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UNIDADE II Mercado, Risco e Precificação Me. Erlano Marques Ribeiro Introdução a Mercados Olá, estudante, bem-vindo(a) à segunda Unidade. Nesta Unidade, você irá aprender a aplicar as ferramentas para mensurar os riscos de investimentos. Para tanto as aulas que se seguem trarão uma rápida revisão sobre os mercados existentes, além de relembrar tópicos de Estatística, que são importantíssimos na análise de risco. Quanto às opções de investimento, mormente quanto à seleção de carteiras do mercado de capitais, você verá quais as técnicas mais eficientes e o modelo mais utilizado para precificação de ativos (ações, valor da empresa, etc.). Ao final da unidade, você poderá verificar, na área da controladoria, a estrutura do controle interno, o planejamento estratégico das organizações e o acompanhamento de seus planos e a Teoria Geral dos Sistemas. Fique atento e boa aula! Aula 01 VÍDEO Este conteúdo deverá ser visualizado no material online. 1 Pinheiro (2012) assevera que, numa economia, existem diversos tipos de mercados, agrupados da forma a seguir: mercado de produtos; e mercado de fatores. O nosso estudo concentra-se no mercado de fatores, que corresponde aos fatores de produção. Mais especificamente, você verá, dentro do mercado de fatores, o mercado financeiro e sua influência para as finanças corporativas. Mercado Financeiro O mercado financeiro existe para, basicamente, fazer a interface entre os tomadores de recursos (aqueles com necessidades de renda para fazer face a quaisquer que sejam suas despesas), conhecidos como agentes deficitários, e os investidores de recursos (que possuem renda maior do que o que normalmente consomem), também conhecidos por agentes superavitários. Fonte: http://tinyurl.com/hdgo89u 2 Antigamente, o mercado financeiro era o lugar físico, onde as pessoas deficitárias poderiam encontrar as pessoas com excedentes de renda, dispostos a emprestar tal renda, sob a condição de determinadas vantagens, tais como juros, etc. Hoje, com o avanço tecnológico (mundo virtual, telecomunicações, informática, etc.), essa área física deixou de existir. Assim, o mercado financeiro tem por premissas atender às seguintes condições (PINHEIRO, 2012): Estabelecer contato entre agentes deficitários e superavitários; Ser um mecanismo eficiente para fixação de preços de ativos; Proporcionar liquidez aos ativos; e Reduzir prazos e custos de intermediação. Fonte: http://tinyurl.com/jrrjj42 3 O mercado financeiro pode ser dividido em quatro grandes segmentos, a saber: 1.Mercado monetário – é um segmento do mercado financeiro em que são efetuadas operações de curto e curtíssimo prazos. Nesse mercado, os agentes econômicos e intermediários financeiros suprem suas necessidades de caixa, por meio das operações com reservas bancárias. Mais adiante você estudará esse mercado com maiores detalhes. 2.Mercado de capitais – o segmento mais importante para a nossa disciplina. Ele consiste de um sistema de distribuição de valores mobiliários para proporcionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu processo de capitalização, ou seja, canalizar recursos de médio e longo prazo para empresas, através das operações de compra e venda de títulos e valores mobiliários. A maior parte dos recursos financeiros de longo prazo provém por intermediários financeiros não bancários, tais como as bolsas de valores, controlada e fiscalizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). 3.Mercado cambial – este mercado é basicamente composto de compra e venda de moedas estrangeiras conversíveis de diversos países. Nós não abordaremos esse segmento com muitos detalhamentos, uma vez que nosso foco é o mercado de capitais. A BM&FBovespa, a maior da América Latina e a 2ª maior do mundo em valor de mercado. Fonte: http://tinyurl.com/z2uje5t 4 4.Mercado de crédito – é também denominado de mercado bancário e abrange as operações de empréstimo e financiamento. Esse mercado tem sua importância expressa na possibilidade de alimentar a economia, através de financiamento de compras das empresas e dos empréstimos para os projetos de investimentos (visto na UIA anterior). Apesar de importante fonte de captação de recursos de longo prazo, esse segmento não será bordado com detalhes. Você terá condições de estudar um pouco mais sobre esse mercado na Aula 19 da UIA 4, Custo de Capital, ao tratarmos do planejamento financeiro da empresa, por intermédio de capital de terceiros. Mercado Monetário O mercado monetário ou de dinheiro trata de ativos negociados no mercado financeiro com características de curto prazo. Os principais participantes desse mercado, além do Banco Central do Brasil (BC), são as instituições financeiras que captam depósitos à vista, além de outras autorizados a emitir e/ou adquirir depósitos interfinanceiros. O BC atua no mercado para garantir a liquidez da economia e, para tanto, utiliza três instrumentos: SAIBA MAIS Aprofunde seus conhecimentos sobre o mercado financeiro brasileiro ao ler uma publicação do capítulo 3 do livro Dívida Pública: A Experiência Brasileira, que fala sobre a organização do Mercado Financeiro no Brasil, disponível aqui . 5 https://assets.website-files.com/5d1a3ad97f32556149c0506a/5d1b7e4b82584c49954dee87_texto01.pdf 1. Recolhimento ou depósito compulsório – onde as instituições que detêm reservas bancárias, são obrigadas a manter um mínimo de recursos em uma conta junto ao BC, sobre os depósitos à vista e a prazo. As instituições financeiras podem também trocar essas reservas bancárias por meio de operações compromissadas com títulos públicos federais ou ainda negociar depósitos interfinanceiros (DIs). 2. Operações de redesconto – são operações de assistência de liquidez, ou seja, o BC concede “empréstimos” aos bancos comerciais valendo-se de taxas acima das praticadas no mercado. Você percebeu que isso só ocorre quando o banco está com insuficiência de caixa, característica de que os recursos depositados não cobriram suas necessidades para com as obrigações vigentes? Em sendo uma medida de “política monetária” para controle da economia, o BC pode aumentar ou diminuir a taxa de juros para desestimular ou estimular os bancos a pegar tais empréstimos e, com Edifício sede do Banco Central do Brasil. Foto: Jonas Pereira/Agência Senado. Fonte: http://tinyurl.com/hzlpucq 6 isso, terem menos ou mais disponibilidade de crédito para oferecer, desaquecendo ou aquecendo o consumo e, consequentemente, a economia. 3. Operações de mercado aberto – também conhecido como open market, o BC opera como instituições previamente credenciadas (dealers) que fazem a intermediação com as demais instituições do mercado. Esses dealers podem ser instituições financeiras ou não; porém, devem ter um desempenho de destaque nos mercados primário e secundário de títulos públicos, além de outras credenciais. No quadro a seguir, você pode verificar um resumo com as características do mercado monetário (ou de dinheiro). Mercado Tipo Exemplos de Operações Monetário ou de dinheiro Mercado de crédito Desconto comercial Crédito comercial Crédito bancário Empréstimos a curto prazo Mercado de títulos Dívida pública a curto prazo Ativos de empresas Ativos bancários Adaptado de: Pinheiro (2012) Mercado de Capitais Assaf Neto (2009) assevera que o “mercado de capitais assume papel dos mais relevantes no processo de desenvolvimento econômico”. É o mercado que visa proporcionar liquidez aos títulos de emissão de empresas, além de viabilizar o seu processo de capitalização. Em outras palavras, tem o objetivo de captar recursos de médio e longo prazo (diferentemente do mercado monetário), por intermédio de operações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, entre as empresas, investidores em geral e intermediários. Os títulos supracitados refletem as ações ou mesmo os empréstimos (como as debêntures, conversíveis em ações, bônus de subscrição e outros) tomados pela empresa e representam o seu capital social.Observe que a rentabilidade de tais títulos está diretamente ligada à prosperidade da empresa. Assim, tornam-se um investimento de renda variável. Portanto, são mais voláteis e de maior risco. 7 Aqui, cabe uma ressalva sobre esse fator: o risco. Na aula seguinte, você terá o conhecimento de ferramentas para identificar o risco e, consequentemente, saber utilizá-lo em favor de sua empresa. O quadro a seguir contém um resumo sobre como se apresenta o mercado de capitais. Mercado Tipo Exemplos de Operações Mercado de capitais Crédito a longo prazo Empréstimos Créditos sindicados Operações de leasing Operações de venda a prazo Operações de factoring Operações hipotecárias Mercado de valores Bursátil Balcão Ajudas oficiais Operação do BNDES Par Adaptado de: Pinheiro (2012) Para que você fique familiarizado com os termos e as diversas opções de negociação no mercado de capitais, segue uma lista dos principais papéis desse segmento, de acordo com Assaf Neto (2009): Ações – é a menor parcela ou fração do capital social de um empresa de capital aberto. Opções sobre ações – é o direito de compra e venda de ações a um preço fixado previamente e válido por um determinado período. Depositary receipts – são lançamentos de recibos de depósitos no exterior. Brazilian depositary receipts – são recibos de depósitos de empresas brasileiras no exterior. Debêntures – são títulos de longo prazo emitidos pelas empresas para financiamento de projetos de investimento. Letras de câmbio – títulos nominativos, com renda fixa e prazo de vencimento determinado, emitidos pelos financiados dos contratos de crédito. CDB/RDB – são aplicações em depósito a prazo fixo em instituições bancárias. A diferença entre o certificado (CDB) e o recibo (RDB) é que este último é intransferível. 8 Caderneta de poupança – modalidade de investimento de mais baixo risco e, consequentemente, de menor remuneração. Letras hipotecárias – títulos emitidos por instituições financeiras que atuam no setor imobiliário. Warrants – é uma opção de compra (ou mesmo de venda) de títulos não padronizada, ou seja, o titular tem o direito de negociar os papéis. Título conversível – segue o mesmo princípio da Warrant, com a diferença de que o direito é de troca e não de compra. Ainda segundo Assaf Neto (2009), os principais financiamentos no mercado de capitais são: Financiamento de capital de giro – é realizado por bancos comerciais, múltiplos ou de investimentos, sendo possível às empresas de capital aberto a emissão dos commercial paper, que é uma nota promissória de baixa maturidade (não mais do que 9 meses). Operações de repasses – são empréstimos contratados por instituições financeiras do mercado de capitais e repassados a empresas carentes para investimentos de longo prazo. Arrendamento mercantil – é uma forma de financiamento que envolve o aluguel de um bem por um prazo determinado. Oferta pública de ações e debêntures – típico de empresas de capital aberto, é a emissão e colocação de ações no mercado. Securitização de recebíveis – é o processo em que ativos financeiros e não financeiros são “transformados” em títulos negociáveis. Mercado de bônus (bonds) – é uma modalidade que pode ser comparada à missão dos commercial papers, porém tratado no contexto do mercado internacional. Rating das dívidas e bônus de alto risco – é a avaliação das empresas, com base em avaliações de risco, efetuadas por empresas de renome internacional. Forfaiting – são negociações com títulos de crédito e contratos representativos de exportações realizadas por empresas brasileiras. Fundo Garantidor de Crédito (FGC) – é uma associação civil de direito que visa garantir aos agentes do mercado os recursos por eles investidos, nos casos de liquidação extrajudicial ou falência. 9 SAIBA MAIS A CVM é responsável por zelar pelo funcionamento, integridade e desenvolvimento do mercado de capitais, promovendo o equilíbrio entre a iniciativa dos agentes e a efetiva proteção dos investidores. Acesse o link a seguir e navegue no sítio eletrônico da CVM, iniciando pelas perguntas frequentes, onde você poderá, inclusive, aprender como investir no mercado de capitais. Comissão de Valores Mobiliários 10 http://www.cvm.gov.br/perguntas_frequentes/index.html Análise de Risco e Incerteza Após vermos, na aula passada, uma introdução ao conceito de mercados, falaremos aqui sobre análise de risco e incerteza. Continue os estudos desta disciplina e boa aula! Você pôde observar, na Unidade 1, que todos os cálculos efetuados para a análise de projetos de investimentos foram dados de ocorrência tida como certa. Porém, é fato que o fluxo de caixa calculado baseia-se em estimativas, e as decisões devem levar em consideração também o risco e a incerteza quanto ao futuro. A probabilidade de ocorrer ou não determinadas Aula 02 11 premissas adotadas nas análises efetuadas pode ser mensurada, com a finalidade de se possibilitar uma melhor tomada de decisão quanto ao empreendimento proposto. Assim, pode-se considerar três situações, quando nos referimos à análise de projetos de investimentos: Situação de certeza – as premissas são certas e os resultados confiáveis. Situação de incerteza – não há como saber os resultados, pois as probabilidades de ocorrência e os eventos são desconhecidos. Situação de risco – têm-se o conhecimento de probabilidades de ocorrências anteriores e é possível identificar a possibilidade de resultados futuros. Existem vários métodos matemáticos e estatísticos para a análise dessas duas variantes. No entanto, elas não são muito utilizadas, principalmente por serem de difícil aplicação e muito teóricas. Você irá aprender, nesta aula, duas técnicas mais simples e úteis que podem ser utilizadas, com um bom grau de confiabilidade, para o tratamento do risco e da incerteza e complementar a sua análise de projetos de investimento. São elas: análise de sensibilidade e simulação de risco. Ambas as técnicas necessitam de conhecimentos básicos de Estatística, que você vai recordar no primeiro tópico desta aula para melhor desenvolver sua competência. Aplicação da Estatística Séries Estatísticas SAIBA MAIS Assaf Neto (2012) distingue risco e incerteza definindo que o risco é a “capacidade de se mensurar o estado de incerteza de uma decisão mediante o reconhecimento das probabilidades associadas à ocorrência de determinados resultados ou valores”. 12 Para Martins e Domingues (2014), “os objetivos da estatística descritiva envolvem “organização, sumarização e descrição de dados quantitativos ou qualitativos”. As variáveis a serem analisadas estatisticamente possuem níveis de mensuração que podem ser classificadas, conforme a seguir: nível nominal – as variáveis são tratadas por rótulos, ou seja, nomes; nível ordinal – é quando uma variável tem nível de mensuração nominal em relação a “maior que” ou “menor que”; nível intervalar – são variáveis em uma escala quantitativa que mantém uma relação de ordem, além de intervalos iguais de medição; e nível de razão – tem as mesmas características do nível intervalar, com a diferença de considerar o zero, como real e absoluto. Para finanças, vamos levar em consideração as séries que possuem os níveis intervalar e de razão, principalmente as variáveis discretas, podendo ser do tipo histórica, geográfica e específicas. Veja os exemplos de séries estatísticas a seguir: Série histórica, temporal ou cronológica: 13 Cotação do preço do barril de petróleo W. Texas em Nova York em datas selecionadas Datas Cotação (US$) 03/01/05 42,12 22/02/05 51,15 01/04/05 57,27 20/05/05 46,80 27/06/05 60,54 Fonte: Folha de S. Paulo, 28 jun. 2005, p. B5 Série geográfica ou territorial: Distribuição da produção leiteira, por mesorregião, no Rio Grande do Sul: 2000-2012 (%) Estado e mesorregiões 2000 2012 Rio Grande do Sul 100,0 100,0 Noroeste rio-grandense 58,5 66,2 Nordeste rio-grandense 9,7 10,1 Centro ocidental rio-grandense 3,9 2,2 Centro oriental rio-grandense10,3 9,1 Metropolitana de Porto Alegre 7,3 5,1 Sudoeste rio-grandense 4,3 3,5 Sudeste rio-grandense 6,0 3,8 Fonte: PPM-IBGE Série específica ou qualitativa: Para lhe servir distribuição de empregados por atividade econômica (%) Brasil Cidade do Rio Comércio 19 16,8 Serviços e adm. pública 52,8 68,3 Agropecuária, ext. vegetal, caça e pesca 3,2 0,1 Indústria 19,2 9,8 Construção civil 5,7 4,9 Fonte: Rio Negócios – MTE-RAIS 14 Medidas de Tendência Central Martins e Domingues (2014) indicam que são medidas utilizadas para representar fenômenos coletivos através de um único valor, dando uma ideia geral sobre o fenômeno analisado. Temos como medidas de tendência central as que se seguem: Média – também conhecida como média aritmética, leva em conta cada número do conjunto de observação com um peso igual. É calculada pela fórmula , onde é a variável (resultado de cada ocorrência) e n é a quantidade de resultados. Média ponderada – é utilizada quando se quer utilizar em números-índices, ou seja, pesos diferentes para as variáveis. Sua fórmula é , onde wi é o peso atribuído a cada ocorrência. =X ⎯ ⎯⎯⎯ ∑ni=0 xi n xi =Xw ×∑ni=0 wi xi ∑ni=0 wi VÍDEO Este conteúdo deverá ser visualizado no material online. 15 Valor esperado – é a média ponderada de uma distribuição de probabilidades, em que a soma dos pesos é igual a uma unidade. Sua fórmula é dada por , onde é a probabilidade de cada ocorrência e é o resultado de cada ocorrência. Medidas de Dispersão “São medidas estatísticas utilizadas para avaliar o grau de variabilidade, ou dispersão, dos valores em torno da média” (MARTINS; DOMINGUES, 2014). Veja as medidas de dispersão mais utilizadas: Amplitude total – é a diferença entre o maior e o menor valor da variável. Variância – é representada pela média dos quadrados dos desvios. Para o estudo de risco de ativos, a fórmula da variância a ser utilizada é . Desvio-padrão – esta medida é representada pela raiz quadrada da variância, pois indica a dispersão média absoluta. Coeficiente de variação – o desvio-padrão mede o grau de dispersão absoluto dos valores em torno da média e o coeficiente de variação indica a dispersão relativa (quantidade de desvios-padrão por unidade de média). Sua fórmula é . E (R) = = ×R ⎯ ⎯⎯⎯ ∑ni=0 Pk Rk Pk Rk VAR = =σ2 ∑nk=1 Pk( − )Rk R ⎯ ⎯⎯⎯ 2 CV = σ x⎯⎯⎯ VÍDEO Este conteúdo deverá ser visualizado no material online. VÍDEO Este conteúdo deverá ser visualizado no material online. 16 Atente para uma aplicação dessas medidas de dispersão para as finanças, de um exemplo adaptado de Assaf Neto (2012). Sejam dois investimentos A e B, conforme se segue: Investimento A Investimento B Probabilidade Resultado esperado Probabilidade Resultado esperado 10 600,00 60,00 1.000,00 10 300,00 30,00 16.000,00 15 650,00 97,50 375,00 20 500,00 100,00 8.000,00 50 700,00 350,00 - 40 700,00 280,00 - 15 750,00 112,50 375,00 20 900,00 180,00 8.000,00 10 800,00 80,00 1.000,00 10 1.100,00 110,00 16.000,00 E(Ra) = 700,00 VAR (A) = 2.750,00 E(Rb) = 700,00 VAR (B) = 48.000,00 Ao analisar o quadro, pode-se verificar que o desvio padrão maior se refere ao investimento B. Portanto, é um investimento de maior risco, que deverá ser rejeitado em comparação com o investimento A. Afinal, ambos têm o mesmo retorno esperado ($ 700,00). No caso de investimentos com retornos e desvio-padrões diferentes, você deve utilizar a medida de dispersão da covariância. Observe o exemplo a seguir: Investimento Retorno esperado Desvio-padrão X 24,0% 20,0% 0,833 Y 30,0% 29,0% 0,967 A opção de investimento mais racional, nesse caso, recai sobre a opção de investimento X, tendo em vista que oferece menor risco por unidade de retorno. ( ) %Pk ( )Rk ⋅Pk Rk ⋅Pk ( − )Rk R ⎯ ⎯⎯⎯ 2 ( ) %Pk ( )Rk ⋅Pk Rk ⋅Pk ( − )Rk R ⎯ ⎯⎯⎯ 2 Desvio padrão = = 52, 44VAR‾ ‾‾‾‾√ Desvio padrão = = 219, 09VAR‾ ‾‾‾‾√ CV = σ x ⎯⎯⎯ 17 Ao se trabalhar com mais de uma variável (como numa carteira de açõesÉ uma carteira de investimentos composta de ações. Uma carteira de investimentos é um grupo de ativos que pertence a um investidor, pessoa física ou pessoa jurídica. Esses ativos podem ser ações, fundos, títulos públicos, debêntures, aplicações imobiliárias, entre outros, que será estudada na aula seguinte), são utilizadas duas medidas importantes (ASSAF NETO, 2012): Medidas de dispersão, determinada pela covariância (COV) e indica se existe e qual a intensidade da correlação entre as variáveis. A expressão de cálculo para séries associadas a uma distribuição de probabilidades é a que se segue . Ocorre que, para os estudos de riscos de carteira, é necessário identificar o coeficiente de correlação entre as duas variáveis , que pode ser calculado dividindo-se o COV pela multiplicação do desvio-padrão de cada variável. Assim, temos a seguinte fórmula para determinar o coeficiente de correlação . Do resultado, quanto mais próximo de +1 ou -1 o coeficiente estiver, maior será a correlação entre as variáveis. Regressão linear, que verificará, na correlação entre essas variáveis, a equação de previsão ou predição em eventos com outras variáveis. Para determinar a equação da reta de regressão, a partir de uma amostra, deve-se buscar identificar o α ou “a” da equação (ponto de corte, onde a variável equivale a zero), e o ou “b” da equação, que determina a inclinação da reta de regressão. Esse é o método dos mínimos quadrados e as expressões para cálculo mais importantes utilizadas para cálculo do estudo de risco de ativos são as que se seguem – para o β ; para o ; e para o coeficiente de determinação – que varia de 0 a 1 e indica melhor ajustamento da reta de regressão aos valores quanto mais próximo estiver do valor 1 – a equação é . Na prática, verifique o seguinte exercício! Uma série histórica mostra para o período 2001 a 2005, quantidades vendidas de um certo produto e seus valores unitários de mercado. Pede-se realizar uma regressão linear da variável vendas sobre a variável preço para verificar se há correlação entre elas. Caso a correlação exista, faça uma projeção das vendas para o preço de $ 24,00. CO =VA,B ∑( − )×( − )RA RB ⎯ ⎯⎯⎯⎯⎯⎯ RB RB ⎯ ⎯⎯⎯⎯⎯⎯ n ( )rx,y =rx,y COVx,y sxsy x β β → b = ∑ x,y− (∑ x)⋅(∑ y) n ∑ −x 2 (∑ )xi 2 n α → a = − b ⋅ ∑ yi n ∑ xi n =R2 ( )rx,y 2 Regressão Linear 18 Ano 2001 2002 2003 2004 2005 Vendas (ud/ano) 1.200 1.450 1.370 1.520 1.600 Preço ($/ud) 30,00 27,50 28,30 25,80 25,00 Considere a variável preço e, consequentemente, a variável vendas. Ao usarmos as fórmulas da Covariância e da reta de regressão linear, achamos os seguintes valores: Assim, temos que b=−75,80b=−75,80 e, consequentemente a=3.498,87a=3.498,87. Então, a equação da reta de regressão linear é y=3.498,87–75,80⋅xy=3.498,87–75,80⋅x O valor calculado de R2=97,12%R2=97,12%, o que nos dá um r=−0,9855r=−0,9855, que é bem próximo de -1, indicando uma forte correlação negativa entre as variáveis. Para achar a projeção das vendas ao preço de $ 24,00, basta substituir o valor na equação da reta. Para x=24,00x=24,00, teremos y=3.498,87–75,80.24,00=1.679,67y=3.498,87– x y ∑ x = 136∑ y = 7.140∑ = 3.747, 78x2 ∑ = 10.289.800y2 ∑ x ⋅ y = 193.862, com n = 5 19 75,80.24,00=1.679,67. Ou seja, uma projeção de 1.680 unidades para o preço de $ 24,00. Distribuição Normal A distribuição normal é uma das distribuições de probabilidades que utiliza parâmetros de média (μ) e desvio-padrão (σ). Sua função gera uma curva em forma de sino, chamada curva de Gauss(MARTINS; DOMINGUES, 2014). Em análises de projetos, os fluxos de entrada de caixa podem ser calculados por um valor médio (valor esperado), levando-se em consideração as estimativas prováveis dessa distribuição. Para tanto, você pode utilizar a seguinte expressão matemática: Onde: = valores esperados relativos às estimativas em cada período “i” = probabilidades de ocorrência de “n” estimativas em cada período “i” = valores das “n” estimativas em cada período “i” A variância(medida de dispersão) do valor esperado é dada pela fórmula a seguir: Para se verificar a viabilidade de um projeto de investimento que possui uma distribuição normal, deve-se calcular o valor de “z” utilizado na tabela de distribuição que dará a você o resultado direto do percentual (área abaixo da curva). Esse percentual refere-se à probabilidade de acerto dos valores estimados, indicando a viabilidade do projeto. Fórmula para cálculo de z: = ⋅Ei ∑ i n Pin Fin Ei Pin Fin = ⋅σ2i ∑ i n Pin ( − )Fin Ei 2 20 Na prática, considere o seguinte exercício! Um determinado ativo apresenta as rentabilidades esperadas de 10%, 15% e 18%, respectivamente com as probabilidades para os cenários de recessão (20%), estabilidade (50%) e crescimento (30%) da economia. Pede-se calcular a probabilidade de um retorno de 16%, nas condições apresentadas. O retorno esperado do ativo é calculado mediante você já viu anteriormente (medidas de tendência central) Ao consultar a tabela, você vai achar o valor de 0,1554, para z=0,40z=0,40. Para identificar a probabilidade de o retorno ser maior que 16%, deve-se verificar a área à direita dos 50% da curva representativa na tabela, ou seja, 50% - 15,54%. O resultado é de 34,36% de o ativo apresentar retorno acima de 16%, usando-se a distribuição normal padrão. Análise de Sensibilidade e Simulação de Risco Análise de Sensibilidade z = (x − μ) σ = (10% ⋅ 0, 20) + (15% ⋅ 0, 50) + (18% ⋅ 0, 30) = 14, 9% σ = [0, 2 × + 0, 5 × + 0, 30 × ](10 − 14, 9)2 (15 − 14, 9)2 (18 − 14, 9)2‾ ‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾√ z = = = 0, 40 (x − μ) σ 16 − 14, 9 2, 77 21 As aplicações da análise de sensibilidade são das mais variadas, podendo ser útil nos campos do Marketing, da Engenharia, da Medicina, da Economia e das Finanças. O grande objetivo dessa técnica é auxiliar na tomada de decisão e, no nosso caso, para fazer a análise de projetos de investimentos, quando se trata de risco e incerteza. Por exemplo, o que acontecerá com a viabilidade de determinado projeto, caso algum parâmetro do fluxo de caixa fosse alterado? A análise de sensibilidade verifica o quão sensível pode ser essa mudança para alterar a decisão a tomar. Você deve identificar qual é a variável mais sensível e que poderá ser chamada de variável objetivo com a finalidade de executar essa análise. São exemplos de variáveis de decisão (ou objetivo): a taxa de desconto, o preço de venda, a vida útil do projeto, o lucro presumido, os custos operacionais, VPL, etc. A título de exemplo, pode-se apresentar o seguinte caso: 22 NA PRATICA Imagine uma empresa do setor de garrafas térmicas que queira lançar uma nova garrafa para manter líquidos gelados. O investimento necessário é de $ 100.000,00. A previsão de vendas é de 10 mil garrafas por mês a um preço de $ 10,00 por garrafa. Os custos fixos serão de $ 20.000,00 por mês e os custos variáveis de $ 4,00 por garrafa. Ao final de três meses, a empresa venderá a linha por $ 30.000,00. Analise a TIR sob a previsão de vendas e sob a possibilidade de erros nessa previsão. A TMA da empresa é de 10% ao mês. Vamos resolver essa análise em duas partes: Previsão de vendas original: Investimento = 100.000 Receita mensal = 10.000 x 10 = $ 100.000,00 / mês Custos variáveis = 10.000 x 4 = $ 40.000,00 / mês Custos fixos = $ 20.000,00 23 Valor residual = $ 30.000,00 TIR = 20,94% ao mês Conclui-se que o projeto é viável, após analisar a TIR. Análise de sensibilidade para o risco da previsão de vendas (redução): Margem de erro nas vendas Redução de 10% Redução de 20% Redução de 30% Receita mensal 90.000 80.000 70.000 Custos variáveis 36.000 32.000 28.000 Custos fixos Iguais Iguais Iguais Fluxo de caixa TIR 13,56% 6,02% -1,75% Pelos dados analisados, você pode observar que, para achar o ponto ideal de volume de vendas, para que o projeto não apresente prejuízos, basta igualar a TIR à TMA (10%) e achar o resultado do fluxo de caixa de $ 85.000. Deduzindo que a quantidade mínima de garrafas a ser vendida é de 8.500 unidades nos três meses. 24 Simulação de Risco Essa técnica realiza um modelo de uma situação real para fazer experimentações. A simulação permite uma série de variações de cálculos, através da alteração de algumas variáveis predeterminadas. A simulação de risco mais utilizada em análise de investimentos de projetos é o modelo probabilístico (também conhecido como estocástico), pois este permite informar também a rentabilidade do projeto em intervalos com valores mais prováveis, segundo uma distribuição de probabilidade. A metodologia mais adequada para efetuar essa técnica é o método Monte Carlo, que consiste na utilização de números aleatórios, sorteados para gerar resultados e as distribuições de probabilidades correspondentes (BRUNI; FAMÁ; SIQUEIRA, 1998). O Excel é uma ferramenta bastante eficaz na simulação de Monte Carlo, facilitando a comparação de alternativas para avaliar as chances de sucesso ou insucesso do investimento. SAIBA MAIS Aproveite para aprofundar seus conhecimentos sobre simulação de risco, utilizando o Método Monte Carlo, lendo o caso da empresa Golden Beverage, presente na página 71 do documento disponível aqui. 25 Risco, Retorno e Mercado Estudantes, falaremos aqui sobre risco, retorno e mercado. Continue estudando para desenvolver as competências e habilidades necessárias a essa área de atuação e do conhecimento. Teoria do Mercado Eficiente Conforme Assaf Neto (2009), no contexto de um mercado eficiente, o valor de um ativo é o reflexo do consenso de seus participantes em relação ao desempenho esperado por esse mercado. O entendimento de mercado eficiente aponta que os preços refletem as informações disponibilizadas e são sensíveis a novos dados, ajustando-se a novas situações. Aula 03 VÍDEO Este conteúdo deverá ser visualizado no material online. 26 Mercado eficiente também não quer dizer que os preços sejam perfeitos, mas que não sejam tendenciosos, formados por alguma intenção ou interesses individuais (especulação de mercado). Assim sendo, não é obrigatório que o mercado coincida o preço de um ativo com o seu valor real. Essa flutuação é considerada aleatória, devido à probabilidade de esse ativo encontrar-se sub ou supervalorizado em algum momento e que não sejam identificadas nenhuma correlação desses ativos com qualquer variável observável. Nesse contexto, o mercado que se apresenta mais eficiente é o mercado de ações. O retorno oferecido por investimentos que fazem parte do mercado eficiente deve remunerar o risco, mormente em longo prazo. As mais importantes hipóteses básicas de mercado eficiente são explicadas a seguir (ASSAF NETO, 2009): nenhum participante do mercado tem a capacidade de influenciar sozinho os preços negociados, alterando-os segundo exclusivamente suas perspectivas; de uma maneira geral, o mercado é conformado de investidores racionais, que decidem sobre alternativas para promover um maior retorno possível para um determinado risco, ou um menor risco para um determinado retorno; todas as informações estão disponíveis aos participantes do mercado, de maneira instantânea e gratuita, não havendo privilégios de informações; 27 não há racionamento de capital, ou seja, todos os agentes têm acesso igual às fontes de crédito; os ativos objetos do mercado são negociáveis sem restrições e perfeitamente divisíveis; e as expectativas dos investidores apresentam um mesmo nível de apreciação em relação ao desempenho do mercado. É claro que o mercado eficiente pode ser considerado algo utópico, principalmente quando na visão de longo prazo supracitada e, com o passar do tempo, as hipóteses de perfeição do comportamento são abandonadas por novas e o modelo sugerido anteriormente reflete a realidade, que nem sempre é perfeita. Sobre essa imperfeição de mercado, os modelos financeiros precisam ser testados e os aspectos são apresentados, conforme Assaf Neto (2009), a seguir: Não há homogeneidade nas estimativas dos investidoresem relação ao comportamento esperado do mercado. As informações, muitas vezes, não estão dispostas de forma igual a todos investidores e nem de maneira instantânea. Nesse mercado, não há a composição de investidores racionais. A menor qualificação de alguns investidores e sua pouca habilidade em interpretar as informações relevantes disponíveis provocam erros de decisões que refletem no desempenho de todo mercado. 28 Ao mensurar os ativos negociáveis, o mercado se mostra vulnerável às decisões políticas econômicas adotadas pelo governo, sendo influenciáveis, principalmente pela taxação de operações (IOF, por exemplo) e restrições monetárias (aumento da taxa de juros, por exemplo). Risco de Carteira Conforme assevera Ross et al. (2013), o risco total de qualquer ativo é mensurado da seguinte forma: Risco Total = Risco Sistemático + Risco Não Sistemático O risco sistemático é um risco que influencia um grande número de ativos, também chamado de risco de mercado. Na prática, ao investir no mercado de ativos, não há como escapar desse tipo de risco, pois ele é inerente ao próprio mercado. O risco não sistemático é aquele que afeta, no máximo, um pequeno número de ativos, também chamado de risco único ou específico de um ativo. Esse risco também é chamado de risco diversificável, pois as carteiras formadas podem conter ativos que não tenham correlação positiva entre si, aumentando o risco somente daqueles ativos e não influenciando os outros títulos. A figura a seguir ilustra esses conceitos VÍDEO Este conteúdo deverá ser visualizado no material online. 29 A seguir, você irá estudar técnicas de seleção de carteiras que visam diluir os riscos a níveis aceitáveis, com ênfase à Teoria de Markowitz (Teoria Moderna de Portfólio ou Teoria da Carteira Eficiente). Seleção de Carteiras Você deve concordar que todo investidor, ao investir com risco, almeja um retorno que compense esse risco. A diversificação de ativos é, normalmente, tratada pela Teoria do Portfólio. Conforme você já viu em noções de Estatística aplicada às finanças (ASSAF NETO, 2009), o retorno esperado de uma carteira pode ser calculado. A fórmula para tanto é a que se segue: Figura 1: Diversificação de risco Fonte: http://tinyurl.com/zw5apo3 SAIBA MAIS O portfólio é a composição de uma carteira ótima de ativos, tendo como principal objetivo maximizar o grau de satisfação do investidor. 30 Onde: → retorno esperado da carteira → percentual da carteira aplicado na ação X ( → percentual da carteira aplicado na ação Y e → retornos esperados das ações X e Y Para uma carteira constituída de mais ativos, a fórmula envolve o somatório e a proporção. A seguir, a fórmula correspondente: Onde: _ proporção do capital total investido no ativo “j” _ número total de ativos da carteira _ retorno esperado do ativo “j” E ( ) = = [W × ] + [(1 − W) × ]Rp Rp⎯ ⎯⎯⎯⎯⎯ Rx Ry E ( ) =Rp Rp⎯ ⎯⎯⎯⎯⎯ W (1– W) Rx Ry E ( ) = = ×Rp Rp⎯ ⎯⎯⎯⎯⎯ ∑ j=1 n Rj Wj Wj n Rj 31 Você vai aprender as formulações utilizadas para cálculo do risco de um portfólio, que foram provenientes de um modelo desenvolvido por Harry Markowitz, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1990 (ASSAF NETO, 2009). O risco de uma carteira não depende somente do risco de cada ativo que a compõe e de sua participação no investimento total. A forma como eles covariam (Aula 8) entre si também deve ser levada em consideração. Assim, você deve relacionar ativos com baixa correlação (covariância inversa) para reduzir o risco total da carteira. Fórmula para a determinação do risco de uma carteira constituída de dois ativos (X e Y): Onde: e → participação do ativo X e Y e → variância dos retornos dos ativos X e Y → covariância entre os ativos X e Y =σp [( × ) + ( × ) + 2 × × × CO ]W 2X σ2X W 2Y σ2Y WX WY VX,Y 1 2 WX WY σ 2 X σ 2 Y COVX,Y Teoria de Markowitz 32 Se você considerar a correlação linear entre os ativos X e Y, a formulação pode ser apresentada da seguinte forma: Onde: đ → coeficiente de correlação entre os ativos X e Y Ainda com base no modelo de Markowitz, a expressão geral de cálculo do risco para um carteira com “n” ativos é a que se segue: Vamos a um exemplo prático, adaptado de Assaf Neto (2009): Você recebeu a incumbência de determinar o risco do portfólio da tabela, para os cenários projetados, considerando a proporção de participação do ativo X para o ativo Y, em 25% para 75%. Existe a correlação entre os ativos de r = 0,9636. Cenário Probabilidade Retorno do ativo X Retorno do ativo Y Recessão 10% - 5% 2% Médio 35% 10% 10% Bom 45% 25% 15% Excelente 10% 50% 20% Cálculo dos retornos esperados: =σp [( × ) + ( × ) + 2 × × × × × ]W 2X σ2X W 2Y σ2Y WX WY rX,Y σX σY 1 2 rX,Y =σp [ × × × × ]∑ i=1 n ∑ j=1 n Wi Wj ri,j σi σj 1 2 33 Cálculo dos desvios-padrão dos ativos (Aula 8): Cálculo do risco do portfólio (use a fórmula que considera a correlação linear): Ainda sobre Markowitz, Assaf Neto (2009) faz uma importante interpretação do gráfico gerado pelas equações estudadas anteriormente. = (−0, 05 ⋅ 0, 10) + (0, 10 ⋅ 0, 35) + (0, 25 ⋅ 0, 45) + (0, 50 ⋅ 0, 10) = 19, 25%RX = (0, 02 ⋅ 0, 10) + (0, 10 ⋅ 0, 35) + (0, 15 ⋅ 0, 45) + (0, 20 ⋅ 0, 10) = 12, 45%RY σ ( ) =RX [ × 0, 10 + × 0, 35 + × 0, 45(−0, 05 − 0, 1925)2 (0, 10 − 0, 1925)2 (0, 25 − 0, 1925)2‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾√ σ ( ) =RY [ × 0, 10 + × 0, 35 + × 0, 45 +(0, 02 − 0, 1245)2 (0, 10 − 0, 1245)2 (0, 15 − 0, 1245)2‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾‾√ = = 0σp [(0, × 0, ) + (0, × 0, ) + 2 × 0, 25 × 0, 75 × 0, 9636 × 0, 1408 × 0, 0465]252 14082 752 04652 1 2 VÍDEO Este conteúdo deverá ser visualizado no material online. 34 O ponto “A” indica o risco zero, ou seja, onde há retorno esperado sem risco para o investidor (risk free). Observe que o ponto “E”, situado na tangência da reta de mercado de capitais, e a curva da fronteira eficiente, é considerado o portfólio de mercado para uma carteira ótima. Isso porque o ponto “D”, apesar de trazer um retorno maior, eleva o risco da carteira. De forma análoga, o ponto “B” aponta com um risco menor e ainda na linha de fronteira eficiente, porém abaixo da linha de mercado de capitais. Os ativos situados à direita da curva (fronteira eficiente), a exemplo do ponto “C”, terão seus riscos elevados, em consideração àqueles da curva. Figura 2: Risco e retorno esperado 35 Modelo de Precificação de Ativos Financeiros – MPAF ou CAPM Nesta aula, que marca metade de nosso percurso por esta Unidade, falaremos sobre o modelo de precificação de ativos financeiros. Fiquem atentos e boa aula! Aula 04 36 Modelo CAPM O modelo de precificação de ativos, cuja sigla vem do inglês Capital Asset Princing Model (CAPM) é uma das mais relevantes teorias de finanças e risco. De acordo com Assaf Neto (2009), é um modelo “bastante utilizado nas várias operações de mercado de capitais, participando do processo de avaliação de tomada de decisões em condições de risco”. Pressupostos Algumas hipóteses são definidas para o desenvolvimento do modelo. Entre as mais importantes, Assaf Neto (2009) destaca: a grande eficiência de informações do mercado, alcançando todos os investidores; inexistência de impostos, taxas ou outras restrições para investimentos no mercado; todos os investidores devem apresentar a mesma percepção em relação aos desempenhos dos ativos, formando carteiras eficientes, a partir de expectativas idênticas; a existência de uma taxa de juros de mercado definida como livre de risco. No tópico anterior, foi mostrado um gráfico que apresentou a você a reta de mercado de capitais com a taxa livre de risco, ou risk free. Na sequência desta aula, você irá estudar mais detalhes sobre essa reta e a sua equação, que trará importantes conclusões sobre o CAPM. VÍDEO Este conteúdo deverá ser visualizado no material online. 37 A equação da reta característica provém da equação de primeiro grau Y = a +b.x. Assim, a equação da reta característica de mercado é expressa, conforme a seguir: Onde: → retorno proporcionado pela ação da empresa “j” → taxa de juros livre de risco (risk free) → retorno adicional da ação da empresa “j” → retorno do risco (prêmio do risco) → coeficiente de parâmetro linear para a reta de regressão → coeficiente de parâmetro angular da reta de regressão (inclinação), que indica o risco sistemático, em relação ao mercado − = α + β ⋅ ( − )Rj RF RM RF Rj RF −Rj RF −RM RF α β Equação 38 Observe a figura a seguir, para um melhor entendimento. O coeficiente _ representa o risco sistemático e pode ser entendido como a média ponderada de cada ativo contido na carteira, cujo cálculo se dá pela expressão: Algumas conclusões importantes que podem ser averiguadas com o auxílio do gráfico da reta característica: se → a ação se movimenta na mesma direção da carteira de mercado, ou seja, o risco da ação é igual ao risco sistemático; se → a ação retrata um risco sistemático mais alto do que a carteira de mercado, podendo ser interpretado como um investimento agressivo, sem aversão ao risco (Ex.: se o β=1,50 e a carteira valoriza 10%, tem-se uma rentabilidade de 15% na ação); e se → a ação é um ativo de característica defensiva, pois demonstra um risco menor do que a carteira de mercado (Ex.: se o e o , o retorno da ação atinge apenas 12%, equivalente a 80% da taxa de mercado). Figura 3: Risco diversificável Adaptado de: Assaf Neto (2009) β = COV ,RJ RM VARRM β = 1 β > 1 β < 1 β = 0, 8 = 15%RM 39 Retorno Exigido Assaf Neto (2009) aponta a taxa de retorno exigida nas decisões de investimento como sendo “formada com base na remuneração de um ativo livre de risco, mais um prêmio pelo risco identificado na decisão em avaliação”. Sua fórmula pode ser expressa da seguinte forma: Ao se incluir o risco nas condições de mercado, a fórmula ganha nova expressão: Uma prática, baseada em um exercício de Assaf Neto (2009): = + ( − )Rj RF RM RF β = + β ⋅ ( − )Rj RF RM RF 40 Ainda sobre o retorno exigido, pode-se averiguar a obtenção do intercepto da equação do CAPM, ou seja, o ponto onde a reta característica do mercado corta o eixo do retorno adicional da ação (eixo vertical). Ao desenvolver a equação , temos: NA PRATICA Admita que uma ação possua um β=2,0β=2,0 e que a taxa livre de risco da economia é de 6,5%. Determine a remuneração mínima exigida pelo investidor, sabendo-se que a expectativa dos investidores (mercado eficiente) é que o prêmio pelo risco de mercado alcance 8,5%. Dados: prêmio = 8,5% Cálculo da taxa de remuneração do ativo: Cálculo da taxa de retorno: Assim, a taxa mínima de atratividade para o investimento nessa ação é de 23,5%. β = 2, 0 = 6, 5%RF = + prêmio = 6, 5 + 8, 5 = 15%RM RF = + β ⋅ ( − ) = 6, 5 + 2, 0 × (15– 6, 5) = 23, 5%Rj RF RM RF = + β ⋅ ( − )Rj RF RM RF = + β ⋅ − β ⋅Rj RF RM RF = − β ⋅ + β ⋅Rj RF RF RM = (1 − β) + β ⋅Rj RF RM 41 O parâmetro é o α da equação da reta característica e também é conhecido em finanças como alfa de Jensen. Algumas considerações sobre o alfa de Jensen, em relação à equação do CAPM: se → o desempenho do ativo superou as expectativas no período de regressão; se → o desempenho do ativo foi igual às expectativas estabelecidas para o período; e se → o desempenho do ativo ficou abaixo das expectativas no período de regressão. Veja uma aplicação prática do alfa de Jensen, no exercício adaptado de Assaf Neto (2009), a seguir: (1 − β)RF α > (1 − β)RF α = (1 − β)RF α < (1 − β)RF 42 NA PRATICA Você, na condição de analista financeiro de uma empresa foi solicitado a avaliar o desempenho de uma ação da sua empresa no período de regressão. Os dados que você possui são os seguintes, além da tabela de informações da ação: risk free Ano Retorno da ação Retorno da carteira de mercado 20x1 16,2% 15,0% 20x2 14,7% 12,1% 20x3 20,5% 17,0% 20x4 8,4% 8,0% 20x5 -6,7% -5,5% 20x6 10,0% 9,5% 20x7 11,6% 12,0% Com esses dados tabelares, você pode calcular o (regressão linear). Cálculo do alfa de Jensen: Comparação dos alfas (regressão e Jensen): Retorno → Conclusão: O retorno médio apurado pela ação no período de 7 anos situou-se em 0,3% acima da taxa mínima requerida. Assim, você pode concluir que o alfa de Jensen é um coeficiente importante para a avaliação de desempenho de carteira de ações, mormente quando se aplica o método CAPM. β = 1, 167 ( ) = 6%RF ( − )Rj RF ( − )RM RF α = −0, 7% (1 − β) = 6% × (1– 1, 167) = −0, 01002 ou − 1, 0%RF −0, 7% − (−1, 0%) = +0, 3% 43 Aplicações Assaf Neto (2009) afirma que, no campo de finanças, existem grandes aplicações para o CAPM. O retorno esperado e o risco de um ativo podem ser determinados de maneira bastante consistente, tornando valioso o método em questão. Tal procedimento pode ser estendido para a carteira e, por intermédio da média ponderada dos betas, identificar o risco dessa carteira. Além disso, o CAPM pode identificar, por intermédio do traçado da reta característica de mercado, o retorno mínimo exigido pelo(s) investidor(es). Em outras palavras, o seu custo de capital próprio. Decisões que envolvem orçamento de capital, em que são definidos os retornos exigidos, chamam o método CAPM como aplicação de fundamental importância, pela sua facilidade em identificar essas taxas e os riscos inerentes. O principal motivo da existência de uma empresa é agregar valor e o CAPM é útil ao ponto em que permite identificar o retorno desejado para cada segmento de unidades de negócios com seus diferentes riscos, funcionando como ferramenta de avaliação do seu desempenho econômico. VÍDEO Este conteúdo deverá ser visualizado no material online. SAIBA MAIS Aproveite para acessar o link a seguir e aprenda na prática a utilização do índice beta do CAPM. Índice Beta: aprenda a calculá-lo 44 Planejamento em Controladoria Estudantes estudaremos agora como proceder um planejamento no contexto de uma controladoria. Bons estudos! A controladoria é fundamental, em termos de controle interno, pois inclui o planejamento estratégico, bem como métodos e procedimentos adotados dentro de uma empresa, a fim de salvaguardarProteção e garantia concedidas por agente determinado ou pela instituição. seus Aula 05 45 ativos. Além disso, a controladoria deve verificar a adequação e o suporte dos dados contábeis, com a finalidade de promover a eficiência operacional. O planejamento também visa o alinhamento às políticas definidas pela alta administração, com o objetivo de evitar fraudes, erros, ineficiências e crises nas empresas. Você vai comprovar nesta aula a assertiva supracitada, identificando onde o planejamento afeta a controladoria e qual a sua importância nas finanças de uma organização. Conceitos O planejamento é apenas uma parte do ciclo de controle que está sob a responsabilidade da controladoria. Bazzi (2015) define que o controle organizacional nada mais é que um conjunto de métodos e ferramentas que todos os integrantes da empresa devem utilizar para alcançar os objetivos previamente estabelecidos e traçados no modelo de gestão. Sobre o modelo de gestão, veja a seguir a estrutura do controle interno de uma organização e o posicionamento da controladoria. 46 Observe que a estrutura de controle interno da empresa faz parte de toda a organização, e a controladoria tem papel importante nesse ínterim, por ser transversal ao controle da gestão e ao controle de dados e informações. Figura 4: Estrutura do controle interno de uma organização e o posicionamento da controladoria Fonte: Bazzi (2015, p. 147) 47 Esse controle deve seguir o ciclo conceitual descrito por Bazzi (2015), conforme os passos a seguir: Planejamento – desenvolvimento do planejamento da empresa e dos processos que complementam. Execução – implantação dos planos definidos. Monitoração – medição do nível de desempenho (indicadores e metas). Avaliação – comparação do nível de desempenho atual, na buscade identificar as mudanças alcançadas e se estão direcionadas para o alcance das metas estabelecidas no planejamento. Caso não estejam, identificar as correções de rumos e ajustes necessários. Correção – atuação para ações corretivas necessárias para o controle do sistema organizacional. Figura 5: Ciclo conceitual descrito de Bazzi Fonte: Bazzi (2015, p. 146) 48 Tipos Em sendo o primeiro passo do ciclo de controle, o planejamento torna-se peça fundamental para a controladoria. Essa assertiva corrobora o que você viu nas aulas anteriores, em que deve existir um planejamento estratégico que oriente a adoção de projetos de investimento. Oliveira (2002) estabelece três níveis de planejamento, que devem ser considerados em nosso estudo. São eles: Nível estratégico – define o porquê e quando. Nível tático – abrange o onde e como. Nível operacional – define o que. Veja os aspectos e o detalhamento de cada nível de planejamento a seguir. Estratégico O planejamento de nível estratégico abrange toda a organização e possui a função típica de tomada de decisões fundamentais, além do fornecimento de recursos para os projetos estratégicos estabelecidos. É nesse nível que a controladoria tem papel importante na opinião a emitir, devido seu papel de assessoria. Os decisores são representados, normalmente, pelos sócios, proprietários, acionistas e, em alguns casos, os diretores departamentais. A geração de valor deve partir deste nível para SAIBA MAIS Acesse este link e leia uma artigo que fala da importância do controle interno para as empresas. 49 https://assets.website-files.com/5d1a3ad97f32556149c0506a/5d1babad16604d07946a58b5_texto03.pdf alcançar todos os outros níveis da organização e auxiliar na criação de valor. Tático Nesse nível de planejamento, destaca-se a ação de desdobramento da estratégia em seus campos de atuação, ou seja, nos diversos órgãos funcionais da empresa. É aqui que ocorre o alinhamento da alta administração com das divisões, dos departamentos e filiais. A controladoria também atua nesse nível de forma bastante intensa, pela sua transversalidade e pelo fato de coordenar o processo de gestão da organização. A palavra-chave nesse nível é administrar, e os agentes atuantes são os diretores, supervisores, gerentes, coordenadores e líderes de projetos (em nível médio). Operacional Também conhecido como “chão de fábrica”, é o nível de planejamento em que as ações são executadas. A atenção da controladoria redobra nesse ponto, tendo em vista que ações desalinhadas com a estratégia da empresa podem acarretar em prejuízos financeiros, atrasos de produção e outros aspectos que necessitarão de ações corretivas. Quanto mais tardiamente for identificada uma falha nesse nível, maior a ação corretiva. Esse nível abrange pequenos grupos de trabalho e equipes de produção, com funções de colocar em prática a estratégia transmitida de maneira alinhada pelo pessoal de nível tático. Cresce de importância também os processos estabelecidos pela empresa, bem como seus sub- processos e atividades operacionais, pois quanto melhor for a execução, melhor serão os resultados que a controladoria, por obrigação, irá verificar em sua mensuração de resultados. Etapas Considerando que os controles estão associados diretamente ao planejamento, Bazzi (2015) estipulou dois pilares para a elaboração de um planejamento que atenda em boas condições as ações de criação de valor da empresa: determinação de metas; e elaboração de um conjunto de decisões que auxiliam no atingimento dessas metas. Oliveira (2002) assevera que a elaboração de um planejamento estratégico deve seguir uma metodologia que prescreve as seguintes etapas: 50 Diagnóstico estratégico – envolve a análise do ambiente externo e interno da empresa. Devem ser verificadas todos os cenários e, nesse momento, a visão de futuro da empresa deve ser bem definida. Costuma-se utilizar a análise SWOTÉ a sigla dos termos ingleses Strengths(Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats(Ameaças) e consiste numa metodologia baseada em recolher dados importantes que caracterizam o ambiente interno (forças e fraquezas) e externo (oportunidades e ameaças) da empresa.para o desenvolvimento dessa etapa. Missão da empresa – uma empresa, quando estabelecida por seus sócios-proprietários, nasce com um propósito. O estabelecimento da missão da empresa determina suas políticas e diretrizes, bem como seus valores. Assim, nessa etapa, é importante identificar as possíveis estratégias a adotar, considerando o mercado, riscos, vantagens competitivas identificadas no diagnóstico, sinergia possível com outras organizações, etc. Mais adiante, você terá algumas considerações sobre estratégia e sua influência na controladoria. Instrumentos prescritivos e quantitativos – nessa etapa, estabelece-se objetivos, desafios e metas a alcançar. Com esses dados, é possível definir a(s) estratégia(s) (entre aquelas visualizadas na etapa anterior) e políticas funcionais para, finalmente, concretizarem-se em planos e ações a serem executados. São os instrumentos prescritivos que diferenciam dos quantitativos pela definição de recursos necessários. Aqui, surge um aspecto importantíssimo que é o orçamento. O planejamento de orçamento é assunto estudado amiúde pelos autores. Você verá aspectos importantes de destaque sobre o orçamento, logo a seguir. Controle e avaliação – é a etapa de verificação dos resultados e correção de rumos. Cresce de importância a avaliação de desempenho, baseada nos indicadores estabelecidos para o alcance das metas estipuladas. As ações corretivas são adotadas, à medida que forem sendo necessárias. O controller deve ter conhecimento da estratégia da empresa para, de posse de informações geradas pelo SIG, poder identificar possíveis correções de rumos e atuar satisfatoriamente, conforme verificado na estrutura do controle interno. 51 Bazzi (2015) aponta uma classificação de fatores estratégicos da seguinte forma: Quanto à amplitude – macroestratégias, correspondentes às ações da empresa no ambiente externo, e microestratégias, limitadas a um determinado desafio. Quanto à concentração – pode ser pura, para uma ação específica, ou conjunta que envolve várias áreas. Quanto à qualidade dos resultados – podem ser fortes, com um alto impacto para a organização, ou fracas, que apesar de pequeno impacto, produzem mudanças significativas. Quanto à fronteira – externas abrangem o nível de concorrência, como ganho de mercados, entre outros, e internas que se reportam a áreas específicas ou setores da empresa. Quanto aos recursos aplicados – humanos, financeiros ou ambos combinados. Quanto ao enfoque – empresariais representam a ação da empresa no ambiente em que está inserida, enquanto as pessoais são técnicas para lidar com os recursos humanos e a execução de tarefas pelo executivo, ressaltando valores e motivação (em grupo ou pessoal). Figura 6: Fatores estratégicos Fonte: Bazzi (2015, p. 146) 52 O orçamento é peça útil e fundamental no processo de planejamento e controle. Várias organizações utilizam o orçamento, dividindo-o em peças formais que quantificam e qualificam os planos da empresa, nas diversas áreas: vendas produção, compras, despesas com vendas e despesas administrativas, aquisições de bens de capital, fluxo de caixa, etc. Pelo fato de serem documentos formais, os diversos orçamentos favorecem a comunicação e a coordenação da empresa, mormente pela ação da controladoria. A controladoria, entre outras responsabilidades, deve medir o desempenho da empresa e o orçamento possui características formais que auxiliam nessa mensuração, pois suas informações podem ser confrontadas e os resultados podem alimentar o processo de decisão dos dirigentes. Conforme Bazzi (2015), “quando uma empresa deseja implementar uma contabilidade gerencial, mais especificamente por meio de atuação da controladoria, a definição orçamentária deve ser a primeira ação a ser tomada”.Ele defende que o orçamento tem um enfoque econômico-financeiro e facilita a busca constante de otimização dos resultados, além de gerar várias informações para o processo decisório. SAIBA MAIS Que tal ler um artigo publicado em notícias e negócios do Portal de Administradores, que ressalta a importância de governança, controladoria e planejamento nas organizações, disponível no link a seguir. Acesse e saiba mais! A controladoria e a cultura de gestão das organizações 53 Acompanhamento da Execução do Planejamento em Controladoria Chegamos à última aula desta Unidade. Falaremos aqui, para encerar os conteúdos, do acompanhamento da execução do planejamento em controladoria. Fique atentos e bons estudos! O Acompanhamento dos Planos Aula 06 54 Por sua própria concepção, a controladoria deve acompanhar os planos e ser capaz de mensurar o desempenho, não só dos projetos de investimentos, mas também de outros aspectos relativos às finanças da empresa. Você viu na Aula 5 que a controladoria tem uma perspectiva de atuação na área de planejamento e controle. Nessa perspectiva, encontra-se o acompanhamento do negócio. Como já exaltamos o planejamento estratégico, por conduzir a empresa aos seus objetivos (criação de valor como sendo o principal), também se pode concluir que o negócio da organização está descrito no planejamento. Portanto, o acompanhamento dos planos oriundos do planejamento estratégico é importante assunto que você vai estudar nesta aula. Conceitos Você já estudou o ciclo PDCA, que envolve o planejamento (P), a execução (D), o monitoramento (C) e a ação corretiva (A). Administrativamente falando, a fase de acompanhamento encontra-se no monitoramento, em que se destacam três aspectos a observar: a verificação da execução; a avaliação da meta em confronto com o que foi realizado (relatórios); e reuniões de acompanhamento. A importância do acompanhamento constante do planejamento estratégico, principalmente em sua fase de execução, pode ser expressa pelos seus objetivos e benefícios citados a seguir: a garantia de que as atividades da empresa estejam dentro dos parâmetros estabelecidos no planejamento, tais como os custos, o tempo de execução, os recursos financeiros, recursos materiais e recursos humanos, entre outros; VÍDEO Este conteúdo deverá ser visualizado no material online. 55 a garantia de que o andamento das atividades esteja atendendo ao preconizado em termos de desempenho, cujos indicadores indiquem a direção certa para os objetivos de longo prazo, podendo avaliar também o desempenho de setores, formulando feedbacks para correções pontuais; a garantia de que as atividades desenvolvidas pela empresa estejam de acordo com sua missão, valores e visão de futuro, preservando a imagem da empresa e agregando valor corporativo frente aos stakeholders do ambiente externo; a avaliação da capacidade de alcançar os objetivos estipulados no planejamento e identificar os possíveis óbices ou problemas, por intermédio da comparação dos dados mensurados e dos estabelecidos no planejamento estratégico. Aqui, se pode identificar gargalos e providenciar a melhoria de processos para mitigar tais percalços. Para que todo esse processo de acompanhamento seja possível pela controladoria, é importante que sejam fornecidos dados dos diversos setores da empresa. Esses registros devem ser adequados, oportunos e precisos. Você deve lembrar-se do SIG que comentamos na aula anterior. No tópico seguinte, você irá identificar como a controladoria pode efetivar, de maneira centralizada, os dados registrados pelos setores da empresa, com a finalidade de gerar uma padronização e rapidez na análise desses dados. Tal monitoramento é feito, geralmente, através de uma análise de relatórios operacionais e financeiros regulares sobre as atividades da organização. Os resultados são: incentivo à melhoria contínua; fornecimento de dados sobre o impacto das atividades; e informações para a tomada de decisões. O desafio da controladoria nesse contexto está relacionado à capacidade de acompanhar continuamente a organização e mantê-la direcionada com a proposta do plano estratégico. 56 Isso corrobora o ciclo PDCA, composto de uma constante verificação do planejamento, da execução, do monitoramento, da avaliação, de ajustes e reajustes. Em consequência, o planejamento estratégico de uma empresa precisa de acompanhamento constante, tanto para mensurar os resultados obtidos quanto para avaliar o andamento das metas globais e específicas da organização. Ferramentas Você observou no tópico anterior que o controller deve ter uma visão abrangente de toda a organização. Para coletar dados, a controladoria conta com o que você já conheceu como Sistema de Informações Gerenciais (SIG). No entanto, o profissional de controladoria deve analisar os dados coletados e produzir informações que integrem todos os campos do conhecimento, de maneira transversal. A ciência da administração conta com uma teoria desenvolvida pelo biólogo alemão Karl Ludwig von Bertalanffy, nos idos de 1950 e 1968. A Teoria Geral de Sistemas, também conhecida por TGS, cresceu de importância pela necessidade de avaliar a empresa como um todo, e não apenas seus departamentos ou setores, de maneira isolada. A TGS não procura a 57 solução de problemas, mas produz formulações conceituais que proporcionam condições de aplicação numa realidade empírica. A TGS permite também a inter-relação e integração de temas completamente diferentes, proporcionando o intercâmbio de matéria, energia e informação com o ambiente, uma vez que pode identificar um maior número de variáveis (internas e externas) que influenciam no processo de uma empresa. O funcionamento básico dos sistemas pode ser interpretado na figura que se segue, adaptada de Higa e Altoé (2015): Figura 7: Funcionamento básico dos sistemas Fonte: Higa e Altoé (2015) SAIBA MAIS Oliveira (2002, p. 35) conceitua o sistema como sendo o “conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função”. 58 A controladoria atua diretamente após o componente da saída, proporcionando o feedback para o componente da entrada (correção e/ou ajustes). As relações do sistema empresa com o ambiente devem ser consideradas, evitando um erro comum que é o de analisar essa relação como se a empresa fosse um sistema fechado. Isso ocorre quando as organizações apontam dispositivos de proteção para manter sua estabilidade (zona de conforto), causando uma resistência a mudanças. A estrutura organizacional, por si só, tende a reagir quando ocorrerem modificações nos inputs externos. A concentração em manter os princípios internos de maneira independente às mudanças do meio ambiente provocam a ação do controller para garantir a estabilidade. Nesse contexto, a flexibilidade deve ser a característica mais importante da coordenação e controle da organização. Para melhor entendimento do que foi apresentado em termos de sistemas fechado e aberto, segue a classificação dos sistemas conforme Higa e Altoé (2015): Quanto à capacidade de interação com o ambiente (natureza): sistemas fechados – não apresenta intercâmbio com o meio ambiente em que está inserido; e sistemas abertos – apresentam relações de intercâmbio com o ambiente externo, por intermédio de entradas e saídas. Quanto à sua constituição: físicos ou concretos – possuem características palpáveis (equipamentos, máquinas, hardwares, etc.); e abstratos ou conceituais – não são tangíveis, como, por exemplo, ideias, conceitos, software, etc. Quanto à capacidade de modificar suas características: estáticos – não modificam sua estrutura e, consequentemente, não são afetados pelo ambiente externo (sistema métrico, por exemplo); dinâmicos – realizam atividades e operações, estando sujeitos à modificações, principalmente por interagirem com o ambiente (seres vivos 59 ou organizações); e homeostáticos – uma combinação das anteriores,sendo que não são afetados pelo ambiente externo, mas realizam atividades internas (um refrigerador, por exemplo). No tocante à hierarquia, você deve considerar que os sistemas seguem o mesmo conceito de divisão de um problema grande e complexo (sistema) em problemas menores (subsistemas). Assim, considere que o foco do estudo é o sistema e as suas partes são os subsistemas (componentes). Nessa realidade, Higa e Altoé (2015) preveem a existência de seis subsistemas, a saber: Subsistema institucional – é formado pelos valores institucionais da organização, que vão dar lugar às diretrizes da empresa. Subsistema físico – são os recursos físicos da organização, ou seja, o seu patrimônio contábil. Subsistema social – composto dos recursos humanos com suas características individuais, tais como experiência, motivação, criatividade, etc. Subsistema de gestão – foco para a controladoria, pois é nesses subsistemas que são tomadas as decisões, tendo como elementos integrantes o diagnóstico estratégico, o planejamento estratégico, as diretrizes e políticas da empresa, o planejamento e o plano operacional, a programação das operações, a aprovação do programa operacional, a execução das operações, o controle e, por fim, as ações de correção e ajustes. Subsistema formal – composta das diversas divisões da organização, ou seja, a estrutura administrativa da empresa. Subsistema de informação – engloba as atividades que geram a informação, tendo as entradas como matéria-prima, possibilitando o processamento desses dados e produzindo informações. 60 Veja na figura como os subsistemas empresariais interagem. O profissional de controladoria deve utilizar o pensamento sistêmico para a resolução de problemas, mormente quando identificados em sua organização, por intermédio do acompanhamento da execução do planejamento estratégico e dos seus respectivos planos (orçamento, de investimento, etc.). Não se deve confundir pensamento sistêmico com análise de sistemas. O pensamento sistêmico, para a TGS é um método (ferramenta) que trata da organização como um todo (abordagem geral), enquanto a análise de sistemas está relacionada a um tipo específico de sistema, como o sistema de informações, por exemplo. Figura 8: Seis subsistemas Fonte: Higa e Altoé (2015) VÍDEO Este conteúdo deverá ser visualizado no material online. 61 capa_unidade2 Aula 2-1 Aula 2-2 Aula 2-3 Aula 2-4 Aula 2-5 Aula 2-6
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