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1 1. MORFOLOGIA VEGETAL 1.1. INTRODUÇÃO A morfologia vegetal trata da nomenclatura descritiva das partes externas que compõe as plantas, abordando todas as suas estruturas e órgãos. Este procedimento envolve a análise de disposição, organização, forma e tamanho destas estruturas, dentre outras características. Devido ao grande número de termos e conceitos de morfologia vegetal já criados, recomendamos que além das informações disponibilizadas a seguir, os alunos realizem a consulta frequente do livro MORFOLOGIA VEGETAL (Souza & Lorenzi 2011). 1.2. CAULES Os caules são responsáveis pela sustentação e condução de água e nutrientes para as plantas. Em geral são aéreos, porém existem caules subterrâneos. Em geral, os caules são aclorofilados, contudo podem realizar fotossíntese em alguns casos. Também são responsáveis pelo crescimento vegetativo além de reserva de nutrientes e água. Os caules podem ser divididos em nós, nos locais de onde se projetam as folhas ou galhos e entrenós, porção do caule que separa dois nós. Os nós apresentam gemas ou conjunto de células meristemáticas que dão origem a novos tecidos e órgãos nos vegetais. As gemas podem ser apicais ou axilares. 1.2.1 TIPOS DE CAULES 1.2.1.1 CAULES AÉREOS • TRONCO: Caule lenhoso, ereto, cilíndrico ou cônico, é o caule de árvores e arbustos. • HASTE: Caule ereto herbáceo, pouco resistente. É o caule de ervas e subarbustos. • ESTIPE: Caule lenhoso, ereto, cilíndrico, sem copa pronunciada, com um conjunto de folhas no ápice. É o típico caule das palmeiras. • RASTEJANTES: Caules apoiados ou paralelos ao solo, com ou sem raízes ao longo de seu comprimento, podem ser lenhosos ou herbáceos. • TREPADORES: São caules que se apóiam ou se enroscam em outros caules ou estruturas para o seu desenvolvimento. Podem se apoiar livremente ou através de estruturas morfológicas próprias como gavinhas. Quando não utilizam estruturas adaptáveis e apenas se enrolam, chamam-se volúveis. • ESTOLÃO: Caules laterais, longos, que se apóiam sobre ou sob o solo, dos quais surgem novas estruturas vegetativas e raízes, assegurando a reprodução vegetativa. 1.2.1.2. CAULES SUBTERRÂNEOS • RIZOMA: caule horizontal, emitindo ao longo de seu comprimento brotações vegetativas ou reprodutivas. Podem ainda emitir novas raízes adventícias. • TUBÉRCULO: caule em geral ovóide, com gemas presentes. O tubérculo possui acúmulo de nutrientes como amido, podendo ainda ser aéreo. 2 • BULBO: caule com um eixo cônico rodeado por gemas de onde surgem pequenas folhas de proteção. O bulbo também adquire função de reserva, e possui raízes fasciculadas. O bulbo pode ser sólido, escamoso, tunicado ou, ainda, composto. 1.3. RAÍZES As raízes são os órgãos de fixação e absorção dos vegetais. Apresentam uma morfologia bastante diversificada, podendo ocorrer tanto submersas, quanto subterrâneas como aéreas. As raízes não possuem gemas foliares nem folhas. São em geral aclorofiladas, com algumas exceções. As raízes podem ser divididas inicialmente em normais, quando se originam do embrião (principais) ou adventícias, quando não são provenientes da raiz principal, as quais podem ser formadas a partir de caules aéreos ou subterrâneos. 1.3.1. RAÍZES AÉREAS: São aquelas que se encontram em contato com o ar. Existem várias formas de raízes aéreas, entre elas: • ESTRANGULADORAS OU CONSTRITORAS: são raízes adventícias que abraçam ao caule de outro vegetal, muitas vezes o matando. • GRAMPIFORMES OU ADERENTES: raízes em forma de grampo que fixam as plantas a um substrato aéreo. • RESPIRATÓRIAS OU PNEUMATÓFOROS: São raízes principais que possuem geotropismo negativo, isto é, crescem ao contrário da maioria das raízes, procurando o ar. Essa raízes tem como objetivo auxiliar na respiração de espécies que ocupam ambientes estuarinos, principalmente os manguezais. • SUGADORAS OU HAUSTÓRIOS: raízes adventícias que partem de caules e tem como função parasitar outros vegetais. • RAÍZES DE SUPORTE: São raízes adventícias que tem como função auxiliar na sustentação do vegetal. • TABULARES OU SAPOPEMAS: São raízes adventícias que atingem grandes dimensões perpendiculares ao solo e aos troncos, dando sustentação às árvores de grande porte. • RAÍZES AQUÁTICAS: São aquelas que se desenvolvem submersas, podem apresentar adaptações para a flutuação ou fixação em ambientes de extrema correnteza. 1.3.2. RAÍZES SUBTERRÂNEAS • AXIAIS OU PIVOTANTES: raiz principal que surge a partir do embrião da radícula, muito desenvolvida e com raízes secundárias menores. • RAMIFICADA: raiz principal que produz enormes ramificações. • FASCICULADA: conjunto de raízes com tamanho e forma semelhantes, que partiram de uma mesma raiz principal atrofiada, é a típica raiz das monocotiledôneas. • TUBEROSA: raiz com acúmulo de nutrientes ou água, bastante dilatada. 3 1.4. HÁBITOS Os caules dão origem ao chamado hábito da planta, que depende do tipo de desenvolvimento que atinge ao longo do ciclo de vida do vegetal. • ERVA: em geral plantas pequenas, com estatura baixa, caules sem lignificação, com pouca resistência e às vezes, fotossintetizante. • SUBARBUSTO: arbusto pouco lignificado, com as partes mais baixas dos caules lignificadas e os ramos superiores herbáceos. • ARBUSTO: tamanho em geral inferior a 5m de altura, lignificado, sem um tronco principal, com ramificações desde a base. • ÁRVORE: Tamanho grande, superior a 5 m de altura nos indivíduos adultos, com tronco nítido, presença de fuste, ramificação apenas nas copas. 1.5. FORMAS DE VIDA As formas de vida ou formas biológicas são um sistema de classificação dos vegetais a partir das adaptações que seu desenvolvimento apresenta em relação às condições ambientais nos quais ocorrem. Raunkier (1934), dividiu os vegetais em formas biológicas conforme a posição dos órgãos de crescimento em relação aos períodos climáticos aos quais estavam submetidos, dando valor às características fisiológicas/evolutivas para sua classificação. As descrições aqui expostas são as de IBGE (1992, 2012). • FANERÓTIFOS: São plantas lenhosas que apresentam as gemas de crescimento protegidas por catafilos (ver glossário, pág. 15) e localizadas a 0,25m do solo. Podem ser divididas por sua altura média em macro (30-50m), meso (20-30m), micro (5-20m) e nanofanerófitos (0,25-5m). • CAMÉFITOS: Plantas herbáceas ou lenhosas com estruturas de crescimento protegidas por catafilos nas épocas desfavoráveis, localizadas a até 1 metro de altura do solo. • HEMICRIPTÓFITOS: Plantas herbáceas com as gemas localizadas ao nível do solo, protegidas pelas partes vegetativas que secam nas estações desfavoráveis. • GEÓFITOS: Plantas herbáceas com órgãos de reserva e de crescimento protegidos no subsolo, protegidos durante as estações desfavoráveis. • TERÓFITOS: Plantas anuais, as quais se multiplicam através de sementes que perduram durante a estação desfavorável. • LIANAS: plantas lenhosas ou herbáceas que crescem sobre outras, com órgãos de crescimento localizados acima do solo, com catafilos que as protegem. • XEROMÓRFITOS: Plantas lenhosas ou herbáceas que passam pelo período desfavorável através de dois modos, por catafilos nas partes aéreas e por raízes de acúmulo, conhecidas como xilopódios. 4 1.6. FOLHA Órgão fundamental das plantas superiores. Pode apresentar-se sob várias formas e exercer funções fisiológicas diferentes (FIG.2-6). A sua principal função é a assimilação. Folhas metamorfoseadas são responsáveis pela reprodução (ver em Flor). Uma folha pode ser composta pelas seguintes partes: bainha, estípula, limbo, nervura, pecíolo, nem sempre estando todas presentes. Figura 2. Partes constituintes da folha: b = bainha; e = estípula; l = limbo; n = nervura; p = pecíolo Quando se coleta o ramo de uma planta, há vários caracteres que podemser observados numa folha para diferenciá-la de outras e assim chegar até a sua família ou espécie. Uma das primeiras características a serem observadas é se a folha é simples ou composta. Geralmente, as folhas apresentam uma gema na base do seu pecíolo. Numa folha composta, os seus folíolos nunca apresentam gema na base do peciólulo. Outro caráter a ser observado é qual a filotaxia do ramo, ou seja, a disposição das folhas no mesmo (Fig. 5). A presença ou ausência das partes referidas anteriormente (limbo, pecíolo, estípula, bainha)(Fig.2) ou sua forma (Fig. 3 e Fig. 6), cor e tamanho deve ser observado. As partes da folha também podem apresentar outras estruturas, como glândulas, tricomas (pêlos), nectários extra-florais, que possuem uma diversidade de formas, disposições, cores, etc. Também podem ser observadas variações no ápice e base do limbo foliar, configuração das nervuras (nervação), presença de látex ao ser retirada uma folha, cor do látex (se houver), diferenças entre a face adaxial (superior) e abaxial (inferior) da folha (cor, presença de 5 tricomas, nervuras). As folhas também podem apresentar odores característicos quando maceradas (amassadas). Quanto à consistência, as folhas podem variar de membranáceas, papiráceas, cartáceas, coriáceas, carnosas. Os bordos das folhas também podem ter variações: inteiros, lobados, serrilhados, dentados, etc. Figura 3. Exemplos de diferentes formas do limbo foliar (Fonte: Radford et al. 1974). 6 Figura 4. Exemplos de morfologia do ápice e base do limbo foliar, e tipos de inserção do limbo e pecíolo nos ramos (Fonte: Radford et al. 1974). 7 Figura 5. Exemplos de morfologia do bordo (margem), filotaxia e venação (nervação) do limbo foliar (Fonte: Radford et al. 1974). 8 Figura 6. Formas de planos simétricos da do limbo ou lâmina foliar. 9 1.7. FLOR Parte de um caule ou galho, rodeada por folhas metamorfoseadas para a reprodução por sementes. As flores podem ser nuas ou periantadas (possuir perianto, ver Mini-Glossário, pág. 13). As nuas possuem apenas as folhas de reprodução (gineceu e androceu). Nas periantadas, as folhas de reprodução são rodeadas por um invólucro de folhas verdes ou coloridas (cálice e corola). Todas estas folhas estão inseridas no receptáculo, que é a extremidade do caule ou galho. O conjunto das folhas que estão no mesmo círculo denomina-se verticilo. Uma flor perfeita, constitui-se de no mínimo quatro verticilos, que de fora para dentro são (Fig. 7): 1) cálice: formado por folhas que são denominadas sépalas, geralmente verdes. Quando as sépalas são concrescidas, o cálice é chamado de gamossépalo ou sinsépalo. Quando as sépalas são livres entre si, ele é chamado de dialissépalo. 2) corola: formada por folhas coloridas ou brancas chamadas pétalas. Quando as pétalas são concrescidas a corola é denominada gamopétala ou sinpétala. Quando as pétalas são livres entre si ela é denominada dialipétala. 3) androceu: formado por folhas bastante metamorfoseadas (estames) para a produção de pólen. É a parte masculina da flor. Divide-se em filetes e anteras. Filete é a parte filamentosa do estame, a qual suporta a antera. Flores com estames incontáveis são chamadas de polistêmones; com número de estames igual ao das pétalas – isostêmones; e com menos estames do que pétalas – oligostêmones. 4) gineceu: o verticilo central da flor é o gineceu, que é formado por carpelos (ver Mini- glossário). É a parte feminina da flor. Nas angiospermas, os carpelos estão fechados ao redor de óvulos. A cavidade em que se encontram os óvulos é chamada de ovário. O prolongamento de polinização dos carpelos é denominado pistilo, que se divide em estilete e estigma. A placentação corresponde à forma que os óvulos dispõem-se no ovário. Quando os carpelos são unidos entre si os ovários são chamados de sincárpicos, e quando estão livres entre si, o ovário é chamado de apocárpico ou dialicarpelar. Quanto a sua simetria, as flores podem ser actinomorfas (simetria radial) ou zigomorfas (simetria bilateral). As flores podem ser andróginas (contém o verticilo feminino e masculino) ou unissexuais (contém apenas o verticilo feminino ou contém apenas o verticilo masculino). Quando os verticilos não-sexuais não podem ser diferenciados em pétalas e sépalas, seu conjunto é chamado de perigônio e não de perianto. E as folhas componentes do perigônio são chamadas de tépalas. Dentro dos caracteres florais apresentados acima há muitas variações, as quais são usadas para diferenciar as diferentes famílias e espécies. As flores podem ser isoladas ou estar dispostas em diversos tipos de conjuntos, as inflorescências (Fig. 8). 10 Figura 7: Esquema de corte longitudinal de uma flor: e = estame; es. = estigma; est. = estilete; p. = pétala; pl. = pistilo; o = óvulo; ov. = ovário; r = receptáculo; s = sépala. 11 Figura 8: Exemplos de Inflorescências e Frutos. Extraído de GONÇALVES, E. G. & LORENZI, H. 2011. 12 1.7.1. FÓRMULA FLORAL A fórmula floral é um sistema muito útil de representação da estrutura de uma flor, em que se usam letras, números e símbolos específicos. Esta representação permite uma rápida comparação e reconhecimento de famílias e espécies. Assim temos: K = cálice ou S = sépalas (ex.: S5 = cinco sépalas) C = corola ou P = pétalas (ex: C3(x) = número de pétalas é múltiplo de três) Z = acrescente se zigomórfica (ex: CZ6 = zigomórfica com 6 pétalas) A = androceu ou E = estames (parte masculina; ex.: A∞ = vários estames consTtuídos por 1 antera e 1 filete cada um) G = gineceu ou C = carpelos (parte feminina; ex.: G1 = monocarpelar) x - indica um "número variável" ∞ - indica "muitos Utilizam-se algarismos para mostrar o número de peças em cada ciclo e, se estiverem soldadas entre si, coloca-se entre parênteses. As letras H, P ou E, colocadas no final, indicam se a flor é hipógina, perígina ou epígina e os símbolos */* ou * indicam , respectivamente se a simetria é bilateral ou radial. A fórmula floral poderá ser algo como 1.8. FRUTO O fruto é o ovário de uma flor desenvolvido, que contém sementes. A casca dos frutos é constituída da parede dos carpelos. Quando os frutos se abrem, depois de um tempo, através de estruturas especiais, são chamados de deiscentes. Outros não liberam as sementes, a não ser por apodrecimento das suas paredes ou pela ação da fauna, e são chamados de indeiscentes. Os frutos ainda são classificados pela consistência da casca e pelo número de carpelos componentes. Aqueles com casca carnosa, coriácea ou fibrosa são chamados de frutos carnosos. Frutos com casca lenhosa, paleácea, etc., são chamados de frutos secos. 1.8. 1. EXEMPLOS DE ALGUNS TIPOS DE FRUTOS SECOS (Fig. 8): • CÁPSULA: fruto seco deiscente, formado por vários carpelos sincárpicos. Abre-se por fendas externas (cápsula loculicida) ou por fendas entre os septos separadores (cápsula septicida), ou por ruptura dos septos (cápsula septífraga). Há também as cápsulas poricidas, onde a abertura é por um poro em cada carpelo. K5 C5 A10 G1*/* 13 • LEGUME OU VAGEM: fruto seco deiscente; consta de um único carpelo com uma ou várias sementes. • SÍLIQUA: difere da vagem, por ser formada de dois carpelos, separados por um septo, no qual estão as sementes. • SÂMARA: fruto seco deiscente ou indeiscente, munido de uma ou várias asas membranáceas. • AQUÊNIO: fruto indeiscente, formado por um único carpelo com uma só semente. A casca é geralmente dura, lisa e dotada de excrescências em forma de espinhos, etc. 1.8.2.EXEMPLOS DE ALGUNS TIPOS DE FRUTOS CARNOSOS (Fig. 8): • BAGAS: formados por um ou vários carpelos sincárpicos com vários caroços que contém uma única semente. Deiscentes ou indeiscentes. • DRUPAS: formadas por um ou vários carpelos sincárpicos que contém uma únicasemente, dentro de seu único caroço duro. Existem ainda alguns tipos especiais de frutos, para cuja formação contribuem outras partes da flor ou até da inflorescência. Um exemplo é o figo, onde é o eixo da inflorescência que forma a urna carnosa e comestível, sendo que a parte vermelha, granulosa, do interior, contém as flores que posteriormente fecundadas formam os frutos. 1.9. MINI-GLOSSÁRIO ABAXIAL - Diz-se de um órgão ou uma de suas partes, mais afastado do eixo sobre o qual se insere. Corresponde a face inferior da folha ACLAMÍDEA – Flor que não possui pétalas nem sépalas. Geralmente são pequenas e agrupadas em espigas. ACRÓDOMA – Tipo de venação onde as nervuras laterais surgem em um único ponto na base da folha, desenvolvendo arcos moderados e convergindo em direção ao ápice. ACTINOMORFA – Corola ou flor inteira com sistema radial, isto é que pode ser dividida em duas metades exatamente iguais em mais de um plano imaginário que passa pelo ponto central do eixo da flor. ADAXIAL – Diz-se de um órgão ou uma de suas partes, mais próximo do eixo sobre o qual se insere. Corresponde a face superior da folha. ALAS – par de pétalas livres posicionadas próximas ao vexilo na corola das Fabaceae. ANDRÓGINA – Diz-se da flor que porta estruturas reprodutivas femininas e masculinas ao mesmo tempo. É o mesmo que flor hermafrodita. 14 ANTESE – Trata-se do intervalo durante o qual a flor está disponível para polinização. Usualmente, este período coincide com a abertura de pétalas e/ou sépalas, ou mesmo de estruturas acessórias como brácteas, mas tal sincronia pode não ocorrer. APOCÁRPICO – Diz-se quando os carpelos que formam o gineceu encontram-se individualizados. É o mesmo que dialicarpelar. APOMORFIA – É o termo designado para definir uma característica mais recente derivada de uma característica primitiva de uma espécie ancestral. ARILO – Estrutura que se origina pelo crescimento de um tecido carnoso a partir do funículo, muitas vezes cobrindo toda a semente. BAINHA - Parte basal e achatada da folha, que a prende ao caule, envolvendo-o total ou parcialmente. BILOCELARES – Com dois locelos. BRÁCTEAS – Folhas usualmente modificadas que ocorrem no eixo floral, muitas vezes com forma, cor ou textura diferentes das folhas fotossintéticas. Algumas brácteas podem ser bastante vistosas ou mais chamativas que pétalas ou sépalas. BRACTÉOLAS – Normalmente é empregado para designar brácteas menores que guarnecem uma única unidade floral. BROQUIDÓDROMA – tipo de venação pinada onde as nervuras laterais divergem da nervura central unindo-se entre si, geralmente por arcos curvados. CACHO – Termo utilizado para designar uma inflorescência com flores pedunculadas inseridas ao longo de um eixo alongado. Normalmente cada flor está subentendia por uma bractéola. É similar a racemo. CALCARADO – que apresenta calcar, estrutura em forma de um chifre oco, usualmente originária das pétalas ou sépalas, dentro da qual o néctar é produzido e armazenado. Desta forma o néctar não fica disponível para organismos sem probóscide. CÁLICE – Verticilo floral vegetativo (não fértil), geralmente de aspecto intermediário entre as folhas apicais do ramo e as pétalas. Cada unidade do cálice é chamada de sépala. CALIPTRA – Caliptra é uma palavra que vem do grego “kaliptra”, que significa véu, ou seja, é uma estrutura que cobre outra estrutura. CAPÍTULO – Inflorescência densamente condensada, discoide ou arredondada, com flores sésseis. Geralmente guarnecida por brácteas estéreis. CARENA – Nome dado ao par de pétalas (muitas vezes fundidas) posicionadas diametralente opostas ao vexilo em uma corola de Fabaceae. 15 CARPELO – Folha modificada anatomicamente, que se fecha sobre os óvulos, formando o ovário das flores. CARPÍDIO – Nome empregado para designar cada um dos carpelos plenamente desenvolvidos e dispersos isoladamente em um esquizocarpo ou em um fruto sincárpico. É sinônimo de mericarpo. CARTÁCEA – Que tem a estrutura e resistência de papel ou cartolina. CATÁFILO – são folhas reduzidas em forma de escama que geralmente protegem as gemas dormentes. CIMEIRA – Inflorescência determinada, isto é, cujo eixo principal termina por uma flor. Ainda que o eixo principal seja determinado, outras flores podem surgir na axila da bractéola e este processo pode ser repetido indefinidamente. CIMOSA – mesmo que inflorescência determinada. CLADÍSTICA – É uma escola de classificação biológica que classifica hierarquicamente as espécies em grupos ou táxons baseada puramente no princípio filogenético, um método evolutivo que classifica todos os seres vivos baseando-se unicamente em suas relações evolutivas. CONECTIVO – Tecido que une as tecas de uma antera. CONGESTO – Termo que define uma estrutura onde as partes que a compõem encontram-se densamente arranjadas, dificultando sua visualização. CORIÁCEA - Que tem a consistência de couro. COTILÉDONE – Primeira folha que surge no embrião das sementes, irrompendo na sua germinação. DECÍDUO – Estrutura que cai depois de um tempo, caduca. DIALIPÉTALO – Diz-se da flor ou da corola cujas pétalas são livres entre si, não concrescendo em nenhum ponto. DICÁSIO – Inflorescência cujo eixo principal produz uma flor terminal após ter produzido dois ramos laterais. Cada um dos eixos laterais também produz uma única flor terminal e mais dois ramos, e assim sucessivamente. DICLAMÍDEO – Diz-se da flor que apresenta os dois verticilos vegetativos, isto é, apresenta tanto o cálice quanto a corola observáveis. DICLINA – Diz-se de planta que tem os estames e os carpelos em flores diferentes, isto é, as flores são sempre unissexuais, masculinas ou femininas. Apesar disso, nestas plantas, flores masculinas ou femininas podem ocorrer no mesmo indivíduo. 16 DICOTÔMICO – Diz-se de uma estrutura total ou parcialmente dividida em duas porções iguais e divergentes. Designa toda e qualquer estrutura aparentemente bifurcada, seja qual for o grau de divergência, das partes ou modo de divisão. DISCOLOR – Termo que define quando duas porções da mesma estrutura possuem cores distintas. DÍSTICAS – Se diz das folhas quando a sua disposição em conjunto nos diferentes nós se dá em apenas um plano, ou seja, 180 graus uma folha em relação a outra. DOMÁCIAS – (domus = casa). Órgão especial ou transformação de um órgão vegetal que facilita a vida em comum a outro organismo, cujo desenvolvimento está, em uma fase importante de sua vida, ligado ao desenvolvimento do dito órgão, transformado ou não. EPÍGINA – flor onde a inserção do perianto é superior ao ovário. ESTAMINÓDIO – Termo utilizado para designar um mais estames degenerados, usualmente desprovidos de anteras ou com anteras bastante rudimentares. ESTIPITADO – Provido de estípite, estrutura que sustenta um órgão. ESTÍPULA - formação laminar existente em caules de algumas plantas, geralmente na base das folhas. ESTRÓBILO – ramo fértil das gimnospermas, onde folhas modificadas portando estruturas reprodutivas (esporofilos) organizam-se de forma espiralada. Pode ser masculino ou feminino. FANERÓGAMAS – plantas que apresentam órgão reprodutivos facilmente visíveis. São as gimnospermas (plantas com estróbilos) e as angiospermas (plantas com flores). FASCÍCULO – Cimeira bastante reduzida, produzindo duas a três flores. FILETES – Estrutura usualmente cilíndrica que suporta as anteras em um estame. FILOTAXIA – Arranjo das folhas ao longo do eixo caulinar, que tende a minimizar o sombreamento de uma folha por outra. FUNÍCULO – Cordão de tecido que liga o óvulo a placenta. GAMOPÉTALA – Pétalas fundidas entre si, em uma única estrutura. GENICULADO – que possui genículo, que é uma estrutura geralmente intumescida que possui tecidos mais plásticos que aqueles que compõem o restante do órgão, dando uma certa mobilidade a este. GLÂNDULA - qualquercélula, ou conjunto de células, capaz de produzir (segregar) certas substâncias (secreções) que são mantidas em seu interior ou expelidas para fora (excretadas). 17 GLOMÉRULOS – Inflorescência do tipo cimeira onde as inserções das flores são tão fortemente congestas que toda a inflorescência assume o formato de um pequeno capítulo. HIPÓGINA – flor onde a inserção do perianto é inferior ao ovário. INERME – Sem espinhos ou acúleos. INFLORESCÊNCIA – Nome dado ao eixo caulinar que produz principalmente flores ao longo do seu comprimento. INFRUTESCÊNCIA – Termo utilizado para designar um conjunto de frutos que de tão próximos entre si, são dispersos como uma única unidade. LANCEOLADO – Diz-se de uma folha ou estrutura laminar mais larga próximo à base que próximo ao ápice, cuja razão comprimento:largura está entre 6:1 e 3:1. LAXO – refere-se a estruturas que estão frouxamente arranjadas, não sendo densas. LIMBO - a parte expandida da folha (lâmina). LOCELO – sacos polínicos ou esporângios, os quais apresentam aberturas valvares. LÓCULO – cavidade formada pelo dobramento e/ou fusão de um ou mais carpelos. É o mesmo que loja. LOMENTO – fruto originário de um ovário súpero, monocarpelar que não se abre longitudinalmente, mas fragmenta-se transversalmente em artículos. MONADELFO – todos os estames fundidos em um só feixe ou conjunto. MONÓICAS – diz-se da espécie onde estruturas dos dois sexos ocorrem na mesma planta em flores unissexuais separadas ou mesmo na mesma flor. MONOCLINA – diz-se do vegetal que possui os dois gêneros sexuais na mesma flor. É o mesmo que andrógina. MONOSPÉRMICO – com apenas uma semente. MEMBRANÁCEO - parecido a uma membrana. NECTÁRIOS - estrutura glandular que produz néctar. NÚCULA – termo que define um fruto seco, indeiscente, com um ou dois carpelos, normalmente de posição supera e frequentemente monospérmico, que usualmente vale-se do cálice ou de outra estrutura acessória para sua dispersão. PALUSTRE – todo e qualquer organismo que habita todo tipo de pântano, enraizando em áreas submersas ou com alto nível de saturação de água no solo. 18 PANÍCULA – termo que designa um cacho de cachos, ou seja, um racemo onde, no lugar das flores do eixo principal, estão racemos menores. PAPIRÁCEO - que tem a consistência de papel. PARAFILÉTICO – chama-se parafilético a um táxon que inclui um grupo de descendentes de um ancestral comum em que estão incluídos vários descendentes desse ancestral porém não todos eles. PECIÓLULO - haste que liga o folíolo à raque da folha. PENINÉRVEO – Tipo de venação onde as nervuras formam um arranjo em forma de pena (ou pinado), isto é, com várias nervuras divergindo dos dois lados ao longo de uma nervura central. PERIANTO - o invólucro da flor, principalmente quando diferenciado em cálice e corola. PERÍGINA – flor onde a inserção do perianto é na altura da parte mediana do ovário. PLACENTA – Nome que designa o tecido do ovário onde os óvulos são produzidos e encontram-se aderidos. Usualmente a placenta é diferenciada do revestimento regular do ovário, apresentando tricomas. PLESIOMÓRFICO – É um termo empregado em cladística para designar uma característica considerada primitiva que foi modificada a outra mais recente dentro de uma linhagem. POLISTÊMONES – Número de estames muito maior que duas vezes o número das pétalas. PONTUAÇÕES – Superfície coberta por minúsculas impressões como aquelas feitas por uma agulha. PULVINO E PULVÍNULO – engrossamento da base do pecíolo e peciólulo, respectivamente, que podem provocar movimentos nas folhas, dependendo das condições de umidade. Freqüentes na família Leguminosae (Fabaceae). RACEMO – Termo utilizado para designar uma inflorescência com flores pediceladas inseridas ao longo de um eixo alongado. Normalmente cada flor é subentendida por uma bractéola e o eixo é indeterminado. É o mesmo que cacho. RAQUE - Eixo central de uma folha composta, onde estão inseridos os folíolos. REPLUM – termo que descreve um falso septo, formado na soldadura de dois carpelos. Permanece ligado ao eixo da inflorescência após a deiscência das valvas que compõem a parede do fruto. RIMOSA – diz-se da antera que se abre por uma longa fenda entre dois sacos polínicos. Mesmo que deiscência longitudinal. 19 RITIDOMA – Efeito causado pela formação de uma ou mais peridermes no floema secundário, empurrando para fora a periderme antiga, muitas vezes formando uma casca que descama em profusão. SINAPOMORFIAS – São caracteres homólogos apomórficos compartilhados por dois ou mais táxons. É a situação que se observa quando dois táxons apresentam o mesmo caractere, e este representa uma forma derivada apomórfica frente a outra ancestral plesiomórfica. SINCÁRPICO – Termo que designa carpelos fundidos entre si, formando um único ovário. Contrapõe-se a apocárpico. TECA – unidade da antera onde os grãos de pólen estão contidos. Usualmente uma antera tem duas teças. Cada teça geralmente contém dois sacos polínicos. TETRALOCELARES – Que apresenta quatro locelos. TRIFOLIOLADA – Folha provida de três folíolos. TRIPLINÉRVEO – Tipo de venação onde três nervuras principais surgem da base da folha e seguem de forma mais ou menos paralela, podendo-se reunir novamente no ápice ou não. TRUNCADO – Diz-se de uma base ou ápice que termina abruptamente, como se tivesse sido cortado em linha reta ficando, assim, praticamente perpendicular em relação ao comprimento do órgão. URCEOLADO – diz-se de uma estrutura oca, como um cálice ou uma corola, que apresenta um maior diâmetro próximo a base, estreitando-se em direção ao ápice. VALVA – Cada uma das partes de um fruto seco e deiscente, como as cápsulas, legumes, etc. VENAÇÃO – Termo que designa o padrão no qual as nervuras de uma folha ou outro órgão se dispõem. É o mesmo que nervação. VERTICILO - conjunto de ramos, folhas ou peças florais dispostas em torno de um eixo sobre o qual se inserem no mesmo nó, ou mesmo nível. VEXILO – na família Fabaceae, subfamília Faboideae, corresponde à pétala mais externa em relação às pétalas adjacentes. Mesmo que estandarte. XILOPÓDIO - reservatório de água e outras substâncias, formadas por raízes ou troncos subterrâneos de plantas de regiões secas. 20 3.6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APG [= Angiosperm Phylogeny Group] III. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classifcation for the orders and families of flowering plants: APG III. Bot. J. Linn. Soc. 161: 105-121. BARROSO, G. M. 1991. Sistemática de Angiospermas do Brasil. Vols. 1, 2 e 3. Editora da UFV, Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG. CRONQUIST, A. 1988. The evolution and classification of flowering plants. 2 ed. New York: New York Botanical Garden. 555p. JOLY, A.B. 1979. Botânica: introdução à taxonomia vegetal. 5 ed. São Paulo, Editora Nacional. 777 p. JUDD, W.S.; CAMPBELL, C.S.; KELLOGG, E.A.; STEVENS, P.F. & DONOGHU, M.J. 2008. Sistemática vegetal: um enfoque filogenético. 3 ed. Ed. ARTMED, Porto Alegre, RS. 632p. MCNEILL, J.; BARRIE, F. R.; BURDET, H. M.; DEMOULIN, V.; HAWKSWORTH, D. 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SITES • Vascular Plant Systematics (glossário ilustrado de botânica) – http://www.ibiblio.org/botnet/glossary/ • Flora digital do Rio Grande do Sul http://www6.ufrgs.br/fitoecologia/florars/index.php • Check list da flora do Brasil, algumas informações são defasadas, principalmente quanto à distribuição de espécies floradobrasil.jbrj.gov.br • Banco de dados de coleções científicas de diversos órgãos brasileiros e alguns estrangeiros com espécies brasileiras. http://www.splink.org.br/ • Índice de plantas mundial, com informações sobre nomes de plantas e literatura taxonômica http://www.ipni.org/ipni/plantnamesearchpage.do • Catálogo de espécies e seus respectivos nomes corretos, além de diversas informações nomenclaturais, constantemente atualizado http://www.tropicos.org/ • Catálogo de plantas do conesul, apresenta um checklist da flora do sul da América do Sul, com informações sobre a sua distribuição. http://www2.darwin.edu.ar/Proyectos/FloraArgentina/FA.asp 22 • Flora Brasiliensis: www.florabrasiliensis.cria.org.br • Angiosperm Philogeny Website. http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/ • Index Herbariorum. http://sciweb.nybg.org/science2/IndexHerbariorum.asp • International Association for Plant Taxonomy. http://www.botanik.univie.ac.at/iapt • Periódicos online. www.scielo.br • Portal de períodicos CAPES. www.periodicos.capes.gov.br/ • Lista das Espécies da Flora do Brasil http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/listaBrasil/ConsultaPublicaUC/ConsultaPublicaUC. do • Práticas em Botânica http://praticasembotanica.com/ • Taxonomia Vegetal. http://www8.ufrgs.br/taxonomia/
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