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0 ROBSON RIBEIRO ANÁLISE ESTÁTICA E DINÂMICA DE DIFERENTES GEOMETRIAS DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS DE AEROGERADORES NATAL-RN 2017 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL 1 Robson Ribeiro Análise estática e dinâmica de diferentes geometrias de fundações superficiais de aerogeradores Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade Monografia, submetido ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Dr. José Neres da Silva Filho Coorientador: M.Sc. Eng. George Magalhães Maranhão Natal-RN 2017 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Ribeiro, Robson. Análise estática e dinâmica de diferentes geometrias de fundações superficiais de aerogeradores / Robson Ribeiro. - 2017. 94 f.: il. Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Engenharia Civil. Natal, RN, 2017. Orientador: Prof. Dr. José Neres da Silva Filho. Coorientador: M.Sc. George Magalhães Maranhão. 1. Engenharia civil - Monografia. 2. Concreto armado - Monografia. 3. Aerogeradores - Monografia. 4. Fundações rasas - Monografia. 5. Interação solo-estrutura - Monografia. I. Silva Filho, José Neres da. II. Maranhão, George Magalhães. III. Título. RN/UF/BCZM CDU 624 iii Robson Ribeiro Análise estática e dinâmica de diferentes geometrias de fundações superficiais de aerogeradores Trabalho de conclusão de curso na modalidade Monografia, submetido ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Aprovado em 01 de junho de 2017: ___________________________________________________ Prof. Dr. José Neres da Silva Filho – Orientador (UFRN) ___________________________________________________ Eng. M.Sc. George Magalhães Maranhão – Coorientador (George Maranhão Engenharia e Consultoria Estrutural LTDA.) ___________________________________________________ Prof. Dr. Robrigo Barros – Examinador Interno (ECT-UFRN) ___________________________________________________ Prof. Dr. Daniel Nelson Maciel – Examinador Externo (ECT-UFRN) Natal-RN 2017 DEDICATÓRIA À minha mãe, Rejania Ribeiro e ao meu pai, Océlio Ribeiro 5 AGRADECIMENTOS A minha família, que desde sempre me apoia e me dá todo o suporte econômico e emocional necessário para o cumprimento dessa longa jornada. Ao meu pai, por me ensinar a importância do estudo. A minha mãe por sempre cuidar de mim. Ao meu irmão que sempre foi meu melhor amigo e companheiro de todas as horas. A todos os meus amigos do curso que me acompanharam nos momentos mais difíceis ao longo da graduação e a todos os meus amigos da vida, que sempre me apoiaram e torceram por mim em todos os momentos transeuntes de dificuldade ou felicidade. A todos os professores que tive na universidade, especialmente meu orientador José Neres, que despertou em mim profundo interesse pelo estudo da área de estruturas, e ao professor Joel Neto, que tanto ensinou a mim e a todos que foram alunos dele. A todos companheiros e professores que tive na University of Surrey, Inglaterra, que tiveram especial participação em minha formação acadêmica e pessoal. A meus colegas de trabalho do escritório George Maranhão Engenharia e Consultoria LTDA., Ana Clara Batista, que todo dia me ensina conceitos teóricos e éticos importantes para a formação de um engenheiro calculista de estruturas, e Luzinaldo Dantas, que me ensinou a importância de desenhos claros e bem detalhados em um projeto estruturas. A George Maranhão, engenheiro coordenador da George Maranhão Engenharia e Consultoria LTDA., referência em projetos de fundações de aerogeradores, que tanto me ensinou sobre engenharia de estruturas e que despertou em mim o interesse pelo estudo de fundações de aerogeradores. À Deborah Medeiros, minha namorada, que sempre esteve ao meu lado. Robson Ribeiro 6 RESUMO Análise estática e dinâmica de diferentes geometrias de fundações superficiais de aerogeradores Com o atual crescimento da indústria da energia eólica faz-se necessário o estudo cada vez mais aprofundado de soluções para fundações de aerogeradores que sejam capazes sustentar estruturas cada vez maiores e mais esbeltas utilizadas nas torres de suporte. Esta pesquisa tem como objetivo comparar três geometrias de fundações superficiais de aerogeradores, sendo elas: circular; quadrada e octogonal. Foram realizadas análises estáticas utilizando o Método dos Elementos Finitos (MEF) a partir do software SAP 2000. Também foram feitas análises modais com o objetivo de investigar a influência da geometria no comportamento dinâmico das fundações. Foram realizadas análises comparativas do momento fletor e rigidez rotacional da fundação, da influência do módulo de reação vertical nos esforços internos e na rigidez rotacional e da influência da rigidez da fundação na rigidez rotacional. Além disso, foram realizadas análises dinâmicas modais comparando três modelos: torre perfeitamente engastada; apoios flexíveis e modelo da fundação discretizada em elementos finitos. Os resultados das análises estáticas mostram que a fundação quadrada apresenta desempenho melhor com relação aos esforços internos e a rigidez rotacional fornecida à torre e os resultados da análise modal mostram pouca diferença entre o comportamento dinâmico das fundações. Palavras Chave: Solo. Estrutura. Fundações rasas. Aerogeradores. 7 ABSTRACT Static and dynamic analysis of different wind turbine shallow foundations geometries Nowadays, with the constant growing of the wind energy industry it became necessary to study more about wind turbine foundations, focusing in archive foundations capable of withstand with taller and more slender tower structures. This paper aims to compare three different wind turbine shallow foundations geometries, those being: circular, square and octagonal footings. The analyses were carried out using SAP 2000, a Finite Element Method (FEM) software. Modal analyses were also carried out to investigate the influence of changing the foundation’s geometries in the dynamic behavior of the system. The following comparative analyses were made: bending moment; rotational stiffness; influence of subgrade reaction modulus change in the bending moment and rotation stiffness and the influence of foundation’s stiffness in the global rotational stiffness. Besides that, the dynamic analyses were carried out using three different lumped parameters models: rigid support model; flexible support model considering the foundation rigid and flexible support model considering the foundation and soil flexibility modeling the foundation using FEM. The results shown that the square foundation have the best performance, showing the lowest bending moments and the largest rotational stiffness. Besides that, the dynamic analyses didn’t show much difference between the geometries, however, when the FEM model was used the square foundation was stiffer than the others. Keywords: Soil. Structures. Shallow foundations. Wind turbine.8 ÍNDICE CAPÍTULO I ....................................................................................................................................13 1.1 – Considerações iniciais .....................................................................................................13 1.2 – Objetivos ........................................................................................................................14 1.2.1 – Objetivo geral .........................................................................................................14 1.2.2 – Objetivos específicos ..............................................................................................14 1.3 – Estrutura do trabalho .......................................................................................................14 CAPÍTULO II ...................................................................................................................................16 2.1 – Fundações de Aerogeradores ................................................................................................17 2.2 – Tipos de fundação utilizados em aerogeradores .....................................................................19 2.3 – Dimensionamento de fundações de aerogeradores .................................................................20 2.3.1 – Situações de projeto utilizadas no levantamento das ações ..............................................20 2.3.2 – Cargas atuantes na fundação ..............................................................................................21 2.3.3 – Estados limites ...............................................................................................................22 CAPÍTULO III .................................................................................................................................24 3.1 – Preâmbulo ............................................................................................................................24 3.2 – Modelo de distribuição linear de pressões de contato ............................................................25 3.3 – Modelo de Winkler – Molas com resposta linear ...................................................................26 3.4 – Modelo de meio contínuo .....................................................................................................28 3.4.1 – Teoria do semi-espaço elástico .......................................................................................28 CAPÍTULO IV .................................................................................................................................32 4.1 – Preâmbulo ............................................................................................................................32 4.2 – Propriedades dos solos sob ação de cargas dinâmicas ............................................................32 4.2.1 – Módulo de elasticidade transversal .................................................................................33 4.2.2 – Parâmetros de amortecimento do solo ............................................................................35 4.3 – Aplicação para fundações de aerogeradores ..........................................................................36 CAPÍTULO V ..................................................................................................................................38 5.1 – Preâmbulo ............................................................................................................................38 5.2 – Princípios básicos da dinâmica das estruturas........................................................................38 5.3 – Análise dinâmica do conjunto torre-fundação do aerogerador................................................40 5.3.1 – Fonte de cargas dinâmicas em aerogeradores..................................................................40 5.3.2 - Modelo de haste flexível engastada no solo ................................................................42 5.3.3 – Modelo de torre assentada em fundação flexível.............................................................43 CAPÍTULO VI .................................................................................................................................45 9 6.1 – Geometria dos modelos ...........................................................................................................45 6.2 – Carregamentos e combinações utilizadas .............................................................................46 6.2.1 – Cargas resultantes e combinações .................................................................................46 6.2.2 – Direção do momento na base da torre .............................................................................48 6.3 – Modelagem com elementos finitos ........................................................................................49 6.3.1 – Elemento utilizado .........................................................................................................49 6.3.2 – Transmissão de esforços da torre para a fundação...........................................................51 6.3.3 – Condições de contorno – interação solo-estrutura ...........................................................52 6.3.4 – Malha de elementos finitos ............................................................................................54 6.4 – Modelo de análise dinâmica ..................................................................................................56 6.4.1 – Frequências principais de excitação................................................................................56 6.4.2 – Descrição dos modelos ..................................................................................................56 CAPÍTULO VII ................................................................................................................................60 7.1 – Análise estática da fundação .................................................................................................60 7.2 – Análise dinâmica do conjunto fundação e torre .....................................................................61 CAPÍTULO VIII ...............................................................................................................................62 8.1 – Análise estática.....................................................................................................................62 8.1.1 – Caso de Estudo 1 – Análise comparativa dos esforços internos .......................................62 8.1.2 – Caso de Estudo 2 – Análise comparativa da rigidez rotacional fornecida à torre .............69 8.1.3 – Caso de Estudo 3 – Análise paramétrica da variação do momento fletor com a rigidez do solo ...........................................................................................................................................71 8.1.4 – Caso de Estudo 4 – Análise paramétrica da variação da rigidez rotacional com o módulo de reação vertical do solo ..........................................................................................................73 8.1.5 – Caso de Estudo 5 – Análise paramétrica da influência da rigidez da fundação na rigidez rotacional ..................................................................................................................................78 8.2 – Análise dinâmica ..................................................................................................................82 8.2.1 – Modelos com a torre engastada no solo (Modelos 0 e A) ................................................82 8.2.2 – Modelos com apoio flexível (modelo B).........................................................................85 8.2.3 – Modelos com as fundações discretizadas (ModeloC) .....................................................88 CAPÍTULO IX .................................................................................................................................90 9.1. Conclusões .............................................................................................................................90 9.2. Sugestões para trabalhos futuros .............................................................................................91 REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................92 10 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Partes componentes de um aerogerador. ............................................................................18 Figura 2 - Tipos principais de fundação de aerogerador. ....................................................................20 Figura 3 - Distribuição linear de uma fundação sob ação de um momento solicitante. ........................25 Figura 4 - Pressões de contato entre a fundação e o solo para sapatas flexíveis e rígidas.....................25 Figura 5 - Ilustração do modelo de Winkler. ......................................................................................26 Figura 6 - Modelo de semi-espaço elástico. Graus de liberdade de translação horizontal e vertical e de rotação. .............................................................................................................................................29 Figura 7 - Fator de profundidade de assentamento. ............................................................................31 Figura 8 - Curva de tensão deformação transversal de um solo submetido a um carregamento dinâmico. ..........................................................................................................................................33 Figura 9 - Gráfico do módulo de elasticidade transversal normatizado em função da deformação transversal.........................................................................................................................................34 Figura 10 - Gráfico da relação entre o módulo de elasticidade transversal normatizado e taxa de amortecimento em função da deformação transversal. .......................................................................35 Figura 11 - Comportamento tensão-deformação para solos mostrando diferentes domínios de deformação. ......................................................................................................................................37 Figura 12 - Módulo de elasticidade transversal e taxa de amortecimento em função da deformação transversal.........................................................................................................................................37 Figura 13 - Sistema dinâmico de um grau de liberdade. .....................................................................39 Figura 14 - Gráfico de controle da frequência natural de vibração da torre para um aerogerador Opti- OWECS. ...........................................................................................................................................41 Figura 15 - Modelo de haste flexível engastada no solo. ....................................................................42 Figura 16 - Modelo para análise dinâmica do conjunto gerador-torre-fundação considerando a interação solo-estrutura. ....................................................................................................................43 Figura 17 - Geometrias utilizadas. ....................................................................................................45 Figura 18 - Sistema de eixos globais adotado. ...................................................................................46 Figura 19 - Excerto da Tabela 3 da IEC 61400-1/2005 mostrando os coeficientes de majoração para cargas desfavoráveis e favoráveis. .....................................................................................................48 Figura 20 - Direção do momento solicitante resultante transmitido à fundação. .................................48 Figura 21 - Convenção de nós e eixos locais adotada pelo SAP 2000 para elementos quadrilaterais. ..49 Figura 22 - Convenção de nós e eixos locais adotada pelo SAP 2000 para elementos triangulares. .....50 Figura 23 - Comparação entre os padrões de armação geralmente adotados e os eixos locais dos elementos utilizados na modelagem das fundações. ...........................................................................51 Figura 24 - Momento de tombamento da fundação. ...........................................................................51 Figura 26 - Modelo de análise de elementos finitos da fundação circular. ..........................................54 Figura 27 - Modelo de análise de elementos finitos da fundação octogonal. .......................................55 Figura 28 - Modelo de análise de elementos finitos da fundação quadrada. ........................................55 Figura 29 - Diagrama de Campbell para aerogeradores. .....................................................................56 Figura 30 - Representação dos modelos analisados. ...........................................................................57 Figura 31 - Ilustração de como serão determinadas as seções de cada segmento discretizado da torre.58 Figura 32 - Propriedades das torres consideradas na análise dinâmica. ...............................................59 Figura 33 - Estudos realizados a partir da análise estática das fundações. ...........................................60 Figura 34 - Detalhamento das análises dinâmicas. .............................................................................61 Figura 35 - Ilustração do momento M11. ...........................................................................................63 Figura 36 - Mapa de esforços de momentos fletores M11 para a fundação circular.............................64 file:///C:/Users/Robson/Documents/Material%20de%20estudo/Engenharia%20Civil%20UFRN/Material%20para%20TCC/MONOGRAFIA/MONOGRAFIA%20-%20TCC%20-%20ROBSON_0D.docx%23_Toc485313697 file:///C:/Users/Robson/Documents/Material%20de%20estudo/Engenharia%20Civil%20UFRN/Material%20para%20TCC/MONOGRAFIA/MONOGRAFIA%20-%20TCC%20-%20ROBSON_0D.docx%23_Toc485313697 11 Figura 37 - Mapa de esforços de momentos fletores M22 para a fundação circular.............................65 Figura 38 - Mapa de esforços de momentos fletores M11 para a fundação quadrada (0º). ...................65 Figura 39 - Mapa de esforços internos de momentos fletores M22 para a fundação quadrada (0º). .....66 Figura 40 - Mapa de esforços internos de momentos fletores M11 para a fundação quadrada (45º). ...66 Figura 41 - Mapa de esforços internos de momentos fletores M22 para a fundação quadrada (45º). ...67 Figura 42 - Mapa de esforços de momentos fletores M11 para a fundação octogonal (0º)...................67 Figura 43 - Mapa de esforços de momentos fletores M22 para a fundação octogonal (0º)...................68 Figura 44 - Mapa de esforços de momentos fletores M11 para a fundação octogonal (22,5º). .............68 Figura 45 - Mapa de esforços de momentos fletores M22 para a fundação octogonal (22,5º). .............69 Figura 46 - Deformada da fundação circular referente a um corte passando pelo deslocamento máximo (resultado do SAP 2000 modificado). ................................................................................................70 Figura 47 - Variação do momento fletor máximo com a variação do módulo de reação vertical. ........73 Figura 48 - Rigidez rotacional versus módulo de reação vertical normatizado. ...................................75 Figura 49 - Deformada da fundação circular para kv1 e kv10. ..............................................................76Figura 50 - Deformada da fundação quadrada para kv1 e kv10..............................................................77 Figura 51 - Deformada da fundação octogonal para kv1 e kv10. ...........................................................77 Figura 52 - Gráfico da rigidez rotacional em função do modificador de rigidez à flexão da fundação. 80 Figura 53 - Deformação da fundação circular para 0,25D e 10D. .......................................................81 Figura 54 - Deformação da fundação quadrada (0 e 45 graus) para 0,25D e 10D. ...............................81 Figura 55 - Deformação da fundação octogonal (0 e 22,5 graus) para 0,25D e 10D. ...........................81 Figura 56 - Gráfico comparativo de frequências para os modelos ENG-CON-0 e ENG-AÇO-0. ........83 Figura 57 - Configuração deformada para os modelos ENG-CON-A (à esquerda) e ENG-AÇO-A (à direita). .............................................................................................................................................84 Figura 58 - Razão entre módulo de elasticidade transversal e taxa de amortecimento em função da deformação transversal......................................................................................................................85 Figura 59 - Frequência natural de vibração para os modelos de torre de concreto. ..............................87 Figura 60 - Frequência natural de vibração para os modelos de torre de aço. ......................................88 12 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 - Influência de alguns parâmetros do solo no Gmax (Karl, 2005). ..........................................34 Tabela 2 - Influência de parâmetros geotécnicos na taxa de amortecimento do solo. ..........................36 Tabela 3 - Níveis de deformação transversal de acordo com a fonte de solicitação dinâmica. .............36 Tabela 4 - Dados geométricos dos modelos. ......................................................................................46 Tabela 5 - Cargas resultantes para o ELU. .........................................................................................47 Tabela 6 - Cargas resultantes para o ELS. ..........................................................................................47 Tabela 7 - Propriedades das torres consideradas nas análises dinâmicas. ............................................58 Tabela 8 - Resumo contendo a identificação de todos os modelos da análise dinâmica a serem estudados. .........................................................................................................................................59 Tabela 9 - Módulo de reação vertical adotado para cada fundação. ....................................................62 Tabela 10 - Tabela comparativa dos momentos fletores desenvolvidos nas fundações. .......................64 Tabela 11 - Diferenças percentuais entre os momentos fletores da fundação. .....................................64 Tabela 12 - Análise comparativa da rigidez rotacional. ......................................................................70 Tabela 13 - Módulos de reação vertical utilizados na análise paramétrica da influência da rigidez do solo. ..................................................................................................................................................71 Tabela 14 - Valor de módulo de reação vertical obtido em ensaios de placa. Valores em tf/m³. ..........72 Tabela 15 - Variação do momento fletor máximo com a rigidez do solo. ...........................................72 Tabela 16 - Resultados da análise da variação da rigidez rotacional com a rigidez do solo. ................74 Tabela 17 - Diferença percentual entre a rigidez rotacional das fundações circular e octogonal em relação à fundação quadrada..............................................................................................................75 Tabela 18 - Modificadores de rigidez à flexão adotados. ....................................................................78 Tabela 19 - Resultados da análise da variação da rigidez rotacional com a rigidez à flexão da fundação. .........................................................................................................................................................79 Tabela 20 - Frequência natural para o primeiro modo de vibração para a torre de concreto. ...............82 Tabela 21 - Frequência natural para o primeiro modo de vibração para a torre de aço. .......................82 Tabela 22 - Valores típicos de coeficiente de Poisson para alguns tipos de solo. ................................86 Tabela 23 - Rigidezes das fundações circular, quadrada e octogonal. .................................................86 Tabela 24 - Frequência natural do primeiro modo de vibração para os modelos do tipo B. .................87 Tabela 25 - Módulo de reação vertical utilizados nos modelos tipo C. ...............................................88 Tabela 26 - Frequência natural de vibração para os modelos tipo C considerando a análise com e sem constraints de placa. ..........................................................................................................................89 13 CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO - 1.1 – Considerações iniciais Atualmente existe uma crescente preocupação com a problemática do desenvolvimento sustentável, gerando sempre novas buscas por fontes limpas e renováveis de energia. Como exemplo de algumas dessas alternativas, pode-se citar as usinas hidrelétricas, eólicas e solares, sendo dessas três, a energia eólica uma opção que se apresenta como de baixo impacto ambiental, sendo renovável e não apresentando problemas relacionados à geração de resíduos nocivos. Por essa razão, nos últimos anos existiu um aumento na geração de energia eólica, perfazendo, cada vez mais, uma parcela maior da matriz energética de países como Alemanha, Holanda, China, Japão e mesmo o próprio Brasil. Do ponto de vista da engenharia civil, a problemática envolvendo a geração de energia a partir dos ventos é centrada, principalmente, no projeto de fundações para os aerogeradores. Existem várias soluções para fundações tanto em terra (ou on-shore) quanto para parques eólicos localizados no mar (off-shore). Tanto para um tipo, quanto para o outro, existe uma preocupação não só com os esforços desenvolvidos na estrutura da fundação, mas também com relação a recalques admissíveis e rigidez rotacional. Além disso, por ser uma estrutura submetida a carregamentos de natureza dinâmica, seu comportamento frente à frequência excitadora também deve ser analisado, sendo importante a consideração da rigidez da interação solo-estrutura na determinação da frequência natural da estrutura (Tempel, 2002). As fundações on-shore podem ser tanto superficiais quanto profundas, sendo comum o emprego de radier estaqueado, sapatas e bloco sobre estacas. Considerando as fundações rasas, existem várias geometrias possíveis, como circular, quadrada ou octogonal. A escolha de qual a melhor geometria deve considerar aspectos de eficiência ligados ao desenvolvimento dos esforços internos, rigidez rotacional necessária ao pleno funcionamento do aerogerador, evitando recalques diferenciais que gerem instabilidade no conjunto torre- gerador, e, finalmente, comportamento dinâmico frente às fontes de excitação, como a ação dos ventos e a própria atuação do rotor. Apenas analisando conjuntamente os três aspectos mencionados acima, a partir de estudos parametrizados focados no comportamento estrutural e dinâmico, é que é possível aferir, de fato, a eficiência de cada formato de fundação superficial. 14 1.2 – Objetivos 1.2.1 – Objetivo geral A pesquisa tem como objetivo geral avaliar, através de uma análise numérica via Método dos Elementos Finitos (MEF), qual a geometriade fundação superficial de aerogerador é mais eficiente sob ponto de vista estrutural. 1.2.2 – Objetivos específicos O trabalho tem como objetivos específicos: Analisar a influência da geometria da fundação nos momentos fletores e na rigidez rotacional do conjunto torre-fundação-solo; Análise da influência da geometria da fundação no comportamento dinâmico da estrutura; Verificar o impacto da rigidez da estrutura no comportamento dinâmico do conjunto torre-fundação-solo; Comprovar a importância de se considerar tanto a interação solo-estrutura, quanto a rigidez da fundação na análise modal do sistema torre-fundação. 1.3 – Estrutura do trabalho O trabalho será desenvolvido ao longo de nove capítulos, contanto com esse primeiro. O Capítulo II trará conceitos básicos relativos às fundações de aerogeradores, discutindo itens como os principais tipos de fundações empregadas, as cargas e estados limites considerados no dimensionamento de fundações de aerogeradores. O Capítulo III desenvolve conceitos relativos à interação solo-estrutura para fundações superficiais, focando nos modelos que serão utilizados no trabalho. O Capítulo IV estende os conceitos de interação solo estrutura para o caso da análise dinâmica de fundações de máquina, apresentando conceitos introdutórios, porém suficientes para as análises desenvolvidas no presente trabalho. O Capítulo V conceitua princípios da análise dinâmica aplicada às estruturas de aerogeradores. 15 Já o Capítulo VI explica detalhadamente os modelos de estudo adotados, enquanto o Capítulo VII descreve quais análises foram feitas. Por fim, tem-se o Capítulo VIII que traz os resultados e discussões pertinentes e o Capítulo IX que apresenta conclusões desenvolvidas no estudo. 16 CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - O estudo do comportamento de fundações de aerogeradores apresenta uma complexidade inerente tanto ao estudo da interação solo-estrutura quanto à análise de estruturas submetidas a carregamentos dinâmicos. Ainda assim houve diversos avanços tanto na área de dinâmica das estruturas quanto em interação solo-estrutura que permitiram várias análises simplificadas do problema. Primeiramente, Winkler (1867) estabeleceu hipóteses simplificadoras do comportamento do solo, o qual é considerado no modelo como um conjunto de molas independentes, que simulam a proporcionalidade das pressões de contato e os recalques da fundação. A partir desse modelo tem-se o coeficiente de reação vertical, muito utilizado no dimensionamento de radiers. Esse coeficiente pode ser determinado em função do resultado de ensaios de placa, onde uma placa rígida é carregada sobre o solo com o objetivo de se medir o recalque do conjunto placa-solo. Com esses dados, e tendo a carga aplicada, é possível determinar o coeficiente de mola do solo. O modelo de Winkler possui limitações principalmente ligadas ao fato de que ele considera uniforme a relação do deslocamento do solo com a carga aplicada independente da geometria da fundação, natureza e direção do carregamento, além de não levar em conta os parâmetros constitutivos não lineares do solo (Warren-Codrigton, 2013). Santos (1990) descreve um modelo que utiliza uma distribuição não uniforme para simular a rigidez da interação solo-estrutura em que é utilizada a matriz de rigidez condensada do solo para a obtenção do coeficiente de mola em cada ponto da fundação. Apesar de ser um modelo refinado e possuir boa integração com o método dos elementos finitos para análise de fundações superficiais, aumenta muito o trabalho na modelagem da estrutura requerendo, muitas vezes, algoritmos computacionais para o cálculo do coeficiente de rigidez de cada mola. Além disso tal modelo ainda não considera o comportamento não-linear do solo. Outros modelos de distribuição não uniforme de rigidez também apresentam tais dificuldades. Por isso o modelo de Winkler continua sendo largamente utilizando. Ademais existem ainda as correções para levar em consideração fatores como as dimensões e formato da fundação, como o método para obtenção do módulo de reação vertical proposto por Vesic (1961), baseado na comparação dos momentos fletores obtidos com os dois modelos para placas flexíveis. 17 Com relação à modelagem de fundações rasas de aerogeradores, tem-se os trabalhos de Ribeiro (2014), que analisou a fadiga tanto de fundações rasas quanto profundas de aerogeradores, e Araújo, Candemil e Puel (2014) que comparou o uso de elementos sólidos e elementos de placa na modelagem de fundações de aerogeradores. Com relação a análise da rigidez rotacional de fundações de aerogeradores Maranhão (2016) trouxe à tona a influência da rigidez da fundação na frequência natural da estrutura a partir de análises modais. Em Bhattacharya et al. (2017) tem-se, de forma esclarecedora, um passo a passo do dimensionamento de fundações de aerogeradores off-shore, explanando desde o levantamento das cargas, feito a partir de análises de espectros e modelos estatísticos da ação do vento e das marés, até a análise dinâmica e de fadiga da fundação. Já Adhikari e Bhattacharya (2012) analisaram a influência da rigidez da fundação na análise dinâmica de torres de aerogeradores. Tempel e Molenaar (2002) estudou a dinâmica das torres eólicas a partir de um modelo de pêndulo invertido engastado na base. Sua pesquisa trouxe conceitos básicos da dinâmica de estruturas aplicada a torres de aerogeradores e a classificação da estrutura quanto à frequência de excitação natural. Com relação ao modelo utilizado na análise dinâmica, tem-se desde Lamb (1904), com a solução para uma carga vertical concentrada na superfície de um semi-espaço elástico (conhecido como problema dinâmico de Boussinesq) a Lysmer (1965) que propuseram um modelo simplificado que utiliza molas e amortecedores independentes da frequência de excitação para a solução de problemas práticos da engenharia. Por fim, tem-se Warren-Codrington (2013) que trouxe em sua dissertação, tanto um estudo bibliográfico relativo ao dimensionamento e análise estática, quanto referente à análise dinâmica de fundações rasas de aerogeradores, exemplificando através de um estudo de caso de um parque eólico a ser instalado em Pedocres, sul da África. 2.1 – Fundações de Aerogeradores Um aerogerador é um gerador de energia elétrica que converte a energia cinética da movimentação das pás de seu rotor em energia elétrica. Atualmente existe um crescente uso desse tipo de energia por ser limpa, renovável e de baixo impacto ambiental. Segundo Alvim Filho (2009) apud Melo (2012) os principais componentes de um gerador de energia eólica são: 18 Nacele: é o componente que se localiza no topo da torre e abriga os diversos elementos elétricos e hidráulicos que perfazem o sistema de geração e transmissão de energia. Pás: são aerofólios que rotacionam devido a ação do vento e cuja a energia cinética de seu movimento é transformada em energia elétrica pelo gerador. Geralmente são fabricadas a partir plásticos reforçados com fibras de vidro. Cubo: é o componente que recebe as pás formando o rotor, transmitindo sua rotação para o eixo. Torre: sustentação de todo os elementos do gerador incluindo o rotor. É responsável pela transmissão das cargas para a fundação. Fundação: estrutura responsável pela transmissão das cargas para estratos resistentes do solo. A Figura 1 mostra esquematicamente os componentes de uma aerogerador. Figura 1 - Partes componentes de um aerogerador. Fonte: Autor (2017). 19 2.2 – Tipos de fundação utilizados em aerogeradores Segundo Adhikari e Bhattacharya (2012) os principais tipos de fundação utilizados para aerogeradores são: Fundação em monoestaca (tubulão):a torre do gerador eólico é assentada no solo por meio de uma estaca oca de grandes dimensões (Figura 2A) e com profundidade suficiente para atingir estratos mais resistentes do solo. Tal tipo de fundação é amplamente usado em aerogeradores off-shores. Em Bhattacharya et al (2017) tem-se um guia de dimensionamento simplificado em 10 passos, indo desde o levantamento das cargas até verificações de fadiga. Fundação do tipo caixão: é composta de um cilindro metálico oco cravado no solo com sua parte superior coberta por uma placa metálica que transfere os esforços da torre para a fundação (Figura 2B). Esse tipo de fundação é utilizado também em fundações off-shore tendo como principal mecanismo de estabilidade a sucção originada devido à diferença de pressões entre o interior e o exterior do anel metálico. Essa sucção mantem a fundação ligada ao solo marinho. Fundação do tipo multipod (tripod ou tretapod): é composta por uma série de fundações do tipo caixão (geralmente três ou quatro) associadas (Figura 2C). Fundação gravitacional: são fundações superficiais que consistem em grandes sapatas de concreto que resistem aos momentos de tombamento por meio, principalmente, do peso da fundação (Figura 2D). São muito utilizadas em fundações on-shore. Esse tipo de fundação é o objeto do presente estudo. Além desses tipos de fundação, um outro muito empregado é: Fundações de bloco estaqueado: são fundações de aerogeradores on-shore utilizadas em solos que não possuem camadas superficiais resistentes, sendo necessário a transmissão da carga para estratos mais profundos (Figura 2E). São compostos por estacas, sendo empregadas, geralmente, estacas-raiz ou hélice contínua, tendo, além disso, um bloco de coroamento que possui a função de transmitir as cargas provenientes da torre e solidarizar a ação das estacas. 20 Figura 2 - Tipos principais de fundação de aerogerador. Fonte: Autor (2017). 2.3 – Dimensionamento de fundações de aerogeradores 2.3.1 – Situações de projeto utilizadas no levantamento das ações Segundo o Guidelines for Design of Wind Turbine (DNV/ RisΦ, 2002), que é um manual de projeto de estruturas de aerogeradores produzido pela Det Norske Veritas uma fundação autônoma dinamarquesa especializada no ramo de produção de energia, as seguintes situações de projeto devem ser consideradas no dimensionamento de um aerogerador, sendo os dois primeiros relativos a situações operacionais e os outros referentes a condições temporárias: Funcionamento normal do gerador com produção de energia; Situações de início e término de produção de energia (cut-in/cut-out, respectivamente), além da situação em que o rotor do gerador encontra-se parado; Transporte das estruturas; Instalação e montagem dos equipamentos do gerador; 21 Falhas do sistema de controle do gerador; Manutenção e reparos; Situação de testes. De acordo a norma internacional IEC 61400 – 1: Wind Turbines – Part 1: Design requirements (IEC, 2005) considerando situações operacionais de funcionamento do aerogerador, deve-se levar em conta a condição do vento atuante, que pode ser: Vento agindo de acordo o perfil normal; Vento em turbulência normal; Rajada extrema de vento; Mudança repentina de direção do vento; Rajada extrema em condições operacionais; Velocidade extrema do vento; Força cortante máxima na torre causada pelo vento. Além das cargas devido à ação dos ventos (força de arrasto agindo nas pás do rotor, na nacele e na torre) outras cargas também devem ser levadas em consideração, tais como: o peso do conjunto nacele-torre e da fundação, ação das marés e cargas dinâmicas oriundas da rotação do rotor. 2.3.2 – Cargas atuantes na fundação Algumas das ações e situações de projeto descritas no item anterior podem gerar carregamentos de magnitude relevante que devem ser levados em consideração no dimensionamento da fundação. Segundo Warren-Codrington (2013) com relação à resposta do solo e do sistema fundação-solo frente a essas cargas, elas podem ser classificas em: Carga monotônica: apresenta uma direção constante e não sofre flutuações expressivas de seu valor durante a vida útil da estrutura, sendo, portanto, independente do tempo. Tais cargas são usualmente denominadas de cargas estáticas. Carga transiente (dinâmica): tal denominação faz referência aos cenários em que a resposta do solo apresenta-se dependente do tempo e a carga não é cíclica, apresentando um comportamento de impulso. Muitas vezes, as cargas transmitidas às fundações de aerogeradores possuem uma parcela monotônica e uma parcela transiente, como por exemplo, uma rajada extrema de vento atuando no gerador. 22 Cargas cíclicas: podem ser consideradas como estáticas ou transientes, a depender do período de carregamento (longo ou curto, respectivamente). Quando a carga possui um ciclo muito curto e, consequentemente, irá apresentar vários ciclos de carregamento ao longo da vida útil da estrutura, o comportamento do solo fica condicionado à situação de fadiga, em que a sua rigidez diminui com o número de ciclos. As cargas dinâmicas (transientes e cíclicas) são classificadas em: impulso, quando possuem curta duração e, geralmente, uma amplitude maior; vibração ou propagação de onda, quando a frequência excitadora varia entre 1 a 1000 Hz, e cargas de fadiga, já descritas anteriormente. 2.3.3 – Estados limites Em Morgan e Ntambakwa (2008) apud Warren-Codrington (2013) são listados os principais estados limites a serem considerados no projeto de uma fundação rasa de aerogerador. A saber: resistência da fundação e do solo, estabilidade da fundação, rigidez solo-fundação e desenvolvimento de recalques diferenciais. A seguir será mais bem explicado cada um desses estados limites. 2.3.3.1 – Resistência da fundação Refere-se ao desenvolvimento de tensões na estrutura da fundação que possam ser devidamente resistidas sem ocorrer ruptura parcial ou total de elementos estruturais. Segundo Maunu (2008), essa análise pode ser feita por meio dos seguintes modelos: método de bielas e tirantes (sendo esse modelo mais utilizado como verificações rápidas tendo em vista que devido à grande proporção das fundações e a magnitude das cargas, haverá fissuração da estrutura gerando um braço de alavanca variável), análise de elementos finitos de placa e análise de elementos sólidos. 2.3.3.2 – Capacidade de carga do solo O estado limite de capacidade carga do solo diz respeito ao desenvolvimento de pressões de contanto entre o fundo da fundação e o solo, que podem ser tais que causem a ruptura do solo sob ou adjacente à fundação, sendo caracterizado como estado limite último. Como a fundação é submetida a cargas com alta excentricidade, a DNV (2002) sugere o 23 método da área efetiva para o cálculo da capacidade de carga, em que se usa uma área de contato equivalente calculada de modo que coincidam o centro de aplicação da carga e o centroide da área. 2.3.3.3 – Estabilidade da fundação A fundação deve resistir tanto a forças horizontais quanto ao momento de tombamento. Por isso devem ser feitas verificações relativas tanto ao tombamento da estrutura, quanto ao seu deslizamento. A verificação ao tombamento é feita considerando uma área de contato mínima entre a base e o solo levando em conta uma carga operacional agindo sobre a fundação. Se a área de contato for menor do que a mínima, haverá desprendimento da fundação e, consequentemente, a mesma não será capaz de resistir ao momento de tombamento. Já o deslizamento é verificado simplesmente considerando o atrito entre a fundação e o solo. A força estática de atrito é comparada com a força horizontal agindo na base da torre. Essa comparação é feita de acordo com coeficientes de segurança. Geralmente, não é um fator determinante nodimensionamento da fundação de um aerogerador. 2.3.3.4 – Rigidez solo-fundação A rigidez solo-fundação faz referência a capacidade da fundação de resistir a deformações sob ação de uma carga. O principal requisito de rigidez é a rigidez rotacional do conjunto solo-fundação, sendo esse um dos principais parâmetros exigidos pelos fabricantes do aerogerador para o seu correto funcionamento. A rigidez rotacional é extremamente importante na análise dinâmica da estrutura, sendo crucial no comportamento da estrutura quando submetida a oscilações rotacionais (rocking vibration mode). 2.3.3.5 – Recalques diferenciais Por fim, têm-se os recalques diferenciais da fundação. Esses deslocamentos devem ser tais que não afetem o funcionamento do gerador. O fabricante, normalmente, também indica quais valores de recalque diferencial são aceitáveis para o estado limite de serviço da fundação. 24 CAPÍTULO III - INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA PARA FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS– 3.1 – Preâmbulo Na análise da interação solo-estrutura a rigidez real do elemento estrutural de fundação é considerada no cálculo de seus deslocamentos e esforços internos (Lopes e Velloso, 2004). Isso é feito a partir da construção de modelos matemáticos que englobem as relações entre o solo e a estrutura no que diz respeito aos deslocamentos e rigidezes (Warren-Codrington, 2013). Ou seja, para a obtenção de resultados mais próximos da realidade é preciso considerar o efeito da rigidez da fundação na determinação dos deslocamentos e pressões de contato desenvolvidos no solo. O desenvolvimento das teorias de interação solo-estrutura para fundações superficiais veio desde a consideração da distribuição linear de tensões no solo, passando por modelos elásticos lineares, em que o solo é modelado como sendo um semi-espaço elástico ou como um conjunto de molas independentes, até modelos elásticos não lineares como o modelo de endurecimento do solo (Hardening Soil) em que se tem uma formulação constitutiva do solo que incorpora aspectos específicos como o adensamento, histórico de tensões e dilatância (Obrsud apud Warren-Codrington, 2013). Os principais estudos com relação a esse assunto foram desenvolvidos por: Winkler (1867), que estabeleceu hipóteses simplificadoras do solo com base na relação entre deslocamentos do substrato e as pressões de contato nele desenvolvidas a partir da análise de um parâmetro (coeficiente de reação vertical, kv) que posteriormente foi refinado por Vesic (1961) para incorporar melhor modelos de fundações de grandes dimensões; Filonenko- Borodich (1940) que propôs um modelo considerando a interação entre as molas a partir de um membrana submetida a uma tensão uniforme T localizada entre o solo e a fundação, dando origem, assim, a um modelo de dois parâmetros (kv e T) e Hetenyi (1946) que propôs a utilização de um elemento elástico (uma viga para problemas bidimensionais ou uma placa para problemas envolvendo três dimensões) para proporcionar integração entre os elementos de mola. 25 Além disso, Poulos e Davis (1974) conduziram um estudo analítico para determinação da interação solo-estrutura considerando uma placa rígida assentada sobre um semi-espaço elástico. 3.2 – Modelo de distribuição linear de pressões de contato Um parâmetro essencial para se entender o comportamento de uma fundação superficial é a pressão de contato desenvolvida na superfície inferior da fundação. Essa distribuição vai depender da rigidez tanto da fundação quanto do solo, sendo diferente a depender se o solo for argiloso, arenoso ou rochoso. Do ponto de vista do projeto estrutural pode-se admitir que as pressões sob a sapata distribuem-se de maneira uniforme ou com uma variação linear (Araújo, 2010). A Figura 3 abaixo mostra a variação linear da pressão de contato para uma sapata com um momento solicitante, enquanto que a Figura 4 mostra a distribuição linear de pressão de contato variando com o tipo de solo e rigidez da fundação. Figura 3 - Distribuição linear de uma fundação sob ação de um momento solicitante. Fonte: Autor (2017). Figura 4 - Pressões de contato entre a fundação e o solo para sapatas flexíveis e rígidas. Fonte: Autor (2017) adaptado de Araújo (2010). 26 Esse método tem sido extensivamente utilizado no dimensionamento de fundações usuais de edifícios devido a sua simplicidade. Entretanto, para fundações de grandes extensões, tais quais as de aerogeradores, esse método leva a dimensionamentos demasiadamente conservadores (Maunu, 2008). Por essa razão, quando se trata de fundações de aerogeradores, há que se pensar em outros métodos, mesmo que simplificados, ainda mantendo a consideração do solo como meio linear elástico, na análise tanto estática quanto dinâmica. 3.3 – Modelo de Winkler – Molas com resposta linear O módulo de reação vertical é dado pela relação entre a carga aplicada em um solo e as deformações decorrentes dessa solicitação. O uso desse parâmetro na modelagem da interação entre o solo e a estrutura deriva das Hipóteses de Winkler, que dizem que o solo desenvolve resistência ao carregamento segundo elementos discretos e independentes, ou seja, tal fato ocorre sem interferência do cisalhamento entre os elementos do solo focando apenas em sua rigidez (Bezgin, 2012 apud Warren-Codrington, 2013). Segundo o modelo de Winkler as pressões de contato são proporcionais aos deslocamentos (Lopes e Velloso, 2004), o que pode ser traduzido pela seguinte equação: 𝑞 = 𝑘𝑣𝑤 (1) Onde 𝑞 é a carga aplicada, 𝑤 é o deslocamento vertical e 𝑘𝑣 é o módulo de reação vertical. A Figura 5 ilustra bem o Modelo de Winkler. Figura 5 - Ilustração do modelo de Winkler. Fonte: Autor (2017). Esse modelo pode ser adotado tanto para elementos unidimensionais, como vigas, quanto para elementos bidimensionais, como placas. 27 O módulo de reação vertical é comumente determinado a partir de ensaios de placa, onde o recalque é medido considerando certa carga agindo em uma placa de dimensões conhecidas. A razão da tensão pela deformação é o módulo de reação vertical kv1 relativo ao ensaio de placa, tal valor deve ser convertido no módulo de reação vertical do solo a partir da seguinte expressão (Lopes e Velloso, 2004): 𝑘𝑣 = 𝑘𝑣1 ( 𝑏 𝐵 ) 𝑛 (2) Onde 𝑏 é a dimensão da placa de ensaio, 𝐵 é a maior dimensão da fundação e 𝑛 é um coeficiente que depende da camada compressível abaixo da fundação. Ao analisar a Equação 2 é possível perceber que quanto maior o valor da dimensão da fundação menor será o valor do módulo de reação vertical, de forma que para fundações tão grandes quantos as utilizadas em aerogeradores essa relação pode deteriorar-se não mostrando uma correlação válida entre o valor de ensaio do campo e o valor do coeficiente de mola utilizado na modelagem da fundação. De fato, uma das limitações desse método diz respeito à dificuldade de se obter um valor fidedigno para o coeficiente de reação vertical. Outro ponto fraco do modelo é relacionado ao fato de que a natureza da relação solo-estrutura depende não só da resistência, rigidez e compressibilidade do solo, mas também da magnitude e direção do carregamento, além da geometria da fundação, o que faz com que a consideração de um deslocamento uniforme ao longo de toda a fundação seja inconsistente, ignorando a continuidade do solo (Warren-Codrington, 2013). Apesar dessas limitações o Modelo de Winkler é, indubitavelmente, o mais utilizado na análise da interação solo-estrutura (Kameswara Rao apud Warren-Codrington, 2013) devido a sua simplicidade e obtenção de resultados eficientes. Além disso, houveram muitas melhorias na forma de se determinar o coeficiente de reação vertical. Exemplo disso é a correlação desenvolvida por Vesic (1961a, 1961b), expressa pela Equação 3. 𝑘𝑣 = 1 𝐵 [0,65 √ 𝐸𝑠𝐵4 𝐸𝑓𝐼𝑓12 ] 𝐸𝑠 (1 − 𝜈2) ≈ 𝐺(1 + 𝜈) 𝑟(1 + 𝜈²) (3) Onde 𝐸𝑠 módulo de elasticidade do solo, 𝐸𝑓 é o módulo de elasticidade do material da fundação, 𝐼𝑓 é o momento de inércia em relação ao eixo de flexão da fundação 𝑒 𝜈 é o coeficiente de Poisson do solo. 28 3.4 – Modelo de meio contínuo Outra forma de se representar a interação-solo estrutura é a partir de modelos de meio contínuo. Nesses modelos o solo pode ser representado por um semi-espaço elástico ou por modelos constitutivos que simulem um comportamento elasto-plástico do solo. Para o primeiro tipo de modelo, têm-se algumas soluções para vigas e placas baseadas na Teoria da Elasticidade. O segundo caso, dificilmente justificado em projetos correntes, requer, por exemplo, solução numérica pelo Método dos Elementos Finitos (Lopes e Velloso, 2004). 3.4.1 – Teoria do semi-espaço elástico Uma forma de simplificar o estudo da interação solo-estrutura é a consideração do solo como sendo um semi-espaço de comportamento linear elástico. Os parâmetros de rigidez podem ser determinados a partir da resolução dos deslocamentos de uma placa circular rígida assentada nesse semi-espaço para os seus três graus de liberdade. O estudo analítico de Poulos e Davis (1974) trouxe uma luz no problema, fornecendo soluções para vários casos, incluindo o de uma fundação circular assentada em um semi-espaço elástico linear, apresentadas pelas Equações 4, 5 e 6. A Figura 6 traz uma representação dos graus de liberdades analisados. 𝑉 = ( 4𝐺𝑟 1 − 𝜈 )𝑤 (4) 𝐻 = ( 8𝐺𝑟 2 − 𝜈 )𝑢 (5) 𝑀 = [ 8𝐺𝑟³ 3(1 − 𝜈) ] 𝜃 (6) 29 Figura 6 - Modelo de semi-espaço elástico. Graus de liberdade de translação horizontal e vertical e de rotação. Fonte: Autor (2017). A partir das Equações 4, 5 e 6, tem-se que as rigidezes para os graus de liberdade de translação vertical, translação horizontal e rotação são dados, respectivamente, por: 𝐾0,𝑣 = 4𝐺𝑟 1 − 𝜈 (7) 𝐾0,ℎ = ( 8𝐺𝑟 2 − 𝜈 ) (8) 𝐾0,𝜃 = [ 8𝐺𝑟³ 3(1 − 𝜈) ] (9) Porém, essas rigidezes não levam em consideração o fato da fundação poder estar assentada em um nível abaixo da superfície do solo e só servem para fundações circulares. Portanto, devem ser estabelecidos os coeficientes α e β que levem em conta, respectivamente, o formato da fundação e sua cota de assentamento. 𝐾 = 𝛼𝛽𝐾0 (10) O fator de forma é determinado de acordo com o modo de vibração. Para os modos translacionais (translação vertical e horizontal) tal fator pode ser determinado simplesmente considerando uma fundação circular com a mesma área da fundação em questão que irá fornecer o raio equivalente Re. Para uma fundação quadrada tem-se: 𝐴𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑑𝑜 = 𝐵 2 = 𝐴𝑐í𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜 = 𝜋𝑅𝑒 2 (11) 30 𝑅𝑒,𝑡 = √ 𝐵² 𝜋 = 𝐵 √𝜋 (12) Onde 𝐵 é o lado do quadrado. Para uma fundação octogonal, tem-se: 𝐴𝑜𝑐𝑡ó𝑔𝑜𝑛𝑜 = 8𝑅 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(22,5°) ∙ cos(22,5°) = 𝐴𝑐í𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜 = 𝜋𝑅𝑒² (13) 𝑅𝑒,𝑟 = √ 8𝑅2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(22,5°) ∙ cos(22,5°) 𝜋 = 2𝑅√ 2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(22,5°) ∙ cos(22,5°) 𝜋 = 0,9488𝑅 (14) Em que 𝑅 é o raio de uma circunferência em que a base octogonal esteja circunscrita. Com relação ao modo de vibração rotacional (rocking vibration mode) a equivalência de forma é feita igualando-se os momentos de inércia de forma a achar uma fundação circular com momento de inércia equivalente ao da fundação quadrada/octogonal em questão. Dessa forma, tem-se: 𝐼𝑥′ = 𝐼𝑥 (15) Onde 𝐼𝑥′ é o momento de inércia da fundação circular equivalente e 𝐼𝑥 é o momento de inércia da fundação em questão para o eixo X. 𝐼𝑥 ′ = 𝜋𝑅𝑒 4 4 = 𝐼𝑥 (16) 𝑅𝑒 = √ 4𝐼𝑥 𝜋 (17) A Equação 17 pode ser utilizada tanto para fundações quadradas quanto para fundações octogonais. Além disso, ao analisar essa equação é possível perceber que a rigidez do modo de vibração angular irá depender do eixo no qual a estrutura apresenta a rotação. Se a fundação rotacionar entorno do próprio eixo, tem-se o modo de vibração torcional, cuja rigidez não pode ser determinada pela Equação 17. Como o foco do presente estudo são fundações de aerogeradores, cujas solicitações de momento ocorrem predominantemente para momentos agindo nos eixos horizontais, não há necessidade de apresentar aqui a formulação para o modo vibratório torcional. 31 Com relação ao fator β, tem-se que o mesmo pode ser obtido a partir do gráfico presente na Figura 7, variando de acordo com o modo de vibração analisado. Importante ressaltar que o R presente no gráfico da Figura 7 é referente ao raio equivalente, em se tratando de fundações não circulares. Figura 7 - Fator de profundidade de assentamento. Fonte: Fu e Wang (2014). 32 CAPÍTULO IV - DINÂMICA DAS FUNDAÇÕES – 4.1 – Preâmbulo A análise de estruturas de fundações de aerogeradores requer a consideração de aspectos dinâmicos do sistema. A análise dinâmica de fundações, ao longo dos últimos 50 anos, tem passado por um rápido crescimento devido à necessidade de soluções de engenharia para diversas situações, tais quais: danos devido à liquefação do solo durante terremotos; requerimentos de segurança rigorosos em estruturas de usinas nucleares; projeto de estruturas de fundação para geradores e outras máquinas e análise de estruturas off-shores (Das, 2011). Portanto, a comparação entre quaisquer soluções de fundação para aerogeradores passa, necessariamente, por uma comparação entre eficiência de cada uma frente a carregamentos de natureza dinâmica. Nesse sentido, serão apresentados aspectos básicos da dinâmica das fundações com ênfase em pontos de interesse para o caso específico de fundações de aerogeradores. Antes disso, porém, faz-se necessária a apresentação de propriedades dos solos quando submetidos a solicitações dinâmicas. 4.2 – Propriedades dos solos sob ação de cargas dinâmicas A análise da resposta do solo frente às solicitações dinâmicas não é feita considerando parâmetros usuais utilizados na geotecnia quando se trata de cargas estáticas. Dentre os principais parâmetros, tem-se, de acordo com Hoadley (2012) apud Warren-Codrington (2013): módulo dinâmico de elasticidade longitudinal (E); módulo dinâmico de elasticidade transversal (G); coeficiente de Poisson (ν); amplitude da deformação transversal, taxa de deformação transversal e coeficiente de amortecimento do solo, além de parâmetros de liquefação do solo, muito importantes em análises envolvendo solicitações causadas por terremotos. Desses parâmetros, para uma análise mais simplificada da resposta de fundações frente a vibrações é imprescindível a determinação do módulo dinâmico de elasticidade transversal, do coeficiente de Poisson e da taxa de amortecimento do sistema. 33 Esse comportamento dinâmico, traduzido pelos três parâmetros já citados, depende de várias propriedades do solo. Segundo Priest (2012) os vários testes de laboratório feitos com o objetivo de determinar o comportamento de solos sob ação de cargas dinâmicas e cíclicas mostram que as propriedades de rigidez e amortecimento (dissipação de energia) são influenciadas por uma vasta gama de fatores relacionados, primeiramente, com as características do carregamento, tais quais: amplitude da deformação cisalhante; o número de ciclos e a taxa de deformação. Além disso, são afetados também pelas características estruturais do próprio solo como: tensão média de confinamento; índice de vazios; taxa de sobre-adensamento, grau de saturação, entre outros. 4.2.1 – Módulo de elasticidade transversal A análise do comportamento do solo diante da aplicação de uma carga, ou seja, sua curva tensão-deformação, no caso de solicitações cíclicas e dinâmicas é traduzido, essencialmente, pela relação entre o módulo de elasticidade transversal máximo (Gmax) e o módulo de elasticidade transversal para um certo nívelde deformação transversal γ (G). A Figura 8 mostra um padrão de resposta de um solo a um carregamento cíclico. Como é possível ver nessa figura, para níveis baixos de deformação transversal o módulo de elasticidade pode ser considerado constante. Esse valor é o Gmax. Figura 8 - Curva de tensão deformação transversal de um solo submetido a um carregamento dinâmico. Fonte: Warren-Codrington (2012). 34 A Figura 9 mostra um gráfico que relaciona a razão entre Gmax e G com as deformações transversais. Nele é possível perceber melhor a degradação do módulo de elasticidade transversal para grandes deformações transversais. Até um certo ponto (limite linear elástico) tem-se uma correlação unitária entre o módulo de elasticidade transversal máximo e o módulo para uma dada deformação. Ao passo que quando as deformações aumentam ocorre plastificação do solo diminuindo seu módulo de elasticidade transversal. Figura 9 - Gráfico do módulo de elasticidade transversal normatizado em função da deformação transversal. Fonte: Warren-Codrington (2012). As influências de algumas propriedades do solo no módulo de elasticidade transversal máximo são trazidas na Tabela 1. Tabela 1 - Influência de alguns parâmetros do solo no Gmax (Karl, 2005). Parâmetro Comportamento Influência no Gmax Tensão efetiva média de confinamento Aumenta Aumenta Índice de vazios Aumenta Diminui Índice de plasticidade Aumenta Aumenta (RSA>1) Sobre adensamento Aumenta Aumenta Amplitude da deformação transversal Aumenta Diminui Cimentação Aumenta Aumenta Era geológica Aumenta Diminui Fonte: Karl (2005). 35 4.2.2 – Parâmetros de amortecimento do solo Amortecimento do solo significa, no geral, a perda de energia que o sistema possui. Com relação a essa perda, têm-se dois tipos distintos: perda de energia através da propagação de ondas emitidas pela fundação e irradiadas pelo solo circunvizinho (amortecimento por radiação) e perda de energia interna devido à efeitos de histerese e viscosidade do solo (amortecimento interno) (Richart e Whitman, 1967). No geral, cada modo de vibração possui uma taxa de amortecimento que representa essa perda total de energia, sem distinção do tipo de amortecimento, porém para vibrações translacionais, especialmente movimentos verticais, tem-se que o amortecimento interno apresenta-se bem menos relevante do que o amortecimento por radiação, ao passo que, para movimentos rotacionais (como a vibração angular associada ao tombamento, ou rocking vibration) o amortecimento interno é responsável por uma fração bem maior na taxa total de amortecimento (Richart e Whitman, 1967). A Figura 10 a seguir mostra a relação da taxa de amortecimento e do módulo de elasticidade transversal normatizado com a deformação transversal. Desse gráfico é possível perceber que para taxas baixas de deformação o amortecimento tende a ser menor enquanto que o módulo de elasticidade transversal é maior. Tal comportamento inverte-se para grandes deformações. Esse padrão revela ainda que o solo apresenta um comportamento viscoso (caracterizado pelas altas taxas de amortecimento) para níveis altos de deformação, enquanto que para níveis mais baixos o comportamento elástico traduz de forma razoável a maneira como o solo reage a um carregamento. Figura 10 - Gráfico da relação entre o módulo de elasticidade transversal normatizado e taxa de amortecimento em função da deformação transversal. Fonte: Warren-Codrington (2012). 36 A tabela a seguir mostra a influência de alguns parâmetros geotécnicos na taxa de amortecimento. Tabela 2 - Influência de parâmetros geotécnicos na taxa de amortecimento do solo. Parâmetro Comportamento Influência no ζ Tensão efetiva média de confinamento Aumenta Diminui Índice de vazios Aumenta Diminui Índice de plasticidade Aumenta Diminui Amplitude da deformação transversal Aumenta Aumenta Cimentação Aumenta Diminui Era geológica Aumenta Diminui Fonte: Warren-Codrigton (2012) 4.3 – Aplicação para fundações de aerogeradores Como já visto nos itens anteriores, as principais características do solo (módulo de elasticidade transversal e taxa de amortecimento) são função da deformação transversal que o solo experimenta. Isso significa que a escolha desses parâmetros na modelagem de estruturas de fundações submetidas a carregamentos dinâmicos vai depender, entre outros fatores, dos níveis de deformação transversal do solo. A Tabela 3 a seguir (DNV/RisΦ, 2002) mostra quais são os níveis de deformação transversal de acordo com a natureza da solicitação. Tabela 3 - Níveis de deformação transversal de acordo com a fonte de solicitação dinâmica. Fonte da carga dinâmica Nível de deformação Terremotos Deformações altas (10-2 a 10-1) Máquinas rotativas Deformações baixas (menos de 10-5) Vento e ondas de marés Deformações moderadas (10-3) Fonte: DNV/RisΦ (2002). As deformações presentes em fundações de aerogeradores apresentam-se, geralmente, em algo em torno de 10-4 (DNV/RisΦ, 2002). A partir do gráfico presente na Figura 11 e do gráfico da Figura 10 (item anterior), tem-se que, para fundações de aerogeradores, o solo possui um comportamento que pode ser aproximado por relações lineares de tensão 37 deformação e, além disso, apresenta níveis baixíssimos de amortecimento. Esse panorama faz com que a situação de ressonância seja altamente indesejável, devido ao fato de que a amplitude dos deslocamentos nessa situação depende, basicamente, da taxa de amortecimento (uma explicação mais detalhada pode ser encontrada no CAPÍTULO V). Figura 11 - Comportamento tensão-deformação para solos mostrando diferentes domínios de deformação. Fonte: Warren-Condrigton (2012) A Figura 12 abaixo mostra um ábaco extraído de DNV/RisΦ (2002) que mostra valores típicos para o módulo de elasticidade normatizado e taxa de amortecimento em função da deformação transversal. Figura 12 - Módulo de elasticidade transversal e taxa de amortecimento em função da deformação transversal. Fonte: Autor (2017) adaptado de DNV/RisΦ (2002). 38 CAPÍTULO V - ANÁLISE DINÂMICA DE ESTRUTURAS DE AEROGERADORES – 5.1 – Preâmbulo As estruturas componentes de geradores de energia eólica, tantos os componentes mecânicos, quanto a torre e a fundação, são submetidas a cargas dinâmicas e vibracionais ao longo de sua vida útil, portanto é imprescindível analisar o comportamento dinâmico de tais estruturas, de forma a se evitar modos vibracionais que prejudiquem o funcionamento do gerador. Em Tempel e Moleenar (2002) é possível encontrar princípios básicos relacionados à dinâmica de aerogeradores, tais como a classificação da estrutura segundo a rigidez relacionada às frequências naturais de vibração. Além disso, tem-se a solução analítica do primeiro modo vibracional modelando a torre do aerogerador como uma haste engastada dotada de rigidez flexural. Apesar da utilidade do modelo, a consideração de engastamento da torre na base não é conservadora, pois uma análise mais realística levando em consideração a flexibilidade da fundação pode levar a frequências naturais mais baixas (o que traduz um comportamento mais flexível da estrutura). De fato, em tais casos a interação solo-estrutura deve ser considerada (Satari e Hussain apud AlHamaydeh e Hussain, 2009). Para representar a rigidez finita do solo em análises dinâmicas é comum modelá-lo como um conjunto de molas de fundação aplicadas em um ou mais pontos de suporte da fundação (DNV/RisΦ, 2002). Adhikari e Bhattacharya (2012) traz a resolução analítica para um modelo de estrutura torre-fundação considerando a rigidez lateral e a rotação do solo para uma situação de vibração livre, de forma a determinar a frequência natural do sistema. 5.2 – Princípios básicos da dinâmica das estruturas Um sistema dinâmico básico de um grau de liberdadepode ser representado por uma mola de rigidez “k”, um amortecedor viscoso e uma massa “M” submetida a um carregamento harmônico. A Figura 13 traz uma representação desse sistema. 39 Figura 13 - Sistema dinâmico de um grau de liberdade. Fonte: Autor (2017) O comportamento do sistema frente a solicitações da fonte excitadora (sua resposta) é função da frequência de aplicação da força. A resposta do sistema, a depender da frequência de excitação, pode se encontrar em um dos três domínios: o quasi-estático, a ressonância e o inercial. No domínio quasi-estático a massa do sistema irá se deslocar seguindo, quase que instantaneamente, a força solicitante, agindo como se a carga atuante fosse estática. Isso ocorre quando a frequência de excitação é bem menor do que a frequência natural da estrutura. Quando a frequência de excitação é muito próxima à frequência natural da estrutura, as forças inerciais e de rigidez da mola praticamente se anulam, gerando deslocamentos muito maiores do que haveria se a solicitação fosse estática (Tempel e Molenaar, 2002). Nesse domínio, chamado de ressonância, a amplitude dos deslocamentos é governada pela taxa de amortecimento do sistema (quantificação da capacidade do sistema de dissipar energia). Por fim, no domínio inercial a frequência de excitação é bem superior a frequência natural da estrutura, de forma que a massa não consegue acompanhar o movimento da solicitação gerando respostas quase anti-fásicas. Nesse domínio a amplitude dos deslocamentos é governada pela inércia do sistema. A ressonância é altamente indesejável no dimensionamento de estruturas submetidas a carregamentos dinâmicos, pois a mesma pode causar deslocamentos excessivos, podendo até ocasionar a ruptura da estrutura, apesar de ser mais temido pelos problemas relacionados à fadiga. Para estruturas em que as solicitações dinâmicas são problemáticas, o conhecimento detalhado das frequências excitadoras e da frequência natural da estrutura são fundamentais (Tempel e Molenaar, 2002). 40 5.3 – Análise dinâmica do conjunto torre-fundação do aerogerador Como já mencionado no item anterior, a resposta da estrutura no estado de ressonância é caracterizada pela sua taxa de amortecimento. Como, para estruturas em geral, essa taxa geralmente é baixa, tem-se que o desenvolvimento de um estado de ressonância deve ser evitado a todo custo (Warren-Codrington, 2012). Portanto, há que se analisar os modos e frequência naturais de vibração do conjunto torre-fundação-solo e comparar esses valores com as frequências de excitação das solicitações agindo no sistema. O sistema torre-fundação pode ser modelado como sendo uma haste vertical flexível engastada em sua base possuindo uma massa no topo. Nesse caso, assume-se que a interação solo-estrutura é tal que é possível considerar um engaste perfeito. A solução para vibrações livres de um sistema desse tipo pode ser encontrada em Tempel e Moleenar (2002). Porém, é possível considerar a rigidez do conjunto fundação-solo em modelos simplificados de um grau de liberdade de forma a se obter respostas mais fidedignas em relação à frequência natural do sistema. A resolução analítica para um modelo desse tipo pode ser encontrada em Adhikari e Bhattacharya (2012). 5.3.1 – Fonte de cargas dinâmicas em aerogeradores Segundo Adhikari e Bhattacharya (2012) as principais fontes de carregamentos dinâmicos atuantes em um aerogerador são: Vibração devido à ação do rotor: a principal fonte de cargas dinâmicas em um aerogerador é devido à rotação do rotor do gerador. A frequência do carregamento dinâmico resultante da velocidade rotacional do rotor geralmente é denominada de frequência 1P. Passagem das pás do rotor: a movimentação das pás do aerogerador também gera carga de natureza dinâmica no sistema. A frequência com que agem essas cargas é denominada de NbP, onde Nb é o número de pás do rotor. Tendo esses dois valores é possível classificar o sistema de acordo com sua frequência natural de vibração em: sistema rígido-rígido (stiff-stiff); flexível-rígido (soft-stiff) e flexível- flexível (soft-soft) (Tempel e Moleenar, 2012). Essa classificação diz respeito, principalmente, a relação entre a rigidez do conjunto torre-fundação e a sua frequência natural de vibração, uma vez que a influência da taxa de dissipação de energia (taxa de amortecimento) para esse tipo de estrutura é limitada (Warren- 41 Codrigton). Devido à natureza das solicitações atuando sobre um aerogerador, tem-se que o modo de vibração crítico é relativo à flexão da torre, de forma que, as rigidezes preponderantes nessa análise são referentes à rigidez flexural da torre e a rigidez rotacional da fundação, sendo o segundo, muitas vezes, desconsiderado em análises mais simples, devido a consideração de engastamento perfeito proporcionado pela fundação do aerogerador. Com relação à resposta do sistema de uma torre de aerogerador submetida a vibrações livres (i.e sua frequência natural) frente à fonte de cargas dinâmicas, têm-se as seguintes classificações, segundo Tempel e Moleenar (2012): sistema rígido-rígido (stiff-stiff); flexível- rígido (soft-stiff) e flexível-flexível (soft-soft). Sistema flexível-flexível: ocorre quando a frequência natural do sistema se apresenta menor do que a frequência 1P. Sistema flexível-rígido: ocorre para frequências naturais entre as frequências 1P e NbP. Nesse caso, tem-se uma situação em que o conjunto torre-fundação apresenta uma rigidez intermediária. Sistema rígido-rígido: ocorre quando o conjunto torre-fundação possui uma rigidez rotacional suficientemente grande de forma que a frequência de excitação natural do sistema seja maior do que a frequência de passagem das pás do rotor (NbP). A figura a seguir mostra o exemplo de um gráfico de frequências principais para um aerogerador do tipo Opti-OWECS com velocidade constante retirado de Tempel e Moleenar (2002). Figura 14 - Gráfico de controle da frequência natural de vibração da torre para um aerogerador Opti- OWECS. Fonte: Autor (2017) adaptado de Tempel e Moleenar (2002). 42 5.3.2 - Modelo de haste flexível engastada no solo A análise dinâmica da torre de um aerogerador pode ser feita considerando apenas a rigidez flexural da torre, a partir da modelagem do sistema como sendo uma haste flexível engastada no solo com uma massa no topo representando todos os componentes do aerogerador. A Figura 15 a seguir ilustra esse sistema. Figura 15 - Modelo de haste flexível engastada no solo. Fonte: Autor (2017). A solução para a frequência natural desse sistema dada por Vugts (2000) é: 𝑓1 2 ≅ 3,04 4𝜋2 𝐸𝐼 (𝑀 + 0,227𝜇𝐿)𝐿3 (18) Onde 𝑓1 é a frequência natural para o primeiro modo de vibração, 𝐸𝐼 é a rigidez à flexão da torre, 𝑀 é a massa do topo, 𝜇 é a massa da torre dada por metro e 𝐿 é a altura da torre. Sendo: 𝐼 ≅ 𝜋𝐷³𝑡 8 (19) 𝜇 = 𝜌𝑡𝜋𝐷𝑡 (20) Onde 𝐷 é o diâmetro da torre, 𝑡 é a espessura da torre e 𝜌𝑡 é o peso específico do material da torre. Diante disso, tem-se: 43 𝑓1 ≅ 𝐷 𝐿²√ 𝐸 104( 𝑀 𝜌𝑐𝜋𝐷𝑡𝐿 + 0,227)𝜌𝑡 (21) 5.3.3 – Modelo de torre assentada em fundação flexível A formulação apresentada no item 5.3.2 é referente a situação em que a torre é perfeitamente engastada no solo, ou seja, não são levadas em consideração nem a rigidez da fundação nem a interação solo-estrutura, considerando que ambos não afetam a resposta dinâmica do sistema torre-rotor. Porém, na prática, tal consideração nem sempre pode ser feita. De fato, a rigidez da fundação possui extrema relevância na resposta dinâmica do sistema, sendo o mais importante dos efeitos a redução na frequência natural (Warren- Codrington, 2012). Portanto, é de extrema relevância considerar a atuação da rigidez na equação de movimento do sistema de forma
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