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11 Literatura ▪ Fim do sécuLo XiX e começo do XX: de machado às Vanguardas europeias ▪ reaLismo ▪ naturaLismo ▪ parnasianismo ▪ simboLismo ▪ pré-modernismo ▪ Vanguardas europeias Linguagens, Códigos e suas tecnologias AulA 1. No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro esti- lo de época: o romantismo. “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, pre- cário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.” ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson, 1957. A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na alternativa: a) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas... b) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça... c) Era bonita, fresca, saía das mãos da na- tureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, ... d) Naquele tempo contava apenas uns quin- ze ou dezesseis anos... e) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação. 2. O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre; Sangram, em laivos de ouro, as minas, que a ambição Na torturada entranha abriu da terra nobre; E cada cicatriz brilha como um brasão. O ângelo plange ao longe em doloroso dobre. O último ouro do sol morre na cerração. E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre, O crepúsculo cai como uma extrema-unção. Podemos reconhecer nas estrofes acima, de Olavo Bilac, as seguintes características do estilo de época que marcou sua poesia: a) Interesse pela descrição pormenorizada da paisagem, numa linguagem que procura impressionar os sentidos. b) Uso do vocabulário próprio para acentuar o mistério, a realidade oculta das coisas, que deve ser sugerida por meio de símbolos. c) Valorização do passado histórico, em bus- ca da definição da nacionalidade brasileira. d) Utilização exagerada de hipérboles, perí- frases e antíteses, no desejo de não no- mear diretamente as coisas, mas de fazer alusão a elas. e) Busca de imagens naturais e vocabulário simples, predileção pelo verso branco e ne- gação de 3. Leia os seguintes versos: Mais claro e fino do que as finas pratas O som da tua voz deliciava… Na dolência velada das sonatas Como um perfume a tudo perfumava. Era um som feito luz, eram volatas Em lânguida espiral que iluminava, Brancas sonoridades de cascatas… Tanta harmonia melancolizava. (SOUZA, Cruz e. “Cristais”, in Obras completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995, p. 86.) Assinale a alternativa que reúne as caracte- rísticas simbolistas presentes no texto: a) Sinestesia, aliteração, sugestão. b) Clareza, perfeição formal, objetividade. c) Aliteração, objetividade, ritmo constante. d) Perfeição formal, clareza, sinestesia. e) Perfeição formal, objetividade, sinestesia. 4. Psicologia de um vencido “Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênese da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância… Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco. 2 Linguagens, Códigos e suas tecnologias - LITERATURA Já o verme – este operário das ruínas – Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra!” (ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. ) A poesia de Augusto dos Anjos revela aspec- tos de uma literatura de transição designada como pré-modernista. Com relação à poéti- ca e à abordagem temática presentes no so- neto, identificam-se marcas dessa literatura de transição, como: a) a forma do soneto, os versos metrifica- dos, a presença de rimas, o vocabulário requintado, além do ceticismo, que an- tecipam conceitos estéticos vigentes no Modernismo. b) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáfo- ras como “Monstro de escuridão e ruti- lância” e “Influência má dos signos do zodíaco”. c) a seleção lexical emprestada do cientifi- cismo, como se lê em “carbono e amoní- aco”, “epigênesis da infância”, “frialdade inorgânica”, que restitui a visão naturalis- ta do homem. d) a manutenção de elementos formais vin- culados à estética do Parnasianismo e do Simbolismo, dimensionada pela inovação na expressividade poética e o desconcer- to existencial. e) a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tem- po filosófica, que incorpora valores mo- rais e científicos mais tarde renovados pelos modernistas. TArefA 1. Leia os textos 1 e 2 para responder à questão: Texto 1 Ultimamente ando de novo intrigado com o enigma de Capitu. Teria ela traído mesmo o marido, ou tudo não passou de imaginação dele, como narrador? Reli mais uma vez o romance e não cheguei a nenhuma conclu- são. Um mistério que o autor deixou para a posteridade. Fernando Sabino, O bom ladrão. Texto 2 Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Eu não sabia o que era oblí- qua, mas dissimulada sabia, e queria ver se se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei ex- traordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra ideia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que...Retóri- ca dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aque- les olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Machado de Assis, Dom Casmurro. No texto de Sabino, o narrador questiona a traição de Capitu. Lendo o texto de Macha- do, pode-se entender que esse questiona- mento decorre de a) Os fatos serem narrados pela visão de uma personagem, no caso, o narrador em primeira pessoa, que fornece ao leitor o perfil psicológico de Capitu. b) A personagem ser vista por José Dias como oblíqua e dissimulada, o que gerou mal-estar no apaixonado de Capitu, dei- xando de vê-la como uma mulher de en- cantos. c) A apresentação da personagem Capitu ser feita no romance de maneira muito objeti- va, sem expressão dos sentimentos que a vinculavam ao homem que a amava. 33 LITERATURA - Linguagens, Códigos e suas tecnologias A sociedade é um grande laboratório onde o ser humano é observado agindo por instinto e, portanto, desprovido de livre-arbítrio. Assinale a alternativa que informa o período literário a que o texto se refere, um autor e sua respectiva obra. a) Realismo, Machado de Assis, Dom Cas- murro. b) Naturalismo, Aluísio de Azevedo, O Corti- ço. c) Simbolismo, Cruz e Souza, Missal e Bro- quéis. d) Modernismo, Jorge Amado, Capitães da Areia. e) Pós-modernismo, Guimarães Rosa, Grande Sertão Veredas. 4. Considere o trecho de O Cortiço, de Aluísio Azevedo. Uma aluvião de cenas, que ela [Pombinha] jamais tentara explicar e que até ali jaziam esquecidas nos meandros do seu passado, apresentavam-se agora nítidase transpa- rentes. Compreendeu como era que certos velhos respeitáveis, cuja fotografia Léonie lhe mostrou no dia que passaram juntas, deixavam-se vilmente cavalgar pela loureira, cativos e submissos, pagando a escravidão com a honra, os bens, e até com a própria vida, se a prostituta, depois de os ter esgota- do, fechava-lhes o corpo. E continuou a sor- rir, desvanecida na sua superioridade sobre esse outro sexo, vaidoso e fanfarrão, que se julgava senhor e que, no entanto, fora posto no mundo simplesmente para servir ao fe- minino; escravo ridículo que, para gozar um pouco, precisava tirar da sua mesma ilusão a substância do seu gozo; ao passo que a mulher, a senhora, a dona dele, ia tranquila- mente desfrutando o seu império, endeusa- da e querida, prodigalizando martírios, que os miseráveis aceitavam contritos, a beijar os pés que os deprimiam e as implacáveis mãos que os estrangulavam. — Ah! homens! homens! ... sussurrou ela de envolta com um suspiro. No texto, os pensamentos da personagem a) recuperam o princípio da prosa naturalis- ta, que condena os assuntos repulsivos e bestiais, sem amparo nas teorias científi- cas, ligados ao homem que põe em pri- meiro plano seus instintos animalescos. b) elucidam o princípio do determinismo presente na prosa naturalista, revelando os homens e as mulheres conscientes dos seus instintos em função do meio em que vivem e, sobretudo, capazes de controlá-los. d) Os aspectos psicológicos de Capitu se- rem apresentados apenas pelos comen- tários de José Dias, o que lhe torna a ca- racterização muito subjetiva. e) O amado de Capitu não conseguir enxer- gar nela características mais precisas e menos misteriosas, o que o faz descrevê- -la de forma bastante idealizada 2. Quincas Borba mal podia encobrir a satisfa- ção do triunfo. Tinha uma asa de frango no prato, e trincava-a com filosófica serenidade. Eu fiz-lhe ainda algumas objeções, mas tão frouxas, que ele não gastou muito tempo em destruí-las. —Para entender bem o meu sistema, con- cluiu ele, importa não esquecer nunca o princípio universal, repartido e resumido em cada homem. Olha: a guerra, que parece uma calamidade, é uma operação conve- niente, como se disséssemos o estalar dos dedos de Humanitas; a fome (e ele chupava filosoficamente a asa do frango), a fome é uma prova a que Humanitas submete a pró- pria víscera. Mas eu não quero outro docu- mento da sublimidade do meu sistema, se- não este mesmo frango. Nutriu-se de milho, que foi plantado por um africano, suponha- mos, importado de Angola. Nasceu esse afri- cano, cresceu, foi vendido; um navio o trou- xe, um navio construído de madeira cortada no mato por dez ou doze homens, levado por velas, que oito ou dez homens teceram, sem contar a cordoalha e outras partes do aparelho náutico. Assim, este frango, que eu almocei agora mesmo, é o resultado de uma multidão de esforços e lutas, executadas com o único fim de dar mate ao meu apetite. ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Civilização Brasiliense, 1975. A filosofia de Quincas Borba – a Humanitas –contém princípios que, conforme a expla- nação do personagem, consideram a coope- ração entre as pessoas uma forma de a) lutar pelo bem da coletividade. b) atender a interesses pessoais. c) erradicar a desigualdade social. d) minimizar as diferenças individuais. e) estabelecer vínculos sociais profundos. 3. Tinham uma perspectiva biológica do mundo reduzindo, muitas vezes, o homem à con- dição animal, colocando o instinto sobre a razão. Os aspectos desagradáveis e repul- sivos da condição humana são valorizados, como uma forma de reação ao idealismo ro- mântico. OLIVEIRA, Clenir Bellezi de. Arte Literária: Portugal / Brasil. São Paulo: Moderna, 1999. 4 Linguagens, Códigos e suas tecnologias - LITERATURA c) trazem uma crítica aos aspectos anima- lescos próprios do homem, mas, por ou- tro lado, revelam uma forma de Pombinha submeter a muitos deles para obter van- tagens: eis aí um princípio do Realismo rechaçado no Naturalismo. d) constroem uma visão de mundo e do ho- mem idealizada, o que, em certa medida, afronta o referencial em que se baseia a prosa naturalista, que define o homem como fruto do meio, marcado pelo apelo dos seus sentidos. e) consubstanciam a concepção naturalista de que o homem é um animal, preso aos instintos e, no que dizem respeito à sexu- alidade, vê-se que Pombinha considera a mulher superior ao homem, e esse co- nhecimento é uma forma de se obterem vantagens. 5. O Realismo e o Naturalismo são movimen- tos surgidos na segunda metade do século XIX, marcado por transformações econômi- cas, científicas e ideológicas. Sobre esses dois movimentos, assinale a al- ternativa incorreta. a) Para o escritor realista, a neutralidade diante do tema é imprescindível. Para isso, usa a narrativa em terceira pessoa. O naturalista observa também esse prin- cípio, acrescentando uma aproximação das ciências experimentais e da filosofia positivista. b) O realismo brasileiro teve poucos segui- dores e uma de suas figuras marcan- tes foi Machado de Assis. Euclides da Cunha, com “Os Sertões”, foi outra figura de destaque no movimento. c) O Naturalismo é considerado um pro- longamento do Realismo, pois assume todos os princípios e as características deste, acrescentando-lhe, no entanto, uma visão cientificista da existência. No Brasil, o Naturalismo foi iniciado por Aluí- sio de Azevedo, que publicou “O Mulato”, “Casa de Pensão” e “O Cortiço”. d) Ambos, Machado de Assis e Aluísio de Azevedo, iniciaram-se na estética român- tica. Posteriormente, o primeiro seguiu a estética realista, e o segundo, a estética naturalista. e) A fase realista de Machado de Assis pode ser observada nos seus contos e roman- ces. Entre eles, se destacam “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Quincas Bor- ba” e “Dom Casmurro”, obras em que abordou temas como o adultério, o para- sitismo social, a loucura e a hipocrisia. 6. “E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, e esfervilhar, a crescer, um mun- do, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lamei- ro, a multiplicar-se como larvas no esterco.” O fragmento de “O cortiço”, romance de Alu- ísio Azevedo, apresenta uma característica fundamental do Naturalismo, a qual é a) Uma compreensão psicológica do Ho- mem. b) Uma compreensão biológica do Mundo. c) Uma concepção idealista do Universo. d) Uma concepção religiosa da Vida. e) Uma visão sentimental da Natureza. 7. Pode-se entender o Naturalismo como uma particularização do Realismo que: a) se volta para a Natureza a fim de anali- sar-lhe os processos cíclicos de renova- ção. b) pretende expressar com naturalidade a vida simples dos homens rústicos nas co- munidades primitivas. c) defende a arte pela arte, isto é, desvin- culada de compromissos com a realidade social. d) analisa as perversões sexuais, conde- nando-as em nome da moral religiosa. e) estabelece um nexo de causa e efeito en- tre alguns fatores sociológicos e biológi- cos e a conduta das personagens. 8. “Com efeito, um dia de manhã, estando a passear na chácara, pendurou-me uma ideia no trapézio que eu tinha no cérebro. Uma vez pen durada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cabriolas de vola- tim, que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito, deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro-te.” Memórias póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis Sobre o texto mostrado, pode-se dizer que: a) o autor faz uma abordagem superficial da situação. b) o autor preocupa-se com os detalhes, por meio de minuciosa descrição. c) o autor dá relevância a outras circunstân- cias, negligenciando o foco do assunto. d) o autor não mostra preocupação com o discer nimento do leitor, pois apenas su- gere situações. e) contempla a si próprio,num ritual ego- cêntrico e narcisista 55 LITERATURA - Linguagens, Códigos e suas tecnologias 9. “Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto que o uso vulgar seja co meçar pelo nascimento, duas con- siderações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou pro- priamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; o segundo é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo.” “Memórias póstumas de Brás Cubas” – Machado de Assis Essa é a abertura do famoso romance de Machado de Assis. Dentro desse contexto, já dá para se ver o tipo de narrativa que será explorada. Assinale a alternativa correta a esse respeito. a) A narrativa decorre de forma cronologi- camente correta, de acordo com a passa- gem do tempo: infância, juventude, matu- ridade e velhice. b) A linearidade das ações apresenta ce- nas de suspense, dado o comportamento inusi tado dos personagens. c) Não há como prever o final da narrati va, já que seu enredo é, propositadamente, complicado. d) A ação terá, como cenário, os diversos centros cosmopolitas do mundo. e) O autor usa o recurso do flashback devi- do a sua intenção de iniciar o romance pelo “fim”. 10. A PÁTRIA Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! Criança! não verás nenhum país como este! Olha que céu! que mar! que rios! que floresta! A Natureza, aqui, perpetuamente em festa, É um seio de mãe a transbordar carinhos. Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos, Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos! Vê que luz, que calor, que multidão de insetos! Vê que grande extensão de matas, onde impera Fecunda e luminosa, a eterna primavera! Boa terra! jamais negou a quem trabalha O pão que mata a fome, o teto que agasalha... Quem com o seu suor a fecunda e umedece, Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece! Criança! não verás país nenhum como este: Imita na grandeza a terra em que nasceste! (Olavo Bilac) As estéticas literárias, embora costumem ser datadas nos livros didáticos com início e término pós-determinados, não se dei- xam aprisionar pela rigidez cronológica. Assinale o comentário adequado em relação à expressão estética do poema “A Pátria” de Olavo Bilac (1865-1918). a) O poema transcende a estética parnasia- na ao tratar a temática da exaltação da terra, segundo a estética romântica. b) O poema exemplifica os preceitos da es- tética parnasiana e valoriza a forma na expressão comedida do sentimento na- cional. c) O poema se antecipa ao discurso crítico da identidade nacional - tema central da estética modernista. d) O poema se insere nas fronteiras rígidas da estética parnasiana, dando ênfase à permanência do ideário estético, no eixo temporal das escolas literárias. e) O poema reflete os valores essenciais e perenes da realidade, distanciando-se de um compromisso com a afirmação da na- cionalidade. 11. Mal Secreto Se a cólera que espuma, a dor que mora N’aIma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse; Se se pudesse, o espirito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! Quanta gente que ri, talvez, consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa! (CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasilia: Alhambra, 1995.) Coerente com a proposta parnasiana de cui- dado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento re- vela que: a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada. b) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social. c) a capacidade de perdoar e aceitar as dife- renças neutraliza o sentimento de inveja. d) o instinto de solidariedade conduz o indiví- duo a apiedar-se do próximo. e) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social. 6 Linguagens, Códigos e suas tecnologias - LITERATURA 12. Vaso grego Esta, de áureos relevos, trabalhada De divas mãos, brilhante copa, um dia, Já de aos deuses servir como cansada, Vinda do Olimpo, a um novo deus servia. Era o poeta de Teos que a suspendia Então e, ora repleta ora esvazada, A taça amiga aos dedos seus tinia Toda de roxas pétalas colmada. Depois... Mas o lavor da taça admira, Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas Finas hás de lhe ouvir, canora e doce, lgnota voz, qual se da antiga lira Fosse a encantada música das cordas, Qual se essa a voz de Anacreonte fosse. Alberto de Oliveira. Poesias completas. In: Crítica. Marco Aurélio de Mello Reis. Rio de Janeiro: EDUERJ, 197. p.144. A partir da leitura do soneto Vaso grego, as- sinale a opção correta a respeito do trata- mento estético conferido aos mitos antigos pela poética parnasiana. a) A recorrência a temas mitológicos atraía o leitor comum e amenizava os efeitos de distanciamento impostos a ele pelo re- buscamento da linguagem parnasiana. b) Os mitos antigos são atualizados na poe- sia parnasiana e recebem um significado poético novo, que promove a ruptura efe- tiva com o passado e a tradição mítica. c) O tratamento estético dos mitos gregos na poesia parnasiana aproxima o antigo mundo mitológico dos problemas imedia- tos e concretos da vida social brasileira. d) A presença de elementos da arte e da mitologia gregas no soneto apresentado está de acordo com uma máxima do Par- nasianismo: a arte pela arte. e) O rebuscamento da linguagem parnasia- na buscava aplacar os efeitos sociais da literatura da época. 13. Arte suprema Tal como Pigmalião, a minha ideia Visto na pedra: talho-a, domo-a, bato-a; E ante os meus olhos e a vaidade fátua Surge, formosa e nua, Galateia. Mais um retoque, uns golpes… e remato-a; Digo-lhe: “Fala!”, ao ver em cada veia Sangue rubro, que a cora e aformoseia… E a estátua não falou, porque era estátua. Bem haja o verso, em cuja enorme escala Falam todas as vozes do universo, E ao qual também arte nenhuma iguala: Quer mesquinho e sem cor, quer amplo e terso, Em vão não é que eu digo ao verso: “Fala!” E ele fala-me sempre, porque é verso. SILVA, Júlio César da. Arte de amar. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1961. O soneto “Arte suprema” apresenta as ca- racterísticas comuns da poesia parnasiana. Assinale a alternativa em que as caracterís- ticas descritas se referem ao Parnasianismo. a) Busca da objetividade, preocupação acentuada com o apuro formal, com a rima, o ritmo, a escolha dos vocábulos, a composição e a técnica do poema. b) Tendência para a humanização do sobrenatural, com a oposição entre o homem voltado para Deus e o homem voltado para a terra. c) Poesia caracterizada pelo escapismo, ou seja, pela fuga do mundo real para um mundo ideal caracterizado pelo sonho, pela solidão, pelas emoções pessoais. d) Predomínio dos sentimentos sobre a ra- zão, gosto pelas ruínas e pela atmosfera de mistério. e) Poesia impregnada de religiosidade e que faz uso recorrente de sinestesias. 14. Cárcere das almas Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, Soluçando nas trevas, entre as grades Do calabouço olhando imensidades, Mares, estrelas, tardes, natureza. Tudo se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as liberdades Sonha e, sonhando, as imortalidades Rasga no etéreo o Espaço da Pureza. Ó almas presas, mudas e fechadas Nas prisões colossais e abandonadas, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?! (CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: FundaçãoCatarinense de Cultura /Fundação Banco do Brasil, 1993.) Os elementos formais e temáticos relaciona- dos com o contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são: a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos. b) a prevalência do lirismo amoroso e inti- mista em relação à temática nacionalista. c) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas univer- sais. d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras. e) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicio- nais em favor de temas do cotidiano. 77 LITERATURA - Linguagens, Códigos e suas tecnologias 15. Do léxico de Cruz e Sousa, especialmente o dos primeiros livros, já se disse que, além da presença explicável de termos litúrgicos, traía a obsessão do branco, fator comum a tantas de suas metáforas (…) Ao que se pode acrescer a não menor frequência de objetos luminosos ou translúcidos. (Alfredo Bosi, História Concisa da Literatura Brasileira) Os versos que confirmam de modo mais pre- ciso as características apontadas no texto são: a) Ó Formas alvas, brancas. Formas claras De luares, de neves, de neblinas!... Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras... (“Antífona”) b) Para as Estrelas de cristais gelados As ânsias e os desejos vão subindo, Galgando azuis e siderais noivados De nuvens brancas a amplidão vestindo. (“Siderações”) c) Nesse lábio mordente e convulsivo, Ri, ri risadas de expressão violenta O Amor, trágico e triste, e passa, lenta, A morte, o espasmo gélido, aflitivo... (“Lésbia”) d) Alma! Que tu não chores e não gemas, Teu amor voltou agora. Ei-lo que chega das mansões extremas, Lá onde a loucura mora! (“Ressurreição”) e) As minhas carnes se dilaceraram E vão, das llusões que flamejaram, Com o próprio sangue fecundando as terras...(“Clamando”) 16. “Hão de chorar por ela os cinamomos, Murchando as flores ao tombar do dia. Dos laranjais hão de cair os pomos, Lembrando-se daquela que os colhia.” Uma das linhas temáticas da poesia de Al- phonsus de Guimaraens, como se observa no exemplo, é a: a) amada morta b) religiosidade profunda c) transfiguração do amor d) atmosfera litúrgica e) paisagem mariana 17. “E fria, fluente, frouxa claridade flutua como as brumas de um letargo” Nestes versos de Cruz e Sousa encontra-se um dos traços característicos do estilo sim- bolista: a) utilização do valor sugestivo da música e da cor. b) rima aproximativa: uso de aliterações. c) presença de onomatopeia. d) uso de antinomia. e) emprego de expressões arcaicas. Texto para responder às questões 18 e 19 “Iria morrer, quem sabe naquela noite mes- mo? E que tinha ele feito de sua vida? nada. Levara toda ela atrás da miragem de estudar a pátria, por amá-la e querê-la muito bem, no intuito de contribuir para a sua felicidade e prosperidade. Gastara a sua mocidade nis- so, a sua virilidade também; e, agora que es- tava na velhice, como ela o recompensava, como ela o premiava, como ela o condena- va? matando-o. E o que não deixara de ver, de gozar, de fruir, na sua vida? Tudo. Não brincara, não pandegara, não amara – todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele não vira, ele não provara, ele não experimentara. Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de es- tudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois se fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas causas de tupi, do folclore, das suas tentativas agrícolas... Restava disto tudo em sua alma uma sofisti- cação? Nenhuma! Nenhuma!” (Lima Barreto) 18. As obras do autor desse trecho integram o período literário chamado Pré-Modernismo. Tal designação para este período se justifica, porque ele: a) desenvolve temas do nacionalismo e se liga às vanguardas europeias. b) engloba toda a produção literária que se fez antes do Modernismo. c) antecipa temática e formalmente as ma- nifestações modernistas. d) se preocupa com o estudo das raças e das culturas formadoras do nordestino brasileiro. e) prepara pela irreverência de sua lingua- gem as conquistas estilísticas do Moder- nismo. 19. “Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor da Pátria tomou-o todo inteiro. Não fora o amor comum, palrador e vazio; fora um sentimento sério, grave e ab- sorvente. ( … ) o que o patriotismo o fez pen- sar, foi num conhecimento inteiro de Brasil. ( … ) Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalis- mo: Quaresma era antes de tudo brasileiro.” (BARRETO, Lima. “Triste fim de Policarpo Quaresma”. São Paulo: Scipione, 1997.) 8 Linguagens, Códigos e suas tecnologias - LITERATURA Este fragmento de “Triste Fim de Policarpo Quaresma” ilustra uma das características mais marcantes do Pré-Modernismo que é o: a) Desejo de compreender a complexa rea- lidade nacional. b) nacionalismo ufanista e exagerado, her- dado do Romantismo. c) resgate de padrões estéticos e metafísi- cos do Simbolismo. d) nacionalismo utópico e exagerado, her- dado do Parnasianismo. e) subjetivismo poético, tão bem represen- tado pelo protagonista. 20. Para responder à questão, leia o fragmento do conto “Negrinha”, de Monteiro Lobato. “Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados. Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primei- ros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças. ………………………………………………… E tudo se esvaiu em trevas. Depois, vala comum. A terra papou com indiferença aquela carnezinha de terceira – uma miséria, trinta quilos mal pesados… E de Negrinha ficaram no mundo apenas duas impressões. Uma cômica, na memória das meninas ricas. – “Lembras-te daquela bobinha da titia, que nunca vira boneca?” Outra de saudade, no nó dos dedos de dona Inácia. – “Como era boa para um cocre!…” .....……………………………………………… Considerando o fragmento anterior, é correto afirmar: a) Em “Negrinha”, conto-título de livro de Monteiro Lobato, editado em 1920, o au- tor apresenta, de forma crítica e mordaz, o tratamento cruel a que é submetida a pe- quena escrava, maltratada até a morte. b) Para o pré-modernista Monteiro Lobato, a infância é um período a ser celebrado pela alegria e vontade de viver, tema que ani- ma o conto “Negrinha”. c) Como escritor romântico, Monteiro Lobato cria a personagem Negrinha como aquela que dá alegrias a Dona Inácia, sua patroa, por estar sempre a seu lado. d) Negrinha é uma das personagens mais marcantes da literatura infantil de Monteiro Lobato, o autor que inaugurou o gênero no Brasil. e) No conto “Negrinha”, Monteiro Lobato re- lembra uma pequena companheira de in- fância, vizinha das terras de seu avô. 21. Texto I O Morcego Meia-noite. Ao meu quarto me recolho. Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: Na bruta ardência orgânica da sede, Morde-me a goela ígneo e escaldante molho. “Vou mandar levantar outra parede...” Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho, Circularmente sobre a minha rede! Pego de um pau. Esforços faço. Chego A tocá-lo. Minh’alma se concentra. Que ventre produziu tão feio parto?! A Consciência Humana é este morcego! Por mais que a gente faça, à noite, ele entra Imperceptivelmente em nosso quarto! ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994. Texto II O lugar-comum em que se converteu a ima- gem de um poeta doentio, com o gosto do macabro e do horroroso, dificulta que se veja, naobra de Augusto dos Anjos, o olhar clínico, o comportamento analítico, até mesmo certa frieza, certa impessoalidade científica. CUNHA, F.Romantismo e modernidade na poesia. Rio de Janeiro: Cátedra, 1988 (adaptado). Em consonância com os comentários do tex- to II acerca da poética de Augusto dos Anjos, o poema O morcego apresenta-se, enquanto percepção do mundo, como forma estética capaz de a) Reencantar a vida pelo mistério com que os fatos banais são revestidos na poesia. b) Expressar o caráter doentio da sociedade moderna por meio do gosto pelo macabro. c) Representar realisticamente as dificulda- des do cotidiano sem associá-lo a refle- xões de cunho existencial. d) Abordar dilemas humanos universais a partir de um ponto de vista distanciado e analítico acerca do cotidiano. e) Conseguir a atenção do leitor pela inclu- são de elementos das histórias de horror e suspense na estrutura lírica da poesia. 22. As Vanguardas europeias são movimentos artísticos e culturais, com repercussão em muitas escolas literárias brasileiras. Pode-se, inclusive, afirmar que elementos constitutivos das Vanguardas estão presentes em autores e obras da estética literária modernista. Sendo assim, diante dessa afirmativa, assi- nale a alternativa CORRETA. a) As chamadas Vanguardas europeias fo- ram importantes para os movimentos cul- turais do início do século XX. No entanto, no Brasil, há um consenso entre os estu- diosos da literatura que essas Vanguar- das em nada nos influenciaram. 99 LITERATURA - Linguagens, Códigos e suas tecnologias b) O Dadaísmo, uma das chamadas Van- guardas europeias, defendia que somen- te a associação entre todas as tendên- cias vanguardistas poderia resultar em avanços importantes para as artes e para a cultura de um modo geral. c) Temáticas oriundas dos estudos freudia- nos como fantasia, sonho, ilusão, loucu- ra estão presentes em obras surrealis- tas. Nas artes plásticas, Salvador Dali (1904/1989) é um dos principais repre- sentantes dessa Vanguarda. d) Mário de Andrade e Oswald de Andrade, participantes da Semana de Arte Moder- na, em muitas ocasiões, negaram a rela- ção existente entre as Vanguardas euro- peias e os valores e as motivações das obras modernistas brasileiras. e) Há uma relação intensa entre Futurismo e Cubismo. Tanto uma quanto a outra têm os mesmos interesses e objetivos e em nada se diferenciam, exceto quando se relacionam com a arte literária. 23. PICASSO, P. Guernica . Óleo sobre tela. 349 × 777 cm. Museu Reina Sofia, Espanha, 1937. O pintor espanhol Pablo Picasso (1881- 1973), um dos mais valorizados no mundo artístico, tanto em termos financeiros quanto históricos, criou a obra Guernica em protesto ao ataque aéreo à pequena cidade basca de mesmo nome. A obra, feita para integrar o Salão Internacional de Artes Plásticas de Pa- ris, percorreu toda a Europa, chegando aos EUA e instalando-se no MoMA, de onde sai- ria apenas em 1981. Essa obra cubista apre- senta elementos plásticos identificados pelo: a) Painel ideográfico, monocromático, que enfoca várias dimensões de um evento, renunciando à realidade, colocando-se em plano frontal ao espectador. b) Horror da guerra de forma fotográfica, com o uso da perspectiva clássica, envol- vendo o espectador nesse exemplo bru- tal de crueldade do ser humano. c) Uso das formas geométricas no mesmo plano, sem emoção e expressão, despre- ocupado com o volume, a perspectiva e a sensação escultórica. d) Esfacelamento dos objetos abordados na mesma narrativa, minimizando a dor hu- mana a serviço da objetividade, observa- da pelo uso do claro-escuro. e) Uso de vários ícones que representam personagens fragmentados bidimensio- nalmente, de forma fotográfica livre de sentimentalismo. 24 O movimento que ficou conhecido como Fau- vismo tinha como maior representante Henri Matisse, autor da tela “A dança”, de 1910. A dança, de Henri Matisse Essa foi uma vanguarda que tinha como ca- racterísticas: a) A fragmentação das figuras, buscando um entendimento da realidade em várias dimensões. b) O abstracionismo, revelando a natureza de formas e cores, sem a preocupação com a representação. c) A arbitrariedade cromática e a simplifica- ção das formas. d) A busca da representação das cores da forma como se apresentam na natureza. e) A influência da arte futurista, valorizando o dinamismo e a velocidade. 25. Dali, S. Aparição de rosto e fruteira numa praia. 1938. Óleo sobre tela “Nos sonhos, com frequência experimenta- mos a sensação de que as pessoas e ob- jetos se fundem e trocam de lugar. Nosso gato pode ser ao mesmo tempo nossa tia, e o nosso jardim pode ser a África.” Gombrich, E.H. A História da Arte. Tradução de Álvaro Cabral, Rio de Janeiro, LTC – Livros Técnicos e Científicos. Editora S.A. 16. ed. p. 592. 10 Linguagens, Códigos e suas tecnologias - LITERATURA A relação observada entre o texto e a ima- gem permite o entendimento e a intenção do artista do século XX. Neste caso, a obra apresenta características a) Do Cubismo, onde figura e fundo se fun- dem em um mesmo plano e o artista tra- balha apenas em duas dimensões, sem se preocupar com a perspectiva matemática. b) Do Surrealismo, pois o artista desse mo- vimento vai representar o mundo dos so- nhos e do inconsciente em formas abstra- tas, criando composições surpreendentes. c) Do Expressionismo, com a representação dos sentimentos e sem a preocupação com as formas clássicas, os elementos da pintura representam o interior dos artistas. d) Do Surrealismo, misturando nas telas frag- mentos surpreendentes e disparatados do mundo real, pintados com a mesma deta- lhada precisão dos pintores Neoclássicos. e) Do Cubismo, apresentando formas sinté- ticas e geometrizadas, comuns no século XX, mas que podem ser entendidas como a expressão do ponto de vista do artista. 26. AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB//USP O modernismo brasileiro teve forte influên- cia das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira de- finitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que, nas artes plásticas, a a) Imagem passa a valer mais que as for- mas vanguardistas. b) Forma estética ganha linhas retas e valo- riza o cotidiano. c) Natureza passa a ser admirada como um espaço utópico. d) Imagem privilegia uma ação moderna e industrializada. e) Forma apresenta contornos e detalhes humanos.
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