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Formulário para Atividade Online – AO 03 Nome da Disciplina: História Contemporânea I Natureza: Obrigatória Cursista: Francisco Heanes Medeiros Lima Polo: Formosa Tutor: Renato Dias de Souza Turma: Atividade: A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Caro discente, 1- Tendo em vista a realização dessa atividade, a Análise Fílmica, e o nosso objetivo de compreendermos as implicações da Revolução Industrial, leia, com atenção, o seguinte capítulo: HOBSBAWM, Eric J. A revolução industrial. In: A era das revoluções, 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. 2- Baixe o Formulário para Atividade Online 03 – Unidade III; 3- Assista ao filme Germinal, de Claude Berri, considerando os seguintes aspectos: 3.1- O filme é um produto social e histórico: o seu universo ficcional é um todo que está inserido na totalidade das relações sociais e isso deverá ser considerado. 3.2- Elementos extrafílmicos são importantes na compreensão desse, portanto, procure saber quem dirigiu o filme, a que tipo de produções este está associado e que tipo de concepção de mundo expressa por meio deste filme. 3.3- Analise as cenas fundamentais para a reconstrução da mensagem central do filme. 4- Envie o Formulário para Atividade Online 03- Unidade III dissertando sobre suas principais impressões acerca do filme analisado e o relacione com as reflexões despertadas pelo capítulo de Eric J. Hobsbawm lido antes da análise. O filme é uma adaptação do romance Germinal, do romancista francês Émile Zola (1885). O romance apresenta em seu enredo o processo de construção de uma greve dos trabalhadores mineiros do norte da França, durante o século XIX, em prol de melhores condições de vida e trabalho. Trata-se de um livro escrito a partir das vivências do autor, que conviveu com os trabalhadores mineiros por dois meses a fim de garantir o realismo da obra (Mendonça, 2014). Zola tinha a intenção de demonstrar, por meio do seu livro, que o levante dos trabalhadores contra a classe dominante era iminente, caso não houvesse mudanças sociais favoráveis à classe trabalhadora. Como escritor, Zola foi idealizador e principal expoente da estética naturalista1 na França. Teve em sua trajetória um elevado grau de engajamento político, manifesto em seu artigo “J’accuse...!”, de 13 de janeiro de 1898, no qual denunciou o antissemitismo praticado pelo governo francês. O contexto histórico-social no qual Zola escreveu seu romance situa-se na segunda metade do século XIX, época em que a França vivia a segunda fase da Revolução Industrial. No período as inovações em relação ao desenvolvimento de maquinário produtivo não se restringiam à Inglaterra e o emprego do aço, dos combustíveis derivados do petróleo e da energia elétrica estavam presentes também na França. No período anterior à revolução industrial na França, uma das ocupações do trabalhador era ser artesão, atuando por conta própria ou realizando o trabalho manufatureiro, no qual estava subordinado aos proprietários das manufaturas. Entretanto, a burguesia-ávida por ganhos cada vez maiores, influenciou diretamente a industrialização da sociedade francesa, fazendo com que surgisse o proletariado. Já o diretor do filme foi o também francês Claude Berri. Berri (1934-2009), é considerado entre seus pares como um dos melhores e mais sensíveis cineastas 1 Para um olhar mais específico sobre a trajetória de Émile Zola e sua atuação movimento literário naturalista francês, cf. CARVALHO, 2011. franceses da contemporaneidade. Foi presidente da Cinemateca Francesa, entre os anos de 2003 e 2007. Dirigiu filmes históricos, como Uranus (A Era de Uranus, 1990) e Lucie Aubrac (Lucie Aubrac – Um Amor em Tempo de Guerra, 1996). Sua filmografia é composta de 24 filmes, fora aqueles em que ele produziu ou atuou. Germinal foi o mais caro filme francês até então, foi produzido durante o governo de François Mitterrand, fazendo parte de um ciclo de superproduções da indústria cinematográfica francesa de adaptações de clássicos, em uma tentativa de ativar elementos da literatura e cultura francesa e destiná-los às plateias contemporâneas. Em 1994, Germinal foi premiado pelo César de melhor filme como Melhor filme francês do ano (ALLOCINE, 2017), ocupando desde então as principais galerias francesas da sétima arte. O enredo da obra gira em torno do mineiro Toussaint Maheu e de sua família, composta pela esposa Maheude e seus sete filhos. Além deles, faz parte da trama o pai de Maheu, o personagem Bonnemort, mineiro há mais de 45 anos. A família de Maheu estava inserida na atividade de mineração desde longa data. Seus filhos tão logo atingiam idade suficiente, passavam a trabalhar nas minas de carvão para contribuir com o sustento familiar. Bonnemort conta em uma das primeiras cenas do filme que desceu ao interior da mina pela primeira vez aos 8 anos, realidade vivenciada por outras famílias retratadas no filme, uma vez que há diversas crianças trabalhando nas minas. A casa da família de Maheu era de propriedade dos donos da mina onde trabalham, os quais lhes cobravam seis francos mensais a título de aluguel. Dessa forma, os salários recebidos por Maheu e sua família não eram suficientes para o custeio de aluguel e alimentação, por isso, os personagens passavam fome. É marcante a cena em que uma das filhas de Maheu morreu em decorrência da fome e da falta de cuidados médicos. No curso do enredo, pode constatar que os trabalhadores dependiam do crédito de Magriat, proprietário do estabelecimento comercial, que por vezes insinuava aceitar relações sexuais pagamento das dívidas. Na trama, a burguesia é representada pelo diretor da mina de carvão, Hennebeau, e sua família, bem como pela família do dono da mina de carvão Jean-Bart, Deneulin. Étienne Lantier é a personagem central da obra. Lantier ingressou como trabalhador na minha Voreaux após a morte de uma mineira. No desenvolvimento da trama, se mostrou o responsável por estimular o movimento dos trabalhadores contra péssimas e injustas condições de remuneração. Maheu trabalhava da mina Voreaux e, além de atuar na extração de carvão, era incumbido do escoramento das estruturas da mina. Gozava de respeitado dos demais trabalhadores das minas e, por isso também tinha algum acesso aos patrões. Após o desabamento de parte da mina Voreaux, os patrões decidiram que pagariam pelo escoramento realizado pelos trabalhadores, mas estes pagariam o custo do escoramento, mediante redução salarial. Isso foi o estopim para o início da greve, encabeçada por Maheu e Lantier. Antes do início da greve, os trabalhadores se organizaram para contribuir com uma espécie de caixa, a fim de que não passassem fome em decorrência da suspensão de seus salários. Entretanto, a greve foi interrompida quando, durante um confronto com soldados, alguns trabalhadores morreram alvejados pela polícia, inclusive Maheu. Isso deu início a um levante popular, inclusive com saques ao comércio de Magriat, o qual foi castrado e morto no confronto com a população. A repressão sofrida fez com que a greve se enfraquecesse, o que fez com que muitos grevistas retornassem ao trabalho e, aos poucos, a greve foi se encerrando. Após fim da greve, um homem decidiu por detonar explosivos no interior da mina de carvão Voreaux. Em consequência, a mina sofre um alagamento, matando diversos trabalhadores soterrados, dentre os quais dois filhos de Maheu. O desfecho do filme mostra Lantier partindo para uma nova jornada, sendo ainda marcante a chegada de trabalhadores belgas que foram trazidos para trabalhar nas minas carvoeiras. O filme deixa em suspense o sucesso da greve, deixando uma clara mensagem que mesmo que o movimento dos trabalhadores a greve não tenha trazido os resultados esperados, a semente da mudança estava plantada. De forma lúcida o enredodo filme se desenvolve em torno da experiência grevista dos trabalhadores mineiros de carvão no norte da França, durante o final do século XIX. O filme aponta os conflitos inerentes entre as duas formas de organização política, de modo que se desenvolvem, antagonicamente, estratégias de combate à burguesia, dominante dos meios de produção. Por meio da ingerência do sujeito político individualizado, o trabalhador migrante que experienciou formas de organização política em trabalhos pretéritos, a obra abre um campo de visão para pensarmos o papel do indivíduo na História. Étienne Lantier como marco político no processo organizacional dos trabalhadores de sua obra, Zola dialoga com a perspectiva de que o indivíduo, em momentos historicamente definidos, pode conduzir a massa. Lantier nos é apresentado na obra com evidentes concepções revolucionárias, ora é tomado pela perspectiva marxista, quando postula a necessária união proletária e a luta de classes, em prol de uma consciência de classe e da derrocada dos patrões, ora é imbuído de uma compreensão com vertentes sutilmente anarquistas, quando demanda a tomada do poder pelo povo. Finalmente, ao vermos a função da experiência grevista na obra, podemos identificar uma evidente associação do autor às ideias socialistas. Por isso mesmo, tanto a obra de Zola como o filme constituem-se como obras obrigatórias nos debates sobre marxismo. Referências bibliográficas ALLOCINE. Prix et nominations: César 1994. Disponível em: <http://www.allocine.fr/festivals/festival-128/edition-18353029/palmares/>. CARVALHO, Rodrigo Janoni. Émile Zola e o naturalismo literário. Maringá: Revista Urutágua, n. 24, mai./ago. de 2011, p. 105-118. WIKIPÉDIA. Verbete Émile Zola. Seção Germinal. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89mile_Zola>. Acesso em: 17 de janeiro de 2017. ______. J’accuse...! Lettre au Président de la République. (Eu acuso...! Carta ao Presidente da República). Disponível em: <https://criminocorpus.org/fr/bibliotheque/doc/258/>. Acesso em: 17 de janeiro de 2017
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