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10. 4.5 • • 1. 2. 3. Qual é a diferença entre as glândulas endócrinas e as exócrinas? Nomeie e dê exemplos das três classes funcionais das glândulas exócrinas com base na liberação das suas secreções. Tecido conjuntivo OBJETIVOS Explicar as características gerais do tecido conjuntivo Descrever a estrutura, a localização e a função dos vários tipos de tecido conjuntivo. O tecido conjuntivo é um dos tecidos mais abundantes e amplamente distribuídos do corpo. Em seus vários formatos, o tecido conjuntivo tem uma variedade de funções: ele une, sustenta e fortalece outros tecidos corporais; protege e isola órgãos internos; compartimentaliza estruturas como os músculos esqueléticos; age como o principal sistema de transporte dentro do corpo (o sangue, um tecido conjuntivo líquido); é o principal local de armazenamento de reservas energéticas (tecido adiposo, ou gordura); e é a principal fonte das respostas imunológicas. Características gerais do tecido conjuntivo O tecido conjuntivo consiste em dois elementos básicos: a matriz extracelular e as células. A matriz extracelular do tecido conjuntivo é o material localizado entre suas células amplamente espaçadas. A matriz extracelular é composta por fibras de proteína e pela substância fundamental, o material entre as células e as fibras. As fibras extracelulares são secretadas pelas células no tecido conjuntivo e contribuem para muitas propriedades funcionais do tecido, além de controlar o ambiente aquoso ao redor por causa de moléculas específicas de proteoglicanos (descritos em breve). A estrutura da matriz extracelular determina muitas das qualidades do tecido. Por exemplo, na cartilagem, a matriz extracelular é firme, porém maleável. Ao contrário, a matriz extracelular do osso é dura e inflexível. Lembrese de que, ao contrário do tecido epitelial, o tecido conjuntivo em geral não ocorre sobre as superfícies corporais. Além disso, ao contrário do tecido epitelial, o tecido conjuntivo em geral é altamente vascularizado; ou seja, ele tem uma irrigação sanguínea rica. As exceções incluem a cartilagem, que é avascular, e os tendões, com uma irrigação sanguínea escassa. Exceto pela cartilagem, o tecido conjuntivo, assim como o tecido epitelial, possui irrigação nervosa. Células do tecido conjuntivo Células embrionárias chamadas células mesenquimais dão origem às células do tecido conjuntivo. Cada tipo principal de tecido conjuntivo contém uma classe imatura de células com o nome terminando em blasto, que significa “brotar”. Essas células imaturas são chamadas fibroblastos no tecido conjuntivo frouxo e denso (descrito a seguir), condroblastos na cartilagem e osteoblastos no osso. Os blastos conservam a capacidade de divisão celular e secretam a matriz extracelular característica do tecido. Na cartilagem e no osso, uma vez que a matriz extracelular tenha sido produzida, as células imaturas se diferenciam em células maduras com os nomes terminando em cito, a saber fibrócitos, condrócitos e osteócitos. As células maduras têm capacidade reduzida de divisão celular e de formação da matriz extracelular e estão mais envolvidas com o monitoramento e a manutenção da matriz extracelular. Os tipos de células no tecido conjuntivo variam de acordo com o tipo de tecido e incluem (Figura 4.8): Os fibroblastos são células grandes e achatadas com prolongamentos ramificados. São encontrados em diversos tecidos conjuntivos e, em geral, são os mais numerosos. Os fibroblastos migram através dos tecidos conjuntivos, secretando as fibras e alguns componentes das substâncias que compõem a matriz extracelular. Os macrófagos se desenvolvem a partir dos monócitos, um tipo de leucócito. Os macrófagos têm formato irregular com prolongamentos ramificados curtos e são capazes de englobar bactérias e restos celulares por fagocitose. Os macrófagos fixos se localizam em um tecido específico; exemplos incluem os macrófagos alveolares dos pulmões ou os macrófagos esplênicos, do baço. Os macrófagos móveis (migratórios) possuem a capacidade de se mover através dos tecidos e alcançar locais de infecção ou de inflamação para realizarem a fagocitose. Os plasmócitos são pequenas células que se desenvolvem a partir de um leucócito chamado linfócito B. Os plasmócitos secretam anticorpos, proteínas que atacam ou neutralizam substâncias estranhas no corpo. Assim, os plasmócitos são uma parte importante da resposta imunológica do corpo. Embora sejam encontrados em muitas partes do corpo, a maior parte dos plasmócitos reside no tecido conjuntivo, especialmente nos sistemas digestório e respiratório. Eles também são abundantes nas glândulas salivares, nos linfonodos, no baço e na medula óssea 4. 5. 6. vermelha. Os mastócitos são abundantes ao longo dos vasos sanguíneos que alimentam o tecido conjuntivo. Eles produzem histamina, uma substância química que dilata os pequenos vasos sanguíneos como parte da resposta inflamatória, a reação do corpo a lesão ou a infecção. Além disso, pesquisadores descobriram recentemente que os mastócitos conseguem se ligar às bactérias, digerindoas e destruindoas em seguida. Figura 4.8 Células e fibras características encontradas nos tecidos conjuntivos. Os fibroblastos são, em geral, as células mais numerosas no tecido conjuntivo. Qual é a função dos fibroblastos? Os adipócitos, também chamados de células gordurosas ou de células adiposas, são células do tecido conjuntivo que armazenam triglicerídios. Eles são encontrados na porção profunda da pele e ao redor de órgãos como o coração e os rins. Os leucócitos não são encontrados em quantidades significativas no tecido conjuntivo normal. Entretanto, em resposta a determinadas condições, eles migram do sangue para o tecido conjuntivo. Por exemplo, os neutrófilos são encontrados em locais de infecção e os eosinófilos migram para os locais de invasões parasitárias e de respostas alérgicas. Matriz extracelular do tecido conjuntivo Cada tipo de tecido conjuntivo tem propriedades únicas, com base no material extracelular específico entre as células. A matriz extracelular é composta por dois componentes principais: (1) a substância fundamental e (2) as fibras. Substância fundamental Como dito anteriormente, a substância fundamental é o componente de um tecido conjuntivo localizado entre as células e as fibras. A substância fundamental pode ser líquida, semilíquida, gelatinosa ou calcificada. Ela sustenta as células, as conecta, armazena água e fornece um meio para a troca de substâncias entre o sangue e as células. Ela desempenha um papel ativo no desenvolvimento, migração, proliferação e mudança de formato dos tecidos, bem como na forma como eles realizam suas funções metabólicas. A substância fundamental contém água e uma coleção de moléculas orgânicas grandes, sendo que muitas delas são combinações complexas de polissacarídios e de proteínas. Os polissacarídios incluem ácido hialurônico, sulfato de condroitina, sulfato de dermatana e sulfato de queratana. Coletivamente, são chamados de glicosaminoglicanos (GAG). Exceto o ácido hialurônico, os GAG estão associados a proteínas chamadas de proteoglicanos. Os proteoglicanos formam um cerne proteico e os GAG se projetam a partir da proteína como as cerdas de uma escova. Uma das propriedades mais importantes dos GAG é que eles sequestram água, tornando a substância fundamental mais gelatinosa. O ácido hialurônico é uma substância viscosa e escorregadia que une as células, lubrifica as articulações e ajuda a manter o formato dos bulbos dos olhos. Leucócitos, espermatozoides e algumas bactérias produzemhialuronidase, uma enzima que cliva o ácido hialurônico, fazendo com que a substância fundamental do tecido conjuntivo se torne mais líquida. A capacidade de produzir hialuronidase ajuda os leucócitos a se moverem mais facilmente pelo tecido conjuntivo, alcançando os locais de infecção, e ajuda a penetração do oócito pelo espermatozoide durante a fertilização. Ela também contribui para a rápida distribuição das bactérias pelo tecido conjuntivo. O sulfato de condroitina fornece sustentação e aderência para cartilagem, osso, pele e vasos sanguíneos. A pele, os tendões, os vasos sanguíneos e as valvas cardíacas contêm sulfato de dermatana; ossos, cartilagens e as córneas contêm sulfato de queratana. Na substância fundamental também são encontradas proteínas de adesão, que são responsáveis pela ligação dos componentes da substância fundamental uns aos outros e à superfície das células. A principal proteína de adesão dos tecidos conjuntivos é a fibronectina que se liga tanto às fibras colágenas (discutidas a seguir) quanto à substância fundamental, conectandoas. A fibronectina também liga as células à substância fundamental. CORRELAÇÃO CLÍNICA | Sulfato de condroitina, glicosamina e doença articular O sulfato de condroitina e a glicosamina (um proteoglicano) têm sido utilizados em suplementos nutricionais sozinhos ou em combinação para a promoção e a manutenção da estrutura e da função da cartilagem articular, fornecendo alívio da dor da osteoartrite e reduzindo a in amação articular. Embora esses suplementos tenham bene ciado algumas pessoas com osteoartrite moderada a grave, o benefício é mínimo em casos mais brandos. São necessárias mais pesquisas para determinar como eles agem e como ajudam algumas pessoas e não outras. Fibras Três tipos de fibras são encontrados na matriz extracelular entre as células: colágenas, elásticas e reticulares (Figura 4.8). Elas agem fortalecendo e sustentando os tecidos conjuntivos. As fibras colágenas são muito fortes e resistem às forças de tração, embora não sejam rígidas, permitindo a flexibilidade do tecido. As propriedades dos tipos diferentes de fibras colágenas variam de tecido para tecido. Por exemplo, as fibras colágenas encontradas na cartilagem e no osso formam associações diferentes com as moléculas ao redor. Como resultado dessas associações, as fibras colágenas nas cartilagens são cercadas por mais moléculas de água do que aquelas no osso, o que dá à cartilagem um efeito de amortecimento maior. As fibras colágenas frequentemente ocorrem em feixes paralelos (ver Tabela 4.5A, tecido conjuntivo denso modelado). A organização em feixes adiciona grande resistência ao tecido. Quimicamente, as fibras colágenas são formadas pelas proteínas colágeno, que é a proteína mais abundante no seu corpo, representando cerca de 25% do total delas. As fibras colágenas são encontradas na maioria dos tipos de tecidos conjuntivos, especialmente no osso, na cartilagem, nos tendões (que ligam o músculo ao osso) e nos ligamentos (que ligam osso a osso). As fibras elásticas, que têm diâmetro menor do que as fibras colágenas, se ramificam e se unem para formar uma rede fibrosa dentro do tecido conjuntivo. Uma fibra elástica é formada por moléculas da proteína elastina, cercadas por uma glicoproteína chamada de fibrilina, que adiciona força e estabilidade. Por causa de sua estrutura molecular única, as fibras elásticas são fortes, mas podem ser esticadas até 150% do seu comprimento relaxado sem se romper. Igualmente importante, as fibras elásticas possuem a capacidade de retornar ao formato original após serem alongadas, uma propriedade denominada elasticidade. As fibras elásticas são abundantes na pele, nas paredes dos vasos sanguíneos e no tecido pulmonar. As fibras reticulares são formadas por colágeno organizado em feixes finos com uma cobertura de glicoproteína, fornecendo sustentação para as paredes dos vasos sanguíneos e formando uma rede ao redor das células em alguns tecidos, como o tecido conjuntivo areolar, o tecido adiposo, as fibras nervosas e o tecido muscular liso. Produzidas pelos fibroblastos, as fibras reticulares são mais finas do que as fibras colágenas e formam redes ramificadas. Assim como as I. A. B. II. A. 1. 2. 3. B. 1. 2. 3. C. 1. 2. 3. D. E. 1. 2. fibras colágenas, as fibras reticulares fornecem sustentação e força. As fibras reticulares são abundantes no tecido conjuntivo reticular, que forma o estroma (o arcabouço de sustentação) de muitos órgãos moles, como o baço e os linfonodos. Essas fibras também ajudam a formar a membrana basal. Classi桾돮cação do tecido conjuntivo Por causa da diversidade de células e de matriz extracelular e das diferenças em suas proporções relativas, a classificação do tecido conjuntivo nem sempre é fácil e existem várias classificações. Oferecemos o seguinte esquema de classificação: Tecido conjuntivo embrionário Mesênquima Tecido conjuntivo mucoso Tecido conjuntivo maduro Tecido conjuntivo frouxo Tecido conjuntivo areolar Tecido adiposo Tecido conjuntivo reticular Tecido conjuntivo denso Tecido conjuntivo denso modelado Tecido conjuntivo denso não modelado Tecido conjuntivo elástico Tecido cartilaginoso Cartilagem hialina Fibrocartilagem Cartilagem elástica Tecido ósseo Tecido conjuntivo líquido Tecido sanguíneo Linfa Tecido conjuntivo embrionário Repare que nosso esquema de classificação possui duas principais subclasses de tecido conjuntivo: embrionário e maduro. O tecido conjuntivo embrionário é de dois tipos: o mesênquima e o tecido conjuntivo mucoso. O mesênquima está presente principalmente no embrião, o ser humano em desenvolvimento desde a fertilização até os primeiros 2 meses de gestação, e no feto, o ser humano em desenvolvimento do terceiro mês de gestação até o nascimento (Tabela 4.3). Tecido conjuntivo maduro A segunda principal subclasse de tecido conjuntivo, o tecido conjuntivo maduro, está presente no recémnascido. Suas células surgem principalmente a partir do mesênquima. Na próxima seção nós exploraremos os vários tipos de tecido conjuntivo maduro. Os cinco tipos de tecido conjuntivo maduro são (1) tecido conjuntivo frouxo, (2) tecido conjuntivo denso, (3) tecido cartilaginoso, (4) tecido ósseo e (5) tecido conjuntivo líquido (sangue e linfa). Nós agora examinaremos cada um deles com detalhes. TABELA 4.3 Tecidos conjuntivos embrionários. A. MESÊNQUIMA Descrição O mesênquima possui células mesenquimais com formato irregular presentes em uma substância semilíquida, que contém bras reticulares delicadas. Localização Quase exclusivamente sob a pele e ao longo dos ossos em desenvolvimento do embrião; algumas células são encontradas no tecido conjuntivo adulto, especialmente ao longo dos vasos sanguíneos. Função Forma quase todos os outros tipos de tecido conjuntivo. B. TECIDO CONJUNTIVO MUCOSO Descrição O tecido conjuntivo mucoso possui broblastos distribuídos de modo bastante espaçado em uma substância fundamental gelatinosa e viscosa que contém bras colágenas nas. Localização Cordão umbilical do feto. Função Sustentação. Tecido conjuntivo frouxo As fibras do tecido conjuntivo frouxo estão dispostas frouxamente entre as células. Os tipos de tecido conjuntivo frouxo são o tecido conjuntivo areolar, o tecido adiposo e o tecido conjuntivo reticular (Tabela 4.4). TABELA 4.4 Tecido conjuntivo maduro | Tecido conjuntivo frouxo. A. TECIDO CONJUNTIVO AREOLAR Descrição O tecido conjuntivo areolar é um dos tecidos conjuntivos mais amplamente distribuídos; ele consiste em bras (colágenas, elásticas, reticulares) dispostas aleatoriamente e em vários tipos de células ( broblastos, macrófagos, plasmócitos, adipócitos, mastócitos e alguns leucócitos) inseridasem uma substância fundamental semilíquida (ácido hialurônico, sulfato de condroitina, sulfato de dermatana e sulfato de queratana). Localização Dentro e ao redor de praticamente todas as estruturas do corpo (desse modo, é chamado de “material de acondicionamento” do corpo): na camada subcutânea, logo abaixo da pele; na região papilar (super cial) da derme da pele; na lâmina própria das túnicas mucosas; ao redor de vasos sanguíneos, nervos e órgãos do corpo. Função Força, elasticidade, sustentação. B. TECIDO ADIPOSO Descrição O tecido adiposo possui células derivadas dos broblastos (chamadas de adipócitos) que são especializadas no armazenamento de triglicerídios (gorduras) na forma de uma grande gotícula localizada centralmente. As células se enchem com uma única grande gotícula de triglicerídios e o citoplasma e o núcleo são empurrados para a periferia da célula. Com o ganho de peso, a quantidade de tecido adiposo aumenta e são formados novos vasos sanguíneos. Desse modo, um indivíduo obeso possui muito mais vasos sanguíneos do que um indivíduo magro, uma situação que pode causar hipertensão arterial, uma vez que o coração tem que trabalhar mais. A maior parte do tecido adiposo dos adultos consiste no tecido adiposo branco (o que acabamos de descrever). O tecido adiposo marrom (TAM) é mais escuro porque possui uma irrigação sanguínea rica e várias mitocôndrias pigmentadas, que participam da respiração celular aeróbica. O TAM é abundante no feto e no recém-nascido; os adultos possuem pequenas quantidades dele. Localização Onde quer que o tecido conjuntivo areolar esteja presente: abaixo da pele, na tela subcutânea, ao redor do coração e dos rins, na medula óssea, revestimento ao redor das articulações e atrás do bulbo do olho na fossa orbital. Função Reduz a perda de calor através da pele; age como uma reserva energética; sustenta e protege os órgãos. Nos recém-nascidos, o TAM gera calor para manter a temperatura corporal adequada. C. TECIDO CONJUNTIVO RETICULAR Descrição O tecido conjuntivo reticular é uma rede na de bras reticulares (o tipo no de bras colágenas) e de células reticulares. Localização No estroma (arcabouço de sustentação) do fígado, do baço, dos linfonodos; medula óssea vermelha; lâmina reticular da membrana basal; ao redor dos vasos sanguíneos e dos músculos. Função Forma o estroma dos órgãos; se liga às células do tecido muscular liso; ltra e remove células sanguíneas desgastadas no baço e os microrganismos nos linfonodos. CORRELAÇÃO CLÍNICA | Lipoaspiração e criolipólise A lipoaspiração é um procedimento no qual pequenas quantidades de tecido adiposo são aspiradas de áreas diferentes do corpo, como o abdome, as coxas, as nádegas, os braços e as mamas com o objetivo do modelamento corporal. A lipoaspiração também pode ser utilizada para a transferência de gordura de uma parte do corpo para a outra. Em um tipo de lipoaspiração, a remoção da gordura envolve a realização de uma incisão na pele para a área onde a gordura será removida e a inserção de uma cânula (tubo de aço inoxidável). Com assistência de um dispositivo poderoso de geração de vácuo, a gordura é aspirada através da cânula. A lipoaspiração não é um tratamento para obesidade. Sua principal função é modi car o contorno corporal e as proporções. A criolipólise refere-se à destruição das células de gordura pela aplicação externa de um resfriamento controlado. Uma vez que a gordura se cristaliza mais rapidamente do que o tecido ao redor, a baixa temperatura mata as células de gordura sem dani car as células nervosas, os vasos sanguíneos e outras estruturas. Alguns dias após o procedimento, começa a apoptose (morte celular programada geneticamente); depois de alguns meses as células de gordura são removidas. Tecido conjuntivo denso O tecido conjuntivo denso contém mais fibras, que são mais espessas e acondicionadas mais densamente, mas apresenta consideravelmente menos células do que o tecido conjuntivo frouxo. Existem três tipos: o tecido conjuntivo denso modelado, o tecido conjuntivo denso não modelado e o tecido conjuntivo elástico (Tabela 4.5). Tecido cartilaginoso A cartilagem consiste em uma rede densa de fibras colágenas e de fibras elásticas revestidas firmemente por sulfato de condroitina, um componente semelhante a um gel da substância fundamental. A cartilagem pode suportar consideravelmente mais estresse do que os tecidos conjuntivos denso e frouxo. A resistência da cartilagem se deve às suas fibras colágenas e sua resiliência (capacidade de retomar o formato original após a deformação) se deve ao sulfato de condroitina. Assim como outros tecidos conjuntivos, a cartilagem tem poucas células e grandes quantidades de matriz extracelular. Ela difere de outros tecidos conjuntivos pois não apresenta nervos ou vasos sanguíneos em sua matriz extracelular. Curiosamente, a cartilagem não tem irrigação sanguínea porque secreta um fator antiangiogênese, uma substância que evita o crescimento de vasos sanguíneos. Por causa dessa propriedade, o fator antiangiogênese está sendo estudado como um possível tratamento contra o câncer. Se as células cancerosas forem impedidas de promover o crescimento de novos vasos sanguíneos, suas altas taxas de divisão celular e de expansão podem ser diminuídas ou, até mesmo, interrompidas. As células da cartilagem madura, chamadas de condrócitos, ocorrem isoladamente ou em grupos dentro de espaços chamados lacunas na matriz extracelular. Um revestimento de tecido conjuntivo denso não modelado chamado pericôndrio envolve a superfície da maior parte das cartilagens e contém vasos sanguíneos e nervos e é a fonte de novas células da cartilagem. Uma vez que a cartilagem não tem irrigação sanguínea, ela se cura com dificuldade após uma lesão. TABELA 4.5 Tecido conjuntivo maduro | Tecido conjuntivo denso. A. TECIDO CONJUNTIVO DENSO MODELADO Descrição O tecido conjuntivo denso modelado forma a matriz extracelular branca e brilhante; consiste principalmente em bras colágenas organizadas de forma regular em feixes com os broblastos em las entre elas. As bras colágenas (estruturas proteicas secretadas pelos broblastos) não estão vivas, de modo que os tendões e os ligamentos dani cados regeneram lentamente. Localização Formam tendões (que ligam o músculo ao osso), a maior parte dos ligamentos (ligam osso a osso) e as aponeuroses (tendões achatados que ligam músculo a músculo ou músculo a osso). Função Fornece uma ligação forte entre várias estruturas. A estrutura tecidual resiste à tensão ao longo do eixo das bras. B. TECIDO CONJUNTIVO DENSO NÃO MODELADO Descrição O tecido conjuntivo denso não modelado é composto por bras colágenas; normalmente organizadas de forma irregular e com alguns broblastos. Localização Ocorre frequentemente em lâminas, como as fáscias (o tecido abaixo da pele e ao redor dos músculos e de outros órgãos), a região reticular (profunda da derme), o pericárdio broso do coração, o periósteo dos ossos, o pericôndrio das cartilagens, as cápsulas articulares, as cápsulas membranosas ao redor de vários órgãos (rins, fígado, testículos, linfonodos); além das valvas cardíacas. Função Resiste à tensão em muitas direções. C. TECIDO CONJUNTIVO ELÁSTICO Descrição O tecido conjuntivo elástico contém predominantemente bras elásticas com broblastos entre elas; o tecido não corado é amarelado. Localização Tecido pulmonar, paredes das artérias elásticas, traqueia, brônquios, ligamentos vocais, ligamento suspensor do pênis, alguns ligamentos intervertebrais. Função Permite o alongamento de vários órgãos; é forte e pode retornar a seu formato original após ser estirado. A elasticidade é importante para o funcionamento normal do tecido pulmonar (que retorna ao estado de repouso na expiração) e das bras elásticas (retornam ao estado de repouso após os batimentos cardíacos para ajudar a manter o uxo sanguíneo). As células e a matriz extracelular contendocolágeno da cartilagem formam um material firme e forte que resiste à tração, à compressão e ao cisalhamento (força que empurra em direções opostas). O sulfato de condroitina na matriz extracelular é o principal responsável pela resiliência da cartilagem. Por causa dessas propriedades, a cartilagem desempenha um papel importante como um tecido de sustentação no corpo. Ela também é uma precursora para os ossos, formando quase todo o esqueleto embrionário. Embora o osso substitua gradualmente a cartilagem durante o desenvolvimento, a cartilagem persiste após o nascimento como placas de crescimento dentro dos ossos, permitindo que os estes aumentem de comprimento durante os anos do crescimento. A cartilagem também persiste ao longo da vida como a superfície articular lubrificada da maior parte das articulações. Existem três tipos de cartilagem: hialina, fibrocartilagem e elástica (Tabela 4.6). Reparo e crescimento da cartilagem Metabolicamente, a cartilagem é um tecido relativamente inativo que cresce lentamente. Quando lesionada ou inflamada, o reparo da cartilagem ocorre de modo lento, principalmente porque a cartilagem é avascular. As substâncias necessárias para o reparo e as células do sangue que participam dele precisam se difundir ou migrar para a cartilagem. O crescimento da cartilagem segue dois padrões básicos: intersticial e aposicional. O crescimento intersticial ocorre a partir do interior do tecido. Quando a cartilagem cresce por crescimento intersticial, ela aumenta de tamanho rapidamente por causa da divisão dos condrócitos existentes e da deposição contínua de quantidades crescentes de matriz extracelular pelos condrócitos. Conforme eles sintetizam uma matriz nova, eles são empurrados para longe um do outro. Esses eventos fazem com que a cartilagem se expanda de dentro, como um pão que cresce, motivo pelo qual recebe o termo intersticial. Esse padrão de crescimento ocorre enquanto a cartilagem é jovem e maleável, durante a infância e a adolescência. O crescimento aposicional ocorre na superfície externa do tecido. Quando a cartilagem cresce desse modo, as células na camada celular interna do pericôndrio se diferenciam em condroblastos. Conforme a diferenciação continua, os condroblastos se envolvem com matriz extracelular e se tornam condrócitos. Como resultado, a matriz se acumula abaixo do pericôndrio, na superfície externa da cartilagem, fazendo com que ela cresça em espessura. O crescimento aposicional começa depois do crescimento intersticial e continua por toda a adolescência. TABELA 4.6 Tecido conjuntivo maduro | Tecido cartilaginoso. A. CARTILAGEM HIALINA Descrição A cartilagem hialina contém um gel resiliente como substância fundamental e aparece no corpo como uma substância brilhosa branco-azulada (pode ser corada em rosa ou roxo para o exame microscópico; as bras colágenas nas não são visíveis com as técnicas comuns de coloração); condrócitos abundantes são encontrados nas lacunas cercados por pericôndrio (exceções: cartilagem articular e cartilagem das placas epi sárias, onde os ossos crescem). Localização Cartilagem mais abundante do corpo; nas extremidades dos ossos longos, nas extremidades anteriores das costelas, no nariz, em partes da laringe, na traqueia, nos brônquios, nos bronquíolos e no esqueleto embrionário e fetal. Função Fornece substâncias lisas para o movimento das articulações, para a exibilidade e o suporte; um tipo de cartilagem enfraquecido pode ser fraturado. B. FIBROCARTILAGEM Descrição A brocartilagem possui condrócitos entre feixes de bras colágenas visivelmente espessas na matriz extracelular; não tem pericôndrio. Localização Sín se púbica (onde os ossos do quadril se juntam anteriormente), discos intervertebrais, meniscos dos joelhos, porções de tendões que se inserem na cartilagem. 1. 2. Função Sustentação e união das estruturas. A força e a rigidez fazem com que esse seja o tipo de cartilagem mais resistente. C. CARTILAGEM ELÁSTICA Descrição A cartilagem elástica possui condrócitos em uma rede semelhante a um o de bras elásticas na matriz extracelular; o pericôndrio está presente. Localização Epiglote, parte da orelha externa, tubas auditivas (de Eustáquio). Função Fornece resistência e elasticidade; mantém o formato de determinadas estruturas. Tecido ósseo O sistema esquelético é formado por cartilagens, articulações e ossos. Esse sistema sustenta os tecidos moles, protege as estruturas delicadas e atua com os músculos esqueléticos para produzir movimentos. Os ossos armazenam cálcio e fósforo; abrigam a medula óssea vermelha, produtora de células sanguíneas; e contêm a medula óssea amarela, um local de armazenamento de triglicerídios. Os ossos são órgãos compostos por vários tecidos conjuntivos diferentes, incluindo o osso, ou tecido ósseo, o periósteo, as medulas ósseas vermelha e amarela e o endósteo (membrana que reveste um espaço intraósseo que armazena medula óssea amarela). O tecido ósseo é classificado como compacto ou esponjoso, dependendo da organização da matriz extracelular e das células. A unidade básica do osso compacto é um ósteon ou sistema de Havers (Tabela 4.7). Cada ósteon tem quatro partes: As lamelas são anéis concêntricos de matriz extracelular que consistem em sais minerais (principalmente cálcio e fosfato), dando ao osso sua rigidez e resistência à compressão, e em fibras colágenas, que dão ao osso sua resistência à tração. As lamelas são responsáveis pela natureza compacta desse tipo de tecido ósseo. As lacunas, como já mencionado, são pequenos espaços entre as lamelas que contêm as células ósseas maduras chamadas de osteócitos. 3. 4. Os canalículos se projetam a partir das lacunas e são redes de pequenos canais que contêm os prolongamentos dos osteócitos. Os canalículos fornecem rotas para que os nutrientes alcancem os osteócitos e para que as escórias metabólicas deixemnos. Um canal central ou canal de Havers contém vasos sanguíneos e nervos. O osso esponjoso não tem ósteons. Em vez disso, ele é formado por colunas de ossos chamadas trabéculas, que contêm lamelas, osteócitos, lacunas e canalículos. Os espaços entre as trabéculas são preenchidos por medula óssea vermelha. O Capítulo 6 apresenta a histologia do tecido ósseo mais detalhadamente. CORRELAÇÃO CLÍNICA | Engenharia de tecidos A engenharia de tecidos é uma tecnologia que combina materiais sintéticos com células e tem permitido que os pesquisadores cultivem novos tecidos em laboratório para substituir os tecidos dani cados do corpo. Esses engenheiros já desenvolveram versões laboratoriais de pele e de cartilagem utilizando moldes de materiais sintéticos biodegradáveis ou de colágeno como substratos que permitem que as células do corpo sejam cultivadas. Conforme as células se dividem e se organizam, o molde se degrada e o novo tecido permanente é, então, implantado no paciente. Outras estruturas em desenvolvimento atualmente incluem ossos, tendões, valvas cardíacas, medula óssea e intestinos. Também têm sido realizados trabalhos para o desenvolvimento de células produtoras de insulina para os diabéticos, células produtoras de dopamina para os pacientes com doença de Parkinson e, até mesmo, fígados e rins inteiros. TABELA 4.7 Tecido conjuntivo maduro | Tecido ósseo. Descrição O tecido ósseo compacto consiste em ósteons (sistemas de Havers) que contêm lamelas, lacunas, osteócitos, canalículos e canais centrais (de Havers). Já o tecido ósseo esponjoso (ver Figura 6.3) consiste em colunas nas chamadas de trabéculas; os espaços entre as trabéculas são preenchidos por medula óssea vermelha. Localização Tanto o tecido ósseo compacto quanto o esponjoso constituem os vários ossos do corpo. Função Sustentação, proteção, armazenamento, abriga o tecido formador do sangue, age como alavancas que atuam com o tecido muscular,permitindo o movimento. Tecido conjuntivo líquido TECIDO SANGUÍNEO. Um tecido conjuntivo líquido possui um líquido como sua matriz extracelular. O sangue, um dos tecidos conjuntivos líquidos, possui uma matriz extracelular líquida chamada de plasma sanguíneo e elementos figurados. O plasma sanguíneo é um líquido amareloclaro constituído principalmente por água e com uma grande variedade de substâncias dissolvidas – nutrientes, escórias metabólicas, enzimas, proteínas plasmáticas, hormônios, gases respiratórios 11. 12. 13. 14. 15. 4.6 • • e íons. Suspensos no plasma sanguíneo estão os elementos figurados – eritrócitos, leucócitos e plaquetas (trombócitos) (Tabela 4.8). Os eritrócitos transportam oxigênio para as células do corpo e removem algum dióxido de carbono delas. Os leucócitos estão envolvidos na fagocitose, na imunidade e nas reações alérgicas. As plaquetas participam da coagulação sanguínea. Os detalhes do sangue são estudados no Capítulo 19. LINFA. A linfa é o líquido extracelular que circula nos vasos linfáticos. É um tecido conjuntivo líquido que consiste em vários tipos de células em matriz extracelular líquida semelhante ao plasma sanguíneo, mas com muito menos proteínas. A composição da linfa varia de uma parte do corpo para a outra. Por exemplo, a linfa que sai dos linfonodos tem muitos linfócitos, um tipo de leucócito, ao contrário da linfa do intestino delgado, que possui uma alta concentração de lipídios recémabsorvidos da dieta. Os detalhes da linfa são estudados no Capítulo 22. TESTE RÁPIDO Quais as diferenças entre os tecidos conjuntivo e epitelial? Quais são as características das células, da substância fundamental e das fibras que compõem o tecido conjuntivo? Como os tecidos conjuntivos são classificados? Cite os vários tipos. Descreva como a estrutura dos seguintes tecidos conjuntivos está relacionada com sua função: tecido conjuntivo areolar, tecido adiposo, tecido conjuntivo reticular, tecido conjuntivo denso modelado, tecido conjuntivo denso não modelado, tecido conjuntivo elástico, cartilagem hialina, fibrocartilagem, cartilagem elástica, tecido ósseo, tecido sanguíneo e linfa. Qual é a diferença entre os crescimentos intersticial e aposicional da cartilagem? Membranas OBJETIVOS Definir uma membrana Descrever a classificação das membranas. As membranas são lâminas planas de tecido maleável que recobrem ou revestem uma parte do corpo. A maior parte das membranas consiste em uma camada epitelial e em uma camada de tecido conjuntivo subjacente e são chamadas de membranas epiteliais. As principais membranas epiteliais do corpo são as túnicas mucosas, as túnicas serosas e a membrana cutânea, ou pele. Outro tipo de membrana, a sinovial, reveste articulações e contém tecido conjuntivo, mas sem epitélio. TABELA 4.8 Tecido conjuntivo maduro | Sangue. Descrição Plasma sanguíneo e elementos gurados: eritrócitos, leucócitos e plaquetas (trombócitos). Localização Nos vasos sanguíneos (artérias, arteríolas, capilares, vênulas, veias), nas câmaras do coração. Função Eritrócitos: transportar oxigênio e algum dióxido de carbono; leucócitos: realizar a fagocitose e mediar as reações alérgicas e as respostas do sistema imune; plaquetas: essenciais para a coagulação sanguínea.
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