Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 e 2 SAMUEL K E V I N J. M E L L I S H (<§ ACADÊMICO COMENTÁRIO BÍBLICO REACON 1 e 2 SAMUEL KEVIN J. MELLISH GERENCIA EDITORIAL E DE PRODUÇÃO Jefferson Magno Costa COORDENAÇÃO EDITORIAL Michelle Candida Caetano COORDENAÇÃO DE COMUNICAÇÃO E DESIGN Regina Coeli TRADUÇÃO Elias Santos Silva REVISÃO Renata Facchinetti Maria José Marinho Welton Torres CAPA E PROJETO GRÁFICO Eduardo Souza DIAGRAMAÇÃO Raquel Frazão IMPRESSÃO E ACABAMENTO Rotaplan 1 e 2 Samuel New Beacon Bible Commentary / Kevin Mellish / © 2012 Published by Beacon Hill Press of Kansas City, A division of Nazarene Publishing House. Kansas City, Missouri, 64109 USA. This edition published by arrangement with Nazarene Publishing House. Ali rights reserved. Copyright © 2015 por Editora Central Gospel. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Autor: MELLISH, Kevin J. Título em português: Novo Comentário Bíblico Beacon: 1 e 2 Samuel. Título original: 1 & 2 Samuel New Beacon Bible Commentary. Rio de Janeiro: 2015 352 páginas 1. Bíblia - Teologia I. Título II. Nota do editor no Brasil: Com o objetivo de facilitar a compreensão do comentário original, em alguns casos, a Central Gospel fez traduções livres de termos e palavras em inglês que não encontram equivalência nas versões oficiais do texto bíblico traduzido para o Português. Ressalte-se, todavia, que foram preservadas a ideia e a estrutura textual idealizadas pelo autor. 1a edição: 0utubro/2015 Editora Central Gospel Ltda Estrada do Guerenguê, 1851 - Taquara Cep: 22713-001 Rio de Janeiro - RJ TEL: (21)2187-7000 www.editoracentralgospel.com http://www.editoracentralgospel.com EDITORES DO COMENTÁRIO Editores Gerais Alex Varughese Ph.D., Drcw University Professor de Literatura Bíblica Monte Vernon Nazarene University Mount Vernon, Ohio Roger Hahn Ph.D., Duke University Reitor do Corpo Docente Professor do Novo Testamento Nazerene Theological Seminary Kansas City, Missouri George Lyons Ph.D., Emory University Professor do Novo Testamento Northwest Nazarene University Nampa, Idaho Editores secionais Joseph Coleson Ph.D., Brandels University Professor do Antigo Testamento Nazarene Theological Seminary Kansas City, Missouri Robert Branson Ph.D., Boston University Professor Emérito de Literatura Bíblica Olivet Nazarene University Bourbonnais, Illinois Alex Varughese Ph.D., Drew University Professor de Literatura Bíblica Mount Vernon Nazarene University Mount Vernon, Ohio Jim Edlin Ph.D., Southern Baptist Theological Semi nary Professor de Literatura Bíblica e Línguas Coordenador do Departamento de Religião e Filosofia MidAmerica Nazarene University Olathe, Kansas Kent Brower Ph.D., The University of Manchester Vice-reitor Palestrante Sênior de Estudos Bíblicos Nazarene Theological College Manchester, Inglaterra George Lyons Ph.D., Emory University Professor do Novo Testamento Northwest Nazarene University Nampa, Idaho SUMARIO Prefácio dos editores gerais....................................................................................................11 Prefácio do autor.................... ..................................................................................... .......13 Abreviações...........................................................................................................................15 Bibliografia........................................................................................................................... 21 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 27 A. Disposição canônica...............................................................................................27 B. História textual_________ *................................................................................. 28 C. História da composição......... ................................................................................ 29 1. Visão tradicional da autoria............................................................................... 29 2. Teorias modernas concernentes à autoria.......................................................... 30 3. A História Deuteronomista............................................................................... 33 4. Os livros de Samuel.......................... ................................................................ 36 a. A história de Samuel....................................................................................... 37 b. A narrativa da arca........................................................................................ 37 c. As tradições sobre Saul................................................................................... 37 d. A história da ascensão de Davi........................................................................39 e. A narrativa da sucessão................................................................................... 44 f. Os apêndices................................................ ..................................................45 D. Temas teológicos.................................................................................................... 45 1. Liderança............ .............................................................................................. 45 a. A monarquia.................................................................................................. 46 b. O fracasso da liderança de Saul.......................................................................47 c. O sucesso da liderança davídica...................................................................... 47 d. A ascensão dos profetas..................................................................................48 2. A reversão da sorte............... ............................................................................. 49 3. A teologia da recompensa-punição................................................................... 49 COMENTÁRIO......... ......... ............................................................................................. 51 O LIVRO DE 1 SAMUEL..................................................................................................51 I. O período pré-monárquico em Israel: as narrativas sobre Samuel e a arca (1.1—7.17).....51 A. O nascimento de Samuel (1.1 -28; 2.11).............................................................51 SUMÁRIO NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON 1. Prólogo (1.1-3).................................................................................................... 54 2. A família de Elcana em Siló (1.4-8)......................................................................56 3. O voto de Ana a Yahweh (1.9-11)....................................................................... 58 4. Eli e Ana no santuário (1.12-18)......................................................................... 59 5. Samuel é apresentado a Yahweh (1.19-28; 2.11).................................................61 B. O hino de gratidão de Ana (2.1-10)......................................................................65 C. Eli e seus filhos (2.12 -3.1a)............................................................ .................... 69 1. Os filhos de Eli em ação (2.12-26)....................................................................70 2. A condenação da casa de Eli (2.27-36; 3.1a).................................................... 73 D. A teofania no sonho de Samuel (3.1b—4.1a)............................................ ......... 76 1. A situação religiosa em Siló (3.1b-3)............................................... — «..........77 2. A palavra de Yahweh a Samuel (3.4-9).............................................................78 3. A mensagem de Yahweh a Samuel (3.10-21; 4.1a)...... ........................ — 79 E. A captura da arca da aliança (4.1b—7.1).............................................. ...............811. O cenário da captura da arca (4.1b-4).............................................. ................ 83 2. A captura da arca (4.5-11)............................................................... .................84 3. O relato da captura da arca (4.12-18)................................................................ 85 4. O relato do nascimento de uma criança (4.19-22)...............................................87 5. A arca é levada ao cativeiro pelos filisteus (5.1-12)..............................................87 6. Os filisteus preparam-se para transportar a arca (6.1-9)................................ ...89 7. A arca retorna a Bete-Semes (6.10—7.1)......... ................................................ 91 F. Samuel como juiz (7.2-17)................................................................................... 95 1. Samuel preside sobre o arrependimento de Israel (7.2-4).................................... 96 2. A assembleia de Mispá e a derrota dos filisteus (7.5-14)......................................97 3. Samuel como juiz (7.2-17)..................... ...........................................................100 II. O surgimento da monarquia em Israel: Saul, o primeiro rei de Israel (8.1—15.35)....... 101 A. Israel pede um rei (8.1-22)..... ..............................................................................101 1. O cenário (8.1-3)........ .....—*........................................................................— ....103 2. A requisição de um rei (8.4-22).......................... .............................................. 103 B. Saul é escolhido como rei (9.1 —10.27).................................................................106 1. A introdução de Saul (9.1-2)............................................................................. 107 2. Saul é escolhido e ungido (9.3—10.16)............................................................108 3. O povo escolhe Saul (10.17-27)..................... .— ............................................112 C. Saul derrota os amonitas (11.1-15)......... .............. .............................. ...............115 1. Saul contra os amonitas (11.1-13)..................................................................... 115 2. A renovação do reinado em Gilgal (11.14-15)..................................................117 D. O discurso de despedida de Samuel (12.1-25)....... ...............................................118 1. As palavras de abertura de Samuel (12.1-5)....................................................... 118 2. Samuel dirige-se ao povo (12.6-25)...................................................... .............119 E. Os erros e a queda de Saul (13.1—15.35).............................................................121 1. A introdução de Saul (13.1).............................................................................. 122 6 2. Saul ataca os filisteus (13.2-7a)............................................................................123 3. Saul faz um sacrifício inadequado (13.7b-15a)................................................... 124 4. A batalha de Saul contra os filisteus continua (13.15b-23).................................126 5. Jônatas e os filisteus (14.1-23a)...........................................................................127 6. O voto imprudente de Saul (l4.23b-46)............................................................ 130 7. Diversos relatos sobre as batalhas e a família de Saul (14.47-52)........................ 133 8. Uma ordem divina (15.1-3)................................................................................ 134 9. A batalha contra Amaleque (15.4-9).................................................................. 135 10. Samuel confronta Saul (15.10-35)....................................................................136 III. A ascensão de Davi ao reinado (1 Samuel 16.1—2 Samuel 8.18)..............................141 A. A unção de Davi e sua presença no palácio de Saul (16.1-23)................................. 141 1. Samuel é instruído a ungir Davi (16.1-5)............................................................ 142 2. Davi é ungido (16.6-13)..................................................................................... 143 3. Davi é introduzido à corte de Saul (16.14-23).................................................... 145 B. Davi e Golias (17.1-58)...........................................................................................147 1. A introdução de Golias (17.1-11).......................................................................148 2. Davi e o rebanho (17.12-30)...............................................................................149 3. Davi e Saul (17.31-40)...... ................................................................................. 150 4. A batalha contra Golias (17.41-54).................................................................... 151 5. Saul encontra-se com Davi pela segunda vez (17.55-58).....................................153 C. A família de Davi e a família de Saul (18.1—20.42)...............................................154 1. Davi, favorável a Jônatas e a Saul (18.1-9)...........................................................156 2. Saul tenta matar Davi (18.10-16)........................................................................158 3. Davi e Mical (18.17-29)......................................................................................160 4. Declaração de encerramento (18.30)...................................................................161 5. Jônatas intercede por Davi (19.1-7).................................................................... 161 6. Mical livra Davi das mãos de Saul (19.8-17).......................................................162 7. Davi foge para Ramá (19.18-24)........................................................................ 164 8. Jônatas e Davi novamente (20.1-42)................................................................... 165 D. Davi foge de Saul (21.1—23.29).............................................................................169 1. Davi escapa para Nobe (21.1 -9).......................................................................... 171 2. Davi foge para Gate (21.10-15).......................................................................... 173 3. Davi em Adulão (22.1-5).................................................................................... 174 4. Saul e os sacerdotes de Nobe (22.6-23)...............................................................176 5. Davi salva Queila (23.1-14)................................................................................ 178 6. Davi encontra Saul no deserto (23.15-29).......................................................... 180 E. Davi se encontra com Saul no deserto (24.1—26.25)............................................. 183 1. Davi em En-Gedi (24.1-22)................................................................................ 184 2. Davi e Nabal (25.1-44)....................................................................................... 187 3. Davi poupa a vida de Saul novamente (26.1-25).................................................192 F. Davi entre os filisteus (27.1—30.31)....................................................................... 195 1. Davi e Aquis (27.1-12)........................................................................................ 197 2. Saul consulta uma feiticeira (28.1-25).................................................................198 NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON SUMÁRIO 7 SUMÁRIO NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON 3. Os filisteus rejeitam Davi (29.1-11)...................................................................202 4. Davi se vinga da destruição de Ziclague (30.1-31).............................................204 G. A morte do rei Saul e de Jônatas (31.1-13)............................................................210 O LIVRO DE 2 SAMUEL.................................................................................................217 H. O segundo relato da morte de Saul e o lamento de Davi sobre a morte de Saul e Jônatas (2 Samuel 1.1-27).......................................................................................... 217 1. Um amalequita anuncia a morte de Saul (1.1-16).............................................218 2. A canção de lamento de Davi (1.17-27).............................................................221 I. Davi como governante de Judá (2.1—4.12)...........................................................224 1. Davi ungido rei de Judá (2.1-7)..........................................................................224 2. Is-Bosete estabelecido como rei de Israel (2.8-11).............................................227 3. A batalha de Gibeom (2.12-32).........................................................................228 4. Davi em Hebrom (3.1-5)................................................................................... 230 5. Abner deserta para Davi (3.6-39)...................................................................... 231 6. A morte de Is-Bosete (4.1-12)........................................................................... 235 J. Davi se torna rei sobre Israel (5.1-25)...................................................................... 239 1. As tribos israelitas fazem Davi rei (5.1-5)..........................................................239 2. Davi captura Jerusalém (5.6-16)........................................................................ 241 3. Davi e os filisteus (5.17-25)................................................................................244 K. Davi e a arca do concerto (6.1 -23).........................................................................248 L. Deus faz uma aliança com Davi (7.1-29)............................................................... 256 1. O oráculo de Natãpara Davi (7.1-17)............................................................... 257 2. A oração de Davi (7.18-29)................................................................................260 M. As guerras e a administração de Davi (8.1-8)....................................................... 262 1. Relatório das guerras de Davi (8.1-14).............................................................. 263 2. A administração de Davi (8.15-18)....................................................................265 IV. A sucessão do trono de Davi (9.1—20.26).............................................................. 269 A. O tratamento de Davi com a casa de Saul (9.1-13)................................................269 B. Davi e Hanum (10.1-19)........................................................................................273 C. Davi e Bate-Seba (11.1 — 12.31)............................................................................ 277 1. O adultério e o assassinato cometidos por Davi (11.1-13).................................278 2. Davi manda matar Urias (11.14-27)..................................................................282 3. Natã confronta Davi (12.1-15a)........................................................................284 4. A morte de um filho e o nascimento de outro (12.15b-25)..............................286 5. A guerra contra Amom (12.26-31)....................................................................288 D. O estupro de Tamar e o assassinato de Amnom (13.1—14.33).............................291 1. A cena de abertura (13.1-5)...............................................................................292 2. Amnom estupra Tamar (13.6-22)..................................................................... 293 3. A vingança de Absalão (13.23-39).................................................................... 296 4. Absalão retorna a Jerusalém (14.1-24).............................................................. 298 8 NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON SUMÁRIO 5. Davi perdoa Absalão (14.25-33)........................................................................ 299 E. A fuga de Davi de Jerusalém e o seu retorno (15.1—19.43)...................................302 1. Absalão usurpa o trono (15.1-37)............ .........................................................302 2. Os adversários de Davi (16.1-23)...................................................................... 306 3. O conselho de Husai (17.1-29)..........................................................................309 4. A morte de Absalão (18.1-33)........................................................................... 312 5. Davi retorna para Jerusalém (19.1 -43).............................................................. 316 F. A revolta de Seba (20.1-26).................................................................................... 323 V. Apêndices (21.1 - 24.25).......................................................................................... 329 1. Davi e os gibeonitas (21.1-14)............................................................................333 2. Os homens de Davi (21.15-22)..........................................................................336 3. O hino de ação de graças de Davi (22.1-51)...................................................... 337 4. As últimas palavras de Davi (23.1-7)................................................................. 339 5. Os valentes de Davi (23.8-39)............................................................................340 6. O censo de Davi, a praga, e o lagar (24.1-25).....................................................342 9 PREFÁCIO DOS EDITORES GERAIS O propósito do Novo Comentário Bíblico Beacon é tornar disponível a pasto res e alunos um comentário bíblico do século 21 que reflita a melhor cultura da tradição teológica wesleyana. O projeto deste comentário visa tornar essa cultura acessível a um público mais amplo, a fim de auxiliá-lo na compreensão e na pro clamação das Escrituras como Palavra de Deus. Os escritores dos volumes desta série, além de serem eruditos na tradição teológica wesleyana e especialistas em suas áreas de atuação, têm também um in teresse especial nos livros designados a eles. A tarefa é comunicar claramente o consenso crítico e o amplo alcance de outras vozes confiáveis que já comentaram sobre as Escrituras. Embora a cultura e a contribuição eruditas para a compreen são das Escrituras sejam as principais preocupações desta série, esta não tem como objetivo ser um diálogo acadêmico entre a comunidade erudita. Os comentaris tas desta série, constantemente, visam demonstrar em seu trabalho a significância da Bíblia como o Livro da Igreja e, também, a relevância e a aplicação contempo rânea da mensagem bíblica. O objetivo geral deste projeto é tomar disponível à Igreja e ao seu serviço os fratos do trabalho dos eruditos que são comprometidos com a fé cristã. A Nova Versão Internacional (NVI) é a versão de referência da Bíblia usada nesta série; entretanto, o foco do estudo exegético e os comentários são o texto bíblico em sua linguagem original. Quando o comentário usa a NVI, ele é im presso em negrito. O texto impresso em negrito e itálico é a tradução do autor. Os comentaristas também se referem a outras traduções em que o texto possa ser difícil ou ambíguo. A estrutura e a organização dos comentários nesta série procuram facilitar o estudo do texto bíblico de uma forma sistemática e metodológica. O estudo de cada livro bíblico começa com uma Introdução, que fornece uma visão panorâ mica de autoria, data, proveniência, público-alvo, ocasião, propósito, questões sociológicas e culturais, história textual, características literárias, questões herme nêuticas e temas teológicos necessários para entender-se o livro. Essa seção tam bém inclui um breve esboço do livro e uma lista de obras gerais e comentários padrões. A seção de comentários para cada üvro bíblico segue o esboço do livro apresentado na introdução. Em alguns volumes, os leitores encontrarão súmu las seccionais de grandes porçõesda Bíblia, com comentários gerais sobre sua PREFÁCIO DOS EDITORES GERAIS NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON estrutura literária global e outras características literárias. Uma característica consistente do comentário é o estudo de parágrafo por parágrafo dos textos bíblicos. Essa seção possui três partes: Por trds do texto, No texto e A partir do texto. O objetivo da seção Por trás do texto é fornecer ao leitor todas as informa ções relevantes necessárias para a compreensão do texto. Isso inclui situações his tóricas específicas refletidas no texto, no contexto literário do texto, nas questões sociológicas e culturais e nas características literárias do texto. No texto explora o que o texto diz, seguindo sua estrutura, versículo por ver sículo. Essa seção inclui uma discussão dos detalhes gramaticais, dos estudos de palavras e da ligação do texto com livros/passagens bíblicas ou outras partes do livro em estudo (o relacionamento canônico). Além disso, fornece transliterações de palavras-chaves em hebraico e grego e seus significados literais. O objetivo aqui é explicar o que o autor queria dizer e/ou o que o público-alvo teria entendido como o significado do texto. Essa é a seção mais ampla do comentário. A seção A partir do texto examina o texto em relação às seguintes áreas: sig- nificância teológica, intertextualidade, história da interpretação, uso das citações do Antigo Testamento no Novo Testamento, interpretação na história, na atuali zação e em aplicações posteriores da Igreja. O comentário fornece anotações complementares sobre tópicos de interes se que são importantes, mas não necessariamente fazem parte da explanação do texto bíblico. Esses tópicos são itens informativos e podem conter questões histó ricas, literárias, culturais e teológicas que sejam relevantes ao texto bíblico. Oca sionalmente, discussões mais detalhadas de tópicos especiais são incluídas como digressões. Oferecemos esta série com nossa esperança e oração, a fim de que os leitores a tenham como um recurso valioso para a compreensão da Palavra de Deus e como uma ferramenta indispensável para um engajamento crucial com os textos bíblicos. Roger Hahn, Editor-geral da Iniciativa Centenária Alex Varughese, Editor-geral (Antigo Testamento) George Lyons, Editor-geral (Novo Testamento) 12 PREFÁCIO DO AUTOR Escrever um comentário é um tremendo empreendimento que não pode ria ser realizado sem a ajuda e o suporte de muitas pessoas maravilhosas. Em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer ao meu amigo e colega, Dr. Robert Branson, por ter me convidado a participar do projeto do comentário e por ser o editor da minha seção. Ao Bob, que leu cuidadosa e incansavelmente vários rascunhos do comentário e ofereceu sugestões úteis e produtivas ao longo da jornada. O estilo paciente e atencioso de Bob fez com que fosse um prazer trabalhar com ele. Também devo minha gratidão ao Dr. Alex Varughese e às pessoas incríveis da editora Nazarene Publishing House. Eles concederam-me graciosamente uma extensão da redação quando a enfermidade e a morte de meu pai torna ram difícil trabalhar no comentário. Sempre serei grato a eles pela consideração e pela compreensão que tiveram comigo e com minha família quando passa mos por aquele momento difícil. Gostaria de agradecer também ao meu reitor na Olivet Nazarene Univer- sity, Dr. Carl Leth, por ter ajustado meu horário de lecionar a fim de que eu pudesse ter um tempo extra para pesquisar e redigir. A disposição do Dr. Leth em oferecer uma carga de pesquisa provou ser inestimável, e eu sempre serei grato a ele pelo apoio pessoal e administrativo que me estendeu ao longo da caminhada. Eu gostaria de estimar meus alunos que participaram tanto da minha classe de História Deuteronomista como do curso de exegese hebraica de 1 Samuel. O entusiasmo deles para aprenderem o texto, suas cuidadosas obser vações da gramática e da sintaxe de 1 Samuel, e as interessantes conversações que eles provocaram sobre os livros de Samuel, em geral, têm sido renovadoras e inspiradoras. Eu aprendi muito com eles. Muitos dos comentários e dos dis cernimentos deles encontraram o caminho deste comentário. Finalmente, gostaria de agradecer à minha esposa, Jeanine, por sua paciên cia e compreensão enquanto trabalhei neste processo de redação. Houve mui tas ocasiões em que fiquei trabalhando até tarde, que fui ao escritório nos fins de semana ou trouxe o trabalho para casa comigo. Com tudo isso, ela nunca re clamou. Gostaria de prestar reconhecimento também aos meus filhos: Dakota, Delaney e Lacie, que tiveram de “compartilhar” o pai com minhas pesquisas e com minha redação. Agora que acabou, estou ansioso para dedicar minha completa atenção a eles novamente. ABREVIAÇÕES Com algumas exceções, essas abreviações seguem as do The SBL Handbook of Style [Manual de estilo SBL] (Alexander, 1999). a.C. antes de Cristo A.E.C antes da Era Comum AT Antigo Testamento ca. circa cap. capítulo(s) cf. compare d.C. depois de Cristo E.C. Era Comum esp. especialmente etc. et cetera, e o restante ex. exempli gratia, por exemplo ff. e os seguintes H.D. História Deuteronomista h.d. historiadores deuteronomistas i.e. id est, isto é lit. literalmente LXX Septuaginta MS manuscrito MSS manuscritos n. nota nn. notas N T Novo Testamento s.l. sine loco (sem lugar, sem editora, s.v. sub verbo, implícito ss. e os seguintes TM Texto Massorético V. versículo(s) vs. versus Versões bíblicas GN T Good News Translation JPS Jewish Publication Society KJV King James Version NASB New American Standard Bible ABREVIAÇÕES NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON NIV NRSV RSV TM YLT NVI ARC ARA NTLH Por trás do texto: No texto: A partir do texto: Apócrifos 2 Mac. Antigo Testamento Gênesis Êxodo Levítico Números Deuteronômio Josué Juizes Rute 1 Samuel 2 Samuel 1 Reis 2 Reis 1 Crônicas 2 Crônicas Esdras Neemias Ester Jó Salmos Provérbios Eclesiastes Cantares Isaías Jeremias New International Version New Revised Standard Version Revised Standard Version The Message Youngs Literal Translation Nova Versão Internacional Almeida Revista e Corrigida Almeida Revista e Atualizada Nova Tradução Linguagem de Hoje Informações históricas ou literárias preliminares que os leitores medianos podem não inferir apenas pela leitura do texto bíblico. Comentários sobre o texto bíblico, palavras, gramática, e assim por diante. O uso do texto por intérpretes posteriores, relevância contemporânea, implicações teológicas e éticas do texto, com ênfase especial nas questões wesleyanas. 2 Macabeus Gn Êx Lv Nm Dt Js Jz Rt 1 Sm 2 Sm 1 Rs 2 Rs 1 Cr 2 Cr Ed Ne Et Jó SI Pv Ec Ct Is Jr 16 NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON ABREVIAÇÕES Lamentações Lm Ezequiel Ez Daniel Dn Oseias Os Joel Jl Amós Am Obadias Ob Jonas Jn Miqueias Mq Naum Na Habacuque Hc Sofonias Sf Ageu Ag Zacarias Zc Malaquias Ml (Nota: A numeração de capítulo e versículo no TM e na LXX g paraçao com as Bíblias em inglês/português. Para evitar confusí blicas seguem a numeração de capítulo e versículo das traduções quando o texto TM e LXX está em discussão). Novo Testamento Mateus Mt Marcos Mc Lucas Lc João Jo Atos dos Apóstolos At Romanos Rm 1 Coríntios 1 Co 2 Coríntios 2 Co Gálatas G1 Efésios Ef Filipenses FP Colossenses Cl 1 Tessalonicenses lT s 2 Tessalonicenses 2 Ts 1 Timóteo 1 Tm 2 Timóteo 2 Tm Tito Tt Filemom Fm Hebreus Hb Tiago Tg 1 Pedro 1 Pe 2 Pedro 2 Pe 1 João l jo 2 João 2Jo 17 ABREVIAÇÕES NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO 1 3 João 3Jo Judas Jd Apocalipse Ap Pergaminhos do mar Morto 4QSama Samuel* 4QSamb Samuelb 4QSamc Samuelc Josefo Ant. Antiguidades Judaicas Pais da Igreja Hist. Ecl. Eusébio, História Eclesiástica Literatura rabínica B. Bat. Baba Batra Transliteração do grego Grego Letra Transliteração a alfa a P beta b y gama g y gama nasal n (antes de y, k, j()s delta d £ epsílon e í zeta z eta ê 0 teta th i iota i K capa k lambda l P mu/mi m V nu/ni n csi X 0 omícron 0 7r Pi p P rô r P rô (em início de palavra) rhÇ sigma s T tau t V úpsilon y V úpsilon u (em ditondos: au, eu, êu, fi Ph X chi ch t psi Ps CO ômega õ ' respiração elaborada h (antes de vogais iniciai ou d i t o n g o s ) 18 NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON ABREVIAÇÕES Transliteração do hebraico Hebraico/Aramaico Letra Transliteração N álef ’ 3 bêt b; v (fricativa) y guímel g 1 dálet d n he h 1 vav v ou w T zain z n hêt h ü tét t ■* iode y 3 caf k b lâmed l D mem m 3 nun n D sâmeq s y áin ‘ 5 pê p ; f (fricativa) X tsade s P co f q n rêsh r tP sin s shin s n tau t 19 BIBLIOGRAFIA ACKROYD, Peter R. The First Book o f Samuel. The Cambridge Bible Commentary. Cambridge: Cambridge University Press, 1971. ______ . “The Verb ‘Love’— aheb in the David-Jonathan Narratives: A Footnote.” Vetus Testamentum 25, 1975. p. 213-214. AHLSTROM, G. “Der Prophet Nathan end Der Tcmplbau.” Vetus Testamentum 11, 1961. p. 113-127. ALBRIGHT, W. F. “A Colony of Cretan Mercenaries on the Coast of the Negev? Journal of the Palestinian Oriental Society 1. p. 187-194. ALTER, Robert. The David Story: A Translation with Commentary o f 1 and 2 Samuel. Nova Iorque: W. W. Norton, 1999. ANDERSON, A. A. II Samuel. Word Biblical Commentary 11. Waco, Texas.: Word, 1989. ARNOLD, B. T. “Samuel, Books of.” The Dictionary o f the Historical Books. Editado por Bill T. Arnold e H. G. M. Williamson. Downers Grove, 111.: InterVarsity Press, 2005. p. 866-877. BALDWIN, Joyce C. 1 and 2 Samuel: An Introduction and Commentary. The Tyndale Old Testament Commentaries. Downers Grove, 111: InterVarsity Press, 1988. BIRAN, A.; Naveh, J. “An Aramaic Stele Fragment from D a n IsraelExploration Journal 43,1993. p. 81-93. BIRCH, B. “The Development of the Tradition on the Anointing of Saul in 1 Sam 9-1 — 10-16.” Journal o f BiblicalLiterature 90,1971. p. 55-68. ______ . “The First and Second Books of Samuel.” The New Interpreters Bible. Editado por L. Keck et al. Nashville: Abingdon, 1998. p. 949-1383. BRANSON, Robert.Judges. New Beacon Bible Commentary. Kansas City: Beacon Hill Press of Kansas City, 2009. BRIGHT, ]ohn. A History o f Israel. Filadélfia: Westminster, 1981. BRUEGGEMANN, W. “2 Samuel 21-24: An Appendix of Deconstruction.” Catholic BiblicalQuarterly 50, 1988. p. 387-397. ______ . First and Second Samuel. Interpretation. Luisville,m Ky.: John Knox Press, 1990. BUDDE, K. D. Die Bucher Samuel. Tiibingen: J. C. B. Mohr, 1902. CAIRD, G. B. “The First and Second Books of Samuel.” The Interpreteis Bible. Editado por G. A. Buttrick. Nashville: Abingdon, 1953. p. 854-1176. CAMPBELL, A.; OBRIEN, M. Unfolding the Deuteronomistic History: Origins, Upgrades, Present Text. Minneapolis: Fortress, 2000. CAMPBELL, Anthony F. O f Prophets and Kings: A Late Ninth-Century Document. Washington, D. C.: Catholic Biblical Association, 1986. BIBLIOGRAFIA NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON ______ . 1 Samuel. The Forms of Old Testament Literature 7. Editado por Rolf P. Knierim, Gene M. Tucker e Marvin A. Sweeney. Grand Rapids: Eerdmans, 2003. ______ . 2 Samuel. The Forms of Old Testament Literature 8. Editado por Rolf P. Knierim, Gene M. Tucker e Marvin A. Sweeney. Grand Rapids: Eerdmans, 2005. CAQUOT, A.; ROBERT, P. de. Le Livres de Samuel. Geneva: Labor Et Fides, 1994. CARLSON, R. A. David, the Chosen King: A Tradicio-Historical Approach to the Second Book of Samuel. Traduzido por E. J. Sharpe e S. Rudman. Estocolmo: Almqvist &WikseU, 1964. CHANKIN-GOULD, J. D ror. “The Sanctified Adulteress: Bath-shebas Bath and Self- Consecration in 2 Samuel 11 ".Journal o f the Study ofthe Old Testament 32, 2008. p. 339 352. CHILDS, Brevard. Introduction to the Old Testament as Scripture. Filadélfia: Fortress, 1979. COO K, E. M. “Weights and Measures.” The International StandardBiblicalEncyclopedia. Vol. 4. Editado por G. W. Bromiley. Grand Rapids: Eerdmans, 1988. p. 1053,1054. C ROSS, F. M. “The Themes of the Book of Kings and the Structure of the Deuteronomistic History.” Canaanite Myth and Hebrew Epic. Cambridge: Harvard University Press, 1973. p.274-289. DIETRICH, W. Prophetie end Geschichtei Ein Redactionsgeschichdichte Untersuchung zum Deuteronomistichen Geshcichtwerk. Gottingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1972. ______ . “David in UberlieferungundGeschichte.” VerkundigungundForshcung22,1977. p. 44-64. DRIVER, S. R. Notes on the Hebrew Text and the Topography o f the Books o f Samuel. Oxford: Clarendon Press, 1966. EHRMAN, Bart D. The New Testament-. A Historical Introduction to the Early Christian Writings. 4a ed. Nova Iorque: Oxford University Press, 2008. ESLINGER, L. Kingship o f God in Crisis: A Close Reading of 1 Samuel 1—2. Bible and Literature Series. Shefíield: Almond, 1985. EVANS, Mary J. 1 and 2 Samuel. New International Biblical Commentary. Editado por Robert L. Hubbard e Robert K. Johnston. Peaboby, Mass.: Hendrickson, 2003. FENSHAM, F. Charles. “The Treaty between Israel and the Gibeonites.” The Biblical Archaeologist 37,1964. p. 96-100. FINLAY, T. D. The Birth Report Genre in the Hebrew Bible. Tiibingen: Mohr (Siebeck), 2005. FLANAGAN, James W. “Samuel, Book of 1-2” The Anchor Bible Dictionary. Vol. 5. Editado por D. N. Freedman. Nova Iorque: Doubleday, 1992. p. 957-965. FOKKELM AN, J. P. Narrative Art and Poetry in the Books o f Samuel. Vol. 2. The Crossing Fates (I Sam. 13-31 and II Sam. 1). Studia Semitica Neerlandica 23. Assen: Van Gorcum, 1986. ______ . Narrative Art and Poetry in the Books o f Samuel. Vol. 4. Vow and Desire (1 Sam. 1-12). Studia Semitica Neerlandica 31. Assen: Gorcum, 1993. 22 NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON BIBLIOGRAFIA FRANK, John R.; ODEN, Thomas C. Joshua, judges, Ruth, 1—2 Samuel. Ancient Christian Commentary on Scripture. Downers Grove, Ul.: Intervarsity Press, 2005. FRIEDMAN, Richard E. “From Egypt to Egypt: dtr (1) and dtr (2).” Traditions in Transformation: Turning Points in Israels Faith. Editado por Baruch Halpern e Jon D. Levenson. Winona Lake, Ind.: Eisenbrauns, 1981. p. 167-192. FRITZ, V. “Where is Davids Ziklag?” Biblical Archaeological Review 19, 1993. p. 58 61,76. FROLOV, Serge. “1 Samuel 1-7 in Synchronic and Diachronic Perspectives.” PhD diss., Claremont Graduate University, 2002. GNUSE, R. “A Reconsideration o f the Form-Critical Structure in 1 Samuel 3: An Ancient Near Eastern Dream Theophany.” Abstracts. SBL Annual Meeting. Missoula, Mont.: Scholars Press, 1978. GORDON, Robert P. IandIISam uel. A Commentary. Grand Rapids: Zondervan, 1986. HALPERN, Baruch. “S h i lo h lhe Anchor Bible Dictionary. Vol. 5. Editado por D. N. Freedman. Nova Iorque: Doubleday, 1992. p. 1213-1215. ______ . David’s Secret Demons: Messiah, Murderer, Traitor, King. Grand Rapids: Eerdmans, 2001. HAMILTON, Victor P. Handbook on the HistoricalBooks. Grand Rapids: Baker, 2004. HARRISON, R. K. Introduction to the Old Testament. Grand Rapids: Eerdmans, 1969. HARTLEY, J. E. “New Moon.” The International Standard Biblical Encyclopedia. Vol. 3. Editado por G. W. Bromiley. Grand Rapids: Eerdmans, 1988. p. 527-528. HERTZBERG, H. W. IandIISam uel: A Commentary. Traduzido por J. S. Bowden. Old Testament Library. Filadélfia: Westminster, 1964. HIGGINBOTHAM , Carolyn R. “Armarna Letters.” lhe New Interpreteis Dictionary of the Bible. Vol. 1. Editado por K. Sakenfeld. Nashville: Abingdon, 2005. p. 123-124. HOFFMAN, H. D. Reform und Reformen: Untersuchungen zu einem Grundthema der deuteronomistichen Geschichtsschrieibung. Zurique: Theologischer Verlag, 1980. HOFFNER, Harry A. “The Hitites and Hurrians.” Peoples o f Old Testament Times. Editado por D. J. Wiseman. Oxford: Clarendon Press, 1973. p. 197-228. ______ . “Propaganda and Political Justification in Hitite Historiography.” Unity and Diversity Essays in the History, Literature, and Religion o f the Ancient Near East. Editado por Hans Goedicke e J. J. M. Roberts. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1975. p. 49-62. ISBELL, C. D. “A Note on Amos 1.1.”Journal o f Near Eastern Studies 36,1977. p. 213,214. KAPELRUD, A. H. “King and Fertility. A Discussion of II Sam 21.1-14.” NorskTeologisk Tidsskrifi 56,1955. p. 113-122. ______ . “King David and the Sons of Saul.” lhe Sacral Kingship. Leiden; Brill, 1959. p. 294-301. KEIL, C. F., and F. Delitzch. Samuel. Commentary on the Old Testament in Ten Volumes. Grand Rapids: Eerdmans, 1967. KLEIN, Ralph W. “Samuel, Books of.” The International Standard Biblical Encyclopedia. Editada por G. W. Bromiley. Vol. 4. Grand Rapids: Eerdmans, 1979. p. 312-320. 23 BIBLIOGRAFIA NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON ______ . 1 Samuel. Word Biblical Commentary 10. Waco, Tex.: Word, 1983. KOCH, K. The Growth o f the Biblical Traditiom The Form Criticai Method. Nova Iorque: Scribner s Sons, 1969. LEMAIRE, A. “Vers Thistoire de la redaction des livres des Rois.” Zeitschrifi fu r die Alttestamentliche Wissenschajt 98,1986. p. 221-236. LEVENSON, J. D.; HALPERN, B. “The Political Import o f Davids marriages? Journal of BiblicalLiterature 99,1980. p. 507-518. LEWIS, Theodore J. “Dead, Abode of the.” The Anchor Bible Dictionary. Vol. 2. Editado por David N. Freedman. 6 vols. Nova Iorque: Doubleday, 1992. p. 101-105. MAUCHLINE, John. 1 and 2 Samuel. New Century Bible. Editado por Ronald E. Clements Greenwood, S. C.: Attic Press, 1971. MAZAR, A. Archaelogy o f the Land o f the Bible-. 10,000-586 B.C.E. Nova Iorque: Doubleday, 1992. MCCARTER, P. K. “The Apology of David.” Journal of Biblical Literature 9 9 ,1980a. p. 489-506. _______ . I Samuel. A New Translation with Introduction, Notes, Commentary. Anchor Bible 8. Garden City, N.Y.: Doubleday, 1980b. _______ . II Samuel: A New Translation with Introduction, Notes, Commentary. Anchor Bible 9. Garden City, N.Y.: Doubleday, 1984. _______ . “T eraph im The International Standard Biblical Encyclopedia. Vol. 4. Editado por G. W. Bromiley. Grand Rapids: Eerdmans, 1988. p. 793. MCKANE, William. I and II Samueh Introduction and Commentary: Torch Bible Commentaries. London: S.C.M. Pres, 1963. MELLISH, Kevin. “David and Solomon in a Foreign Context: Foreign Influence on the United Monarchy.” PhD diss., Claremont Graduate University, 2006. ______ . “Creation as Social and Political Order in Ancient Thought and the Hebrew Bible.” Wesleyan TheologicalJounal4A:\, 2009. p. 157-179. MENDENHALL, G. E. The Tenth Generation: The Origins of the Biblical Tradition. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1973. _______ . “The Monarchy” Interpretation 29,1975. p. 155-170. M ETTINGER, T. N. D. Solomonic State Officials: A Study of the Civil Government Ofíicials of the Israelite Monarchy. Lund: Gleerup, 1971. MILLER, J. M. Maxwell. “Geba/Gibeah of Benjamin.” Vetus Testamentum 25, 1975. p. 145-166. MILLER, Patrick D.; ROBERTS, J. J. M. The Hand o f the Lord: A Reassessment of the “Ark Narrative” of 1 Samuel. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1977. MONTGOMERY, J. A. A Criticai Exegetical Commentary on the Books o f Kings. International Criticai Commentary. Edingburgh: Clark, 1951. NELSON, R. The Double Redaction o f the Book o f Kings. Sheffield: JSO T Press, 1981. N ID ITCH , S. Warin the Hebrew Bible. Oxford: Oxford University Press, 1993. 24 NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON BIBLIOGRAFIA NO TH , M. The Deuteronomistic History. 2a ed. Sheffield: JSO T Press. Tradução de Uberlieferungsgeschichtliche Studien. Die sammelnden und bearbeitenden Geshichtswerk im alten Testament. Tubingen: Max Niemeyer, 1943, 1991. 0 ’BRIEN, Mark. The Deuteronomistic Hypothesis: A Reassessment. Gottingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1989. PAYNE, David E I & II Samuel. The Daily Bible Studies Series. Editado por John C. L. Gibson. Filadélfia: Westminster Press, 1982. PERSON, Raymond F. The Deuteronomic School: History, Social Setting, and Literature. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2002. PFEIFFER, R. H. Introduction to the Old Testament. Nova Iorque: Harper & Brothers, 1941. P O LZIN, Robert. Samuel and theDeuteronomist: A Literary Study of the Deuteronomistic History. San Francisco: Harper and Row, 1989. PROVIN, I. W. Hezekiah and the Book ofKings. Nova Iorque: W. de Gruyter, 1988. ROST, L. The Succession to the Throne o f David. Traduzido por M. D. Rutter e D. M. Gunn. Sheffield: Almond Press. Tradução de Uberlieferung von der Thronnachfolge Davids. BWANT III, 6. Stuttgart: W. Kohlhammer, 1926. ROWLEY, H. H. “Zadok and Nehushtan of Biblical Literature 58,1939. p. 113 141. RUPPRECHT, K. Der Tempel Von Jerusalem: Grundung Salomos Oder Jebusitisches Erbe? Berlin: Walter de Gruyter, 1997. SCHIM ID, H. H. “Der TemplbauSalomos in Religiousgeschichdicher SichtT Archaologie und Alten Testament, est. Für K Galling. Editado por A. Kuschke e E. Kutsch. Tubingen: Mohr, 1970. p. 241-250. SCHNEIDER, Tammi J. Sarah: Mother of Nations. Nova Iorque: Continuum, 2004. SCHNIEDEW IND, W. Society and the Promise to David. Nova Iorque: Oxford University Press, 1999. SCHWALLY, F. “Zur Quellenkritik der historichen Bucher.” Zeitschriji fü r die Alttestamentliche Wissenschafi 12, 1892. p. 155,156. SEOW, C. L. Myth, Drama and the Politics o f Davids Dance. Harvard Semitic Monograph 44. Atlanta: Scholars Press, 1989. SHANKS, H. “Rewriting Jerusalem s History: I Climbed Warrens Shaft (But Joab Never Did).” Biblical Archaeological Review 25,1999. p. 30-35. SMEND, R. “Die Gezetz und Võlker: Ein Beitrage zur Deuteronominschen Redaktiongeschichte.” Probleme Biblischer Theologie. Editado por H. W. WolfF. Munique: Chr. Kaiser, 1971. p. 494-509. SMITH, H. P.A Criticai and Exegetical Commentary on the Books o f Samuel. International Criticai Commentary on the Holy Scriptures. Nova Iorque: Charles Scribner s Sons, 1929. STOLZ, F. Das erst undzweiteBuch Samuel. Zurique: Theologischer Verlag, 1981. SWEENEY, Marvin A. First and Second Kings. Old Testament Library. Louisville, Ky.: Westminster John Knox Press, 2007. 25 BIBLIOGRAFIA NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON SZIKSZAI, S. “Samuel, I and II.” The Interpreteis Dictionary ofthe Bible. Vol. 4. Editado por G. A. Buttrick. 4 vols. Nashville: Abingdon, 1962. p. 202-209. TOV, Emanuel. “The Composition of 1 Samuel 16-18 in Light of the Septuagint Version.” Empirical Modelsfor Biblical Criticism. Editado por Jeffrey H. Tigay. Filadélfia: University of Pennsylvania Press, 1985. p. 97-130. TSUM URA, David Toshio. The First Book o f Samuel. New International Commentary on the Old Testament. Grand Rapids: Eerdmans, 2007. TUCKER, G. “The Legal Background of Genesis 23 ? Journal o f Biblical Literature 85, 1966. p. 77-84. ULRICH, Eugene C. The Dead Sea Scrolls and the Origins o f the Bible. Grand Rapids: Eerdmans, 1999. VAN DER TO O RN, K.; HOUTM AN, C. “David and the Ark” Journal of Biblical L i terature 113,1994. p. 209-231. VAN SETERS, J. In Search ofHistory. Historiography in the Ancient World and the Ori gins of Biblical History. New Haven, Conn.: Yale University Press, 1983. VEIJOLA, T tDie ewigeDynastie: David und die Entstehung of Seiner Dynasties nach der deuteronomistichen Darstellung. AASF B. 193. Helsinki: Soumalainen Tiedeakatemia, 1975. VON RAD, G. Studies in Deutoronomy. Londres: SCM, 1953. _______ . Old Testament Theology. Vol. 1: The Theology of Israels Historical Traditions. Traduzido por D. M. Stalker. San Francisco: Harper, 1962. WALTON, John H. The IVP Background Commentary'. The Old Testament. Downers Grove, 111.: InterVarsity Press, 2000. WEINFELD, M. Deuteronomy and the Deuteronomistic School. Oxford: Clarendon, 1972. WEIPPERT, H. “Die deuteronomistischen Beurteilungen de Konige von Israel und Juda und das Problem der Redaktion der Konigsbucher.” Biblica 53,1972. p. 301-339. WEISER, A. “Die Legitimation des King Davids.” Vetum Testamentum 16, 1966. p. 325 354. WILLIS, J. T. “An Anti-Elide Narrative Tradition from a Prophetic Circle at the Ramah Sanctuary\ Journal o f Biblical Literature 90, 1971. p. 288-308. WOLFF, H. W. “The Kerygma of the Deuteronomistic Historical Work.” The Vitality o f the Old Testament Traditions. Editado por W. Brueggman e H. W. Wolff. Atlanta: John Knox, 1975. p. 83-100. WURTHWEIN, E. Die Erzahlung von der ThronfolgeDavids - Theologische oderpolitis- che Geschichtsschriebung? Zurique: Theologischer Verlag, 1974. YARCHIN, W. “Text Criticism, Text Composition, and Text Concept in 2 Sam 23-24.” Reading the Hebrew Bible for a New Millennium: Form, Concept, and Theological Pers pective. Editado por W. Kim. Harrisburg, Pa.: Trinity Press International, 2000. p. 326 357. YOUNGBLOOD, Ronald F. “ 1, 2 Samuel.” The Expositois Bible Commentary. Editado por Frank E. Gaebelein. Grand Rapids: Zondervan, 1992. p. 553-1104. 26 INTRODUÇÃO A. Disposição canônica Na Bíblia hebraica ou judaica, os livros de 1 e 2 Samuel pertencem à seção conhecida como Profetas antigos, e, no Antigo Testamento cristão, eles fazem parte da coleção conhecida como Livros Históricos. Os livros de Samuel também constituem parte importante de uma obra literária mais ampla que se estende de Josué a Reis, à qual os eruditos modernos referem-se como a História Deuteronomista (H.D). Baseado no relacionamento deles com os outros livros localizados no cânone do Antigo Testamento e do hebraico, os livros de Samuel fornecem uma vital ligação literária e histórica na apresentação geral do passado de Israel na bíblia. Por um lado, os eventos são preditos sobre o êxodo de Israel do Egito e sobre o estabelecimento do pacto mosaico no monte Sinai (Êxodo e Deuteronômio), a conquista e o estabelecimento na terra de Canaã/Palestina (Josué), e a era dos juizes (Juizes). Por outro lado, os livros de Samuel representam um final formal ou uma quebra com a era dos juizes (1 Samuel), e eles relatam o surgimento do profeta/sacerdote Samuel como o início da monarquia israelita sob o reinado de Saul. Além do mais, os livros de Samuel avistam além da monarquia de Saul para o estabelecimento do trono de Davi e de sua dinastia (1 Sm 16—2 Sm 7), a expansão do reino de Israel sob a liderança de Davi (2 Sm 8), e, finalmente, antecipa a luta entre os INTRODUÇÃO NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON filhos de Davi pelo trono após a morte do rei (1 Rs 1—2). Assim, se for levado em consideração a estrutura canônica mais ampla da bíblia hebraica/Antigo Testamento, os livros de Samuel estão intimamente conectados com a história primitiva do povo de Israel e com a formação do reino israelita. Eles ainda servem como um prefácio apropriado para o relato sobre o reino de Salomão (1 Rs 1—11), sobre a história do reino dividido após sua morte (1 Rs 12—2 Rs 16), e sobre a destruição e o exílio dos reinos de Israel, em 721 a.C., e de Judá, em 586 a.C. (2 Rs 17—25). B. História textual Nos tempos antigos, os livros de Samuel eram originalmente um só livro. Os primeiros manuscritos hebraicos indicam que 1 e 2 Samuel não eram di vididos em partes separadas. O pergaminho de Samuel do Qumrã (4QSama), por exemplo, inclui ambos os livros sob o título de Samuel. O Talmude regu larmente faz referência ao “Livro de Samuel”, e as notas massoréticas, no final de 2 Samuel, relatam que Samuel contém um total de 1506 versículos; 1 Sa muel 28.24 marca o versículo central do livro todo. Os pais da Igreja primitiva, como Jerônimo, e o historiador da igreja, Josefo, também estavam cientes do Livro de Samuel em sua forma original (Hist. Ecl. 7.25.2). A decisão de dividir o Livro de Samuel em duas seções estende-se à anti guidade clássica, quando os livros eram escritos em pergaminhos de um com primento fixo. O Livro de Samuel, que é levemente mais longo do que Reis e Crônicas, tornou-se muito desajeitado para ser manuseado em um só perga minho, então foi dividido (juntamente com Reis e Crônicas) em duas partes principais nos primeiros manuscritos da Septuaginta (LXX) ou da Bíblia gre ga. Os tradutores da Septuaginta intitularam os livros de Samuel de Basileion A e B (1 e 2 Reinos ou 1 e 2 Reinados). Esses tradutores subsequentemente agruparam os livros de Samuel baseados em temas e interesses comuns com os dois livros de Reis (Basileion C e D) e referiam-se a eles como Bibloi Basileion (Livros dos Reinos). Mais tarde, Jerônimo, um dos pais da igreja, modificou levemente esse título paraLibri Regum (Livros dos Reis). Assim, Samuel e Reis tornaram-se conhecidos como 1,2,3, e 4 Reis, respectivamente. Hoje, os erudi tos e os comentaristas católicos ainda se referem aos livros de Samuel segundo os títulos gregos dos mesmos (l e 2 Reis), mas as comunidades judaicas e as protestantes referem-se aos livros por seus antigos nomes hebraicos. De acordo com os eruditos bíblicos modernos, a razão para a divisão dos livros de Samuel em sua presente conjuntura conformava-se ao antigo costume 28 NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON INTRODUÇÃO de concluir um livro bíblico com a morte de uma figura importante (i.e., Jacó e José no final de Gênesis; Moisés na cena de encerramento de Deuteronômio; Josué na conclusão de seu discurso de despedida; e Saul no final de 1 Samuel) (McCarter, 1980b, p. 3). Outras traduções autoritativas como a Vulgata, a anti ga tradução latina do texto hebraico, continuou a tradição dos tradutores gregos, incluindo ambos os livros de Samuel em seu cânone e a prática de fazer referên cias aos dois livros de Samuel, algo que foi levado adiante até os tempos moder nos. A primeira referência aos livros de 1 e 2 Samuel no próprio texto hebraico está comprovada em um manuscrito de 1448, e a prática de listar os livros de Samuel independentemente se tornou mais oficial na Bíblia rabínica de 1516 1517 editada por Felix Pratensis (Klein, 1979, p. 313; Szikszai, 1962, p. 203). A divisão entre 1 e 2 Samuel recebeu uma sanção formal na comunidade judaica, isso fica adicionalmente evidenciado pelo fato de que a segunda Bíblia rabínica de 1524-1525 listava-os separadamente também (Flanagan, 1992, p. 957). C. História da composição 1. Visão tradicional da autoria Os livros de Samuel levam o nome do grande profeta que serve como a figura principal na seção inicial de 1 Samuel (cap. 3—8, 12, 15—16). Em relação ao título, os antigos comentaristas judeus afirmavam inicialmente que o próprio Samuel havia escrito Juizes e uma grande parte de Samuel. O Talmude babilônico afirma especificamente que “Samuel escreveu o livro que leva o seu nome” (B. Bat. 14b). Entretanto, o mesmo Talmude faz a explícita restrição de que Samuel fora responsável apenas pelos primeiros 24 capítulos (já que 1 Samuel 25.1 relata a sua morte) e o resto do corpus de Samuel foi atribuído aos profetas Natã e Gade (B. Bat. 15a). Os escritores do Talmude mantiveram essa posição porque grande parte de 1 e 2 Samuel é narrada de um ponto de vista decididamente profético. Além do mais, os escribas judeus levaram a sério a referência de 1 Crônicas 29.29, que afirma: “Os feitos do rei Davi, desde o início até o fim do seu reinado, estão escritos nos registros históricos do vidente Samuel, do profeta Natã e do vidente Gade”. No decorrer da história, outros candidatos à autoria foram apresentados, tais como os sacerdotes Aimaás (2 Sm 15.27,36; 17.17,20; 18.19,22,23,27-29) e Zabude (1 Rs 4.5). Apesar desses esforços para tentar comprovar a autoria de Samuel ao longo das linhas tradicionais, a falta de uma evidência firme para apoiar essas alegações falhou em convencer os eruditos modernos. 29 INTRODUÇÃO NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON 2. Teorias modernas concernentes à autoria Os atuais eruditos do Antigo Testamento não aderem à visão tradicional de que os livros de Samuel foram compostos por profetas como Samuel, Gade e Natã, tampouco estão convencidos de que os sacerdotes Aimaás e Zabude tenham colocado a mão na redação dos mesmos. Ao contrário, os exegetas modernos postulam que a composição final dos livros de Samuel deve ser atribuída a autores anônimos ou a editores que compilaram uma série de tradições independentes (transmitidas de forma oral inicialmente, e de forma escrita posteriormente) sobre Samuel, a arca, Saul e Davi, por exemplo, em um texto holístico (Amold, 2005, p. 870). Baseado em méritos da erudição contemporânea e em questões críticas quea mesma tem levantado sobre o texto, os estudiosos modernos postulam que os livros de Samuel são melhores vistos como subprodutos de uma longa história de atividade editorial ou redacional. Por meio do emprego de diversas disciplinas críticas (como a análise literária, as investigações histórica e arqueológica, e o criticismo textual, < formal, redacional etc.), os eruditos descobriram evidências que emprestariam 1 um grande apoio a esta noção. Primeiro, uma observação crítica ou uma avaliação do texto de Samuel mostra claramente que esses livros “não estão entre os que foram nomeados mais adequadamente no Antigo Testamento” (Gordon, 1986, p. 19). Embora Samuel tenha precedência como a principal figura religiosa e política em diversos dos capítulos de abertura de 1 Samuel (1—3, 7—12, 13, 15—16), o seu aparecimento é extremamente limitado aos contextos narrativos que seguem a tradição concernente à unção de Davi (16.6-16). Uma breve referência a Samuel aparece em uma nota acerca de sua morte em 25.1, e ele também fala rapidamente acerca de uma falsa aparição póstuma ao rei Saul no final de 1 Samuel (28.12-19). Tomado como um todo, então, o número total de seções narrativas que cobrem a figura de Samuel é relativamente pequeno quando comparado com a quantidade de material dedicado às tradições da arca (cap. 4—6) e da monarquia de Saul (cap. 9—31), por exemplo. Além do mais, Samuel é completamente apagado pela figura de Davi, que recebe cerca de 40 capítulos de cobertura literária em ambos os livros (1 Sm 16—2 Sm 24). O fato de que esses dois livros tenham recebido o nome de Samuel, embora ele não seja o personagem dominante nos mesmos, simplesmente confirma o costume antigo dos intérpretes judeus que nomeavam os livros bíblicos segundo as figuras proeminentes da história de Israel. 30 NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON INTRODUÇÃO Segundo, relatos visivelmente paralelos, incongruências, e tensões dentro do texto fornecem uma sólida evidência de que os livros de Samuel sejam o resultado da compilação de tradições independentes ao longo de um extenso período de tempo (Harrison, 1969, p. 696). O erudito inglês R. H. PfeifFer, por exemplo, enumerou vários exemplos de discrepâncias textuais em seu texto introdutório (1941, p. 340): o anúncio concernente ao fim de Eli e de sua casa em duas ocasiões (1 Sm 2.13 ss.; 3.11 ss.); a unção sigilosa de Saul (9.26— 10.1), seguida de duas cerimônias públicas nas quais Saul é escolhido (10.21; 11.15); duas ocasiões nas quais Samuel rejeita Saul como rei (13.14; 15.23); duas apresentações de Davi a Saul (16.21; 17.58); duas fugas nas quais Davi escapou da corte de Saul (19.12; 20.42); duas ocasiões em que Davi poupou a vida de Saul (24.3; 26.5); três alianças diferentes entre Davi e Jônatas (18.3; 20.16,42; 23.18); duas fugas nas quais Davi foi para Gate (21.10; 27.1), e a perplexa tradição relativa à morte de Golias por Davi e posteriormente por um guerreiro chamado Elanã (1 Sm 17.51; 2 Sm 21.19). Além dos exemplos mencionados acima, marcantes diferenças na perspectiva religiosa podem ser detectadas em diversas partes de Samuel (Szikszai, 1962,204). Dentro de 1 Samuel 7—12, por exemplo, existem visões conflitantes ou inconstantes relacionadas ao desenvolvimento da monarquia na sociedade israelita. Por um lado, existem partes no texto em que a monarquia é condenada por Deus como uma apostasia (8.17,18), mas há outras ocasiões em que a monarquia é aceitável (12.13,14) e até recomendável (9.16,17). As mesmas afirmações podem ser feitas em relação às tradições de Saul e Davi. Há casos em que Saul é retratado sob lima visão positiva e Deus lhe é favorável (9.1 —10.16; 11.1-13; 14.47,48), mas há outras vezes em que ele é apresentado como um fracasso sem fim, de quem Deus arrependeu-se ter feito rei (15.11). Davi, da mesma forma, é apresentado como a escolha de Deus para ser rei (16.6-13), uma pessoa de grande fé (cap. 17) e misericordiosa (cap. 24; 26), o que contrasta marcantemente com os textos que o revelam como um assassino brutal e calculista que Deus tem de castigar (2 Sm 11 —12), ou como um pai fraco e um comandante pouco sólido (cap. 14—19). Terceiro, a análise textual tem convincentemente demonstrado que o Texto Massorético de Samuel, no qual as traduções inglesas modernas são baseadas, está praticamente em um “reparo precário” e tem sofrido mais na transmissão dos escribas do que qualquer outro livro do AT (McCarter, 1980b, p. 5). O TM de 1 e 2 Samuel está extensivamente assolado pela haplografia, isto é, pela omissão de palavras ou frases provocada por seqüências repetidas 31 INTRODUÇÃO NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON de letras (mais frequentemente no final das palavras) e assolado também por vários outros erros de cópia cometidos pelos escribas. Além disso, o texto hebraico desses livros é menor do que a tradução grega da Bíblia hebraica e de outras versões antigas como a Vulgata Latina, os Targuns Aramaicos, e a Peshitta (Birch, 1998, p. 950). Até recentemente, os eruditos acreditavam que os tradutores gregos tivessem simplesmente acrescentado tradições aos seus manuscritos e expandido o texto em geral assim. Essa é uma visão que tem sido modificada baseada na cuidadosa análise textual. A fim de dar um sentido às corrupções e aos defeitos do texto hebraico e no esforço de reconstruir uma edição mais confiável do texto hebraico, os eruditos foram forçados a comparar e contrastar sistematicamente o texto hebraico de Samuel com o material da fonte de Crônicas e de outras traduções antigas como a Septuaginta (LXX). Leituras atenciosas e avaliações cuidadosas de diversas testemunhas textuais antigas dos livros de Samuel feitas por críticos textuais como Thenius, Wellhausen e Driver, do século 19, revelaram que as diferenças entre o texto grego de Samuel e o texto hebraico estão relacionadas a mais do que simples tradições editoriais e pequenas interpolações. Os críticos textuais explicaram que os escritos gregos e hebraicos de Samuel divergem-se tanto porque os tradutores da Septuaginta basearam seu trabalho em um texto hebraico (um protótipo) que precedia o Texto Massorético, e não está mais disponível para nós. A pesquisa do texto hebraico de Samuel também tem se aperfeiçoado grandemente nos últimos 60 anos devido à descoberta dos Pergaminhos do Mar Morto. Na antiga biblioteca da seita Qumrã, três manuscritos foram descobertos (Ulrich, 1999). O mais importante deles, 4QSama, data de 50 a.C.—25 a.C. e contém grande parte de 1 e 2 Samuel em condições bem preservadas. O segundo, 4QSamb, que data de meados do terceiro século a.C., contém uma parte muito mal preservada de 1 Samuel. O terceiro, 4QSamc, é do início do primeiro século a.C. e contém fragmentos de 1 Sm 25 e 2 Sm 14— 15. Comparações do texto hebraico com a literatura Qumrã parecem confirmar a proximidade de uma primeira tradição hebraica com o protótipo da LXX. Os críticos textuais determinaram especificamente que os textos do Qumrã estão mais próximos dos manuscritos Luciânicos (LXXL) do que do Codex Vaticanus (LXXB) (Klein, 1979, p. 314). Isso sugere que a tradição Luciânica representa um deslocamento em direção à tradição do texto hebraico-palestino que é representado pela literatura Qumrã (Flanagan, 1992, p. 958). 32 NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON INTRODUÇÃO 3. A História Deuteronomista Além do trabalho dos críticos textuais, o conhecimento sobre o desenvolvimento dos livros de Samuel foi grandemente aprimorado pela publicação da monografia de Martin Noth sobre a História Deuteronomista (Noth, 1991). Antes da publicação de Noth, os eruditos do final do século 19 e do início do século 20 tentavam explicar a composição dos livros que se estendem de Josué a Reis à luz da fonte do criticismo pentatêutico. Esse método de investigação provou ser malsucedido, já que eruditos críticos das origens não puderam concordar que fontes pentatêuticas realmente continuaram nos livros históricos, tampouco conseguiramconcordar sobre o limite onde as fontes paravam e o material ou arquivo histórico começavam. A obra de Noth discutia essa questão, argumentando que os livros desde Josué até Reis não eram um produto das fontes que compunham o Pentateuco, mas surgiram de um processo de transmissão diferente (para um sumário, veja também Branson, 2009, p. 26-30). Noth afirmava basicamente que os livros de Josué a Reis eram um produto de um único autor/redator a quem ele rotulou de “Dtr”. Noth argumentava que esse autor/editor era um compilador/arranjador da antiga fonte de materiais e um autor criativo. Noth alegava que o Dtr havia composto discursos importan tes em conjunturas críticas da história de Israel (Js 1,23; 1 Sm 12; 1 Rs 8.14 ss.) e fornecia reflexões resumidoras (Js 12; Jz 2.11 ss.; 2 Rs 17.7 ss.) que ajudavam a trazer um senso de coesão aos discrepantes materiais de origem. Dessa forma, segundo Noth, a agenda teológica/ideológica do Dtr poderia ser averiguada não somente na maneira como ele organizou os documentos que tinha à sua disposição, mas também nos discursos e nas declarações sucintas que ele com pôs. Noth ainda postulou que o Dtr fornecia uma avaliação teológica e ideológica do passado de Israel. O Dtr recontava a história dessa nação e avaliava o povo israelita e seus líderes à luz das leis promulgadas em Deuteronômio. Assim, o termo História ‘‘Deuteronomista’’ foi cunhado. Noth sustentava que a H.D. explicava primariamente o porquê de os exílios de 721 a.C. e 586 a.C terem acontecido. De acordo com o Dtr, o povo de Israel foi para o exílio porque consistente e repetidamente desobedeceu à instrução de Deus que foi estabelecida nas leis de Deuteronômio. Dessa forma, a H.D. demonstrou que o exílio era apenas uma punição executada por Deus em razão dos pecados de Israel. Noth também afirmava que, porque as leis de Deuteronômio forneciam as lentes teológicas pelas quais o Dtr julgava o passado de Israel, as mesmas 33 INTRODUÇÃO NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON funcionaram como o prefácio de Josué a Reis e não deveriam ser incluídas como parte do Pentateuco. Desde a publicação da obra de Noth, tem havido muitas reações e obje- ções à sua tese inicial concernente à história composicional dos livros históri cos. Na América do Norte, Frank M. Cross, de Harvard, postulou que a H.D. era composta de duas fontes majoritárias, e não era trabalho de apenas um autor/editor. A primeira edição da H.D, à qual ele chamou de Dtr 1, era um documento pré-exílico que apontava para as reformas do rei Josias e as apoia va (2 Rs 22—23). A segunda edição, rotulada de Dtr 2, foi uma obra exílica que atualizou a última parte de Reis (2 Rs 24—25), transformou Dtr 1 em um sermão para a comunidade exílica e prometeu a esperança de restauração (1973, p. 274-289). Certo número de eruditos, principalmente da América do Norte, considera a visão das duas teorias redacionais de Cross persuasiva e as tem articulado de várias formas (Nelson, 1981; Friedman, 1981, p. 167 192). Os eruditos europeus providenciaram uma contrapartida para a principal tese de Cross concernente à composição da H.D. Os pesquisadores da Gottingen School, em particular, propuseram um modelo que sugere que a H.D. seja uma obra completamente exílica. Ao contrário de Noth, entretanto, que argumentava que a H.D. era o produto de um indivíduo, os membros da Gottingen School propuseram que a H.D. fosse composta de três camadas específicas de edição exílica (Dietrich, 1972; Smend, 1971, p. 494-509; Veijola, 1975). A primeira camada servia como a linha histórica básica ou registro histórico (o Grundschrift) do passado de Israel, a qual eles rotularam de DtrG (580 a.C.). Depois da DtrG, outra camada de edição foi incluída, a qual enfatizava a função dos profetas na H.D. (i.e., 1 Rs 14.7-11; 16.1-4; 21.20b-24; 22.38; 2 Rs 9.6-10, 36; 10.17; 21.10-16; 24.2), que foi rotulada de DtrP e atribuída aos círculos proféticos (561 a.C.). A camada redacional final foi incluída por um editor que demonstrava interesse pela Lei, ou Torá de Moisés, e enfatizava a obediência à mesma (i.e., 1 Rs 3.4-15; 9.1-9). Eles rotularam esse editor de DtrN (560 a.C.) ou editor nomista (nomista = lei). Nas últimas décadas, os eruditos têm proposto outros modelos teóricos para explicar o desenvolvimento da H.D. que incorporou elementos das te orias acima e também caminhou em outras direções. A seguir, há uma lista básica que resume as tendências metodológicas dentro da pesquisa da H.D. nos últimos 60 anos: 34 NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON INTRODUÇÃO a. A H.D. estava sendo revisada constantemente no decorrer da história de Israel, de forma que é composta de diversas edições pré-exílicas (pré- -Ezequias, Ezequias, Josias) que incluíram atualizações exílicas (Friedman, 1981; Lemaire, 1986, p. 221-236; Provin, 1988; Weippert, 1972, p. 301 339; Sweeney, 2007, p. 1-32). b. A H.D. foi o produto de um registro “profético” que se estendeu desde 1 Samuel 1—2 Reis 10, também incluía uma edição de Josias e atualizações exílicas (Campbell, 1986; 0 ’Brien, 1989). c. A H.D. é o produto de um escritor criativo que viveu durante o período do exílio (Hoffman, 1980; Van Seters, 1983). d. A H.D. foi composta por escritores/editores da escola Deuteronomista. Essa escola era baseada na tradição da sabedoria do antigo Oriente Pró ximo (Weinfeld, 1972) ou fazia parte de um movimento de reforma que existiu no período exílico e pós-exílico (Person, 2002). Como o leitor pode ver, as teorias modernas da composição da H.D. são complexas e tomam muitas formas. E improvável que um consenso seja alcan çado no futuro próximo. A tendência mais recente na cultura bíblica inclui o estudo dos livros históricos dentro da estrutura geral de Gênesis a Reis. Os eruditos agora se referem aos livros de Gênesis a Reis como Eneateuco, porque acreditam que os livros históricos compartilham um relacionamento genético com os primeiros cinco livros do AT. Os eruditos também discordam de Noth quanto ao propósito de que a H.D. serviu na vida da comunidade israelita. Noth defendia que a H.D. primariamente explicava a razão pela qual o exílio ocorreu e não provia nenhuma palavra sobre o futuro ou sobre o que os israelitas deveriam fazer quando o exílio acontecesse. Então, em seu raciocínio, a H.D. permanecia fechada e um pouco pessimista. Outros eruditos, entretanto, defendiam que a H.D. fornecia uma medida de esperança para a comunidade exílica e posterior. Gerhard Von Rad, por exemplo, destacou a promessa de Deus a Davi para estabelecer uma dinastia eterna e analisou como Deus preservou a dinastia no decorrer da história de Israel. A nota no final de 2 Reis, sobre a libertação de Jeoaquim da prisão, permaneceu como uma prova positiva de que Deus havia cumprido a Sua palavra até mesmo no exílio. Dessa forma, para Von Rad, um tom de graça permeava as páginas da história, e a história de Israel permanecia com o final aberto (1953, p. 74-96). Além de Von Rad, H. W. Wolff estudou a H.D. e notou que um esquema de rebelião-punição-arrependimento - restauração podia ser detectado na mesma. Wolff argumentou que a H.D. 35 INTRODUÇÃO NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON mostrava que, quando Israel “voltava” para Deus em arrependimento, Deus estendia o perdão e a cura à comunidade. Wolff acreditava, então, que a H.D. era verdadeiramente uma querigma ou uma mensagem ao povo que vivia exilado, no sentido de que a mesma apresentava um modelo daquilo que eles deveriam fazer quando enfrentassem o castigo. Os exilados precisavam entender que eles estavam no segundo estágio do ciclo, e, assim, precisavam “retornar” a Deus em arrependimento (Wolff, 1975, p. 83-100). 4. Os livros de Samuel Os eruditos do Antigo Testamento desenvolveram diversas teorias e ideias nas ultimas décadas para explicar os assuntos difíceis que aparecem no texto e para explicar as origens, e a composição dos livros de 1 e 2 Samuel também. Os livros de Samuel apresentam seus própriosdesafios intrínsecos em relação à sua composição histórica. Os livros de Samuel mostram muito pouco da linguagem deuteronomista e das técnicas de edição que os livros de Reis de monstram, por exemplo. Esse fato tem levado os eruditos a argumentarem que os livros de Samuel são uma compilação em “blocos” de materiais/tradições que foram reunidos ao longo do tempo. Noth, por exemplo, permitiu alguma edição deuteronomista, a qual ele argumentava que poderia ser detectada nas seguintes passagens (Baldwin, 1988, p. 25): 1. 1 Sm 7.2b, a nota cronológica, “e tantos dias se passaram, que chegaram a vinte anos”. 2. 1 Sm 7.7-14, Noth fez conexão com Jz 13.1. 3. 1 Sm 13.1, a nota cronológica concernente ao reino de Saul. 4. 2 Sm 2.10,11, os reinados cronológicos de Is-Bosete e Davi. 5. 1 Sm 8 e 12, a desaprovação de Dtr do estabelecimento da monarquia. 6. 2 Sm 5.4,5, a cronologia do reino de Davi; e 5.6-12, a conquista de Jeru salém por Davi. 7. 2 Sm 7.7a, 22-24, notas editoriais concernentes à proibição do templo e a promessa relacionada à instituição da monarquia davídica. Noth, acima de tudo, considerava essas inserções editoriais e essas composições relativamente pequenas, considerando a extensão geral dos livros de Samuel. Grande parte do material original de Samuel derivava-se de tradições escritas mais antigas do que Dtr tinha à sua disposição. Dentro dos livros de Samuel, várias unidades independentes de tradição foram identificadas por Noth e por outros: 36 NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON INTRODUÇÃO a. A história de Samuel Os materiais relatados sobre a vida de Samuel estão concentrados nos capítulos 1—3, 7—8, 12, 15 em particular. Nesses textos, Samuel é apresentado como o fiel sacerdote/profeta/juiz que substitui Eli e sua casa corrupta no santuário de Silo. Samuel era o fruto de um voto nazireu que conduziu a comunidade da fé na adoração apropriada a Yahweh (YHWH), alguém que o povo reconheceu como um profeta “fidedigno”. Samuel também foi instrumental durante esse período de transição na sociedade de Israel, tornando-se o indivíduo responsável por ungir Saul, e, depois, Davi como reis de Israel. Sua função foi essencial para solidificar o pedido do povo por um rei (1 Rs 8; 12). Embora Samuel tivesse uma participação crucial na transição do período entre os juizes e a monarquia, sua importância na porção restante da história de Israel é limitada. b. A narrativa da arca Nos livros de Samuel, a narrativa da arca está localizada em duas de se ções: 1 Sm 4.1b—7.1 e 2 Sm 6. Na primeira parte da narrativa da arca, ela foi capturada pelos filisteus, tirada da terra de Israel, e levada ao território filisteu. Os filisteus, entretanto, sofreram grandes e terríveis calamidades por causa da arca e perceberam que precisavam devolvê-la ao território israelita. A arca fica misteriosamente ausente ao longo do restante de 1 Samuel e reaparece somente em um breve episódio depois que Davi torna-se rei. Davi tomou a arca do terri tório de Quiriate-Jearim, onde a mesma havia permanecido por muitos anos, e transportou-a para Jerusalém, a capital recém-estabelecida. A arca permaneceu em Jerusalém e foi instalada no templo de Salomão mais tarde (1 Rs 8.3,4). As referências sobre a arca não aparecem depois de 1 Reis 8, mas a mesma prova velmente foi tomada ou destruída durante o exílio babilônico. c. As tradições sobre Saul O surgimento de Saul como o primeiro rei sobre a nação de Israel e a rejeição ao seu reinado dominam os capítulos 9—15. Várias tradições independentes sobre Saul e sobre como ele tornou-se rei foram compiladas pelo(s) editor(es) deuteronomista(s) (9.1 —10.16; 10.17-27; 11.14,15) e reunidas com o material relacionado às batalhas de Saul contra os amonitas (11.1-13), os filisteus (13.1 —14.46) e os amalequitas (15.1-34) para compor esta unidade. 37 INTRODUÇÃO NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON Além do mais, um breve relatório sumário concernente às façanhas e à família de Saul aparece no final de 1 Samuel 14 (v. 47-51). A maneira como essas tradições foram situadas pintam um retrato muito complicado e confuso de Saul. Elas resultam em uma perspectiva do rei Saul que é tanto positiva como negativa. Os eruditos têm sido rápidos para acusar que, do ponto de vista de seu arranjo canônico, os cap. 8—12, especialmente, fornecem retratos contrastantes da monarquia de Saul (Childs, 1979, p. 277 278). Os capítulos 8 e 12 geralmente criticam o pedido do povo por um rei como uma rejeição da liderança de Yahweh, assim a instituição do reinado é entendida como menos do que ideal. Yahweh, entretanto, permitiu que o povo tivesse um rei, mas com certas estipulações. O material em 10.17-27 retrata Saul como um candidato tímido, quase relutante, para o reinado que parece improvável de inspirar esperança e coragem entre os israelitas. Isso se torna uma questão central no capítulo 13, em particular, quando Saul fracassou em liderar o povo durante o tempo de crise e deixou o temor aos filisteus influenciá- lo, assim ele desobedeceu à ordem de Samuel. Imprensados entre esses relatos desonrosos sobre Saul e o reinado existem relatos honrosos sobre o primeiro rei de Israel. 1 Samuel 9.1 —10.16 oferece uma visão favorável de Saul no sentido de que Deus o selecionara para ser um vaso por intermédio do qual os israelitas seriam libertados da opressão filisteia (9.16). Nessa situação, Saul parece-se muito com os juizes da era anterior, aqueles que Deus levantava em tempos oportunos para livrar o Seu povo. Nesse mesmo ramo, o capítulo 11 apresenta Saul como um herói militar que livrou o povo de Jabes-Gileade da opressão amonita. Como é o caso de 9.16, onde Saul aparece como uma figura heróica que libertou o povo de Deus. Assim, dentro do contexto canônico dos capítulos 8—12, dois relatos favoráveis a Saul são unidos a três relatos desonrosos ao rei. Isso indica que os escritores bíblicos tiveram visões diversificadas sobre Saul e sobre o reinado em geral, prevalecendo a visão negativa. As narrativas restantes sobre Saul nos capítulos 13—15 destacam os defeitos de sua monarquia. Saul era um líder tímido que desobedeceu à palavra de Samuel quanto ao sacrifício (cap. 13). Saul também fracassou em sua missão como comandante militar, sendo incapaz de derrotar os filisteus. O texto faz questão de mostrar que ele era verdadeiramente uma barreira para o sucesso das guerras de Israel contra aquela nação (cap. 13—14). Saul também fracassou em obedecer à ordem de Deus em relação à guerra contra os amalequitas, quando ele poupou alguns dos despojos da batalha (cap. 15). No capítulo 15, Deus já estava arrependido de ter escolhido Saul como rei e enviou Samuel para levar a palavra da morte de Saul (v. 26-28). A porção restante de 1 Samuel (16-31) é dedicada à queda do rei. 38 NOVO COMENTÁRIO BÍBLICO BEACON INTRODUÇÃO d. A história da ascensão de Davi Leonard Rost foi um dos primeiros eruditos que dividiu a história de Davi em duas partes distintas nos livros de Samuel: a história da ascensão de Davi (1 Sm 16—2 Sm 5) e a narrativa da sucessão (2 Sm 9—20; 1 Rs 1—2) (1982). A história da ascensão de Davi segue sua meteórica ascensão ao trono, começando com sua unção pelas mãos de Samuel (1 Sm 16) e concluindo com o estabe lecimento de Davi como rei sobre todas as tribos de Israel (2 Sm 5). Dentro do material relacionado à ascensão de Davi ao trono, o texto retrata-o em ter mos muito favoráveis, quase idealísticos. Deus era com ele (1 Sm 16.18; 17.37; 18.12, 28,29; 2 Sm 5.10) e concedeu-lhe sucesso em tudo o que se propôs a fa zer. Deus também deu graça a Davi diante do povo (1 Sm 18.16) de forma que os israelitas quiseram vê-lo rei e confessaram que a legítima ocupação do trono seria apenas uma uma questão de tempo (2 Sm 5.2). No decorrer da história da ascensão de Davi, diversos elementos importantes sobre ele são destacados: 1. Davi foi escolhido por Deus para substituir Saul: Deus enviou Sa muel para ungir Davi como o rei nomeado
Compartilhar