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AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL COM PEDIDO DE TUTELA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ... VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MANAUS-AM
IGREJA XYZ, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº ... e com inscrição estadual nº ..., com sede em ..., vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por meio de seu Advogado e bastante procurador, com base no art. 38 da Lei 6.830/80, bem assim, com fulcro nos arts. 300 e 319 do CPC, vem ajuizar
AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL COM PEDIDO DE TUTELA 
em face da UNIÃO, pessoa jurídica de direito público, devidamente representada nos autos, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
DOS FATOS
A Igreja XYZ recebeu uma autuação de IRPJ, corporificada em auto de infração, em razão dos rendimentos oriundos dos dízimos. Tendo em vista que a contribuinte necessita estar quite com o confisco, em razão de financiamentos bancários a serem liberados nos próximos dias, faz-se necessária a presente ação.
DO DIREITO
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.
Portanto, tem-se a partir deste momento o nascimento de um País laico, ou seja, aquele que não possui uma religião dita como oficial, e que repele o envolvimento religioso em seus assuntos governamentais. Nestes termos, o laicismo abraçado pela Constituição Federal possibilitou, por conseguinte, germinar a pluralidade de cultos, está atrelada a liberdade religiosa compreendida através dos incisos VI a VIII do artigo 5ª da CF.
Em seguida, temos o artigo 150, VI, alínea b da CF, que assegura a imunidade tributária aos templos de qualquer culto. A hipótese apenas se aplica a um tipo de tributo, ou seja, aos impostos. Neste caso, não prevalecerá a imunidade tributária em relação às taxas, as contribuições de melhoria, etc, razão pelo qual poderão ser livremente arrecadados.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – Instituir impostos sobre:
b) templos de qualquer culto.
Ainda, o parágrafo 4º, do mesmo artigo diz: 
As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.
Conforme o exposto, verifica-se que a interpretação da norma constitucional não se limitou apenas ao sentido stricto da palavra templo, como sendo meramente uma estrutura, mas alcançou o espírito da norma, de forma a visualizar o todo, o conjunto que integra a instituição religiosa, toda a estrutura envolvida, desde o imóvel utilizado na realização do culto, bem como veículos, imóveis alugados a terceiros, renda auferida, etc.
Deste modo, está caracterizada a chamada imunidade tributária subjetiva, sendo aquela que compreende as pessoas beneficiadas pela ressalva, diferentemente das imunidades objetivas, em que prevalecem imunes os objetos, cuja tributação também é impedida.
Por fim, a imunidade protege de forma ampla todo o patrimônio, a renda e os serviços vinculados com as atividades essenciais da instituição religiosa, não sendo possível a igreja ser tributada com impostos. 
No caso em tela, trata-se de uma autuação de IRPJ, corporificada em auto de infração, em razão dos rendimentos oriundos dos dízimos da igreja, sendo que esta autuação estar entre os impostos que são vedados pela CF, conforme foi exposto acima. 
Nesse passo, é necessário citar o magistério do eminente PROFESSOR EDUARDO SABBAG, que assim preleciona: 
“... levando-se em conta os signos “patrimônio”, “renda” e “serviços”, fácil é perceber que não deve haver a incidência dos seguintes impostos sobre o templo: IPTU sobre prédio utilizado para o culto, ou sobre o convento; IPVA sobre o veículo pertencente a entidade a que se vincula o chefe religioso, ou sobre o chamado templo-móvel; ITBI sobre a aquisição de prédio destinado ao templo; IR sobre as doações, dízimos ou espórtulas dos fiéis, ou sobre as rendas oriundas de aplicações financeiras do templo; ISS sobre o serviço religioso (batismo e conversões) etc”. 
A corrobora o exposto acima, urge transcorrer a ementa da decisão prolatada pela colenda Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região: 
RIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPORTAÇÃO. IPI E II. IMUNIDADE. TEMPLOS DE QUALQUER CULTO. ARTIGO 150, INC. VI, 'B' DA CF. REMESSA OFICIAL IMPROVIDA. -Faz jus à imunidade reconhecida pelo artigo 150, VI, "b", da Constituição Federal, in verbis: "Art. 150: Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI- instituir impostos sobre: b) templos de qualquer culto. § 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas." - Do exame da documentação constante dos autos (fls. 23 e 25/42), infere-se que a impetrante se qualifica como organização religiosa, sem fins lucrativos, utiliza os recursos obtidos integralmente na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos sociais, sendo vedada à distribuição de lucros, dividendos, vantagens ou remuneração de qualquer natureza a seus diretores. -A questão relativa à abrangência da imunidade tributária aos templos de qualquer culto, bem como a questão da imunidade abranger os impostos de importação e sobre produtos industrializados encontra-se pacificada no C. Supremo Tribunal Federal. -Resta claro que referida imunidade alcança quaisquer impostos que diminuam o patrimônio, a renda ou os serviços da entidade beneficente ou do templo religioso e não apenas aqueles que diretamente incidam sobre esses aspectos. A não manutenção das igrejas atingiria por vias transversais o patrimônio da instituição, que por sua vez é essencial ao exercício das atividades religiosas. -Remessa oficial improvida. (REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL - 364277 ..SIGLA_CLASSE: RemNecCiv 0000539-06.2016.4.03.6104 ..PROCESSO_ANTIGO: 201661040005390 ..PROCESSO_ANTIGO_FORMATADO: 2016.61.04.000539-0, ..RELATORC:, TRF3 - QUARTA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:30/01/2017 ..FONTE_PUBLICACAO1: ..FONTE_PUBLICACAO2: ..FONTE_PUBLICACAO3:.
Diante do exposto, o auto de infração apresenta-se insubsistente, devendo ser anulado o débito fiscal.
DA TUTELA
Segundo o art. 300, do CPC, são dois os pressupostos autorizadores da tutela de urgência: 1. Probabilidade do direito; 2. Perigo de mora.
A probabilidade do direito é evidente, pois estamos a falar da imunidade, que nada mais é a dispensa legal do pagamento do tributo. Veja-se que estar-se a falar de dispensa legal, e não constitucional. A isenção consiste na dispensa legal do pagamento do tributo. Caso em que, cita-se o artigo 150, VI, a, da CF, razão pelo qual evidencia o impedimento que os entes tributantes instituam impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros.
A imunidade tributária é uma limitação constitucional ao poder de tributar, vez que está contida de forma expressa pela Constituição Federal. Logo, tal observância, significa dizer que a pessoa ou o bem descrito pela Magna Carta não pode sofrer tributação, pois, ressalta-se novamente que, as imunidades, resguardam o equilíbrio federativo, a liberdade política, religiosa, associativa, intelectual, da expressão, da cultura e do desenvolvimento econômico.
O perigo de mora é patente, uma vez que a contribuinte necessita estar quite com o confisco em razão de financiamentos bancários a serem liberados nos próximos dias, vencimento do prazo para pagar é eminente, e o atraso deste pagamento pode acarretar graves danos e/ou uma difícil reparação.
Antes o exposto, uma vez que presentes os pressupostos, merece a Autora a concessão do provimento emergencial ora pleiteado.
DO PEDIDO
“Ex positis”, requer a Autora a Vossa Excelência:
a) A concessão da tutela,afim de suspender o crédito tributário (art. 151, V, CTN) e evitar os efeitos de uma inaceitável inadimplência da Autora;
b) O julgamento procedente do pedido, anulando-se o débito fiscal e confirmando-se a tutela anteriormente concedida; 
c) A citação da União para apresentar Contestação;
d) A condenação da Requerida para o pagamento das custas e honorários advocatícios;
e) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos. 
Dá-se à causa o valor de R$_________
Nesses termos,
pede deferimento
Local e data
Advogado
OAB/UF Nº...

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