca de cada área. Na Unidade III entraremos no processo da auditoria, com ênfase para auditoria de en- fermagem, tanto a forma que esta funciona no setor público, como no setor privado, porém, em ambos os casos o resultado contribui para a promoção e manutenção da saúde do usuário. Nem sempre será necessária apenas reduzir gastos e evitar prejuízos financeiros, mas tam- bém para proporcionar uma gestão eficiente com excelência na qualidade dos serviços prestados ao menor custo possível, fato este que justifica a importância desse módulo. APRESENTAÇÃO AUDITORIA EM SAÚDE Será possível observar que a Auditoria de Enfermagem do SUS implica em diversas fases etapas que resultam em uma sequência de diagnóstico, preparação, implanta- ção e resultado de uma situação. Já na esfera das Operadoras de Saúde, será enfocado os três tipos de auditoria: pré, concorrente e de contas médicas, responsáveis desde a liberação ou não de uma guia, passando pelo internamento hospitalar, até a revisão das contas hospitalares. Na Unidade IV trataremos sobre os custos e as ferramentas utilizadas na auditoria, já que o gerenciamento de custos mostra a importância para os planos de saúde e sistema público como uma forma de otimização de recursos. Diversas tabelas e sistemas serão apresentadas a vocês, a fim de que a familiarização ocorra de forma proveitosa e efetiva. Nesse contexto, será abordado o processo de faturamento a fim de reconhecer sua importância no processo, assim como o im- pacto das glosas hospitalares. Sabe-se que a análise de dados e processos resulta em um indicador fundamental: o bom ou não funcionamento do serviço e para isso o diagnóstico do serviço por meio de relatórios é fundamental, por isso analisaremos um modelo. A área da assistência à saúde tem sido marcada por uma crescente preocupação com o estímulo ao uso e efetiva utilização de práticas endossadas pelo conheci- mento científico corrente, por isso a Unidade V será dedicada aos indicadores em saúde, fluxos e modelos de relatórios de gestão, além dos dados e informações que os norteiam. APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE 15 Introdução 16 Conceito da Auditoria 18 Evolução da Auditoria em Saúde 20 Auditoria nos Serviços de Saúde Público e Privado 30 Classificação e Finalidade da Auditoria 34 Auditoria Hospitalar 37 Considerações Finais 43 Referências 46 Gabarito UNIDADE II PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS E GESTÃO DOS SERVIÇOS 49 Introdução 50 O Perfil do Profissional Auditor 56 Funções Pertinentes ao Auditor 57 Médico Auditor 59 A Enfermeira Auditora 61 Hospital 64 Demais Profissionais e sua Importância SUMÁRIO 10 69 Considerações Finais 75 Referências 77 Gabarito UNIDADE III AUDITORIA DE ENFERMAGEM 81 Introdução 82 Processo De Auditoria De Enfermagem 93 Classificação da Auditoria: um Foco no Setor Privado 101 Prontuário do Paciente e o Impacto das Anotações de Enfermagem 106 Considerações Finais 113 Referências 115 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE IV AUDITORIA DE CUSTOS EM SAÚDE 119 Introdução 120 Ferramentas de Trabalho Para Auditoria 130 Faturamento Hospitalar 132 Glosa Hospitalar 139 Considerações Finais 145 Referências 146 Gabarito UNIDADE V AUDITORIA QUANTO À ASSISTÊNCIA E QUALIDADE EM SAÚDE 149 Introdução 150 Fluxo dos Processos dos Serviços de Saúde 156 Indicadores de Serviços de Saúde 161 Relatórios de Supervisão de Serviços de Saúde 165 Qualidade da Assistência 168 Qualidade da Assistência em Saúde 172 Considerações Finais 180 Gabarito 181 Conclusão U N ID A D E I Professora Esp. Caroline Miguel Aver INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Objetivos de Aprendizagem ■ Demonstrar a evolução da Auditoria no Setor da Saúde. ■ Descrever o Processo da Auditoria no Setor Público e Privado. ■ Citar os tipos de Auditoria existentes, identificando as suas características. ■ Identificar o processo da Auditoria no ambiente hospitalar, assim como a importância que o mesmo ocupa em todos os setores relacionados. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Conceito da Auditoria ■ Evolução da Auditoria em Saúde ■ Auditoria nos Serviços de Saúde Público e Privado ■ Tipos de Auditoria ■ Auditoria Hospitalar INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), para entendermos o processo da Auditoria, inicialmente será necessário compreender o seu conceito e como a mesma surgiu em nosso con- texto histórico e evoluiu de forma tão significativa até os dias atuais, ocupando um papel tão fundamental na área da Saúde. Dessa forma, o conceito da Auditoria pode ser entendida como o ato de avaliar, controlar e avaliar, sendo esse um processo amplo e aplicado nas mais diversas áreas que exijam um maior controle e planejamento. Nesta unidade iremos entender a origem desse processo, ainda na área con- tábil e a forma que a auditoria evoluiu ao longo das décadas, chegando até o que representa atualmente. Aplicada à área da Saúde, a auditoria, como será visto a seguir, é uma fer- ramenta importante para a mensuração da qualidade e custos das instituições de saúde, sendo uma forma de avaliação sistemática e formal de uma atividade que busca fiscalizar, controlar, avaliar, regular e otimizar a utilização dos recur- sos, físicos e humanos. Tanto na saúde pública quanto na privada, será possível entender a particu- laridade desse processos em cada setor e como a mesma foi evoluindo na história, principalmente a partir dos anos 80 e 90, onde se constitui a regulamentação de sistema de regulação da Auditoria. Atualmente, diversas instituições encontram-se em crescimento e exigem uma maior qualidade do serviço prestado e buscam a otimização de custos. Dessa forma a Auditoria vem ganhando espaço e importância Ao final desta unidade, entenderemos como o conceito de Auditoria e como a mesma contribui para a melhoria dos Serviços de Saúde, além de seu início e importância do Setor Privado e Público, e como a mesma é dividida e entendida dentro do contexto em Saúde, chegando no principal foco sobre a compreen- são da Auditoria Hospitalar. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 CONCEITO DA AUDITORIA A palavra auditoria origina-se do latim audire que signifi ca ouvir, já no termo inglês audit, ela ganha o sentido de examinar, corrigir e certifi car. Na área da saúde, segundo Siqueira (2004) é uma prática usada para avaliação e controle das ações que refl etem na qualidade da assistência prestada ao cliente, na efi ci- ência das ações e nos resultados obtidos. Conceitualmente vários autores descrevem a Auditoria; na área contábil, Sá (1977, p. 207) a defi ne como “o exame de demonstrações e registros admi- nistrativos. O auditor observa a exatidão, integridade e autenticidade de tais demonstrações, registros e documentos.” Já Ferreira (1986) defi ne auditoria como “exame analítico e pericial que segue o desenvolvimento das operações contábeis, desde o início até o balanço”. O mesmo autor se refere à auditoria como sendo “cargo de auditor” e/ou “lugar onde este exerce suas funções”. NA ÁREA DE SAÚDE Na área de saúde, a auditoria está praticamente em fase inicial e já conta com algumas defi nições consagradas. É considerada um instrumento de adminis- tração utilizado na avaliação da qualidade do cuidado; é a comparação entre a assistência prestada e os padrões de assistência considerados aceitáveis. Conceito da Auditoria Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 de fe ve re iro d e 19 98 . 17 Especificamente, no campo da enfermagem, Sá (1977, p. 207) define audito- ria como “exame oficial dos registros de enfermagem com o objetivo de avaliar, verificar, e melhorar a assistência de enfermagem”. Atualmente, diversas instituições se encontram em crescimento e exigem a maior qualidade do serviço prestado e buscam a otimização de custos. Dessa forma, a Auditoria vem ganhando espaço e importância nas mais diversas áreas e sistemas que buscam o exercício de examinar e certificar determinado dado ou processo, além da garantia na qualidade do serviço. Ainda de acordo com Siqueira (2004), não há marco inicial definido acerca do surgimento da Auditoria, mas o interessante é que podemos identificar em diversos momentos e fases do contexto histórico esse processo sendo empregado nas mais diversas funções e atribuições. Nos módulos de estudo trataremos da Auditoria na Saúde, mas inicialmente o seu berço foi na área de contabilidade, e segundo Attie (2006, p. 25), ela seria uma especialização unicamente contábil voltada a testar a eficiência e a eficá- cia do controle patrimonial implantado com o objetivo de expressar a opinião sobre determinado dado. E o fato do autor a considerar dessa forma, é que em meados do século XIII esse processo era executado por associações profissionais na Europa, como os Conselhos Londrinos e o Tribunal de Contas em Paris, com objetivo da fiscaliza- ção e prestação de contas a fim de averiguar a fidedignidade de alguns números e dados (O’REILLY, 1990, p. 626). No final do século XV, esse processo estava presente nas expedições marí- timas financiadas pelos reis, príncipes, empresários e banqueiros que criaram a necessidade de prestação de contas da receita e dos gastos das expedições às Américas, Índias e Ásia (DUARTE, 2010). Mas foi com a Revolução Industrial, marco representativo que ocorreu na Inglaterra, que o termo Auditoria foi entendido pelos ingleses como a designa- ção de ações relacionadas aos registros contábeis, análise de fraudes e controle de custos (ARAÚJO, 2001). Tal fato, segunda Souza et al. (2010), deve-se ao surgimento das grandes empresas, das necessidades por parte dos investidores de acompanhamento do capital e da taxação do imposto de renda com base no lucro. INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 A história do termo auditoria permite concluir que toda a pessoa que pos- suía a função de verificar a legitimidade dos fatos econômicos – financeiros, prestando contas a um superior – poderia ser considerado auditor. No Brasil não foi diferente, e a evolução da profissão se deveu à presença cada vez maior da ação de países estrangeiros que precisavam de informações fidedignas sobre seus tesouros e riquezas adquiridas no Brasil. Assim, enviavam auditores com o objetivo de verificar a veracidade dos dados emitidos. Como foi visto, a Auditoria ganhou um sentido muito mais abrangente, em que, além da área da contabilidade, diversos profissionais desempenham fun- ções e ações nos mais diferentes setores. EVOLUÇÃO DA AUDITORIA EM SAÚDE Sendo a Auditoria o ato de avaliar, controlar e analisar o setor da Saúde, ela é considerada um processo efetivo e de grande importância para o sistema. De acordo com Brasil (2001), o enfoque passou a ser não apenas contábil, mas em uma linha também administrativa, que tinha como objetivo avaliar a eficácia e a efetividade da aplicação dos controles internos. A análise da literatura sobre a avaliação de serviços de saúde demonstra que sempre existiram mecanismos de avaliação da qualidade da prática Evolução da Auditoria em Saúde Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 médica e dos serviços de saúde, caracterizados pela formação tanto da opinião pública quanto dos conselhos corporativos (REIS et al., 1990). De acordo com autor, diversos estudos demonstraram a importância em se ter um processo fiscalizador na Saúde em que a qualidade fosse mensurada e dados fossem controlados, como foi o relatório Flexner e o estudo de Codman, publi- cado em 1916. Estes trazem propostas semelhantes de metodologia da avaliação rotineira do estado de saúde dos doentes, para estabelecer os resultados finais das intervenções médicas no âmbito hospitalar, contando índices de sucessos e insucessos. Com isso, diversos órgãos foram criados com objetivo de avaliar as con- dições que os serviços de saúde dispunham acerca da qualidade do serviço. O California Administrative Code desenvolveu o Minimum Standard for Hospitals, relacionando requisitos mínimos para a realização de avaliações hospitalares (FONSECA et al., 2005, p. 54). Na primeira análise identificou-se que dos 800 hospitais fiscalizados que possuíam mais de 100 leitos, menos de 135 deles apresentava um nível de qua- lidade razoável. Outro fator importante a se considerar foram os crescentes custos da aten- ção médica, em especial nos países centrais. Na Inglaterra, por exemplo, ocorreu uma alta demanda por serviços de saúde, como consultas médicas, exames sub- sidiários e medicação. Dada a limitação de recursos utilizados para o custeio, buscou-se otimizar sua aplicação, surgindo preocupações com estudos da eficácia e eficiência dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos (REIS et al., 1990). Com todos os programas, estudos e custos em evidência a Auditoria em Saúde ganhou seu lugar e, segundo Paim (2007), pode ser considerada como uma avaliação sistemática da qualidade da assistência ao cliente. De acordo com Lima e Erdmann (2006, p. 271), a auditoria trata-se de um método de avaliação voluntário, periódico e reservado, dos recursos institucio- nais de cada hospital para garantir a qualidade da assistência por meio de padrões previamente definidos. Vale ressaltar que ela não deve ser vista como um mero instrumento fiscalizador, sendo muito mais abrangente. INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 Cria e implanta normas que permitem o contínuo aperfeiçoamento do sistema Determina parâmetros nos setores de contas médicas e hospitalares Funciona como uma ferramenta na diminuição dos custos, sem redução da qualidade do atendimento. Figura 1- Atribuições e importância do processo da Auditoria Fonte: a autora. AUDITORIA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE PÚBLICO E PRIVADO No final do anos 70 o Brasil passou por uma grave crise financeira na área econômica, e pro- curava se consolidar dentro de um processo de expansão da cobertura assistencial em Saúde (CALEMAN; SANCHES; MOREIRA, 1998). De acordo com o autor, nessa mesma época, inicia o Movimento da Reforma Sanitária Brasileira que objetiva, basicamente, a construção de uma nova política de saúde efetivamente democrática, considerando a des- centralização, universalização e unificação como elementos essenciais para a reforma do setor. Auditoria nos Serviços de Saúde Público e Privado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 Obviamente que todas essas transformações estavam ocorrendo, mas o Sistema de Saúde precisava funcionar, e como era seu funcionamento? Como os serviços eram pagos se não havia regulamentação vigente acerca disto? Nessa época, as atividades de análise e fiscalização ligadas ao serviços hospita- lares eram realizadas pelos supervisores do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) por meio de apurações em prontuários de pacientes (SIQUEIRA, 2004). Em 1978 é criada a Secretaria de Assistência Médica, subordinada ao Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social - INAMPS. Depois, vê-se a necessidade de reorganizar esses setores, então, é instituídaa Coordenadoria de Controle e Avaliação nas capitais, e o Serviço de Medicina Social nos municípios. Na nova Constituição Federal (BRASIL,1988) foi originado o Sistema Único de Saúde (SUS), determinando que “a saúde é direito de todos e dever do Estado”. Por meio do quadro a seguir é possível ver as formas de controle da Gestão pública. Quadro 1 - Formas de controle da Gestão Co nt ro le So ci al Co nt ro le Es ta ta l É a integração da sociedade com a administração pública, com a �nalidade de solucionar problemas e as de�ciências sociais com mais e�ciência. É um instrumento democrático, com a participação dos cidadãos no exercício do poder, colocando a vontade social como fator de avaliação para a criação de metas a serem alcançadas no âmbito de algumas políticas públicas. A ser executado por órgãos do governo, que podem ser subdivididos em órgãos de Controle Externo e órgãos de Controle Interno. Fonte: Brasil (2011a, p. 5). Para o melhor entendimento acerca do Controle Estatal, podemos detalhar com maior precisão a função e importância do controle interno e externo, responsá- vel por fiscalizar as ações públicas. INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 Controle Externo - É realizado por órgãos externos, que fiscalizam as ações da administração pública e seu funcionamento. Tem o controle parlamentar direto, pelo Poder Legislativo, o controle pelos tribunais de contas e por fim o controle jurisdicional, sendo os órgãos: Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado, Tribunal de Contas do Município, Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual. Controle Interno - É aquele em que o Poder Público fiscaliza suas pró- prias ações, objetivando assegurar a execução destas dentro dos prin- cípios básicos da administração pública. Compreende as atividades de avaliação do cumprimento das metas, da execução dos programas de governo e dos orçamentos da União e de avaliação da gestão dos ad- ministradores públicos, utilizando, como instrumento, a auditoria e a fiscalização (BRASIL, 2011a, p. 5). No entanto, um serviço de saúde sendo constituído com essas premissas nessa fase econômica do país, trouxe consigo um conjunto de fatores, como problemas ligados ao financiamento, ao clientelismo, à mudança do padrão epidemiológico e demográfico da população que se constituíam em obstáculos expressivos para avanços maiores e mais consistentes para a saúde (BRASIL, 2005). Diante de tais fatos, surgiu a grande necessidade de um sistema de informa- ções que permitisse ao Estado exercer seu papel regulatório buscando o controle das informações e dados, além do desenhos de estratégias para superar o desa- fio da transformação a ser realizada no setor da saúde. Foi então identificado dentro do Controle Interno com a Lei 8.689, de 1993, no artigo 6º, que o Sistema Nacional de Auditoria extinguiu o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social, e conduziu à reestruturação do setor da Saúde, levando a criação do SNA (Sistema Nacional de Auditoria), o qual prevê, de acordo com Brasil (2008, p. 4), que o SNA exercerá as atividades de controle da execução para verificar a sua conformidade com os padrões estabelecidos ou detectar situações que exijam maior aprofundamento, avaliação da estrutura, dos proces- sos aplicados e dos resultados alcançados, para aferir sua adequação aos critérios e parâmetros exigidos e a auditoria da regularidade dos procedimentos praticados mediante exame analítico e pericial. Auditoria nos Serviços de Saúde Público e Privado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 Dessa forma, institui-se um Sistema capaz de coordenar todo o processo da Auditoria em Saúde nas três esferas, norteando todas as ações e indicadores. Figura 1 - Atribuição do Sistema Nacional de Auditoria e sua regulação (SNA) Fonte: Brasil (2011a, p. 5). De acordo com o autor, a Auditoria do SUS constitui-se na avaliação da gestão pública da saúde, sendo responsável por fi scalizar as ações, processos, informação, comunicação em saúde e aplicação dos recursos públicos, por meio de compa- ração entre o que está sendo feito e os critérios técnicos, operacionais e legais. Conforme Brasília (2011, p.6) esse processo desempenha um papel ainda mais importante no combate: a) Ao desperdício dos recursos públicos; b) Na avaliação do desempenho dos seus agentes; c) Na observação das ações, dos cuidado, dos indicadores de saúde, per- mitindo a transparência e garantindo as informações e as prestações de contas à sociedade. Auditoria é vista como um meio para que o SNA possa ampliar o diálogo com as políticas públicas de modo a gerar melhoria dos indicadores epidemiológicos e de bem-estar social, e no acesso e na humanização dos serviços (BRASIL, 2011a). Esses processos ligados aos processos do Sistema Nacional de Auditoria do SUS (SNA) formam a estrutura descentralizada, sendo suas aç ões desenvolvidas em três instâncias de gestão: Ministério da Saúde (por meio do DENASUS); Secretarias Estaduais de Saúde; e Secretarias Municipais de Saúde (BRASIL, 2015, p. 12). INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 Nesse contexto, é possível verificar as finalidades da auditoria do SUS por meio do quadro a seguir. Quadro 2 - Finalidades da Auditoria do SUS Finalidades da auditoria do SUS Aferir a observância dos padrões estabe- lecidos de qualidade, quantidade, custos e gastos da atenção à saúde. Avaliar os elementos componentes dos processos da instituição, serviço ou sistema auditado, objetivando a melho- ria dos procedimentos, por meio da detecção de desvios dos padrões estabelecidos; Avaliar a qualidade, a propriedade e a efetividade dos serviços de saúde prestados à população; Produzir informações para subsidiar o planejamento das ações que contribuam para o aperfeiçoamento do SUS. Fonte: BRASIL (2015, on-line). Sendo a auditoria o processo que relaciona diversas instâncias e prevê o controle, regulação e vigilância em saúde, o Artigo 5º da Constituição Federal brasileira, assegura a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da ima- gem das pessoas, como garantia para todos os brasileiros (BRASIL, 2011, p. 13). Portanto, ainda de acordo com o autor, os auditores estão triplamente obri- gados pela Constituição Federal, pelo Código de Ética do Servidor Público e pelo Auditoria nos Serviços de Saúde Público e Privado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 código de ética de sua categoria profissional, a manter o sigilo e a privacidade do que vierem a constatar ou observar. Também são parâmetros fundamentais: ■ sigilo; ■ evitar atos de imperícia, imprudência ou negligência; ■ responsabilidade pelo ato profissional; ■ consentimento prévio do paciente; ■ elaboração do prontuário do paciente; ■ manuseio de prontuário; ■ informações do quadro clínico ao paciente. Como já fora exposto até o momento, a auditoria do SUS difere em alguns pro- cessos em relação ao sistema privado, em ambos daremos ênfase, porém sempre aprofundando ao longo de nossos módulos na Auditoria Hospitalar. 26 ESTUDO DE CASO 1 Esse estudo de caso retrata a visão acerca dos profissionais no que tange à Auditoria. Concursadas públicas, cerca de cinco enfermeiras com experiência na área assisten- cial em saúde pública afirmam que o trabalho da enfermeira Auditoria é verificar a eficácia e eficiência dos serviços. Entende-se que a prática exercida na auditoria do SUS se aproxima mais das carac- terísticas de controle, e que o ato de verificar a aplicação de recursos contribui para o melhorplanejamento das ações em saúde pública e para a progressiva melhoria da qualidade destes serviços. As enfermeiras identificam que o seu trabalho é dinâmico e diversificado e que atu- am nos três tipos de auditoria desenvolvidos. Na Auditoria de gestão de sistemas municipais de saúde desenvolvem a análise da gestão em saúde, da atenção básica aos procedimentos de alta complexidade. Consideram que esta é a atividade mais complexa e que requer um maior tempo de execução. Na Auditoria, para apuração de denúncias, as enfermeiras analisam documentos e colhem os depoimentos do denunciante e do denunciado para que possam chegar ou não a uma conclusão de procedência do caso. Auditoria nos Serviços de Saúde Público e Privado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 AUDITORIA NO SERVIÇO PRIVADO Na época em que o Brasil vivia uma situação de inflação, os reajustes mensais de preços eram presentes, os planos de saúde deixaram de ganhar com as aplicações financeiras e passaram a focalizar sua atenção em economizar na assistência à saúde (JUNQUEIRA, 2001). Sob esta perspectiva, essas empresas começaram a auditar contas médicas e hospitalares, objetivando a redução do custo assistencial, sendo atuantes princi- palmente da liberação de internações e cirurgias que envolvem órteses e próteses (PRISZKULNIK, 2008). Obviamente que a repercussão foi negativa perante a opinião pública, e o setor de saúde passou a ser alvo de preocupação dos agentes públicos, perce- bendo a necessidade de intervenção estatal sobre a atuação das operadoras de planos de saúde (GOUVEIA, 2004; JUNQUEIRA, 2001). Um movimento institucional importante foi a elaboração do Código de Defesa do Consumidor, em 1990, que deu origem ao Programa Estadual de Defesa do Consumidor (Procon), devido ao volume relevante de queixas de consumido- res em relação aos planos de saúde (SANTOS, 2006). Esses fatos culminaram com a aprovação da lei nº 9.656 (BRASIL, 1998) que estabeleceu as normas de regulação para os planos e seguros privados de assis- tência à saúde, e a lei nº 9.961 (BRASIL, 2000) que criou a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para regular uma atividade privada complexa, inse- rida em um setor essencial, a saúde. A Constituição Federal garantiu o direito do exercício privado da pres- tação de serviços na área da saúde, e também definiu a saúde como um bem público, afirmando que o Estado tem um papel importante em estabelecer regras e em regular o setor. A legislação que se seguiu ao processo constituinte recolocou os temas do controle, avaliação, au- ditoria e regulação, que aparecem como constitutivos no processo de definição do arcabouço legal da saúde (SANTOS, 2006). INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 A partir de então, segundo o autor, a regulação de planos e seguros de saúde passou a ser uma atividade do Governo Federal, que por meio de leis e resolu- ções busca melhorar a qualidade dos contratos, corrigindo as falhas de mercado, contribuindo para que as empresas se sustentem e gerem incentivos que bene- ficiem os consumidores. As organizações que formam o setor de saúde suplementar tiveram de se adequar e cumprir a regulamentação estabelecida. Ademais, para manter posi- ção competitiva no mercado, precisaram se reorganizar e reestruturar, passando por uma série de transformações que permitem sua adaptação aos novos pro- cessos de trabalho (MOTTA; LEÃO; ZAGATTO, 2005). Propostas essas que englobam o ressarcimento ao Serviço Público, registro das operadoras, comprovação de solvência e proibição do monopólio das ativi- dades. As organizações que formam o setor de saúde suplementar tiveram de se adequar e cumprir a regulamentação estabelecida. Ao fornecer conhecimentos sobre o verdadeiro estado da organização, a Auditoria tornou-se ferramenta facilitadora e transformadora, evoluindo de um instrumento fiscalizador para promover a contenção de custos. Agora já não mais auditando prontuários internos no Hospital, a organização consegue atingir os seus objetivos internos de custos, produtividade, qualidade e satisfa- ção dos clientes. Embora ainda haja inúmeros conflitos no processo, a qualificação é um ponto de interesse de todos os setores que integram o Sistema de Saúde. Focada nessa nova perspectiva, a regulação da ANS passou a dar ênfase à qualificação de todos os envolvidos no processo, como operadoras, prestadores de serviços, beneficiários e órgão regulador, direcionando os mesmos. Dessa forma, ANS conduz a transformação dos planos de saúde em gesto- res de saúde, os prestadores de serviços em produtores de cuidado de saúde, os beneficiários em usuários com consciência sanitária e o próprio órgão regula- dor qualificando-se para corresponder à tarefa de ajustar o setor cujo objetivo é produzir saúde (BRASIL, 2007). Obviamente que processos tão complexos exigem a equipe qualificada e competente com perfil e características inerentes ao Serviço. Em relação à Auditoria na Saúde Suplementar e onde ela mesma é aplicada, Auditoria nos Serviços de Saúde Público e Privado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 temos alguns itens importantes a serem indicados. Para tanto, Motta et al. (2005) afirma que a auditoria pode efetivamente ■ participar de negociações contratuais; ■ realizar a análise e pré-análise do prontuário e feedback para o grupo assistencial; ■ auditar junto o faturamento da instituição hospitalar e operadora de saúde suplementar; ■ atuar nos serviços de credenciamento de terceirizados com realização de vistoria técnica, serviços de autorização prévia de procedimento solicitado; ■ atuar nos serviços de revisão de contas médicas e na coordenação e orien- tação dos auxiliares de revisão de contas. 1987 Reforma Sanitária 1988 Constitui- ção 1988 1990 Criação SUS 1991 Código Defesa do Consumi- dor (CDC) 1994 Plano Real 1998 Lei 9.656/ 98 2000 Criação da ANS (Lei 9.661) 2001 Novo Código Civil 2003 Estatuto do Idoso Figura 2 - Breve histórico do Sistema de Saúde Fonte: Paz; Leon ([2017],on-line)1. INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 Para todas essas funções e locais, é importante entendermos a classificação e tipo de auditoria existentes, como vimos na figura apresentada. CLASSIFICAÇÃO E FINALIDADE DA AUDITORIA Até o momento foi discutido o conceito e evolução da Auditoria. Entretanto, um processo tão complexo que abrange inúmeras áreas exige uma série de etapas e classificações que garantem a efetividade do resultado. É importante ressaltar que o processo da Auditoria do SUS e das Operadoras de Saúde diferem, assim como os órgãos que as regulamentam. Ao longo desta ANS disponibiliza em seu link todas as informações pertinentes à regulação de planos de Saúde e de coberturas vigentes nas quais a auditoria se baseia. Para saber mais informações sobre legislação, plano e operadores, acesse o link disponível em: <http://www.ans.gov.br/>. Fonte: a autora. Classificação e Finalidade da Auditoria Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 Unidade ambas serão retratadas, porém a ênfase será dada na Auditoria Hospitalar direcionada às Operadoras. De qualquer forma, ambos os processos designam a Auditoria como sendo a verificação de processos e do resultado da prestação de serviços de acordo com as legislações vigentes. Auditar, ainda, significa emitir a opinião conclusiva sobre dada situação, ou seja, o objetivo de uma Auditoria é sempre verificar em que medida uma situação seencontra segundo algum critério estabelecido nas leis, normas, ou princípios (BRASIL, 2015). As Normas de Auditoria do TCU definem auditoria nestes termos: Auditoria é o processo sistemático, documentado e independente de se avaliar objetivamente uma situação ou condição para determinar a extensão na qual critérios são atendidos, obter evidências quanto a esse atendimento e relatar os resultados dessa avaliação a um destinatário predeterminado (BRASIL, 2011b). Brasil (2005b, p. 89) retrata que essa classificação varia de acordo com a fina- lidade do processo, podendo ser feita de acordo com a execução (analítica ou operativa); o método (prospectiva, concorrente ou retrospectiva); a forma de intervenção (interna ou externa); o tempo (contínua ou periódica); e a natureza (regular ou especial). Sobre a forma de execução, esta pode ser classificada em analítica e opera- tiva. A primeira consiste na análise de relatórios, processos e documentos com a finalidade de subsidiar a verificação in loco. Enquanto isso, a Auditoria operativa consiste na verificação in loco do aten- dimento aos requisitos legais/normativos, que regulam os sistemas e atividades relativas à área da saúde, por meio do exame direto dos fatos, documentos e situações, para determinar a adequação, a conformidade, economicidade, lega- lidade, legitimidade, eficiência, eficácia e efetividade dos processos para alcançar os objetivos propostos (BRASIL, 2011b). Em relação ao método, a classificação pode ser em prospectiva, concorrente ou retrospectiva, sendo utilizada tanto pelo SUS como para as operadoras de Saúde. Motta (2004) define a Auditoria prospectiva ou pré-auditoria como a ava- liação dos procedimentos médicos antes de sua realização. O exemplo disso é a emissão de um parecer, pela operadora de plano de saúde sobre um determi- nado tratamento ou procedimento. INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 Segundo BRASIL (2005b, p. 89), a Auditoria concorrente ou pró-ativa é a análise ligada ao evento no qual o cliente está envolvido durante o atendimento. Nessa situação, pode-se citar a ida de um auditor em um hospital durante o inter- namento para verificar as condições acerca do serviço prestado. Auditoria de contas hospitalares ou retrospectiva ou revisão de contas: con- siste na análise pericial dos procedimentos médicos realizados, com ou sem a análise do prontuário médico, após a alta do paciente. De acordo com a forma de intervenção, esta pode ser classificada em interna e externa. Quadro 2 - Comparativo entre Auditoria Interna e Externa Elementos Auditoria Externa Auditoria Interna Sujeito Pro�ssional Independente Auditor interno (funcionário da empresa) Grau de independência Mais amplo Menos amplo Responsabilidade Pro�ssional, civil e criminal Trabalhista Interessados no trabalho A empresa e o público em geral A empresa Intensidade dos trabalhos em cada área Menor Maior Ação e objetivo Exame das demonstra- ções �nanceiras Exame dos controles operacionais Finalidade Opinar sobre as demons- trações �nanceiras Promover melhorias nos controles operacionais Relatório principal Parecer Recomendações de controle interno e e�ciência administrativa Número de áreas cobertas pelo exame durante um período Maior Menor Fonte: Crepaldi (2004, p. 50). A Auditoria interna é realizada por elementos da própria instituição, devidamente informados e treinados, que tem como função examinar os controles e avaliar a eficiência e eficácia da gestão. Essa área da Auditoria tem por finalidade promo- ver melhoria nos controles operacionais e na gestão de recursos. A Auditoria externa ou independente é realizada por profissionais que não pertencem à instituição, contratados especificamente para a auditoria para veri- ficar as atividades e resultados de uma determinada organização ou sistema. 33 ESTUDO DE CASO 2 Uma equipe de Auditoria é contratada para executar alguns processos dentro de um Hospital Privado pelo próprio grupo. O seu quadro funcional é composto por trinta profissionais, dentre eles médicos, enfermeiras e administrador, além de pes- soal de apoio. Identifica-se a divisão técnica do trabalho, com os profissionais médicos assumindo as visitas aos usuários internados, e as enfermeiras são responsáveis pela análise contábil, por meio da conferência dos registros nos prontuários e das cobranças nas contas hospitalares. Ao questionar sobre o real propósito e função das enfermeiras estas demonstram que sua prática é exercer um papel fiscalizador sobre as cobranças realizadas pelos prestadores de serviços de saúde, a fim de identificar excessos e reduzir os valores finais a serem pagos. Os discursos das enfermeiras revelam as dificuldades que elas têm em expressar objetivamente esta finalidade de sua prática, mas quando o fazem tentam justificar a importância da análise contábil-financeira, dado que são altos os custos dos ser- viços de saúde. Na descrição das atividades das enfermeiras não se encontra qualquer elemento que indicasse uma preocupação ou intervenção direta com as necessidades especí- ficas dos usuários, o que reforça a interpretação de que o foco desta prática é a aná- lise de contas, desenvolvida para garantir o cumprimento dos acordos e contratos estabelecidos entre hospitais e operadoras de planos de saúde. Assim, o esperado pela empresa é que a equipe de Auditores (médicos e enfermei- ras) contribua com a redução dos custos com o atendimento aos usuários dos ser- viços de saúde. Ao estudar os tipos de auditoria, podemos concluir que trata-se de uma Auditoria externa exercendo também o serviço de Auditoria retrospectiva ou revisão de con- tas hospitalares, caracterizada como um trabalho mecânico e rotineiro, em que a principal atividade é a análise de contas hospitalares e registros nos prontuários. INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 Esse estudo de caso, caro(a) aluno(a), o(a) ajudará a compreender melhor, na prática, acerca da auditoria externa. AUDITORIA HOSPITALAR Em instituições hospitalares, as habilidades e a força de trabalho, a complexa estrutura que os compõem, a natureza dos serviços delicados e as patologias dos pacientes críticos, as caracterizam efetivamente como de difícil gestão e controle da qualidade, dos custos e do trabalho. Segundo Catelli (2001), a gestão hospitalar contempla um vasto processo de decisão, baseado no conjunto de conceitos, princípios, leis e regras, que visa garantir a consecução da missão da empresa. Nesse propósito, ter uma gestão bem estruturada e formalizada, capaz de viabilizar o conjunto de diretrizes estratégicas existentes é uma premissa básica, pois compreende um conjunto de procedimentos, organizando-se no planeja- mento e fiscalizando-se no controle das operações. Outros fatores externos também interferem na gestão hospitalar, como a contenção de custos daqueles que financiam o sistema, a busca de atendimento de alta qualidade pelos consumidores, a competitividade de outros prestadores de serviços, entre outros (BITTAR, 1996). Imagine você que todos esses fatores estão ocorrendo de forma simultânea, junto à alta complexidade de gravidade de pacientes e diversos custos e opera- doras atuando dentro de cobranças ou negativas. Assim, a gestão hospitalar, sem dúvida, exige uma série de planejamento e ações que contribuam para o bom funcionamento do sistema, não é mesmo? Obviamente que o esforço está cada vez maior para criação de mecanismos de controle eficientes, para salvaguardar os resultados financeiros das institui- ções e assegurar o atendimento de qualidade aos pacientes e familiares. De acordo com o autor, desempenhando papel vital nos negócios, no governo, Auditoria Hospitalar Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go Pen al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 na economia em geral e na Saúde Suplementar, investidores e analistas finan- ceiros consideram valioso o trabalho dos profissionais que atuam em Auditoria Hospitalar. Estudaremos nos próximos módulos cada item e cada questão pertinentes a esse assunto, mas aqui cabe o breve resumo da grandiosidade e complexidade que a Instituição Hospitalar pode desempenhar junto à Auditoria. Vamos a um exemplo em termos de Auditoria hospitalar, a complexidade desse ambiente de saúde e de seus referidos pacientes, exigem um processo tanto aplicado a Auditoria interna como a externa, a atuação da auditoria prospectiva, concorrente e retrospectiva. Além de profissionais que tenham conhecimento técnico-científico, poten- cializando-se, ainda mais, com a complexidade dos procedimentos e exames realizados e que interferem diretamente na conta hospitalar a ser auditada. Vamos entender essas questões por meio de um estudo de caso? O hospital X atende paciente do SUS e de planos privados, e ao prestar atendimentos, deverá estar a par de todas as regulações e regimentos desses sis- temas. Isso ocorre porque, ao dar alta para um paciente, todos os seus dados como prontuários, entre outros documentos, serão a evidência de que o inter- namento ocorreu e tudo o que se utilizou será identificado para faturamento da conta hospitalar. A Auditoria interna, composta por profissionais da Instituição, deverá rea- lizar um levantamento prévio dessas evidências e coletar todas as informações necessárias para o envio completo a uma auditoria de uma Operadora de Saúde. Assim, a Auditoria Externa fará a conferência, e mediante evidências, INTRODUÇÃO À AUDITORIA EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 conforme contratualização, fará o faturamento dessa conta hospitalar. (Posto avançado de faturamento - Auditoria); (Gastos efetuados pelo paciente não cobertos pelo plano, ou consumo efetua- dos por familiares) Figura 4 - Etapas e processos da Auditoria Fonte: Nunes, ([2017]on-line). Conforme a figura acima, é possível observar que são diversas as etapas e pro- cessos que contemplam o serviço da Auditoria. Ela envolve desde a liberação de uma guia para internação até a alta do paciente. Imagine retirar se não houvesse esse mecanismo para evidenciar a utiliza- ção de recursos e custos, o sistema seria desorganizado e, possivelmente, contaria com muitas fraudes. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como foi visto, a Auditoria em saúde, seja pública ou privada, é um dos instru- mentos de controle e se constitui na avaliação da gestão de saúde. Esse recurso foi utilizado inicialmente na área contábil, começou a se expandir em diversas esfe- ras, chegando na saúde sem um marco inicial específico, mas desempenhando papel fundamental de fiscalização, análise de informações de prontuários, dados de serviços, entre outros. Tal foi sua importância, que foi regulamentada pelo Decreto nº 1.651/95, e por meio da Lei nº 8.080 foi possível prever a criação do Sistema Nacional de Auditoria, que estabeleceu as instâncias de gestão do SUS de acompanhar, con- trolar e avaliar as ações e serviços de saúde, proporcionando grande avanços em relação ao custo, cobranças e avaliação dos serviços. Todo esse avanço exigiu uma reestruturação do setor da Saúde, levando à criação do Sistema Nacional de Auditoria, que tem como objetivo controlar as atividades e verificar a sua conformidade com os padrões estabelecidos, avaliar a estrutura dos processos aplicados e dos resultados alcançados para aferir a sua adequação aos critérios e parâmetros exigidos. Nessa mesma época, em que o Brasil vivia uma situação de inflação, os rea- justes mensais de preços eram presentes, os planos de saúde caminharam em busca de processos que auxiliassem na busca da veracidade de informações e redução de custos, e tendo a Auditoria um papel fundamental, o órgão regula- mentador criado foi a Agência Nacional de Saúde. A evolução na área da Saúde foi criando um processo tão complexo dentro de inúmeras áreas, que uma série de etapas e classificações foram criadas para garantir a efetividade do processo da Auditoria. Sua classificação varia de acordo com a finalidade do processo, podendo ser feita de acordo com a execução (analítica ou operativa), o método (de classifica- ção prospectiva, concorrente ou retrospectiva); a forma de intervenção (interna ou externa); o tempo (contínua ou periódica); a natureza (regular ou especial). Cada tipo ou classificação tem um objetivo, e dentro da Auditoria Hospitalar diversos serão os temas e complexidades a serem discutidos. 38 1. A Auditoria é um processo complexo, que ao longo das décadas mostrou-se evo- luir juntamente com a Saúde. Em relação ao assunto, assinale a alternativa que não faz parte do contexto estudado. a) Inicialmente a Auditoria era considerada um processo unicamente contábil, voltada a testar a eficácia do controle patrimonial. b) O conceito da palavra auditoria em inglês significa avaliar, examinar. c) O marco inicial de surgimento da Auditoria ocorreu com as expansões maríti- mas em que se constatou a necessidade da criação de um processo de presta- ção de contas da receita e dos gastos das expedições. d) A história do termo Auditoria permite concluir que, antes de sua regulação, toda a pessoa que possuía a função de verificar a legitimidade dos fatos econô- micos – financeiros, prestando contas a um superior, poderia ser considerado Auditor. e) O sistema da Auditoria do Sistema de Saúde único é o SNA. 2. Assinale a alternativa que apresenta o órgão responsável pelo controle da execução, para verificar a sua conformidade com os padrões estabelecidos ou detectar situações que exijam maior aprofundamento; avaliação da estrutura, dos processos aplicados e dos resultados alcançados, para aferir sua adequação aos critérios e parâmetros exigidos de eficiência, eficácia e efetividade; Auditoria da regularidade dos procedimentos praticados por pessoas naturais e jurídicas mediante exame analítico e pericial. a) SIA – Sistema de Informações Ambulatorial. b) SIH – Sistema de Informação Hospitalar. c) ANS – Agência Nacional de Saúde. d) SNA – Sistema Nacional de Auditoria. e) AIH - Atendimento Intra-Hospitalar. 3. Considerando a auditoria no Sistema Único de Saúde (SUS) e os órgãos governa- mentais, leia as assertivas a seguir e, em seguida, assinale a alternativa correta. I) A Auditoria, antes de sua regulação, era executada pelo INPS e INAMPS. II) Foi em 1988, com a nova Constituição Federal, que foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS), determinando que “a saúde é direito de todos e dever do Estado”. III) Com a instauração da Lei 8.689, de 1973, no artigo 6º, o Sistema Nacional de Auditoria extinguiu o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social, e levou à reestruturação do setor da Saúde, levando à criação do SNA - Sistema Nacional de Auditoria. IV) O estabelecimento do Sistema Nacional de Auditoria (SNA) compete à dire- ção de Instituições Privadas. 39 V) Os órgãos do SNA exercem atividades de controle, avaliação e Auditoria com as quais a respectiva direção do SUS tenha celebrado contrato ou convênio para realização de serviços de assistência à saúde. a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I está correta. d) Apenas II, III e IV estão corretas. e) Nenhuma das alternativas está correta. 4) Em relação à Lei 8.666/93, assinale a alternativa correta. a) Esta Lei estabelece normas gerais sobre contratos administrativos pertinentes a serviços, inclusive de publicidade, compras, apenas, dos Poderes dos Municípios. b) Esta Lei considera-se contrato todo e qualquer ajusteda Administração Pú- blica exclusivamente particular, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada. c) Esta Lei estabelece normas gerais sobre apenas licitações e contratos admi- nistrativos pertinentes a obras. d) Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. e) Esta Lei estabelece normas sobre contratos públicos. 5) Quanto às formas de classificação da Auditoria, leia as alternativas a seguir e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F). ( ) Auditoria prospectiva ou pré-auditoria como a avaliação dos procedimentos médicos antes de sua realização. ( ) A Auditoria externa ou independente é realizada por profissionais que são per- tencentes à instituição, contratados especificamente para a auditoria a fim de verificar as atividades e resultados de uma determinada organização ou sistema. ( ) A Auditoria operativa consiste na verificação in loco do atendimento aos re- quisitos legais/normativos, que regulam os sistemas e atividades relativas à área da Saúde. ( ) A Auditoria concorrente é aquela realizada pela equipe durante a internação do paciente. ( ) A Auditoria de contas, também conhecida por pré-auditoria prevê a revisão das contas hospitalares. 40 RUMOS DA AUDITORIA EM SAÚDE – INFLUÊNCIAS E DETERMINANTES O desenvolvimento do segmento suplementar de saúde, ora como modelo predomi- nante ora como serviço paralelo e complementar aos oferecidos pelos Sistemas Públicos nos diferentes países, produziu significativa influência sobre a configuração da Auditoria em Saúde. A partir dos anos 70, no Brasil, à medida que cresceu e se organizou o sub- sistema Suplementar cresceu também a incorporação do Auditor de Saúde nesse setor. A inserção da Auditoria com forte conotação contábil na rotina administrativa das se- guradoras e operadoras de saúde permeou os bastidores dessa evolução, pois as insti- tuições precisam comprovar aos órgãos reguladores e à sociedade a sua capacidade de liquidez e as condições econômicas de honrar os compromissos junto aos usuários. Esse é o funcionamento do mercado Suplementar de Saúde. Predominam no modelo suple- mentar relações determinadas pelo capital, nas quais, muitas vezes, estão evidenciados polos antagônicos, representados pelos empresários, pelos trabalhadores de saúde e pelos usuários, cada qual com objetivos distintos entre si. Nesse território, que impulsio- nou o campo de trabalho do Auditor de Saúde, afloram características que irão influen- ciar de alguma forma o próprio objeto da Auditoria. É perceptível que no contexto da Saúde Suplementar a Auditoria esteja focada em ofe- recer suporte técnico aos gestores para a elaboração de pacotes assistenciais, pareceres sobre tabelas, taxas, diárias hospitalares, procedimentos e controle da rede credenciada. Ou seja, sob o domínio de uma visão de mercado, a Auditoria em Saúde vem atuando desde a fase da avaliação das solicitações dos procedimentos na central de liberação até atingir a identificação de distorções nas contas médico-hospitalares, para fins de pagamentos, promovendo correções e buscando um aperfeiçoamento do atendimento médico-hospitalar ou ambulatorial da rede de prestadores de serviços (OLIVEIRA, 2009). Mas é preciso considerar que a saúde suplementar não criou por ela mesma uma nova forma de auditar. Qualquer modelo teórico pode direcionar ou subverter a conformação de uma prática de avaliação e controle ou de uma prática de Saúde. Como exemplo tem- -se a abrangência das concepções da Auditoria no sistema de Saúde do Reino Unido, mais especificamente da Inglaterra. A esse respeito, Buxton (1994) descreveu uma contextualização ampliada das dimen- sões alcançadas pela auditoria no National Health Service (NHS), afirmando que “(...) as reformas do NHS impulsionaram a tecnologia emergente da Auditoria médica em uma nova fase da sua difusão”. Ou seja, no âmbito das reformas do NHS a Auditoria foi siste- maticamente endossada e percebida por todos como uma atividade que merece apoio e incentivo. Constituiu-se, pois, em um conjunto de ferramentas de tecnologia organiza- cional para a análise sistemática e crítica da qualidade dos cuidados médicos, incluindo os procedimentos utilizados para o diagnóstico e tratamento, e a aplicação de recursos frente aos resultados obtidos para o paciente. 41 Embora, o próprio sistema inglês perceba algumas consequências da amplitude concei- tual adquirida pela auditoria, há referências de que estudiosos teimam em posicioná-la em uma perspectiva grandiosa, como a terceira ciência clínica, com a sua própria teoria, técnicas e literatura, objetivando alcançar uma melhor qualidade de atendimento por meio de mudanças contínuas na prática e amplo papel educativo. Fica patente que os rumos da auditoria em saúde foram influenciados por um cenário interno ao sistema de saúde inglês, representado pela necessidade de reformas estruturais no modelo de atenção. De volta ao sistema brasileiro de saúde suplementar, pode-se falar de uma fase anterior à regulamentação do setor e outra pós-regulamentação, nas quais a auditoria apresen- tou realidades e abrangências distintas. Antes da criação da Agência Nacional de Saú- de (ANS) e da regulamentação dos planos e operadoras de saúde pela Lei 9656/1998, a auditoria limitava-se muito mais à apreciação das contas médicas. Posteriormente, a abrangência da auditoria foi ampliada às questões contábeis para comprovar a susten- tabilidade das operadoras no mercado, como também à assessoria gerencial e à quali- dade do atendimento. Não se trata, portanto, de uma nova forma de auditoria, mas de uma nova cultura em construção, a qual tem e terá influências marcantes na configura- ção científica e técnica da auditoria em saúde. Este é um paralelo que pode ser elaborado, comparando-se diferentes determinantes presentes no sistema inglês e no subsistema suplementar de saúde no Brasil. A partir destas análises, verifica-se que para entender a prática da auditoria é necessário pensar qual a estratégia ou a ideologia presente no projeto que a determina; quais são seus valores, princípios e metodologias. Nesse contexto, é preciso ter claro também os papéis dos profissionais que atuam nesse substrato - que ações lhes são possíveis no processo, de que forma se relacionam, quais hierarquias e estruturas de poder estão presentes, e como sua conduta clínica é permeável a essas intervenções. O comportamento da auditoria de saúde, portanto, não é o mesmo nos diferentes mo- delos assistenciais, exigindo dos profissionais, das instituições que representam as pro- fissões, da academia que forma esses trabalhadores e da própria ciência um olhar de compromisso com a autonomia necessária a essa prática, à estrutura e organização da atividade e aos pressupostos teóricos que devem estruturá-la. Fonte: Oliveira, M.; Oliveira, C (2017, on-line)2. MATERIAL COMPLEMENTAR Auditoria em Saúde Haino Burmester e Marlus Volney Editora: Saraiva Sinopse: o livro traz ainda um breve histórico dos sistemas de saúde brasileiro e estabelece paralelos entre as formas de execução da auditoria tanto no subsistema com � nanciamento público como no sistema privado.Também, enfatiza a execução de processos que busquem informações valiosas para promover assistência em saúde com qualidade, propõe formas e técnicas para a execução da auditoria e apresenta vários campos ainda pouco explorados na área, tudo isso permeado por exemplos práticos e por comentários. ARAÚJO, I. P. S. Introdução à auditoria operacional. Rio de Janeiro: FGV, 200.1 ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. 3. ed. São Paulo: Atlas, p. 25, 2006. BITTAR, O. J.; NOGUEIRA, V. Produtividade em hospitais de acordo com alguns indi-cadores hospitalares. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 30, n. 1, p. 53-60, fev. 1996. CALEMAN, G.; MOREIRA, M. L.; SANCHEZ, M. C. Auditoria, controle e programa- ção de serviços de saúde. (Série Saúde e Cidadania). v. 5. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 1998. Disponível em: <http://bvsms. saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_cidadania_volume05.pdf>. Acesso em: 17 jul. 2017 CATELLI, A. Controladoria: uma abordagem de gestão econômica. São Paulo, Atlas, 2001. CREPALDI, S. A. Auditoria Contábil: Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 2002. DUARTE, L. S. Auditoria financeira. Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Mestrado em Gestão, abr., 2010. Disponível em: <https://estudogeral.sib. uc.pt/bitstream/10316/14023/1/Relat%c3%b3rio%20Est%c3%a1gio%20Lara%20 Duarte.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2016. FERREIRA, A. B. H. - Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 5 reimpressão. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986. FONSECA, A. S.; YAMANAKA N. M. A, BARISON T. H. S, LUZ, S.F. 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Caroline Miguel Aver PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS E GESTÃO DOS SERVIÇOS Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar o tipo de perfil e as competências necessárias ao profissional auditor. ■ Indicar as funções que os auditores podem exercer nos Sistemas, de forma generalizada. ■ Detalhar de forma direcionada os processos e características que envolvem o trabalho do médico auditor. ■ Apresentar perfis e competências da enfermeira auditora e a sua importância em todos os tipos de auditoria. ■ Citar alguns dos profissionais que fazem parte da equipe de auditores e que desempenham papel fundamental no processo. Plano de Estudo A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ O perfil do profissional auditor ■ Funções dos auditores ■ O médico auditor ■ Enfermeira auditora ■ Demais profissionais auditores INTRODUÇÃO Esta é a segunda Unidade do nosso estudo, e já que o conceito de Auditoria em Saúde está formado, é preciso identificar alguns dos profissionais que ocupam o papel fundamental nesse processo e entender a função de cada um deles den- tro do sistema. Devemos lembrar que a Auditoria está inserida na área de Gestão Hospitalar e essa é considerada um processo contemplativo de diversas esferas - adminis- trativa, técnica e operacional - e por isso deve ser predominantemente regido por ética e profissionalismo, por competência e qualificação por parte dos que integram a equipe de Auditoria e de Hospitalar. Os Auditores respondem não só perante a administração da organização a que prestam serviço, mas também diante dos usuários e por todos os processos e resultados que estão envolvidos. Por esses motivos, esse profissional deve ter inde- pendência, imparcialidade, conhecimento técnico (atualização deste), capacidade profissional, cautela, zelo profissional, comportamento ético, sigilo e discrição. Além disso, como o Auditor é a figura que representa o parâmetro de quali- dade do serviço ou processo, diversos são os deveres e condutas que eles devem seguir. Dessa forma, aspectos como ética, sigilo, distanciamento profissional são um dos itens que serão contemplados nessa unidade. Assim, tanto o perfil dos profissionais atuantes - médicos, enfermeiros, den- tista, farmacêuticose biomédicos - como os deveres regidos pela regulamentação de cada conselho mediante o profissional Auditor, nesta unidade, terão aborda- gem diferenciada, a fim de que possamos explanar melhor acerca de cada área. Primeiramente, de forma geral, e depois, de forma individualizada, serão estu- dadas cada classe que representa grande importância na auditoria. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 49 PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS E GESTÃO DOS SERVIÇOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E50 O PERFIL DO PROFISSIONAL AUDITOR Na assistência à saúde, as auditorias podem ser desenvolvidas em vários seto- res e por diferentes profi ssionais, destacando, entre elas, a auditoria médica e de enfermagem. No entanto, profi ssionais como dentistas, nutricionistas, adminis- tradores e contadores também podem fazer parte dessa equipe. A importância da multidisciplinaridade se dá por esse processo que envolve ações administrativas, técnicas e observacionais, cujo objetivo é analisar a quali- dade dos serviços a fi m de assegurar o seu melhor desempenho e resolubilidade (MOTTA, 2005). Ao analisar as equipes de auditores do Sistema Nacional de Auditoria, Melo (2007) conclui que das três esferas: federal, estadual e municipal, esta representa a menor em relação ao número de componentes, com uma média de 41 a 50 anos (62%). Em relação à graduação, 68% estão na área biomédica, enquanto 32% são de outros campos de atuação (exatas e humanas, tais como Jornalismo e Letras). Esses dados indicam a multiprofi ssionalidade como uma característica dessa área, o que de fato é de extrema importância uma vez que o processo de auditoria também tem por objetivo abordar o processo de saúde como um todo. Para que o auditor possa desempenhar bem sua missão, é essencial observar os princípios éticos e profi ssionais. Tais itens, se bem contemplados, proporcio- nam ao profi ssional que os detém, assim como para equipe e para os processos, um meio seguro e efetivo. O processo de trabalho do auditor no SUS é desenvolvido em três eta- pas: planejamento, que compreende a programação da ação da audi- O Perfil do Profissional Auditor Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 51 toria, definindo a equipe e os pontos a serem verificados, realizando a fase analítica que abrange o levantamento dos dados disponíveis nos sistemas de informação do Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde - CNES, Sistema de Informação Ambulatorial - SIA/SUS, Sis- tema de Informação da Atenção Básica - SIAB); execução, compreen- dendo a fase operativa, notificação dos resultados e análise da defesa; e, por último, os resultados, que compreendem a elaboração de relatórios, encaminhamentos e acompanhamento das ações corretivas e saneado- ras propostas (BRASIL, 2005). Os Auditores devem, também, constituir uma instância de mediação, concilia- ção e solução de conflitos, os quais podem surgir nas relações entre profissionais, pacientes, parentes e instituições. Além disso, a Auditoria deve ser o sistema de caráter preventivo do erro profissional e reparador deste, sem cunho de ordem penal (SANTOS; BARCELLOS, 2009). Assim, a Auditoria em serviços de Saúde deve ter como objetivos: manter o equilíbrio do sistema, possibilitando o direito à saúde para todos; garantir a qualidade dos serviços de Saúde oferecidos e prestados; e fazer cumprir os pre- ceitos legais estabelecidos pela legislação nacional, de acordo com os princípios éticos e a defesa do consumidor (MEDEIROS; ANDRADE, 2007). Deve atuar desenvolvendo seu papel nas fases de pré-auditoria, audito- ria operativa, analítica e mista; revisar, avaliar e apresentar subsídios visando o aperfeiçoamento de procedimentos administrativos, controles internos, normas, regulamentos e relações contratuais; promover o andamento justo, adequado e harmonioso dos serviços de Saúde; avaliar o desempenho dos profissionais de Saúde com relação aos aspectos éticos, técnicos e administrativos com quali- dade, eficiência e eficácia das ações de proteção e atenção à Saúde (MEDEIROS; ANDRADE, 2007). O profissional, para ser habilitado como Auditor, não deve fazer inferências, não pode ser proprietário, sócio-cotista, administrador e dirigente de entidade que preste serviço assistencial ao SUS, assim como não ter nessas condições familiares próximos. Também deve ter ficha funcional limpa, respeitar os níveis hierárquicos existentes por toda a organização e ter bom senso (BRASIL, 2008). Segundo o autor, algumas das características, competências e necessidades para o exercício da profissão em questão merecem destaque devida a importân- cia ocupada pelos mesmos. PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS E GESTÃO DOS SERVIÇOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E52 COMPORTAMENTO ÉTICO O auditor deve comprometer-se a proteger os interesses da sociedade e a respei- tar as normas de conduta que regem os servidores públicos, e no caso de Serviço Privado, as regras da Instituição. Mediante alguma situação que represente ou ofereça algum interesse confli- tante, ou possa sofrer pressões para violar princípios éticos e, de forma inadequada, obter ganho pessoal ou organizacional, é de extrema importância manter os prin- cípios instituídos. Questões relacionadas às influências ideológicas, partidárias ou situações que possam enviesar o julgamento devem ser evitadas. IMPARCIALIDADE Deve ser evitado casos em que haja conflito de interesses que possam influenciar a imparcialidade do seu trabalho, como: participar de auditorias nas situações em que o responsável auditado seja parente consanguíneo (até o terceiro grau) e amizades/inimizades que envolvam entidade com a qual tenha mantido vín- culo profissional nos últimos dois anos. Dessa forma, o Auditor deverá declarar impedimento ou suspeição nas situa- ções que possam afetar o desempenho de suas funções e agir com imparcialidade, comunicando o fato aos seus superiores. OBJETIVIDADE É de extrema importância o Auditor ser claro e objetivo, e possuir todas as evi- dências possíveis acerca das mais diversas situações. As constatações e conclusões de Auditoria devem estar sustentadas em sua totalidade pelas evidências coletadas. O Perfil do Profissional Auditor Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 53 COMPETÊNCIA E CAPACIDADE PROFISSIONAL Auditoria é um trabalho multidisciplinar e complexo. Ter conhecimento, competências e habilidades permitirão aos profissionais con- cluir a auditoria com êxito. Atuar em uma auditoria requer compreensão e experiência prá- tica acerca do tipo de auditoria que está sendo realizada, familia- ridade com as normas e a legis- lação aplicáveis, entendimento das operações da entidade audi- tada e habilidade e experiência para exercer julgamento profissional. Também, requer do auditor competência na aplicação de métodos e técnicas de auditoria e conhecimentos contábeis, financeiros, de gestão pública e, no caso de auditores do SNA, de saúde pública (BRASIL, 2005, p.15). Como você pode perceber, caro(a) aluno(a), o auditor lança mão de vários conhe- cimentos para realizar a auditoria com qualidade. DISTANCIAMENTO PROFISSIONAL Uma atitude alerta e questionadora ao avaliar a suficiência e adequação da evi- dência obtida ao longo da auditoria deve ser acompanhada de um distanciamento profissional. É necessário também que o profissional esteja aberto a todos os pontos de vista e argumentos, e ao manter opiniões, é importante que elas se sustentem em argumentos válidos de um membro da equipe ou do supervisor. PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS EGESTÃO DOS SERVIÇOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E54 ZELO PROFISSIONAL O comportamento profissional, assim como a cautela mediante opiniões ou processos, é de extrema importância. Isso pode ser demonstrado ao planejar e executar auditorias de maneira diligente, focada nos objetivos estabelecidos, e ao evitar qualquer conduta que possa desacreditar seu trabalho. USO DE INFORMAÇÕES DE TERCEIROS Informações anteriormente produzidas por profissionais podem ser aproveitadas, contanto que se confirmem a competência e independência dos outros audito- res ou especialistas e a qualidade do trabalho que realizaram. SIGILO Utilizar os dados e as informações que obteve no desempenho de sua função e na execução dos serviços que lhes foram confiados são permitidos somente quando desempenhar a sua função. Salvo determinação legal ou autorização expressa da alta administração, nenhum documento, dado ou informação poderá ser fornecido ou revelado a terceiros, nem o Auditor poderá utilizá-los, direta ou indiretamente, em pro- veito pessoal ou de terceiros. CREDIBILIDADE Para se ter credibilidade, é preciso mostrar o bom resultado em relação aos traba- lhos conduzidos. Confiança e respeito dependem em grande parte da impressão deixada por outros auditores, do presente e do passado. O Perfil do Profissional Auditor Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 55 Motta (2010) ressalta que para essas condutas se concretizarem, é necessário tempo, paciência, autocontrole e dedicação. Desse modo, o autor sugere condu- tas para o bom desempenho no trabalho de auditoria, tais como: a) Conhecer e identificar os aspectos que envolvem o ambiente no qual está inserido; b) Conhecer os aspectos técnicos-científicos da área que audita; c) Conhecer os acordos e situações que envolvem as diversas questões do trabalho; d) Trabalhar com honestidade, ponderação e bom senso; e) Não fazer julgamentos prévios sem ter pleno conhecimento dos fatos; f) Trabalhar em parceria, buscando novas informações; g) Orientar os demais colegas de trabalho quanto a novas situações; h) Discutir e aprender com isso; i) Agir sempre dentro dos preceitos éticos de sua profissão; Pode-se notar que o trabalho do auditor vai muito além de desempenhar sua rotina como enfermeiro, médico ou outro profissional, mas tange tudo o que implica em um processo de saúde-doença, devendo este ter consciência de seu dever enquanto cidadão e profissional. O auditor não deve realizar um trabalho para o qual não disponha das com- petências necessárias. PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS E GESTÃO DOS SERVIÇOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E56 FUNÇÕES PERTINENTES AO AUDITOR Ao longo das unidades, detalharemos diversas funções pertinentes ao auditor, porém, é necessário resumir e elencar as que têm maior impacto, para que haja o conhecimento embasado sobre essa área. Brasil (2005) ressalta que além de todas as funções como auditar, seja em hospitais, planos ou outros serviços, o auditor do Sistema Público deve garan- tir a participação social e o controle público do sistema por meio dos conselhos locais e municipais. Outra atividade realizada pela auditoria são as glosas, ações que consistem no cancelamento parcial ou total do procedimento e dos recursos fi nanceiros das contas hospitalares, por serem considerados ilegais ou indevidos, ou seja, são aqueles itens fi nanceiros que podem ser desde materiais e medicamentos até procedimentos cirúrgicos ou diárias de internação, cujo pagamento os auditores do SUS e também dos planos de saúde não consideram cabíveis. Por esse motivo, a competência técnica deve acompanhar cada função exer- cida, pois é a garantia de aperfeiçoamento e obtenção de legitimidade para as ações, além do embasamento nos próprios regulamentos das instituições e tabelas vigentes para análise e glosas. Amplas são as garantias de direitos já alcançadas pelos auditores, integrantes dos sistemas de controle externo ao Ministério da Saúde (MELO, 2007). Médico Auditor Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 57 MÉDICO AUDITOR Pouco depois que o sistema suplemen- tar se estabeleceu, a auditoria médica foi se consolidando como atividade necessária em todas as modalidades de assistência. “O médico auditor passou a desempenhar importante papel de regulador entre a qualidade dos servi- ços prestados e seus respectivos custos, constituindo o fator que estabelece o equilíbrio.” (PREGER, 2005, p. 87). O médico pode desempenhar sua função de auditor, seja na tomada de deci- são em relação a um parecer de liberação ou no acompanhamento in loco de internamentos, podendo dialogar com os demais médicos que prestam assistên- cia, administrativamente, entre outros. De forma resumida, a auditoria médica se caracteriza como ato médico, por exigir conhecimento técnico, pleno e integrado da profissão (RESOLUÇÃO CFM Nº 1.614 (2001, on-line)1. Portanto, com características próprias e diferenciadas em relação aos demais auditores não médicos. Os processos de trabalho dos médicos, na auditoria em saúde pública, norma- tizados pelo SUS e pelos princípios da administração pública, estão subordinados ao Código de Ética Médica e Resolução CFM Nº 1.614/2001, que define clara- mente as atribuições gerais e específicas para a categoria médica. Para melhor entendimento, vale detalhar e ressaltar alguma dessas funções e competências, destacadas pelo parecer do Conselho de Medicina (CREMEB, 2001, on-line)2. Art. 1º - O médico, no exercício de auditoria, deverá estar regularizado no Conselho Regional de Medicina da jurisdição onde ocorreu a pres- tação do serviço auditado. Art. 2º - As empresas de auditoria médica e seus responsáveis técni- cos deverão estar devidamente registrados nos Conselhos Regionais de Medicina das jurisdições onde seus contratantes estiverem atuando. PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS E GESTÃO DOS SERVIÇOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E58 Art. 3 º - Na função de auditor, o médico deverá identificar-se de forma clara, em todos os seus atos, fazendo constar, sempre, o número de seu registro no Conselho Regional de Medicina. Art. 6º - O médico, na função de auditor, se obriga a manter o sigilo profissional, devendo, sempre que necessário, comunicar a quem de direito e por escrito suas observações, conclusões e recomendações, sendo-lhe vedado realizar anotações no prontuário do paciente. Parágrafo 4º - Concluindo haver indícios de ilícito ético, o médico, na função de auditor, obriga-se a comunicá-los ao Conselho Regional de Medicina Art. 8º - É vedado ao médico, na função de auditor, autorizar, vetar, bem como modificar, procedimentos propedêuticos e/ou terapêuti- cos solicitados, salvo em situação de indiscutível conveniência para o paciente, devendo, neste caso, fundamentar e comunicar por escrito o fato ao médico assistente. Art. 9º - O médico, na função de auditor, encontrando impropriedades ou irregularidades na prestação do serviço ao paciente, deve comunicar o fato por escrito ao médico assistente, solicitando os esclarecimentos necessários para fundamentar suas recomendações. Art. 10 - O médico, na função de auditor, quando integrante de equipe multiprofissional de auditoria, deve respeitar a liberdade e indepen- dência dos outros profissionais sem, todavia, permitir a quebra do si- gilo médico Art. 11 - Não compete ao médico, na função de auditor, a aplicação de quaisquer medidas punitivas ao médico assistente ou instituição de saúde, cabendo-lhe somente recomendar as medidas corretivas em seu relatório, para o fiel cumprimento da prestaçãoda assistência médica. Art. 12 - É vedado ao médico, na função de auditor, propor ou interme- diar acordos entre as partes contratante e prestadora que visem restrições ou limitações ao exercício da Medicina, bem como aspectos pecuniários. Art. 13 - O médico, na função de auditor, não pode ser remunerado ou gratificado por valores vinculados à glosa. Art. 14 - Esta resolução aplica-se a todas as auditorias assistenciais, e não apenas àquelas no âmbito do SUS. Pode-se dizer que o profissional médico auditor é responsável por tudo que tange o ato médico, podendo este ser a favor ou não de determinado evento, nas ativi- dade de averiguação das técnicas adotadas e controle dos recursos empregados, A Enfermeira Auditora Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 59 com o objetivo de aprimorar os serviços que são prestados, dando ênfase aos direitos do cliente, a técnica médica e aos recursos empregados. O médico auditor ocupa função de extrema importância no contexto tanto da auditoria do SUS como no sistema privado, visto que em ambos os locais ele é res- ponsável não somente pelo fator custo, mas diretamente pela qualidade da assistência. A ENFERMEIRA AUDITORA Para atuar nessa área, é necessário que o enfermeiro auditor apresente ou obte- nha as competências específicas citadas anteriormente, sabendo mobilizar o repertório diante de diferentes acontecimentos. Segundo Furukawa; Cunha (2010), a competência é considerada o conjunto de saberes, uma incitação real e com foco produtivo, sendo constituído de cinco componentes: a ética; a política; o intelectual; o técnico-funcional e o pessoal. Em seu artigo 11, a Lei 7.498/87 reconhece a função do enfermeiro auditor. “O enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe ainda: consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre a matéria de enfermagem.” (COFEN, 2005). D’Innocenzo et al. (2006) vai além, agregando aos enfermeiros o papel audi- tores de qualidade intra-hospitalares, os quais têm a finalidade de fiscalizar a estrutura, os processos empregados e resultados alcançados para que a institui- ção se mantenha dentro de um padrão de qualidade com eficiência e eficácia. PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS E GESTÃO DOS SERVIÇOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E60 Cabe ressaltar que o enfermeiro não irá avaliar junto a sua equipe apenas um paciente, mas sim o conjunto de atividades desenvolvidas por uma equipe de trabalho. Quadro 1 - Atividades dos enfermeiros auditores no ambiente hospitalar e de operadoras de Saúde OPERADORAS DE SAÚDE Avaliar a assistência de enfermagem prestada ao cliente por meio do prontu- ário médico. Verificar a observância dos procedimentos frente aos padrões e protocolos estabelecidos. Adequar o custo por procedimento. Elaborar relatórios/planilhas as quais se define o perfil do prestador: custo por dia, custo por procedimento, comparativos entre prestadores por espe- cialidade. Participar de visitas hospitalares. Avaliar, controlar (com emissão de parecer) as empresas prestadoras de serviços, fornecendo dados para a manutenção/continuidade do convênio (assessoria ao credenciado). Fonte: a autora. Atualmente, os esforços para assegurar a melhoria da qualidade da assis- tência têm sido um desafio para os serviços de enfermagem de instituições públicas e/ou privadas, assim como desenvolver novas propostas e méto- dos que permitam gerenciar o processo de trabalho e recursos relacionados a essa assistência. A mensuração da qualidade da assistência realizada por meio de auditoria auxilia o desenvolvimento de uma profissão detentora de saber científico, tendo como objetivo a melhoria da qualidade da assistência que o hospital tem por obrigação social oferecer. A atuação do enfermeiro auditor deve ser imparcial e ter caráter educativo. Além dessas atribuições, os enfermeiros, sejam estes atuantes do setor hos- pitalar ou de planos de saúde, devem desenvolver algumas funções, que Dorne e Hungare (2013) citam a seguir. Hospital Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 61 HOSPITAL Os hospitais deverão cumprir vários protocolos e atividades imprescindíveis para o desenvolvimento das atividades do auditor. Segundo Dorne e Hungare (2013, p. 11-17) estes são: ■ análise do Prontuário Médico, verificando se está completo e corretamente preenchido nos seus diversos campos tanto médico como de enfermagem; ■ avaliar e analisar a conta hospitalar, se condiz com o evento realizado; fornecer subsídios e participar de treinamentos do pessoal de enferma- gem; analisar contas e glosas, além de estudar e sugerir reestruturação das tabelas utilizadas quando necessário; ■ fazer relatórios pertinentes: glosas negociadas, aceitas ou não, atendimen- tos feitos, dificuldades encontradas e áreas suscetíveis a falhas e sugestões; ■ manter-se atualizado com as técnicas de enfermagem, com os serviços e recursos oferecidos pelo hospital, colocando-se a par (inclusive) de pre- ços, gastos e custos alcançados. De outra forma, o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (COFEN, 1993), no Capítulo IV – dos deveres, aborda dados perti- nentes à auditoria em Enfermagem em seu Artigo 33: “Proteger o cliente contra danos decorrentes de imperícia ou imprudência por parte de qual- quer membro da equipe de saúde.” Portanto, a auditoria em Enfermagem é uma ferramenta importante para a proteção do cliente por sub- sidiar a melhoria da qualidade da assistência. PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS E GESTÃO DOS SERVIÇOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E62 Dessa forma, concordando com Possari (2005, p. 205), “toda informação que não foi registrada é considerada perdida, deixando de oferecer ao paciente as infor- mações corretas a respeito dos cuidados prestados pela equipe de Enfermagem”. Contamos também com a Resolução do COFEN nº 266/2001 (COFEN, 2001) que dispõe sobre as atividades do enfermeiro auditor em saúde, afirmando que a resolução supre a necessidade de regulamentação desta atividade, em função da demanda de empregabilidade desses profissionais, tanto em instituições públi- cas quanto em privadas. A resolução apresenta um amplo elenco de atividades administrativas, econô- micas, integradoras e educativas, além da autonomia profissional (POSSARI, 2005). Cabe ressaltar que esse não irá avaliar junto a sua equipe apenas um paciente, mas sim o conjunto de atividades desenvolvidas por uma equipe de trabalho. Motta (2003) descreve algumas competências e qualificações ideais para um profissional auditor: a) Dominar a legislação vigente. b) Atuar em concordância da mesma. c) Agir com ética dentro dos preceitos do exercício da profissão. d) Conhecer os contratos entre prestadores de serviços e operadoras de pla- nos de saúde. e) Manter-se atualizado sobre os aspectos científicos da enfermagem. f) Dominar o conteúdo da composição da conta hospitalar. g) Ler manuais de auditoria médica e entender de tabelas de honorários. A Resolução COFEN 266/2001 ainda aprova as atividades do enfermeiro audi- tor como administrador da área de saúde e, por isso, precisa estar informado sobre economia, finanças, política e estar consciente que muitas decisões toma- das poderão trazer pressões das pessoas que não concordarem com ela. Dessa forma, o perfil ideal do enfermeiro para atuar nesta área deverá ser de alguém sistemático, ético, detalhista, com bom nível de atenção e de memó- ria, capacidade de liderança, gosto por desafios e capacidade de se comunicar (SCARPAZO, 2005). 63 Um hospital geral privado, com corpo clínico aberto e cerca de 200 leitos para in- ternação, o serviço de auditoria interna é parte do setor de análisede contas, que está subordinado à diretoria financeira. É composto por quatro funcionários admi- nistrativos e três enfermeiras auditoras, sendo que uma delas é responsável pela coordenação do setor. Duas destas enfermeiras possuem experiência assistencial em especialidades diversas, e outra foi contratada devido a sua excelente formação. As responsabilidades da enfermeira auditora interna neste hospital estão determi- nadas em um documento composto por quinze itens, que atribui a estas profissio- nais ações de conferência dos registros em prontuários e dos itens cobrados nas contas dos usuários; a correção das distorções detectadas; a análise da composição do prontuário e a manutenção do processo educativo que oriente os profissionais da equipe de saúde quanto às cobranças e equipamentos reembolsáveis. A conferência das contas são feitas diariamente, e ao final de toda semana uma re- messa é enviada para faturamento. Ao se deparar com uma conta hospitalar de 45 diárias em uma UTI coronariana, uma das profissionais (sem experiência assisten- cial), não consultou o Manual de Normas da Auditoria da Instituição e auditou a con- ta do paciente. Nesse processo, deixou de conferir diversos itens de alto custo, como a folhas que continham a utilização de medicamentos de duas diárias, a presença da descrição cirúrgica da colocação dos vários Stent´s, entre outras falhas cometidas. Após fechar a conta, ela foi enviada ao setor de faturamento e, depois, ao plano de Saúde para efetuar o pagamento. O resultado disso? Um prejuízo de 22 mil para a Instituição Hospitalar nesse primeiro momento. Vamos lembrar que a auditoria se baseia em evidência, e sem esta não há forma de se pagar ou faturar. PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS E GESTÃO DOS SERVIÇOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E64 Portanto, o profissional enfermeiro desempenha um papel controlador e fundamental, sendo, então, também o mantenedor dos interesses econômico- -financeiros da empresa. Assim, a principal função da auditoria interna de revisão de contas é apurar o resultado financeiro. Desta forma, é importante que ela desempenhe e obte- nha as capacidades adequadas à função. DEMAIS PROFISSIONAIS E SUA IMPORTÂNCIA Evidencia-se no serviço de auditoria que a estrutura de pessoal alocado nesses setores é representada por diversos profissionais como médicos e enfermeiros, que em sua maioria ocupam a equipe, mas também por administradores, con- tadores, dentistas, psicólogos, farmacêuticos dentre outros. Vários profissionais que exercem essa atividade no serviço a caracterizam como sendo multiprofissional. Tal informação coincide tanto no setor privado como público, estando a fiscalização do exercício profissional e serviços pres- tados submetidos às auditorias realizadas por profissionais de outras categorias da área da saúde. (SANTOS et al., 2011). Por tal motivo, torna-se relevante descrever sucintamente alguns desses pro- fissionais e enfatizar a sua importância no processo. Demais Profissionais e sua Importância Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 65 O PROFISSIONAL FARMACÊUTICO Tendo em vista que os medicamentos constituem a intervenção terapêutica mais frequentemente utilizada, podendo ser também a mais econômica quando cor- retamente empregada, e que compõe uma parcela expressiva do total médio dos gastos hospitalares, recomenda-se estratégias custo-efetivas como único meio de superar situações críticas ocasionadas pela adoção cada vez maior de novas práticas de medicina e de dispendiosas novidades terapêuticas muitas vezes sem comprovação de eficácia. O desenvolvimento da indústria farmacêutica, com o aprimoramento das tec- nologias de produção de medicamentos em larga escala e a descoberta de novos agentes terapêuticos, levou à consolidação de um dos mercados mais rentáveis e com maior crescimento nas últimas décadas. Nesse sentido, a implantação da auditoria farmacêutica se constitui uma importante ferramenta para controle e avaliação dos recursos e procedimentos adotados nas instituições públicas e privadas, visando a melhoria na qualidade e na resolubilidade. Em publicações recentes na área hospitalar, os autores rela- tam que muitos hospitais ainda desperdiçam recursos com erros corriqueiros relacionados aos medicamentos, como aquisições desnecessárias e equivocadas e dispensações exageradas, situações que podem ser evitadas por meio da par- ticipação efetiva do profissional farmacêutico na equipe de saúde como auditor. A auditoria farmacêutica de contas médico-hospitalares consiste no exame sistemático e independente dos fatos obtidos por meio da observação, medição, ensaio ou outras técnicas apropriadas de uma atividade, elemento ou sistema, para verificar a adequação aos requisitos preconizados pelas leis e normas vigentes. Na função de auditor, o farmacêutico deve se identificar em todos os seus atos, fazendo constar o seu número de inscrição no CRF (Conselho Regional de Farmácia) e deve praticar atividades relacionadas ao âmbito da profissão farmacêutica. Há poucos anos, o Conselho Federal de Farmácia reconheceu a atividade do farmacêutico auditor por meio da publicação da Resolução nº 508 de 29 de julho de 2009 estabelecendo que o farmacêutico auditor pode desempenhar suas funções nos sistemas de avaliação e controle efetuado pelo setor público (SUS), PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS E GESTÃO DOS SERVIÇOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E66 privado (planos e seguros de saúde) e em auditorias para acreditação, premia- ções de qualidade e consultorias. AUDITOR ODONTÓLOGO O Sistema Único de Saúde garante o acesso universal ao usuário, porém tem ocorrido um cresci- mento do número de indivíduos com planos privados de saúde. Em paralelo a ele cresce também o mercado de planos odontológicos, assim como os setores reguladores desses serviços. Com isso, é natural a diversifi- cação da abordagem e da atuação da Auditoria Odontológica. Assim, surgiu a necessidade de profissionais com perfis diferenciados, que tivessem, além da graduação em Odontologia, um bom conhecimento técnico, uma visão gerencial e formação holística, abrangendo conhecimentos em administração, para que, dessa forma, consiga analisar, fiscalizar e auditar procedimentos e pro- cessos específicos. Na prática, podemos citar o cirurgião-dentista, um profissional que exe- cuta diversos procedimentos de grande complexidade e implicações técnicas, que acaba encontrando limitações impostas pelo rol de procedimentos e exa- mes permitidos e pelas regras de negócio que passaram a regular os limites da atuação do profissional (MEDEIROS; MIRANDA, 2010). Para o caso mencionado, o dentista auditor desempenha importante papel em todos os tipos e fases da auditoria e sua atuação supera o exame de fichas clí- nicas, prontuários odontológicos, exames e demais documentações do paciente que comprovem a necessidade e efetiva realização do procedimento odontoló- gico consoante com as normas vigentes do SUS. Demais Profissionais e sua Importância Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 67 AUDITOR CONTÁBIL A ausência de controle adequado em empresas de estrutura com- plexa as expõem a inúmeros riscos, frequentes erros e des- perdícios. O auditor contábil pode focar nas demonstrações financeiras, examinando e ava- liando as partes componentes dos demonstrativos, bem como os procedimentos e registros. Além disso, também pode analisar contratos, convênios e documentos congêneres que orientam o repasse de verbas do SUS às entidades públicas, filan- trópicas ou privadas, verificando sua legalidade e obediência às normas do SUS (LIMA; LIMA, 2008). Como exemplodisso podemos citar um hospital público que apresente fatu- ramento médio de 900 mil, e um repasse de verba do Governo Federal no valor de 500 mil. Por meio de diversas demonstrações, acordos e resultados financeiros é possível que esse profissional consiga comprovar a necessidade de um repasse de verba adequado para atender à necessidade hospitalar. Realizar auditorias programadas para verificar, por meio dos pagamentos efetuados às prestadoras de serviços, a correta aplicação dos recursos, de acordo com a legislação e normas vigentes do SUS. Em outras palavras, se a programação orçamentária anual para gastar com o prestador de serviço de exames por imagem estiver prestes a exceder a cota, será esse profissional quem dará o alerta, a direção ou será responsável pela equipe. Também atua realizando auditorias programadas para resguardar o patrimô- nio pertencente ao SUS, e realiza auditorias especiais para apuração de denúncias e indícios de irregularidades na prestação de serviços. PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS E GESTÃO DOS SERVIÇOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E68 AUDITOR BIOMÉDICO De acordo com a Resolução nº 78 de 29 de abril de 2002, o profissional Biomédico está habilitado a atuar em auditoria. A Resolução nº 184, de 26 de agosto de 2010, dispõe sobre as atribuições no exercício das auditorias. O papel principal é avaliar a conformidade da(s) empresa(s) em relação às Leis, Normas, Resoluções, e se for o caso, as certificações do Hospital, Laboratório, Clínica ou outro serviço que escolher para atuar. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 69 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diversas são as atribuições dos profissionais auditores. Entende-se que a mul- tiprofissionalidade na área a torna mais qualificada e repleta de competências. Os processos de trabalho dos médicos na auditoria em saúde pública, nor- matizados pelo SUS e na área da enfermagem, representam que auditoria está em crescente expansão e a atuação do enfermeiro auditor tem grande impor- tância quando o propósito é otimizar os custos, evitar desperdícios garantir que todos os procedimentos sejam realizados de forma adequada. A auditoria em saúde traz benefícios para a instituição e para o paciente, visando a maior qualidade da assistência prestada e satisfação do paciente/cliente, e despesa adequada e justa para instituição. Ao longo da unidade, foram destacados as principais funções e deveres do profissional auditor como: sigilo, ética, imparcialidade, dentre outros, podendo concluir, assim, a importância que elas ocupam. Pode-se concluir que o trabalho e competências do auditor vão muito além de desempenhar a sua rotina pertinente à profissão, esta tange tudo o que implica em processo de saúde-doença, devendo o auditor ter consciência de seu dever e responsabilidade. A equipe que desempenha essas funções é composta não somente de médicos, mas também de enfermeiros e outros profissionais. Enquanto profissional médico, observou-se que este pode desempenhar a sua função de auditor em relação aos atos médicos, ou seja, na tomada de deci- são em relação a um parecer de liberação de um evento clínico, cirúrgico ou ambulatorial, no acompanhamento in loco de internamentos, podendo dialo- gar com os médicos que prestam assistência administrativamente, entre outros. A enfermeira auditora desenvolve várias funções, seja em ambiente Hospitalar na auditoria de contas ou em Operadoras de Saúde na revisão de prontuários, bem como na análise da assistência prestada. Essa função é de extrema importância, uma vez que as anotações de enfer- magem são umas das apontadas pelos motivos das glosas ou mesmo indicador de qualidade de determinado serviço. Com isso, a auditoria vai ganhando mais sentido e o conhecimento acerca dos profissionais que podem compô-la, possi- bilita visualizar com mais clareza a função de cada um. 70 1. Em relação às condutas e comportamentos do profissional auditor, leia as asser- tivas a seguir e assinale a alternativa correta. I. O profissional, para ser habilitado como auditor, não deve fazer inferências, não pode ser proprietário, sócio-cotista, administrador e dirigente de entida- de que preste serviço assistencial ao SUS, assim como não ter nessas condi- ções familiares próximos. II. Deve ser evitado casos em que haja conflito de interesses que possam in- fluenciar a imparcialidade do auditor, como participar de auditorias nas situa- ções em que o responsável auditado seja parente consanguíneo (até o tercei- ro grau), amizades ou inimizades ou que envolva entidade com a qual tenha mantido vínculo profissional nos últimos dois anos. III. Informações anteriores produzidas por profissionais auditores não podem ser aproveitadas, e devem ser arquivadas. IV. Utilizar os dados e as informações que obteve no desempenho de sua função e na execução dos serviços que lhes foram confiados são permitidos somente quando desempenhar sua função. Salvo determinação legal ou autorização expressa da alta administração. a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I está correta. d) Apenas I, II e IV estão corretas. e) Nenhuma das alternativas está correta. 2. Quanto às funções do Auditor, classifique as alternativas em Verdadeiro (V) ou Falso (F). ( ) O auditor pode atuar em em hospitais, planos ou outros serviços do Sistema Público, deve garantir a participação social e o controle público do sistema, por meio dos conselhos locais e municipais. ( ) Outra função do auditor envolve a glosa, que consiste no cancelamento par- cial ou total apenas de internamentos, quando estes serem considerados ile- gais ou indevidos. ( ) O médico, no exercício de auditoria, deverá estar regularizado ao Conselho Regional de Medicina da jurisdição em que ocorreu a prestação do serviço auditado. 3. Quanto ao papel do médico auditor, identifique ao menos três atribuições que esse profissional pode exercer dentro da Auditoria. 71 4. Assinale a alternativa incorreta quanto ao enfermeiro auditor. a) O enfermeiro auditor tem por função avaliar a assistência de enfermagem prestada ao cliente por meio do prontuário médico. b) Elaborar relatórios/planilhas, nas quais se define o perfil do prestador: custo por dia, custo por procedimento, comparativos entre prestadores por espe- cialidade. c) Fazer relatórios pertinentes: atendimentos feitos, dificuldades encontradas e áreas suscetíveis a falhas e sugestões; e para os casos de glosas direcionar imediatamente ao médico auditor. d) Participar de visitas hospitalares. e) Se capacitar e se qualificar constantemente. 5. Assinale a alternativa correta em relação ao profissional auditor. a) O profissional biomédico, dentro da Auditoria, só pode atuar na área de aná- lises clínicas. b) O enfermeiro pode examinar fichas clínica, prontuários odontológicos, exa- mes e demais documentações do paciente que comprovem a necessidade e a efetiva realização do procedimento odontológico, de enfermagem e médico. c) Na função de auditor, o farmacêutico deve identificar-se em todos os seus atos, fazendo constar o seu número de inscrição no CRF e deve praticar ativi- dades relacionadas ao âmbito da profissão farmacêutica. d) Cabe ao profissional enfermeiro revisar contas hospitalares, realizar visitas hospitalares visando analisar a assistência prestada, liberar procedimentos cirúrgicos e excluir códigos quando encontrar não compatibilidade. e) A auditoria é composta por diversos profissionais, o que a caracteriza multi- profissional, sendo o médico o eleito como chefe ou supervisor dela. 72 O fortalecimento da economia do país permitiu a ampliação do Sistema Único de Saúde (SUS), a multiplicação das empresas prestadoras de serviço de assistência médica e hos- pitalar (hospitais, clínicas, laboratórios etc),além das contratantes de serviços, como os planos de saúde, seguradoras, autogestoras de saúde entre outras. Com a ampliação do leque de serviços, aumentou também o campo de trabalho para o controle e avaliação do que está sendo ofertado. Em face das específicas complexidades e da necessidade de se verificar todos os procedimentos realizados e seus respectivos custos, a atuação do Enfermeiro Auditor, é, sem dúvida, cada vez mais requisitada. Cabe ao Enfermeiro auditor a análise das contas hospitalares e a verificação da qualidade da assistência de Enfermagem, além das condições da estrutura básica para prestação desta assistência. A emissão de pareceres e a detecção de vazamento de recursos econômicos na institui- ção, através do uso de materiais e medicamentos, também estão entre as suas priorida- des. Seja na área pública ou privada, no tomador ou no prestador de serviço, um fator que facilita o trabalho do Enfermeiro auditor é a experiência assistencial. “A vivência hos- pitalar é que traz a expertise para o desenvolvimento do trabalho como auditor”, ressalta Simone Casarini Arantes, Enfermeira auditora da Unimed Seguros desde 1996. O Enfermeiro auditor indica ao setor de faturamento de itens que podem ser cobrados mediante o atendimento prestado. A visão técnica do Enfermeiro auditor e o seu conhe- cimento sobre os materiais e medicamentos que foram utilizados no tratamento do pa- ciente fazem com que esta cobrança seja justa, e também com menor probabilidade de glosas (recusas de pagamento por parte dos planos de saúde). Em função da atualização constante da tecnologia, o trabalho de auditoria reúne profissionais de diferentes áreas. No SUS, o compromisso da auditoria é com o fortalecimento da gestão, sendo conside- rada uma importante ferramenta para aprimorar a qualidade do serviço e regular toda a estrutura de saúde do país. O trabalho do auditor SUS incorpora a avaliação das ações de promoção, prevenção e assistência, as quais devem se refletir na melhoria dos indica- dores epidemiológicos e de bem-estar social, no acesso e na humanização dos serviços. “O auditor não é um mero contador de procedimentos, de materiais e medicamentos. Ele enxerga longe. A gente enxerga o paciente em toda a sua complexidade e pelo co- nhecimento da matéria conseguimos saber se aquele atendimento foi correto ou não. [...] No SUS, o Enfermeiro auditor analisa a produção ambulatorial e hospitalar, verifica pron- tuários para conferir as Autorizações de Internação Hospitalar (AIH), além de esclarecer duplicidades e denúncias, entre outras demandas internas e externas, que podem ser programadas ou surgirem por solicitação da própria Secretaria de Saúde, ou de órgãos como o Ministério Público Federal ou Estadual, Ministério da Saúde ou o Tribunal de Contas. Também é imprescindível conhecer a legislação (ANVISA, ANS, Ministério da Saúde) e os sistemas como TABWIN, SGIH, SIHD, CNES, além de saber utilizar os diversos bancos de dados (APAC, BPA e BPAI, Tabela Unificada de procedimentos - AIH, APAC, BPA, OPME), assim como ter experiência na análise de estatísticas e dados epidemiológicos. 73 A auditoria é uma estrutura importante no SUS dado o seu caráter fiscalizador e de apoio à gestão. A utilização dos prontuários na realização da auditoria permite iden- tificar problemas e orientar a equipe e a instituição quanto ao registro apropriado das ações, bem como o respaldo ético e legal. Também é possível, ainda, apontar desvios e propiciar propostas e estratégias para a melhoria da qualidade da assistência ao cida- dão. Instrumento de Gestão a Enfermeira auditora da Secretaria de Estado de São Paulo, Sandra Gallo, explica que no âmbito SUS, o Sistema Nacional de Auditoria (SNA) está re- gulamentado pelo Decreto Federal 1651 de 28 de setembro de 1995 representado pelas três esferas de governo em seus componentes Federal, Estadual e Municipal. No estado de São Paulo, o componente estadual do SNA é constituído pelo Grupo Nor- mativo de Auditoria e Controle de Saúde – GNACS da Secretaria Estadual de Saúde. A auditora diz que embora no SUS exista toda uma legislação normativa que instrui como as ações devem acontecer, há também o olhar voltado a avaliar “como, de que forma, com que resolutividade” estas ações estão sendo realizadas. Portanto, as ações de audi- toria no SUS não se restringem apenas ao estabelecimento de conformidades ou não; ela agrega elementos voltados à gestão da clínica, à epidemiologia e mensuração do impacto das ações de saúde propostas pelo gestor SUS à sua população, além de verifi- car a aplicação dos recursos SUS transferidos ao gestor e prestadores SUS. “A auditoria é um instrumento de gestão para o fortalecimento do SUS, na medida em que fornece ao gestor informações que o auxiliam na tomada de decisão, contribuindo para o planeja- mento e aperfeiçoamento das ações de saúde”, analisa Gallo. Ainda, a auditora endossa a opinião de que a formação técnico-acadêmica do Enfermeiro permite que ele tenha uma visão sistêmica, unindo na elaboração do processo de trabalho elementos distin- tos que contextualizam o objeto a ser auditado. Quanto à importância da experiência assistencial, Sandra concorda com Wagna e Simone, mas faz uma ressalva: “No âmbito do SUS, a minha experiência como gestora foi fundamental para o desempenho das minhas atividades no GNACS. A experiência sempre agrega valor, mas não acredito que ela deva ser excludente. Penso que uma capacitação adequada no conhecimento do sistema, seja ele público ou privado, a afinidade com o trabalho e o comprometimento pessoal do Enfermeiro com a sua própria educação profissional permanente é a compo- sição fundamental que alicerça uma carreira promissora”, finaliza. Fonte: Enfermagem em Revista ([2017], on-line)2. MATERIAL COMPLEMENTAR Auditoria, Controle e Programação de Serviços de Saúde Gilson Caleman; Marizélia Leão Moreira; Maria Cecília Sanchez. Editora: Fundação Peirópolis Ltda. Sinopse: o setor da saúde no Brasil vive hoje um momento peculiar. O Sistema Único de Saúde (SUS) constitui um moderno modelo de organização dos serviços de saúde que tem como uma de suas características primordiais valorizar o nível municipal. Contudo, apesar de seu alcance social, não tem sido possível implantá-lo da maneira desejada, em decorrência de sérias di� culdades relacionadas tanto com seu � nanciamento quanto com a e� ciência administrativa de sua operação. Essa situação fez com que fossem ampliados, nos últimos anos, os debates sobre o aumento do � nanciamento do setor público da saúde e a melhor utilização dos limitados recursos existentes. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento Nacional de Auditoria do SUS. Orienta- ções técnicas sobre auditoria em Odontologia no SUS: caderno 2. 2. ed. Brasília, 2005. ______. Ministério da Saúde. Departamento Nacional de Auditoria. Curso básico de regulação, controle, avaliação e auditoria do SUS. Brasília, 2008. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução COFEN 266/2001. Aprova as atividades de Enfermeiro Auditor. Disponível em: <http://www.cofen.org.br/legisla- coes>. Acesso em: 06 jun. 2017. D’INNOCENZO, M. ADAMI, N.P. CUNHA, I. C. O movimento pela qualidade nos ser- viços de saúde e enfermagem. Revista brasileira de enfermagem. [on-line], v. 59, n.1, p. 84-88, jan-fev, 2006. DORNE, J. D.; HUNGARE, J. V. Conhecimentos teóricos de auditoria em enfermagem. Revista Uningá. v. 15, n. 1, p. 11-17, 2013. FURUKAWA, P. O.; CUNHA, I. C. K. O. Da gestão por competências às competências gerenciais do enfermeiro. Revista brasileira de enfermagem. v. 63, n. 6, p. 1061- 1066, dez. 2010. LIMA, L. J.; LIMA, R. A. A importância da auditoria interna nas organizações. Dis- ponível em:<http://www.netlegis.com.br/indexRC.jsp?arquivo=detalhesArtigosPu- blicados.jsp&cod2=1271>. Acesso em: 08 jun.2017. MEDEIROS, U. V; ANDRADE, J. M. V. Guia de estudo de auditoria. Apostila do curso de especialização em odontologia do trabalho. São Paulo: Faculdadede Odontolo- gia São Leopoldo. ed. Mundi Brasil, 2007. MEDEIROS, U. V; MIRANDA, M. S. O papel do auditor odontológico. Revista. brasi- leira de Odontologia. Rio de Janeiro, v. 67, n. 1, p. 63-68, jan./jun. 2010. MELO, M. B. O Sistema Nacional de Auditoria do SUS: estruturação, avanços, desa- fios e força de trabalho. 2007. 218f. Tese (Doutorado em Ciências), 2007. MOTTA, A. L. C.; LEÃO, E.; ZAGATTO, J. R. Auditoria médica no sistema privado: abordagem prática para organizações de saúde. São Paulo: Iátria, 2005. MOTTA, A. L. C. Auditoria de enfermagem nos hospitais e operadoras de plano de saúde. São Paulo: Iátria, 2010. PREGER, C. M.; BERGER, I.; FONTE, C. A. G.; MASCARELLO, H. C. Perfil dos médicos au- ditores no estado do Rio Grande do Sul. Revista da Associação Médica Brasileira [on-line], vol. 51, n. 2, p. 87-92, 2005. POSSARI, J. F. Prontuário do paciente e os registros de Enfermagem. São Paulo: Iátria, 2005. SCARPAZO, A. F. Auditoria em enfermagem: revisão de literatura. v. 80, n. 8, São Paulo, jan. 2005. REFERÊNCIAS 75 REFERÊNCIAS SANTOS, L. C.; BARCELLOS, V. F. Auditoria em Saúde: uma ferramenta de gestão Brasília, 2009. REFERÊNCIAS ON-LINE 1Em: <http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2001/1614_2001.htm>. Acesso em: 08 jun. 2017. 2Em: <http://portal.coren-sp.gov.br/sites/default/files/46_auditoria.pdf>. Acesso em: 08 jun. 2017. GABARITO 1. D. 2. V, F, V. 3. Atribuições: o médico auditor pode desempenhar importante papel de regula- dor entre a qualidade dos serviços prestados e seus respectivos custos, emitir parecer de liberação, acompanhar in loco os internamentos, podendo dialogar com os demais médicos que prestam assistência. 4. D. 5. D. U N ID A D E III Professora Esp. Caroline Miguel Aver AUDITORIA DE ENFERMAGEM Objetivos de Aprendizagem ■ Introduzir o conceito de Auditoria de Enfermagem no Setor Público, detalhando o processo e fases que ela ocupa dentro do Serviço. ■ Classificar a Auditoria de Enfermagem com ênfase no Setor Privado. ■ Apresentar a ferramenta de grande valia para a Auditoria, capaz de mensurar a qualidade do serviço e ser responsável por avaliar os custos. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Processo da Auditoria de Enfermagem no Serviço Público ■ Classificação da Auditoria: foco no Serviço Privado ■ Prontuário do paciente como ferramenta fundamental no processo e a importância das anotações de enfermagem INTRODUÇÃO O papel da enfermagem na auditoria é avaliar a assistência que o paciente está recebendo, assim como a integralidade e exatidão da documentação dessa assis- tência no prontuário. A todo tempo, entederemos o processo de Auditoria, porém, como já foi evi- denciado, esta apresenta perfil distinto nas instituições de saúde do setor público e setor privado, porém, em ambos os casos, o resultado deve contribuir para a promoção e manutenção da saúde do usuário. Nem sempre será necessário apenas reduzir gastos e evitar prejuízos finan- ceiros, mas também é preciso proporcionar a gestão eficiente com excelência na qualidade dos serviços prestados ao menor custo possível. Tais fatos justificam a importância desse módulo, em que serão estudados e detalhados os diversos processos da Auditoria de Enfermagem na área Pública e Privada de forma prática. Cada um com sua particularidade, os procedimen- tos envoltos pelo SUS integram etapas que iniciam desde um diagnóstico da problemática ou rotina, finalizado por resultados como relatórios de não con- formidades e ajustes. Será possível observar que a Auditoria de Enfermagem do SUS implica em diversas fases, etapas que resultam em uma sequência de diagnóstico, prepara- ção, implantação e resultado de uma situação. Já na esfera das Operadoras de Saúde, serão enfocados os três tipos de audito- ria: pré, concorrente e de contas médicas, que são responsáveis desde a liberação ou não de guia, passando pelo internamento hospitalar, até a revisão das con- tas hospitalares. Grandes são as melhorias e falhas nesse momento que pode-se identificar com esses tipos de auditoria, e junto a elas faz-se necessário enfatizar o impacto que os prontuários e as anotações de enfermagem representam para qualidade do serviço e para as instituições. É importante ressaltar que a cada Unidade o tema Auditoria deverá se tor- nar mais claro, e com a abordagem da auditoria de enfermagem todo o processo torna-se mais efetivo e contínuo. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 81 AUDITORIA DE ENFERMAGEM Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E82 PROCESSO DE AUDITORIA DE ENFERMAGEM A crescente evolução dos custos de assistência em saúde preocupa os gestores dessa área, diversos são os fatores que contribuem para os altos custos, sendo um deles a falta de controle mais atuante e efetivo em relação à Auditoria dos serviços prestados. A participação do enfermeiro nessa área exige maior desempenho em relação à qualidade do serviço e observações específi cas inerentes à função, possibili- tando a esse profi ssional uma visão ampla do serviço. De acordo com Maia e Paes (2005) o papel da enfermagem na auditoria é avaliar a assistência que o paciente está recebendo, assim como a integralidade e exatidão da documentação dessa assistência no prontuário. Quando integrada à visão do auditor médico e demais profi ssionais consegue-se ter a visão da assis- tência global prestada ao paciente. Ainda, segundo o autor, o prontuário do paciente espelha a efi ciência dos cuidados, e atua como a única prova de veracidade do tratamento e dos cuida- dos realizados. Dessa forma, é necessário o seu preenchimento exato e completo, como garantia aos profi ssionais. Portanto, o profi ssional de Auditoria de Enfermagem vem justifi cando seu papel, pois a enfermagem permanece dentro do hospital durante 24 horas por dia. Pode-se dizer que 60% da conta hospitalar refl ete diretamente o serviço de enfermagem: checagem de medicamentos, cuidados prescritos, as anotações, os equipamentos e os materiais utilizados. Atualmente, a Auditoria de Enfermagem nos hospitais em que se desen- volve tem dois grandes objetivos: mensurar a assistência prestada (qualidade) e Processo De Auditoria De Enfermagem Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 83 compatibilizar o nível dessa assistência com a necessidade de controle dos cus- tos hospitalares. PROCESSO DE AUDITORIA DE ENFERMAGEM NO SERVIÇO PÚBLICO A todo tempo, estaremos entendendo o processo de Auditoria, porém, como já foi evidenciado, ela apresenta perfil distinto nas instituições de saúde do setor público e setor privado, porém, em ambos os casos o resultado deve contribuir para a promoção e manutenção da saúde do usuário. Conforme Santana e Silva (2009), as auditorias do Sistema Público incluem avaliações de resultado, de processo e de estrutura, sendo o relatório o produto final. Para tanto, algumas informações são imprescindíveis e devem ser claras e objetivas. Dessa forma, a auditoria torna-se um momento dinâmico de mudanças e transformações, em que as bases administrativas, técnicas e operacionais estão interligadas. Sendo a auditoria um processo complexo e amplo, a ilustração a seguir resume as ações que a integram: AUDITORIA DE ENFERMAGEM Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E84 A P C D Agir Corretivamente e Preventivamente no Sistema Preparar e Planejar a Auditoria Fazer Análise Crítica sobre o Resultado da Auditoria Conduzir a Auditoria e Relatar Constatações Figura 1- Analogia do ciclo PDCA com as fases da autoria Fonte: adaptada de Martins e Cerqueira (1996, p. 36).Segundo a analogia do ciclo, temos algumas ações que iremos detalhar ao longo dessa Unidade, ou seja, planejar as ações, conduzir as mesas, analisar e verificar os resultados e agir corretivamente. Processo De Auditoria De Enfermagem Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 85 Representando o ponto de partida do processo de auditoria, tem-se o planejamento inicial. As atividades são organizadas em duas fases: uma fase de preparação da auditoria e outra de detalhamento do planejamento. (SANTANA; SILVA, 2009). A seguir, o autor apresenta sobre as atividades de cada fase. ■ Fase de preparação da auditoria Para iniciar a auditoria é necessário a designação de uma equipe e de alguém que possua competências para coordená-la. Para aquelas instituições que não possuírem equipe de auditoria interna, o próprio diretor de enfermagem pode escolher os profissionais mais capacitados para desenvolver as funções, além de selecionar o coordenador. Para realizar essa escolha é importante seguir as sugestões do Departamento Nacional de Auditoria (BRASIL, 2001), que recomenda serem observadas algumas Por que discutir auditoria do SUS é tão importante? Discutir a auditoria do SUS é tão importante, pois é ela responsável pelo controle das ações, além de contribuir com a gestão por meio da análise dos resultados das ações e serviços públicos de saúde. Ela tem papel importante no controle do desperdício dos recursos públicos, colaborando para a trans- parência e maior credibilidade da gestão pública. A existência da área de auditoria traz benefícios ao SUS, pois instrumentaliza o gestor com dados sobre as fragilidades e potencialidades do sistema de saúde, municiando o seu planejamento e, com isso, fomenta a adequação das políticas e das ações para o melhor atendimento à população. Além dis- so, otimiza o uso de recursos com a finalidade de diminuir o desperdício e combate à corrupção. Para saber mais, acesse o link disponível em: <http://sna.saude.gov.br/ download/cartilhaWEB_SUS_2111.pdf>. Fonte: Ministério da Saúde (2001, on-line). AUDITORIA DE ENFERMAGEM Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E86 das competências que já foram estudadas no módulo anterior, como: capacidade e habilidade técnica a legitimidade perante o grupo, facilidade de comunicação e a aptidão de contornar conflitos. Assim que a equipe for formada segue-se ao planejamento para o escopo da auditoria. O termo escopo é usado para definir o conjunto de produtos, proces- sos, normas, documentos, contratos, locais, departamentos e o pessoal que está sob auditoria (O’HANLON, 2006). Nessa fase, será feito o cronograma de todos os passos contemplados, bus- cando responder “o que” será auditado e “para que” será realizada a auditoria, e “como” ela será feita, por exemplo: “Auditar a assistência de Enfermagem no Setor de pronto-socorro para verificar a implantação da sistematização da assis- tência de Enfermagem, visando qualificar o seu cumprimento”. Em seguida, procede-se o levantamento dos dados, ou seja os documentos que possam dar embasamento para análise, como: relatórios, roteiros, normas, instruções e padrões assistenciais. Com essas etapas concluídas, o auditor deve enviar sua agenda de progra- mação à organização a ser auditada, ou melhor dizendo, enviará a proposta de programação para condução da auditoria in loco, que por sua vez poderá ser apro- vada ou modificada conforme necessidade de quem está sendo auditado, desde que não comprometa o objetivo da auditoria (MARTINS; CERQUEIRA, 1996). Quanto ao modelo da agenda, o enfermeiro auditor pode considerar um item proposto por Martins e Cerqueira (1996, p. 66), que contém as datas da auditoria e a distribuição das atividades de cada auditor da equipe pelos horá- rios de cada data indicada. Uma busca de caráter mais informal acerca da Instituição ou serviço que será auditado deverá ser feita (chamamos essa fase de pré-auditoria). Seja por meio do exame e análise dos documentos de referência e outras informações acerca do que/quem será auditado ou/e da realização de uma visita de pré-au- ditoria (BRASIL, 2001). Processo De Auditoria De Enfermagem Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 87 ■ Fase de Implantação O momento de implementação tem como atividade principal a efetivação do plano de auditoria, se nas fases anteriores se buscou identificar a equipe e pla- nejar as ações, é nesse momento que iniciará a realização delas. O processo de auditoria em Enfermagem é o momento de maior relevân- cia por envolver todos os outros momentos, e contemplar as seguintes etapas: 1) A coleta de dados, designada como etapa de investigação. 2) A identificação de problemas com os seus respectivos diagnósticos de Enfermagem, momento de diagnóstico. 3) A definição das ações corretivas/prescrição de Enfermagem, novamente indo para o momento de planejamento. 4) A execução das atividades próprias do seu momento. Vimos, caro (a) aluno(a), as etapas que compõem a auditoria em Enfermagem e como ela deve ocorrer. EXECUÇÃO DA AUDITORIA Uma reunião de abertura, breve e bastante objetiva marca essa etapa, entre a equipe auditora e o(s) responsável(eis) técnico(s) pelos auditados (diretores, gerentes etc.). Um dos objetivos é estabelecer a boa comunicação e cooperação entre os auditados e auditores, diminuindo as resistências naturais, apresentando os mem- bros e agenda (BRASIL, 1998). AUDITORIA DE ENFERMAGEM Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E88 MOMENTO DE IMPLEMENTAÇÃO/EXECUÇÃO Ainda na reunião citada acima, é entregue o Ofício de Apresentação, do Comunicado de Auditoria (podendo ser enviado previamente), além da equipe expor o escopo e objetivos da auditoria. Também é solicitado o espaço físico para a equipe de auditores, e o profis- sional que será responsável por acompanhar a auditoria e ser o instrumento de comunicação para esclarecimento e disponibilização do que se fizer necessário no decorrer dos trabalhos (BRASIL, 1998, 2001; MARTINS; CERQUEIRA, 1996). Em seguida, inicia-se a coleta de dados, que corresponde ao momento de investigação. De posse dos dados coletados, inicia-se o momento de diagnós- tico, em que são identificados os problemas e as declarações diagnósticas serão redigidas. Então, vamos imaginar que determinada equipe estará auditando o serviço da Unidade de Terapia Intensiva, em relação às evoluções de enfermagem e qua- lidade dos prontuários, e identificou-se que parte da equipe não somente não evolui de forma completa, como também pode prejudicar a qualidade do ser- viço prestado ao paciente e ao faturamento. Nesse momento, volta-se ao planejamento, dito agora como planejamento processual, culminando com as prescrições de Enfermagem, que correspondem à fixação das ações corretivas. Após executar as atividades típicas dos outros momentos do processo de auditoria em Enfermagem, o enfermeiro auditor retoma as atividades ineren- tes ao momento de implementação com a realização da reunião de fechamento. O fechamento da reunião é composto pelos mesmos profissionais que a abri- ram e outros que também tenham autoridade e responsabilidade pela tomada de ações corretivas. Na reunião os auditores enfermeiros fornecem conhecimento e esclareci- mento sobre os resultados, apontando as distorções para as quais cabem ações corretivas, além de esclarecer aos auditados que a auditoria feita se constitui de uma amostragem, ou seja, podendo existir outras distorções que não puderam ser observadas (BRASIL, 1998; MARTINS CERQUEIRA, 1996; O’HANLON, 2006). Processo De Auditoria De Enfermagem Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di goP en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 89 RESULTADO DA AUDITORIA O resultado da auditoria se caracteriza pela confecção do relatório dela, em que o auditor informa aos responsáveis técnicos dos serviços auditados (Diretor de Enfermagem, Coordenador de Área/Serviço/Programa de Enfermagem etc.), o trabalho que foi realizado, qual setor foi analisado, quais foram os principais fatos encontrados (que julgam necessário divulgar), as conclusões a que chegou e as recomendações que se fizerem necessárias (JUND, 2002). Conforme apanhado em diversas fontes bibliográficas, entre elas Brasil (2001), Martins e Cerqueira (1986) e Kurcgant apud Possari (2005), é recomen- dável que o relatório de auditoria em Enfermagem tenha os seguintes dados: ■ Escopo e objetivo da auditoria. ■ Identificação da equipe de auditores. ■ Data da auditoria. ■ Detalhes do plano de auditoria. ■ Documentos relacionados e/ou auditados. ■ Descrição das distorções (não-conformidades) encontradas. ■ Julgamento das distorções em relação ao padrão, sob a forma de parecer final (excelente, muito bom, bom, regular ou insuficiente). Por ter diversos dados e itens, é de suma importância que a apresentação dos mesmos seja detalhada em uma sequência lógica, isenta de erros ou rasuras que, porventura, possam prejudicar o entendimento (POSSARI, 2005). INVESTIGAÇÃO Diante dos problemas já identificados, é nessa etapa que ocorrerá a coleta dos dados, para que aconteça de forma objetiva e clara a explicação dos problemas. Sugere-se iniciar essa fase com a elaboração de uma lista com as problemáticas presentes. AUDITORIA DE ENFERMAGEM Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E90 O ato de Observar, nesse momento, é importante e faz parte de todo o pro- cesso de auditoria, mas observar não é simplesmente olhar. Vale destacar aquilo que se faz importante no processo observado, ainda na situação da UTI, obser- var a dinâmica de trabalho das enfermeiras, dos pacientes e das intercorrências, buscando compreensão da realidade. O enfermeiro auditor descreve, por escrito, todas as manifestações dos audi- tados, algo que entendeu fazer diferença na rotina, as circunstâncias encontradas nos trabalhos, e registra as reflexões a respeito da situação observada. Na auditoria, os participantes são representados pelos auditados, com media- ção do enfermeiro auditor, ou seja, o que o cliente diz receber e/ou o auditado diz fazer, será comparado com o que está escrito para ele fazer, comparado com o que o auditor observa ter sido feito (SANTANA; SILVA, 2009). EXPLICAÇÃO DOS PROBLEMAS Após identificar o problema é preciso explicá-lo. A explicação dos problemas é imprescindível para a redação das declarações diagnósticas, mais uma vez é de suma importância ressaltar: toda clareza e objetividade tornam todo processo mais rico. Não é obrigatório que todos os auditores participem da sua construção, mas esta deve ser partilhada e corroborada, para que seja considerada como apro- priada à realidade encontrada. Nessa auditoria, designada como de processos é recomendado o mapeamento destes por meio do uso de fluxogramas, em que o enfermeiro auditor mapeia a sequência de atividades desenvolvidas dentro de um processo, sejam eles pro- cessos assistenciais, administrativos ou educativos (SANTANA; SILVA, 2009). Ao final do momento de investigação, a equipe de auditoria revisa os dados coletados, buscando constatar se os mesmos são consistentes e pertinentes, se pos- sibilitam a identificação de problemas e a redação das declarações diagnósticas. Processo De Auditoria De Enfermagem Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 91 Caso os dados não apresentem essas qualidades, os auditores necessitam retomar a coleta de dados a fim de minimizar as falhas e alcançar um nível que permita avançar com segurança em outros momentos do processo de auditoria. DIAGNÓSTICO O processo de auditoria em Enfermagem vai da identificação dos problemas, e dos estados dos problemas, se os problemas são reais, potenciais ou possíveis, para, em seguida, fazer a(s) declaração(ões) diagnóstica(s). São esses diagnósticos que apontam de fato os problemas administrativos, sejam eles diagnósticos de Enfermagem, problemas colaborativos, reais, poten- ciais ou possíveis. Quando fala-se em diagnósticos de Enfermagem, fala-se dos problemas que a equipe de Enfermagem possa enfrentar de maneira autônoma, sem haver neces- sidade de intervenção de outras categorias profissionais. Para aqueles problemas em que são levantadas as causas, sem apresentar as consequências, chamamos de potenciais ou de risco. Por outro lado, os problemas possíveis são definidos quando as causas e as conseqüências são incertas, de certa forma existem dados para suspeitar de algo, mas não o suficiente para ter certeza. Nesse caso, as ações são direcionadas para reunir dados que possam ser transformados em reais ou possíveis, ou eliminar o problema. Com as declarações diagnósticas devidamente elaboradas é importante avan- çar no processo, e, para isso, a equipe se depara com a etapa do planejamento, que agora tem um caráter sequencial (processual), assumindo funções diferen- tes do planejamento inicial. Não existe “achismo” na auditoria. Ou existem evidências ou não há cons- tatação. Na auditoria, ou se trabalha com ética, zelo e responsabilidade, se- guindo as regras do processo, ou esse todo ficará comprometido. AUDITORIA DE ENFERMAGEM Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E92 Se for olhado sob o ponto de vista da gestão, o momento de planejamento processual ganha importância maior como meio para promover mudanças nos pontos a serem controlados. Todo esse trajeto torna a auditoria dinâmica por meio do papel dos audi- tores enquanto sujeitos facilitadores do processo de mudança, de qualidade em saúde e de resultados. Suas atividades são iniciadas com o estabelecimento das prioridades para as ações corretivas, passando pela definição da situação objetiva (metas/resulta- dos esperados), finalizando com prescrição de Enfermagem, aqui entendida como a elaboração. REUNIÃO DE FECHAMENTO Terminada a avaliação in loco é necessário dar conhecimento ao auditado/áreas para a compreensão dos resultados genéricos da auditoria, apontando as distor- ções para as quais cabe correção imediata (orientações). O auditor não deve realizar um trabalho para o qual não disponha das com- petências necessárias. Se assim o fizer, você consegue imaginar todas as consequências que tal ação trará? Classificação da Auditoria: um Foco no Setor Privado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 93 RELATÓRIO DE AUDITORIA Para cada auditoria realizada, o auditor deverá ela- borar um relatório que refletirá os resultados dos exames efetuados, de acordo com o tipo de audi- toria. O relatório deve seguir um padrão (como fora descrito acima). O relatório deverá ser levado ao conhecimento da chefia imediata para ciência e encaminhamentos devidos. Na elaboração do Relatório de Auditoria a equipe pode se basear nos roteiros propostos pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS), anexos no presente Manual. CLASSIFICAÇÃO DA AUDITORIA: UM FOCO NO SETOR PRIVADO Anteriormente, adentramos brevemente no processo de Enfermagem do Serviço Público, agora entenderemos um pouco sobre a Auditoria de Enfermagem mais exercida como processo dentro dos servi- ços privados e hospitalares, como também em operadoras de saúde. Vamos retomar que esse tipo de audito- ria pode ser feito com a equipe de auditoria interna ou externa, sendo classificada em três modalidades de auditoriapara o autor Motta (2003). AUDITORIA DE ENFERMAGEM Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E94 A pré-auditoria – ou auditoria prospectiva – é uma avaliação dos procedimen- tos médicos antes de sua realização, ou seja, a auditoria prévia do procedimento indicado ao paciente. Analisa-se a solicitação com o diagnóstico e exames realizados. AUDITORIA PROSPECTIVA Todo o processo de admissão do paciente no hospital deve ser monitorizado pela auditoria, desde a solicitação do médico assistente até a conclusão do rito da internação. Cabe ao auditor responsável pela auditoria prospectiva (pré-auditoria), a análise das solicitações e as autorizações, desencadeando o processo de emissão das guias ou documentos comprovantes de autorizações. A análise das solicitações deve levar em conta a necessidade e a realização das internações em locais adequados e por períodos compatíveis. Apoiado pelo setor administrativo, o auditor deve acompanhar todo o processo de hospitaliza- ção, garantindo que informações técnicas e administrativas estejam claramente colocadas, como coberturas, situações clínicas ou cirúrgicas etc. Devemos lembrar que a falta de informações pode aumentar o tempo de hospitalização, assim como aguardar autorização para a realização de algum procedimento pode aumentar o número de diárias, com todos os custos que isto implica. As internações eletivas devem ocorrer sempre com o documento de autorização. Classificação da Auditoria: um Foco no Setor Privado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 95 Diversos são os objetivos da auditoria prospectiva, dentre eles se destaca: ■ Autorizar previamente as internações eletivas ou outros procedimentos especiais. ■ Assegurar a necessidade do paciente internar ou realizar procedimento em local adequado. ■ Considerar o tempo de internação esperado e compatibilizar a autori- zação com o quadro clínico do paciente, inclusive codificado conforme tabela acordada entre as partes. ■ Verificar se o procedimento solicitado é devido, tanto do ponto de vista Qualitativo como quantitativo. ■ Averiguar a compatibilidade da especialidade do requisitante com o exame solicitado. Detectar possíveis abusos na solicitação de SADT. ■ Verificar associação de duas ou mais cirurgias no mesmo ato, ou cirur- gias bilaterais. 96 O beneficiário de um plano privado, há mais de 5 anos, comparece em consulta com o neurologista que solicita a tomografia por meio de uma guia ambulatorial. Em posse desta, o usuário irá ao setor responsável por recebê-la e encaminhá-la à auditoria para análise de sua liberação. A análise, feita por um médico auditor, foi autorizada e após ser realizado o exame e mostrado ao seu médico, o paciente teve alta. Depois de 24 horas, a pessoa doente retornou apresentando muita cefaléia no PA e foram solicitados exames de Alta Complexidade, que exigem liberação da Auditoria, todos foram feitos. Conclusão: Por meio do caso, é possível observar dois exemplos de auditoria pros- pectiva: a de nível ambulatorial e outra de nível hospitalar. Estudo de caso 2 M.G.D, 47 anos, portadora de hipertensão, diabetes e obesidade, é acompanhada por médico cardiologista e endocrinologista, inicia a consulta com dor no joelho. Assim, é encaminhada ao ortopedista e, após realização de diversos exames, é de- tectado a lesão de joelho, e então solicitado artroplastia de joelho D. O médico solicita três códigos de procedimento: cirúrgico, materiais e prótese; to- dos descritos em guia, com indicação, CID e exames complementares. A auditoria médica avaliou que dentre os três códigos, somente dois estavam li- berados, o setor responsável pela cotação fez com três empresas orçamentos para materiais e prótese, e indicou em guia a marca dos mesmos. Assim, a enfermeira liberou a quantidade de diárias pertinentes ao código cirúrgico. Conclusão: um exemplo típico de liberação de procedimento cirúrgico, em que a auditoria por meio da equipe multiprofissional desempenha sua análise e parecer. Classificação da Auditoria: um Foco no Setor Privado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 97 É evidente a importância que esse tipo de auditoria desempenha, principalmente quando o olhar é voltado para a esfera contratual e de custo. Para procedimentos eletivos, esta estará presente arduamente, e o profissional que a executa neces- sita dispor de todo conhecimento na área. AUDITORIA CONCORRENTE A auditoria concorrente é um acompanhamento contínuo dos pacientes hospi- talizados, enfocando os custos e a qualidade dos serviços prestados. O auditor faz, inicialmente, a reavaliação da necessidade da internação, agora por meio da observação direta e da entrevista com o paciente. A seguir, acompanha a realização de procedimentos, terapias e diagnósticos, inclusive os cuidados recebidos pelos pacientes. Observa os prontuários com as prescrições, evoluções médicas e anotações de enfermagem. Acompanha a necessidade de prorrogações ou de alta do paciente, discutindo, inclusive, o caso com o médico assistente. O auditor, atuando dentro do hospital, vai intervir efetivamente nos custos das internações, promovendo correções e ajustes (diárias pagas desnecessa- riamente em decorrência de suspensão de cirurgias, demora na realização da cirurgia eletiva entre outras). Este auditor também analisa as intercorrências solicitadas, autorizando con- forme sua real necessidade e compatibilidade com o quadro clínico do paciente. O auditor deve estar em contato frequente com o médico assistente e com a Diretoria Clínica do Hospital. A visita hospitalar é fator de controle de parâmetros éticos e técnicos do tra- tamento, acompanhando de perto o paciente e fornecendo a fotografia do dia a dia, orientando a auditoria de contas, posteriormente. Permite o acompanhamento do caso e em algumas situações especiais agi- liza a realização de procedimentos, pois o Auditor pode autorizá-los no próprio local, evitando o deslocamento desnecessário de familiares do paciente para obtenção de autorização ou negativa. 98 Um hospital composto por 200 leitos, tem em seu quadro de profissionais três en- fermeiras auditoras que executam seu trabalho de segunda à sexta-feira, analisando prontuário e relatório de consumos - quando houvesse necessidade, visitava-se o paciente (VIANA et al, 2016). Nesse processo, algumas adequações eram necessárias e indicadas pela auditora no relatório de consumo, e adequadas no sistema pelo faturista, que, além disso, lançava na conta hospitalar itens como honorários e exames. A média de prontuários auditados por dia era de 25 ou um dia de internação de cada paciente, exceto nos casos das segundas-feiras, que totalizam três dias devido ao final de semana. A terceira enfermeira auditora realizava o checklist nas unidades durante o turno da manhã. A intenção era de que as inconformidades, quando existentes, fossem resol- vidas até o período da tarde em que os profissionais auditava as contas hospitalares. Realizava-se o checklist em todos os prontuários, entregando-os para a enfermeira da unidade que ficava ciente das inconformidades apresentadas e buscava a reso- lução. O checklist ficava em uma pasta específica na unidade que, à tarde, era recolhida para a mensuração dos indicadores mensais. O contato entre as enfermeiras auditoras e a equipe de enfermagem da unidade era constante, todas as vezes que haviam dúvidas relacionadas ao prontuário e ao atendimento conversava-se e prestavam-se esclarecimentos. As capacitações passaram a ser durante o turno de trabalho e no espaço da unidade, permitindo a participação de todos. Durante os diálogos surgiam questões técnicas a serem trabalhadas, como por exemplo,a diluição de medicação. Diante de incoerências entre o medicamento prescrito, checado e os itens consu- midos, foi possível verificar que, por vezes, as diluições não estavam sendo realiza- das conforme preconizava a padronização hospitalar, o que poderia levar a erros no atendimento ao paciente. Este diagnóstico fez com que as capacitações fossem intensificadas e processos de trabalhos revistos. Conclusão: Trata-se de uma auditoria interna, composta por profissionais contratos pelo próprio hospital e que realizam a auditoria concorrente, ou seja, corrigindo falhas e avaliando o serviço durante o internamento dos pacientes. Classificação da Auditoria: um Foco no Setor Privado Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 99 Entender que um profissional pode fazer toda a diferença, principalmente em um processo de internação, torna todo o processo mais rico e valioso. Por isso, nessa etapa, o indicador da qualidade da assistência pode ser colocado na prática e diversas conclusões podem ser feitas e, com elas, muitas mudanças sugeridas. AUDITORIA DE CONTA HOSPITALAR OU RETROSPECTIVA A auditoria de conta hospitalar ou retrospectiva ou revisão de contas é a análise dos procedimentos médicos realizados com ou sem prontuários médicos, geral- mente realizada após alta hospitalar do paciente. De modo geral, os autores que fazem referência à auditoria de enfermagem da operadora de saúde suplementar, enfatizam o processo que envolve a análise de procedimentos, exames realizados ambulatorial, materiais e medicamentos cobrados em Pronto Atendimento, devem estar tecnicamente de acordo com o padrão corriqueiro de utilização. Possari (2007), no entanto, define que a auditoria de enfermagem pode ser retrospectiva a qual é realizada após alta do paciente para análise do prontuário. A operacional ou concorrente é feita durante hospitalização do paciente, preve- nindo o resultado final com maior qualidade. Esta metodologia tem a finalidade de identificar as deficiências dos serviços das equipes de enfermagem, da assistência prestada pela enfermagem, das ano- tações, evoluções e registros no prontuário efetuado por esta equipe. Assim, elencando estes dados, o auditor pode programar e elaborar trei- namentos, orientações para garantir a qualidade dos registros do paciente no prontuário. Os profissionais que atuam (ou pretendem trabalhar) na auditoria, quando a análise for intra-hospitalar, devem atentar-se se há a opção de analisar o pron- tuário durante a internação do paciente ou após alta dele. Caso seja a auditoria no faturamento, o profissional pode estar contratado pelo hospital ou pela operadora de saúde suplementar. Esta auditoria deve aten- tar-se ao controle do custo, ou seja, a conta do paciente durante sua internação ou tratamento. AUDITORIA DE ENFERMAGEM Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E100 No entanto, pode-se notar que o foco das referências salienta em todas as publicações a auditoria de qualidade, seja ela no prontuário durante internamento ou após alta do paciente. A educação continuada sempre como consequência da auditoria de qualidade, pois esta análise identifica quais situações durante o atendimento não estão adequadas como o tratamento, atendimento e assistên- cia que está sendo prestada. A auditoria de contas hospitalares se faz tão importante que será abordada também na próxima unidade. Isso porque ela acarreta diversas esferas que envol- vem a análise da qualidade do atendimento, custo benefício entre outros, porque para certificar a qualidade do cuidado não é suficiente confiar em mecanismos informais: é imprescindível que a administração da saúde seja feita de maneira responsável e séria. A auditoria de contas médicas está voltada, principalmente, para a verifica- ção de códigos solicitados, autorizados ou não, corrigindo eventuais distorções, evitando cobrança incorreta e, consequentemente, as famosas glosas. Para a auditoria, o prontuário do paciente é a principal fonte de dados, que reflete a assistência prestada ao cliente, com aplicabilidade científica, jurídica e educacional. É preciso que os registros sejam claros, precisos, fazendo-se neces- sária a atuação do auditor na análise, identificando os pontos para correção no intuito de evitar glosas. A pesquisa realizada durante seis anos e concluída em 2010, pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) de Pernambuco, concluiu que a maioria dos prontu- ários de pacientes não é preenchida de forma completa. Foram analisados 750 prontuários de internação de adultos e crianças em cinco hospitais de Recife (dois hospitais públicos, dois particulares e um filantrópico-público, mantido por instituição privada). Desses, 60% estavam incompletos, em branco ou ilegí- veis, contrariando o que estabelece o Conselho Federal de Medicina. Prontuário do Paciente e o Impacto das Anotações de Enfermagem Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 101 PRONTUÁRIO DO PACIENTE E O IMPACTO DAS ANOTAÇÕES DE ENFERMAGEM A qualidade da assistência de enfermagem e do serviço hospitalar é medido con- forme a qualidade da documentação e registro de todas as ações de enfermagem (SETZ; D’INNOCENZO, 2009). Em outras palavras, isso pode signifi car que a qualidade dos registros dos procedimentos refl ete a condição de atendimento e a produtividade. São as anotações sobre os cuidados utilizadas para monitorar o paciente que constituem o documento legal, tanto para o paciente como para a equipe, além de contribuírem para a auditoria e pesquisa de enfermagem, para o tra- balho e para o ensino. Carboni e Reppetto (2005, p. 260) defi nem anotações de enfermagem como “os registros feitos por todos os elementos da equipe de enfer- magem sobre condições dos pacientes e procedimentos realizados com ele, por ele e todas as intercorrências”. Tais anotações têm valor como fonte de investigação para auditores, equiva- lendo-se ao documento legal e, dessa forma, podem servir como um dos meios para avaliação da assistência de enfermagem prestada ao paciente, bem como a da qualidade das anotações elaboradas pela equipe. Muitas informações como uso e quantidade de materiais e medicamen- tos utilizados, cuidados gerais e checagens adequadas, além de fornecer dados para os setores administrativos, faturamento, planejamento, custos e estatísti- cas (DOMICIANO; FONSECA; MOURA, 2010), são necessárias e são obtidas por meio da auditoria. No entanto, nem sempre esse cenário é encontrado, diversas são as instituições AUDITORIA DE ENFERMAGEM Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E102 que arcam prejuízos pela falta de informações, assim como o próprio profissio- nal que não fica amparado por lei. Segundo Setz e D’Innocenzo (2009), há quase um descaso quanto à formalização escrita dos procedimentos e este fato, muitas vezes, dificulta o exercício da proteção dos direitos dos profissionais de enfer- magem, quer judicialmente, quer administrativamente. Segundo a Resolução COFEN 191/96 e os autores Carvalho e Rossi (2011) para a execução da anotação de enfermagem, é necessária a atenção para alguns detalhes, como: ■ Verificar o cabeçalho do impresso, cuja anotação deve ser feita em horá- rio e não em turno; ■ O termo paciente ou cliente não deve ser utilizado tendo em vista ser um documento individual; ■ Deve ser feita no início de cada plantão e completada até o fim do mesmo; ■ A letra deve ser legível para que possa ser entendida por quem vai ler; ■ Deve seguir uma sequência cefalocaudal e, quando tiver erros, utilizar os termos “digo”, “correção” e nunca corretores ortográficos; ■ Não conter linhas em branco ou espaços; ■ Utilizar apenas siglas padronizadas;■ Ao final de cada anotação, deve conter o carimbo, assinatura e o número do COREN do profissional que a realizou; ■ Conter observações efetuadas, cuidados prestados, sejam eles os já padro- nizados, de rotina e específicos; ■ Devem, ainda, constar das respostas do paciente frente aos cuidados pres- critos pelo enfermeiro intercorrências, sinais e sintomas observados.; ■ Devem ser registradas após o cuidado prestado, orientação fornecida ou informação obtida; ■ Devem ser referentes aos dados simples, que não requeiram maior apro- fundamento científico. Não é correto, por exemplo, o técnico ou auxiliar de enfermagem anotar dados referentes ao exame físico do paciente, como abdome distendido, timpânico; pupilas isocóricas, visto que, para Prontuário do Paciente e o Impacto das Anotações de Enfermagem Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 103 a obtenção destes dados, é necessário ter realizado o exame físico prévio, que constitui ação privativa do enfermeiro. Os materiais e medicamentos utilizados nos procedimentos médicos e de enfer- magem precisam ser discriminados nas anotações de enfermagem, pois estas servirão de fonte para a elaboração da conta hospitalar. Os gastos devem ser compatíveis com aqueles referidos nas prescrições médi- cas e checados pelos membros da equipe de enfermagem (enfermeiro, auxiliar e técnico de enfermagem) no prontuário do paciente (BUZATTI; CHIANCA, 2005). Em estudo de Ferreira et al. (2009), buscou-se avaliar a qualidade das anotações de enfermagem e o impacto que elas desempenham na auditoria, no faturamento e, consequentemente, na qualidade do serviço e custo. Com isso, encontrou-se como resultado um quantitativo de dados não-conformes significativos. A pesquisa ocorreu em um serviço de urologia de um hospital privado de médio porte da cidade de Niterói - RJ no setor de faturamento, no período de fevereiro de 2008, nos meses de outubro e novembro de 2007. Foram obtidos dados que revelaram 215 internações e 926 atendimentos ambulatórios; destes, ocorreram 125 atendimentos glosados, ou seja, por falta de informações, falhas ou não-conformidades não foram pagos. Em total, foram 4.380 itens glosados, que dão a grande importância na elaboração da pesquisa científica. Com vistas a identificar o impacto causado pelo não registro de enferma- gem, ou seja às glosas, foi possível evidenciar os principais eventos decorrentes da falta desses registros. O item medicamento recebeu o maior número de glosas, sendo seu valor em real de R$ 8.551,07 (53,16%). No quadro 1, em Medicamento, observamos os itens que tiveram maior representatividade: maxcef R$ 2.505,00 (47,12%), Levaquin R$ 1.680,89 (31,61%) e Fortaz R$ 1.264,75 (23,79%). As glosas ocor- ridas foram por falta de anotação/checagem de enfermagem e de justificativa. Esses desacertos ocorrem porque, na maioria das vezes, a enfermagem atua com certa desatenção nas anotações. Ao escrever as evoluções de enfermagem de forma ilegível e incompleta, não dão a informação necessária e geram dúvi- das sobre o tratamento aplicado. AUDITORIA DE ENFERMAGEM Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E104 Quadro 1 - Relações de glosas de medicamentos no período de Outubro a Novembro de 2007, com suas respectivas perdas em real ITENS GLOSADOS Maxcef 2g Levaquim frasco Fortaz 1g Oxacilina 500mg Dersani Loção Óleo Mineral frasco Roce�n 1g Diprivan ampola Cepacol solução Dormonid 5mg Tilatil frasco Xylocaina gel QUANTIDADE 21 09 30 28 20 12 15 25 18 26 30 17 MOTIVO DA GLOSA Falta registro de enfermagem Falta registro de enfermagem Falta registro de enfermagem Falta registro de enfermagem Falta registro de enfermagem Falta registro de enfermagem Falta registro de enfermagem Falta registro de enfermagem Falta registro de enfermagem Falta registro de enfermagem Falta registro de enfermagem Falta registro de enfermagem VALORES(R$) 2.505,00 1.680,89 1.264,75 952,35 649,06 573,12 340,80 215,60 119,52 118,72 66,90 64,39 % 47,12 31,61 23,79 17,91 12,20 10,78 6,41 4,05 2,24 2,23 1,25 1,21 Fonte : Ferreira et al. (2009). De acordo com o quadro seguinte, de taxas e aluguéis o item mais representa- tivo foi o oxigênio com o valor de R$ 1.936,96 (79,51%), seguido do curativo R$ 1.008,52 (41,40%) e nebulização R$ 644,08 (26,44%). A carência de carimbos, relato de hora de início e término, falta de assina- tura ou a falta de relato na evolução de enfermagem incidem em glosa. No item oxigênio acontece uma das maiores perdas da instituição, há falha na evolução ou a ela pode estar incompleta, sem nenhuma justificativa para o cliente utilizá- -lo, acarretando, também, em glosa. Quadro 2 - Relação de glosas de taxas e aluguéis no período de Outubro a Novembro de 2007, com suas respectivas perdas em real ITENS GLOSADOS Taxa de Oxigênio Taxa de Curativo Taxa de Nebulização Aluguel de Bomba Inf. QUANTIDADE 242 222 166 15 MOTIVO DA GLOSA Falta registro de enfermagem Falta registro de enfermagem Falta registro de enfermagem Falta registro de enfermagem VALORES(R$) 1.936,96 1.008,52 644,08 329,85 % 79,51 41,40 26,44 13,51 Fonte: Ferreira et al. (2009). Prontuário do Paciente e o Impacto das Anotações de Enfermagem Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 105 Posteriormente, no quadro 3 de materiais, os itens compressa de gaze R$ 1.001,12 (44,55%), luva de procedimento R$ 869,62 (38,70%) e jelco R$ 656,76 (29,22%) denotam mais a carência do registro de enfermagem sobre procedimento rea- lizado, pois a falta de justificativa pela quantidade utilizada pode advir à glosa. As falhas ocorridas, na maioria das vezes, por falta de anotação, prescrição e checagem da equipe de enfermagem elevam as glosas e aumentam de forma expressiva as despesas da instituição. Quadro 3 - Relação de glosas de materiais no período de Outubro a Novembro de 2007, com suas respectivas perdas em real ITENS GLOSADOS Compressa cirúrgica Luva Procedimento Cateter Jelco Equipo micro gotas Marcodine Scrub Equipo Padrão Micropore Algodão bola Máscara descartável Gorro descartável Sapatilha descartável QUANTIDADE 1401 1600 31 51 112 45 17 23 68 69 67 MOTIVO DA GLOSA Falta de justi�cativa para quantidade utilizada Falta de justi�cativa para quantidade utilizada Falta de justi�cativa para quantidade utilizada Falta de justi�cativa para quantidade utilizada Falta de justi�cativa para quantidade utilizada Falta de registro de enfermagem mostrando a necessidade deste. Falta de relato de enfermagem Falta de justi�cativa para quantidade utilizada Falta de justi�cativa para quantidade utilizada Falta de justi�cativa para quantidade utilizada Falta de justi�cativa para quantidade utilizada VALORES(R$) 1.001,12 869,62 656,76 517,40 186,92 104,07 75,77 72,60 46,80 42,20 41,54 % 44,55 38,70 29,22 23,02 8,31 4,63 3,37 3,23 2,08 1,87 1,84 Fonte: Ferreira et al. (2009). Com essa pesquisa e estudado neste capítulo é possível concluir que as anota- ções de enfermagem são de extrema importância para o serviço e desempenham papel fundamental no serviço. AUDITORIA DE ENFERMAGEM Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E106 CONSIDERAÇÕES FINAIS A auditoria sendo um processo dinâmico de mudanças e transformações, em que as bases administrativas, técnicas e operacionais estão interligadas, desem- penha um papel fundamental nas Instituições, seja no setor público ou privado. O profissional de Auditoria de Enfermagem vem justificando seu papel e importância em todo esse processo não somente por permanecer no cuidado direto ao paciente dentro do hospital24 horas ao dia, como também por 60% da conta hospitalar refletir diretamente no serviço de enfermagem, devido à che- cagem de medicamentos e cuidados prescritos. Se olharmos para o processo de auditoria de Enfermagem dentro do Sistema Público será possível verificar o planejamento das ações, análise de fatos, evi- dências, chegada de resultados até o agir corretivamente. Todas as etapas estudadas nesta unidade demonstram o processo detalhado que resulta na identificação de problemas e na tentativas da solução deles. No sistema privado, a classificação da Auditoria foi abordada e devidamente sepa- rada em prospectiva, concorrente e auditoria de contas. Na retrospectiva pode-se concluir que é a auditoria realizada após a alta do paciente, por meio do prontuário para avaliação. Já na auditoria operacio- nal ou concorrente, o profissional auditor fará sua intervenção e análise in loco, isto é, enquanto o paciente está hospitalizado ou em atendimento ambulatorial, e a preliminar ou prospectiva diz respeito ao começo do processo da auditoria. Para todos os tipos de auditoria, um fator é crucial, a informação clínica do paciente. Portanto, nesta unidade abordamos as anotações de enfermagem e o prontuário do paciente, que medirá a qualidade das informações. Muitos dados necessários são obtidos por meio da auditoria, como o uso e quantidade de materiais e medicamentos utilizados, cuidados gerais, checagens adequadas, além de fornecer dados para os setores administrativos, faturamento, planejamento, custos e estatísticas. Diversos cases foram expostos, a fim de familiarizá-los às rotinas desse ser- viço, e instigar em todos a observação acerca de situações semelhantes que já ocorreram ou poderão ocorrer no cotidiano profissional. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 107 Por fim, ao longo desse estudo, podemos dizer que a qualidade da assistên- cia de enfermagem e do serviço hospitalar é medida conforme a qualidade da documentação e registro de todas as ações de Enfermagem. 108 1. A auditoria é a responsável pela avaliação sistemática da qualidade da assistên- cia prestada ao cliente. Ela analisa, controla e autoriza os procedimentos médi- cos para fins de diagnose e condutas, respeitando-se a autonomia profissional de forma ética e moral. Em relação ao sistema em auditoria de enfermagem, as- sinale a alternativa correta. a) É na fase de investigação que deve ocorrer o planejamento de todos os pas- sos que serão contemplados na auditoria inicial, buscando responder “o que” será auditado e “para que”. b) As glosas técnicas são decorrentes de falhas operacionais no período de co- brança, que acarretem ausência de interação entre o plano de saúde e o pres- tador de serviço. c) A Auditoria concorrente procura identificar situações de alarme, a fim de evi- tar problemas com a concorrência. d) As pré-auditorias são realizadas a fim de avaliar a apuração de denúncias ou irregularidades em alguma atividade específica e podem ocorrer por determi- nação do secretário de saúde do estado. e) Auditoria de conta hospitalar, ou retrospectiva, ou revisão de contas é uma análise dos procedimentos médicos realizados com ou sem prontuários mé- dicos, geralmente realizada após alta hospitalar do paciente. 2. Denominada em alguns locais como visita hospitalar ou auditoria externa, tem sido praticada, cada vez mais, como forma de analisar previamente as contas médicas. É, na realidade, um acompanhamento contínuo das hospitalizações, enfocando os custos e a qualidade dos serviços prestados. O texto trata de qual tipo de auditoria? a) Operacional. b) Prospectiva. c) Retrospectiva. d) Preliminar. e) Contábil 3. Qual das alternativas a seguir NÃO contempla o instrumento básico de trabalho de um enfermeiro auditor? a) Brasíndice. b) Prontuário contábil. c) Prontuário médico. d) Tabela da AMB. e) Sistematização da assistência. 109 4. Em relação às fases de auditoria, relacione as colunas e assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. 1. Programação da Auditoria. 2. Preparação para auditoria. 3. Planejamento de auditoria. 4. Condução da Auditoria e Avaliação dos Resultados. 5. Apresentação dos Resultados. ( ) Consta de Reunião de Abertura; execução da Auditoria; avaliação da audito- ria; reunião de fechamento; relatório final de Auditoria e ações de acompa- nhamento. ( ) A opinião do auditor, com atribuição de auditoria, deverá ser expressa por meio do Relatório de Auditoria e Parecer. ( ) Consta de Exame preliminar e Elaboração do programa de trabalho. ( ) Consta de Elementos da auditoria, Ação e Regulamentação. ( ) Consta de Fases da Preparação e Plano de Auditoria e Programação das Ativi- dades. a) 3 – 2 – 1 – 5 – 4. b) 2 – 3 – 1 – 4 – 5. c) 5 – 1 – 3 – 2 – 4. d) 4 – 5 – 3 – 1 – 2. e) 4 – 5 – 3 – 2 – 1. 5. As anotações de enfermagem são definidas como registros feitos por todos os elementos da equipe de enfermagem sobre condições dos pacientes e procedi- mentos realizados com ele, por ele e por todas as intercorrências. Diversas são as finalidades dessas anotações, com base nisso, assinale a alterna- tiva incorreta, em relação ao valor que as mesmas podem desempenhar. a) Como fonte de investigação para auditores. b) Como um documento legal. c) Podem servir como um dos meios para avaliação da assistência de enferma- gem prestada ao paciente. d) Como critério único para definir o melhor tipo de auditoria a ser aplicada no Serviço. 110 O ENFERMEIRO AUDITOR E SUAS FERRAMENTAS Você sabe qual é o papel do enfermeiro auditor e quais são suas ferramentas de atua- ção? Nesse artigo vamos saber que o enfermeiro analisa a conta hospitalar com o objeti- vo de verificar a exatidão das cobranças hospitalares e garantir o pagamento justo para o atendimento prestado. Esse profissional necessita ter conhecimento sobre todas as rotinas institucionais e principalmente seguir algumas condutas para realizar a análise eficiente na conta hospitalar. As principais condutas do enfermeiro auditor para análise da conta hospitalar, segundo Motta (2003) são: • praticar o exercício da profissão de Auditoria de Enfermagem, conforme a legislação; • conhecer todos os contratos firmados entre a operadora de planos e o hospital; • fazer uma análise geral da conta: verificar diagnóstico, período de internação, trata- mento, exames solicitados, autorizações para procedimentos e materiais específicos; • analisar as prescrições médicas dos exames laboratoriais e outros exames diagnósticos, bem como seus resultados; • verificar se a quantidade de materiais e medicamentos cobrada é compatível com a prescrita e checada no prontuário do paciente. A legislação seguida deverá ser a que regulamenta a função de enfermeiro auditor Re- solução do COFEN 266/2001, seguida da Lei do exercício profissional. É importante ter conhecimento do respaldo legal que o enfermeiro possui para realizar a auditoria de enfermagem para não se comprometer em procedimentos inadequados. Os contratos entre as operadoras e os prestadores são essenciais na análise da conta hospitalar, pois é por meio do contrato que se tem embasamento para saber quais itens podem ser cobrados, os critérios de cobranças e valores. A tabela de cobrança que des- creve os procedimentos a serem cobrados e seus valores deve constar no contrato e impreterivelmente ser usada na realização da Auditoria da conta hospitalar. É preciso que o enfermeiro auditor utilize seu conhecimento holístico frente ao atendi- mento do paciente, analisando este atendimento em sua integralidade e fragmentado- -o, por esta razão torna-se constante a leitura do prontuário inteiro, incluindo diagnósti- co, exames complementares etc. A análise da prescrição médica estabelece a cobrança dos materiais e medicamentos que devem ser cobrados, mediante achecagem dos horários que as medicações foram administradas no paciente. A prescrição de enfermagem também fornece subsídios so- bre os cuidados de enfermagem prestados ao paciente podendo-se efetuar a cobrança quando existe a negociação em contrato. 111 A checagem de um medicamento ou procedimento é o que certifica que realmente este ato foi desenvolvido pela equipe de enfermagem. A checagem é um traço diagonal sobre o horário. O círculo ao redor do horário representa que a medicação ou procedi- mento não foi, por algum motivo, realizado no paciente. Na análise da conta hospitalar é de suma importância que o enfermeiro auditor possua o conhecimento frente aos valores praticados na negociação entre prestador e opera- dora do plano de saúde. Esses valores constituem-se na diretriz para as cobranças, e são acordados em contrato no momento da contratação dos serviços. As glosas hospitalares são procedimentos que não são pagos pelo convênio, após ana- lisar as cobranças feitas pelo prestador de serviço o plano de saúde emite as glosas. Quando chega ao prestador o enfermeiro auditor deve avaliar tais itens e formular o que chamamos de recurso de glosa. No contrato feito no credenciamento entre operadora e prestador fica estipulado o número de dias para envio do recurso. A elaboração do recurso é feita com base em conhecimentos técnicos – científicos e legais, utilizando-se o contrato firmado. O recurso deve ser encaminhado ao plano de saúde que, por sua vez, faz a nova avaliação e define sobre o pagamento ou não da cobrança. O registro sobre o trabalho da auditoria de enfermagem permite ao enfermeiro auditor ter indicadores sobre o andamento dos processos internos e principalmente fornece subsídios para mudança e aprimoramento na realização da auditoria. Os principais instrumentos utilizados para análise da conta hospitalar são: a tabela AMB (Associação Médica Brasileira); contratos e tabelas hospitalares; protocolos; custos hos- pitalares; Revista Simpro; Revista Brasindice; resolução do Coren e Cofen; resolução do CRM; instrumentos e tabelas próprias para elaboração de indicadores; manuais padroni- zados; rol de procedimentos; manual de padronização de Medicamentos (do hospital); tabela de gotejamento de soluções. Fonte: Portal Educação (2012, on-line)1. MATERIAL COMPLEMENTAR Auditoria de Enfermagem nos Hospitais e Operadoras de Planos de Saúde Ana Letícia Carnevalli Motta Editora: Iátria Sinopse: com fundamentos legais e atuais, o livro discute a auditoria de enfermagem sistematizada, realizada em hospitais e operadoras de planos de saúde. Aborda conceitos e condutas gerais para a análise de contas e cobranças hospitalares, com modelos de contratos e tabelas, traçando o per� l dos auditores em saúde. Apresenta medicamentos e materiais anestésicos usados em cirurgias, um guia de estabilidade de medicamentos, orientações gerais para controle de infecção hospitalar por cateteres centrais, além das vantagens e desvantagens da formulação de pacotes nas negociações. Aborda, ainda, a CBHPM como instrumento de análise de cobranças, a operacionalização, os relatórios e o recurso de glosa, bem como a administração de dietas enterais. Para favorecer o entendimento do assunto, a sexta edição, revisada, mantém o formato prático, claro e objetivo que caracteriza o trabalho da autora, incrementando novos termos e conceitos usados em auditoria, além de apresentar organizações que contribuem para o trabalho do auditor, a � m de auxiliar o pro� ssional em sua trajetória. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde. Manual de Auditoria do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. _____. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Subsecretaria de Assuntos Admi- nistrativos. Departamento de Controle, Avaliação e Auditoria. Manual de Normas de Auditoria. Brasília: Ministério da Saúde, 1998. BUZATI, C. V. CHIANCA, T. C. Auditoria em enfermagem: erros e custos envolvidos nas anotações. Revista Nursing, v. 90, n. 8, p. 518-22, nov. 2005. CARBONI, R. M.; REPPETTO, M. A. Anotações de enfermagem: um instrumento as- sistencial, administrativo e legal. Revista Paulista de Enfermagem, v. 23, n. 3/4, p. 260-264, 2005. CARVALHO, A. V. O.; ROSSI, V. C. Anotações de enfermagem no processo de audi- toria. 2011. 31 f. Monografia (Especialização em Auditoria em Saúde) - Centro Uni- versitário Filadélfia – UniFil, Londrina - Pr., 2011. COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução do COFEN-191/96. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Enfermagem. Disponível em: < http://www.cofen.gov. br/por-que-as-anotacoes-de-enfermagem-sao-importantes-o-uso-do-carimbo-e- -obrigatorio_15619.html>. Acesso em: 10 jan. 2017. D’INNOCENZO, M.; ADAMI, N.P. Análise da qualidade dos registros de enfermagem nos prontuários de pacientes de hospitais de ensino e universitários. Acta Paul En- ferm., v.17, n. 4, p. 383-91, 2004. DOMICIANO, V.; FONSECA, A. S.; MOURA, A. C. Prontuário do paciente: um desafio para os profissionais de enfermagem no departamento de emergência. Revista Nursing, v.13, n.147, p. 417-22, 2010. FERREIRA, T. S. SOUZA-BRAGA, A. 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Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Ferramentas de trabalho para auditoria ■ Faturamento ■ Glosas e Recursos de Glosas ■ Impacto de Glosas para Hospital INTRODUÇÃO A melhor assistência à saúde é diretamente proporcional ao aumento nos cus- tos desta assistência, pois prevê a inclusão de novos materiais, medicamentos e tratamentos mais avançados. O gerenciamento de custos mostra a importância para os planos de saúde e sistema público como forma de otimização de recursos. Dessa forma, nesta uni- dade trataremos da Auditoria voltada para os custos em Saúde e de que forma ela é desenvolvida. Iniciaremos demonstrando as principais ferramentas da auditoria, seja para auditar de uma conta hospitalar ou para liberação de procedimentos prévios, e quais fatores são imprescindíveispara que o bom resultado seja colhido, seja por meio das anotações de enfermagem, dados médicos e preenchimentos de todos os dados, além das checagens corretas. Toda essa análise demanda algumas ferramentas para que o serviço seja concluído, itens esses utilizados pelos profissionais auditores como tabelas, nor- mas entre outros. Discutiremos também o processo de faturamento a fim de reconhecer sua importância no processo, assim como o impacto das glosas hospitalares. Será entendido como a prática de glosar itens do faturamento das contas hospitalares tem sido significativa para o orçamento das instituições, princi- palmente devido às anotações de enfermagem em sua maioria inconsistentes, ilegíveis e subjetivas. Afinal grande parte do pagamento de materiais, medicamentos, procedimen- tos e outros serviços estão vinculados aos registros de enfermagem. A auditoria em seus diversos níveis de atuação, contribui para a empresa pública ou privada, no sentido de promover e manter a saúde do usuário. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 119 AUDITORIA DE CUSTOS EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E120 FERRAMENTAS DE TRABALHO PARA AUDITORIA Para desenvolver suas atividades profissionais, segundo Paes e Maia (2005), o auditor necessita de um conjunto de elementos classificados como ferramentas de trabalho, elementos indispensáveis para o bom desenvolvimento da tarefa. Ainda, segundo o autor Mauriz et al. (2011), são essenciais para o trabalho do auditor: ■ Diagnóstico da doença em código (CID - 10). ■ Tabelas de honorários médicos (Tabelas AMB, CBHPM, GREMES/CIEFAS etc). ■ Tabela de negociação adotada (taxas e diárias). ■ Tabelas de valores BRASÍNDICE. ■ Conta hospitalar. ■ Guia SADT. ■ Guia internação. ■ Prontuários clínicos com os relatórios médicos e de enfermagem, bole- tins, fichas de atendimentos médicos e laudos médicos. Com o surgimento da lei dos planos de saúde e o código de defesa do consumi- dor, essas ferramentas citadas se tornaram parte essencial para o cumprimento do trabalho do auditor. Ferramentas de Trabalho Para Auditoria Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 121 TABELAS DE PROCEDIMENTOS Paes e Maia (2005) descrevem que as tabelas de procedimentos permitem ao auditor, tanto na pré-análise como na fase de auditoria analítica, o maior poder de decisão, tanto na adequação do código do procedimento quanto nos valores a serem pagos pelos procedimentos realizados tanto para diagnose como para terapêutica, atendendo aos procedimentos clínicos e os cirúrgicos. Quando falamos de Auditoria de Contas Hospitalar, é importante entender que uma das ferramenta de trabalho é a TABELA AMB, CBHPM ou TISS - essas são atualizadas periodicamente, o que indica que a cada nova tabela, novos são os valores atribuídos a um procedimento. Ao abrir uma tabela, será observado o índice, em que os procedimentos estão separados por categoria, sendo elas: ■ Consultas. ■ Procedimentos Clínicos. ■ Procedimentos Cirúrgicos. ■ Procedimentos Diagnósticos e laboratoriais. Além de acompanhar as Instruções Gerais que darão todo norteamento para cálculo sobre procedimento. Imaginando que um auditor se depare com uma conta hospitalar em que há um procedimento para ser conferido. A conferência deste se dará por meio de uma tabela de procedimentos, em que poderão ser encontrados o honorá- rio do cirurgião, o porte anestésico e outras informações de suma importância. AUDITORIA DE CUSTOS EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E122 CÓDIGO 39.04.052-6 39.04.053-4 39.04.054-2 39.05 39.05.002-5 39.05.003-3 39.05.004-1 39.05.005-0 39.05.006-8 39.05.007-6 39.06 39.06.002-0 39.06.003-9 39.06.004-7 39.06.005-5 39.06.006-3 39.06.007-1 39.07 39.07.002-6 39.07.003-4 39.07.004-2 39.07.005-0 39.07.006-9 39.08 39.08.001-3 39.08.002-1 39.08.003-0 39.08.004-8 39.08.005-6 39.08.006-4 39.08.007-2 39.08.008-0 39.09 39.09.001-9 39.09.002-7 39.09.003-5 39.09.004-3 39.09.005-1 39.09.006-0 AUX 3 3 3 2 2 1 3 2 1 1 2 2 2 2 2 2 1 1 1 2 3 3 3 2 3 3 2 2 1 2 1 2 1 2 PA 6 5 5 4 4 4 5 4 4 2 3 4 3 4 4 3 3 2 1 4 7 6 7 4 7 6 4 6 2 4 1 3 0 3 CH’s 2500 2000 1400 1200 1100 900 1400 1200 1000 600 600 1000 600 1000 1200 550 700 250 250 1000 3000 2000 3000 1200 2500 1800 1200 1800 500 1100 400 1000 200 1000 Artéria renal bilateral – revascularização Revascularização de artéria vertebral Aneurisma axilar, femoral, poplíteo CIRURGIA DOS LINFÁTICOS Anastomose linfo-venosas Linfangioplastia Linfedema – ressecção parcial Linfedema – ressecção total Linfedemagenital – ressecção Linforragia no transplante renal – tratamento femostático NERVOS Neurotripsia – cada extremidade Simpatectomia lombar – unilateral Simpatectomia cérvico-torácica ou torácica superior – cada lado (qualquer técnica) Síndrome do des�ladeiro cérvico-torácico – tratamento cirúrgico unilateral Simpatectomia lombar – bilateral Descompressão neurovascular cérvico-branquial – cada lado (qualquer técnica) OUTROS PROCEDIMENTOS Enxerto de pele – cada extremidade Fasciotomia – cada extremidade Nevus – tratamento cirúrgico (nevus, hemangiomas, linfagiomas) – grupo até 5 lesões Úlcera ou necrose – debridamento cirúrgico – cada extremidade Hemangiomas extensos – tratamento cirúrgico CIRURGIA SOBRE FÍSTULAS ARTÉRIO-VENOSA ADQUIRIDAS E CONGÊNITAS Fístula aorta-cava, reno-cava ou ílio-ilíaca Fístula artério-venosa cervical ou cefálica extracraniana Fístula artério-venosa intra-torácica – grandes vasos Fístula artério-venosa dos membros Fístula artério-venosa congênita – cirurgia radical Fístula artério-venosa congênita –para redução de �uxo Fístula artério-venosa congênita –cirurgia complementar Fístula ou má formação artério-venosa congênita – embolização ACESSO PARA HEMODIÁLISE Fístula artério-venosa direta Fístula artério-venosa com enxerto Colocação shunt temporário Colocação shunt de�nitivo Retirada de shunt temporário Retirada de shunt de�nitivo ou desativação de FAV F M² AMB/92 CIEFAS 2000 Figura 1 - Tabela AMB/92 Fonte: AMB/92 - CIEFAS Ferramentas de Trabalho Para Auditoria Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 123 Neste caso temos n.” de auxiliares e portes anestésicos, que quando calculados tem-se o valor do procedimento. Como base de cálculo, esse parte representa o valor do Honorário Médico. Tabela 1- Valores dos honorários médicos descritos na Tabela AMB de 2011 1A 1B 1C 2A 2B 2C 3A 3B 3C 4A 4B 4C 5A 5B R$ 12,86 R$ 25,72 R$ 38,58 R$ 51,45 R$ 67,82 R$ 80,26 R$ 109,67 R$ 140,14 R$ 160,52 R$ 191,04 R$ 209,13 R$ 236,26 R$ 254,34 R$ 274,69 5C 6A 6B 6C 7A 7B 7C 8A 8B 8C 9A 9B 9C 10A R$ 291,64 R$ 317,65 R$ 349,30 R$ 382,08 R$ 412,60 R$ 456,68 R$ 540,33 R$ 583,29 R$ 611,55 R$ 648,85 R$ 689,55 R$ 753,99 R$ 830,84 R$ 891,89 10B 10C 11A 11B 11C 12A 12B 12C 13A 13B 13C 14A 14B 14C R$ 966,50 R$ 1.072,75 R$ 1.134,93 R$ 1.244,58 R$ 1.365,54 R$ 1.415,27 R$ 1.521,53 R$ 1.864,04 R$ 2.051,69 R$ 2.250,64 R$ 2.489,16 R$ 2.774,02 R$ 3.018,19 R$ 3.329,05 UCO = R$ 14,33 Fonte: Associação Médica Brasileira (2011). Nas tabelas acima detalhadas, é possível observar o cálculo para cada procedi- mento quando analisado o honorário médico, basta verificar a qual porte ele corresponde e o valor irá encontrá-lo na tabela . TABELA BRASÍNDICE De acordo com Mauriz et al. (2012), os materiais e medicamentos utilizados por um paciente quando submetido a um procedimento tem como ponto de refe- rência de seus valores a tabela Brasíndice, referencialeste de uso universal no Brasil, com ampla aceitação entre as partes. Alguns itens utilizados durante a realização de um procedimento podem, por vários motivos, não estar presen- tes no Brasíndice. AUDITORIA DE CUSTOS EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E124 Neste caso, são feitos acordos e formas de pagamento, sendo a mais comum o pagamento pelo valor da nota fiscal de compra, desde que ela esteja anexada, em outras ocasiões se paga o preço de mercado e ainda há casos em que se paga por similaridade de produto. Nela, encontra-se o valor de cada medicamento e material que são separados por ordem alfabética. É importante o auditor estar ciente sobre o valor do produto cobrado e que a tabela apresenta para cada produto um valor de preço mínimo e o máximo de comercialização, sobre o qual deverá incidir a taxa de comercialização, a qual a logística, aos controles, ao processo de gestão administrativa entre outros. (PAES; MAIA, 2005, p. 36) Falar da importância do acesso ao prontuário médico ou qualquer outro elemento que permite ao auditor conhecer por meio dos relatórios, laudos e boletins com tudo que ocorreu durante um internamento hospitalar ou na realização de um evento médico representado por um procedimento clínico e/ou cirúrgico, não permitir ao médico auditor o livre exercício da sua função, representado pelo ato médico, com linhas de aıes previstas e determinadas, indispensáveis para o bom exercício de qualquer atividade. Como foi abordado anteriormente, este conjunto de ferramentas é indispensável para o auditor, permitindo, dessa forma, que este desenvolva suas atividades em toda sua plenitude. ROL DE PROCEDIMENTOS O Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde é a lista dos procedimentos, exames e tratamentos com cobertura obrigatória pelos planos de saúde com contratos a partir de 1º de janeiro de 1999 e é revista a cada dois anos. Ele é considerado uma ferramenta de altíssima importância para o Sistema Privado, já que as liberações de todos os procedimentos advêm dele. Na página da ANS na internet é possível acompanhar todas as alterações e revisões propostas. Importante ressaltar que estas são feitas por um grupo téc- nico composto por representantes de entidades de defesa do consumidor, de operadoras de planos de saúde, de profissionais de saúde que atuam nos planos de saúde e de técnicos da ANS. Ferramentas de Trabalho Para Auditoria Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 125 SIGTAP Um dos fundamentais recursos para a manutenção da saúde financeira dos ser- viços de saúde que prestam atendimento ao Sistema Único de Saúde é o Sistema de Gerenciamento da Tabela Unificada de Procedimentos - SIGTAP. Como vimos anteriormente, as tabelas AMB ou CBHPM. Nesse caso, esse Sistema contempla a Tabela de Procedimentos, Medicamentos e Órteses e Próteses e Materiais de síntese do SUS. Ao acessar essa tabela é possível verificar o código equivalente ao procedi- mento, o valor, além do quantitativo de eventos registrados erroneamente, fatores estes que podem estar altamente relacionados com grandes prejuízos pelas ins- tituições credenciadas pelo SUS. GUIA SADT Esse é um exemplo de guia Ambulatorial, que o médico deve preencher para qualquer procedimento ambulatorial. Exemplo: O beneficiário é atendido no ambulatório do hospital com uma fratura e o serviço de Raio-X é terceirizado. O hospital manda uma guia de SADT, com uma guia anexa de outras des- pesas onde cobrará taxas de sala, serviços hospitalares em geral, materiais e medicamentos. O serviço de Raio x manda uma guia de SADT. Se houverem taxas, mate- riais ou medicamentos, também anexará uma guia de outras despesas. AUDITORIA DE CUSTOS EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E126 2- N º 12 34 56 78 90 12 5- Se nh a 88 -D at a e As si na tu ra d o B en ef ic iá rio o u R es po ns áv el |_ __ |_ __ |/| __ _| __ _| /|_ __ |_ __ | 22 - C ar át er d a So lic ita çã o |_ __ | E -E le tiv a U -U rg ên ci a/ E m er gê nc ia 23 - C ID 1 0 |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ | 24 - In di ca çã o C lín ic a (o br ig at ór io s e pe qu en a ci ru rg ia , t er ap ia , c on su lta d e re fe rê nc ia e a lto c us to ) 40 -C ód ig o C N ES 32 -T .L . 33 -3 4- 35 -L og ra do ur o -N úm er o -C om pl em en to 36 - M un ic íp io 37 - U F 39 - C EP 38 - C ód . I B G E 46 -T ip o At en di m en to 01 -R em oç ão 0 2 -P eq ue na C iru rg ia 0 3 -T er ap ia s 04 -C on su lta 0 5- Ex am e 06 -A te nd im en to D om ic ilia r |_ __ |_ __ | 0 7- SA D T In te rn ad o 08 -Q ui m io te ra pi a 09 -R ad io te ra pi a 10 -T R S -T er ap ia R en al S ub st itu tiv a 89 -D at a e As si na tu ra d o Pr es ta do r E xe cu ta nt e |_ __ |_ __ |/| __ _| __ _| /|_ __ |_ __ | 86 - D at a e As si na tu ra d o So lic ita nt e |_ __ |_ __ | / |_ __ |_ __ | / |_ __ |_ __ | 87 - D at a e As si na tu ra d o R es po ns áv el p el a Au to riz aç ão |_ __ |_ __ | / |_ __ |_ __ | / |_ __ |_ __ | 65 - To ta l P ro ce di m en to s R $ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |,| __ _| __ _| 66 - To ta l T ax as e A lu gu éi s R $ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |,| __ _| __ _| 67 -T ot al M at er ia is R $ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |,| __ _| __ _| 68 - To ta l M ed ic am en to s R $ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |,| __ _| __ _| 3 -N º G ui a Pr in ci pa l |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ | 69 - To ta l D iá ria s R $ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |,| __ _| __ _| 70 - To ta l G as es M ed ic in ai s R $ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |,| __ _| __ _| 71 - To ta l G er al d a G ui a R $ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |,| __ _| __ _| G U IA D E SE R VI Ç O P R O FI SS IO N AL / SE R VI Ç O A U XI LI A R D E D IA G N Ó ST IC O E T ER AP IA - SP /S A D T 1 -R eg is tr o AN S 11 - N om e 9- Pl an o 10 - Va lid ad e da C ar te ira |_ __ |_ __ | / |_ __ |_ __ | / |_ __ |_ __ | 12 - N úm er o do C ar tã o N ac io na l d e Sa úd e D ad os d o B en ef ic iá rio 13 - C ód ig o na O pe ra do ra / C N PJ / C PF |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ | 17 - C on se lh o Pr of is si on al 18 - N úm er o no C on se lh o 19 - U F 20 - C ód ig o C B O S 14 - N om e do C on tr at ad o D ad os d o C on tr at ad o So lic ita nt e 15 - C ód ig o C N ES 16 - N om e do P ro fis si on al S ol ic ita nt e 30 - C ód ig o na O pe ra do ra / C N PJ / C PF |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ | D ad os d o C on tr at ad o Ex ec ut an te 31 - N om e do C on tr at ad o 42 - C on se lh o Pr of is si on al 43 - N úm er o no C on se lh o 44 - U F 45 - C ód ig o C B O S D ad os d a So lic ita çã o / P ro ce di m en to s e Ex am es S ol ic ita do s 41 - N om e do P ro fis si on al E xe cu ta nt e/ C om pl em en ta r 6 -D at a Va lid ad e da Sen ha |_ __ |_ __ | / |_ __ |_ __ | / |_ __ |_ __ | D ad os d o At en di m en to C on su lta R ef er ên ci a 47 - In di ca çã o de A ci de nt e |_ __ | 0 -A ci de nt e ou d oe nç a re la ci on ad o ao tr ab al ho 1 -T râ ns ito 2 -O ut ro s 49 -T ip o de D oe nç a |_ __ | A -A gu da C -C rô ni ca 50 -T em po d e D oe nç a |_ __ |_ __ | - |_ _| A- An os M -M es es D -D ia s Pr oc ed im en to s e Ex am es re al iz ad os 7 -D at a de E m is sã o da G ui a |_ __ |_ __ | / |_ __ |_ __ | / |_ __ |_ __ | 4 -D at a da A ut or iz aç ão |_ __ |_ __ | / |_ __ |_ __ | / |_ __ |_ __ | 21 - D at a/ H or a da S ol ic ita çã o |_ __ |_ __ | / |_ __ |_ __ | / |_ __ |_ __ | |_ __ |_ __ |:| __ _| __ _| 8 -N úm er o da C ar te ira |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ | 63 -D at a e As si na tu ra d e Pr oc ed im en to s em S ér ie 1 -| __ _| __ _| /|_ __ |_ __ |/| __ _| __ _| _ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ 3 -| __ _| __ _| /|_ __ |_ __ |/| __ _| __ _| _ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ 5 -| __ _| __ _| /|_ __ |_ __ |/| __ _| __ _| _ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ 7 -| __ _| __ _| /|_ __ |_ __ |/| __ _| __ _| _ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ 9 -| __ _| __ _| /|_ __ |_ __ |/| __ _| __ _| _ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ 2 -| __ _| _ _ _| /|_ __ |_ __ |/| __ _| __ _| _ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ 4 -| __ _| __ _| /|_ __ |_ __ |/| __ _| __ _| _ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ 6 -| __ _| __ _| /|_ __ |_ __ |/| __ _| __ _| _ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ 8 -| __ _| __ _| /|_ __ |_ __ |/| __ _| __ _| _ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ 10 -| __ _| __ _| /|_ __ |_ __ |/| __ _| __ _| _ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ 25 -T ab el a 2 6- C ód ig o do P ro ce di m en to 27 - D es cr iç ão 28 .Q t.S ol ic . 2 9- Q t.A ut or iz . 1 -| __ _| __ _| |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ | _ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ |_ __ |_ __ | | __ _| __ _| 2 -| __ _| __ _| |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ | _ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ |_ __ |_ __ | | __ _| __ _| 3 -| __ _| __ _| |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ | _ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ |_ __ |_ __ | | __ _| __ _| 4 -| __ _| __ _| |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ | _ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ |_ __ |_ __ | | __ _| __ _| 5 -| __ _| __ _| |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ | _ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ |_ __ |_ __ | | __ _| __ _| 64 - O bs er va çã o __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ Lo go d a E m pr es a 51 -D at a 5 2- H or a In ic ia l 53 -H or a Fi na l 5 4- Ta be la 5 5- C ód ig o do P ro ce di m en to 5 6- D es cr iç ão 57 -Q td e. 58 -V ia 5 9- Te c. 6 0% R ed . / A cr es c. 6 1- Va lo r U ni tá rio - R $ 62 -V al or T ot al - R $ 1 - |_ __ |_ __ |/| __ _| __ _| /|_ __ |_ __ | |_ __ |_ _| :|_ __ |_ __ | a |_ __ |_ __ |:| __ _| __ _| |_ __ |_ __ | |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ | __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ |_ __ |_ __ | |_ __ | |_ __ | | __ _| __ _| __ _| ,|_ __ |_ __ | |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |,| __ _| __ _| |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |,| __ _| __ _| 2- |_ __ |_ __ |/| __ _| __ _| /|_ __ |_ __ | |_ __ |_ _| :|_ __ |_ __ | a |_ __ |_ __ |:| __ _| __ _| |_ __ |_ __ | |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ | __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ |_ __ |_ __ | |_ __ | |_ __ | | __ _| __ _| __ _| ,|_ __ |_ __ | |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |,| __ _| __ _| |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |,| __ _| __ _| 3- |_ __ |_ __ |/| __ _| __ _| /|_ __ |_ __ | |_ __ |_ _| :|_ __ |_ __ | a |_ __ |_ __ |:| __ _| __ _| |_ __ |_ __ | |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ | __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ |_ __ |_ __ | |_ __ | |_ __ | | __ _| __ _| __ _| ,|_ __ |_ __ | |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |,| __ _| __ _| |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |,| __ _| __ _| 4- |_ __ |_ __ |/| __ _| __ _| /|_ __ |_ __ | |_ __ |_ _| :|_ __ |_ __ | a |_ __ |_ __ |:| __ _| __ _| |_ __ |_ __ | |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ | __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ |_ __ |_ __ | |_ __| |_ __ | | __ _| __ _| __ _| ,|_ __ |_ __ | |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |,| __ _| __ _| |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |,| __ _| __ _| 5- |_ __ |_ __ |/| __ _| __ _| /|_ __ |_ __ | |_ __ |_ _| :|_ __ |_ __ | a |_ __ |_ __ |:| __ _| __ _| |_ __ |_ __ | |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ | __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ __ _ |_ __ |_ __ | |_ __ | |_ __ | | __ _| __ _| __ _| ,|_ __ |_ __ | |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |,| __ _| __ _| |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |,| __ _| __ _| 48 -T ip o de S aí da |_ __ | - 1- R et or no 2 -R et or no S AD T 3- R ef er ên ci a 4- In te rn aç ão 5 -A lta 6 -Ó bi to 40 a -C ód ig o na O pe ra do ra / C PF d o ex ec . c om pl em en ta r |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ |_ __ | 45 a -G ra u de P ar tic ip aç ão |_ __ |_ __ | Figura 1. Modelo de guia SADT para Procedimento ambulatorial Fonte: ANS(online)2. Ferramentas de Trabalho Para Auditoria Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 127 Vimos o modelo de Guia SADT, caro(a) aluno(a), para que você consiga visua- lizar de forma prática o formulário, que fará parte do seu trabalho como auditor na área da saúde. GUIA DE INTERNAÇÃO A Guia de Solicitação de Internação é o formulário padrão a ser utilizado para a solicitação, autorização ou negativa, de internação, em regime hospitalar, hos- pital-dia ou domiciliar. Vejamos a seguir o exemplo da Guia de internação. 22 - Caráter da Internação |___| E - Eletiva U - Urgência/Emergência 26 - Indicação Clínica _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Hipóteses Diagnósticas 30-CID 10 Principal |___|___|___|___|___| 27-Tipo Doença |___| A - Aguda C - Crônica 28-Tempo de Doença Referida pelo Paciente |___|___| - |__| A-Anos M-Meses D-Dias 29 - Indicação de Acidente |___| 0 - Acidente ou doença relacionada ao Trabalho 1 - Trânsito 2 - Outros 31 - CID 10 (2) |___|___|___|___|___| 33 - CID 10 (4) |___|___|___|___|___| 32 - CID 10 (3) |___|___|___|___|___| Procedimentos Solicitados 23-Tipo de Internação |___| 1 - Clínica 2 - Cirúrgica 3 - Obstétrica 4 - Pediátrica 5 - Psiquiátrica 10 - Nome 8 - Plano 9 - Validade da Carteira |___|___| / |___|___| / |___|___| 11 - Número do Cartão Nacional de Saúde |___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___ | Dados do Contratado Solicitante 12 - Código na Operadora / CNPJ / CPF |___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___ | 16 - Conselho Profissional 17 - Número no Conselho 18 - UF 14 - Código CNES 19 - Código CBO S 13 - Nome do Contratado 15 - Nome do Profissional Solicitante Dados do Contratado Solicitado / Dados da Internação 20- Código na Operadora / CNPJ |___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___ | 21 - Nome do Prestador 25 - Qtde. Diarias Solicitadas |___|___|___| 24 - Regime de Internação |___| 1 - Hospitalar 2 - Hospital-dia 3 - Domiciliar 7 - Número da Carteira |___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___|___ | 34-Tabela 35 - Código do Procedimento 36 - Descrição 37 - Qtde. Solict 38 - Qtde. Aut 1-|___|___| |___|___|___|___|___|___|___|___|___|___| __________________________________________________________________________________________ |___|___| |___|___| 2 | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | Figura 2 - Parte de uma guia de solicitação para internação de Operadoras Fonte: ANS (on-line)2. O pedido de prorrogação será feito pelos prestadores de serviço de forma devida- mente acordada com a operadora e a autorização deverá ser registrada no verso desta guia, até a elaboração da padronização da Guia de Pedido de Prorrogação a ser realizada.(ANS, 2017, on-line, 2017)2. Exemplo AUDITORIA DE CUSTOS EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E128 O beneficiário está internado para uma cirurgia com um auxiliar e um anes- tesista. A conta é desvinculada (cada médico manda sua conta para a operadora independente dos outros e do hospital). Os exames de laboratório e de imagem são terceirizados. O hospital manda uma guia de resumo de internação, com a Guia de Internação e de outras despesas em que cobrará taxas de sala, serviços hospita- lares em geral, diárias, materiais e medicamentos. O laboratório e o serviço de imagens mandam separadamente uma guia de SADT. GUIA DE INTERNAÇÃO AIH A AIH é o instrumento de registro padrão, sendo utilizada por todos os gestores e prestadores de serviços. É o maior sistema de informação nacional, registrando 11,5 milhões de casos de internações (BRASIL, 2008). Além da identificação do paciente, deve conter informações de anamnese, exame físico, exames subsidiários (quando houver), as condições que justifi- quem a internação e o diagnóstico inicial. O médico registrará, ainda, em campo próprio, o seu CRM e CPF, assim como o código do Procedimento Solicitado correspondente ao diagnóstico constante do laudo médico. As unidades hospitalares participantes do SUS (públicas ou particulares con- veniadas) enviam as informações das internações efetuadas através da AIH. Estas informações são processadas no DATASUS, gerando uma base de dados que contempla todas as internações e informações hospitalares realizadas no Brasil. Como fluxo para liberação da AIH temos o seguinte processo: - Antes da internação, um Laudo, que é o documento para solicitar a auto- rização de internação hospitalar, deve ser feito. - Em casos de urgência, o laudo é preenchido na ocasião da internação. Ele contém dados de identificação do paciente e suas informações de anam- nese, além da justificativa da internação e hipótese de diagnóstico inicial e/ou o definitivo. Ferramentas de Trabalho Para Auditoria Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 129 Identificação do Paciente 4 - CNES3 - NOME DO ESTABELECIMENTO EXECUTANTE LAUDO PARA SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR Sistema Único de Saúde Ministério da Saúde 10 - NOME DA MÃE OU RESPONSÁVEL 16 - MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA Identificação do Estabelecimento de Saúde 5 - NOME DO PACIENTE 1 - NOME DO ESTABELECIMENTO SOLICITANTE 6 - Nº DO PRONTUÁRIO Nº DO TELEFONEDDD 11 - TELEFONE DE CONTATO 2 - CNES 19 - CEP 20 - PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS CLÍNICOS JUSTIFICATIVA DA INTERNAÇÃO 18 - UF17 - CÓD. IBGE MUNICÍPIO 7 - CARTÃO NACIONAL DE SAÚDE (CNS) 13 - ENDEREÇO (RUA, Nº, BAIRRO) 9 - SEXO Policlínica Municipal Dr. Roberto - Teo�lo Ottoni Simulação 01 (26a 8m 15d) Mãe de Simulação 01 Rua do Lados, 10 - Bairro Liberdade Meu Prontuário Simulação M G 8 - DATA DE NASCIMENTO 12 12 1985 114 Feminino 2 1 0 9 4 4 1 2 0 1 5 6 0 4 4 7 0 0 0 0 0 0 3 4 Con�ra se há algum erro na AIH: Imprima-a e entre ao paciente. Figura 3- Laudo para solicitação de autorização de internação hospitalar Fonte: Freires, E. (on-line). Na figura anterior, temos um modelo de uma partede uma AIH, e nesse sentido, é possível observar que ela contempla alguns dados do paciente, instituição, e ainda código do procedimento. O sistema de saúde privado no Brasil, que abrange os serviços de assistência médica financiados pela iniciativa privada, corresponde a 57% de todos os gastos em saúde no país, os quais equivalem a 4,5% do PIB nacional. Hoje em dia as operadoras de saúde, enfrentam pressões crescentes causadas pelo aumento dos seus custos operacionais. Com o avanço da tecnologia, o acréscimo de procedimento ao ROL de pro- cedimentos e o envelhecimento populacional, diversas são as preocupa- ções das Operadoras de Saúde frente ao desafio. Se você quiser saber mais sobre esse assunto, acesse a ANS e se intere sobre o assunto, acesse o link disponível em: <http:// www.ans.gov.br> Fonte: Albuquerque; Fleury (2011, p. 39). AUDITORIA DE CUSTOS EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E130 FATURAMENTO HOSPITALAR A gestão de custo aplicada às instituições de saúde compreende uma esfera que transcende as necessidades próprias do ciclo da contabilidade de custos, cuja preocupação se encerra na aplicação do custo dos produtos ou serviços com a finalidade de preparação de demonstrações contábeis, a relação que ela ocupa permeia a saúde, a qualidade e imensamente o custo. Faturamento Hospitalar Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 131 Muitos são os fatores que impactam no faturamento e podem ser em sua maio- ria entendidos pela: não cobrança de materiais e medicamentos utilizados; não cobrança de serviços de apoio diagnóstico ; não cumprimento de prazos para a entrega do faturamento; não recebimento ocasionado por glosas; tabela de pro- cedimentos desatualizados (MAURIZ, 2011). Os internamentos ou procedimentos realizados dentro de um serviço geram para cada paciente um atendimento, do qual ao longo do período de interna- ção estará sendo completado pela utilização de itens, sejam eles administrativos como diárias ou como medicamentos, enfim aquilo que compõe uma assistência. Conforme Mauriz (2011), o prontuário é instrumento valioso para o paciente, equipe de Saúde e instituição. A composição e preenchimento completo e correto dele o torna forte aliado para eventual defesa judicial junto à autoridade com- petente, tanto para os profissionais como para a instituição que presta serviços. Para entendermos o processo de faturamento, se faz necessário relembrar como todo o processo ocorre: inicialmente é liberado uma guia, caso o procedi- mento ou internação seja eletiva, é gerada uma AIH, no caso do Sistema Público ou uma guia de Internação no Sistema Privado. O paciente adentra ao hospital, um atendimento é gerado e tudo o que ocorre ou é utilizado passa a ser lançado nesse atendimento, assim como informações acerca do mesmo. Para isso, tem-se o prontuário que conta com impressos para anamnese, exame físico, valorização e prescrição médica, de enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, assim como outros impressos como folha para des- crição cirúrgica, folha de gasto, dentre outras. É importante lembrar que o cliente tem o direito à disponibilidade perma- nente das informações, como é da equipe da instituição o dever de guardar o prontuário de forma íntegra, bem como tem direito ao sigilo profissional, que visa preservar a privacidade do indivíduo. Ao fim da internação e alta do paciente, o prontuário é encaminhado ao processo de Faturamento, e por esse motivo esse setor deve possuir instrumen- tos rigorosos e eficazes de controlar desde o momento do início da prestação de serviços, até os insumos que irão ser utilizados no conjunto da assistência em saúde que o paciente receberá. AUDITORIA DE CUSTOS EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E132 É importante estabelecer de forma institucionalizada que prontuário, servi- ços prestados ao paciente e faturamento sejam fatores fundamentais no processo administrativo, resultando em um processo de trabalho efetivamente executado, abrangendo também os aspectos operacionais e fatores humanos do hospital. Na gestão de recursos humanos, a implementação de um sistema de custo não poderá prescindir de informações e conhecimento de todos os níveis de res- ponsabilidade envolvidos no processo de coleta, processamento e análise dos resultados. O faturamento deve instituir fortemente objetivos setoriais comuns a todos os seus colaboradores internos para evitar a evasão de receitas, uma vez que a relação dos procedimentos e de insumos pode não somente causar a diminuição de recursos financeiros e econômicos, como também, dependendo do tempo e da perda do quantitativo financeiro, colocar a instituição em situação frágil ou inviável financeiramente. GLOSA HOSPITALAR A glosa é considerada como o cancelamento parcial ou total do orçamento apresentado pela instituição após a prestação de seus ser- viços, mas considerado pela fonte pagadora como ilegal ou indevido, aplicada quando qualquer situação gera dúvida em relação à regra e à prática adotada pela instituição audi- tada. (SILVA et al., 2017). Boa parte das glosas hospitalares é justificada por ausência de anotações, prin- cipalmente ações das equipes de enfermagem e médica. Glosa Hospitalar Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 133 Para melhor entendimento acerca desse conceito, pode-se citar a auditoria de contas hospitalares que analisa o pagamento dos serviços realizados, sendo que dentre os seus processos está a análise de não pagamentos denominados produtos glosados. Glosa, segundo Goto (2001), significa cancelamento ou recusa parcial ou total de orçamento, conta ou verba por serem considerados ilegais ou indevi- dos, ou seja, refere-se aos itens que o auditor da operadora (plano de saúde) não considera cabível para pagamento. O fato é que a redução de custos tornou-se prioridade nas agendas dos gesto- res brasileiros, e evitar glosas desnecessárias é fundamental para o faturamento correto das contas médico-hospitalares, já que esse é o problema mais frequente das instituições conveniadas com operadoras de saúde. Apesar das glosas serem um tanto quanto evitáveis, por exemplo, devido à falta de documentação adequada ou correção dos valores cobrados, o fato é que cabe recurso, o que acaba arrastando o pagamento. Quanto à classificação, as glosas podem ser classificadas em administrati- vas e técnicas. As ausências de informações nas anotações efetuadas no prontuário são frequentes quando se tem problemas de compreensão da letra, com isso o índice de glosas tem sido significativo, aumentando assim as glosas efetua- das, levando a um valor considerável à instituição. Materiais e medicamentos são os itens de contas hospitalares que mais im- pactam o total de glosas, já as internações em UTI são os serviços que mais apresentam o problema. Diversas são os estudos realizados que apontam para diversas serviços que detectaram impactos imensos em seu faturamento. Quer saber mais sobre esse assunto? Leia a pesquisa na íntegra Fonte: Ferreira (2009). AUDITORIA DE CUSTOS EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E134 As glosas administrativas são decorrentes de falhas operacionais no momento da cobrança, falta de interação entre o plano de saúde e o prestador de serviço (instituição hospitalar) ou, ainda, falha no momento da análise da conta do pres- tador. As glosas técnicas estão vinculadas à apresentação dos valores de serviços e medicamentos utilizados e não aos procedimentos médicos adotados. Ficar atento e delinear as regras e cláusulas estabelecidas do acordofirmado entre as operadoras de saúde e a prestadora de serviços pode evitar prejuízos financeiros futuros. No dia a dia, é importante capacitar o corpo clínico e médico a usar os for- mulários corretos, principalmente guias e relatórios médicos, uma vez que documentos rasurados não são aceitos. O ponto de partida para o gestor é escla- recer todos os pontos assinados em contrato entre as operadoras de saúde e a prestadora de serviços. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estabeleceu mudanças no modelo de remuneração implantado para hospitais e profissionais da área médica que atendem à saúde suplementar um índice previsto no contrato ou acordo entre as partes, o fator de qualidade é aplicado. A prática de glosar itens do faturamento das contas hospitalares tem sido significativa para o orçamento das instituições, principalmente devido às anota- ções de enfermagem em sua maioria inconsistentes, ilegíveis e subjetivas. Grande parte do pagamento de materiais, medicamentos, procedimentos e outros ser- viços estão vinculados aos registros de enfermagem. Segundo Motta (2003), boa parte das glosas é justificada por ausência de anotações, principalmente ações de enfermagem. As ações de enfermagem são melhores delineadas quando sistematizadas. As ausências de informações nas anotações efetuadas no prontuário são fre- quentes; quando não se tem problemas de compreensão da letra, com isso o índice de glosas tem sido significativo, aumentando assim as glosas efetuadas, levando a um valor considerável a instituição (RODRIGUES; PERROCA; JERICÓ, 2004). Glosa Hospitalar Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 135 ITENS QUE MAIS IMPACTAM NA OCORRÊNCIA DAS GLOSAS Em um estudo que contemplou 110 contas para o mês de abril e 108 no mês de maio de 2012, totalizando 218 contas, chegou-se no seguinte resultado quanto às glosas: Tabela 2 - Distribuição das glosas dos meses de abril e maio de 2012, da Instituição de Saúde Particular segundo sua classificação Tipo de Glosa Glosa Técnica Ambulatorial Glosa Administrativa 110.788,77 6.295,35 8.574,79 88,17% 5.01% 6,82% 75,21% 14,20% 10,64% 47.573,30 8.981,94 6.732,70 Total 6.295,35 100% 100%8.981,94 Abril Maio Valor % Valor % Fonte: Rosa; Santos (2013). Como foi visto nesse caso, as glosas administrativas foram mais impactantes. Segundo Pellegrini (2004), as glosas administrativas são decorrentes de falhas operacionais no momento da cobrança, falta de interação entre o plano de saúde e o prestador de serviço (instituição hospitalar). Podem se dar pela: falta de assinatura do usuário ou do profissional na Ficha Clínica (FC) ou Relatório de Contas; preenchimento incorreto ou incompleto dos campos das fichas; datas de atendimento, identificação do usuário, código do procedimento, rasuras ou inutilização de campos em relatórios de cobrança ou falta de encaminhamentos a especialidades ou de solicitação de exames com- plementares. A seguir, apresentam-se os motivos. AUDITORIA DE CUSTOS EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E136 Tabela 3- Classificação das glosas Administrativas da Instituição de Saúde, dos meses de abril e maio de 2012 Glosas Administrativas Acréscimo de 30% cobrado indevidamente - - 0,06%27,00 Ausência de autorização para o material cobrado Ausência de autorização prévia para o procedimento Ausência de guia de solicitação de internação Cobrança de acomodação em desacordo com autorizado Cobrança de HM incompatível com a acomodação 15.255,37 3.275,80 13,77% -- 2,96% 11,61%5.520,87 57.672,29 52,06% -- 514,01 0,46% 17,13%8.143,03 - - 0,50%240,00 Cobrança de diária de apartamento indevida- autorizado acomodação enfermaria 463,95 0,42% -- Código de procedimento não acordado para cobrança - - 4,03%1.914,42 Conta hospitalar com ausência de carimbos/assinatura do médico solicitante 11.893,16 10,73% -- Duplicidade de procedimento para usuário 74,81 0,07% 0,05%23,22 Pago de acordo com tabela em vigência 7.389,67 6,67% 11,78%5.601,61 Pago diária(s) de acordo com o autorizado 421,33 0,38% -- Prazo vencido para apresentação da conta 93,24 0,08% 0,10%48,00 Procedimento pago conforme plano do usuário 222,03 0,20% -- Procedimento 00.04.999 não existe - - 0,05%24,00 Sem assinatura do usuário 1.117,41 1,01% -- Serviço cobrado não consta em tabela 1.215,45 1,10% -- Honorário médico pago pare médico cooperado - - 0,30%144,30 Item bloqueado para análise - - 0,25%120,00 Material - enviar original ou copia da nota �scal 9.416,25 8,50% 45,89%21.815,20 Material especial e/ou alto custo sem cobertura - não autorizado - - 1,35%639,65 Não cabe acréscimo de 100% referente a acomodação em plantão de UTI 12 horas 1.764,00 1,59% 6,89%3.276,00 Total 110.788,77 100% 100%47.537,30 Abril Maio Valor % Valor % Fonte: Rosa; Santos (2013). Os motivos das glosas administrativas acima descritas referem-se à ausência de guia de solicitação para internação, apresentando 52,06% do valor total da glosa, já no mês de maio a porcentagem de maior valor (45,89%) foi indicado por ausência de envio de nota fiscal para material de alto custo. Já na tabela seguinte será possível evidenciar as glosas técnicas. Glosa Hospitalar Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 137 Tabela 4 - Classificação das glosas Técnicas da Instituição de Saúde, dos meses de abril e maio de 2012 Glosas Técnica Cobrança de medicamento divergente da tabela contratada e ou divergente apontadas na auditoria médica/enfermagem HM = pago 100% e 70% - vias de acesso diferente ou bilateral Item com glosa de auditoria local porém cobrado integral em vosso faturamento Procedimento incluso no serviço principal Cobrança de material divergente da tabela contratada e ou divergente apontadas na auditoria médica/enfermagem 4.046,63 986,58 90,00 1.069,54 102,60 64,28% 15,67% 1,43% 16,99% 0,02% 73,35% 10,72% 4,86% 10,00% 0,01% 6.606,18 962,71 436,80 897,95 78,30 Total 6.295,35 100% 100%8.981,94 Abril Maio Valor % Valor % Fonte: Rosa; Santos (2013). Na tabela anterior, observa-se que o segundo maior índice de glosa técnica nos meses analisados, são itens glosados pela auditoria, porém, cobrado integral pelo fatura- mento, foram responsáveis por 16,99% no mês de abril e 10,00% no mês de maio. FATURAMENTO HOSPITALAR: IMPACTO NAS GLOSAS É de interesse de todos os envolvidos nos processos de análises de faturamento, tanto do Hospital como do plano de saúde, que sejam anotadas, com qualidades, e exatidão, as informações no prontuário, pois por meio delas que serão avaliados os procedimentos realizados entre outros itens, como materiais e medicamen- tos. Repercutindo, assim, a estabilidade financeira nas instituições. Mesmo entendendo a importância da máxima atenção à saúde dos pacien- tes, é necessário que os gestores hospitalares fiquem atentos à necessidade de programar as rotinas das instituições de saúde para que não haja perdas financeiras por motivos de desatenções burocráticas ou preenchimentos in- corretos de documentos. AUDITORIA DE CUSTOS EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E138 Segundo o autor, é indispensável neste processo o pleno conhecimento da equipe, a padronização do processo de trabalho com protocolos, a capacitação contí- nua e sistematizada, reflexão sobre o conteúdo das informações e dos impressos para anotação. O setor de faturamento de qualquer empresa de saúde pode determinar o sucesso ou o fracasso do negócio. A busca da melhoria do desempenho organi- zacional, principalmente a eliminação de perdas com glosas é inerente. É de interesse de todos os envolvidos nos processos de análises de faturamento, tanto do hospital comodo plano de saúde, que sejam anotadas, com qualidades e exatidão, as informações no prontuário, pois através delas serão avaliados os procedimentos realizados entre outros itens, como materiais e medicamentos, o que repercutirá na estabilidade financeira das instituições. Assim, é indispensável neste processo o pleno conhecimento da equipe, a padronização do processo de trabalho com protocolos, a capacitação contínua e sistematizada, a reflexão sobre o conteúdo das informações e dos impressos para anotação. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 139 CONSIDERAÇÕES FINAIS O auditor, para desenvolver suas atividades profissionais, necessita de um conjunto de elementos classificados como ferramentas de trabalho, elementos indispen- sáveis para o bom desenvolvimento da tarefa. Tabelas conhecidas aqui nessa Unidade por BRASINDICE, CBHPM e as guias ambulatoriais e de internação são alguns dos itens muito utilizados, e tra- zem consigo diversas informações e são de extrema importância no processo, tanto para uma liberação prévia de um procedimento como na análise de custos. Como foi visto nesta unidade, essas tabelas permitem ao auditor, tanto na pré-análise como na fase de auditoria analítica, melhor poder de decisão, tanto na adequação do código do procedimento quanto nos valores a serem pagos pelos procedimentos realizados, tanto para diagnose como para terapêutica, atendendo aos procedimentos clínicos e os cirúrgicos. Um outro ponto importante apontado foi o ROL de procedimentos e even- tos que prevê a cobertura por parte das operadoras de Saúde de todos os eventos indicados. Apresentando as guias SADT, Internação e AIH foi possível melhor conhe- cer as características de cada uma, assim como o fluxo que as envolve até chegar ao faturamento das mesmas. O processo de Faturamento deve possuir instrumentos rigorosos e eficazes de controlar, desde o momento do início da prestação de serviços, até os insu- mos que irão ser utilizados no conjunto da assistência em saúde que o paciente receberá. Em consequência disso, o custo dos serviços prestados se destaca como a expressão de custeio dos insumos utilizados nas atividades assistenciais e que foram itens de uso no momento da assistência ao paciente. Quando falamos em custo, falamos também das glosas, consideradas como o cancelamento parcial ou total do orçamento apresentado pela instituição após a prestação de seus serviços, e demonstrado nessa Unidade o impacto que as mesmas representam para a Instituição. 140 1. O auditor, para desenvolver suas atividades profissionais necessita de um con- junto de elementos classificados como ferramentas de trabalho, elementos in- dispensáveis para o bom desenvolvimento da tarefa. Assinale (V) para as alter- nativas que apresentam ferramentas da auditoria e (F) para as alternativas que não são. ( ) Diagnóstico da doença em código (CID - 10). ( ) Tabelas de honorários médicos (Tabelas AMB, CBHPM, GREMES/CIEFAS etc) ( ) Tabelas do BRASIL. ( ) Conta hospitalar. ( ) Receita médica. ( ) Guia Internação. 2. Assinale a alternativa incorreta em relação aos fatores que podem causar eva- sões nas receitas operacionais no faturamento. a) Não cobrança de materiais e medicamentos utilizados. b) Não cobrança de serviços de apoio diagnóstico ocasionado por um processo de trabalho ainda não compreendido por todos. c) Não assinatura de todos os profissionais que compõem a equipe da auditoria. d) Não cumprimento de prazos para a entrega do faturamento; não recebimen- to ocasionado por glosas. e) Falhas e faltas de informações no prontuário do paciente. 3. Glosar significa cancelamento ou recusa parcial ou total de orçamento, conta, ou verba por serem considerados ilegais ou indevidos, ou seja, refere-se aos itens que o auditor da operadora (plano de saúde) não considera cabível para paga- mento. Diante disso, analise as alternativas a seguir e assinale a alternativa correta. I. A redução de custos se tornou prioridade nas agendas dos gestores brasilei- ros, e evitar glosas desnecessárias é fundamental para o faturamento correto das contas médico-hospitalares. II. O prontuário é instrumento valioso para o paciente, equipe de saúde e insti- tuição. A composição e preenchimento completo e correto do prontuário tor- na forte aliado para eventual defesa judicial junto à autoridade competente para os profissionais, mas não para a instituição que presta serviços. III. A prática de glosar itens do faturamento das contas hospitalares tem sido sig- nificativa para o orçamento das instituições, principalmente devido às ano- tações de enfermagem em sua maioria inconsistentes, ilegíveis e subjetivas. 141 IV. Boa parte das glosas hospitalares é justificada por ausência de anotações, principalmente ações das equipes de enfermagem e médica. a) I e II estão corretas. b) II, III, IV estão corretas. c) I, III, IV estão corretas. d) Apenas a III está correta. e) Todas estão corretas. 4. Quanto à classificação, as glosas podem ser: e) Administrativas e técnicas. f ) Administrativas e operacionais. g) Técnicas e retrospectivas. h) Depende do tipo de auditoria, podendo ser retrospectiva e concorrente. i) Depende do tipo de auditoria, podendo ser prospectiva, concorrente e re- trospectiva. 5. As glosas hospitalares acarretam diversos impactos para o Serviço de Saúde. Cite, no mínimo, dois deles e descreva as consequências que eles trazem. 142 GLOSAS HOSPITALARES: O QUE SÃO E COMO EVITÁ-LAS. Antes de falarmos sobre quais estratégias você pode tomar para evitar que o número de glosas hospitalares seja elevadíssimo em sua instituição, vamos começar pelas defi- nições. Você sabe o que são glosas? Segundo Motta (2003), glosa significa o ajuste de uma cobrança apresentada por um serviço prestado. Ela pode ser positiva ou negativa, ou seja, pode ser cobrado um valor maior ou menor do que aquele que deveria. No caso das glosas hospitalares, quando por algum motivo o hospital não realiza a co- brança adequada, seja para mais ou para menos, o convênio de saúde deve analisar e realizar a cobrança correta, repassando exatamente o que o paciente gastou. Porém, em algumas instituições esta não é a realidade, uma vez que há preocupação maior daquilo com o que está sendo cobrado a mais e não com o que foi deixado de cobrar. Para qualquer administrador de instituições de saúde, um dos problemas mais difíceis de lidar são essas tais glosas. Faturamentos não recebidos, frutos de problemas na co- municação entre clínicas e convênios a respeito do atendimento dos pacientes. A glosa também pode ser conceituada como o cancelamento ou recusa total ou parcial de um orçamento, conta ou verba por motivos ilegais ou indevidos. Em relação às instituições e operadoras de saúde, as glosas são o não pagamento de consultas, procedimentos, medicamentos, diárias, materiais etc. Os altos índices de glosas hospitalares se relacionam diretamente com o perfil de cliente em torno do qual se centralizam os serviços de saúde. O hospital atua diariamente em prol da cura de pacientes em estágios avançados de vulnerabilidade, por meio de profissionais da saúde que trabalham estressados, agindo sobre inúmeros casos graves (na maioria das vezes, simultâneos) e correndo contra o relógio para dar conta de cada um. Este compromisso com a vida humana, muitas vezes, posterga os procedimentos bu- rocráticos, os deixando em segundo plano e, dessa forma, favorecem o surgimento das glosas no hospital. Mesmo entendendo a importância da máxima atenção à saúde dos pacientes, é neces- sário que os gestores hospitalares fiquem atentos à necessidade de programar as rotinas das instituições de saúde para que não haja perdas financeiras por motivos de desaten- ções burocráticas ou preenchimentos incorretos de documentos. 143 Dessa forma, iremos listar aseguir algumas ações que evitam a ocorrências de glosas em sua instituição hospitalar. Eficiência na gestão de autorizações dos procedimentos realizados. Os mecanismos adotados por cada operadora de plano de saúde, seja em contratos coletivos ou individuais, devem servir como base para a implantação de um sistema que seja capaz de alertar a equipe médica do hospital em casos de possíveis inconformida- des entre o procedimento solicitado anteriormente e os critérios de controle seguidos pelos convênios médicos. Isso se trata de uma aplicação de grande capacidade de armazenamento, que concilie e organize um histórico com todas as validações prévias de procedimentos liberadas por cada operadora. Dessa maneira, formam o conjunto de dados que irão servir como contribuição para a tomada de decisões futuras. Este sistema deve ser totalmente integrado e conectado às operadoras para possibilitar a autorização eletrônica de exames, principalmente, em relação às requisições mais sim- ples, que não necessitem de documentos de suporte. Por mais bem treinada que seja a equipe do prestador de serviços, não há como ordenar a excelência com os procedimentos médicos usualmente prescritos e as metodologias características de validação utilizadas por cada plano de saúde sem a ajuda da tecnolo- gia. Essa conferência eletrônica permite maior atenção à prescrição de procedimentos críti- cos e, dessa maneira, reduz as glosas hospitalares. Vemos que evitar todos os tipos de glosas é uma tarefa que envolve todas as áreas de uma instituição de saúde, especial- mente o credenciamento que começa na negociação e na implantação do contrato e requer da equipe de profissionais da saúde muita atenção e capacitação. Além disso, ela depende diretamente de um controle rígido das operações, não somen- te as que se referem às operadoras, mas também as que estão ligadas às instituições de saúde. Fonte: adaptado de Gonçalves N. (2016, on-line)1. MATERIAL COMPLEMENTAR Auditoria em Saúde Burmester, Haino (coordenador da série); Moraes, Marlus Volney Editora: Saraiva Sinopse: o controle e o planejamento nas áreas de saúde têm sido cada vez mais rígidos, fazendo com que a demanda por pro� ssionais em auditoria seja crescente. Pensando nisso, “Auditoria em saúde” propõe a re� exão sobre o bom uso das informações, o desenvolvimento de protocolos clínicos e a padronização de procedimentos que constituem ferramentas de apoio ao trabalho dos pro� ssionais dessa área, os quais se dedicam a garantir a qualidade da assistência aos pacientes. O livro traz ainda um breve histórico dos sistemas de saúde brasileiro e estabelece paralelos entre as formas de execução da auditoria tanto no subsistema com � nanciamento público como no privado. Também, enfatiza a execução dos processos que busquem informações valiosas para promover assistência em saúde com qualidade, propõe formas e técnicas para a execução da auditoria, e apresenta várias campos ainda pouco explorados na área, tudo isso permeado por exemplos práticos e comentários. MAURIZ, C.; LOBO, F.; LIMA, R. R.; OLIVEIRA, S. Faturamento Hospitalar: um passo a mais. Revista Inova Ação. Teresina, v. 1, n. 1, art. 4, p. 38-44, 2011. GUBOLINO, L.A.; LOPES, M. A. C. Q.; PEDRA, C. A. C.; CARAMORI, P. R. A.; MANGIO- NE, J. A.; SILVA, S.S.; SALVADORI-JUNIOR, D. MARIN-NETO, J. A. CASTELLO-JUNIOR, H. J., CANTARELLI, M.J.C; FERREIRA, M.C.M; PIMENTEL FILHO, W.A; OLIVEIRA, A.D.D; BARBOSA, M.R. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Qualidade Profissional e Institucional. Revista da Sociedade Brasileira De Cardiologia. São Paulo, v.101, n. 6, supl. 4, p.1-58, dez. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2013004700001&lng=en&nrm=i- so>. Acesso em: 15 jun. 2017. ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA. Classificação Brasileira Hierarquizada de Pro- cedimentos Médicos. São Paulo, 2012. Disponível em: <www.amb.org.br/_arqui- vos/_dowloads/cbhpm_2012.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2017. SILVA, J. A. S.; HINRICHSEN, S. L.; BRAYNER,K. A. C.; VILELLA, T. A. S.; LEMOS, M. C. Glo- sas Hospitalares e o Uso de Protocolos Assistenciais: Revisão Integrativa da Literatu- ra. Revista Administração e Saúde. vol. 17, n. 66, jan./mar. 2017. GOTO, D. Y. N. Instrumento de auditoria técnica de conta hospitalar mensurando Perdas e avaliando a qualidade da assistência. Departamento de Enfermagem. Curso de Especializaçäo em Projetos Assistenciais de Enfermagem para obtenção do grau de Especialista. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2001. MOTTA A. L. C. Auditoria de enfermagem no processo de credenciamento. São Paulo: Iátria, 2003. PAES, P. P. L.; MAIA, J. R. Manual de auditoria de contas médicas. 2005. PELLEGRINI, G. Glosas convênio x prestador. In: Congresso Latino Americano de Ser- viços de Saúde e 3ª Jornada de Gestão e Clínicas Médicas. Anais eletrônicos. São Paulo, 2004. RODRIGUES, V. A.; PERROCA, M. G.; JERICÓ, M. C. Glosas hospitalares: importância das anotações de Enfermagem. Revista Ciência e Saúde. vol.11, p. 210-214, out/ dez. 2004. REFERÊNCIAS ON-LINE 1Em: <https://www.cmtecnologia.com.br/gestao/glosas-hospitalares/>. Acesso em: 13 jun. 2017. REFERÊNCIAS 145 1. V, V, F, V, F, V. 2. C. 3. B. 4. A. 5. Essa questão busca captar do aluno as principais informações no que tange às glosas hospitalares. Os impactos que as mesmas trazem podem ser de origem financeira, o custo está diretamente envolvido; Operacional, pois a equipe está envolvida diretamente e administrativa GABARITO U N ID A D E V Professora Esp. Caroline Miguel Aver AUDITORIA QUANTO À ASSISTÊNCIA E QUALIDADE EM SAÚDE Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar fluxos de processos que envolvem desde a liberação de um exame até a internação de urgência. ■ Demonstrar os principais indicadores no Serviço de Saúde que possibilitem traçar o diagnóstico da Saúde. ■ Apresentar um modelo de Relatório relacionado à Gestão Hospitalar, a fim de que o mesmo sirva como norte para levantamento de dados e organização do serviço. ■ Discutir alguns dos conceitos da Medicina Baseada em Evidências e Diretrizes Clínicas e como ela serve de ferramenta de informação e atualização para o auditor. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Fluxo dos processos relacionados à internação e auditoria ■ Indicadores Assistenciais ■ Relatório de Gestão Hospitalar ■ Diretrizes Clínicas e Medicina Baseada em Evidência ■ Qualidade da Assistência em Saúde INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), vimos que a auditoria é o conjunto de atividades desenvolvidas tanto para controle – auditoria operacional – quanto para avaliação de aspec- tos específicos e do sistema. Partindo dessas informações e de todo conteúdo estudado até o momento, neste capítulo serão expostos alguns órgãos e processos que ocorrem concomi- tante à auditoria, ou seja, setores que fazem parte do processo de Saúde. Entenderemos o conceito e a função da Central de Regulação, assim como os processos que a acompanham, como o direcionamento de um paciente para internação eletiva ou em caráter de urgência. Obviamente que se pensarmos de forma quantitativa, o número de interna- ções, cirurgias e procedimentos executados são complexos e vastos, por isso um estudo dos indicadores em Saúde também se faz importante. Como já foi visto, no processo de Auditoria é preciso estabelecer o diag- nóstico de uma situação de saúde, porém, nesse caso, uma das matérias-primas básica é a informação estatística. Afinal um fator muito importante no dia a dia dos gestores consiste no fato de que os indicadores de qualidade do atendimento carecem de parâmetros comparativos, e que possam nortear a qualificação do desempenho assistencial. Ao longo das unidades estudamos o conceito, o processo e a classificação da Auditoria. Porém, sabe-se que a análise de dados e processos resultam em um indicador fundamental: o bom ou não funcionamento do serviçoe, para isso, o diagnóstico do serviço por meio de relatórios é fundamental, por isso analisa- remos um modelo. A área da assistência à saúde tem sido marcada por uma crescente preocu- pação com o estímulo ao uso e efetiva utilização de práticas endossadas pelo conhecimento científico corrente, por isso essa Unidade será dedicada a esse fator, além dos dados e informações que o norteiam. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 149 AUDITORIA QUANTO À ASSISTÊNCIA E QUALIDADE EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E150 FLUXO DOS PROCESSOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE Como visto, a auditoria é um conjunto de atividades desenvolvidas tanto para controle – auditoria operacional – quanto para avaliação de aspectos específi- cos e do sistema – auditoria analítica – quando focamos na Auditoria do SUS. Também sabe-se que o sistema é integrado por uma Comissão Corregedora Tripartite, composta pela direção nacional do SUS, representantes do Conselho Nacional de Secretários Estaduais da Saúde e do Conselho Nacional de Secretários Municipais da Saúde. Cabe a cada nível de governo: Federal, Estadual e Municipal seguir com suas competências para atividades de Auditoria. É fundamental, no desenvolvimento das ações de auditoria por nível de ges- tão, a colaboração estreita entre os níveis. A seguir, caro(a) aluno(a), veja os três fluxos que serão expostos, e que demonstram o funcionamento de internamentos ou direcionamentos de pacien- tes no Sistema Público. Alguns instrumentos gerenciais e técnico-científicos são necessários para que todo o processo de internação e direcionamento de pacien- tes ocorra de forma efetiva, como a Central de Regulação e Protocolos. Esta, segundo Caleman et al. (1998), permite responder adequadamente às necessi- dades de saúde da população, gerindo a oferta de serviços e agilizando o acesso da clientela a esta. A regulação da oferta de serviços é um desses instrumentos, pois permite a utilização racional dos serviços, fazendo com que os distritos assumam seu papel de gestor no sistema. Segundo o autor, Caleman et al. (1998, p. 7), são algumas das funções da Central de Regulação: Fluxo dos Processos dos Serviços de Saúde Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 151 a. orientar o encaminhamento dos pacientes da área de abrangência do Distrito Sanitário para consulta de especialidades, serviços de apoio diag- nóstico e terapêutico, bem como internações hospitalares; b. controlar o encaminhamento de pacientes para serviços fora da área de abrangência do distrito, que constem da Programação Pactuada Integrada; c. controlar e disponibilizar os leitos vagos (públicos e conveniados/contra- tados) para internações referenciadas de urgência, emergência e eletivas; d. agendar, por meio de controle próprio, consultas de especialidades e SADT para as unidades requisitantes; e. atualizar os dados cadastrais da unidade prestadora e subsidiar o gestor nas alterações de oferta de serviços, quando necessário. A unidade requisitante, ao acionar a Central de Regulação para internação hos- pitalar, deve informar: ■ código de acesso da unidade; ■ caracterização da internação: especialidade faixa etária, sexo, nome com- pleto do paciente, endereço, nome do médico e CRM; ■ tempo provável de deslocamento do paciente; ■ hipótese diagnóstica. A solicitação da internação deve ser feita obrigatoriamente por profissional de nível superior (médico, enfermeira ou assistente social, com preferência para o primeiro), com dados clínicos os mais completos possíveis via sistema central (BRASIL, 1998). Ao encaminhar o paciente ao hospital indicado pela central, deverá ser pre- enchido o laudo de solicitação de internação, devidamente preenchido, com descrição detalhada do quadro clínico, evolução e conduta dispensada, assinada e carimbada pelo médico solicitante, principalmente nos casos de emergência médica. Nos casos de internação em UTI, o médico da unidade requisitante, quando há vaga disponibilizada pela Central de Regulação, deve entrar em contato com o médico da unidade prestadora. AUDITORIA QUANTO À ASSISTÊNCIA E QUALIDADE EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E152 Nas internações eletivas, a unidade requisitante deve informar a patologia, o tipo de cirurgia a ser realizada e o dia programado para a sua realização. Se houver suspensão do encaminhamento, a unidade requisitante deve informar imediatamente à Central de Regulação, esclarecendo o motivo. Vamos entender os fluxos? Figura 1 - Fluxo de internações eletivas Fonte: Caleman; Sanches; Moreira (1998). Fluxo dos Processos dos Serviços de Saúde Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 153 Como foi visto no fluxograma, temos um caso de direcionamento de um paciente do SUS dentro da categoria de eletivo, ou seja, foi prevista sua internação. Para melhor exemplificar, vamos supor que o paciente descrito no fluxo foi direcionado pela Central de Regulação com queixa de cefaléia intensa, já acom- panhado pela rede com Neurologista e Oncologista, pois há um ano foi detectado um tumor e, em decorrência disso, sofreu a cirurgia. Foi solicitada vaga com todas as informações e o direcionamento para hos- pital, lembrando que, quando a AIH é preenchida, a auditoria deve liberar internamento, nesse caso até 48 horas. No caso do Sistema Privado alguns processos mudam, como veremos: 1. Médico preenche guia de internação ou encaminha para o hospital para avaliação do médico plantonista. 2. É solicitada liberação de internamento para Auditoria com todos os dados clínicos do paciente. 3. É emitido o número de liberação da Guia e paciente é admitido no hospital. Esse é o caso de pré-auditoria que, como foi visto, trata-se da avaliação dos pro- cedimentos antes de sua realização. Pode ser que, em alguns casos, no Sistema Privado, o internamento pode ser negado por falta de informações, carência ou falta de pagamento. Quando isso ocorre o paciente acaba solicitando entrada pelo Sistema Público ou Particular. AUDITORIA QUANTO À ASSISTÊNCIA E QUALIDADE EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E154 Fluxo para internação de urgência e emergência Paciente Procura os serviços de cadastrados para atendimento de URGÊNCIA Consulta médica Unidade de saúde solicita vaga à central, que indica o hospital e o leito a ser utilizado Hospital informa a Central de Regulação, que autoriza (provisoriamente) e envia laudo em 48 horas para autorização de�nitiva Hospital realiza internação e encaminha laudo em 48 horas para o gestor Médico indica e preenche laudo de internação resolve o problema Autoriza a emissão de AIH Não autoriza e comunica ao hospital Gestor analiza e audita in loco Gestor analiza e audita in loco Figura 2 - Fluxo para internação de urgência e emergência Fonte: Caleman et al.(1998). Nesse caso, estamos falando de uma situação de urgência ou emergência, ou seja, um paciente que apresentou forte dor abdominal e chegou até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), após diversos exames detectou-se um caso de apendicite. Foi cadastrado no Sistema e a Central o regulou para o Hospital disponível à vaga e com referência para o caso. Fluxo dos Processos dos Serviços de Saúde Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 155 Paciente Fluxo para internação de urgência e emergência Procura as unidades básicas de saúde Consulta médicaProcedimentos diagnósticos e terapêuticos sob controle Unidade aciona (por telefone) Central de Regulação Patologia clínica Raio X simples ECG Recepção indica a unidade prestadora que realizará o exame Unidade prestadora realiza o procedimento e encaminha o resultado para unidade requisitante Diagnose/terapia (sob autorização prévia): che�a da unidade autoriza e aciona Central de Regulação Diagnose/terapia (sem autorização prévia): unidade aciona Central de Regulação Central de Regulação indica unidade prestadora, dia, horário e preparo Resultado/laudo Retorno à unidade prestadora Médico solicita exames através de requisição própria resolve o problema Paciente realiza o exame Figura 3 - Fluxo para serviço de apoio à diagnose e à terapia Fonte: Caleman et al. (1998). Nesse exemplo, podemos citar um paciente com solicitação para uma Tomografia, após passado por essas esferas, o paciente tem sua guia liberada e realiza o exame. É importante lembrar que, nesse caso, após feito o exame, a Auditoria prospec- tiva, ou seja, aquele que efetua pagamento após a execução de um procedimento, estará vigente. AUDITORIA QUANTO À ASSISTÊNCIA E QUALIDADE EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E156 INDICADORES DE SERVIÇOS DE SAÚDE Um fator muito importante no dia a dia dos gestores consiste no fato de que os indicadores de qualidade do atendimento carecem de parâmetros comparati- vos universais que possam nortear a qualificação do desempenho assistencial. Esta situação clama por modelos de gestão adequados que, de acordo com Fonseca et al. (2005), otimizem os recursos aplicados, trazendo melhoria da pro- dutividade e satisfação plena das pessoas assistidas em relação aos profissionais que atuam na área de prestação de serviços em saúde. É fundamental esclarecer a conceituação distinta dos clássicos indicado- res epidemiológicos, que medem o resultado da qualidade assistencial de forma global, e dos indicadores de qualidade do atendimento, embora façam parte dos indicadores epidemiológicos. São esses indicadores em saúde que servirão de alerta para identificação de distorções que necessitem instaurar auditorias, rever o planejamento de ações de saúde ou a organização dos serviços. Indicadores de Serviços de Saúde Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 157 Essa matéria-prima imprescindível para o diagnóstico, também o é para a elaboração do plano, para a avaliação e controle dos resultados dos programas desenvolvidos. Ainda, conforme o autor, para alcançar tais objetivos, foi atribuída ao Departamento de Informática do SUS, o DATASUS, a responsabilidade de cole- tar, processar e disseminar informações sobre saúde. Com ele é possível coletar informações a respeito de produção ambulatorial, internações hospitalares, recursos financeiros repassados, indicadores de saúde de cada região por tipo de doença ou outro fator, relatórios de gestão, entre outros. Dessa forma, pode-se dizer que as informações em saúde viabilizam o acesso ao conhecimento da realidade existente de cada grupo de doenças, em cada grupo da população (regiões ou estados). Assim, é possível planejar ações, controlando e avaliando resultados alcançados. Para aplicação ou construção de indicadores, é fundamental conhecer: ■ os conceitos definidos pelo sistema de informação do distrito; ■ a formulação de indicadores e suas diferentes aplicações. No Brasil, os Indicadores e Dados Básicos da Saúde (IDB) são medidos pelo Governo Federal, que faz a revisão anual dos dados, a fim de atualizá-los. Esses indicadores têm como objetivo principal medir o desempenho do país dentro do segmento de saúde a fim de prover as melhores condições para a sua população. Esses indicadores de saúde são obtidos por meio de informações de medi- das de síntese, atributos e dimensões e são utilizados para mensurar como está nosso estado de saúde e o seu desempenho, refletindo na situação sa- nitária do país. Os indicadores de saúde são de extrema importância e necessidade para qualquer sociedade, porque é preciso o conhecimento até onde as coisas estão bem e até onde estão mal. O que implica em melhorias, a fim de que o sistema continue a progredir. Além da qualidade, deve-se englobar outros indicadores: financeiro, admi- nistrativo, atendimento, qualidade e marketing. Fonte: o autor AUDITORIA QUANTO À ASSISTÊNCIA E QUALIDADE EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E158 Os indicadores mais utilizados, segundo Caleman et al. (1998), são apresenta- dos sob as seguintes formas: a) Taxas percentuais: ■ de grupos de procedimentos em relação a outro grupo de procedimen- tos. Por exemplo: taxa de solicitação de exame “A” nas consultas médicas; ■ de grau de alcance da meta estabelecida no processo de planejamento ou por instituições que claramente trabalham a questão da qualidade das ações de saúde. b) Número de atividades em determinados grupos de procedimentos ou de clientes expostos ao procedimento. Por exemplo: número de consultas médicas prestadas às gestantes da unidade “A”. A formulação de indicadores quantitativos deve passar pelas seguintes etapas: I. A seleção da abrangência territorial, que consiste em determinar o espaço geográfico em que o indicador será elaborado. Essa seleção pode variar entre a definição de uma unidade ou do conjunto de unidades com características territoriais, por: • área de ocorrência – utilizando os dados das unidades localizadas no espaço geográfico e sob responsabilidade do Distrito Sanitário. Como área de ocor- rência, o gestor pode optar por avaliar uma única unidade, um conjunto de unidades com características semelhantes, tais como hospital geral ou unidades filantrópicas, ou ainda todas as unidades da área de ocorrência; • área de residência – utilizando os dados de prestação dos serviços de saúde a clientes sob sua responsabilidade, calculando o indicador referente à população residente no Distrito Sanitário. Nesse caso, o gestor poderá agregar os dados conforme a organização dos serviços, avaliando desde um único bairro até o distrito como um todo. II. A seleção do tipo de prestador consiste em determinar o agrupamento de unidades a serem consideradas no cálculo do indicador: • unidades próprias; Indicadores de Serviços de Saúde Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 159 • unidades filantrópicas; • unidades universitárias; • unidades hospitalares em psiquiatria; • maternidades; • outras. III. Gasto “per capita”: refere-se ao gasto médio por usuário potencial, podendo ser geral ou em grupos específicos. valor total gasto, plano “X”, área “A”, período “99”, nº total de usuários inscritos no mesmo plano, área e período. IV. Média de permanência de internação: número de dias que, em média, os usuários ficam hospitalizados. total de dias de internação no prestador “X”, área “A”, período “99” total de pa- cientes saídos do mesmo prestador, área e período V. Taxa de cesárea: proporção de partos pelo procedimento cesariano em rela- ção ao total de partos. nº de cesáreas, no prestador “X”, na área “A”, período “99” x 100 nº total de partos no mesmo prestador, área e período VI. Taxa de divergência: entre procedimento autorizado e cobrado, detectada mediante comparação do procedimento registrado por ocasião da autorização do procedimento e o registrado na cobrança. nº de guias c/ procedimento divergente no prestador “X” x 100 nº de guias apresentadas pelo mesmo prestador, área e período VII. Taxa de mortalidade hospitalar: proporção de óbitos em atendimento hos- pitalar. nº de óbitos hospitalares na área “A”, período “99” x 100 nº total de pacientes saídos da mesma área e períodoVIII. Taxa de solicitação de diagnose ou terapia: proporção de procedimentos solicitados sobre o grupo de consultas médicas. • taxa de solicitação de patologia clínica nas consultas médicas AUDITORIA QUANTO À ASSISTÊNCIA E QUALIDADE EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E160 nº de exames de patologia clínica na área “A”, período “99” x 100 nº de consultas médicas na mesma área e período IX. Taxa de solicitação da UTI: proporção de utilização da unidade de terapia intensiva no total de internações e diárias pagas. • nas internações nº de internações com uso de UTI x 100 nº total de internações no mesmo prestador, área e período • nas diárias Atendimento hospitalar unidade hospitalar: • taxa da população internada; • taxa de ocupação; • média de permanência; • índice de mortalidade; • taxa de cesárea; • índice de substituição de leito; • relação de população internada e taxa de ocupação dos hospitais do Distrito Sanitário. Perfil de atendimento: • principais causas de internação no hospital; • principais causas de internação na população (com correção de residência e incidência por 10.000 habitantes). Resolubilidade: • taxa de pacientes saídos por alta; • taxa de pacientes saídos por transferência a outro hospital. Principais fatores que alteram os indicadores de serviços de saúde: • dados não fidedignos utilizados na elaboração do indicador; • divergência conceitual entre o sistema de informação e o conhecimento do profissional que registra o dado; • pacientes homônimos, que elevam taxa de repetição de atendimento; Relatórios de Supervisão de Serviços de Saúde Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 161 • incorporação tecnológica em análise de série histórica; • a especificidade do serviço quanto à complexidade das ações; • a especificidade do serviço quanto ao protocolo adotado; • programa de atendimento à clientela diferenciada, como gestantes de alto risco, pacientes crônicos e outros; Fonte: Saúde e Cidadania ([2017], on-line)1. Você já possuía conhecimento de todos esses indicadores? Já concedia a devida importância ao que os números representam sobre este serviço? De fato a cons- trução de todos esses indicadores, não somente de forma isolada, mas em um conjunto de ações nas condições de saúde da população e no financiamento do setor, acabam proporcionando um panorama de Saúde. RELATÓRIOS DE SUPERVISÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE Ao longo das cinco unidades, estudamos o con- ceito, o processo e a classificação da Auditoria, porém, sabe-se que a análise de dados e processos resultam em um indicador fundamental: o bom ou mal funcionamento do serviço, além de todos os outros acima citados que podem identificar situ- ações regulares ou não. Todavia, esse funcionamento em um Ambiente Hospitalar precisa antes de ser avaliado, estar bem estruturado. Por esse motivo, a seguir temos um exemplo de Relatório de Serviço Hospitalar em que diversos indicadores acima descritos foram contemplados, que se bem estruturado, acompanhado e preenchido, no momento em que houver AUDITORIA QUANTO À ASSISTÊNCIA E QUALIDADE EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E162 a auditoria ou situação de risco, essas informações poderão servir de base para modificação de processos. RELATÓRIO DE SERVIÇO HOSPITALAR MUNICÍPIO: ____________________________________DATA: ___/___/___ IDENTIFICAÇÃO DA UNIDADE Nome:__________________________________________________________ INDICADORES GERAIS DO HOSPITAL Procedência dos pacientes (média dos últimos 6 meses) Próprio município: % Outros municípios da região de saúde: % Outros municípios do Estado: % Taxa de ocupação: % Taxa de infecção hospitalar: % Taxa de partos normais: % Taxa de cesárea: % Taxa de mortalidade: % Média de permanência: dias Fontes pagadoras: SUS: % Total de AIH/mês: Outros convênios: _______________________ % Particulares: % FLUXO DA CLIENTELA Atendimento de clientela referenciada (só atende clientes encaminhados) Atendimento de procura direta Atendimento de clientela referenciada e de procura direta LEITOS DE INTERNAÇÃO Operacionais (total): Disponíveis ao SUS: Desativados: Relatórios de Supervisão de Serviços de Saúde Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 163 Centro cirúrgico: (quantidade existente e em funcionamento) Centro obstétrico: ________________________ (quantidade existente e em funcionamento) Alojamento conjunto: h Sim h Não Quantos? Serviço de Controle de Infecção Hospitalar: (ver as atas das últimas reuniões) Sim Não Comissão de Ética Médica? (ver as atas das últimas reuniões) Sim Não SERVIÇOS TERCEIRIZADOS 1.Tipo de serviço: Situação: Dentro da unidade Fora da unidade 2.Tipo de serviço: Situação: Dentro da unidade Fora da unidade EQUIPAMENTOS EM CONDIÇÕES DE USO (POR LEITO) SIM NÃO Tem pontos de distribuição de oxigênio? h Sim h Não Qual é a relação por leito? Há pontos de distribuição de ar comprimido? Sim Não Qual é a relação por leito? De que forma é feita a distribuição dos pacientes pela equipe médica? O paciente sabe identificar o seu médico? Sim Não Há visitas médicas diárias a todos os leitos? Sim Não São realizadas as prescrições médicas diariamente? Sim Não PATOLOGIAS MAIS FREQUENTES Nº DE AIHs VALOR AUDITORIA QUANTO À ASSISTÊNCIA E QUALIDADE EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E164 Selecionar alguns prontuários de pacientes que já tiveram alta hospitalar. Selecioná-los por patologia, ou por valor pago, ou qualquer outra variável de interesse.Anotar nome, endereço e motivo da internação para proceder à visita domiciliar. CENTRO CIRÚRGICO Número de salas em funcionamento: __________________________________ MEDICAMENTOS/MATERIAL/ CONDIÇÕES DE USO DENTRO DA EQUIPAMENTOS EXISTENTES VALIDADE CENTRO OBSTÉTRICO Número de salas em funcionamento: _________________________________ Utilização das salas CIRURGIAS Nº/DIA PORTE Eletivas Urgência/emergência Cesárea Parto normal Curetagem Serviço/profissional responsável pela programação do CC/CO: SERVIÇO DE ANESTESIOLOGIA Visitas pré-anestésicas? Sim Não Monitoramento pelo médico anestesista durante todo o procedimento cirúrgico? (checagem da escala cirúrgica) Sim Não Sala de recuperação anestésica pós-cirúrgica? Sim Não Se não, como procede? CENTRAL DE ESTERILIZAÇÃO Espaço exclusivo para as atividades de esterilização? Sim Não Há normas/rotinas/protocolos sobre procedimentos de esterilização? h Sim h Não Utilizando-se da planta física, estabelecer a cargo de quem se encontram os comandos técni- co-administrativos das diversas áreas. Qualidade da Assistência Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 165 Checar relações interinstitucionais de mando: diretor administrativo, diretor clínico, mesa diretora, etc. Checar balancete do hospital. Opera com saldo positivo ou negativo? Se negativo, qual a possibilidade de recuperação? Checar processo de compras: Outras informações pertinentes: Fonte: Caleman; Sanches; Moreira (1998, p. 105). Esse é um modelo que pode ser implantado em qualquer Instituição Hospitalar, seja ela pública ou privada, e que trará visão adequada em relação ao diagnós- tico inicial do andamento de processos. QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA A área da assistência à saúde e, especificamente, da assistência médica, tem sido marcada pela crescente preocupa- ção em usar efetivamente as práticas endossadas pelo conhecimento cientí- fico corrente. O maior motivo é a perspectiva de melhoria da qualidade da assistên- cia, mas de forma progressiva também tem ganho importância a perspectiva de alocação mais eficiente de recursos, comumente limitados. A implementação de diretrizes para a prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de doenças, definidas a AUDITORIA QUANTO À ASSISTÊNCIA E QUALIDADE EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E166 partir da evidência científica disponível acerca da eficácia e efetividade de inter- venções, produz melhores resultados na população assistida (PORTELA, 2004). Inúmeras organizações, em diversos países do mundo, têm se dedicado à sistematização de evidência científica e desenvolvimento de diretrizes para a assistência à saúde, além destas atenderem aos interesses de Sistemas de Saúde diversos, mais ou menos dependentes de recursos públicos. Assume-se que diretrizes podem contribuir para a melhoria da qualidade da assistência à saúde e servir muitas vezes de embasamento ou construção de protocolos. Antes de se falar sobre as diretrizes clínicas, segundo a autoria, ainda se faz importante entender o conceito da Medicina pautada em evidências, que, segundo Sackett et al. (2000), é a integração da evidência proporcionada por pesquisas cli- nicamente relevantes, da experiência do clínico e das preferências do paciente. A evidência proporcionada por pesquisas pode focalizar a acurácia e pre- cisão de testes diagnósticos, a força de marcadores prognósticos e a eficácia e segurança de protocolos de prevenção, tratamento ou reabilitação. DIRETRIZES CLÍNICAS Diretrizes clínicas constituem-se em posicionamentos ou recomendações (sta- tements) sistematicamente desenvolvidos para orientar médicos e pacientes acerca de cuidados de saúde apropriados, em circunstâncias clínicas específi- cas (IOM, 1990). Elas contemplam indicações e contraindicações, bem como benefícios esperados e riscos do uso de tecnologias em saúde (procedimentos, testes diag- nósticos, medicamentos etc) para grupos de pacientes definidos. Podem ser utilizadas com os propósitos de garantia de qualidade e subsídio para a defini- ção de políticas de reembolso ou cobertura. O termo cuidados de saúde apropriados se refere aos cuidados para os quais os benefícios esperados excedem, por uma margem razoável, as consequências negativas. Fatores relevantes na seleção de tópicos para o desenvolvimento de diretrizes Qualidade da Assistência Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 167 clínicas incluem: relevância epidemiológica da condição, custos, potencial de mudança nos resultados de saúde, nível elevado de variação na prática e preva- lência de uso de uma tecnologia. Além de médicos e pacientes, outros usuários de diretrizes clínicas incluem pagadores, planos de saúde e tomadores de decisão e reguladores públicos. Esses podem utilizá-las em decisões acerca de quais cuidados reembolsar ou encora- jar, e na avaliação de decisões, ações ou desempenho dos usuários primários. Segundo Portela (2004, pág.177), cinco relevantes propósitos de diretrizes clínicas são: a. Orientar a tomada de decisão clínica por pacientes e médicos. b. Educar indivíduos e grupos. c. Avaliar e garantir qualidade na assistência. d. Orientar a alocação de recursos na assistência à saúde. e. Fornecer elementos de boa prática médica. Expectativas no sentido do controle do custo total dos cuidados de saúde devem ser limitadas. A aplicação ampla de diretrizes orientadas em relação aos serviços superutilizados provavelmente levarão à redução de despesas. Em outros casos, despesas serão transferidas de cuidados inapropriados para cuidados apropriados. Ao mesmo tempo, diretrizes focalizadas em servi- ços subutilizados podem estimular o crescimento de despesas, particularmente se estratégias para melhorar o acesso a esses serviços se forem bem-sucedidas. AUDITORIA QUANTO À ASSISTÊNCIA E QUALIDADE EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E168 QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE O Instituto de Medicina dos Estados Unidos ,(1990)(Institute of Medicine – IOM) defi- niu qualidade da assistência à saúde como “o grau em que serviços de saúde para indivíduos e populações melhoram a pro- babilidade de ocorrência de resultados desejados e consistentes com o conheci- mento profissional corrente”. Na medida em que as diretrizes baseiam-se no conhecimento científico, estimativas dos resultados esperados e julgamento profissional corrente, elas clara- mente têm um papel na avaliação e garantia de qualidade dos cuidados de saúde. Esforços para garantir qualidade devem prevenir ou, alternativamente, detectar e superar três problemas: a. superutilização de serviços desnecessários ou inapropriados; b. subutilização de serviços necessários; c. desempenho ruim em termos técnicos e interpessoais. Segundo Portela (2014), às diretrizes clínicas e critérios de revisão que explícita e claramente descrevem os cuidados apropriados para problemas clínicos particula- res, proveem uma base sólida para a detecção de padrões de super e subutilização. Diretrizes detalhadas também podem melhorar a provisão técnica de cuida- dos. Certamente, alguns aspectos da técnica são devidos à habilidade adquirida com a experiência e repetição, à atenção aos detalhes e a outros fatores. O bom desempenho, entretanto, depende do sólido entendimento do que se constitui cuidados apropriados ou manipulação correta de tarefa técnica. Além disso, ao incluir boas estimativas de resultados esperados (riscos, benefícios), Qualidade da Assistência em Saúde Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 1998 . 169 diretrizes clínicas podem contribuir para melhorar a comunicação, propiciando decisões conjuntas entre pacientes e médicos. Em termos práticos, diretrizes clínicas, critério de revisão médica e padrões de qualidade se relacionam mais diretamente com os processos de cuidados do que com os resultados, uma vez que descrevem o que se constitui no gerencia- mento adequado de problemas clínicos (PORTELA, 2014). Medidas de desempenho descrevem os dados necessários para avaliar se o comportamento vigente está alinhado às diretrizes, critérios e padrões. Programas de revisão de utilização e qualidade podem empregar todos esses instrumentos para identificar serviços desnecessários e inapropriados. Quanto mais as diretrizes estimarem, explicitamente, benefícios e riscos dos cuidados, mais poderão diretamente contribuir para a especificação de cri- térios que relacionam boa qualidade dos cuidados aos resultados esperados nos pacientes. No contexto de programa de melhoria contínua de qualidade, diretrizes clí- nicas e critérios de revisão médica apresentam algumas possíveis aplicações. Conforme as diretrizes se tornam mais sensíveis às preferências dos pacientes nas decisões, elas deveriam promover o consentimento informado, sua parti- cipação no processo de decisão e sua satisfação com os processos e resultados do cuidado. Diretrizes também auxiliam na identificação de resultados importantes a serem incorporados em pesquisas de satisfação, podendo desempenhar, junto a critérios de revisão, o papel na detecção de possíveis problemas de qualidade decorrentes da super ou subutilização de intervenções, bem como provisão incompetente de cuidados. Podem, ainda, ser especialmente úteis em circunstâncias em que resulta- dos de curto prazo não sejam bons indicadores de resultados de longo prazo. Diretrizes clínicas se constituem, portanto, em um elemento fundamental para a gestão da clínica ou governança clínica, do qual, inclusive, outras tecno- logias empregadas dependem. Identificando a força da evidência para certas práticas médicas, as diretri- zes clínicas podem subsidiar a determinação de prioridades para a melhoria e padronização de cuidados específicos, bem como determinar a necessidade de AUDITORIA QUANTO À ASSISTÊNCIA E QUALIDADE EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E170 estudos específicos relativos à efetividade de intervenções. Como elas têm o potencial de contribuir para a melhoria contínua de quali- dade, a aplicação dos seus princípios pode dar suporte à sua efetiva implementação. Sumarizando, salienta-se a crença de que diretrizes práticas bem desenvol- vidas, com base científica, tenham o papel a cumprir na avaliação e garantia da qualidade de serviços de saúde. Claramente, algumas podem evitar ou ameni- zar problemas de super ou subutilização e precariedade técnica e interpessoal na provisão de cuidados. Diretrizes aceitas por aqueles responsáveis por prover cuidados, aqueles res- ponsáveis por financiar cuidados e aqueles responsáveis por monitorar serviços em nome do interesse público, se constituem em um meio de diminuir a distân- cia entre estratégias internas e externas de garantia de qualidade. Em relação às preocupações com a contenção de custos, financiadores públi- cos e privados de cuidados de saúde podem utilizar diretrizes para: a. subsidiar a determinação da cobertura de planos de saúde e evitar o paga- mento de cuidados desnecessários e inapropriados; b. orientar a seleção ou credenciamento de médicos para participação em planos de saúde ou instituições; c. moldar outros incentivos econômicos que afetem o comportamento de médicos e pacientes. Prevalece o entendimento de que as diretrizes clí- nicas têm o potencial de contribuir positivamente para a racionalização na prestação de cuidados de saúde, por meio do melhor direcionamento dos recursos e limitação de variações inapropriadas na prática médica. Contratos de planos de saúde podem descrever cobertura em termos de catego- rias amplas de serviços incluídos, tais como hospitalizações e consultas médicas ou serviços excluídos, tais como serviços dentários; tratamentos ou tipos de cui- dados cobertos ou excluídos, especificamente nomeados, tais como transplantes; ou cuidados médicos necessários ou apropriados sem uma referência contratual explícita a serviços e condições específicas. As diretrizes apresentam relevância em decisões envolvendo as duas últi- mas categorias. Qualidade da Assistência em Saúde Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 171 DIRETRIZES CLÍNICAS NO ÂMBITO DA SAÚDE SUPLEMENTAR: PLANOS DE ASSISTÊNCIA GERENCIADA Apesar das diretrizes clínicas servirem aos interesses de diversos Sistemas de Saúde, a discussão em torno do seu desenvolvimento e implementação no âmbito dos planos de saúde é indissociável do modelo americano de assistên- cia gerenciada. HEDIS - Healthcare Effectiveness Data and Information Set - incorpora o conjunto de mais de 50 medidas da qualidade da assistência fornecida por orga- nizações de assistência gerenciada nos domínios da efetividade dos cuidados, acesso, disponibilidade e utilização de serviços e satisfação com a assistência. Os dados cobrem cerca de 65% das organizações americanas de assistência gerenciada e aproximadamente 80% dos quase 70,5 milhões de pessoas em pla- nos de assistência gerenciada. A assistência gerenciada consiste em um sistema de controle da utiliza- ção de serviços de saúde que visa a articular a prestação de cuidados médicos necessários à contenção de custos, por meio de medidas reguladoras da relação médico-paciente (Almeida, 1996). É proposta como um meio de corrigir inadequações na quantidade e tipo de cuidado à saúde prestados a pacientes, envolvendo profissionais adequada- mente treinados e educados, em facilidades apropriadas, sob diretrizes práticas com potencial para produzir os melhores resultados para os pacientes. As MCOs constituem-se em organizações operadoras de planos de assistência gerenciada. Podem pertencer a empresas com abrangência nacional ou regional, grupos de médicos, hospitais, seguradoras de saúde, cooperativas, investidores privados ou outras organizações, operando como uma corporação singular ou como subsidiária de uma companhia de seguros. Além disso, podem oferecer planos de benefícios múltiplos ou serviços médi- cos específicos, tais como dentários, obstétricos ou oftalmológicos, por exemplo. HMOs, a partir do contrato com médicos ou empregando médicos, hospi- tais e outros profissionais de saúde, oferecem serviços abrangentes para os seus clientes por uma quantia fixa mensal. AUDITORIA QUANTO À ASSISTÊNCIA E QUALIDADE EM SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E172 CONSIDERAÇÕES FINAIS O funcionamento de internamentos ou direcionamentos de pacientes no Sistema Público se dá por meio de alguns fluxos, conforme estudamos. Alguns instrumentos gerenciais e técnico-científicos como a Central de Regulação e Protocolos permitem responder adequadamente às necessidades de saúde da população, gerindo a oferta de serviços e agilizando o acesso da clientela. Os três fluxos analisados nesta Unidade permitem que você conheça sobre a entrada de pacientes ou liberação de exames no SUS, assim como o funciona- mento do Sistema Privado que, por meio de exemplos, foi possível entender o fluxo e processo. O planejamento de ações, controle e avaliação de resultados alcançados, conforme visto, é facilitado pelo uso de indicadores em saúde. O atual sistema de informações do Ministério da Saúde é o DATASUS, e nele é possível cole- tar informações a respeito de produção ambulatorial, internações hospitalares, recursos financeiros repassados, indicadores de saúde de cada região por tipo de doença(ou outro fator), relatórios de gestão entre outros. São eles que demons- traram a real situação, possibilitando comparativos de realidades e as mudanças significativas. Ao longo das cinco unidades, estudamos o conceito, o processo e a classifica- ção da Auditoria. Porém, sabe-se que a análise de dados e processos resultam em um indicador fundamental: o modelo de relatório hospitalar possibilitou conhe- cer um pouco mais sobre como iniciar uo diagnóstico do serviço, podendo ser aplicado em sua realidade profissional. Por fim, buscou-se mostrar que as informações e conhecimento científico facilitam a construção das diretrizes clínicas e com elas diversos profissionais estão direcionando suas rotinas, buscando a qualidade da assistência. Por sua vez, esta qualidade é definida como os serviços de saúde para indi- víduos e populações que melhoram a probabilidade de ocorrência de resultados desejados e consistentes com o conhecimento profissional corrente. 173 1. A regulação da oferta de serviços é um dos instrumentos que permite à utiliza- ção racional dos serviços, fazendo com que os distritos assumam seu papel de gestor no sistema. Analise as assertivas a seguir quanto às funções da Cen- tral de Regulação, em seguida, assinale a alternativa correta. I. Orientar o encaminhamento dos pacientes da área de abrangência do Distri- to Sanitário para consulta de especialidades, serviços de apoio diagnóstico e terapêutico e internações hospitalares. II. Controlar o encaminhamento de pacientes para serviços fora da área de abrangência do distrito, que constem da Programação Pactuada Integrada. III. Liberar ou não as guias de internação clínica e cirúrgica. IV. Controlar e disponibilizar os leitos vagos (públicos e conveniados/contrata- dos) para internações referenciadas de urgência, emergência e eletivas. a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas III está correta. c. Apenas I, II e IV estão corretas. d. Apenas II e III estão corretas. e. Todas estão corretas. 2. Em relação aos indicadores e informações em Saúde, assinale (V) ou (F) para as alternativas a seguir. ( ) O atual sistema de informações do Ministério da Saúde é o DATASUS. ( ) Para aplicação ou construção de indicadores é fundamental conhecer os con- ceitos definidos pelo sistema de informação do distrito. ( ) Os indicador mais utilizado é de Taxas percentuais, e indicam somente as ta- xas de natalidade e mortalidade. ( ) O indicador de Taxa de cesárea se dá: proporção de partos pelo procedimento cesariano em relação ao total de partos normais. nº de cesáreas, no prestador “X”, na área “A”, período “99” x 100 nº total de partos no mesmo prestador, área e período 3. A implementação de diretrizes para a prevenção, diagnóstico, tratamento e rea- bilitação de doenças, definidas a partir da evidência científica disponível acerca da eficácia e efetividade de intervenções, produz melhores resultados na popu- lação assistida. Em relação ao assunto, assinale a alternativa incorreta. a) Medicina baseada em evidências é a integração da evidência proporcionada por pesquisas clinicamente irrelevantes, mas de experiência do meio clínico e das preferências do paciente. 174 b) Ao incluir boas estimativas de resultados esperados, as diretrizes clínicas po- dem contribuir para melhorar a comunicação, propiciando decisões conjun- tas entre pacientes e médicos. c) Em relação às preocupações com a contenção de custos, financiadores públi- cos e privados de cuidados de saúde podem utilizar diretrizes para subsidiar a determinação da cobertura de planos de saúde e evitar o pagamento de cuidados desnecessários e inapropriados. d) As diretrizes práticas bem desenvolvidas, com base científica, têm um papel a cumprir na avaliação e garantia da qualidade de serviços de saúde. e) As diretrizes servem também para moldar outros incentivos econômicos que afetem o comportamento de médicos e pacientes. 4. Diretrizes clínicas constituem-se em posicionamentos ou recomendações sis- tematicamente desenvolvidos para orientar profissionais e pacientes acerca de cuidados de saúde apropriados, em circunstâncias clínicas específicas. Além des- sa função, quais são os outros papéis que as diretrizes desempenham? 5. Em relação às preocupações com a contenção de custos, financiadores públicos e privados de cuidados de saúde podemos utilizar as diretrizes para: a) Credenciar prestadores médicos no setor hospitalar e operadoras de saúde. b) Preencher relatórios hospitalares a fim de traçar diagnóstico em saúde. c) Criar incentivos econômicos, reduzir custos, mas que não afetam o comporta- mento de médicos e pacientes. d) Liberar AIH e guias ambulatoriais. e) Auxiliar nas altas dos pacientes. 175 INDICADORES “Indicadores de saúde são parâmetros utilizados internacionalmente com o objetivo de avaliar, sob o ponto de vista sanitário, a higidez de agregados humanos, bem como fornecer subsídios aos planejamentos de saúde, permitindo o acompanhamento das flutuações e tendências históricas do padrão sanitário de diferentes coletividades con- sideradas à mesma época ou da mesma coletividade em diversos períodos de tempo” (Rouquayrol, 1993). Em 1952, a Organização das Nações Unidas (ONU) convocou um grupo de trabalho com a finalidade de estudar métodos satisfatórios para definir e avaliar o nível de vida de uma população. Esse grupo concluiu não ser possível utilizar um único índice que traduza o nível de vida de uma população; é preciso empregar abordagem pluralista, considerando-se, para tanto, vários componentes passíveis de quantificação. Doze fo- ram os componentes sugeridos: saúde, incluindo condições demográficas; alimentos e nutrição; educação, incluindo alfabetização e ensino técnico; condições de trabalho; situação em matéria de emprego; consumo e economia gerais; transporte; moradia, com inclusão de saneamento e instalações domésticas; vestuário; recreação; segurança social e liberdade humana. A definição de saúde da nossa Constituição de 1988 também transcende a área estrita da saúde. A utilização de indicadores de saúde permite o estabelecimento de padrões, bem como o acompanhamento de sua evolução ao longo dos anos. Embora o uso de um único indicador isoladamente não possibilite o conhecimento da complexidade da realidade social, a associação de vários deles e, ainda, a comparação entre diferentes indicadores de distintas localidades facilita sua compreensão. Para a Organização Mundial da Saúde, esses indicadores gerais podem subdividir-se em três grupos: 1. aqueles que tentam traduzir a saúde ou sua falta em um grupo populacional. Exem- plos: razão de mortalidade proporcional, coeficiente geral de mortalidade, esperan- ça de vida ao nascer, coeficiente de mortalidade infantil, coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis; 2. aqueles que se referem às condições do meio e que têm influência sobre a saúde. Exemplo: saneamento básico; 3. aqueles que procuram medir os recursos materiais e humanos relacionados às ati- vidades de saúde. Exemplos: número de unidades básicas de saúde, número de profissionais de saúde, número de leitos hospitalares e número de consultas em relação a determinada população (Laurenti e cols., 1987). Dadas as inúmeras definições de saúde, a imprecisão delas e a dificuldade de mensurá- -la, os indicadores mais empregados têm sido aqueles referentes à ausência de saúde - razão de mortalidade proporcional, coeficiente geral de mortalidade, esperança de vida 176 ao nascer, coeficiente de mortalidade infantil, coeficiente de mortalidade por doenças específicas. Esses indicadores são bastante abrangentes, embora tenham sido utilizados para comparar países em diferentes estágios de desenvolvimento econômico e social. Há necessidade de desenvolvimento de indicadores mais específicos e capazes de tra- duzir com fidedignidade a realidade e complexidade da saúde, apontando, quando ne- cessário, aspectos de maior interesse para uma dada realidade. Considerando-seos serviços de saúde em geral, é possível empregar indicadores que analisem as várias dimensões da qualidade propostas por Donabedian (os sete pilares) - eficiência, eficácia, efetividade, otimização, aceitabilidade, legitimidade e equidade. O enfoque tradicional considera principalmente a estrutura, objeto muito mais fácil de ser caracterizado, avaliado e medido. A ênfase nos indicadores de resultados da assistência sempre foi uma aspiração, mas esbarrava na necessidade de definição sobre como cons- truí-los. Sabe-se que resultados guardam íntima relação com os processos, mas esse co- nhecimento não basta para identificar indicadores apropriados. A transposição desta categorização para programas, como o de planejamento familiar, pode ser feita da seguinte maneira (DE GEYNDT, 1995): • estrutura: políticas existentes, recursos alocados, gerenciamento dos programas; • processo: escolha dos métodos; informação fornecida aos usuários; competência técnica; relações interpessoais; mecanismos de incentivo à continuidade; oferta adequada de serviços; • resultado: intermediários (desempenho) - novas adesões; taxa de continuidade e abandono; usuários atuais; conhecimento do cliente; saúde dos clientes; satisfação do cliente; • resultado: final (demográfico) - taxa de fertilidade; nascimentos evitados; cresci- mento da população. Indicadores podem e devem ser utilizados como ferramentas para auxiliar o gerencia- mento da qualidade. Indicadores de saúde da população associados a indicadores eco- nômicos, financeiros, de produção, de recursos humanos, de qualidade da assistência propriamente dita, isto é, relacionados a determinadas doenças, auxiliam na avaliação de programas e de serviços. Indicadores devem evidenciar padrões relacionados à estrutura, processo e resultado desejáveis de um sistema. Indicadores fornecem uma base quantitativa para médicos, instituições prestadoras de serviços, fontes pagadoras e planejadores, como o objetivo de atingir melhoria da assistência e dos processos relacionados à assistência. (Internatio- nal Society for Quality in Health Care, 1999). O encontro anual da International Society for Quality in Health Care (ISQUA) também aponta que indicadores devem incluir áreas de significância clínica para uma determi- nada população, isto é, deverão focar situações clínicas relevantes; deverão referir-se 177 às intercorrências ou complicações de um procedimento importante ou ainda deverão representar custo elevado. As determinações precisas da qualidade da assistência carecem de revisões sistemáti- cas, tanto de processos quanto de resultados. Conceitos como os de boa prática, por mais clara que seja sua compreensão, são interpretados de maneiras diferentes. Há mais de uma boa prática possível, e não se pode esquecer que o emprego da boa prática não garante resultados adequados/satisfatórios. Fonte: adaptada de Saúde e Cidadania ([2017], on-line)2. MATERIAL COMPLEMENTAR Gestão da Qualidade em Saúde Jussara Luongo. Editora: Rideel Sinopse: Gestão de Qualidade em Saúde apresenta múltiplos aspectos históricos, conceituais e instrumentais acerca de temas que abordam a qualidade e a avaliação da gestão hospitalar. O livro apresenta, ainda, as principais ferramentas e os processos de quali� cação, acreditação e implementação do processo avaliativo, bem como indicadores de qualidade e auditoria e os aspectos ético-legais na área de saúde. Esta é uma obra direcionada aos pro� ssionais da saúde, sobretudo aos enfermeiros que atuam ou desejam atuar na gestão de qualidade, a � m de contribuir para o reconhecimento da instituição, por parte de clientes, pacientes e do todo o mercado. Gestão de qualidade em saúde apresentando, casos práticos, critérios de acreditação e modelos de protocolos baseados na prática dos principais hospitais do país. De fato, um livro de referência a todo estudante ou pro� ssional comprometido e responsável pelo bom atendimento de seus pacientes. Entre os assuntos abordados estão: Caracterização das organizações de saúde; Aspectos históricos da qualidade na saúde; Gestão de pessoas; Gestão de risco; Gestão estratégica em saúde; Métodos e instrumentos de gestão da qualidade; Auditoria da qualidade; Questões éticas e legais na gestão da qualidade em saúde. REFERÊNCIAS 179 ALMEIDA, C. Novos modelos de atenção à saúde: Bases conceituais e experiências de mudança. In: Costa, N. R; Ribeiro, J. M (org.). Política de Saúde e Inovação Ins- titucional: uma agenda para os anos 90. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, p. 69-98,1996. BRASIL. Secretaria de estado da saúde do Paraná. Manual de Funcionamento das Centrais de Leito e Informações Complementares, Curitiba, 1997. CALEMAN, G.; SANCHEZ, M.; MOREIRA, M. L. Auditoria, Controle e Programação de Serviços de Saúde. v. 5. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 1998. CERCHIARI, G. S. F.; ERDMANN, R. H. Sistema de informações para acompanhamento, controle e auditoria em saúde pública. In: IX Congresso Internacional de Custos, Florianópolis, 2005. FONSECA, A. S.; YAMANAKA, N. M. A.; BARISON, T. H. S.; LUZ, S. F. Auditoria e o uso de indicadores assistenciais: uma relação mais que necessária para a gestão assisten- cial na atividade hospitalar. O mundo da Saúde. São Paulo, ano 29, v. 29, n. 2, abr./ jun. 2005. INSTITUTE OF MEDICINE (U.S.); Committee to Advise the Public Health Service on Clinical Practice Guidelines; Field MJ, Lohr KN (editors). Clinical Practice Guide- lines: Directions for a New Program. Washington, DC: National Academy Press, 1990. PORTELA, M. C. Diretrizes clínicas como instrumento de melhoria da qualidade da assistência suplementar: o papel da agência Nacional de Saúde. Departamento de Administração e Planejamento em Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, São Paulo, 2004. REFERÊNCIAS ON-LINE 1Em: <http://portalses.saude.sc.gov.br/arquivos/sala_de_leitura/saude_e_cidada- nia/ed_05/05_06.html>. Acesso em: 14 jun. 2017. 2Em: <http://portalses.saude.sc.gov.br/arquivos/sala_de_leitura/saude_e_cidada- nia/ed_03/05.html>. Acesso em: 14 jun. 2017. GABARITO 1. C. 2. V, V, F, F 3. A. 4. Aberta 5. A. CONCLUSÃO 181 Ao longo das unidades buscou-se detalhar e aprofundar sobre a Auditoria, uma área de extrema importância para o setor da Saúde e da Gestão Hospitalar. Conceitual- mente entendida como o processo efetivo para avaliar, examinar, corrigir e certificar, foi utilizada inicialmente na área contábil e se expandiu em diversas esferas, che- gando sem um marco inicial na saúde - mas desempenhando papel fundamental. Regulamentada pelo Decreto nº 1.651/95, e por meio da Lei nº 8.080/90, foi possível prever a criação do Sistema Nacional de Auditoria, que estabeleceu as instâncias de acompanhamento, controle e avaliação das ações e serviços de saúde de gestão do SUS. Depois, também atuou na Saúde Suplementar a ANS, proporcionando grande avanços em relação ao custo, cobranças e avaliação dos serviços. Existem algumas diferenças em relação aos processos quando falamos em auditoria do SUS e de planos de Saúde, mas o ponto fundamental em ambas é o perfil ade- quado e qualificado do profissional auditor. Seja ele médico, enfermeiro ou outro, é possível observar que são diversas as competências que esse profissional deve apresentar, para que todo processo seja efetivo. Classificada de diversas formas, a auditoria, como vimos, pode ser aplicada nos pro- cessos administrativos, in loco ou em contas hospitalares. Ao abordar diretamente a Auditoria de Enfermagem foi possível adentrar nas auditorias conhecidas como pré: entendida como a liberação antes da ocorrência ou internação; Concorrente: onde o profissional vai in loco e a de contas hospitalares ou retrospectiva. Porém, para execução de todos esses processos, o auditor, para desenvolver suas atividades profissionais necessita de um conjunto de elementos classificados como ferramentas de trabalho,elementos indispensáveis para o bom desenvolvimento da tarefa. Foi possível conhecer um pouco das Tabelas BRASÍNDICE, CBHPM, guias ambulato- riais e de internação, além das diversas informações que são de extrema importân- cia para o processo, tanto para uma liberação prévia de um procedimento como na análise de custos. Além de processo, da qualidade e da assistência, a auditoria foca diretamente no fator custo, por esse motivo entender a importância dos dados e informações dos prontuários de pacientes, evitando as glosas hospitalares, trazem todo resultado efetivo. Por fim, identificamos que o uso de indicadores em saúde facilitam o planejamento de ações, controle e resultados, além de uma visão mais fidedigna e comparativa em relação às mudanças. CONCLUSÃO