Buscar

OS CLASSICOS DA POLÍTICA VOL. 1- RESUMO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

INSTITUTO SUPERIOR DO LITORAL DO PARANÁ
ISULPAR
Emanuelly Vicente Viana
Direito: 1º período noturno
OS CLASSICOS DA POLÍTICA VOL. 1- RESUMO
Capítulo 2- Nicolau Maquiavel
Maquiavel se perpetuou no imaginário e cotidiano da sociedade como uma figura que deu origem a um termo popular que caracteriza pensamentos inescrupulosos e astuciosos, aquele que maquina uma ideia para se sobressair de alguma situação é tachado como “maquiavélico”, diante dessa ideia de falta de moralidade, abominar o ser que diz compactuar com os ideais de Nicolau Maquiavel se tornou mais forte do que o próprio filósofo, mesmo que a maioria não tenha lido sequer uma de suas obras.
Personificando a imoralidade, o jogo sujo e sem escrúpulos, o "maquiavelismo", ou melhor, o "antimaquiavelismo" tornou-se mais forte do que Maquiavel. É um mito que sobrevive independente do conhecimento do autor ou da obra onde teve origem. WEFFORT (2011, p.13).
O filósofo Nicolau Maquiavel nasceu em Florença- Itália no ano de 1469, diante de inúmeros conflitos envolvendo seu país em lutas contra o domínio estrangeiro, Nicolau cresceu em uma família que não fazia parte da aristocracia, através dos esforços de seu pai, um advogado, conseguiu acessar uma boa educação, e, embora demonstrasse desde cedo aptidão para a comunicação e filosofia greco romana, somente aos 29 anos começou a exercer uma função de destaque na vida pública.
Em 1498, exercendo um cargo na Segunda Chancelaria, se destacou por instituir uma milícia nacional, entretanto, o retorno dos Médicis ao poder interrompeu os trabalhos diplomáticos de Maquiavel, em 1512 ele foi demitido, preso em um exílio, torturado e condenado a pagar uma multa, sob a acusação de conspiração contra o governo dominante.
Com a permanência da família Médici no ano posterior, Maquiavel contou com a ajuda de Vettori, um amigo embaixador em Roma para sair da prisão e tentar recuperar seu antigo emprego, mas as tentativas de voltar para vida pública foram inúteis, ele teve que se afastar de sua terra natal, indo morar em São Casciano, nas terras herdadas de seu pai e avós, lá ele passou se dedicar a estudar clássicos da literatura.
Durante o tempo em que foi forçado a permanecer em reclusão, entre os anos de 1512 a 1525, escreveu seus textos mais famosos: O Príncipe, Os discursos sobre a época de Tito Lívio, A arte da guerra e a História de Florença, escreveu também uma comédia teatral chamada “A Mandrágora”, uma biografia de Castruccio Castracani, ensaios literários e uma coletânea de poesias.
Maquiavel em nenhum momento desistiu de retomar a vida pública, para conseguir o prestígio dos Médicis dedicou seu livro O Príncipe, a família, bem como insistiu na intervenção dos seus amigos para que fosse visto, no entanto, os governantes o viam como oposição, um republicano. Somente em 1520, o Cardeal Júlio de Médicis o incumbiu de escrever A História de Florença, sendo esta sua última obra.
Nicolau Maquiavel esperava retomar seu carco e prestígio, mas foi de encontro a frustração, em 1527 a república foi restaurada, os jovens republicanos passaram a ver o filosofo como um aliado dos tiranos já que se dispôs a trabalhar para eles. Visto como inimigo, Maquiavel adoeceu e faleceu em junho do mesmo ano.
O texto contido no livro “Os clássicos da política” também aborda o trecho de uma carta escrita pelo próprio Maquiavel a seu amigo Vettori, em que ele relata estar predestinado a falar sobre o Estado e assuntos políticos.
“O destino determinou que eu não saiba discutir sobre a seda, nem sobre a lã; tampouco sobre questões de lucro ou de perda. Minha missão é falar sobre o Estado. Será preciso submeter-me à promessa de emudecer, ou terei que falar sobre ele.” (Carta a F. Vettori, de 13/03/1513.)
Na carta ele também afirma que se não pudesse falar de assuntos referentes ao Estado, era melhor que se calasse, pois não saberia falar sobre outras coisas comuns. Todas as suas obras tiveram como foco a busca por um Estado efetivo, estável, sua metodologia tinha como base “a realidade concreta”, dessa forma seu princípio de estudo consistia em observar a realidade como ela é e não como gostaria que ela fosse.
Ao questionar como seria possível a instauração de um Estado estável, Maquiavel rompeu com concepções antigas e tradicionais que afirmavam ser a ordem eterna e um produto natural da política, para ele, a ordem deveria ser construída pelos homens na intenção de evitar o caos, e mesmo depois de instaurada, nesse sentido, ela pode ser abalada facilmente se não houver uma atenção continuada.
Nicolau Maquiavel também dedicou seu tempo a compreender a natureza humana e em seu livro mais famoso “O príncipe” (cap.XVII), afirmou que o homem tem “sede” de lucro, é covarde e perigoso. Assim, define um fator social de instabilidade havendo na sociedade a presença duas forças opostas que não podem ser evitadas: uma provém do povo em não desejar ser oprimido ou dominado por grandes e outra sendo os grandes querendo dominar e oprimir.
Assim, o filosofo observou que os que dominam, mesmo sem a aprovação de um todo, não conseguem calar aqueles que não querem ser dominados, dessa forma, seria um problema para o Estado buscar ferramentas capazes de impor estabilidade.
Para responder a anarquia da natureza humana e aos confrontos sociais, Maquiavel apontou que haveriam basicamente duas escolhas: República ou Principado, a escolha de uma ou de outro deve depender da situação concreta de um todo, se há corrupção e desordem, deve haver um governo forte para neutralizar as forças que causam a barbárie.
Dessa forma, segundo sua visão, o Príncipe não seria ditador, mas um criador do Estado, capaz de governar num momento em que a sociedade se vê ameaçada. Por outro lado, se a sociedade já se encontra em equilíbrio ela estará preparada para a República.
Capítulo 3- Hobes
O terceiro capítulo do livro Os clássicos da política, aborda como tema principal Thomas Hobbes, que além de matemático foi teórico político e filósofo, nascido na Inglaterra em 1588. O texto afirma que Hobbes era um contratualista, isto é, que a origem do Estado está num “contrato”: antes disso estariam os homens vivendo em liberdade sem poder e organização, fatores que só surgiram após um tratado entre eles estabelecendo regras de convívio social e a subordinação a política.
Ao contrário do que sugeriu Henry Maine, o pensamento dos contratualistas, portanto, de Hobbes, não queria dizer que pessoas selvagens se juntariam para deliberar leis sem mais nem menos. Para Hobbes, o homem não é um selvagem, e sua natureza é imutável.
Em seu livro mais célebre, Leviatã, o filosofo afirmou que os homens são tão iguais que nenhum poderia triunfar absolutamente sobre o outro, o ser homem adquire experiências e saberes, mas não é capaz de perceber que há outros com tanta sabedoria quanto ele próprio e nesse sentido são todos iguais, observam o outro da mesma maneira.
A partir dessa concepção de homem imutável, porém incapaz de perceber o seu semelhante, a convivência humana fica por conta das suposições recíprocas, em que se supõe as ações futuras do outro ou seus desejos. A partir disso, seria a guerra uma atitude racional, se não há um Estado no controle, atacar para não ser atacado ou atacar para vencer é uma atitude razoável da natureza do homem.
A natureza do homem está condicionada a três fatores que geram discórdia, seriam eles: a competição, que faz com que os homens se ataquem quando almejam o lucro; a desconfiança, que põe em risco a segurança de si próprio; e a glória que está ligada a reputação, a necessidade de ser amado e vangloriado a partir de seus feitos e conquistas. Dessa forma, considera que o homem tem uma predisposição para o conflito e então para a guerra.
Em sua natureza, o homem, teria direito a tudo: o direito de natureza dá a liberdade de pensar e agir da maneira que julgar melhor para sua sobrevivência.
A observação e os estudos de Thomas Hobbes sobre o ser humano e seu modo de agir e pensar, considera a fala de Aristóteles “conhece-te a ti mesmo”, o homemprecisa se compreender, ele não é sociável por natureza, que é carregada de preconceitos, sendo assim, o homem não espera o melhor do outro. A partir da compreensão de como o homem é verdadeiramente, seria possível a política como uma ciência, e apenas com a ciência política seria possível construir Estados sustentáveis.
O texto dedicado a falar sobre a teoria hobbesiana ressalta a importância de compreender a sua percepção sobre o indivíduo, para o filósofo, o homem enquanto indivíduo não almeja tanto os bens, mas a honra. A honra permite ao homem ser bem visto na sociedade.
Se a honra é constituída por uma aparência externa, e homem vive a pensar como ser respeitado, sobre o que o outro vai fazer, sobre como suas ações podem causar uma falta de aceitação perante os outros, ele vive de imaginação.
Daí vem a sintetização hobbesiana da Lei da natureza, que seria uma regra estabelecida pela razão humana, através da qual se proíbe o homem a tomar decisões que que possam destruir sua vida ou privá-lo de meios necessários para sua sobrevivência, ou omitir o que poderia contribuir para melhor preservá-la. Sendo assim, se faz necessário distinguir a Lei e o direito. O direito consiste na liberdade de fazer algo ou omitir, já a lei obriga a ser feito uma dessas coisas.
Diante disso, o autor afirma que enquanto o homem tiver direito sobre todas as coisas, até mesmo sobre o corpo do outro, não haverá maneira de sentir a segurança de viver. Em síntese, a primeira parte da lei da natureza é buscar a pais e segui-la, a segunda, do direito de natureza: a auto defesa da maneira que for possível.
Tratar do direito da natureza humana é bastante conflitante, se o homem tem direito a tudo e todos, está em constante disposição para a guerra afim de defender seus ideais, para ir em contrapartida esse pensamento seria necessário que todos os homens revogassem a um direito natural, mas ninguém é obrigado ao ato de se privar da liberdade e, dessa forma, se apena uma pessoa o fizesse, estaria apenas negando ao seu próprio direito e dando mais espaço para que o outro haja sem obstáculos. 
Para isso, Hobbes afirmou que há a necessidade de um estado firme, capaz de coibir as ações dos homens e forçá-los ao respeito, predeterminando sua maneira de pensar.
As leis da natureza que consistem em fazer aos outros apenas o que quer receber (como a justiça, a equidade e a piedade) vão contra as paixões humanas, elas tendem ao benefício próprio, a vingança. Portanto, se não há uma força que obrigue o cumprimento das Leis naturais, como o Estado pode fazer “por meio da espada” conforme o texto, o ser humano continua a agir como lhe convém, pois não há uma garantia de segurança para todos sem um pacto firme. 
Para isso, ele defende que o poder do Estado deve ser absoluto, sobre tudo e todos, sendo ele uma condição indispensável para existência da sociedade. Considerou que este sistema deveria consistir em transferir a força e o recurso de todos para ser gerido por uma só pessoa afim de assegurar a paz e a segurança de todos, um “soberano”.
Dessa forma, o Estado teria a decisão sobre suas próprias ações, sem qualquer interferência, pois, segundo Hobbes, se o governante tivesse que ter obrigação de seguir alguma regra, haveria necessidade de ter alguém para julgar, cujo poder pudesse decidir também a condição de um príncipe ser príncipe. Por tanto, o julgamento deve ficar por conta do próprio governante.
Para propor um Estado absoluto, o filosofo propôs um contrato diferente do que havia na época, em que o governante não assina, apenas os que vão se tornar súditos, o isentando até o momento de qualquer obrigação.
Sua proposta de Estado rompe com o ideal de liberdade enquanto valor, para ele esta seria a ausência de oposição, atribuindo-lhe uma explicação física e não mais como um princípio pela qual a humanidade luta. Bem como relata a igualdade apenas como uma causadora de conflito, visto que quando dois homens ou mais desejam a mesma coisa isto gera a competição e condiciona a guerra. 
Embora defenda que o governante está acima de tudo, aos súditos, determina que tem o direito de não mais se sujeitar caso o soberano tenha deixado de proteger sua vida, porém, o ex- súdito não pode se unir a outros ainda subalternos. 
Capítulo 4- John Locke
John Locke foi um médico e filósofo inglês que viveu entre os anos de 1632 a 1704, membro de uma família burguesa, nasceu em Bristol. Estudou medicina em Oxford, onde posteriormente virou professor. Em 1666, foi chamado para trabalhar como médico e conselheiro do Lord Shaftesbury, um influente político liberal da época, líder dos Whigs que fazia oposição parlamentar ao Rei Carlos II, e que foi seu mentor na política liberal. Acusado de conspirar conta o Rei, Shaftesbury teve que se exilar na Holanda, para onde Locke também foi obrigado a ir, retornando ao seu país apenas em 1683.
Locke ficou conhecido como o pai do Liberalismo, defensor da liberdade religiosa e fundador do empirismo, isto é, defendia que todo conhecimento é proveniente de experiências. Suas obras mais famosas são: Cartas sobre a tolerância, Dois tratados sobre o governo civil e Ensaio sobre o entendimento humano, publicadas nos anos 1689 e 1690.
Enquanto filósofo, em sua obra Ensaio sobre o entendimento humano, desenvolveu a teoria da tábula rasa do conhecimento:
Suponhamos, pois, que a mente é, como dissemos, um papel branco, desprovida de todos os caracteres, sem quaisquer idéias; como ela será suprida? De onde lhe provém este vasto estoque, que a ativa e que a ilimitada fantasia do homem pintou nela com uma variedade quase infinita? De onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da experiência. Todo o nosso conhecimento está nela fundado e dela deriva fundamentalmente o próprio conhecimento. (Livro II, cap. I, sec. 2.)
Portanto, para Locke o conhecimento se constrói a partir das experiências ao longo da vida, nesse sentido, as ideias e os princípios humanos surgem de a partir do que já foi feito ou vivido como uma troca que pode ser direta ou indireta no cotidiano. Sua teoria também é uma crítica ao conceito de ideias inatas, que afirma que o conhecimento é independente das experiências, formulado por Platão e defendido por Descartes. 
Os Dois tratados foram relatados por Locke de maneira diferente, no Primeiro tratado ele nega a teoria do Patriarca, defendida por Robert Filmer, que defende que o poder dos reis é uma herança divina, com base na ideia de que Adão como primeiro pai e rei, teria deixado um legado e todos os monarcas legítimos seriam seus descendestes para reinar sob a vontade de Deus.
O Segundo tratado aborda a origem do governo civil, sua extensão e objetivos, defendendo que a única fonte de poder político e legal é o consentimento expressado pelos governados. Este pensamento exerceu grande influência nas revoluções liberais modernas.
Sobre os direitos naturais já abordados anteriormente sob a perspectiva de Hobbes, embora Locke seja considerado também um dos representantes da teoria do jusnaturalismo, sua visão precede de um modo individualista, afirmando que o indivíduo existe antes do aparecimento da sociedade, desse modo, o homem teria vivido um estágio pré-político e pré-social com características de liberdade e igualdade de um perfeito estado de natureza.
Ele defendia que o estado de natureza era real, e teria acontecido de forma historicamente determinada para a maior parte da humanidade, caracterizado pela paz e harmonia e a razão, se opondo ao estado de guerra segundo Hobbes, constituído por violência e insegurança.
John Locke também se destacou pela formulação da teoria de propriedade, defendendo que a propriedade é um direito natural do indivíduo, partindo do pressuposto que ela já existe antes de se instituir a sociedade, portanto, é um direito natural de cada indivíduo e que por esse motivo não pode ser violado pelo Estado.
Para Locke, a propriedade surge do trabalho, e o homem torna sua propriedade privada, estabelecendo sobre ela um direitopróprio e aparte dos outros homens. Nesse sentido, inicialmente, o limite da propriedade seria determinado pela capacidade de trabalho do homem. Com a criação do dinheiro, houve mudança, os homens passaram a trocar as coisas úteis para sobrevivência (porém perecíveis), a produção de alimentos, por coisas que poderiam ser acumuladas, nesse caso, ouro e prata, assim surgiu o comercio.
O comércio se tornou uma nova forma de adquirir propriedade, antes era possível somente a partir do trabalho e passa também a ser possível através da compra. A criação da moeda desencadeou um processo de acumulação de bens e distribuição desigual de riquezas. Segundo Locke, o dinheiro determinou a passagem da propriedade limitada pelo trabalho para a propriedade ilimitada baseada na acumulação de bens, para ele, a realidade do trabalho interfere na diferença de valor de tudo que existe. Esta concepção se tornou a base da teoria valor- trabalho para o liberalismo clássico.
Diante de adventos como violação de propriedade, capaz de acontecer mesmo estado de natureza pacífico, colocando os indivíduos em estado de guerra, devido a falta de um poder imparcial e fortemente coercivo para impor regras e penas, Locke atribui a esses fatores a necessidade do ser humano de estabelecer um contrato social.
O contrato social é um dos fatores que caracteriza a passagem do estado de natureza para uma sociedade política ou civil. Este modelo de sociedade é formado por um conjunto político único, formado por uma legislação, poder judiciário e da comunidade. A princípio, seu objetivo é preservar a propriedade e proteger a comunidade de perigos internos e possíveis invasões estrangeiras.
Entretanto, o contrato social de John Locke é completamente diferente do hobbesiano que se baseava em uma submissão total trocando a liberdade por segurança, em seu “pacto de consentimento” os homens em comum e livre acordo formam uma sociedade civil a fim de preservar e tornar mais forte os direitos que já existiam no estado de natureza. Seria o estado civil a melhor possibilidade de proteger a liberdade e os bens segundo a lei. A escolha do governo, fica pautada no princípio da maioria, dessa forma, prevalece a decisão do grupo maior e ao mesmo tempo, respeita a decisão da minoria.
Depois de definido o formato de governo, a decisão do poder legislativo também cabe a maioria, é dado a ele o poder superior aos demais poderes.
Sendo assim, os principais fundamentos da sociedade civil, são, para Locke: a concordância entre os indivíduos para formação da sociedade, o consentimento comunitário para formação e instituição de um governo, um governo protetivo em relação a propriedade, o controle do executivo pelo legislativo, e o controle do governo sob a sociedade.
Capítulo 5- Montesquieu
Charles Louis de Secondat, conhecido como Montesquieu, foi um político, filósofo e escritor francês. Sua obra retrata o funcionamento dos regimes políticos sob a perspectiva liberal. Embora membro da nobreza, sua reflexão não tinha por objetivo restaurar o poder de sua classe, mas sim, a possibilidade de reaproveitar características do poder nos regimes monárquicos, a fim de fortalecer os regimes posteriores resultantes das revoluções democráticas.
Nesse capítulo, lê-se que o foco principal de Montesquieu em seus estudos, foi compreender como ocorreu a queda dos governos monárquicos, os conflitos que desencadearam suas instabilidades e os que os garantiram por tantas gerações, o filósofo identificou esses processos na noção de moderação. Sendo a moderação um mecanismo essencial para o funcionamento e manutenção de um governo estável, e assim, é necessário buscar nos regimes do presente e passado, mecanismos que sejam eficientes para implantação de regimes futuros.
A busca por condições de possibilidades para instituir um governo estável, se expressa por meio de dois aspectos da obra de Montesquieu: a tipologia, que consiste na teoria dos princípios e da natureza dos regimes e a teoria dos três poderes.
Mas, para compreender estas teorias, é necessário compreender o conceito de Lei em Montesquieu, antes da formulação do filósofo ela era percebida em três dimensões relacionadas a Lei de Deus: a ordem natural era proveniente da vontade de Deus, o dever e ser estavam condicionados a ordem das coisas direcionadas para uma finalidade divina e, por fim, expressavam autoridade.
O conceito introduzido por Montesquieu em sua obra: O espírito das Leis, define como Lei “as relações que derivam da natureza das coisas”, estabelecendo uma ligação com as ciências empíricas e com a física segundo Newton, causando um rompimento com o pensamento tradicional de política submissa a teologia. Em contrapartida, não adere a subordinação oposta, defendendo uma ideia extremamente conservadora, o determinismo natural.
No entanto, o objetivo de Montesquieu não são as leis que norteiam as relações entre os homens, mas as leis positivas, isto é, as leis e instituições criadas por homens para orientar as relações humanas. 
O filosofo constatou que a sociedade enquanto estado suporta uma variedade de formas de realização, e que elas se encaixam mal ou bem a uma diversidade de povos, com costumes e organizações distintas. Porém, esta diversidade não se explica pela natureza do poder, portanto deve ser investigada a partir da maneira que as instituições funcionam.
Diante disso, ele passa a considerar o funcionamento político das instituições a partir de duas dimensões: O princípio do governo e a natureza do governo, que diz respeito a quem detém o poder.
Montesquieu analisou minuciosamente as leis que se relacionam a natureza do governo e esclareceu que a diversidade está nas relações entre as instancias de poder e a maneira como o poder se distribui na sociedade entre as diferentes classes.
Em relação a república, Montesquieu ressalta que, por se tratar de um modelo de governo em que o poder é do povo, é imprescindível distinguir a fonte que exerce o poder e estabelecer de forma criteriosa a divisão de classes societárias em relação a origem e ao exercício do poder. Segundo ele, embora o povo saiba escolher bem, é incapaz de governar por ser movido pela paixão e isso o impossibilita de tomar decisões. Sendo assim, a natureza dos governos republicanos se compreende na relação entre as classes e o poder.
Conforme analisou sintetizou Montesquieu, os governos são guiados pela paixão, que se destaca em três modalidades: a honra como princípio da monarquia; a virtude para a república e para o despotismo o medo, este último seria como uma extensão do estado de natureza, onde os homens agem conforme seus instintos de sobrevivência.
A teoria dos três poderes, abordada por Montesquieu pode ser melhor entendida a partir da combinação do princípio com a natureza. Sendo assim, se percebe que o despotismo é impolítico, pois não possui instituições, é um governo cuja natureza é não ter princípio.
O governo republicano depende dos homens, é um regime frágil que depende da virtude daqueles que desejam mantê-lo. 
A monarquia não depende de virtude, ela se consolida nas instituições. O poder está dividido e assim o poder contraria o poder, dando ao governo monárquico uma capacidade de moderação.
A fim de compreender como poderia ser feita a substituição do efeito moderador existente no governo monárquico, Montesquieu foi até a Inglaterra para estudar as bases constitucionais da liberdade, fazendo uma análise minuciosa sobre a função dos três poderes: executivo, legislativo e judiciário.
Os estudos de Montesquieu resultaram em uma de suas teorias mais propagadas, a teoria dos três poderes, caracterizada pela separação dos poderes, bem como a independência entre eles, sendo essa uma condição para o Estado de direito, cada instancia também deveria ter um poder igualitário. 
O filosofo francês também escreveu sobre as leis num contexto geral e sua relação com os diversos seres. As leis, falando de modo genérico, derivam da natureza das coisas, e são indispensáveis, desse modo, todos os seres possuem suas próprias leis,elas podem ter relação com divindades, materiais e até mesmo os animais possuem suas leis.
Ele percebeu o mundo como algo movimentado pela matéria e desprovido de inteligência, mas que sobrevive e tem necessidade de leis invariáveis para controlar seus movimentos. As regras possuem uma relação constantemente estabelecida, assim, ele usou a teoria de Newton para justificar seu pensamento: os corpos reagem conforme a intensidade da força e velocidade que alteram seu estado.
Capítulo 6- Rousseau
Jean Jacques Rousseau foi um importante filósofo, político e escritor, considerado um dos principais autores do período iluminista, em que se começa a observar que a propagação do saber seria um método para por fim a ignorância e preconceito.
Rousseau nasceu em Genebra, em 1712, filho de um simples relojoeiro, não fazia parte da burguesia como a maioria dos outros pensadores da época. Seu primeiro contato com o mundo das letras iniciou na biblioteca herdada de sua mãe, ele e o pai leram todos os livros, inclusive obras famosas de Bousset, Plutarco, Ovídio, entre outras.
Em 1722, seu pai é obrigado a se exilar e Rousseau fica aos cuidados do pastor Lambercier em Bossey, retornou a Genebra em 1924, onde aprendeu o ofício de gravador, quatro anos depois, foge de sua cidade natal e permanece sob a proteção da Madame de Warens, como catecúmeno, assim inicia o texto de Narciso ou o amante de si mesmo.
No ano de 1731, Rousseau converteu-se ao catolicismo e se tornou amante da Madame de Warens em Chambery e se separou em 1941, um ano depois de ter tentado a carreira de preceptor.
Apenas em 1942 Rousseau passa a desempenhar ofícios mais importantes, nesse ano como secretário da família Dupim em Paris, passou a escrever também sobre música no ano seguinte e em 1744, assumiu o cargo de secretário e embaixador de Veneza, onde se encontrou com Diderot. Nos anos seguintes ele se casou, escreveu seu discurso sobre as ciências e as artes, pelo qual recebeu o 1º prêmio da Academia de Dijon, publica seu discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens e tem seu artigo “Economia Política” dentro da Enciclopédia.
Até o ano de sua morte, o filósofo e escritor escreveu e publicou várias outras obras, entre elas peças teatrais, óperas e cartas, inclusive polemizando com Voltaire, outro filosofo famoso do período iluminista, sobre a questão da intervenção divina nos negócios humanos. Chegou a ser condenado a prisão após a publicação do Contrato Social e do Emílio tendo que se refugiar em Neuchatel.
Após viver uma vida bastante intensa, repleta de conflitos e rompimentos com figuras que fizeram parte de sua história, como Diderot e David Hume, Rousseau faleceu em 1778, em Ermenonville, na casa do Marques de Girardin.
Como filósofo e escritor Rousseau se destaca na área da filosofia e política clássica por sua persistência em estudar e buscar compreender temas como o contrato social, o exercício da soberania, a escravidão, a liberdade civil, nesse sentido, não deixou de fazer críticas pontuais a autores que abordaram esses assuntos sob a perspectiva do direito natural, como Hobbes, Grotius e Pufendorf, inovando a visão e o pensamento político no século XVIII.
Rousseau sugeriu que a soberania deveria ser exercida pelo povo e que este processo seria o primeiro passo para a libertação da população. Este pensamento lhe rendeu o título de Patrono da Revolução de 1789.
Em sua obra Discurso sobre a origem da desigualdade, o escritor tinha como objetivo esboçar uma hipótese sobre a história da humanidade, ignorando o processo de transformação, libertação e servidão do homem. Acreditando que o homem é bom por natureza, atribuindo as desigualdades ao surgimento da sociedade.
Jean Jacques Rousseau buscou fazer uma distinção entre duas formas de desigualdade, sendo elas: A desigualdade natural, ou física, porém esta não fazia sentido aos seus estudos, já que, segundo ele, esta desigualdade não submeteu um homem ao outro; a desigualdade moral ou política, e esta sim fez parte da sua tese sobre a sociedade.
A partir de sua história hipotética, o filósofo concluiu que o homem deveria ter parado nos primeiros estágios de sociedade, quando o homem tinha poucas necessidades e condições para supri-las, mas, segundo ele, isso não foi possível devido ao perfeccionismo, as pessoas passam a comparar uma coisa com a outra, buscando sempre a melhor versão, e assim surgem as primeiras profissões e a divisão do trabalho, a propriedade e a divisão de classes (ricos e pobres). É nesse contexto que os homens percebem a necessidade de estabelecer leis para a proteção de suas propriedades ou de ações vindas dos mais poderosos. 
Ainda dentro desse texto ele questiona o surgimento dos governos, negando a ideia de que o processo se iniciou com um governo déspota, já que a natureza de liberdade do homem não permitiria. Afirma que os governantes devem ter surgido de forma eletiva, dando origem a monarquia, entretanto, se várias pessoas possuíssem ao mesmo tempo condições de governar, surgiria então um estado aristocrático, e, se várias pessoas possuíssem condições para governar, mas nesse caso decidissem dividir o poder de forma igualitária, surgiria a democracia. Nesse sentido, o corrompimento dessas formas de governo, resultante da ambição de alguns ou muitos indivíduos é o que deu origem a estados despóticos.
A partir desse estudo, Rousseau inicia o Contrato Social, onde pretende estabelecer condições possíveis para um pacto legítimo, por meio do qual, os homens depois de terem abdicado da sua liberdade natural, pudessem ganhar em troca a liberdade civil.
O pacto legítimo segundo Rousseau tem como princípio a igualdade para as partes contratantes, conforme a alienação total de qualquer vontade particular dos indivíduos, o soberano seria o povo e não o rei (que seria uma espécie de funcionário da população).
Nesse contexto, não há nenhum prejudicado pelo sistema de governo e sociedade, pois o corpo soberano formado por todos os contratantes do pacto é o único capaz de tomar decisões sobre o funcionamento do sistema político, capaz até mesmo de interferir na distribuição da propriedade.
Sendo assim, dadas as condições para a liberdade civil, o povo seria participante ativo e passivo do processo, ao passo que colabora para a elaboração de suas leis, também precisa segui-las, e haveria um equilíbrio entre liberdade e obediência. Diante disso, um povo só seria livre se tivesse a condição de elaborar suas leis com igualdade.
Rousseau, portanto, defendia a criação de um governo democrático, onde todos governam, tem o mesmo poder político e as mesmas obrigações perante a lei, independentemente de suas posições societárias e políticas. 
REFERÊNCIAS
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Editora Universidade de Brasília. Brasília/DF; Editora Ática. São Paulo/SP – 1989.
Trechos extraídos de MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Trad. de Mário e Celestino da Silva. 3. ed. Rio de Janeiro, Ed. Vecchi, 1955. p. 10-167.
	
WEFFORT, Francisco, C. Os clássicos da política. Vol. 1. Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu, Rousseau. Editora Ática. São Paulo/SP. 2011.

Outros materiais