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Adoecimento e morte na infância e adolescência A criança, tal qual o adulto doente, é impulsionada a refletir sobre as mudanças que a doença impôs à sua vida, modificando seu corpo, suas relações e a vida das pessoas que a rodeiam. Ela própria chegará às suas conclusões,muitas vezes, sentindo-se culpada por causar tamanho sofrimento à sua família,associando suas dores e sofrimento a uma espécie de castigo e punição. As crianças precisam de atenção, devendo ser estimuladas a expressar seus sentimentos por meio de diálogo aberto com seus pais e, quando necessário, intermediados por profissionais especializados. Conversar com as crianças sobre o que está acontecendo, adequando as informações à sua capacidade de amadurecimento e apreensão, torna-se necessário. Para isso, é importante que você saiba que a compreensão do conceito de morte será desenvolvida de acordo com as etapas do desenvolvimento infantil. O processo de amadurecimento, considera-se que há quatro principais conceitos que vão sendo construídos, permitindo que a criança compreenda,gradativamente, a experiência da morte e da perda. São eles: 1. Irreversibilidade; 2. Não funcionalidade; 3. Universalidade; 4. Causalidade. A irreversibilidade significa compreender a morte como de fato definitiva, considerando a realidade de que morto, nunca vira vivo. A não funcionalidade inclui a compreensão de que tudo cessa com a morte. Por exemplo, de que não há mais sentimentos ou sensações de temperatura em quem já morreu. . O conceito de universalidade inclui compreender que tudo que é vivo um dia morre, ou seja, de que a morte é para todos. De início, crianças pequenas acham que a morte só acontece com os outros. A causalidade está relacionada com a atribuição do motivo da morte. Os mais novos pensam inicialmente em causas externas, enquanto os mais velhos conseguem associar a morte à deterioração do corpo, provocada por doença ou pelo envelhecimento . Até os cinco anos de idade, a criança considera a morte reversível e atribuída a causas externas. Por isso, não acredita que ela também pode morrer. Nessa fase, é importante oferecer respostas concretas para as perguntas da criança. Muitas das perguntas serão feitas várias vezes. Esse mecanismo de repetição para ela é importante,pois faz parte do processo de aprendizagem e absorção das informações Dos seis aos onze anos, inicia a elaboração de um pensamento cognitivo mais formal, com a consciência das questões relativas ao adoecimento e à morte. Começa a entender a relação de causa e efeito e, embora ainda em construção, já percebe a morte como um fato universal e irreversível. A compreensão mais complexa da morte, adquirida nessa fase, surge acompanhada pela curiosidade e pela sensação de medo. Medo de sentir dor, de ficar doente e de morrer. Dos onze anos até a adolescência, as emoções e os sentimentos tornam-se mais profundos e complexos. A evolução cognitiva, presente nessa fase, permite contar com o raciocínio abstrato, contribuindo para a compreensão dos conceitos relativos à morte, avançando para a elaboração de ideias filosóficas relacionadas com o sentido da vida. Os adolescentes podem considerar a doença e a morte de forma bastante similar ao do adulto, mantendo os conceitos já adquiridos até a fase adulta. No entanto, o sentimento de onipotência, característico nesta fase, pode fazê-lo sentir-se imune à morte, mesmo já conhecendo o seu caráter universal Importante destacar que, quando a criança ou o adolescente são expostos a situações concretas de enfrentamento com a doença ou a morte desenvolve, com frequência, um processo de amadurecimento avançado, diferente do apresentado anteriormente. Nesses casos, mais uma vez, a comunicação com o paciente, criança ou adolescente, merece especial atenção, devendo ser clara, objetiva e adequada à sua realidade. Além disso, é fundamental respeitar o tempo de cada paciente para processar as novas informações, que devem ser discutidas de forma gradativa, acompanhando todo o processo de adoecimento.
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