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O Ensino de Filosofia na Ditadura Militar

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Os bastidores da Ditadura Militar: o perigo das disciplinas de humanas
Adamski, Larissa
R.u: 2086912
Orientadora:
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo, relatar o ensino no período da Ditadura Militar, observando os avanços e retrocessos principalmente na área das humanas. Apresentando como foi precária e manipulada a educação desse período, sendo retirando disciplinas e censurando as aulas de filosofia, para benefício do governo. Pois nesse período, a filosofia deixou de fazer parte do currículo escolar, e os professores eram forçados a obedecer às regras ou eram exilados. Desfecha-se, esse artigo mostrando como foi difícil a trajetória do ensino de humanas, e como ainda nos dias de hoje infelizmente acontece ainda a desvalorização do ensino de filosofia, por isso em sala de aula os professores tem como objetivo mostrar a importância dessa disciplina, e como ela é importante para nós enquanto aluno/cidadãos. Para a elaboração desse artigo, foram consultadas fontes em livros, pdf, sites confiáveis na internet para engrandecer e fundamentar esse trabalho pautado em autores que estudaram sobre o assunto abordado. 
Palavras-chave: Ditadura Militar. Ensino de Humanas. Filosofia. Educação.
INTRODUÇÃO
	Este presente trabalho tem objetivo de enaltecer sobre ditadura militar e o ensino de filosofia. Pois, trata-se de valorizar a história da educação no Brasil, mostrando ao educador e educando a importância de se conhecer como foi esse período e como isso contribuiu de forma positiva e negativa até nos dias atuais.
Para compreendermos quais foram as mudanças ocorridas no período ditatorial, devemos levar em conta como surgiu o golpe e qual foi o seu objetivo. Pois desse modo, analisando seu surgimento e quais suas ideologias, pode-se traçar uma listar com seus objetivos. 
	 Ditadura, ocorreu na década de 64 com o objetivo do desenvolvimento econômico do país. Sobre novo comando estariam os militares, que conduziriam o território brasileiro, com intuito de melhorar a “segurança nacional”.
Nesse período, a educação sofreu inúmeras mudanças no seu currículo. Quem mais sofreu foram os educadores principalmente de filosofia e sociologia, pois era vista pelo governo como uma forma de corromper a juventude contra as ideias propostas pelo mesmo. Dessa forma, a filosofia foi retirada do currículo escolar, como disciplina obrigatória
Os educadores eram obrigados a repassar apenas o que o governo permita. Pois o governo via a Filosofia como uma arma contra eles, porque ensinava os alunos a pensarem, por isso tinham medo de uma rebelião. Os educadores e educandos que tentaram lutar pela educação foram presos, torturados, exilados e até mortos. Com intuito de silenciar a oposição.
Para a realização desse artigo, foram citados alguns autores de grande importância, para fundamentar as discussões presentes no decorrer do texto. Os principais foram Silveira, Germano, Fonseca e Cartolano sendo eles os principais pesquisadores sobre o ensino de humanas. 
Desse modo, o estudo tem como auxílio pesquisas bibliografias em livros, artigos, sites da internet, onde almeja alcançar os objetivos desejados, visando mostrar como o ensino de filosofia é importante para nossa sociedade. Essa pesquisa está organizada conforme os seguintes tópicos: identificação, resumo, fundamentação teórica, metodologia, considerações finais e referências. 
Espera-se que no final desse trabalho, possa compreender quais foram as mudanças ocorridas no período ditatorial e quais são suas heranças, não apenas para a área de humanas mais no ensino em geral, fazendo com que o aluno possa entender porque ainda hoje essas disciplinas são marginalizadas por alguns grupos e o mais importante compreendam sua importância para a sociedade.
 DITADURA MILITAR
CONTEXTO HISTÓRICO (BREVE)
	O trabalho estará dividido em três momentos, sendo o primeiro uma breve caracterização do regime militar, como se originou o golpe e a sua motivação. Em segundo instante, será abordado sobre o ensino de filosofia nas escolas, o porquê deu-se de sua retirada do currículo escolar, e foi taxada como forma de ameaça comunista. Em terceiro, encerasse o assunto com uma breve analise sobre quais as marcas que foram deixadas por esse período, na nossa educação atual. 
	A tomada do governo pelos militares não aconteceu de um dia para o outro, tudo iniciou com o “medo” da direita de perder o controle para a esquerda e o país se tornasse comunista. O governo nessa época era dirigido pelo presidente João Goulart, que era conhecido pelas suas propostas de governo que se assemelhavam a ideologia comunista.
	O Estados Unidos, foi um forte aliado para que acontecesse a tomada pelos militares, pois eles financiavam grupos conservadores para que ficassem contra o governo de Jango, também acabou criando uma ação que impedia que as multinacionais enviassem mais que 10 % de seus lucros para o exterior, interferindo diretamente na economia brasileira. Porém, tudo isso foi feito em sigilo total para que a população cada vez mais se revoltasse com o governo e pedisse que Jango renunciasse ao cargo. 
	O que acabou enfurecendo uma parte da população, que tinha “medo” do que o país virasse uma “nova Cuba”. E no meio dessa confusão, os militares se aproveitaram do medo da população, e tomaram o controle da presidência, isso em 1964 com a promessa de “devolverem” o poder depois que a ameaça acabasse. Segundo Silveira: 
Representadas pela burguesia associada ao capital estrangeiro [...], pelo latifúndio, por setores das Forças Armadas, classe média conservadora e parte da Igreja Católica, estas duas últimas movidas principalmente pelo medo ao fantasma da “cubanização” que diziam assombrar o país (SILVEIRA, 1991, p.28).
	Contudo, vale ressaltar que a ditadura militar não existiu apenas sendo opressora ou repressora, apesar de ter ficado “conhecida” por essas características. Ela foi um período na história brasileira, que foi governada exclusivamente por militares, e a manutenção do governo dependia das ideias dos próprios.
REFORMAS NA EDUCAÇÃO
	Para entendermos as mudanças na educação, é preciso entender que ela foi reformulada para atender as condições do governo daquele período. Em seu discurso, seriam investidos recursos para a melhoria da educação, pois ela seria a chave para um Brasil melhor, mais isso não passou de palavreado para escamotear os reais interesses. Para Germano, os eixos da educação foram desenvolvidos e podem ser resumidos em: 
(1) Controle político e ideológico da educação escolar em todos os níveis; (2) Estabelecimento de uma relação direta e imediata entre educação e produção capitalista e que aparece de forma mais evidente na reforma de ensino do 2º. Grau, através da pretensa profissionalização; (3) Incentivo à pesquisa vinculada à acumulação de capital; (4) Descomprometimento com o financiamento da educação pública e gratuita, negando na prática, o discurso de valorização da educação escolar e concorrendo decisivamente para a corrupção e privatização do ensino, transformado em negócio rendoso e subsidiado pelo Estado (GERMANO, 2011, p.105-6). 
	 Em 1964, foi feita uma comissão entre o MEC e USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), em forma de resposta as opressões feitas pelos estudantes, que queriam melhorias de ensino. Quando o trabalho dessa comissão ficou pronto, o atual presidente Artur Costa e Silva, nomeou um grupo afim de resolver os problemas das universidades brasileiras. Em 1968 o Grupo de Trabalho da Reforma Universitária, tentaram resolver os problemas das vagas nas universidades.
	Com isso, foram implantadas no ensino secundário os cursos profissionalizantes com objetivo de educação e a formação para o mercado de trabalho (mão de obra barata). Todavia, com a modernização no sistema de ensino as verbas para essa implantação não foram o suficiente, com isso a reformulação do ensino passou a excluir as disciplinas da área de humanas de seu currículo. 
	Esta terminalidade faria com que um grande contingente de alunospudesse sair do sistema escolar mais cedo e ingressar no mercado de trabalho. Com isso, diminuiria a demanda para o ensino superior. A reforma do 2º. grau, portanto, está diretamente relacionada com a contenção do fluxo de alunos para as universidades. Desse ponto de vista, ela assumia uma função discriminatória, apesar do discurso igualitarista e da generalização da “profissionalização para todos” (GERMANO, 2011, p.176, grifado).	
RETIRADA DA FILOSOFIA
Para compreender o porquê a Filosofia foi retirada do currículo escolar, devemos entender a situação política em que o Brasil se encontrava naquela época, e como isso acabou influenciando diretamente na educação daquele período.
Em 1971, com a reforma educacional o currículo escolar foi mudado, para atender uma nova demanda escolar, na qual visava uma formação para o mercado de trabalho. Deixando uma nova estrutura: 
Ensino de 1o. grau – com 8 anos de duração e uma carga horária de 720 horas anuais. Destina-se à formação da criança e do pré-adolescente da faixa etária que vai dos 7 ao 14 anos. É a esse nível que corresponde a obrigatoriedade escolar; Ensino de 20. Grau – com 3 ou 4 anos de duração e carga horária de 2.200 horas, para os cursos de 3 anos, e 2.900 horas, para os de 4 anos. Destina-se à formação profissional. O ensino de 1o. grau, além de formação geral, passa a proporcionar a sondagem vocacional e a iniciação para o trabalho. E o de 2o. grau passa a constituir-se, indiscriminadamente, de um nível de ensino cujo objetivo primordial é a habilitação profissional. Quanto à organização curricular, esta ficou assim prevista: Art. 4o. – Os currículos de 1o. e 2o. graus terão um núcleo comum, obrigatório em âmbito nacional, e uma parte diversificada para atender, conforme as necessidades e possibilidades concretas, às peculiaridades locais; aos planos dos estabelecimentos e às diferenças individuais dos alunos (ROMANELLI apud ALVES, 2002, p.40, grifado).
O currículo passou a funcionar na divisão entre o “núcleo comum” e “parte diversificada”. No núcleo comum, ficavam as disciplinas obrigatórias como comunicação e expressão (língua portuguesa e estrangeira), estudos sociais (história, geografia e organização social e política do Brasil) e ciências (matemática e ciências físicas e biológicas), educação moral e cívica, educação física, educação artística e programas de saúde.
 Já na parte diversificada, ficou a cargo do estado, onde deveriam escolher de acordo com as necessidades locais. Os estados poderiam optar por um currículo pleno, onde poderiam implementar disciplinas optativas, entre “educação geral” ou “formação especial”. 
Para vários estudiosos, a educação profissional estava ligada diretamente com a necessidade de mão-de-obra para o mercado de trabalho. Pois, haveria muita mão de obra barata para o mercado de trabalho e a população, por sua vez teriam empregos. Por isso, não teria necessidade do ensino de humanas para a formação crítica. 
Houve nesse período, a iniciativa de formação de professores “menos” qualificados, pois seriam apenas formados rapidamente para suprir as necessidades de mão-de-obra, por isso nasceu o ensino profissionalizante no ensino médio, para apenas formar mais funcionários despreparados e que não contrariariam o governo. Pois os professores seriam vistos como uma forma de ameaça, então o melhor seria tirar deles essa capacidade de questionar. Segundo Fonseca 
Ao admitir e autorizar habilitações intermediárias em nível superior para atender às “carências do mercado”, o Estado revela ser desnecessária uma formação longa e sólida em determinadas áreas profissionais, quais sejam, as licenciaturas encarregadas de formar mão-de-obra para a educação. Enquanto isso, outras áreas de formação profissional mantiveram os mesmos padrões de carga horária e duração”. (FONSECA, 1993, p.26)
	Essas reformas, implantadas no currículo trouxeram à tona professores sem preparação para dar aulas e alunos alienados. Por isso, houve a necessidade de um novo “perfil” de professor, que tivesse sido formado para apenas transmitir conteúdos impostos pelo sistema. 
Nota-se, assim, que nessa época, o professorado já não portava o perfil do passado, numericamente inferior e com origem nas camadas médias urbanas e nas próprias elites. Agora, em decorrência das mudanças estruturais do país e das reformas educacionais citadas, ele passava a ser uma categoria muito pouco assemelhada à anterior e submetida a condições de vida e de trabalho bastante diversas. Em síntese: o crescimento econômico acelerado do capitalismo brasileiro durante a ditadura militar impôs uma política educacional que se materializou, em linhas gerais, nas reformas de 1968 e de 1971, cujos efeitos engendraram uma nova categoria docente e, por conseguinte, no exercício da profissão em parâmetros distintos dos anteriores (FERREIRA; BITTAR, 2006, p. 1165).
E o que aconteceu com a filosofia? Dentro dessa reforma, ela deixou de ser parte do “núcleo comum”, e acabou se tornando uma disciplina optativa nas escolas. Mais, ela não foi excluída/ proibida e sim apenas substituída por matérias que supostamente iriam suprir a falta dela nas escolas, por esse motivo ela foi deixada de lado nos currículos com o “medo” de sobrecarregar o currículo. 
Foram criadas as disciplinas Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política Brasileira (para o ensino médio), e para o ensino superior foi criada o Estudos de Problemas Brasileiros, que iriam substituir as disciplinas de filosofia e sociologia dentro das escolas. Isso se deu, por causa do caráter crítico delas, por isso ficaria difícil se enquadrar ao novo modelo educacional. Segundo a autora Cartolano: 
[...] à medida que se propunha formar consciências que refletissem sobre os problemas reais da sociedade [...], procurou-se aniquilar essa atividade reflexiva, substituindo-a por outra de caráter mais catequista e ideológico, a nível político. A educação moral e cívica, sendo também “moral”, estava atendendo ao que se queria que fosse o ensino da filosofia, num período de grandes agitações estudantis e operárias: apenas veiculadora de uma ideologia que perpetua a ordem estabelecida e defende o status quo (CARTOLANO, 1985, p. 74, grifado).	
	Como já mencionado, foi criada a disciplina Educação Moral e Cívica, que provocando a desvalorização da disciplina de Filosofia. Isso aconteceu também com a Sociologia, fazendo um esvaziamento de conteúdo, deixando uma sociedade sem memória, não conhecendo sua história, sem condições de realizar críticas e participar dos processos do seu país. 
[...] nas reformas dos sistemas de ensino aparecem conceitos e propostas tais como descentralização; autonomia dos centros escolares; flexibilidade dos programas escolares; liberdade de escolha de instituições docentes; necessidade de formação continuada; superação do conhecimento fragmentado [...]. Esses conceitos encontram correspondência nas características da reorganização do mundo produtivo: na descentralização das grandes corporações industriais; na autonomia relativa de cada fábrica em decorrência do processo de desterritorialização das unidades de produção e/ou de montagem; na flexibilidade da organização produtiva para se ajustar à variabilidade de mercados e de consumidores (SANTOMÉ, 1998, p. 21 apud MARTINS, 2000, p. 72).
Esse assunto é muito controverso, pois existem alguns estudiosos que afirmam que a filosofia nesse período não era tão crítica ao ponto de “ameaçar o sistema”. Eles alegavam que a situação do ensino era um conteúdo simples e acrítico. Todavia, aqueles que defendiam o caráter crítico argumentavam que não podiam absolutizar esse caráter acrítico. Segundo Silveira: 
Mas será que essa filosofia considerada acrítica era, de fato, tão inofensiva? Ora, o que se ensinava nessas aulas ditas tradicionais? Conceitos metafísicos como essência e aparência, movimento e repouso, mudança e permanência, ser e devir, potência e ato, necessidade e contingência e outros? Noções de lógica, englobando a construção de silogismos e o exercício de distinguirargumentos válidos de não válidos? Temas éticos, como a moral, os valores, a liberdade, o bem, o mal, a justiça, os direitos e deveres, a vontade e tantos outros? (SILVEIRA, 1991, p.130).
Com isso, não se pode dizer que a filosofia não era uma ameaça, por mais que seu ensino tangesse ao “tradicional”, a convivência poderia despertar no aluno seu lado crítico mesmo que não fosse a intenção do professor. Não seria defender o ensino tradicional da filosofia, mas temer seu potencial dentro das salas de aula. 
Infelizmente no meio de tudo isso, os professores de colégios e universidades foram proibidos de exercer sua função como pensadores, isso incluía dentro e fora das salas de aula. Pegoraro (1979, p. 13)
 Quando um professor enveredar para a análise das causas próximas, dos problemas que nos circundam; quando se interroga sobre a justiça, a eticidade do regime, o absurdo, a miséria, da doença e da fome produzidos pelos sistemas; quando um professor tratar destas causas próximas, cai na desgraça oficial e na mira dos chefes de departamentos.
	Dessa forma, quando um professor acaba adentrando em uma área perigosa, que fazendo os alunos refletir sobre justiça, absurdo, miséria doença e fome que são produzidos por um sistema de governo, acaba sendo mal visto por pessoas de “influência”. 
	Uma das formas que o governo encontrou de estar presente nas escolas, foi de colocar militares em salas de aula, muitas vezes eles ocupavam o lugar dos próprios professores, pois queriam evitar de qualquer maneira a formação critica. Por isso, houve a repressão de qualquer pensamento diferente daquele que estava sendo difundido, e para quem contestasse iria para a prisão. Segundo Chauí
 Foi uma coisa dramática, lutamos o que pudemos, fizemos a resistência máxima que era possível fazer com o risco que você corria, porque nós éramos vigiados o tempo inteiro. Os jovens hoje não têm ideia do que era o terror que se abatia sobre nós. Você saía de casa para dar aula e não sabia se ia voltar, não sabia se ia ser preso, se ia ser morto, não sabia o que ia acontecer, nem você, nem os alunos, nem os outros colegas
	Por isso, as deficiências na qualidade do ensino de Filosofia foram enormes, onde os professores eram apenas formadores de novos funcionários para o mercado de trabalho, causando um enorme retrocesso na educação brasileira.
RETOMADA DA FILOSOFIA
	Por volta de 1975, surgiram vários movimentos pedindo o “retorno da filosofia”, o movimento que teve maior destaque foi SEAF (Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas), de acordo com Pegoraro:
Surgiu da preocupação que vivíamos em 1975-76. A censura e o burocratismo cego dominavam também o meio universitário. Isto gerava profundo desânimo entre professores e alunos. Todo projeto aberto esbarrava em entraves intransponíveis. O silêncio e o isolamento tiveram como conseqüência principal a improdutividade e a queda de nível, notadamente no âmbito dos Departamentos de Filosofia que sofreram censura mais forte.19.
	A SEAF surgiu inicialmente da necessidade de professores e estudantes, de terem um espaço para debate de ideias, onde poderiam discutir além de problemas filosóficos sobre a sociedade e seus principais obstáculos. Entretanto, foi se unindo com as reivindicações pela volta da filosofia ao currículo.
	Em outubro de 1977, a SEAF realizou um ciclo de conferências chamado “Filosofia e Educação, na cidade de Rio de Janeiro no Colégio São Vicente de Paula. A discussão foi em torno, do regime militar e como isso influenciou diretamente na educação. Esse evento, teve na imprensa uma grande repercussão, onde era alavancado sobre o regresso da filosofia nas escolas. 
	No mesmo ano, a SEAF fez um pronunciamento sobre a retomada da filosofia nas escolas como disciplina obrigatória, defendendo ainda o mercado de trabalho para os formados na área. Incitando, duras críticas ao regime militar, sobre a prioridade de operários e a não formação de alunos críticos.
É justamente nesse processo tecnocrático que o ensino da filosofia se faz necessário. Sendo uma disciplina inteiramente ‘formadora’ e não ‘instrumentalizadora’, ela tem na formação do aluno um papel importante a desempenhar, pois funciona ou como estimuladora direta no campo das ciências humanas, ou como generalizadora e orientadora na opção do adolescente nas ciências propriamente técnicas.
	Foi somente em 1982, após vários debates que a Câmera de Ensino do Ministério da Educação, aprovou a lei n. º 5692/71 onde os alunos não precisariam frequentar os cursos profissionalizantes. Contudo, não apresentou avanços para a luta do retorno da filosofia obrigatória, restando como disciplina optativa nos currículos escolares.
	Apesar dos esforços, foi apenas em 2 de julho de 2008 com a lei n. º 11.683, que tornou a Filosofia e a Sociologia obrigatórias no ensino médio, de instituições públicas e privadas e deveriam seguir os seguintes componentes: 
a) Início em 2009, com a inclusão obrigatória dos componentes curriculares Filosofia e Sociologia em, pelo menos, um dos anos do Ensino Médio, preferentemente a partir do primeiro ano do curso;
b) Prosseguimento dessa inclusão ano a ano, até 2011, para os cursos de Ensino Médio de 3 anos de duração, e até 2012, para os cursos com duração de 4 anos. (BRASIL, 2008, p. 7)
HERANÇA DA DITADURA
	Infelizmente a ditadura, deixou uma marca profunda na história do Brasil, onde ocorreram várias mortes, torturas, exílios, prisões entre tantas outros. Isso, aconteceu com alunos e professores 	que eram acusados e taxados como “comunistas”, pelo simples fato de não concordarem com o governo.
	Foi criado uma geração de pessoas alienadas, que foram jovens que aprenderam na escola a importância de obedecer sem questionar, foram uma geração que tiveram um ensino todo pensado e elaborado para serem apenas bons cidadãos que não questionassem e tivessem uma formação rápida para ocupar novos cargos. 
Em relação à história e às peculiaridades do movimento de 1968, a grande massa estudantil não tem conhecimento algum. Não se consegue estabelecer uma ligação entre as coisas que acontecem e o que houve a 20 anos atrás [...] Hoje os estudantes são fruto de toda uma política da ditadura. Não leem, não têm muito interesse em participar (GERMANO, 2011, p. 273).
	Algumas heranças que fazem parte da rotina da escola, que muitas pessoas não sabem são que as chamadas, uniformes e até mesmo o modo em que as carteiras estão posicionadas nas salas de aula estão relacionadas diretamente ligadas ao sistema de ensino que a ditatura impôs e que seguimos até os dias atuais.
Ainda hoje, os professores enfrentam nas escolas o enorme desafio de transformar essa ideia de que a escola é uma fábrica de trabalhadores e consumidores em potencial submissão, prontos para o atendimento de ordens e comandos sem um mínimo de questionamento.
 A educação tem como principal objetivo a formação para a vida, formando alunos capazes de pensarem por si, capazes de opinar na sociedade em que vivem, sendo mais que apenas trabalhadores que aceitam todas as regras impostas por um governo autoritário. A educação é uma forma de conseguirmos mudar o mundo. De acordo com Mészáros: 
A educação não deve qualificar para o mercado, mas para a vida. Precisamos atentar ao objetivo central de quem luta contra a sociedade mercantil, que aliena os sujeitos da classe trabalhadora e prega a intolerância, que é a emancipação humana. Podemos ter a educação como um meio essencial para a mudança da sociedade.	
METODOLOGIA:
	Esse trabalho, foi produzido a partir de livros, pesquisas em sites confiáveis na internet. Tendo, em vista o levantamento de dados, que foi essencial para a verificação de dados para realização do mesmo. O objetivo da pesquisa bibliográfica é oferecer uma ampla análise de conteúdo, possibilitando ser explorado um grande campo de conhecimento. Ela pode ser realizada através de livros e artigos científicos. Segundo o autor Antônio Carlos Gil “A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de umagama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. ” Foi empregado alguns autores que tiveram uma grande importância para a fundamentação teórica do texto, como Maria Teresa Penteado Cartolano, José Germano, Olinto Pegararo que são alguns dos principais pesquisadores do assunto abordado. Finalizando a pesquisa, pode-se perceber a importância de se compreender a história do nosso país e como isso contribui/contribuiu para o desenvolvimento de várias áreas como saúde, educação e lazer.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	No decorrer do trabalho, obteve-se a possibilidade de compreender a importância sobre o ensino da filosofia no período da Ditadura Militar, como ela foi taticamente substituída no currículo escolar, passou a ser opcional até ser excluída. Desse modo, além de não contribuir aos interesses econômicos e ideológicos ao da ditadura, é vista como uma ameaça. 
Assim sendo, para melhor entendimento, voltamos a compreensão da história, onde a ditadura foi um período da história brasileira, governado por militares, que regiam conforme seus ideais. A educação foi um dos principais focos, pois eles queriam formar pessoas que servissem apenas como mão-de-obra barata, que não pensassem e não tivessem o porquê se opor ao regime.
Diante disso, surge o ensino técnico que se instaurou no território brasileiro a Filosofia passou a não se enquadrar na sua grade, sendo tida como desnecessária. Ela apresentava uma ameaça, pois possibilitava a reflexão e a crítica da realidade, pois nesse período pensar diferente já era um motivo de motim. 
Com isso, o ensino formou apenas uma grande massa de funcionários para as empresas, tendo em vista que queriam apenas mais mão-de-obra, e pouco se preocupavam com a formação do indivíduo para a sociedade. Por isso, o foco era eliminar as disciplinas que davam autonomia aos alunos.
Pode-se perceber, como foi lento o processo de retomada da Filosofia como disciplina obrigatória nas escolas, e quais as marcas deixadas pela falta dessas disciplinas no currículo escolar.
Uma das deficiências deixadas pela Ditadura, foi a precariedade de ensino na formação cultural. Visto que, deixou uma geração de jovens e estudantes mal informados acerca da história do país. 
Outra herança deixada pelo Regime, foi o menosprezar o ensino, principalmente a aprendizagem. Os estudantes de hoje têm uma grande dificuldade no decurso de sua vida acadêmica, sendo no domínio dos instrumentos teóricos e metodológicos. Infelizmente, poucos desenvolvem o hábito da leitura, menor ainda aqueles que desenvolvem a capacidade de interpretação, não escrevem bem e nem dominam a língua materna, chegando ao nível de não saber argumentar. 
REFERÊNCIAS:
ANTONIO CARLOS GIL Como Elaborar Projetos de Pesquisa 3 Edição EDITORA ATLAS S.A. Rua Conselheiro Nébias, 1384 (Campos Elísios)
CARTOLANO, Maria. Filosofia no ensino de 2o Grau. São Paulo: Cortez; Editores Autores Associados, 1985
CHAUÍ, Marilena in: TOLEDO, Virginia. Desigualdade no sistema educacional brasileiro é herança do período militar
FONSECA, Selva Guimarães. Caminhos da História Ensinada. São Paulo: Papirus,1993
GERMANO, José. Estado militar e educação no Brasil (1964-1985). 5. Ed. São Paulo: Cortez, 2011.
MARTINS, A. M. Diretrizes curriculares nacionais para o ensino médio: avaliação de documento. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, n. 109, p. 67-87, mar., 2000. 
MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2008
PEGORARO, Olinto. A filosofia tenta provar que não está morta. Como? Voltando ao II grau. In: Jornal O Globo. Rio de Janeiro, p. 2, 25 de nov. 1977.
SEAF. A repintrodução e necessidade do ensino de Filosofia no currículo do segundo grau. Revista Reflexão. PUCCAMP/SP, n. º 7, vol. II, p. 471-474, set. 1977.
SILVEIRA, Renê. Ensino de filosofia no segundo grau: em busca de um sentido. Mestrado em Educação. Campinas: SP: FE-UNICAMP, 1991.

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