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CUIDANDO DE QUEM CUIDA.

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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA – UniFOA
Curso de graduação em ENFERMAGEM
ANA FLÁVIA OLIVEIRA SAVÁ
KAROLINE CARVALHO LEAL PEREIRA
KEITY CELI DE ASSIS BARBOSA
QUEILA AMORIM COSTA
RENATA BONFIM DE OLIVEIRA LESSA
CUIDANDO DE QUEM CUIDA.
Volta Redonda
2015
FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA – UniFOA
Curso de graduação em ENFERMAGEM
ANA FLÁVIA OLIVEIRA SAVÁ
KAROLINE CARVALHO LEAL PEREIRA
KEITY CELI DE ASSIS BARBOSA
QUEILA AMORIM COSTA
RENATA BONFIM DE OLIVEIRA LESSA
CUIDANDO DE QUEM CUIDA.
Trabalho apresentado como requisito para nota parcial na disciplina de Gerência de Enfermagem na Atenção Primária e Secundária I, ministrada pela Profª.: Maria de Fátima da Rocha Pintono Curso de Graduação de Enfermagem da Fundação Oswaldo Aranha de Volta Redonda.
Volta Redonda
2015
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	0
2	A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DE ENFERMAGEM	0
3	A SAÚDE DOS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM	0
4	AÇÕES GERENCIAIS EM ENFERMAGEM	0
5	A GERÊNCIA E AS POSSIBILIDADES DE TRANSFORMAÇÃO	0
6	CUIDAR DE QUEM CUIDA	0
7	CONCLUSÃO	0
8	REFERÊNCIAS	0
1 INTRODUÇÃO
No dia a dia do trabalho de enfermagem podemos observar, longos e cansativos plantões, o que leva a uma jornada de trabalho exaustiva. Por muitas vezes as condições de trabalho sãoprecárias e caracteriza-se pordeficiência de materiais adequados, insuficiência de recursos humanos ou qualificação adequada, além da convivência com o sofrimento alheiocausando angustia e sofrimento.
 Ocorpo de enfermagem recebe diretamente o impacto emocional do assistir e tenta trabalhar com esta carga, o que pode caracterizar uma alta rotatividade e absenteísmo por parte do profissional que trabalha diretamente com o cuidado.
A enfermagem trás pra si toda carga de trabalho e se não estiver preparada, física, emocional e intelectualmente para desempenhar seu papel, pode gerar conseqüências graves à sua saúde.
 “Como uma atitude e característica primeira do ser humano, o cuidado revela a natureza humana e a maneira mais concreta de ser humano. Sem o cuidado, o homem deixa de ser humano desestrutura-se, definha, perde o sentido e morre. Se ao longo da vida não fizer com cuidado tudo o que empreender, acaba por prejudicar a si mesmo e por destruir o que estiver a sua volta” (BOFF, 1999).
“Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto abrange mais que um momento de atenção, zelo e de desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação,de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro” (BOFF, 1999).
	
2 O TRABALHO EM ENFERMAGEM
No processo de trabalho de enfermagem temos que sua finalidade é possibilitar condições para o tratamento e a cura da doença. 
A organização e a divisão do trabalho se dá entre o enfermeiro, os técnicos e auxiliares de enfermagem. E,o saber gerencial está concentrado na atuação do enfermeiro e se destina a manter as condições para a assistência, estabelecendo formalmente a divisão social e técnica do trabalho.
 A determinação das condições de trabalho da enfermagem, está intimamente relacionada com a discrepância de conhecimento técnico, científico e organizacional existente entre os membros que compõe a equipe de enfermagem. Assim, a responsabilidade em resolver situações sobre as condições de trabalho fica restrita ao enfermeiro e não ao conjunto de trabalhadores envolvidos, o que leva à ausência de concentração de esforços, possibilitado a manutenção de situações inadequadas de trabalho.
A forma de organização e divisão do trabalho evidencia um processo de trabalho parcelado e subordinado. O trabalho de enfermagem é, em grande parte, manual, envolvendo esforço físico, muitas vezes aliados à sobrecarga e ao ritmo acelerado de trabalho.
3 A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DE ENFERMAGEM
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a qualidade de vida (QV) é “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (PIZZOLI, 2005).
O trabalho de enfermagem necessita ser acompanhado pela gerência, pois a existência de múltiplos fatores no processo de trabalho de enfermagem ocasiona um rearranjo na sua organização, por vezes improvisado que faz com que o trabalhador desenvolva suas tarefas de forma a se adaptar as carências, resultando em baixa qualidade de vida no trabalho (QVT).
Assim, por vezes, o trabalho de enfermagem torna-se penoso e estressante, pois a necessidade de auto-afirmação, manutenção de status e problemas psíquicos de alguns trabalhadores podem gerar a necessidade de manutenção de estratificação, resultando em ausência de senso de comunidade entre os membros da equipe, culminando por contribuir negativamente para QVT. O que ocorre é que, no contexto social e histórico contemporâneo globalizado, o individualismo é cada vez mais acirrado na sociedade e entre os trabalhadores de enfermagem.
A QV é fundamental para a equipe de enfermagem, compreendendo que o bem-estar do profissional se reflete numa assistência integral e de melhor qualidade, isso não é válido somente para o enfermeiro, mas sim a todos os membros da equipe. (SCHMIDT et al., 2006)
Pode-se destacar em Vaz, 15 que o trabalho em saúde é de cooperação. Enfatiza que dentro do processo de trabalho o simples contato social entre os membros da equipe pode estimular os profissionais, o que aumenta a capacidade de realização de cada um, ampliando a potencialidade do ambiente de trabalho como produtor de conhecimentos. Neste sentido, havendo cooperação, desenvolve-se o significado coletivo da expressão do trabalho. Nesta perspectiva, Dejours et al., 14 salientam que um dos aspectos fundamentais quando se pensa em relações humanas de trabalho é a forma como o mesmo é organizado, pois a partir daí existe a divisão do trabalho e a repartição entre os trabalhadores das atividades a serem empreendidas.
4 A SAÚDE DOS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM
 O trabalho, enquanto atividade essencialmente humana e de cunho social, tem sofrido transformações correspondentes ao desenvolvimento histórico da sociedade em seu conjunto. No modo de produção capitalista, o trabalho é orientado pela lógica da valorização do capital e esse modo de produzir é desgastante para os trabalhadores, sendo gerador dos processos saúde-doença (LAURELL et al., 1989).
A saúde dos trabalhadores de enfermagem refere-se à exposição destes às cargas de trabalho como geradoras de processos destrutivos que conduzem a processos de desgastes e, portanto, potencializadores dos processos de saúde-doença gerados no momento de trabalho. O que não significa negar que há processos de saúde no momento de trabalho (KURCGANT, 2011).
No contexto da Enfermagem, é possível verificar que estes trabalhadores estão expostos a várias cargas que comprometem a saúde, gerando índices elevados de acidentes de trabalho e doenças relacionadas à ocupação.
Sendo assim, compreende-se que os assuntos relacionados à saúde dos trabalhadores de enfermagem precisam estar associados à questão biológica, às condições de vida no trabalho, bem como aos fatores de risco para acidentes, doenças profissionais e do trabalho que contemplam o seu processo.
A maneira pela qual o processo de trabalho vem sendo realizado, traz consigo exposição a inúmeros riscos ocupacionais com consequente aumento dos índices de adoecimento.
5 AÇÕES GERENCIAIS EM ENFERMAGEM
 
A finalidade do trabalho gerencial em enfermagem é possibilitar as condições para a efetivação da assistência. O objeto do trabalho gerencial se refere à organização da assistência e da força de trabalho de enfermagem, onde a preocupação do enfermeiro está centrada no cuidado ao doente.
O processo gerencial da enfermagem, como meio para a efetivação da assistência, é realizado privativamente por enfermeiros, que participam nos órgãos decisórios institucionais, reproduzindo a política institucional de produtividade, utilizando como instrumento a hierarquiae o autoritarismo. Esses processos expõem os trabalhadores de enfermagem a cargas de trabalho, que são obstáculos para a saúde.
Quanto aos meios e instrumentos do trabalho gerencial estão o saber, os trabalhadores representados pela força de trabalho e todos os equipamentos e instrumentos que compõe o ambiente de trabalho. Considerando-se as dimensões da gerência, o saber gerencial, está centrado na dimensão técnica do trabalho, que abrange prioritariamente, aspectos instrumentais do trabalho como: o planejamento, a coordenação, a supervisão, o controle e a avaliação.
A gerência em enfermagem se configura em um meio para a efetivação da assistência. Com isso, a saúde do trabalhador assume dimensão significativa no processo gerencial, em princípio, na medida em que dificulta ou impossibilita o trabalhador de exercer suas funções.
É importante que o planejamento do trabalho esteja relacionado tanto à assistência ao paciente quanto à provisão das condições necessárias para que esta assistência seja realizada da melhor maneira possível, uma vez que os problemas de "saúde" dos trabalhadores envolvem decisões gerenciais que abrangem desde situações de ausência ao trabalho até a queda de produtividade.
6 A GERÊNCIA E AS POSSIBILIDADES DE TRANSFORMAÇÃO
A transformação do modelo gerencial de enfermagem configura como estratégia de superação das contradições existentes nos processos de atenção à saúde dos trabalhadores. A gerência de enfermagem, atua na intermediação entre a política de saúde reproduzida pela instituição e a ação em saúde praticada pelos trabalhadores de enfermagem. 
 	As possibilidades de transformação estão postas em novas formas de organizar o trabalho. Para tal, torna-se imprescindível a adoção de processos mais participativos de gestão e o investimento em educação continuada.
O gerenciamento voltado para o trabalhador mostra-se como condição necessária para a transformação do trabalho, de forma a gerar potencialidades, saúde e qualidade de vida. Neste sentido, o planejamento participativo pode agregar ao processo as vontades e desejos dos trabalhadores. 
A dimensão de desenvolvimento implica em participação do trabalhador frente à sua situação de trabalho e de saúde, que está restrita a "queixas" informais. Entretanto, a tomada de posição e decisão estão intimamente relacionadas ao conhecimento da situação concreta e suas formas de superação, para se ter consciência de qual posição adotar e qual a decisão mais favorável a ser tomada, vislumbrando sempre a proteção da saúde do conjunto de trabalhadores.
	
7 CUIDAR DE QUEM CUIDA
A visão do corpo clínico de enfermagem precisa focar em uma boa estruturação e um planejamento da assistência ao paciente como base para o bom funcionamento de uma instituição. 
Um treinamento continuado eficiente é de grande estímulo para o desenvolvimento do enfermeiro o que facilita o trabalho dos colaboradores, diminuindo o absenteísmo e a rotatividade contínua da enfermagem nos setores. Porém na prática hospitalar não é o que se observa entre os colaboradores. 
A maior taxa de absenteísmo e rotatividade é dos mais jovens, por passarem grande parte do seu tempo e contato direto com os pacientes. Esses jovens acompanham a morte de forma automática, sem estrutura e total falta de preparo. 
Nenhum profissional de saúde passa por preparo algum para lidar com a morte dos pacientes que estão cuidando. Uns trazem de sua família um preparo emocional, educacional e ético, mas na maioria eles agem como os profissionais mais velhos, agem como algo natural. 
A enfermagem tenta a todo custo lidar com os impactos emocionais diários, tenta trabalhar com a carga de sentimentos diferentes. 
Só será possível desenvolver cuidadores com a capacidade de se colocar no lugar do outro, quando o gestor de enfermagem, demonstrar a mesma preocupação com os outros profissionais do corpo clínico do hospital. 
O sofrimento é caracterizado em 3 níveis: físico, emocional e intelectual. 
O sofrimento físico é o que afeta o desempenho corporal decorrente da doença, da dor; o sofrimento emocional está relacionado as relações humanas, criando inseguranças; já o sofrimento intelectual ocorre por causa da impossibilidade de melhorar e aperfeiçoar-se pela sensação de inutilidade, por não participar muito dos processos de enfermagem, causando desmotivação aos profissionais de enfermagem. 
É fundamental a participação da administração, da medicina do trabalho, segurança e o setor de recursos humanos; para que eles atentos a qualquer mudança nos profissionais em questão. 
A prática de atividades físicas tem grande impacto na diminuição de acidentes de trabalho, na socialização entre diferentes setores do hospital e nas relações interdisciplinares. 
É interessante que se criem um espaço para os profissionais se manifestarem através da escrita, sobre os seus sentimentos frente às questões da morte e do adoecer. Isso leva a um amadurecimento emocional da equipe, que de forma respeitosa aprende a escutar os outros. 
Concluindo, o gestor de enfermagem deve escutar seus colaboradores sem críticas ou pré-conceitos, reinserindo o indivíduo como sujeito responsável com o objetivo de prevenir, evitar e combater o sofrimento intelectual. 
8 CONCLUSÃO
O trabalho da enfermagem está intimamente ligado ao cuidar. Porém muitas das vezes este cuidar se restringe exclusivamente ao paciente.
Sabemos que os profissionais da enfermagem passam por situações e sofrem pressões no seu dia-a-dia, que acabam interferindo de forma negativa no seu viver e no seu trabalho. Uma vez que a dinâmica do trabalho não leva em consideração os problemas do trabalhador, que enfrenta dificuldades fora e dentro do trabalho.
Muitos são os estressores que compõem o trabalho da enfermagem, como por exemplo, o corpo gerencial inadequado, a sobrecarga de trabalho, a grande responsabilidade, o sentimento de incompetência, a falta de suporte dos superiores e os conflitos interpessoais.
Contudo se faz necessário incorporar ao serviço de gerência em enfermagem, novas possibilidades de transformação que visem a qualidade não só do trabalho na assistência, mas também no que diz respeito a saúde deste trabalhador. Já que a qualidade da sua assistência está intimamente ligada a sua qualidade de vida e esta depende da sua saúde física, psíquica e emocional.
É de fundamental importância que não só o enfermeiro compreenda e apóie toda sua equipe, mas toda parte administrativa, criando espaços para atividades adequadas durante a jornada de trabalho.
Discussões e estudos, acerca do significado do cuidado, necessitam ser trabalhados durante o processo de formação do enfermeiro, para que se compreenda o cuidar como um processo que “possui uma dimensão essencial e complexa tanto na experiência de quem cuida quanto de quem recebe o cuidado, ou até mesmo de quem ensina a cuidar e de quem está aprendendo a cuidar” (ESPIRITO SANTO et al., 2000). 
9 REFERÊNCIAS
	
BECKER, O. M. J.; FRANCO, M. T. G. Modelo de Gestão em enfermagem -CUIDANDO DE QUEM CUIDA (Texto disponível na xérox)
BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.
DEJOURS, C., ABDUCHELI, E., JAYET, C. Psicodinâmica do trabalho: contribuições da Escola Dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo(SP): Atlas; 1994.
ESPIRITO SANTO, F. H. ; ESCUDEIRO, C.L.; CHAGAS FILHO, G.A.S. O tom do cuidado de enfermagem para alunos de graduação. Rev. Bras. Enf., v. 53, n. 1, p. 23 – 29, 2000.
KURCGANT, Paulina (Coord.); TROCHIN, Daisy Maria Rizatto [et al.].Gerenciamento em Enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
LAURELL, A.C, NORIEGA, M. Processo de produção em saúde: trabalho e desgaste operário. São Paulo: Hucitec; 1989. 333p.
PIZZOLI, LML. Qualidade de vida no trabalho: um estudo de caso das enfermeiras do Hospital Heliópolis. Ciênc. saúde coletiva; 2005 vol.10 no.4 Rio de Janeiro Oct./Dec.
SCHMIDT, DRC; DANTAS, RAS. Qualidade de vida no trabalho de profissionais de enfermagem,atuantes em unidades do bloco cirúrgico, sob a ótica da satisfação. Rev. latinoam. enferm 2006 jan.-fev.;14(1):54-60
VAZ, M.R.C. Trabalho em saúde Expressão viva da vida social. In: Leopardi MT, organizador. O processo de trabalho em saúde: organização e subjetividade. Florianópolis (SC): UFSC/Papa-Livros; 1999. 176 p.

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