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CASO - ILÍCITO ADMINISTRATIVO AMBIENTAL

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ATIVIDADE COMPLEMENTAR: ANÁLISE DE CASO FÍCTO SOBRE ILÍCITO ADMINISTRATIVO AMBIENTAL COMETIDO CONTRA A FAUNA NATIVA E EXÓTICA.
CASO: Tuca Sabiá, conhecido passarinheiro na localidade em que vive há mais de 30 anos, foi autuado pela Polícia Militar Ambiental por ter em sua posse, sem autorização do órgão ambiental competente, 37 (trinta e sete) pássaros da fauna nativa brasileira, e 3 (três) pássaros exóticos, constante da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Selvagem em Perigo de Extinção. Já, dentre as aves da fauna nativa brasileira, foi constatada a presença de 12 (doze) pássaros declarados ameaçados de extinção conforme lista no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção segundo publicação do ICMBio/MMA/2016.
Os animais foram encontrados engaiolados em péssimas condições de higiene, em local fechado e sem luminosidade natural e ventilação. Além das precárias condições de saúde das aves, em muitas gaiolas faltava água e alimentos, conforme consta no auto de apreensão, peça que acompanha o auto de infração ambiental.
O autuado afirmou que as aves são animais de estimação, não sujeitas à comercialização. Entretanto, vizinhos de Tuca Sabiá afirmam que ele “costuma comercializar as aves, além de participar de torneios de canto de aves que lhe rende alguns trocados”.
Os agentes autuantes apreenderam as aves e todos os petrechos utilizados no ilícito ambiental, incluindo: gaiolas, armadilhas industrializadas, arapucas, ração para pássaros, ninhos e ovos de plásticos, conforme consta nos Termos anexos ao AIA.
Os animais recolhidos foram enviados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) que permanecerão sob a guarda e cuidados do órgão e sua equipe técnica que assumiram a responsabilidade, como depositário fiel, de examiná-los, trata-los e recuperá-los até que estejam em condições de retornarem ao seu habitat natural e/ou serem alocados em definitivo na guarda de depositário fiel a ser designado pelo órgão ambiental responsável.
1. Conforme o caso fícto acima, faça o enquadramento do infrator no(s) tipo(s) administrativos previstos na norma jurídica ambiental, conforme o(s) delito(s) praticados;
Conforme previsão do art. 29, inciso III da lei de crimes ambientais, o autuado incorreu neste tipo legal, em razão de manter em cativeiro ou depósito espécimes (qualquer animal ou planta, vivo ou morto) da fauna silvestre sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente. Além disso, no que se refere as aves ameaçadas de extinção, há a incidência da causa de aumento de pena prevista no § 4°, inciso I do supramencionado artigo da lei de crimes ambientais.
2. Aplique as sanções pertinentes ao caso, incluindo o cálculo da multa aplicada no delito, conforme previsão legal;
O Decreto 6.514/08 e sua previsão legal no artigo 24, inciso I prevê a multa a ser aplicada de R$ 500,00 (quinhentos reais) por espécie não constante nas listas oficiais de risco ou ameaça de extinção. Deste modo, no caso concreto o valor da multa consiste em R$ 12.500,00 (doze mil e quinhentos reais), pois 25 pássaros se encontravam nesta condição. 
No que tange aos 12 pássaros da fauna nativa brasileira declarados ameaçados de extinção, nos termos do artigo 24, inciso II do Decreto 6.514/08, a multa a ser aplicada será de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por cada espécie constante nas listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive da Convenção de Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção. Considerando que se tratavam de 12 pássaros nestas condições, a multa será de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais). 
Por fim, no que se refere aos 3 pássaros declarados ameaçados de extinção, nos termos do artigo 25, inciso II do Decreto 6.514/08, a multa consistirá em R$ 5.000,00 (cinco mil reais) cada espécie constante de listas oficiais de fauna brasileira ameaçada de extinção, inclusive da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção. Com isso, 3 pássaros se encontravam nesta situação, sendo a multa resultante em R$ 15.000,00 (quinze mil reais), ou seja, 3 x R$ 5.000,00, além da multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais) prevista no caput do artigo.
3. Indique procedimento ao CETAS para o fiel cumprimento de suas obrigações;
A Instrução Normativa do ICMBIO nº 23, de 31 de dezembro de 2014, em seu art. 8º estabelece que no ato do recebimento do animal silvestre, o órgão deverá proceder ao registro do recebimento deste, por meio de formulário, ocasião em que deverá ser conferido se a(s) espécies, o(s) quantitativos e a marcação do(s) animal(is) coincide(m) com os registros do documento pelo qual é realizada a entrega ou depósito. Com isso, no ato da confecção do registro de recebimento de animais, o agente que realiza a entrega deverá proceder à assinatura do termo, o qual conterá via ou cópia do documento oficial que originou a apreensão, bem como da Comunicação de Bens Apreendidos – CBA correspondente. 
	Após o recebimento do animal e cumpridas as formalidades, conforme estabelece o art. 9º da referida instrução normativa, os animais recebidos serão submetidos aos procedimentos de conferência da identificação taxonômica; marcação individual; e avaliação clínica, física e comportamental. 
Conforme o resultado das avaliações, o animal poderá ser submetido à destinação imediata (como, por exemplo, soltura ou cativeiro – art. 14 da referida instrução), priorizando e podendo ser realizada nos casos em que o espécime apresente indícios comportamentais de que foi recém capturado; ou, então, não apresente problemas que indiquem impedir sua sobrevivência ou adaptação em vida livre seja de espécie de ocorrência natural no local. 
De modo alternativo, será feita à destinação imediata para quarentena, situação em que os animais terão o período de isolamento definido de acordo com o grupo taxonômico, a origem e as condições do indivíduo, conforme artigo 11 da instrução normativa.
	No caso do caso concreto, com relação aos animais silvestres apreendidos, a destinação imediata e sumária, sem manifestação da autoridade competente para o julgamento da infração administrativa ambiental que originou a apreensão, poderá se dar em até 72 (setenta e duas) horas da apreensão.
	A soltura deverá ser realizada nas chamadas “áreas de soltura”, as quais estão devidamente cadastradas pela “SUPES”, órgão interno do IBAMA, conforme artigo 25 da instrução normativa. 
4. Indique medidas a serem aplicadas ao infrator para fins de recuperação dos danos ambientais cometidos;
O art. 142-A do Decreto Lei nº 6.514 dispõe que a conversão de multa se dará por meio da implementação, pelo próprio autuado, de projeto de serviço de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente, no âmbito de, no mínimo, um dos objetivos de que trata o art. 140 do mesmo Decreto; e adesão do autuado a projeto previamente selecionado na forma de que trata o art. 140-A.
	Com isso, o infrator poderá realizar, como medida alternativa às condenações impostas, a recuperação de áreas degradadas para conservação da biodiversidade e conservação e melhoria da qualidade do meio ambiente; a recuperação de processos ecológicos essenciais; recuperação de vegetação nativa para proteção; e a recuperação de áreas de recarga de aquíferos, conforme também dispõe o Decreto nº 9.179, de 23 de outubro de 2017
5. Aponte as etapas a serem cumpridas pela PMA a fim de dar continuidade ao devido processo administrativo ambiental, até a decisão final de 1.º grau.
O PRAD Ambiental tem início com o cometimento de uma infração ambiental por um indivíduo. Com isso, a autoridade competente lavrará auto de infração ambiental, no qual conterá a especificação das infrações administrativas constatadas e a indicação dos dispositivos infringidos. 
Após a intimação do autuado para que compareça ao órgão ambiental na data e horário agendados, acontecerá uma audiência de conciliação ambiental, sendo oportunizada a defesa prévia ao autuado. 
Entretanto,se o autuado não compareça na audiência ou, comparecendo, opte por não conciliar, começa a correr o prazo de 20 dias para que apresente defesa prévia por escrito, a qual conterá fatos e fundamentos jurídicos, bem como as provas que o autuado pretende produzir.
Ato continuo, o Agente Fiscal que lavrou o auto de infração ambiental, apresentará uma manifestação em relação as alegações do autuado, opinando sobre a manutenção ou não do auto. 
Feito isso, o Agente encaminhará o processo administrativo à Autoridade Ambiental Fiscalizadora, a qual intimará o autuado para apresentar alegações finais. Assim, o processo será saneado e será proferida decisão em primeira instância pela Autoridade Ambiental Fiscalizadora, da qual caberá recurso administrativo no prazo de 20 dias, sendo este dirigido à autoridade julgadora da defesa prévia, que pode reconsiderar a decisão no prazo de 5 dias ou encaminhar a autoridade superior, que poderá confirmá-la, modificá-la, anulá-la ou revogá-la, total ou parcialmente. 
Não obstante, o infrator pode ajuizar ação anulatória do auto de infração ambiental, podendo esta ser ajuizada em qualquer fase do processo administrativo ambiental ou após seu trânsito em julgado. No entanto, da decisão de segunda instância, não caberá mais recurso e o autuado será notificado para dar cumprimento à decisão.

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