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8ª aula: Art. 74: A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do tribunal do júri. §1º : Compete ao tribunal do júri o julgamento dos crimes previstos nos artigos 121 parágrafos 1º e 2º, 122 parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do CP, consumados ou tentados. §2º :Se, iniciado o processo perante um juiz , houver desclassificação para competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que em tal caso terá sua competência prorrogada. §3º :Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410 (atual 419); mas se a desclassificação for feita pelo próprio tribunal do júri a seu presidente caberá proferir a sentença. Peculiaridades a cerca do artigo: - Havendo concorrência de competências entre tribunal do júri e justiça eleitoral, prevalecerá a justiça eleitoral. - Júri e crimes contra índios: Se o assentamento se der sobre terras pertencentes à União caberá a competência á justiça federal, por tratar-se de interesses da União. - Júri e Justiça Militar prevalecerá a justiça militar para o julgamento de crimes militares; No entanto nos crimes dolosos contra a vida praticado contra civil a competência permanecerá no tribunal do júri - Desclassificação ocorrida na fase da pronúncia: O juiz da Vara privativa do Júri quando verificar, por ocasião do julgamento da admissibilidade da acusação que não se trata de crime doloso contra a vida, deverá alterar a classificação, deixando de ser competente para continuar no julgamento do feito, enviando-o ao juiz singular. A caso a desclassificação tenha se dado pelo próprio plenário o juiz presidente proferirá a sentença. Art. 75: A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária houver mais de um juiz igualmente competente. Parágrafo único: A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denuncia ou a queixa prevenirá a ação penal. Arts 76 a 82 : Dizem respeito a APS , razão pela qual não comentaremos neste momento. Art. 83: Verificar-se-á competência por prevenção, toda vez que concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa. Peculiaridades a cerca do artigo: - Juízes igualmente competentes são aqueles que possuem idêntica competência, tanto em razão da matéria quanto em razão do lugar. Juízes com jurisdição cumulativa são aqueles aptos a julgar a mesma matéria, mas que se localizam em foros diferentes ( é o que se dá no crime continuado). - Enumeração de casos de aplicação da prevenção: a) crimes ocorridos na divisa de duas ou mais jurisdições, sendo o limite entre elas incerto, ou ainda que certo não se saiba exatamente o sítio do delito; b) crimes continuados ou permanentes, cuja execução se prolonga no tempo, podem atingir o território de mais de uma jurisdição c)quando o réu não possuir domicílio certo, ou tiver mais de uma residência;ou mesmo quando for desconhecido o seu paradeiro. d)Havendo mais de um juiz competente, no concurso de jurisdições, sem possibilidade de aplicação - ERRATA - - Em relação a decisão de Habeas Corpus, os tribunais majoritariamente vem decidindo não ser suficiente para firmar a competência de um juiz pois, trata-se de uma ação de natureza constitucional, que não se vincula portanto ao processo pelo qual responde ou irá responder o paciente. PRERROGATIVA DE FUNÇÃO Conforme já comentado anteriormente a prerrogativa de função pode alterar substancialmente a eleição do foro competente para apuração da infração cometida. A regra geral, como é de nosso conhecimento é de que o lugar da infração determine o foro competente para a ação, eis que ali estará o maior abalo a comunidade. Entretanto de acordo com algumas variantes, dentre elas a função em que o agente infrator está investido determinará o afastamento da regra geral. A doutrina, de maneira geral, justifica a existência do foro privilegiado como maneira de dar especial relevo ao cargo ocupado pelo agente do delito e jamais pensando em estabelecer desigualdades entre os cidadãos. Entretanto não estamos convencidos disso. Se todos são iguais perante a lei, seria preciso uma particular e relevante razão para afastar o criminoso do seu juiz criminal, entendido este como o competente para julgar todos os casos semelhantes ao que foi praticado. Não vemos motivo suficiente para que o Prefeito, a exemplo, seja julgado na capital do Estado, nem que o juiz somente possa se-lo pelo Tribunal de Justiça e assim por diante. Se a Justiça cível todos prestam contas igualmente, sem qualquer distinção, natural seria que a regra valesse também para a justiça criminal. O fato de se dizer que não teria cabimento um juiz de primeiro grau julgar um ministro de Estado que cometa um delito, pois seria uma “subversão de hierarquia” não é convincente, visto que os magistrados são todos independentes e, no exercício de suas funções jurisdicionais, não se submetem a ninguém, nem há hierarquia para controlar o mérito de suas decisões.1Logo julgar um Ministro de Estado ou um médico exige do juiz a mesma imparcialidade e dedicação, devendo-se clamar pelo mesmo foro, levando em conta o lugar do crime e não a função do réu. Tourinho Filho discorda de tal posicionamento entendendo trata-se efetivamente de subversão a hierarquia e portanto um elementar dispositivo de cautela do judiciário. Acredita ele, que os juízes monocráticos estariam mais expostos a pressões políticas ou da própria mídia, o que não ocorreria com os tribunais superiores. Em nossa modesta opinião, não procede tal fundamento, eis que a caso se deixasse envolver por qualquer espécie de pressão e por ventura viesse a proferir um decisum errôneo, haveria para sanar qualquer espécie de injustiça um recurso apropriado. Ler em aula manifestação do ministro Marco Aurélio de Mello – STF a cerca do assunto. (pag. 253 cód.) Art. 84: A competência pela prerrogativa de função é do STF, do STJ, dos TRFs e TJs dos Estados e do DF, relativamente às pessoas que devam responder p e r a n t e e l e s p o r c r i m e s c o m u n s e d e responsabilidades. §1º: A competência especial por prerrogativa de função, relativa a atos administrativos dos agente, prevalece ainda que o inquérito ou a ação judicial sejam iniciados após a cessação do exercício da função pública. §2º: A ação de improbidade de que trata a lei 8429/92 será proposta perante o tr ibunal competente para processar e julgar criminalmente o funcionário ou autoridade na hipótese de prerrogativa de foro em razão do exercício de função pública, observado o disposto no §1º. Peculiaridades a cerca do artigo em comento: - As autoridades em geral, que possuem o foro privilegiado, somente podem ser processadas, ainda que o delito seja cometido antes do início do exercício funcional, nas Cortes apontadas neste artigo. Assim, caso alguém esteja respondendo por um determinado delito em Vara comum de 1º grau, uma vez 1 NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. RT. 2010. pag.252 que seja eleito, o feito será remetido para continuidade a corte correspondente ao cargo para o qual foi eleito. Ex:deputado federal – será remetido ao STF. - Necessário se faz, ainda esclarecer o que são crimes de responsabilidade. Entende-se infrações penais político-administrativas. - Quanto a prerrogativa de função e Tribunal do Júri: A doutrina e a Jurisprudência vem se mostrando unânime no sentido de entender que prevalecerá o foro correspondente à prerrogativa de função - Uma vez afastado do cargo que puxa a competência em virtude daprerrogativa de função, por força da lei 10628/02 ficou estendida a prerrogativa a caso o crime tenha ocorrido durante o mandato. - Em relação as ações de improbidade administrativa é majoritário o entendimento de que não caberá a competência a foro privilegiado pois trata- se de ações civis e não criminais. Entendido então o estendimento da prerrogativa de função como incontitucional. Visto que somente a Carta Magna pode estabelecer normas que excepcionem o direito a igualdade ´perante à lei, aplicável a todos os brasileiros. Em matéria penal, existem dispositivos constitucionais cuidando do tema, o que não ocorre na área cível. Ademais, torna-se insustentável dar à ação de improbidade administrativa o caráter penal, isto é, transformar “ a força” o que é civil em matéria criminal, somente para justificar o foro privilegiado.2 - Quanto aos crimes dolosos contra a vida praticados por deputados estaduais, entende-se que o foro competente será o Tribunal do Júri visto que o benefício do foro privilegiado a este parlamentar se deu na Constituição estadual e não Federal, de forma que deverá prevalecer a competência do Tribunal do Júri que é assegurada Contitucionalmente (Federal). Súmula 721 STF. Art. 85: Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a Constituição Federal sujeita à Jurisdição do STF e dos Tribunais de Apelação, àqueles ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade. (138§3º e 139 parágrafo ú do CP). Calúnia admite a exceção da verdade; Difamação feita ao servidor público, sendo a ofensa relativa ao exercício das suas funções. ATENÇÃO AOS ARTIGOS SEGUINTES QUE ATRIBUEM OS FOROS COMPETENTES: Art. 86: Ao STF competirá , PRIVATIVAMENTE, processar e julgar: I – os seus ministros nos crimes comuns; 2 NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. RT. 2010. pag. 258 II – os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com o presidente da república; I I I – o procurador-geral da repúbl ica, os desembargadores dos Tribunais de Apelação, os Min is t ros dos Tr ibunais de Contas e os embaixadores e os Ministros Diplomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade. (Vide art. 102, I, b – CF) Art. 87: Competirá, ORIGINARIAMENTE, aos t r ibuna is de ape lação o ju lgamento dos governadores ou interventores nos Estados ou territórios, e prefeito do DF, seus respectivos secretários e chefes de polícia, juízes de instância inferior e órgãos do Ministério Público. Disposições Especiais: Art.88: No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da capital da República. Trata-se de Extraterritorialidade, prevista no art. 7º do CP. Que prevê a aplicação da lei brasileira nos crimes praticados fora do país. Art. 89: Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou quando se afastar do país, pela do último em que tiver tocado. Peculiaridades do artigo: - De acordo com o artigo 109, IX da CF –ERRATA - os crimes realizados a bordo de embarcações de grande cabotagem ou de grande capacidade de transporte de passageiros, aptas a realizar viagens internacionais caberá o processamento e julgamento à Justiça Federal. (juiz federal). Art. 90: Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave. - Também de acordo com o artigo 109, IX da CF será competente para processar e julgar os casos previstos no artigo que ora se comenta a justiça federal. Art. 91: Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas estabelecidas nos artigos 89 e 90, a competência se firmará pela prevenção. Trata-se de regra residual de competência, como sempre ocorre, não havendo condições de se firmar a competência pela regra usual e principal, prevista em lei, por falta de dados, estabelece-se o juízo pela prevenção, isto é, pelo primeiro magistrado que tomar conhecimento do caso, proferindo alguma decisão processual ou referente ao processo. QUESTÕES PREJUDICIAIS: Trata-se de matéria intimamente ligada ao mérito da causa, necessitando ser julgada antes. Segundo Maximilianus Claudio Américo Fuhrer, questão prejudicial é uma relação de direito civil ( ou extrapenal) que condiciona a existência do crime, colocando-se como antecedente lógico da decisão a ser proferida. Exemplo: a nulidade do casamento anterior, no caso de bigamia, a ser deslindada no Cível, suspendendo-se, para tanto o processo criminal. A suspensão do processo é OBRIGATÓRIA quando houver dúvida séria e fundada sobre o estado civil das pessoas (art. 92 CPP), e FACULTATIVA nos demais assuntos (art. 93 do CPP). Neste último caso só há suspensão se a questão for intrincada e já houver ação civil em andamento. Os artigos 92 e 93 do CPP tratam somente da chamada prejudicial heterogênea, perfeita ou jurisdicional (direito extrapenal + direito penal). Doutrinariamente encontramos a figura da questão prejudicial homogênea ou imperfeita que trata de questão do fato delituoso depender da existência de outro crime que encontra-se em julgamento. Ex: a origem da coisa criminosa, no caso do delito de receptação. Trata-se de direito penal +direito penal, casos em que não se suspenderá o processo, sendo a questão resolvida pelo próprio juiz, ou também por habeas corpus ou revisão criminal. Registre-se que as questões prejudiciais heterogêneas, nosso objeto de estudo, vinculam-se a outras áreas do direito, devendo ser decididas por outro juízo ( ex: decisão da posse na esfera cível, antes de decidir a cerca do esbulho, previsto no art. 161 do CP). Outro exemplo é a questão da nulidade da patente em questões pertinentes a propriedade imaterial. Diante deste caso, deverá o juiz suspender o processo crime até que a ação seja solucionada na esfera civil. Art. 205 da lei 9279/96. Questões de suspensão Obrigatórias e Facultativas: São obrigatórias as que impõem a suspensão do processo criminal enquanto se aguarda a decisão a ser proferida por juízo cível (art. 92 CPP). São facultativas aquelas que permitem ao juiz criminal, segundo seu prudente critério, suspender o feito, aguardando a solução em outra esfera (art. 93 CPP). In verbis: Art. 92: Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará SUSPENSO, até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente. Peculiaridades a cerca do artigo: Entenda-se como “estado civil das pessoas o complexo de suas qualidades referentes à ordem pública, à ordem privada e à ordem física do ser humano. Refere-se assim a cidadania, à família e à capacidade civil”. 3 A cidadania diz respeito a esfera política, a família a esfera propriamente civil e à capacidade , à maturidade ou à sanidade, embora neste último não se inclua a sanidade mental no momento da prática da infração penal, pois que esta deverá ser apurada em incidente a parte “Incidente de Insanidade Mental”. Art. 93: Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do juízo cível, e se neste houver sido propostaação para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão seja de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender o curso do processo, após a inquirição de testemunhas e realização das provas de natureza grave. §1º: O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser razoavelmente prorrogado, se a demora não for imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o juiz civil tenha proferido a decisão, o juiz criminal fará prosseguir o processo, retomando sua competência para resolver, de fato e de direito, toda a matéria da acusação ou da defesa. §2º: Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso. §3º: Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, incumbirá ao MP intervir imediatamente na causa cível, para o fim de promover-lhe rápido andamento. 3 NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Interpretado. RT. 2010. pag. 179 3 - Por entendimento de que trata-se de questão residual, todas as questões que não disserem respeito ao estado das pessoas, devem ser encaixadas neste dispositivo legal. - É CONDIÇÃO para a possibilidade de suspensão do feito, que a questão controvérsia já seja objeto de demanda na esfera cível. - Cabe lembrar que a suspensão nos casos previstos no art. 93 são facultativas, isto é, muito embora tenha o juiz de ter cautela a fim de evitar decisões contraditórias, não é obrigado a fazê-lo. Eventualmente, acreditando dispor de provas suficientes para julgar o caso, pode determinar o prosseguimento da ação penal, alcançando uma decisão de mérito. - Quanto a complexidade da questão prejudicial, deverá o juiz manter-se atento, pois, tratando-se de algo simples, possível de ser constatado no processo principal (crime), torna-se indevida a suspensão, até em homenagem ao princípio da economia processual. Entretanto se o ponto debatido for complexo, CABERÁ A EFETIVA SUSPENSÃO. - Quanto as prazos prescricionais pertinentes ao processo principal ficarão também suspensos até que este retome o curso normal. (Tanto em relação ao dispositivo previsto no artigo 92 quanto ao 93). ERRATA Art. 94: A suspensão do curso da ação penal, nos casos dos artigos anteriores, será decretada pelo juiz de ofício ou a requerimento das partes. Depreende-se do artigo que em cumprimento ao princípio do impulso oficial, pode o juiz, sem qualquer provocação, determinar a suspensão do processo – obrigatória ou facultativa – desde que entenda indispensável. Legitima também a lei que as partes assim requeiram. Por hoje é só pessoal!!! Que DEUS abençoe a todos e nos permitam o gozo de uma ótima semana. Um abraço a todos Profe Waleska.
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