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TCC_CAPÍTULO 1_ 2 LUANA E FLAVIANE (1)

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UNIFAPI – CENTRO UNIVERSITÁRIO DO PIAUÍ
FACE OCULTA:
POPULAÇÃO DE RUA NO MUNICÍPIO DE TERESINA-PI
								Flaviani de Sousa Alves 
								Luana Moreira Feitosa
TERESINA – PI, MAIO DE 2020
1 A CATEGORIA SOCIEDADE E SUAS DEFINIÇÕES 
1.1 O surgimento da sociedade e sua definição a partir das relações humanas 
Inicialmente o homem vivia em pequenos grupos, pois percebeu que dessa forma tinha mais possibilidades de garantir e facilitar a sua sobrevivência. Através desses pequenos grupos surgiram as primeiras comunidades que eram grupos pequenos ou grandes de pessoas que compartilhavam ideias, espaço e até mesmo cultura entre si. O termo comunidade significa compartilhamento, vem do latim comunitatee refere-se às formas menos institucionalizadas ou mais antigas de grupamento de pessoas que compartilham algo. 
A palavra sociedade provém do latim societas e significa associação com os outros. Há muito tempo vários autores tentam uma definição do que seja sociedade. E ela surge da necessidade que o homem tem de outros seres humanos, pois precisa se relacionar, no sentido de não conseguir viver isolado. O homem se diferencia dos outros animais pela capacidade de raciocinar. Os animais juntam-se em grupos por instinto, enquanto os seres humanos pensam como isso pode ser necessário para a sua sobrevivência. Então a sociedade parte de uma necessidade humana em estar junto de outros para garantir a sua existência e resistir aos desafios que sozinho poderia não conseguir enfrentar. 
A professora Andréa Schaefferdo Canal Aula De fala o seguinte:
A sociedade torna-se uma necessidade na raça humana porque destituídos de ensino, tudo o que nós sabemos precisamos aprender com o outro. Desde caminhar, falar, os nossos princípios, até as nossas regras sociais, nosso conjunto de moral, valores, etc. Então a sociedade, para início de definição, é uma necessidade: não aprendemos nada sozinhos, não nascemos para viver isolados. (SOCIOLOGIA – A SOCIEDADE, 2015)
A partir da discussão da referida autora supracitada pode-se perceber que desde o primeiro momento da sua existência o ser humano sente a necessidade de outros seres humanos para assim assegurar o seu desenvolvimento e também propiciar meios mais acessíveis de sobrevivência. E que por este motivo vai buscando formas de estar em contato com os demais, pois não nasceu para viver sozinho. É inerente ao ser humano o convívio com outros da sua espécie para conseguir aprender as variadas formas de manutenção da vida em todos os aspectos que ela apresenta. 
Como forma de facilitar a sua sobrevivência, o ser humano sente esta necessidade de adquirir conhecimento através do outro e garantir a sua evolução durante a vida, pois a capacidade de raciocínio não é o suficiente para que a pessoa mantenha-see principalmentede formaisolada. A interação com os demais da sua espécie proporciona ao homem diversas redes que vão interligando-se e formando as redes de relacionamento e estas acabam por resultar na sociedade. 
O que difere comunidade de sociedade, no entanto, é que as comunidades são agrupamentos mais simples e antigos, sem precisar de uma institucionalização que a sociedade requer, como formas de organização e divisão de tarefas entre os seres que vivem dentro dessa sociedade. 
As relações que existem numa sociedade e estão interligadaspossuem funções determinadas que sozinhas não fariam sentido, mas em conjunto são como peças encaixadas pra a constituição do todo. Como diz a professora Andréa Schaeffer (SOCIOLOGIA – A SOCIEDADE, 2015) “muitos pedaços formando um todo”. Por isso, é perceptível a dependência de contato que os seres humanos têm uns dos outros e isso vem desde os primórdios. Estabelecer essas ligações que compõem a sociedade fazem parte de forma inerente da vida dos seres humanos. 
As características diversas que cada pessoa possui as colocam dentro de grupos com indivíduos de características semelhantes e isso resulta numa sociedade composta por diferentes grupos sociais, bem como classes sociais diversas e formadas por traços culturais. Resultando assim numa sociedade heterogênea, mas com nível de funcionamento semelhante por causa de uma norma geral que rege a existência daquela sociedade.
Com propósito de manter uma forma de coesão dentro da sociedade em que está inserido, o ser humano é capaz de criar a cultura desde os primeiros grupos de que começou a fazer parte. Além da linguagem e do raciocínio é a criação da cultura que torna o ser humano diferente dos outros animais. 
A cultura é produzidaatravés da interação social que ocorre entre os indivíduos de uma comunidade ou sociedade. A partir da necessidade humana desses indivíduos vão sendo criados e modelados os padrões e comportamentos de determinada sociedade. E assim a cultura vem representar o conjunto de tradições e saberes, como a moral, as leis, a arte, as crenças, o conhecimento de um povo. 
A criação da cultura possibilita que os indivíduos da sociedade consigam interagir de forma mais próxima e geralmente em comum acordo e com isso manter a ordem entre si e evitar conflitos que possam acarretar na destruição do grupo. O desenvolvimento de cultura dentro de uma sociedade também funciona como uma forma de fazer as ações acorrerem entre as pessoas de forma mais solidária e as funções que foram distribuídas a cada uma seja realizada de forma efetiva. 
Dessa forma percebe-se que “a sociedade é uma composição de diferentes grupos sociais, também pode ser composta por diferentes classes sociais e é formada por traços culturais”diz a professora Andréa Schaeffer (SOCIOLOGIA – A SOCIEDADE, 2015).Com essa fala é possível compreender a complexidade de uma sociedade, ou seja, não é apenas um grupo de pessoas com características semelhantes, pelo contrário, trata-se de um conjunto heterogêneo de seres humanos, cada um com suas múltiplas características que precisam conviver dividindo o mesmo espaço, compartilhando ideias, seguindo determinadas culturas e tendo que manter a ordem entre si para garantir o bem da coletividade. 
A definição de sociedade é marcada pela teoria de três principais teóricos da sociologia: Émile Durkheim, Max Waber e Karl Marx.
Para Durkheim os seres humanos compõem a sociedade através da função que tem, da sua representação. Segundo ele, a sociedade é organizada e impõe regrasaos indivíduos que são estabelecidas antes mesmo deles nascerem ou sem participarem da organização das mesmas. E estas regras impostas fazem com que esse indivíduo não as tendo cumprido, seja punido. Quando os indivíduos não cumprem as ações e regras estabelecidas, Durkheim atribui a falha às instituições que deveriam preparar esse indivíduo para viver na sociedade. Quando esses mecanismos de controle, como a família, a escola, o trabalho, por exemplo falham, esse indivíduo pode ter seu percurso direcionado para fora das regras daquela sociedade. 
Durkheim ainda coloca que os fatos sociais é que compõem a sociedade e são individuais. Podendo esses fatos serem: geral, exterior ou coercitivo. Geral são aqueles de domínio público, onde todo mundo aceita porque sabem que faz parte de um sistema de organização, como obedecer as leis de trânsito, andar vestidos, por exemplo; Exteriores são aqueles que acontecem independente da vontade do indivíduo, como as leis, por exemplo; Coercitivos são aqueles impostos, que não se tem a menor possibilidade de mudar, como por exemplo as fronteiras de um Estado ou do país que são impostas sem que se possa ter uma ação sobre elas. 
Weber fala que a sociedade é composta por um conjunto de ações sociais e que estas só acontecem através do coletivo. E Durkheim fala de fatos sociais e são individuais. 
Weber fala que a ação social seria uma conduta humana dotada de sentido, uma maneira de agir que tenha sentido, significado. E tem como objetivo modelar as ações dos indivíduos, organizá-las, deixar a sociedade de uma forma justa. 
Para Weber existem os tipos de ação social: a tradicional que é determinada por um costume ou hábito arraigado, uma coisa que jávem há bastante tempo e que as pessoas vão repetindo-a, muitas vezes sem questioná-la; a carismática que não segue as tradições e estabelece novas regras, é aquela que ultrapassa o previsto e questiona, além de acabar intervindo no que parecia já estar pronto; a afetiva é uma ação orientada pelas emoções e sentimentos; a racional que é determinada por um cálculo racional que coloca fins e objetivos e organiza os meios para se chegar a determinadas questões e a ação política que é ação de intervenção efetiva, pois trata-se não somente da ação política partidária, mas da ação política do cotidiano, do fazer política e da finalidade das instituições e também tem a ver com a perpetuação do poder.O fato é que para a perpetuação do poder a ação política precisa exercer três tipos de dominação: na tradicional, na carismática e na afetiva. Se não a ação política não vai acontecer. Estas três ações mencionadas têm que ser legitimadas para a ação política acontecer. 
Para o Weber os seres humanos são capazes de agir livremente. Em todas estas ações sociais o ser humano é capaz sim de agir com total liberdade e modificar qualquer uma destas ações. Ele tem a condição de mudar o seu futuro e decidir o que virá depois.
Para Karl Marx o que vai definir uma sociedade são os meios de produção. Marx dizia que a sociedade é composta por um grupo de pessoas que vivem de forma organizada e solidária. Vivem do seu trabalho e esse trabalho é organizado para que cada um dos indivíduos tenha sobre este trabalho o poder de aquisição dele. Então tudo que é produzido é dividido igualitariamente para todos. 
Para cada sociedade o meio de produção vai definir para Marx que tipo de sociedade tem-se.Sociedade capitalista, por exemplo, ela se configura, se fomenta e se fortalece na questão do lucro. Já a sociedade socialista, outro exemplo, ela prefere a igualdade de direitos sobre todos. A produção então no socialismo está no controle do estado para que todos tenham os mesmos direitos. Já no capitalismo, está nas mãos de poucos.
A partir do que já foi exposto, é possível perceber que o surgimento das sociedades foi necessário para que através da cultura e das normas sociais estabelecidas fosse impedida a desordem geral que pode surgir através do confronto de indivíduos diferentes que muitas vezes possuem vontades diferentes. 
1.2	O surgimento da Sociedade Capitalista 
Marx (1984) coloca que foi a partir do momento em que os camponeses tiveram suas terras retiradas que houve a formação do mercado de trabalho na Inglaterra, pondo fim ao feudalismo e dando início ao sistema capitalista. 
Enquanto no Feudalismo a produção era voltada para o consumo, o novo sistema que foi implantado em seguida, o capitalismo, tinha sua base instituída no lucro. No primeiro, os servos tinham a terra para trabalhar e garantir seu sustento, bem como o da família. O que era produzido estava voltado apenas para o consumo. Com o enfraquecimento do feudalismo o capitalismo foi ganhando força e se instaurando. Quando os camponeses perderam suas terras tiveram que sair em busca de condições de sobrevivência o que resultou num grande número de êxodo rural em busca de emprego. 
Contudo, o sistema capitalista era bem mais severo e exigente. Os camponeses que chegavam nas cidades percebiam a evolução provocada pela Revolução Industrial. No sistema anterior essas pessoas poderiam trocar o que produziam pelo que estavam precisando e assim adquiriam o que precisavam, sem excedentes. Com o sistema capitalista elas precisariam vender a sua força de trabalho para garantir os meios que precisavam para sobreviver o que ainda não era garantido de fato. 
Diante de tal cenário percebia-se a necessidade de mão-de-obra urgente para trabalhar nas indústrias e de acordo com o modelo de produção moderno. Como a oferta de trabalho era pequena em comparação à grande quantidade de pessoas que precisam trabalhar, os camponeses acabavam por se submeter às mais diversas formas de exploração em prol da sua sobrevivência. Os trabalhadores, submetidos a ordem, trocavam sua força de trabalho pela subsistência, suportando todo tipo de exploração (MAX, 1984). 
Como não tinham mais para onde voltar, pois perderam as suas terras, como não tinham nenhuma outra opção de meio de vida, aqueles que conseguiam trabalhar em alguma indústria, além de ter que vender sua força de trabalho por valores na época extremamente deploráveis, passar constantemente por variadas formas de exploração, ainda tinham que se adequar a uma nova forma de trabalho a qual não tinham nenhuma noção de como executar em comparação à atividade anterior que exerciam e em meio a complexidade das máquinas que nem mesmo os donos sabiam manusear direito. 
De todo modo, a indústria crescia e a consequência para muitas pessoas que não eram absorvidas pelo mercado era procurar outros meios de tentar sobreviver. O sistema capitalista se fortalecia através da exploração dos trabalhadores. As mazelas sociais aumentavam em grande proporção porque o que era produzido pelos operários não eraacessívela eles de acordo com o que recebiam. O que os trabalhadores recebiam, mal dava para sobreviver e era adquirido através de exaustivas horas de trabalho, sob condições desumanas, resultantes de diversas formas de exploração da força de trabalho e mão-de-obra barata. 
O ritmo das indústrias era cada vez mais exigente com resultados que proporcionassem o lucro através de produções em série que dependiam cada vez menos da participação do homem. O resultado dessa substituição de um grande número de trabalhadores por apenas uma máquina, gerou um número cada vez maior de desempregados que se juntavam com os camponeses que haviam perdido suas terras para o novo sistema. 
Enquanto a riqueza concentrava-se nas mãos de uma minoria que constituía a burguesia e controlava as formas de ganho e exploração; uma grande maioria tentava conseguir o mínimo pelo menos para a sua sobrevivência em meio a um caos de miséria que se formava em consequência do grande número de pessoas que não tinham como se manter. 
Além disso, aqueles que eram encontrados pela polícia nas ruas eram considerados vagabundos, criminosos que ofereciam perigo à sociedade e por isso deveriam ser presos e eram tratados de forma coercitiva. 
O sistema capitalista teve sua instauração resultante da exploração da força de trabalho de muitas pessoas, incluindo mulheres e crianças que eram mais exploradas ainda mais, pois sua mão-de-obra era considerada mais inferior que a dos homens. 
Diante da sede do lucro que o capitalismo impunha, as máquinas produziam em grande escala para alimentar uma sociedade que se mostrava cada vez mais consumista e preocupada com o acúmulo de riquezas enquanto uma grande parte da população sofria as terríveis consequências de uma revolução que provocou mudanças no cenário mundial. 
1.3	Expressão complexa e heterogênea da questão social acerca do contexto social e familiar
Ao longo da história da humanidade a família vem passando por uma série de transformações. Osurgimento da palavra família teve origem na época da Roma Antiga. O termo vem do latim “famulus” e significa “escravo doméstico”, pois era utilizado para designar um grupo que era submetido à escravidão agrícola, era o conjunto de empregados de um senhor, isso era atribuído pelo fato de que, a exploração dos escravos já era legalizada, ou seja, o termo família, não pertencia somente ao casal e consequentemente a seus filhos, mas sim, aos vários escravos que trabalhavam para a subsistência de seus parentes, que se sentiam sob autoridade deles. 
Desde o seu surgimento a família já apresenta os traços de patriarcalismo como forma dominante, uma estrutura de poder social centralizada no homem ou no masculino. Havia uma inexistência de direitos principalmente por parte dos filhos e da mulher, pois o que reinava era o autoritarismo e a concentração de poder na figura do pai.
A estrutura da sociedade desde o seu surgimento apresenta essa figura masculina à frente como protagonista na constituição dessa instituiçãoque é a família, onde em geral, cargos de maior importância cultural são destinados a homens, enquanto cargos de importância familiar são relegados às mulheres. 
É válido destacar que a Família não é restringida em um único conceito. Para Gueiros (2008), por exemplo, a família patriarcal é aquela:
Na qual os papéis do homem e da mulher e as fronteiras entre público e privado são rigidamente definidos; o amor e o sexo são vividos em instâncias separadas, podendo ser tolerado o adultério por parte do homem e a atribuição de chefe da família é tida como exclusivamente do homem (GUEIROS, 2008, p.117).
Quando o autor aborda o conceito de família patriarcal, ele deixa claro o quanto o papel do homem é distinto do da mulher na estrutura familiar, onde cabe ao homem competências que as mulheres não podem exercer, devido a sua condição de submissão ao marido. Nesse tipo de configuração familiar o homem está colocado acima de todos na representação de chefe de família,sendo beneficiado por sua posição, essa figura masculina é vista como uma representação em forma de autoridade,tendo para ele todos os direitos e cabendo à mulher respeitá-lo e servi-lo, assim como os filhos que deviam-no total obediência.
Ao homem foi estipulado que teria a responsabilidade de sustento da família e a mulher era responsabilizada pelos afazeres domésticos e educação dos filhos. A sociedade também impunha que todos da família deviam obediência à figura do pai, o provedor da casa. 
Diante do exposto, fica claro que existia uma definição de finalidades na família, ou seja, cada membro possuía segurança sobre determinada tarefa. O marido era tido como o símbolo central da família, era ele o culpado por controlar as atividades de cada membro. Os membros da família eram submetidos à força paterna do chefe.
Geralmente é a família o primeiro tipo de sociedade que os indivíduos têm contato a partir do seu nascimento. Nela eles vão tendo familiaridade com as formas de desenvolvimento como falar, andar, se relacionar. Também tem acesso à cultura existente e passam a seguir o que a família tende a ensinar. Dentro da família são constituídos os laços afetivos e as ideologias sobre a funcionalidade da vida vão sendo discutidas entre si. 
A família, em consonância com o meio social e vice-versa, são peças fundamentais para o pleno desenvolvimento do indivíduo e consequentemente são pilares imprescindíveis no desempenho psíquico. A família é sujeita a alterações, pois desde o seu surgimento há aproximadamente 4.600 anos vem sendo moldada de acordo com a evolução da sociedade e com as mudanças das relações de produção estabelecidas entre os homens.
O convívio familiar tem grande relevância no desenvolvimento da sociedade, designada por um núcleo familiar pais e filhos, relação de suma importância para o desenvolvimento social, uma vez que estes membros são considerados como responsáveis pela maneira na qual veremos o mundo futuramente.
O cenário que provavelmente iniciou uma reordenação na composição familiar foram as Guerras Mundiais onde os homens tinham que se apresentar na linha de frente dos combates e as mulheres tiveram que sair de casa para trabalhar e prover o sustento da família através de atividades antes nunca exercidas. Porém, com o retorno dos homens, as mulheres voltaram para dentro de casa onde o exerciam o seu papel de dona do lar. 
No final do século XIX com a industrialização, com o desenvolvimento da tecnologia e o crescente desenvolvimento maquinário, grande parte da mão de obra feminina foi transferida para as fábricas. 
Ao longo da história a família passou por extensos períodos de mudanças. Seu desenvolvimento foi permeado não só por fatores culturais, sociais e religiosos como também políticos e econômicos. Estas influências esculpiram as configurações familiares a partir dos acontecimentos, baseados nos valores de cada sociedade. 
É possível compreender que a família enquanto uma instituição da sociedade está diretamente ligada a essa e tem sua evolução marcada de acordo com as mudanças que ocorrem no meio social. Ao longo dos anos a sociedade passa por alterações que afetam diretamente a vida dos indivíduos. Da mesma forma que a sociedade avança, a família vai acompanhando as alterações do meio em que está inserida e desta forma vai modelando sua estrutura. 
A Constituição de 1988 é um marco aos direitos dos cidadãos brasileiros por garantir liberdades civis e os deveres do Estado. A partir da sua promulgação e com o devido realce aos princípios e direitos conquistados pela sociedade, a célula familiar foi novamente reformada e de acordo com o artigo 266 da Constituição, passa a ser considerada uma comunidade fundada na igualdade e no afeto. Também foi concedida a proteção integral das crianças que anteriormente eram postas de lado e marginalizadas. A Carta Magna possibilitou um olhar mais voltado aos direitos da família, da criança, do adolescente e do idoso. 
A família da atualidade já não é mais aquela do autoritarismo, nem a que se forma pelo instituto do casamento, mas é aquela que se constitui a partir de laços de afeto e busca constantemente a felicidade. 
A família da atualidade tem a diversidade como característica marcante da sua composição. De acordo com Szymanski (2002, p. 37) é possível diferir nove tipos de família, consiste em elas: 
· Famílias extensas: são as famílias formadas por pai, mãe, filhos, avós e netos ou outros parentes, isto é, a família que possui mais de duas gerações; 
· Famílias adotivas temporárias: são famílias (nuclear, extensa ou qualquer outra) que adquirem uma característica nova ao acolher um novo membro, mas temporariamente; 
· Famílias adotivas: são as famílias formadas por pessoas que, por diversos motivos, acolhem novos membros, geralmente crianças, que podem ser multiculturais ou birraciais; 
· Famílias de casais: são as famílias formadas apenas pelo casal, sem filhos;
· Famílias mono parentais: são as famílias chefiadas só pelo pai ou pela mãe; 
· Famílias de casais homossexuais com ou sem criança: são as famílias formadas por pessoas do mesmo sexo, vivendo maritalmente, possuindo ou não crianças; 
· Famílias reconstruídas após o divórcio: são famílias formadas por pessoas (apenas um ou o casal) que foram casadas, que podem ou não ter crianças do outro casamento; 
· Famílias de várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais, mas com forte compromisso mútuo: são famílias formadas por pessoas que moram juntas e que, mesmo sem ter a consanguinidade, são ligadas fortemente por laços afetivo.
Portanto é possível constatar que o formato tradicional de família foi sofrendo transformações com o passar dos anos e seguindo as mudanças de uma sociedade que também tinha sua composição alterada. Hoje a família é um conjunto de pessoas, ou não, que possui empenho uma com as outras em sua relação. 
Especificamente a partir dos anos 1990 as famílias brasileiras passam por mudanças, as quais fazem parte de um processo da modernidade comum no Brasil na segunda metade do século XX, a tendência deste período é de diminuição no tamanho e uma maior diversificação nas configurações domésticos e familiares.
Um pouco dessa escolha se deve ao contexto histórico que o país vivenciou durante as últimas décadas, principalmente na década de 1980, período intenso de discussões sobre feminismo, trabalho, desigualdade e direitos da mulher que desembocam na Constituição Federal de 1988. (CARVALHO, 2008).
 Estas mudanças ocorreram em detrimento a outros acontecimentos como desemprego, a violência urbana, o aumento da miséria, a fome, a exclusão social, a utilização de substâncias tóxicas e alcoólicas; peculiaridades que fragilizam ainda mais os vínculos familiares e exigem novas configurações, desta maneira a família busca se reinventar. A partir da Constituição de 1988 foi possível pensar a relação conjugal com direitos e deveres iguais para o homem e a mulher o que antes não poderia ser ao menos cogitado, pois cabia unicamente ao homem todos os direitos e privilégios. 
Surge então as novasconfigurações de família, resultado da desigualdade econômica, social, racial e cultural. Entretanto, o que é novo nas famílias são as formas de como elas vêm se organizando nas suas relações, na sua dinâmica, na nova forma de convivência e relações entre os sujeitos e a coletividade. (CAMPOS, 2015).
 Atualmente a composição de família com pai, mãe e filhos cedeu lugar para a realidade que a sociedade está inserida no momento. Foram várias transformações ao longo do tempo e os laços afetivos compõem basicamente o que as famílias precisam ter para existir. 
O conceito de família tradicional foi rompido há algum tempo e hoje a família continua sendo o núcleo da sociedade, mas se apresenta como já vem de várias transformações e evoluções o que pode ser encontrado hoje é a família moderna, com uma estrutura mais independente e flexível. 
Assim, a família moderna define muitos tipos, desde a formada por um casal com os seus filhos (tipo de família tradicional) até à que é composta por pais solteiros, casais do mesmo sexo ou casais com filhos de relações anteriores.
Apesar de toda evolução, em uma grande maioria da sociedade ainda impera o patriarcalismo dentro de uma grande parte das famílias brasileiras, o que configura em lares com relações de afeto fragilizadas ou inexistentes, famílias compostas por quadro de violência doméstica que abrange desde a mulher até os filhos. Ainda é muito presente em várias famílias a figura do homem como detentor do poder e da ordem dentro de casa. Onde todos devem a ele total obediência. 
A mulher tem conquistado cada vez mais espaço dentro da sociedade, mas ainda não é reconhecida e respeitada de fato, tendo ainda que travar uma luta constante contra o preconceito, o machismo, muitas vezes exercendo papeis duplos, triplos, dentro e fora de casa para ter o seu valor reconhecido e seu espaço alcançado. É inegável que grande parte da sociedade ainda coloca sobre a mulher a responsabilidade de organização do lar e educação dos filhos e ao homem o papel de provedor edetentor de autoridade. Propagando assim a submissão feminina perante a presença masculina e, quando isso não acontece, quando a mulher tenta se impor, geralmente é tratada com preconceito e desdém o que acaba geralmente resultando em inúmeros casos de violência. 
Na contemporaneidade é possível visualizar uma sociedade de clara competição e com elevado índice de ausência de oportunidades, números alarmantes de violência e pobreza, grande caracterização de etnias e classes, com os indivíduos cada vez mais ocupados e consequentemente mais distantes uns dos outros. 
Com essa fragmentação dentro da célula familiar, com a fragilização ou mesmo com o rompimento dos vínculos familiares, é possível verificar o surgimento de várias outras questões que passam a surgir na sociedade. Dentro da família o ser humano geralmente sente-se acolhido, amparado, aprende a compartilhar experiências e estabelece vínculos que fazem parte de toda a sua história de vida e lhe proporcionam a sensação de pertencimento e lugar de retorno. Porém, quando as relações dentro da família geram conflitos que podem ferir a integridade física e moral entre os membros que a constituem, existe então a fragilização desses vínculos e o possível rompimento. 
São diversos os motivos que levam as pessoas à quebra dos vínculos com seus familiares como: desavenças, violência doméstica, abuso sexual, vícios ligados ao álcool e as drogas, entre outros. 
Quando não é mais possível manter o convívio familiar, algumas pessoas só veem a rua como sua única chance de sobreviver ou até mesmo como o único meio de se libertar do que vem sofrendo. 
2 A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA E ALGUNS ASPECTOS PARA A SUA COMPREENSÃO
2.1. População em situação de rua e sociedade: uma relação marcada por preconceito e estigma
De acordo com o decreto nº 7.053 de 23 de dezembro de 2009 a Casa Civil decreta que se considera população em situação de rua o grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento,deformatemporáriaoupermanente,bemcomoasunidadesdeacolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória (Decreto N° 7.053, de 23 de dezembro de2009).
Apobrezaporsuaveznãocaracteriza-sesomentepelanecessidadedobem- estar material, mas principalmente pela negativa de oportunidades e possibilidades fundamentais à evolução do serhumano.
A população em situação de rua está inserida numa condição social de muita pobreza e fragilidade, onde luta diariamente pela sobrevivência tendo que se utilizar de muita criatividade e muitas vezes precisa de sorte para conseguir o mínimo paraa sua sobrevivênciadiária.
Existemcomposiçõesconceituadasdentrodaatualsociedadecomomoradia, emprego e privacidade onde é cada vez maior o número de pessoas que são excluídas e esse número não está restrito apenas às grandes cidades. São pessoas que em sua maioria compunham a sociedade como as demais, mas a partir do momento que adentraram às ruas foram excluídas pela mesma sociedade como se delanãofizessemmaisparte,tornando-seseresinvisíveis,ondeparecequedeixaram de existir por completo, sendo muitas vezes apenas confundidos como parte da paisagemurbana.
É a partir do momento em que as cidades se transformaram e passaram a representaroespaçodeconvivênciadoserhumanoquesurgiramdiversasformasde mudança na vida humana. A partir de então as pessoas eram registradas fazendo da ruaoseuespaçodemoradia,umaconsequênciadessenovomododevidaedesuas implicações econômicas e sociais (GOMES; SANTOS,2014).
Desse modo a rua passou a ser o espaço onde as pessoas tiveram que sobreviver e encontrar novas formas de se adaptar. Ao encontrar na rua o seu único e último espaço de “possibilidades” as pessoas em situação de rua tiveram que descobrirformasderesistir,conheceroespaçoecriarmaneirasdeseacostumarcom a nova situaçãoimposta.
Esse conjunto populacional é constituído por um grande número de pessoas onde sua condição está diretamente relacionada a um contexto de total abandono e restrição de acesso aos mais básicos dos direitos. E devido a essa carência de oportunidades, essas pessoas geralmente não tem como disputar por seu espaço de forma igualitária àquelas que dispõem de oportunidades maiores e melhores.
O modelo econômico atual exige que as pessoas estejam cada vez mais qualificadas para que se enquadrem dentro das novas exigências da sociedade fazendo com que a parcela que não tem acesso à qualificação profissional imposta resulte na porcentagem que se traduz como exclusão social.
Somente após 1988 quando a Constituição Federal reconheceu os direitos sociais como direitos fundamentais da pessoa e com a Lei Orgânica de Assistência Social que reconheceu a Assistência Social como Política Pública é que o Estado passou a assumir seu compromisso de manter políticas públicas voltadas para as pessoas em situação de rua (GOMES; SANTOS, 2014).
A sociedade desconhece a verdadeira origem de quem mora e sobrevive na rua e estabelece que estes não condigam com o padrão imposto, onde as oportunidades são iguais para todos, mas os que não estão no mesmo nível social não se esforçaram o suficiente ou simplesmente não são capazes.
Apartirdomodeloliberal,anãoinserçãodoindivíduonosistemadeprodução é uma consequência de sua não adequação, de seu comportamento desviante. A partir da ilusão da igualdade fornecida pela liberdade de competição, todos contariam com as mesmas possibilidades e oportunidades, passando-se a culpa da ausência de trabalho àquele que sofreassuasconsequências.Destaforma,omoradorderuaétipificadopela sociedade como “vagabundo”, como “sujeito que não quer trabalhar” (MATTOS,2004).
O autor coloca que as oportunidades não são iguais para todos e que é uma ilusão pensar que há igualdade nas disputas que a pessoa tem que fazer para se manter dentro do que exige o modelo liberal. Por conta disso, a pessoaem situação de rua é culpabilizada por não conseguir se inserir no padrão exigido.
Esta relação feita pela sociedade de que o morador de rua é vagabundo pelo fato de não ter um trabalho formal caracteriza a necessidade de esclarecimento a respeito da situação. Muitas das pessoas em situação de rua vivem da maneira que vivem, na maioria das vezes, por falta de oportunidade de conseguir um trabalho formalporausênciadequalificaçãoeatémesmoporquenãopossuemresidênciafixa. Éconsideradaaquestãodequemuitasvezesapessoanãotemaomenoscomofazerou manter sua higiene pessoal, principalmente para poder se apresentar com boa aparência a algum cargo de trabalho.
Portanto, a condição de rua não trata-se de escolha, mas de circunstâncias em que as pessoas são levadas a viver nas ruas onde elas não possuem domínio e veem-se obrigadas a lutar diariamente por sobrevivência. 
Épossívelperceberqueécomumparaestaspessoasumprocessoderuptura emocional e/ou econômica que as levaram a fazer da rua o seu local de manutenção da vida, ou seja, constata-se que as pessoas não escolhem viver na rua como uma opção,mascomoconsequênciadeumprocessoquenãoforamcapazesdecontrolar. Embora geralmente relatem a ocorrência de más escolhas, tais escolhas são acompanhadas de situações problemáticas, tais como “violência familiar e sexual, pobreza, adição a drogas, traumas emocionais, perdas familiares e rompimentos amorosos” (MELO, 2011, p.40).
Quando uma pessoa passa a viver na rua, num primeiro momento ela passa por uma etapa de adaptação, pois está vivendo um processo de ruptura, está deixando algo para trás e adentrando no desconhecido espaço da rua onde se percebecompletamenteexposta.Alémdelidarcomsuasperdas,apessoaagoraem situação de rua, passa a lidar com uma diversidade de incertezas, dificuldades, medos,necessidades,faltadeperspectiva,violência,entretantasoutras.Melo(2011, p. 34-35)diz:
A pessoa nesta situação é impelida a criar alternativas de vida, entrar em outra dinâmica de relações, regras e etiquetas. Torna-se impossível que o sujeito se resuma a viver passivamente a falta, existe também algo que é ativamente produzido. [...] Entender a maneira como as pessoas organizam a trajetória que leva a se reconhecer enquanto pessoa em situação de rua e admitir as especificidades deste modo de vida como algo sui generis, que organiza experiências e uma gramática própria, nos possibilita traçar uma breve história sobre a composição da população de rua enquanto sujeito de direito.
Nesse contexto é perceptível que a pessoa ao adentrar a rua precisa sereinventar,perceber-secomopartedarua,conhecê-laparapoderseadaptareadotar formas de sobrevivência diariamente. As novas experiências farão parte do novo processo de “construção” (como ser humano) que a pessoa em situação de rua precisará passar. Antes de tornar-se população de rua as pessoas geralmente vem sobrecarregadas por algum motivo que culminou na sua condição atual. Já envolvida num campo de fragilidade, a pessoa ainda se depara com uma realidade impactante tendo que encontrar meios de se adequar ao pouco que lhe resta a partir de então. A vida de quem vive na rua é cheia de incertezas, portanto, existe uma luta diária por sobrevivência: pela alimentação, pela higiene pessoal, pelo abrigo, pela fuga da violência, do frio, da chuva, etc. Por estas e outras questões é que dificilmente o ser humanoreagepassivamenteatantosdesafiosquelhesãoimpostosemmeioàssuas tantas fraquezas e falta deperspectivas.
São diversos os motivos que provocam o fenômeno pessoa em situação de rua. Segundo Melo (2011, p.50-51), existe um processo de ruptura em que os indivíduossofremaperdademuitosreferenciaiscarosaocircuitosocialdavida,como dotrabalho,dafamília,doestabelecimentonumacasa,doacessoabensdeconsumo, do autocontrole no que diz respeito ao uso de drogas e a sanidade mental. Estas pessoas se veem tendo que reconstruir novas bases e formar novos vínculos. De forma geral as pessoas não tem a rua como algo já determinado para si, elas vêm de alguma situação que resultou nesta condição, conforme explica o autor: [...]as pessoas vivem uma situação estabelecida antes, nascem e tem experiências familiares, [...] seguem suas vidas até o momento de uma ruptura, marcada pelo acúmulo de processos desestabilizadores que proporciona a vida na rua. Estas pessoas não estão, portanto, preparadas para a nova realidade com a qual se deparam, mas tem que se adaptar deimediato.
Segundo os dados da Pesquisa Nacional sobre a população em situação de rua publicada em Abril de 2008 a maioria das pessoas que vivem em situação de rua são homens (82%), entre 25 e 44 anos de idade. Isto se dá pelo fato de a sociedade patriarcalcolocarqueamulherdeveficaremcasacuidandodosfilhoseohomemter que ir à procura do sustento da família. Neste processo, ocorre o que foi mencionado acima, de o homem não conseguir atingir o propósito e nem ao menos ter condições de voltar para suafamília.
Além dos motivos que levam as pessoas às ruas, é importante compreender que o fenômeno população em situação de rua existe e se apresenta cotidianamentepara a sociedade e para o Estado com alguma expectativa de ser percebida emsuas necessidades.
Ter um local de moradia significa ter origem, identidade, segurança, sentimento de pertencimento e um lugar emocionalmente de bem-estar. Para as pessoas que precisam sobreviver nas ruas o fato de não ter um endereço residencial fixodificultaapossibilidadedeacessoaosserviçosdesaúde,conseguiremprego,ter acessoaprogramasebenefícios,entreoutrosdireitos.Essaspessoasacabamsendo barradas em muitos espaços por causa da sua condição, são vítimas da exclusão social e acabam ficando com receio de procurar qualquer local onde precisem ser atendidas com medo do preconceito, de represálias e até mesmo deviolência.
Com o crescimento da quantidade de pessoas em situação de rua, houve a necessidade cada vez maior de políticas que fossem voltadas para esse grupo populacional para que as demandas que o poder público não conseguiu responder (já que houve um aumento) fossem de fato respondidas através de melhorias e condições dignas em caráter de urgência, pois essas pessoas vivem em situação de extrema vulnerabilidade e necessitam de políticas devidamente eficazes e eficientes. 
Era preciso responder uma série de questões em torno da população em situação de rua para que fosse possível identificar o perfil dessas pessoas, suas especificidadesbemcomoasuatrajetóriaantesedepoisdeadentraràrua.Perguntas como: quantas pessoas vivem em situação de rua no Brasil? Onde estão mais concentradas(cidades/estados)?Qualidadeegênerosãopredominantes?Comoéa composição familiar: vivem sozinhos ou com parentes? Qual a escolaridademédia?
Em 2006 a Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) lançou edital para elaboração do Censo Nacional e as respostas para os questionamentos mencionados foram obtidas através do Censo Nacional sobre a População em Si- tuação de Rua (Censo Pop Rua) executado pelo Instituto Meta e sob a coordenação da SAGI entre os anos de 2007 e 2008. A pesquisa foi o resultado de um acordo de cooperação assinado entre a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Este assumiu o compromisso de formular políticas públicas dirigidas para a população em situação de rua com o objetivo de efetivar as atribuições de elaborar e gerir uma política integrada de proteção social (BRASIL, 2008, p. 3).
OdiagnósticoelaboradopeloCensoPopRuacontribuiuparaaformulaçãoda Política Nacional para População em Situação de Rua e consequentemente trouxe uma sequência de avanços para o atendimento desse grupopopulacional.
A sondagem continha um conjunto de 71 cidades onde 48 municípios tinham mais de 300 mil habitantes e 23 capitais independentemente da quantidade de habitantes. As cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Recife como tinham realizado pesquisasparecidasrecentementenãoforampesquisadas,assimcomoPortoAlegre quepediusuaexclusãoporqueestavaconduzindoumapesquisamunicipalaomesmotempoqueoestudocontratadopeloMinistériodoDesenvolvimentoSocialeCombate à Fome (MDS). O público-alvo da pesquisa era composto por pessoas com 18 anos completos ou mais vivendo em situação de rua, de acordo com o seguinteconceito:
São entendidas como população em situação de rua as pessoas que utilizam, em um dado momento, como local de moradia ou pernoite espaços de tipos variados, situados sob pontes, marquises, viadutos, à frente de prédios privados e públicos, em espaços públicos não utilizados à noite, em parques, praças, calçadas, praias, embarcações, estações de trem e rodoviárias, à margem de rodovias, em esconderijos abrigados, dentro de galerias subterrâneas, metrôs e outras construções com áreas internas ocupáveis, depósitos e prédios fora de uso e outros locais relativamente protegidos do frio e da exposição à violência. Foram ainda considerados componentes da população em situação de rua as pessoas que dormem em albergues e abrigos, de forma preferencial ou ocasional, alternando o local de repouso noturno entre estas instituições e os locais de rua.(BRASIL, 2008).
Nesse período, a população em situação de rua é basicamente caracterizada pelo local em que pode ser encontrada, ainda não é levado em conta a heterogeneidade desse grupo populacional, os vínculos fragilizados e rompidos ou a pobreza extrema para definição do seu conceito. O que vai ocorrer somente em 23 de dezembro de 2009 com o decreto nº 7.053 quando há uma definição e caracterização da população em situação de rua.
O Censo Nacional sobre a População em Situação de Rua de 2008 identificou um contingente de 31.922 adultos em situação de rua nos 71 municípios pesquisados e já mencionados acima, contudo enfatizou que a pesquisa foi realizada num conjunto de municípios brasileiros e não na sua totalidade, portanto esse contingente não poderia ser tomado como o total de pessoas em situação de rua no país e ele também equivale a 0,06% da população dos municípios pesquisados. 
Para a realização do censo foram desenvolvidas estratégias e metodologias específicaspelofatodeapopulaçãoemsituaçãoderuanãopossuirresidênciafixae tambémpormover-seconstantementedeumlocalparaoutro.Geralmenteessegrupo populacional não é incluído nos recenciamentos do Instituto Brasileiro de GeografiaeEstatística (IBGE) porque a residência fixa é utilizada como critério base para a realização dos censos.
As entrevistas em sua maioria foram realizadas na rua (calçadas, praças, parques, viadutos, entre outros), 72,5%, o restante foi realizado nas instituições, 27,5%. Apenas 13,4% do total de pessoas recusaram-se a responder. Sendo que os principais motivos de recusa foram porque o entrevistado não queria responder a pesquisa, 36,6% (por não acreditar que teria algum benefício com esse tipo de levantamento, seja por não gostar de responder pesquisas, por indisposição, etc); 18,0% não acordaram para responder; 14,3% por embriaguez; 14,0% aparentavam transtorno mental.
“O Censo Pop Rua levantou dados básicos de todos os entrevistados e realizou uma investigação mais detalhada com 10% destes entrevistados” (BRASIL, 2008, p.5). Das informações colhidas estão as principais razões para viver na rua, o tempo que as pessoas ficam vivendo nas ruas, o ingresso a programas sociais, os vínculos familiares, as condições de saúde, entre outros.
Principais resultados da pesquisa apontam o perfil da população em situaçãode rua:
· O grupo populacional é predominantemente masculino (82%);
· 53% dessa população tem idade entre 25 e 44 anos (lembrando que foram entrevistados somente maiores de 18anos)
A pesquisa foi realizada somente com pessoas a partir de 18 anos, portanto, é possível quantificar apenas a população adulta em situação de rua. Dentro do contigente 31.922 pessoas encontradas pela pesquisa, a maioria são homens, jovens e negros. Como anteriormente mencionando, a sociedade ainda extremamente machista coloca sobre o homem a responsabilidade de provedor do lar enquanto ainda recai sobre a mulher a função de ficar am casa executando os afazeres domésticos e o cuidado com os filhos. Quando o homem chega a maioridade recebe a cobrança da sociedade de conseguir um trabalho, contribuir com as despesas da casa, prover o sustento do próprio lar e manter a si e toda a família. 
Com relação à cor da pele, as pessoas em situação de rua declararam-se em sua maioria em pardos ou negros, quantidade bem maior do que a população brasileira em 2008.
Tabela 1 – População em situação de rua segundo a cor da pele em comparação com a população brasileira 2007 - 2008
	TIPO DE POPULAÇÃO 
	BRANCO
	PARDO
	NEGRO
	População em Situação de Rua 
	29,50%
	39,10%
	27,90%
	População Brasileira 
	53,70%
	38,40%
	6,20%
Fonte: Elaboração própria Feitosa (2020)
Quando perguntada sobre a cor 39,1% dos entrevistados se declararam pardos. Essa proporção é semelhante à observada no conjunto da população brasileira (38,4%). Enquanto 29,5% declararam-se brancos em relação a 53,7% na população em geral. E 27,9% consideram-se negros na população em situação de rua enquanto apenas 6,2% na população em geral. Portanto 67% dos entrevistados se declararam pardos ou negros, quantidade bem maior do que a população brasileira em 2008.
Outro dado relevante é a quantidade de 52,6% que recebem entre R$20,00 e R$80,00 semanais o que configura níveis de renda bem baixos. É a metade da população que foi entrevistada, ou seja, aproximadamente 16.790 pessoas conseguem apenas vinte reais para passar toda a semana. Sendo que na rua até para tomar banho às vezes precisam dispor de recursos, pois alguns locais mesmo sendo público cobram taxas de R$8,00 reais ou mais, por exemplo. 
Quanto à escolaridade a maioria dos entrevistados sabe ler eescrever(74%),17,1%nãosabemescrevere8,3%apenasassinamopróprionome.Agrande maioria não estuda no momento (95%), 3,8% afirmaram está fazendo algum curso (ensino formal 2,1% e profissionalizante 1,7%).
Tabela 2: População em situação de rua segundo escolaridade, 2007-8
	Escolaridade 
	F
	%
	%a
	Nunca estudou
	4.175
	15,1
	15,1
	1º grau incompleto
	13.385
	48,4
	63,5
	1º grau completo
	2.854
	10,3
	73,8
	2º grau incompleto
	1.045
	3,8
	77,6
	2º grau completo
	881
	3,2
	80,8
	Superior incompleto
	190
	0,7
	81,5
	Superior completo
	194
	0,7
	82,2
	Não sabe/Não lembra 
	2.136
	7,7
	89,9
	Não informado 
	2.787
	10,1
	100
	Total 
	27.647
	100
	
Fonte: Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua, Meta/MDS, 2008. 
*Nota: %a expressa a porcentagem acumulada, ou seja, o somatório da participação das categorias já apresentadas dentro do total.
É possível constatar que a maioria da população em situação de rua encontrada, 48,4%, iniciou os estudos, mas não deu continuidade. Seguido de um número bem expressivo de pessoas que nunca estudaram, 4.175 dos entrevistados. A falta de educação e de qualificação é influenciada principalmente pela pobreza, pois os jovens costumam abandonar os estudos porque não tem condições financeiras de estudar e também precisam ajudar no sustento da família com seu trabalho. 
Essa falta de educação provoca a perpetuação da pobreza ao longo das gerações, pois uma vez que os trabalhadores subqualificados são mal remunerados ficam sem condições de dar uma educação de qualidade para os filhos. Existe portanto uma carência na educação destas pessoas no sentido de privá-las de concorrer em mesmo nível com outras pessoas que puderam estudar e consequentemente tem melhores oportunidades de empregos. 
De acordo com a pesquisa do Censo Pop Rua os principais motivos que levaram essas pessoas a viverem e morarem nas ruas são:
· 35,5% problemas de alcoolismo e/oudrogas;
· 29,8%desemprego;
· 29,1% desavenças com pai/mãe/irmãos
· 5,6% outros motivos
Gráfico 1 –Razões da ida para a rua da População em Situação de Rua 2007-2008
Fonte: Elaboração própria Feitosa (2020)
Das pessoas que foram entrevistadas pelo censo, 71,3% citaram pelo menos um desses três motivos (que podem estar correlacionados entre si ou um ser consequência do outro).
A drogadiçãotem se configurado num dos maiores motivos que levam as pessoas a viverem nas ruas. O uso de drogas geralmente contribui para a fragilização dos vínculos familiaresou até mesmo para o rompimento destes quando já se encontram fragilizados ou não. 35,5% das pessoas que participaram do Censo Pop Rua informaram que o motivo de estarem nas ruas deve-se ao uso de drogas e/ou problemas de alcolismo. Algumas pessoas chegam às ruas por outros motivos, mas devido às condições em que se encontram passam a fazer uso de alcool e de drogas. 
O alcool é uma droga lícita, porém quando usada sem a devida moderação leva ao vício e tem sido uma dos grandes causadores da ida das pessoas às ruas. O alcoolismo é considerado um grande problema de saúde pública, sendo um dos transtornos mentais que mais predominam da sociedade. O ato de beber começa como uma vontade, depois se torna um hábito e consequentemente passa a ser uma necessidade. O alcoolismo é uma doença onde o tratamento é difícil e demorado. O vício traz danos na vida social, no trabalho, para a família e perdas financeiras.
São vários os tipos de drogas e devastadoras as consequências que elas provocam na vida de quem usa e até mesmo de quem não faz uso, mas convive de perto com o problema da drogadição. A facilidade para conseguir drogas tem aumentado absurdamente o consumo e cada vez mais cedo por parte principalmente de jovens e adolescentes. Na atualidade o uso e o tráfico de drogas são um dos maiores problemas enfrentados pela sociedade. Todas as drogas são prejudiciais ao organismo do ser humano, muitas provocam graves sequelas e até lesões irreversíveis. As camadas mais vulneráveis e populares da sociedade geralmente são as mais afetadas e sofrem os piores efeitos do consumo dessas substâncias. 
Existem fatores que podem contribuir para as pessoas fazerem uso de drogas como: traumas, maus tratos e abusos sofridos enquanto criança; disturbios mentais onde indivíduos em codições mais vulneráveis, como pessoas em situação de rua por exemplo, veem no uso dessas substâncias um alívio para o sofrimento; a pobreza, questões como a fome, o desemprego e a falta de estrutura são agravantes da situação e o desequilíbrio emocional também estimula a adesão ao vício; a influência de colegas que já fazem uso; pais que fazem uso das substâncias tendem a envolver precocimente os filhos ao consumo de drogas. 
Os prejuízos provocados pelo uso de drogas atingem não somente a vida do usuário, como da família, bem como todos os meios da sociedade como a saúde, a economia e o meio social. As drogas resultam em danos desde a saúde física, emocional à mental, podendo ser irreversíveis ou fatais.
Medidas que podem amenizar as consequências das drogas e diminuir os riscos à saúde dos usuários como a orientação profissional e a intervenção adequada fazem-se cada mais necessárias. 
As drogas para quem vive na rua representa muitas vezes o cobertor que esquenta, o “alimento” que sacia a fome, o sonífero para conseguir dormir em meio a inquietude da rua ou simplesmente uma forma de esquecer o sofrimento por algum momento, pois no contexto de extremo pauperismo a que está submetido como na rua é complexo analisar o uso ou não de drogas.
Desta forma as drogas tem sido um problema cada vez mais frequente na vida das pessoas e consequentemente tem levado muitas a viverem nas ruas. E quanto mais tempo essas pessoas permanecem nas ruas sem nenhum tipo de orientação e cuidado, mais propenças ao vício elas ficam e mais distantes de um tratamento e possibilidade de cura. Acabam sobrevivendo de forma degradante e basicamente em função do vício. 
Dentre os outros motivos mencionados foram informados a violência doméstica, os abusos sexual e moral, a própria necessidade de liberdade que as pessoas imaginam ter morando nas ruas, entre outros. 
OCensoPopRuatambémquissabersobreatrajetóriaedeslocamentoda população em situação de rua. O resultado foi o seguinte quanto àorigem:
Tabela 3 – Origem da População em Situação de Rua 2007 - 2008
	Origem da População em Situação de Rua 
	%
	Viveu sua vida em um número pequeno de cidades (até três cidades)
	59,9
	Já moravam em outras cidades e não dormia na rua ou em albergue na cidade anterior
	60,1
	Já moravam em outras cidades e o deslocamento foi por procura de oportunidades de trabalho 
	45,3
	Já moravam em outras cidades e o deslocamento foi por desavenças familiares 
	18,4
	Do total de pesquisados estão há mais de dois anos dormindo na rua ou em albergue
	48,4
	Encontram-se no tempo regular de permanência nos albergues (1 até 6 meses) 
	30, 4
	Estão há mais tempo 
	33,3
	Não informaram
	36,3
Fonte: Elaboração própria Feitosa (2020)
Das pessoas entrevistadas 76% afirmaram que sempre viveram no município em que moravam ou em municípios próximos, contradizendo o senso comum de que as pessoas em situação de rua são originárias de outros estados/regiões dopaís.
De acordo com o Censo Pop Rua a maioria das pessoas entrevistadas costuma dormir na rua (69,6%); enquanto 22,1% costuma dormir em albergues e outrasinstituiçõese8,3%alternahoradormindonaruaehoradormindoemalbergue. Dos 43,8% que preferem dormir em albergues 69,3% apontaram a violência como principalmotivoparanãoquereremdormirnasruase45,2%apontaramodesconforto como segundo principal motivo. E dos 46,5% que preferem dormir nas ruas, 44,3% informaram a falta de liberdade como principal motivo de não quererem ir para os albergues, horário rígido (27,1%) e proibição do uso de drogas e álcool (21,4%), também relacionados com a falta deliberdade.
Com relação aos vínculos familiares da população em situação de rua que foi entrevistada, os dados apontam oseguinte:
Tabela 4 – População em Situação de Rua e os Vínculos Familiares 2007 - 2008
	Vínculos Familiares da População em Situação de Rua
	%
	A maioria tem algum parente que reside na cidade onde está morando 
	51,9
	Não mantêm contato com esses parentes 
	38,9
	Mantém contato em períodos espaçados (de dois em dois meses até um ano)
	14,5
	Os contatos são diários, semanais ou mensais
	34,3
	Consideram como bom ou muito bom o relacionamento com os parentes que vivem na mesma cidade
	39,2
	Consideram esse relacionamento ruim ou péssimo
	29,3
	Mantêm contato com parentes que vivem fora da cidade em que se encontram
	23,1
Fonte: Elaboração própria Feitosa (2020)
A fragilidade dos vínculos familiares e o rompimento destes são um dos principais motivos que levam as pessoas às ruas. Desavenças com os parentes, traumas causados por maus tratos, violência e abusos, resultam na saída de casa na esperança de condições melhores de convivências. Ao adentrar às ruas essas pessoas em sua grande maioria estabelece novos laços e algumas criam novas famílias. A quebra de vínculos também está relacionada ao uso de drogas onde a família não consegue mais conviver com o usuário e este é expulso ou sai de casa por conta própria. 
O resultado da pesquisa quanto ao trabalho e a renda da população em situação de rua mostra que a forma como a sociedade e o Estado veem a pessoa em situação de rua não é condizente com a realidade. O resultado da pesquisa aponta que a essa população geralmente criticada porque supostamente não trabalha e não faz nada, é uma suposição equivocada, pois de acordo com os dados essa população em situação de rua procura desenvolver algum tipo de atividade, alguma forma de trabalho para poder se manter. 
Segue o gráfico para melhor avaliação:
Gráfico 2 – Trabalho e Renda da População em Situação de Rua 2007-2008
Fonte: Elaboração própria Feitosa (2020)
Agrandemaioriadessapopulação,70,9%,exercealgumaatividade remunerada, dado que serve para desmistificar o senso comum de que essa categoria é composta por “mendigos” e “pedintes”, pois somenteumaminoria(15,7%)pededinheirocomo meioprincipalde sobrevivência.
As pessoas em situação de rua geralmente são estigmatizadas, julgadas e apontadas como desocupadas, bêbados, preguiçosos, drogados, sujos, doentes, perigosos, mas como pode-se perceber a grande maioria não sobrevive de pedir, pelocontrário, a sua grande maioria desenvolve atividades pelas quais vão conseguindo mesmo que pouco algum recurso ou alimento para sobreviver. 
Até mesmo para sustentar o vício, muitos trabalham, o que configura uma situação contrária do que o senso comum da sociedade determina. 
Das atividades exercidas pelas pessoas em situação de rua estão:
Gráfico 3 – População em Situação de Rua e as atividades exercidas2007-2008
Fonte: Elaboração própria Feitosa (2020)
Dessas atividades destacam-se: catador de materiais recicláveis (27,5%), flanelinha (14,1%), construção civil (6,3%), limpeza (4,2%) e carregador/estivador(3,1%). 
A maioria dos entrevistados, 58,6% afirmaram ter uma profissão, onde as mais citadas são: ligadas à construção civil (27,2%), ao comércio (4,4%), ao trabalho doméstico (4,4%) e à mecânica(4,1%), conforme mostra o gráfico abaixo:
Gráfico 4 – População em Situação de Rua e as atividades exercidas2007-2008
Fonte: Elaboração própria Feitosa (2020)
Apenas 1,9% dos entrevistados afirmaram estar trabalhando com carteira assinada. Essa não é uma situação ocasional. 47,7% dos entrevistados nunca trabalharam com carteiraassinada e a maior parte que respondeu que já trabalhou de carteira assinada informou que isso ocorreu há muito tempo (50% há mais de cinco anos e 22,9% de dois a cincoanos).
Quanto o acesso à alimentação, serviços e cidadania seguem os dados da pesquisa pelo Censo Pop Rua:
Tabela 5 – População em Situação e o acesso à alimentação, serviços e cidadania 2007 - 2008
	População em Situação de Rua e o acesso à alimentação, serviços e cidadania 
	%
	Consegue fazer ao menos uma refeição por dia, sendo que 27,4% compram comida com seu próprio dinheiro
	79,6
	Não conseguem se alimentar todos os dias (ao menos uma refeição por dia). Essa porcentagem corresponde a aproximadamente 6.065 pessoas das que foram entrevistadas que não conseguem o que comer todos os dias
	19
	Fazem uso de algum medicamento e a principal forma de acesso são Postos/centros de saúde (48,6%)
	18,7
	Quando estão doentes procuram em primeiro lugar o hospital/emergência e em segundo lugar procuram o posto de saúde (27,4%)
	43,8
	Não possui nenhum tipo de documentação o que dificulta a obtenção de emprego formal, o acesso aos serviços e programas governamentais e o exercício da cidadania
	24,8
	Possuem todos os documentos de identificação questionados na pesquisa: carteira de identidade, certidão de nascimento/casamento, CPF, carteira de trabalho, título eleitoral
	21,9
Fonte: Elaboração própria Feitosa (2020)
A extrema pobreza em que essas pessoas estão inseridas faz com que o acesso ao meios básicos de sobrevivência como alimentação e água, sejam extremamente precários. Essa população passa muita sede na rua, pois em alguns momentos encontra uma doação de alimento, mas nem sempre encontra água potável para o consumo, tendo que caminhar geralmente muitas distâncias até um local onde possa ter acesso. 
Dos entrevistados 29,7% afirmaram ter algum problema de saúde, sendo que os mais citados foram: hipertensão (10,1%), problema psiquiátrico/mental (6,1%), HIV/Aids (5,1%) e problemas de visão/cegueira(4,6%) como pode ser melhor visualizado no gráfico seguinte:
Gráfico 5 – População em Situação de Rua e os problemas de saúde mais citados 2007-2008
Fonte: Elaboração própria Feitosa (2020)
Quanto aos recursos utilizados para higiene, a população em situação de rua costuma tomar banho na rua (32,6%), nos albergues/abrigos (31,4%), nos banheiros públicos (14,2%) e nas casas de parentes ou amigos(5,2%): 
Gráfico 6 – População em Situação de Rua e os recursos utilizados para higiene 2007-2008
Fonte: Elaboração própria Feitosa (2020)
Para fazer suas necessidades fisiológicas os principais locais são a rua (32,5%), os albergues/abrigos (25,2%), os banheiros públicos (21,3%), os estabelecimentos comerciais (9,4%) e as casas de parentes ou amigos (2,7%), segue ilustração através do gráfico:
Gráfico 7 – População em Situação de Rua e os locais para fazer as necessidades fisiológicas
2007-2008
Fonte: Elaboração própria Feitosa (2020)
Dentre a população em situação de rua que foi entrevistada uma grande maioria, 88,5%, informou não receber qualquer benefício dos órgãos governamentais. Essa porcentagem correspondea aproximadamente 28.250 pessoas que não são atingidas pela cobertura dos programas governamentais dentro do contingente de 31.922. E dentre os que recebiam benefício, destacaram-se: aposentadoria (3,2%),BolsaFamília(2,3%)eoBenefíciodePrestaçãoContinuada (1,3%). Para melhor ilustrar segue o gráfico abaixo:
Gráfico 8 – População em Situação de Rua e o acesso aos programas governamentais
2007-2008
Fonte: Elaboração própria Feitosa (2020)
Muitas dessas pessoas que não tem acesso aos benefícios tem o empecilho da falta de documentação que provoca a maioria dos empedimentos; algumas pessoas também desconhecem que tem o direito de receber o benefício. 
Segundo o Censo Pop Rua a população em situação de rua é constantementeimpedidadeentraremcertoslocaisedeexerceralgumasatividades o que configura-se como discriminação a essas pessoas. A maioria delas já foi impedida de entrar em estabelecimento comercial (31,8%), em shopping center (31,3%), em transporte coletivo (29,8%), em bancos (26,7%), em órgãos públicos (21,7%), em receber atendimento na rede de saúde (18,4%), tirar documentos (13,9%). O estudo ressalta que essas informações são baseadas apenas em impedimentos sofridos, pois muitos indivíduos nem tentam entrar em certos locais para evitar passar por possíveisconstrangimentos. Segue o gráfico para avaliação:
Gráfico 9 – População em Situação de Rua e as discriminações sofridas2007-2008
Fonte: Elaboração própria Feitosa (2020)
Através do censo também foi possível conhecer que apenas 2,9% dos entrevistados confirmaram participação em algum movimento social ou associação, enquanto a grande maioria (95,5%) não participa de nenhum movimento social ou atividade de associativismo. Também deve-se mencionar que 61,6% dos entrevistadosnãopossuemtítuloeleitoraleporissonãoconseguemexercerodireito de cidadaniaelementar.De acordo com a pesquisa 60% dos entrevistados já foram internados em pelo menos uma instituição. 
O Censo Nacional sobre a População em Situação de Rua de 2008 contribuiu de forma efetiva para a criação de estratégias e políticas específicas mais próximas da realidade vivida por esse grupo populacional. A política Nacional para a População em Situação de Rua foi instituída através do Decreto nº 7.053/2009 logo após a divulgação dos resultados do Censo Pop Rua, com o objetivo de prever iniciativas a esse público.
Contudo, o contingente de 31.922 pessoas em situação de rua que foi informado pela pesquisa não corresponde ao número exato de pessoas nessa condição,poisfoiconsideradoapenas71municípios,sendoqueoBrasilpossui5570 municípios, além do fato de que essas pessoas vivem em constante movimento de um lugar para outro, pois geralmente buscam um local para dormir, outro para conseguir algum dinheiro, outro local para sealimentar.
Apesar de não contemplar toda a população em situação de rua do país comapesquisa,ocensopôdedemonstrarumaestimativaquesubsidiouaformulação da Política Nacional para a População em Situação de Rua e promover a criação de políticas voltadas para essas pessoas para que tenham sua dignidade recuperada e sejam reinseridas na sociedade. Contudo, o crescente número de pessoas nessa condição mostra que existe uma necessidade de políticas mais eficazes, pois percebe-sequesehouveesseaumentoétambémporqueaspolíticasutilizadasforam insuficientes para a demandaapresentada, não conseguindo atingir e resolver essa questão que a sociedade e o Estado persistem em ignorar. 
Atualmente,maisdedezanosapósadivulgaçãodaPolíticaNacionalpara a População em Situação de Rua, é possível perceber que houve um aumentoexpressivodepessoastendoquefazerdasruasasuamorada,oseulocaldetrabalho e o seu meio de sobrevivência.
Através dos resultados do Censo Pop Rua também foi possívelaprimorar o Cadastro Único que é um instrumento de identificação e caracterização sócio-econômica das famílias brasileiras de baixa renda, utilizado para seleção de beneficiários e integração de programas sociais do Governo (BRASIL, 2007). É com a base de dados do CadÚnico que é possível selecionar beneficiários para os mais de trinta programas sociais federais, incluindo o Programa Bolsa Família. 
De acordo com oCadÚnico havia cerca de 28 milhões de famílias de baixa renda cadastradas em março de 2019, o equivalente a 35% da população aproximadamente e correspondente a quase 76 milhões de pessoas.
O resultado do Censo Pop Rua possibilitou a utilização de formulário específico para identificação da população em situação de rua bem como ações de capacitação de entrevistadores do CadÚnico, pois o público a ser atendido possui características específicas que requerem uma preparação e sensibilização por parte dos entrevistadores. O CadÚnico também passou a utilizar o mesmo conceito de população em situação de rua estabelecido pela Política Nacional. 
No ano de 2012 havia um registro de 7.368 famílias em situação de rua de acordo com o CadÚnico. Esse número aumentou em 16 vezes registrando até março de 2019 um número de 119.636 famílias.Sendo quequase 70% dessa populaçãoregistrada no Cadastro Único vive no Sudeste. 89% são homens, 87% dormem na rua ou em albergues, 67% são pardos ou negros. 
De acordo com o CadÚnico os principais motivos que levam as pessoas a irem para as ruas são praticamente os mesmos que foram informados em 2009 através do Censo Pop Rua: problemas com a família (27%), desemprego (23%), problemas comálcool ou outras drogas (19%), perda de moradia (13%). Além desses dados, vale ressaltar que 98% das famílias em situação de rua cadastradas são unipessoais, sendo assim famílias constituídas por uma única pessoa, seja solteira, separada, divorciada ou viúva. Segue o gáfico com os dados para melhor avaliação:
Gráfico 10 – Razões da ida para a rua da População em Situação de Rua 2019
Fonte: Elaboração própria Feitosa (2020)
Nos últimos cinco anos a taxa de desemprego praticamente dobrou e as pessoas mais pobres são as mais afetadas. Nesse mesmo período foi cadastrado no CadÚnico através dos Centros Pop (Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua) um número expresivo de famílias: 65.806. Este número representa hoje mais da metade das famílias em situação de rua cadastradas.
Em 2016 o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA) realizou a pesquisa mais recente sobre essa população abrangendo 1.924 municípios onde extimaque no ano de 2015 exista no Brasil 101.854 pessoas em situação de rua e que a maioria esteja nos municípios maiores. Destaca a região Sudeste com 48,89% de pessoas em situação de rua enquanto 4,32% habitam a região Norte. 
Contudo, o IPEA ressalta que não é possível informar a estimativa para cada município e menciona a necessidade de pesquisas mais abrangentes e precisas, para que seja possível adquirir mais investimentos nas políticas públicas voltadas para essa população. “Recomenda-se que a contagem dessa população seja incorporada ao Censo de 2020 para suprir esta carência e que o governo federal incentive as gestões municipais a conhecerem sua população em situação de rua” (NATALINO, 2016, p. 25). Ou seja, a partir de dados precisos e atualizados sobre essas pessoas é possível traçar estratégias e planejamentos para a realização de políticas públicas condizentes com as necessidades daquelas e resultados efetivos no enfrentamento da questão. 
O Estado de São Paulo é um dos Estados de maior concentração de pessoas em situação de rua onde no ano 2000 foram registradas 8.706 e em 2015 o número saltou para 15.905de acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE e da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social-SMADS/ Prefeitura de São Paulo.
Em Tresina no Piauí atualmente não existe um número exato de quantas pessoas estão em situação de rua de acordo com a Coordenadora Técnica do Centro Pop Marina de Meneses Veras, informação repassada em live concedida aos alunos da UNIFAPI – Centro Universitário do Piauí no dia 21 de maio de 2020. Além da Coordenadora Técnica estava presente na transmissão a Gerente Executiva do Centro Pop,Carmem Célia A. Gomes. O Centro Pop é um centro especializado da Proteção Social Especial de Média Complexidade/SUAS, portanto, uma unidade de atendimento voltada para atendimento da População em Situação de Rua (será detalhado no capítulo seguinte). 
A Gerente Executiva do Centro Pop informou que no ano de 2014 existiam na cidade de Teresina aproximadamente 247 pessoas em situação de rua. Atualmente não existe um número preciso, de acordo com a Coordenadora Técnica Marina, pois não há um mapeamento atualizado, este estava sendo planejado para acontecer no ano de 2020, mas ainda não foi possível. Contudo, Marina informa que existem mais de 400 processos abertos para acompanhamento de usuários e mais de 1000 escutas realizadas dentro do Centro Pop, ou seja, já tiveram mais de 1400 atendimentos realizados no Centro Pop e esses atendimentos geraram escutas qualificadas emdemandas específicas e processos de acompanhamento das equipes que estão e passaram pelo unidade atualmente. Isso significa que teve um número crescente de 2014 até 2020, basicamente o dobro. A Coordenadora Técnica cita também os migrantes e os trecheiros que são as pessoas em situação de rua que passam pela cidade, mas não permanecem, ficam somente por algum tempo. 
Marina Veras então informa que atualmente na cidade de Teresina existem mais de 500 pessoas em situação de rua. E além do Centro Pop, as pessoas nessa condição recebem atendimento através da rede de assistência social como CRAS - Centro de Referência de Assistência Social, CREAS - Centros de Referência Especializado de Assistência Social, CAPS - Centro de Atenção Psicossocial que fazem encaminhamentos para a unidade. Existem serviços específicos para a população em situação de rua em Teresina como o Banho Móvel, onde as pessoas podem tomar banho e fazer a sua higiene e, também o Consultório na Rua, onde uma equipe multiprofissional circula a cidade numa Van e permite às pessoas em situação de rua terem acesso aos serviços de saúde através de atendimentos. A Casa do Caminho, entidade vinculada à SEMCASPI (Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas), também atende pessoas em situação de rua que podem dormir no local, ter acesso a higienização, alimentação e encaminhamentos por meio da rede socioassistencial. Estes programas e serviços serão detalhados no capítulo seguinte. 
REFERÊNCIAS:
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ACESSO EM 06 DE JUNHO DE 2020, AS 23
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-85/evolucao-historica-e-legislativa-da-familia-e-da-filiacao/#_ftn1
Evolução histórica e legislativa da família e da filiação
01/02/2011 artigo da revista ou portal âmbito jurídico
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ENGELS, Friedrich. A origem da família da propriedade priva-
da e do Estado: Texto integral. Traduzido por Ciro Mioranza. 2. ed. rev. 
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Profissões mais citadas 	
Construção civil 	Comércio 	Trabalho doméstico	Mecânica 	0.27200000000000002	4.3999999999999997E-2	4.3999999999999997E-2	4.1000000000000002E-2	
População em Situação de Rua e problemas de saúde 
Vendas	[VALOR]
[VALOR]
[VALOR]
[VALOR]
Hipertensão 	Problema psiquiátrico/mental 	HIV/Aids 	Problemas de visão/cegueira 	0.10100000000000002	6.1000000000000013E-2	5.1000000000000004E-2	4.5999999999999999E-2	
População em Situação de Rua e os locais onde costuma tomar banho
Vendas	[VALOR]
[VALOR]
[VALOR]
[VALOR]
Rua 	Albergues/abrigos	Banheiros públicos	Ca	sas de parentes ou amigos	0.32600000000000012	0.31400000000000011	0.14200000000000004	5.1999999999999998E-2	
População em Situação de Rua e os locais onde costuma fazer suas necessidades fisiológicas
Vendas	[VALOR]
[VALOR]
[VALOR]
[VALOR]
[VALOR]
Rua 	Albergues/abrigos	Banheiros públicos	Estabelecimentos comerciais 	Casas de parentes ou amigos	0.32500000000000012	0.252	0.21300000000000005	9.4000000000000028E-2	2.700000000000001E-2	
População em Situação de Rua e acesso aos programas governamentais 
Vendas	[VALOR]
[VALOR]
[VALOR]
[VALOR]
Não recebe qualquer benefício dos ór	gãos governamentais	Aposentadoria 	Bolsa Família 	Benefício de Prestação Continuada (BPC)	0.88500000000000001	3.2000000000000015E-2	2.3E-2	1.2999999999999998E-2	
População em Situação de Rua impedida de entrar em certos locais e de exercer certas atividades 
Profissões mais citadas 	
estabelecimento comercial 	shopping center 	transporte coletivo 	bancos 	órgãos públicos 	atendimento na rede de saúde 	tirar documentos 	0.31800000000000012	0.31300000000000011	0.29800000000000015	0.26700000000000002	0.21700000000000005	0.18400000000000005	0.13900000000000001	
Motivos da ida para a rua 
Motivos de ida para a rua 	27%
23%
19%
13%
Problemas com a família 	Desemprego	Problemas com álcool e outras drogas	Perda de moradia	0.27	0.23	0.19	0.13	
Motivos da ida para a rua 
Motivos da ida à rua 	[VALOR]
[VALOR]
[VALOR]; 
[VALOR]
Problemas de alcoolismo e/ou drogas	Desemprego	Desavenças com pai/mãe/ irmãos	Outros motivos 	0.35500000000000009	0.29800000000000015	0.29100000000000009	5.6000000000000008E-2	
Trabalho e Renda da População em Situação de Rua 
Vendas	[VALOR]
[VALOR]
[VALOR]
Exerce alguma atividade remunerada	Pede dinheiro como meio principal de sobrevivência	Não informado	70.900000000000006	15.7	13.4	
Atividades exercidas 	
Catador de recicláveis 	Flanelinha 	Const	rução civil 	Limpeza 	Carregador/estivador 	0.27500000000000002	0.14100000000000001	6.3E-2	4.2000000000000016E-2	3.100000000000001E-2

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