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Programa de Educação Continuada a Distância Curso de Nutrição Clínica Aluno: EAD - Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 2 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Curso de Nutrição Clínica Aplicada MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 3 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores SUMÁRIO MÓDULO I 1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES EM NUTRIÇÃO CLÍNICA 1.1 ALIMENTAÇÃO 1.2 ALIMENTOS 1.3 NUTRIENTES 1.4 NUTRIÇÃO 1.5 DIETA 1.6 DIETA MODIFICADA 1.7 DIETOTERAPIA 1.8 OBJETIVOS DA DIETOTERAPIA 1.9 PRINCÍPIOS DA DIETOTERAPIA 2 ASPECTOS LEGAIS DA NUTRIÇÃO CLÍNICA 3 NUTRIÇÃO HOSPITALAR 3.1 SERVIÇO DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA HOSPITALAR 3.2 ÁREA PARA MANIPULAÇÃO DE NUTRIÇÃO ENTERAL 3.3 LACTÁRIO HOSPITALAR 3.4 BANCO DE LEITE HUMANO 4 ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL E ALIMENTAR EM NUTRIÇÃO CLÍNICA 4.1 O NUTRICIONISTA CLÍNICO 4.2 FASES DO CUIDADO NUTRICIONAL 4.3 CÁLCULO DE DIETAS EM NUTRIÇÃO CLÍNICA 4.4 INFORMÁTICA EM NUTRIÇÃO CLÍNICA 4.5 ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL HOSPITALAR 4.5.1 Prescrição da Dieta x Prescrição Dietética 4.5.2 O Prontuário de Nutrição 4.5.3. Manual de Dietas 4 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO II 5 INTRODUÇÃO 6 ESTADO NUTRICIONAL X DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL 7 TRIAGEM NUTRICIONAL, AVALIAÇÃO NUTRICIONAL COMPLETA E MONITORAMENTO NUTRICIONAL 8 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL 9 HISTÓRIA CLÍNICA 10 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL 11 EXAME FÍSICO NUTRICIONAL 12 AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL 13 ANTROPOMETRIA 14 COMPOSIÇÃO CORPORAL 15 CONSUMO ALIMENTAR 16 EXAMES BIOQUÍMICOS MÓDULO III 17 A DIETA HOSPITALAR: MODELOS ALIMENTARES DE ROTINA 17.1 ALIMENTAÇÃO NO HOSPITAL: PRINCIPAIS MODIFICAÇÕES DIETÉTICAS 17.1.1 Quanto ao Número de Refeições 17.1.2 Quanto aos Horários 17.1.3 Quanto ao Sabor 17.1.4 Quanto à Temperatura 17.1.5 Quanto ao Volume 17.1.6 Quanto ao Conteúdo de Resíduo 17.1.7 Quanto à Consistência 18 GASTRONOMIA HOSPITALAR 19 TIPOS DE DIETAS HOSPITALARES 20 CARACTERÍSTICAS GERAIS, INDICAÇÕES E COMPOSIÇÃO ALIMENTAR DAS PRINCIPAIS DIETAS DE ROTINA EM HOSPITAIS 5 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 20.1 DIETAS LÍQUIDAS 20.1.1 Líquida Restrita ou Dieta de Líquidos Claros ou Dieta Hídrica ou Dieta Líquida Cirúrgica 20.1.2 Dieta Líquida Completa ou Líquida Geral 20.2 DIETA SEMILÍQUIDA 20.3 DIETA PASTOSA 20.3.1 Dieta Branda 20.3.2 Dieta Leve 20.4 DIETA GERAL OU DIETA NORMAL OU DIETA LIVRE 21 CARACTERÍSTICAS GERAIS, INDICAÇÕES E COMPOSIÇÃO ALIMENTAR DAS PRINCIPAIS DIETAS MODIFICADAS EM NUTRIENTES 21.1 QUANTO ÀS CALORIAS 21.2 QUANTO ÀS PROTEÍNAS 21.3 QUANTO AOS LIPÍDIOS 21.4 QUANTO AOS CARBOIDRATOS 21.5 QUANTO AO SÓDIO 22 CARACTERÍSTICAS GERAIS, INDICAÇÕES E COMPOSIÇÃO ALIMENTAR DAS PRINCIPAIS DIETAS TERAPÊUTICAS 22.1 DIETAS NAS DOENÇAS DO TRATO GASTROINTESTINAL 22.2 DIETAS NAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES 22.3 DIETA NAS DOENÇAS PULMONARES 22.4 DIETAS NAS DOENÇAS RENAIS (INSUFICIÊNCIAS RENAIS) 22.5 DIETA PARA DIABETES MELLITUS 22.6 DIETAS PARA PREPARO DE EXAMES MÓDULO IV 23 INTRODUÇÃO 24 DEFINIÇÕES 24.1 NUTRIÇÃO ENTERAL (NE) E TERAPIA DE NUTRIÇÃO ENTERAL (TNE) 24.2 EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DE TERAPIA NUTRICIONAL (EMTN) 6 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 24.3 ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA NA EMTN 25 SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR VIA ORAL 25.1 INDICAÇÕES DE USO 25.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SUPLEMENTOS ORAIS 26 NUTRIÇÃO ENTERAL 26.1 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES DA NUTRIÇÃO ENTERAL 26.2 VIAS DE ACESSO E LOCALIZAÇÃO DA SONDA 26.2.1 As Sondas 26.3 ADMINISTRAÇÃO DA NUTRIÇÃO ENTERAL 26.4 MONITORIZAÇÃO DA NUTRIÇÃO ENTERAL 26.5 FÓRMULAS PARA NUTRIÇÃO ENTERAL 26.5.1 Dietas 26.5.1.1 Dietas Enterais Quanto à Forma de Preparo 26.5.1.2 Dietas Enterais Quanto aos Objetivos da Terapia Nutricional 26.5.1.3 Dietas Enterais Quanto ao Suprimento de Calorias 26.5.1.4 Dietas Enterais Quanto à Complexidade de Nutrientes 26.5.1.5 Dietas Enterais Quanto à Presença ou Ausência de um Nutriente Específico 26.6 COMPOSIÇÃO DAS FÓRMULAS ENTERAIS INDUSTRIALIZADAS 26.6.1 Proteína 26.6.2 Carboidratos 26.6.3 Fibras 26.6.4 Lípides 26.6.5 Micronutrientes 26.6.6 Água 26.7 COMPLICAÇÕES EM NUTRIÇÃO ENTERAL 27 NUTRIÇÃO PARENTERAL 27.1 NUTRIÇÃO PARENTERAL PERIFÉRICA (NPP) 27.2 NUTRIÇÃO PARENTERAL TOTAL (NPT) 27.3 NUTRIÇÃO PARENTERAL VIA INTRADIALÍTICA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 7 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO I Atualmente o interesse pelos aspectos que envolvem Alimentação e Nutrição é bastante crescente, não só no Brasil, mas no mundo todo. Assim, o nutricionista ganha mais espaço e reconhecimento diante da população em geral, instituições e governo. A aplicação adequada dos conhecimentos técnico-científicos em nutrição clínica depende de uma base sólida sobre o estudo dos alimentos e envolve o conhecimento e reconhecimento de termos e definições habitualmente usados pelos nutricionistas, mas que muitas vezes, de tão difundidos, são aplicados de forma inadequada, uma vez que também são falados por outros profissionais e, até mesmo, pelo público em geral, visto a constante divulgação de trabalhos na área alimentar. 1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES EM NUTRIÇÃO CLÍNICA 1.1 NUTRIÇÃO As definições mais simples enfocam apenas o aspecto fisiológico da nutrição e limitam o seu verdadeiro sentido. De acordo com Borsoi (2004): “Nutrição é o processo de retirar do meio ambiente os alimentos necessários para sustentar o organismo, tanto pela assimilação das substâncias essenciais quanto pela eliminação daquelas que não podem mais ser aproveitadas”. Whitney e Rolfes (2008) definem nutrição como “combinação de processos através dos quais o organismo recebe e utiliza o material necessário para obtenção de energia, para manutenção de suas funções e para a formação e regeneração dos tecidos corporais”. Mas a nutrição é bem mais ampla e complexa, envolvendo aspectos desde a seleção e escolha dos alimentos, passando pelo contexto de vida do indivíduo até sua relação com a saúde e doença, sem esquecer os aspectos fisiológicos. Dessa forma 8 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores inclui implicações sociais, econômicas, culturais e psicológicas relacionadas aos alimentos e à alimentação. Portanto, uma definição mais completa aponta nutrição como: Ciência dos alimentos, dos nutrientes e outras substâncias afins; sua atuação, interação e balanço em relação à saúde e enfermidade, e o processo através do qual o organismo ingere, digere, absorve, transporta, utiliza e excreta as substâncias alimentares; estando relacionadaàs implicações sociais, econômicas, culturais e psicológicas, entre o alimento e o indivíduo (CARVALHO; RAMOS, 2005). 1.2 ALIMENTAÇÃO De acordo com Fisberg et al. (2002): “Alimentação é o processo pelo qual os seres vivos adquirem do mundo exterior os alimentos que compõem a dieta”. Santos (2004) amplia um pouco mais este conceito e diz: “Alimentação é o ato de selecionar, preparar e ingerir o alimento para satisfazer o nosso apetite, agradar ao paladar e suprir as necessidades nutritivas do organismo; é o ato e o agente da nutrição, sendo que a alimentação é voluntária e a nutrição, não!” Nota-se que o conceito de alimentação está embutido no conceito de nutrição, tratando dos aspectos relacionados à escolha e utilização das substâncias nutritivas. Para Fisberg et al. (2002), a seleção de alimentos é bastante complexa e influenciada por vários fatores, uma vez que na escassez de alimentos é provável que haja deficiências e na abundância não há garantias de que a nutrição seja adequada. Aspectos como renda familiar, disponibilidade de alimentos e aspectos culturais influenciam diretamente a seleção dos alimentos. 9 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 1.3 ALIMENTOS Alimento “é qualquer substância sólida ou líquida, de origem animal, vegetal ou sintética que fornece aos indivíduos a energia de que precisam para realizar suas funções metabólicas.” (TIRAPEGUI; MENDES, 2002). Outra definição de alimentos considera-os como substâncias que uma vez deglutidas encerram em seu interior materiais a partir dos quais o organismo pode produzir movimento, calor ou qualquer outra forma de energia; materiais para o crescimento, reparação tecidual e reprodução; substâncias necessárias para a regulação da produção de energia e dos processos de crescimento e reparação tecidual. Os componentes alimentares que desempenham todas essas funções são os nutrientes. Os alimentos não são apenas o meio para adquirirmos os nutrientes, mas assumem um papel emocional importante, pois os alimentos ou substâncias alimentares são produtos naturais dotados de certas qualidades sensoriais (consistência, sabor e aroma), com certo apelo emocional, que excitam nosso apetite e encerram uma variedade de nutrientes, segundo sua composição química. Fisberg et al. (2002) dizem que nenhum alimento é completo, com exceção do leite materno nos primeiros seis meses de vida; portanto, nenhum outro alimento possui todos os nutrientes em quantidade suficiente para suprir as necessidades do corpo. Desta forma, a alimentação deve ser variada no fornecimento dos alimentos. 1.4 NUTRIENTES Nutrientes são as substâncias químicas inseridas nos alimentos e que tem funções diversas no organismo. São eles: proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e minerais. Os nutrientes não agem isoladamente no organismo, pelo contrário, sua ação é interdependente. A água é o “solvente universal” e representa mais da metade do 10 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores peso corporal dos seres humanos, portanto é essencial para a vida e, assim como o oxigênio, não é considerado um nutriente. 1.5 DIETA OU REGIME ALIMENTAR Dieta consiste na mistura de alimentos ingeridos diariamente. Carvalho e Ramos (2005) descrevem dieta como quantidade habitual de alimentos sólidos ou líquidos que um indivíduo consome. Dieta também é considerada como o conjunto sistematizado de normas de alimentação de um indivíduo, seja ele saudável ou enfermo, tendo uma finalidade preventiva e/ou terapêutica destinada a indivíduos ou grupos. Atualmente, o termo dieta tem sido usado de forma equivocada apenas referindo-se ao regime alimentar para emagrecimento. A Dietética é a parte da Nutrição que se dedica ao estudo das dietas aplicadas aos indivíduos e/ou coletividades sadias. 1.6 DIETA MODIFICADA Dieta modificada é aquela que em qualquer de suas características físico- químicas deve ser ajustada a uma alteração do processo digestivo e/ou funcionamento geral do organismo. É quando há a necessidade de adaptações do regime alimentar para prevenção ou tratamento de enfermidades. Alteram-se as características da dieta, sejam elas físicas (consistência) ou químicas (nutricionais), de acordo com as exigências da proposta de mudança da dieta. Essas alterações podem ser temporárias ou definitivas. 1.7 DIETOTERAPIA 11 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Nominalmente significa o tratamento de patologias utilizando-se a dieta, tendo enfoque curativo e/ou preventivo. De uma forma mais ampla define-se como o tratamento dos indivíduos portadores de determinada patologia através de uma alimentação adequada, considerando-se não só a doença, mas também todas as outras condições, mantendo ou recuperando o estado nutricional. Para Longo e Navarro (2002), o conceito de dietoterapia pode ser representado por uma pirâmide com quatro degraus, de acordo com as especificações abaixo: a) Base da pirâmide: encontra-se a química biológica, bioquímica e composição dos alimentos, através do estudo dos nutrientes essenciais e suas reações dinâmicas independentes e codependentes. b) Primeiro degrau: estão os conhecimentos de nutrição normal e nutrição e dietética, através dos estudos sobre os diferentes ciclos vitais (gestação, lactação, infância, adolescência, fase adulta, envelhecimento) e de outras condições da vida do ser humano (esportistas, nutrição do trabalhados, nutrição nas escolas, etc) e suas relações com as necessidades nutricionais de cada grupo para obter crescimento e desenvolvimento adequados, embasados pelos conhecimentos de anatomia e fisiologia. c) Segundo degrau: aqui estão os conhecimentos de técnica dietética, pois se aplicam todas as séries de transformações que se produzem nos alimentos para que sejam “veículo” adequado dos nutrientes até o organismo. d) Terceiro degrau: encontram-se os conhecimentos sobre a fisiopatologia dos processos de doença que acometem crianças, adolescentes, adultos e idosos, embasadas a partir do estudo de conteúdos sobre fisiologia e patologia. e) Topo da pirâmide: sustentada pelas bases anteriores está a nutrição terapêutica ou dietoterapia, onde se aplicará uma alimentação adequada para manutenção da saúde, prevenção de doenças ou tratamento das mesmas. Convém destacar que o ser humano, objeto principal da dietoterapia, é um ser indivisível (biopsicossocial), pois as doenças não são unidades independentes e que não existem doenças, mas sim doentes. Desta forma, todos os outros conteúdos dos 12 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores cursos de Nutrição vêm atender esta necessidade de tratamento nutricional completo do homem e não do tratamento da doença ou de suas partes. A dietoterapia é, portanto: O tratamento dos indivíduos portadores de determinada patologia através da alimentação adequada, considerando-se não só a doença, mas também todas as outras condições em que se encontra o indivíduo (visão holística do atendimento); em que pacientes com a mesma patologia, conforme seu estado físico, nutricional, psicológico, além de outras características, podem receber dietas diferentes, mesmo que alguns princípios sejam idênticos (AUGUSTO, 2002). 1.8 OBJETIVOS DA DIETOTERAPIA A finalidade básica da dietoterapia é oferecer ao organismo debilitado os nutrientes adequados da forma que melhorse adapte ao tipo de condição patológica e características físicas, nutricionais, psicológicas e sociais do indivíduo, recuperando-o. Para isso, é necessário que se estabeleça se as necessidades do indivíduo são de manutenção ou de recuperação. De uma forma mais didática apresentaremos abaixo os objetivos da dietoterapia melhor visualizados: Objetivo Geral: Recuperar e/ou manter o estado de saúde, levando o paciente às suas atividades normais. Objetivos Específicos: Ajustar a dieta à capacidade do organismo em digerir, absorver e tolerar determinados alimentos, bem como à capacidade em metabolizar os nutrientes. 13 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Contribuir para compensar estados específicos de deficiência nutricional. Estimular e/ou dar repouso a um determinado órgão. Educar pacientes e familiares para aquisição de hábitos alimentares compatíveis com a saúde e com seu estilo de vida. 1.9 PRINCÍPIOS DA DIETOTERAPIA Para uma correta aplicação dos objetivos da dietoterapia é importante agregar os princípios da mesma, a fim de prescrevermos recomendações dietoterápicas que possam ser práticas e viáveis. Os princípios são: Utilizar, sempre que possível, a dieta habitual como padrão; Fundamentar a dieta ao estado nutricional e às condições do trato digestivo do indivíduo; Utilizar, sempre que possível, a via oral como preferencial; Conhecer o diagnóstico das enfermidades e sua fisiopatologia; Considerar o período evolutivo da doença; Atender aos hábitos alimentares, de atividade física e de trabalho, padrões culturais, condições socioeconômicas, bem como à disponibilidade humana, material e financeira da instituição em que se trabalha; Instruir e orientar pacientes, acompanhantes e familiares quanto à importância da alimentação prescrita; A prescrição dietética deve ser clara, de fácil execução e flexível. 2 ASPECTOS LEGAIS DA NUTRIÇÃO CLÍNICA 14 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores A regulamentação da profissão de nutricionista, no Brasil, ocorreu em 24 de abril de 1967, pela Lei nº 5.276, que dispõe sobre a profissão de nutricionista e dá outras providências para o exercício das atividades. Esta regulamentação foi revogada e atualizada em 17 de setembro de 1991 pela Lei nº 8.234. A Resolução do Conselho Federal de Nutrição (CFN) nº 380/2005 estabelece as atribuições específicas do nutricionista nas suas diversas áreas de atuação. Em Nutrição Clínica as áreas de atuação definidas pela resolução acima estão apresentadas no quadro abaixo. QUADRO 1 - ÁREAS DE ATUAÇÃO DO NUTRICIONISTA EM NUTRIÇÃO CLÍNICA ÁREA ESPECIFICAÇÕES Nutrição Clínica Hospitais e Clínicas em geral Ambulatórios e Consultórios Instituições de longa permanência para idosos Bancos de Leite Humano e Lactários Centrais de Terapia Nutricional Spas Atendimento domiciliar FONTE: Conselho Federal de Nutricionistas, Resolução nº 380/2005. Ainda de acordo com a Resolução CFN nº 380/2005, na área de Nutrição Clínica: 15 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Compete ao nutricionista prestar assistência dietética e promover educação nutricional a indivíduos, sadios ou enfermos, em nível ambulatorial, hospitalar, domiciliar e em consultórios de nutrição e dietética, visando à promoção, manutenção e recuperação da saúde. (RESOLUÇÃO CFN nº 380, 2005) Para uma atuação profissional mais segura o nutricionista clínico deve se orientar, também, pelas seguintes resoluções: a) Resolução CFN nº 222/1999: dispõe sobre a participação do nutricionista em equipes multiprofissionais de terapias nutricionais (EMTN) para a prática de terapias nutricionais enterais (TNE). b) Resolução CFN nº 223/1999: dispõe sobre o exercício profissional do nutricionista na área de Nutrição Clínica. c) Resolução CFN nº 304/2003: dispõe sobre critérios para prescrição dietética na área de Nutrição Clínica. d) Resolução CFN nº 306/2003 (revoga a de nº 236/2000): dispõe sobre solicitação de exames laboratoriais na área de Nutrição Clínica. e) Resolução CFN nº 390/2006: regulamenta a prescrição dietética de suplementos nutricionais pelo nutricionista. f) Resolução CFN nº 402/2007: regulamenta a prescrição fitoterápica pelo nutricionista de plantas in natura frescas, ou como droga vegetal nas suas diferentes formas farmacêuticas. g) Resolução CFN nº 417/2008: dispõe sobre procedimentos nutricionais para atuação dos nutricionistas. 16 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Com base nessas resoluções o nutricionista clínico pode atuar de forma mais segura e acertada, encontrando diretrizes para uma atuação profissional de qualidade e respaldada na legislação. 3 NUTRIÇÃO HOSPITALAR Os serviços de nutrição e alimentação hospitalar são meios para proporcionar atenção nutricional adequada para usuários e trabalhadores de tais instituições. Administrativa e financeiramente este setor não apresenta lucratividade. 3.1 SERVIÇO DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA HOSPITALAR O serviço de nutrição e dietética hospitalar “é um subsistema do sistema hospitalar, devendo estar situado em área técnica, quanto à subordinação junto à organização hospitalar, para que haja a possibilidade de um pleno desenvolvimento do processo de assistência nutricional”. (BALCHIUNAS, 2005). Para Garcia (2006), a dieta hospitalar é importante para prover o aporte de nutrientes para o paciente internado e, assim, preservar seu estado nutricional pelo seu papel coterapêutico em enfermidades agudas e crônicas. Agrega-se às suas atividades o desenvolvimento de ensino e pesquisa. O serviço de nutrição e dietética hospitalar é formado pelas seguintes áreas: a) Área de administração: com um nutricionista responsável técnico (RT) pelo setor, gerenciando e coordenando a unidade. Com relação a esta coordenação, pode haver um coordenador de nutrição clínica e outro coordenador da unidade de alimentação e nutrição, ambos, obrigatoriamente nutricionistas. b) Área de recebimento e estocagem de gêneros perecíveis e não-perecíveis. 17 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores c) Área de pré-preparo e preparo das refeições normais (dietas gerais) e modificadas (dietas especiais). d) Áreas de produção especializada: Lactário, Bancos de Leite Humano, Sala de Manipulação de Dietas Enterais: podendo estar presentes, ou não, dependendo do porte do hospital. e) Área de distribuição das refeições (refeitório) para funcionários e acompanhantes autorizados. Alguns serviços dispõem de área para distribuição de refeições e lanches para visitantes e acompanhantes (lanchonete, restaurante próprio), estando subordinada ao serviço de nutrição do hospital. f) Área para a distribuição das refeições dos clientes internados nas várias unidades de atendimento da instituição hospitalar. Dois tipos de fornecimento (entrega) de refeições são usados para entregá-las aos pacientes: centralizado e descentralizado. No serviço centralizado a refeição é confeccionada e porcionada completamente na área de produção dos alimentos ou próximo a ela, sendo entregue pelos copeiros por um sistema de transporte adequado (carrinhos térmicos) com elevador de uso exclusivo para tal (quando for o caso). O serviço descentralizado refere-se ao método no qualo alimento ou refeição seja transportado para uma copa de serviços localizada na ala de atendimento ao paciente e só então é confeccionada a refeição (normalmente pequenas refeições como lanches) e levada ao paciente pelo copeiro hospitalar. Neste contexto verifica-se que a população atendida pelo serviço de nutrição do hospital é bastante diversificada, tanto com relação à faixa etária, tipo(s) de patologia(s), hábitos alimentares e culturais, quanto com relação à presença de indivíduos sadios que prestam assistência aos pacientes institucionalizados. Além disso, verifica-se que a presença do profissional nutricionista envolve tanto o gerenciamento de unidades de alimentação e nutrição como a assistência direta a indivíduos enfermos, cabendo ao nutricionista clínico prestar o cuidado nutricional adequado a estes últimos. 18 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 3.2 ÁREA PARA MANIPULAÇÃO DE NUTRIÇÃO ENTERAL Nutrição enteral “é a administração de nutrientes pelo trato gastrointestinal através do artifício de sondas” (BAXTER; WAITZBERG, 2007). O paciente em uso dessa forma de alimentação é categorizado no esquema de terapia nutricional enteral e recebe dietas específicas para tal finalidade, que devem ser manipuladas em ambiente apropriado conforme a legislação vigente sobre o tema. As dietas enterais podem ser industrializadas ou artesanais e são ricas em macro e micronutrientes e, por isso, tornam-se excelentes meios de crescimento de micro-organismos, “devendo ser manipuladas por pessoal técnico devidamente capacitado e em local adequado para evitar os riscos de contaminação do produto final” (MAURÍCIO; GENTA; MATIOLI, 2005). “A contaminação dos componentes deste tipo de formulação pode prejudicar a recuperação e o restabelecimento do paciente a ela submetido, contribuindo para o aumento no risco de infecções e retardo da recuperação” (MEDINA; NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2008). Todas as etapas de manipulação dessas dietas ficam sob a responsabilidade do profissional nutricionista. A Resolução nº 63, de 06 de junho de 2000, da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, que aprova o Regulamento Técnico para fixar os requisitos mínimos exigidos para a Terapia de Nutrição Enteral, apresenta todas as orientações acerca desta modalidade de alimentação, desde definições de termos usados na área, passando pelas atribuições dos profissionais da equipe de terapia nutricional, inclusive nutricionista, até as recomendações sobre a área de manipulação de dietas enterais. No anexo II do referido documento estão as Boas Práticas de Preparação de Nutrição Enteral – BBPNE, com a fixação dos procedimentos a serem adotados pela unidade hospitalar na manipulação de dietas enterais. Destaca-se, deste documento, que as dietas enterais podem ser manipuladas tanto em ambiente hospitalar (em área exclusiva ou compartilhada com o lactário do serviço, desde que atenda às 19 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores especificações do regulamento técnico) como em Empresas Prestadoras de Bens e Serviços (EPBS) que se destinem à manipulação destas formulações. Assim, a Unidade de Alimentação e Nutrição Hospitalar pode ter em seu organograma uma área destinada à manipulação das dietas enterais ou pode terceirizar o serviço, recebendo tais dietas de empresas especializadas que também possuem o profissional nutricionista como responsável técnico das atividades. Tanto uma, como a outra forma, devem seguir as diretrizes do regulamento técnico mencionado acima. 3.3 LACTÁRIO HOSPITALAR Lactário “é a unidade do Serviço de Nutrição e Dietética Hospitalar destinada ao preparo, higienização e distribuição de preparações lácteas e fórmulas infantis, seguindo rigorosas técnicas de controle higiênico-sanitário e microbiológico das formulações preparadas em tal unidade.” (ROCHA; NOGUEIRA, 1997). Deve existir em todas as Unidades Hospitalares que possuam atendimento pediátrico e/ou obstétrico, obedecendo à Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 307, de 14 de novembro de 2002. Nos hospitais que utilizam dietas enterais em sistema aberto a Resolução nº 307, citada acima, orienta que a área de preparo e envase de fórmulas lácteas e não lácteas pode ser compartilhada com a área de preparo e envase de dietas enterais, desde que exista sala separada para fogão, geladeira, micro-ondas e freezer e constem, por escrito, nos procedimentos e rotinas do serviço, horários distintos para as duas manipulações. No caso de manipulação exclusiva de nutrição enteral em sistema fechado, o hospital fica dispensado da área de manipulação, quando em conjunto com o lactário, obedecendo-se rigorosamente as orientações de uso do fabricante e respeitando-se horários diferenciados para envase das dietas. Segundo Tanaka, Reis e Ambrósio (2007), o lactário é responsável pelo desenvolvimento das seguintes atividades, sempre com a responsabilidade técnica do nutricionista: 20 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores a) Higienização de mamadeiras, copos e outros utensílios utilizados para oferta das fórmulas lácteas em áreas destinadas à recepção e lavagem desses materiais. b) Desinfecção das mamadeiras, copos e outros acessórios usados. c) Preparo e envase de fórmulas lácteas e não-lácteas (ex: à base de soja). d) Esterilização terminal que consiste na autoclavagem das mamadeiras já porcionadas e prontas para serem encaminhadas às unidades de internação hospitalar. e) Estocagem e distribuição das formulações preparadas. f) Recebimento das prescrições das fórmulas pediátricas e das dietas enterais, seja de forma manual ou informatizada. g) Limpeza e sanitização dos insumos usados no setor. h) Além das áreas específicas para cada atividade acima mencionada, o lactário hospitalar também deve dispor de vestiário para paramentação adequada dos funcionários e depósito para material de limpeza. Conforme observado, as especificações para funcionamento do lactário hospitalar necessitam do profissional nutricionista gerenciando e coordenando todas as etapas das atividades do setor. 3.4 BANCO DE LEITE HUMANO (BLH) É um centro especializado e obrigatoriamente ligado a um hospital materno e/ou infantil, responsável pela promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno (cerca de 75% das suas atividades) e execução das atividades de coleta do leite 21 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores excedente, do processamento, controle de qualidade e distribuição do leite humano, conforme prescrição do médico ou nutricionista (BANCO DE LEITE HUMANO, 2008). Ressalta-se que é uma instituição sem fins lucrativos, sendo vedada a comercialização dos produtos de sua responsabilidade. Segundo Heck (2007), a responsabilidade técnica do BLH somente deve ser atribuída ao profissional nutricionista, enfermeiro, médico, bioquímico ou engenheiro de alimentos, sendo que, normalmente, na prática clínica, fica sob a responsabilidade de enfermeiro ou nutricionista. A Resolução RDC nº 171, de 04 de setembro de 2006, dispõe sobre o Regulamento Técnico para o Funcionamento de Bancos de Leite Humano com o objetivo de garantir a segurança sanitária do leite humano ordenhado. Mais recentemente, em 2008, a ANVISA publicou um manual de orientações sobre atividades do processamento do leite humano, tendo como base a resolução citada acima e intitulado “Banco de Leite Humano:funcionamento, prevenção e controle de riscos”. Este documento está disponível para download no endereço eletrônico <http://www.fiocruz.br/redeblh/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home>. Os principais objetivos do BLH são: Fornecer leite humano ordenhado pasteurizado aos prematuros e recém- nascidos de baixo peso e doentes internados em unidades hospitalares. Prestar assistência às mães doadoras e às mães com dificuldades na amamentação. Atualmente o Brasil conta com uma Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, com mais de 186 unidades instaladas, sendo considerada a maior e melhor Rede Nacional de Bancos de Leite Humano do mundo. 22 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 4 ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL E ALIMENTAR EM NUTRIÇÃO CLÍNICA 4.1 O NUTRICIONISTA CLÍNICO O nutricionista foi educado na ciência da nutrição humana com a finalidade de assumir a responsabilidade pelo acompanhamento nutricional de indivíduos e grupos, portanto, o nutricionista clínico é um membro das equipes de atendimento à saúde que atua na assistência nutricional de indivíduos e grupos para a manutenção das condições de saúde. Ao atuar em uma instituição que fornece serviços alimentares (ex: hospitais), o nutricionista clínico colabora com os outros membros da equipe administrativa do setor de nutrição e pode coordenar atividades no setor. Para Frangella, Tchakmakian e Pereira (2007), cabe ao nutricionista clínico as seguintes atividades: a) Adequar e atualizar seus conhecimentos nutricionais e fisiopatológicos. b) Realizar inquérito alimentar para conhecer os hábitos alimentares e culturais do paciente e sua família. c) Avaliar o estado nutricional dos pacientes, utilizando-se de métodos subjetivos e objetivos. d) Planejar e implementar a dieta mais adequada para a situação nutricional e de doença do paciente, determinando as necessidades calóricas e nutricionais pertinentes ao caso. e) Viabilizar a elaboração e distribuição adequada da dieta planejada. f) Acompanhar a distribuição das refeições aos pacientes para avaliar a aceitação alimentar. 23 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores g) Rever e replanejar a conduta dietética, sempre que necessário. h) Participar efetivamente da equipe multidisciplinar de terapia nutricional, quando existir na unidade hospitalar. i) Trabalhar a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade com os diferentes membros da equipe de saúde. j) Fomentar a pesquisa para contribuir com o avanço da ciência da nutrição. É importante destacar que, já na década de 80, Anderson et al. (1988), alertava que o nutricionista clínico nunca poderá delegar sua responsabilidade pela qualidade da assistência nutricional de qualquer paciente a outro membro da equipe de saúde que não seja outro nutricionista. Os setores de atuação do nutricionista clínico em unidade hospitalar são: chefia e coordenação do serviço de nutrição clínica da instituição, membro do corpo clínico diretor do hospital, atendimento dos pacientes nas unidades de internação (enfermarias), atendimento nutricional em ambulatório hospitalar, responsável técnico pelo lactário, banco de leite humano e equipe multidisciplinar de terapia nutricional – EMTN (preferencialmente, conforme a legislação vigente, um responsável técnico para cada setor citado anteriormente), bem como em qualquer atividade que esteja exercendo pode desenvolver e coordenar estudos e pesquisas na área de nutrição clínica. Para poder desempenhar adequadamente suas funções assistenciais, o nutricionista clínico deve desenvolver uma série de qualidades e condições tais como: sagacidade para interpretar todos os componentes pessoais de seus pacientes; flexibilidade mental para adequar-se e adaptar-se às diferentes circunstâncias da atuação profissional; poder de decisão para assumir a responsabilidade em determinar a conduta dietética; capacidade de trabalhar em equipe para compreender as diferentes nuances do trabalho em equipe e, principalmente, conviver com outras categorias profissionais, respeitando seus limites de atuação e sentido existencial e humano, não rígido, nem estrito e, tampouco esquemático, sendo sensível diante dos problemas humanos. Mas, antes de tudo, o nutricionista deve assumir sua tarefa com 24 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores atitude positiva, manter-se permanentemente atualizado e amar sua profissão, respeitando-a com uma excelente atuação e valorizando-a com ética e profissionalismo. 4.2 FASES DO CUIDADO NUTRICIONAL O atendimento nutricional pode ser definido como: A prática de prestar assistência nutricional a um indivíduo ou grupo, sendo uma das principais áreas de atuação do nutricionista, pois tem como meta orientar condutas dietéticas para garantir hábitos alimentares saudáveis e promoção de melhorias na qualidade de vida dos indivíduos, saudáveis ou enfermos (AQUINO; PHILIPPI, 2009). Para Cintra (2003), as fases do cuidado nutricional compreendem: a) Avaliação do estado nutricional: são informações obtidas a partir do próprio paciente, familiares ou acompanhantes, relativas ao estado nutricional do mesmo, hábitos alimentares e estilo de vida; para compor uma avaliação inicial. Estas informações estão contidas na ficha de anamnese nutricional. b) Análise: estudo cuidadoso de todos os dados coletados para interpretações acertadas. c) Planejamento: estabelecimento das metas de tratamento dietoterápico a partir dos problemas nutricionais detectados na análise das informações. 25 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores d) Implementação: viabilização prática do planejamento dietético. Requer supervisão e acompanhamento dos outros profissionais envolvidos nesta etapa (técnicos de nutrição, copeiros e até enfermeiros, pois administram a dieta) para a certificação do cumprimento adequado da dieta planejada. e) Evolução e acompanhamento: verificação constante e revisão, se necessário, de todo o cuidado nutricional. f) Preparação para alta: realizar orientações nutricionais de alta de acordo com as necessidades clínicas e nutricionais do paciente, sem esquecer os aspectos econômicos, sociais e culturais que envolvem este processo. 4.3 CÁLCULO DE DIETAS EM NUTRIÇÃO CLÍNICA Para realização da dietoterapia há a necessidade de um amplo conhecimento sobre os nutrientes, sua proporção nos diferentes alimentos e produtos alimentícios, as alterações sofridas durante preparo e elaboração das técnicas culinárias sobre a composição desses, para assim valorizar as mudanças dietéticas pertinentes a cada paciente. As tabelas de composição dos alimentos assumem um papel importantíssimo na terapêutica dietética, pois apresentam informações sobre a composição nutricional dos alimentos. Apesar de instrumentos essenciais, sabe-se que não são totalmente precisas, pois o valor nutritivo exato de um alimento é influenciado pelo solo onde foi plantado, variedade, origem, época do ano, colheita, armazenamento, transporte e manipulação do mesmo; sofrendo também modificações dependendo do tipo de preparo. Além disso, é importante optar pelo uso de tabelas adequadas à nossa realidade que apresentem análise de alimentos comuns em nosso meio e aceitos na nossa cultura e de fácil acesso na região onde nos encontramos. Apesar dessas limitações as tabelas de composição química dos alimentos são instrumentos úteispara o cálculo das dietas e o êxito terapêutico obtido até hoje. Na 26 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores prática clínica demonstra que as tabelas possuem exatidão suficiente para atingir tais objetivos, uma vez que são resultado de numerosas pesquisas, bastando para tal escolher a (as) tabela (as) que melhor se adapte (m) às necessidades de trabalho do nutricionista clínico. Longo e Navarro (2002) afirmam que o nutricionista não precisa ser “uma tabela de composição química dos alimentos ambulante”, mas que deve ter um conhecimento geral que lhe permita responder, sem dificuldades, às consultas que lhe sejam feitas acerca dos aspectos qualitativos dos alimentos. 4.4 INFORMATIZAÇÃO DA NUTRIÇÃO CLÍNICA Para Frangella, Tchakmakian e Pereira (2007), o uso da informática em nutrição clínica auxilia na elaboração e aplicação de impressos, bem como na operacionalização e desenvolvimento de várias atividades. Tais programas de informática, atualmente, utilizam tabelas, realizam cálculos, armazenam dados e formam verdadeiros bancos de dados do pacientes e, também, da área de produção das refeições, conforme o interesse e a necessidade do Serviço de Nutrição e Dietética Hospitalar. Os autores acima citados comentam uma série de vantagens na informatização dos serviços como: maior velocidade e confiabilidade dos cálculos, armazenamento de dados que podem ser resgatados e aperfeiçoados, facilidade no registro, tabulação e organização das informações, maior organização na rotina diária e menor acúmulo de papéis, fichas e anotações que podem ser extraviadas e comprometer o andamento das atividades do setor. Os sistemas de prescrição dietética automatizados exigem a instalação de terminais de computador em cada unidade de internação hospitalar, os quais podem aceitar dados oriundos da central do serviço de nutrição e dietética da instituição, de modo que possam receber, processar, armazenar e imprimir as informações nutricionais (LONGO; NAVARRO, 2002). Vale ressaltar que a tecnologia facilita as 27 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores atividades, mas é o nutricionista que precisa “alimentar” essas informações e, principalmente, refletir e analisar sobre o volume de resultados encontrados para bem usar no seu serviço. 4.5 ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL HOSPITALAR 4.5.1 PRESCRIÇÃO DA DIETA X PRESCRIÇÃO DIETÉTICA Ainda existem interpretações equivocadas sobre qual profissional deve realizar a prescrição da dieta do paciente. Primeiramente é necessário entender estes termos: prescrição da dieta é a definição da dieta a ser oferecida ao paciente com base no seu diagnóstico clínico e prescrição dietética é o detalhamento da prescrição da dieta, levando em consideração outros fatores, principalmente, o resultado da avaliação nutricional do enfermo. O médico é legalmente responsável pelo plano de assistência médica do paciente, incluindo a prescrição da dieta, que pode ser encontrada nos prontuários escritos por ele já a partir da admissão hospitalar, sendo o primeiro item da prescrição médica no prontuário do paciente. Essa responsabilidade recai sobre o profissional médico, pois ele tem os conhecimentos necessários para definir o estado clínico do paciente, dando o diagnóstico de doença(s). A partir deste diagnóstico, a dieta é solicitada (prescrição médica da dieta no prontuário), sendo modificada sempre que a condição do paciente sofra alterações importantes, a ponto de haver a necessidade de mudanças da dieta prescrita. Assim, a prescrição dietética é de competência do nutricionista, conforme orienta a Resolução nº 304, de 28 de fevereiro de 2003, do Conselho Federal de Nutricionistas. A prescrição dietética apresenta um detalhamento de outros aspectos da dieta prescrita (necessidades calóricas e nutricionais, consistência e fracionamento da refeição, alimentos proibidos, etc), associada às condições nutricionais do paciente; 28 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores por isso é uma atribuição específica do nutricionista, uma vez que somente este profissional detém os conhecimentos necessários para realizar uma avaliação completa do estado nutricional, estando inclusive respaldado legalmente para tal. Na resolução do CFN nº 304 de 2003 constam todas as orientações sobre as etapas da prescrição dietética, inclusive com recomendações sobre quais itens devem ser registrados em prontuário. Por vezes, a prescrição dietética envolve restrições drásticas e modificações importantes dos hábitos alimentares do paciente, resultando em rejeição da dieta. Nestes casos, a abordagem de uma equipe multiprofissional e a atenção nutricional individualizada dispensada ao paciente torna-se imprescindível para que haja esclarecimentos necessários sobre seu estado patológico e nutricional e a importância da dieta no seu tratamento (AUGUSTO, 2002). O médico pode delegar a formulação do pedido da dieta ao nutricionista clínico ou pode formular a prescrição da dieta em conjunto com o nutricionista. Entretanto, ele não pode delegar sua responsabilidade final pelo pedido ao nutricionista nem a qualquer outro membro da equipe, assim como o nutricionista não pode fazê-lo com relação à prescrição dietética. Se o nutricionista clínico vai participar na formulação do pedido da dieta ele é responsável por se familiarizar com o problema clínico do paciente antes de tomar quaisquer decisões ou emitir recomendações acerca da prescrição da dieta (ANDERSON, et al., 1988). Para tal ele precisa estar atualizado sobre a teoria e a prática da dietoterapia e aspectos fisiopatológicos das doenças. 4.5.2 O Prontuário de Nutrição O prontuário é um documento jurídico e formal que deve armazenar todos os documentos coletados (resultados de exames, relatórios de profissionais, descrição de procedimento cirúrgico, etc), terapêutica utilizada e orientações fornecidas ao paciente, inclusive a anamnese alimentar deve ser arquivada no prontuário. Em realidade, o prontuário é um documento do paciente, pois contêm informações pessoais e sigilosas 29 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores daquele indivíduo; o hospital arquiva tal documento e os profissionais anotam e inserem as informações referentes àquele atendimento. Portanto, o paciente e seus familiares podem ter acesso às informações nele contidas sempre que solicitarem (AQUINO; PHILIPPI, 2009). Recomenda-se guardar o prontuário por um período mínimo de cinco anos, preservar a integridade dos documentos e manter as informações resguardadas do conhecimento público, disponibilizando-as a outro profissional que atenda o paciente, sempre que necessário. Todo o pessoal envolvido com a assistência a este paciente é igualmente responsável por compartilhar as informações do prontuário. Ressalta-se a importância do profissional nutricionista em escrever suas condutas no prontuário do paciente, assinando e datando tais anotações, pois só assim mantêm-se visível a outros profissionais da área de saúde e reforça a importância da sua participação nas equipes multiprofissionais e interdisciplinares. Destaca-se que as anotações devem ser legíveis, em terceira pessoa, concisas e concretas, sem nenhuma expressão de opinião ou julgamento acerca do comportamento do paciente. Nele, o nutricionista deve registrar os dados referentes à avaliação e diagnóstico nutricional, o planejamentodietoterápico adotado, a aceitação ou rejeição dos alimentos oferecidos e a evolução do tratamento dietético e nutricional. 4.5.3 Manual de Dietas É uma compilação dos planos dietéticos e terapêuticos da rotina do serviço de nutrição e dietética hospitalar e inclui uma explicação da base lógica, com fundamentação teórico-científica de cada plano. Para Cintra (2003), o manual de dietas funciona como um guia quanto aos tipos e às quantidades de alimentos e bebidas que a unidade de alimentação e nutrição hospitalar fornece para atender à requisição da dieta prescrita para o paciente. Assim, cada serviço de alimentação hospitalar deve ter seu manual de dietas, sendo este específico de tal unidade, pois reflete as características da assistência nutricional prestada. 30 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Serve também para facilitar a comunicação entre os membros da equipe de saúde, principalmente entre nutricionistas, médicos e enfermeiros, pois estes estão envolvidos em algumas etapas da assistência nutricional; seja na prescrição da dieta (médico), prescrição dietética (nutricionista) ou na administração das refeições (enfermeiro), todos devem conhecer os tipos de dietas oferecidas por aquele serviço de nutrição, facilitando o uso das diferentes nomenclaturas das dietas de rotina em um hospital. Recomenda-se que uma cópia do manual esteja disponível em cada unidade clínica da instituição hospitalar para maior conveniência dos profissionais envolvidos com a alimentação do paciente. De acordo com Anderson (1988), como regra geral, a primeira parte do manual de dietas descreve os planos dietéticos de rotina das dietas padrões (geral, branda, pastosa e líquida) com exemplos de cardápios e análise química da composição dos alimentos. Nas partes seguintes apresentam-se as inúmeras dietas terapêuticas oferecidas naquela instituição (dieta para diabetes mellitus, dieta hipossódica, dieta para insuficiência renal crônica, etc) com seus respectivos cardápios e cálculos químicos. Podem constar, também, as dietas usadas para preparo de determinados exames (dietas de prova), bem como normas e rotinas do serviço, inclusive com a descrição das atribuições dos profissionais envolvidos com o serviço de nutrição e dietética. O manual de dietas precisa ser flexível e periodicamente revisto e atualizado para se adequar às mudanças dentro do setor de nutrição. Todos os nutricionistas da unidade hospitalar devem estar envolvidos na elaboração e atualização do mesmo. -------------------FIM DO MÓDULO I--------------------
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