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Resumo - A Bíblia Inglesa e as Revoluções do Século XVII

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Universidade Federal de Minas Gerais
História Moderna
Resumo:. A Bíblia inglesa e as revoluções do século XVII – Christopher Hill
Tales Felipe Ferreira Isabel
A Bíblia exerce um papel de suma importância na sociedade do século XVII, sua influência não se limitava apenas ao campo religioso, estando presente nos mais diversos segmentos: políticos, literários, relações sociais, agricultura, dentre outros. O conteúdo bíblico foi construído durante vários séculos sendo composto por idéias e atitudes diferentes e conflitantes, o que abre um enorme leque para as mais diversas interpretações de do conhecimento ali contido. A reforma protestante retirou o monopólio do conhecimento das escrituras das mãos do clero, dando a qualquer pessoa alfabetizada a oportunidade ler os textos sagrados e formularem suas próprias interpretações, o que gerou vários grupos heréticos, cada um interpretando e se utilizando dos textos sagrados para justificar suas posições, estas que eram tidas como indiscutíveis e verdadeiras. 
A utilização da interpretação bíblica para a satisfação de interesses próprios foi prática corriqueira na Inglaterra do séc. XVII. A Bíblia foi um dos fatores geradores do nacionalismo inglês, tendo deixado de servir apenas como fonte de inspiração aos cristãos e passa a ser usada como teoria política. Ao contrário da Revolução Francesa que tinha como embasamento ideológico as obras iluministas, a Revolução Inglesa careceu de embasamentos eruditos, tendo os revolucionários recorrido às escrituras sagradas para justificar os seus ideais políticos.
Entretanto um acesso irrestrito aos textos sagrados não fora visto com bons olhos pela monarquia inglesa. Henrique VIII tentou – sem sucesso – restringir a leitura dos textos sagrados, proibindo que estes fossem lidos ou discutidos em público por mulheres da plebe, artesãos, agricultores, aristocratas, os trabalhadores e servos. 
Em meados do séc. XVII a população inglesa já estava há tempos imersa na cultura de que as escrituras sagradas eram a solução para todas as questões da vida do individuo, seja em âmbito particular ou na política, desta forma varias correntes doutrinárias surgiram, e consequentemente o governo tentava – em vão, criar uma doutrina religiosa una em solo inglês, contudo “a porta que havia sido aberta não mais poderia ser fechada de novo”. Desta forma em 1660 a existência de doutrinas discordantes passou a ser tolerada.
Um dos fatores que podem ser tidos como causa da difusão dos textos bíblicos dentre as mais variadas classes da sociedade é a economia gerada pela imprensa, o Novo Testamento impresso custava até dezoito vezes menos do que os manuscritos, isto significou, que aquele conhecimento que poderia ser adquirido apenas através dos sacerdotes, agora poderia ser obtido a qualquer momento e interpretado da maneira que mais lhe fosse conveniente.
A influência da Bíblia alcançava a ciência. No que tange às ciências políticas, podemos citar que Thomas Robbes fora acusado de ser ateu, o que negou veementemente, afirmando que metade de sua obra “O Leviatã” fora inspirada por princípios diretamente advindos das escrituras sagradas. Cientistas como Galileu e Sir Isaac Newton reconheciam que a bíblia era uma fonte para o conhecimento científico, tendo Newton dito, inclusive, que Moisés apenas usou de uma linguagem simples acessível ao povo, para explicar conceitos astronômicos. Até mesmo na medicina a Bíblia foi usada, tendo Peter Chamberlem em 1630, proposto que fosse regulamentado ofício das parteiras e para isto utilizou de passagens bíblicas para fundamentar seu pedido. 
As escrituras eram utilizadas no cotidiano do povo inglês, para enaltecer a imagem de alguém, este era comparado a algum herói bíblico, da mesma forma as passagens bíblicas eram utilizadas para ofender a imagem de um desafeto. Em 1648. Oliver Crowel, entendendo que uso dos textos sagrados seria a melhor forma de alcançar seus intentos, utilizou-se de uma reinterpretação de uma passagem bíblica a fim para incitar o parlamento contra o rei Carlos I, dizendo que “Está escrito, vós não deveis suportar um hipócrita no Reino”.
Como já dito anteriormente a imprensa foi um dos fatores determinantes para a difusão do escritos bíblicos, mas não se pode desprezar o papel da transmissão oral das escrituras. As pregações e os sermões são predecessores das impressões e durante o século XVI e XVII tinham uma relação dicotômica com os impressos, desempenhando o papel de tanto de aliada quanto de rival. Era a palavra falada que alcançava os quinhões mais longínquos e obscuros da Europa, desempenhando ali um papel crucial para disseminação dos textos sagrados.
A Bíblia estava intrinsecamente presente na vida cotidiana das residências inglesas. As paredes das casas e até mesmo de cervejarias eram cobertos com cortinas, quadros, pinturas nas próprias colunas e paredes, bordados, todos retratando cenas ou os próprios textos bíblicos, era através destas expressões artística que os fiéis, que nunca tinham tido uma bíblia em suas mãos, tinha o primeiro contato com as escrituras sagradas. 
As escrituras sagradas estavam tão enraizadas na sociedade inglesa que eram usadas para distinguir quais costumem eram válidos ou não para aquela comunidade. As práticas cotidianas que pudessem ser explicadas através da bíblia eram tidas como corretas e poderiam continuar em uso, contudo, quando as escrituras eram omissas ou repudiavam claramente algum ato, este era tido como suspeito, devendo ser extirpado daquela sociedade. 
Referências Bibliográficas:
HILL, Christopher. A Bíblia inglesa e as revoluções do século XVII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. p. 23-65.

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