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5 Silvicultura-Panorama_Nacional_PDF

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA 
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA 
LABORATÓRIO DE ECOLOGIA VEGETAL 
TEXTO DE APOIO ÀS AULAS DE SILVICULTURA 
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Prof. Leonaldo Alves de Andrade 
Doutor em Ciência Florestal 
 
 
Silvicultura: Abordagem Geral do Panorama Brasileiro 
 
Conceito: 
Silvicultura é a ciência que se ocupa do cuidado, aproveitamento e manutenção racional 
das florestas, em função dos interesses ecológicos, científicos, econômicos e sociais de que elas são 
objeto. Seu objetivo principal é cultivar povoamentos florestais que satisfaçam às necessidades do 
mercado e produzam riqueza, garantindo a continuidade e a boa qualidade da produção. De natureza 
multidisciplinar, a silvicultura interessa a várias áreas como a botânica e a ecologia, entre outras, e 
não produz apenas matéria básica para o homem: é fundamental também para o equilíbrio do 
planeta, tanto pela variedade de seres que as florestas abrigam, como por sua influência no clima e 
na conservação do solo e dos recursos hídricos. 
A silvicultura engloba a formação, a manutenção e o manejo de florestas nativas e 
plantadas. Já o termo "setor florestal", mais amplo, inclui desde o segmento de máquinas e insumos 
agrícolas, passando pela silvicultura em si, até o processamento e a comercialização de produtos 
que utilizam matéria-prima florestal. Dentre esses produtos, destacam-se a madeira para atividades 
industriais, papel e celulose, carvão vegetal, resina e essências, entre outros. 
As florestas brasileiras ocupam uma área de aproximadamente 544 milhões de hectares, 
com mais de sete bilhões de árvores plantadas (Fonte: IBGE). A silvicultura brasileira é considerada 
uma das mais ricas do planeta, devido à sua biodiversidade, às variações dos fatores edafo-
climáticos e à boa adaptação dos materiais genéticos introduzidos. Ainda assim, o potencial deste 
setor é sub-aproveitado no país. Prova disso é a previsão, pelo próprio governo, do chamado 
"apagão florestal" que o País estaria na iminência de sofrer. 
O setor florestal responde por aproximadamente 4% do PIB nacional, o equivalente a US$ 
23 bilhões por ano. Representa cerca de 8,5% das exportações totais do país, ou US$ 5,6 bilhões, 
produzindo um saldo líquido positivo de US$ 4 bilhões, segundo dados da Sociedade Brasileira de 
Silvicultura (SBS). 
Internamente, o setor recolhe R$ 4 bilhões em impostos. Gera cerca de sete milhões de 
postos de trabalhos, sendo 2,2 milhões de empregos no campo e na indústria de base florestal 
(Fonte: SBS). 
 A silvicultura ainda traz várias vantagens ambientais, que se somam aos benefícios 
econômicos e sociais já mencionados. Por exemplo: proteção do solo, decorrente da camada de 
folhas depositada e do sistema radicular que segura a terra; manutenção do lençol freático; absorção 
de gás carbônico, principal causador do efeito estufa; substituição do carvão mineral pelo vegetal, 
entre outros que contribuem para a melhoria da qualidade de vida das populações do campo e da 
cidade. 
Considerações Gerais sobre a Silvicultura Brasileira 
 
A produção primária florestal do Brasil, em 2002, somou R$ 5,967 bilhões. Segundo o 
IBGE, o segmento da silvicultura contribuiu com 52% e o extrativismo vegetal com 48% desse 
total. O extrativismo madeireiro gerou 79% do valor total da produção da extração vegetal, 
enquanto o não-madeireiro contribuiu com 21%. 
A silvicultura brasileira pode ser considerada uma das mais ricas em todo o planeta, tendo 
em vista a biodiversidade encontrada, as variações dos fatores edafo-climáticos e a boa adaptação 
de materiais genéticos introduzidos. Num país de extensões territoriais como as do Brasil, onde a 
variação climática é muito grande, uma das tarefas mais difíceis é exatamente a escolha do gênero e 
da espécie a serem cultivados. Tomando como exemplo o gênero Eucalyptus, tem-se observado 
uma grande variação de espécies: ao sul predominam espécies de maior tolerância ao frio, como E. 
dunnii e nitens; já na região leste e centro oeste, a predominância ocorre com o E. grandis, saligna e 
urophylla, ou híbridos destas espécies. 
 
 
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS FLORESTAIS 
 
 Há várias experiências bem-sucedidas de agricultores familiares, ongs, associações 
comunitárias e empresariais, na tentativa de recuperar áreas alteradas na Amazônia Brasileira. São 
iniciativas que aliam o desenvolvimento local à sustentabilidade ambiental, destacando-se a 
implementação de sistemas agroflorestais, a eliminação do fogo na agricultura, a valorização e 
melhor uso das capoeiras (vegetação secundária), além do beneficiamento e comercialização de 
produtos não-madeireiros. 
 Hoje a Amazônia Brasileira possui 330 milhões de hectares, dos quais cerca de 58 milhões 
estão desmatados. O projeto Revisão das Experiências de Recuperação de Áreas Alteradas na 
Amazônia Brasileira, que tem o apoio do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e do 
Museu Paraense Emílio Goeldi, iniciou em março de 2003 e já catalogou 356 experiências grupais 
ou isoladas na região, apesar de existirem muito mais experiências sem registros. De acordo com o 
pesquisador Everaldo Almeida, do convênio Embrapa/Cifor "estudo semelhante é feito em mais seis 
países da Ásia e América do Sul, identificando, validando e difundindo iniciativas já consolidadas". 
 O projeto tem como principal foco a região do arco do desmatamento, hoje a mais 
deflorestada da Amazônia. Ela abrange o nordeste do Estado do Pará, o sudoeste do Maranhão, o 
norte do Mato Grosso e o noroeste de Rondônia. Na região, predominam as atividades madeireira, 
pecuária e agrícola, em modelos que levam ao uso exaustivo do solo e à derrubada da floresta. "É 
nesta região que programas de recuperação de áreas alteradas devem dedicar mais esforços", afirma 
Everaldo Almeida. 
 Uma das experiências é a "Roça sem queimar", que atua em 11 municípios da 
Transamazônica. O objetivo é substituir a agricultura de corte e queima por um uso mais racional 
do solo. Em três anos de atuação, a iniciativa — liderada pela Fundação Viver, Produzir, Preservar 
— abrange 150 famílias. 
 Na Vila Nova Califórnia, fronteira entre Acre e Rondônia, uma iniciativa está sendo 
considerada "uma das mais promissoras da Região Amazônica", segundo Everaldo Almeida. É o 
Projeto Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado (Reca), que implementou o plantio 
consorciado de espécies florestais com culturas agrícolas (perenes ou anuais), os chamados 
Sistemas Agroflorestais (SAFs). Cerca de 300 pequenos produtores rurais já dedicaram parte de 
suas terras aos SAFs, que contribuem com 74% da renda anual das famílias, através da 
comercialização dos produtos. 
 Everaldo Almeida explica que "vários modelos de sistemas agroflorestais foram implantados 
na região de acordo com as necessidades dos agricultores e com os recursos disponíveis. O primeiro 
modelo foi o plantio consorciado de cupuaçu, castanha e pupunha. Em seguida, a pupunha foi 
consorciada com várias espécies florestais, como mogno, paricá, feijó, copaíba e andiroba. E, por 
último, foram incentivados os quintais agroflorestais" 
 Para que experiências como essas dêem certo, o grupo de técnicos do Cifor e da Embrapa 
atestou que o comprometimento do produtor é fundamental e uma infraestrutura mínima local é 
indispensável. Assistência técnica, beneficiamento agroindustrial, vias de escoamento da produção 
e mercado são alguns dos pré-requisitos para a sustentabilidade das iniciativas. "O pequeno 
produtor não deve depender de uma única prática de uso da terra, uma vez que a renda depende 
diretamente do que oferece seu lote. Quanto mais diversificado for seu sistema de produção, melhor 
será o resultado. As experiências do Reca, e de tantas outras têm dado provas disso", afirma o 
pesquisador. 
 
MANEJO FLORESTAL OU SILVICULTURA? 
 
 Apesar da ênfase com que o manejo florestal tem sido colocado como a solução para a 
extração madeireira na Amazônia,a definição de uma política de estímulo ao reflorestamento é 
mais do que urgente. Algumas iniciativas de reflorestamento no Mato Grosso, Maranhão, Amapá, 
Pará e Rondônia, constituem sinais indicativos dessa tendência que devem merecer maior atenção. 
 O volume de exportação de madeira no Pará que já chegou a atingir quase 350 milhões de 
dólares em 1995 mostra a importância que devemos dar a esse setor e sua conseqüente 
verticalização, com capacidade de triplicar esse valor. A manutenção da indústria madeireira e a sua 
verticalização vão depender da garantia do fornecimento contínuo e crescente de madeira a preços 
competitivos. À medida que o acesso aos estoques de madeira extrativa torna-se distantes, os custos 
de transportes tendem a inviabilizar essa atividade. Outro aspecto é que o crescimento da oferta de 
madeira extrativa vai depender do acesso a novas áreas, cada vez mais difíceis no contexto das 
políticas ambientais. 
 A implantação de guseiras no complexo Carajás, no Pará e Maranhão, indica uma demanda 
potencial de 30.000 hectares/ano de eucalipto para a produção de carvão vegetal. Para essa 
atividade, a sua sobrevivência no longo prazo, não pode depender da atual utilização de carvão 
vegetal de florestas nativas cada vez mais distantes. Dessa forma, grande parte de iniciativas de 
reflorestamento no Sul do Pará e Maranhão, devem avançar nesse sentido. 
 O mercado de papel e celulose deve constituir em outro estímulo para o reflorestamento na 
Amazônia. O Projeto Jari iniciado em 1967 proporcionou grande experiência com plantios de 
gmelina, pinus e eucalipto, com a dominância atual dessa última, colocando o Pará e Amapá, como 
produtoras de pasta química de madeira, a partir de 1978. O volume máximo de exportação desse 
produto no Pará já chegou a atingir mais de 142 milhões de dólares em 1995. A entrada da 
Champion, no Amapá, é uma indicação da tendência das indústrias de papel e celulose se dirigirem 
em direção a Amazônia. A escassez e o custo das terras no Sudeste e Sul do País, aliando a maiores 
pressões com relação à poluição, tendem a transferir essas indústrias para regiões com 
disponibilidade de terras a baixo custo, menores pressões com a qualidade ambiental e infra-
estrutura de transporte estejam disponíveis. 
 No contexto mundial, o Brasil produz metade de celulose de fibra curta (eucalipto), sétimo 
de celulose (fibra curta e longa) e décimo–primeiro de papel. Para atender ao consumo interno e de 
exportação há necessidade do País plantar nos próximos cinco anos, pelo menos três milhões de 
hectares de árvores de rápido crescimento. 
 Maranhão, Tocantins e Mato Grosso situado na borda da floresta amazônica, já começam a 
sentir a escassez de madeira para construções rurais (cercas, currais, casas, etc.), lenha para 
fabricação de farinha e para cozinha, entre outros. Mesmo no Pará, que se tornou em primeiro lugar 
nacional na produção de mandioca, nas regiões produtoras do nordeste paraense, os produtores de 
farinha já encontram grande dificuldade em conseguir lenha para torrar a farinha. É importante, que 
nessas áreas produtoras de farinha, sejam efetuados programa de reflorestamento para garantir lenha 
para atender as necessidades de produção de farinha de mandioca, que chega a representar 10% do 
seu custo de produção. 
 O reflorestamento para produção de madeiras nobres e para compensados pode constituir em 
grande opção futura, substituindo a totalidade do atual extrativismo madeireiro. Grandes plantações 
de teca, madeira de origem asiática, com preços três vezes superiores ao mogno, estão sendo 
desenvolvidos, principalmente, em Mato Grosso, nos municípios de Cáceres e Jangada. No Pará, é 
de destacar o excelente plantio de 300 hectares de mogno em Paragominas, bem como em 
Medicilândia, de um produtor gaúcho, que por iniciativa própria resolveu plantar consorciado com 
cacau, no início da década de 70, contrariando as normas então vigentes. Se todos os produtores de 
cacau na Transamazônica (30.000 hectares) tivessem plantado mogno, hoje, a região seria 
totalmente diferente. 
 Um exercício hipotético ressalta a importância do reflorestamento com madeiras nobres, 
cujos estoques naturais tem seus dias contados. Como as exportações de mogno serrado no Brasil já 
atingiram 250.000 metros cúbicos, considerando que uma árvore de mogno poderia produzir 1,5 
metro cúbico de madeira depois de 40 anos, adotando-se um espaçamento 6m x 6m, o que daria 277 
árvores/hectare, indicaria que seriam necessários apenas 40.000 hectares de plantio, com corte anual 
de 1.000 hectares. 
 Essa área, na Amazônia poderia ser conduzida com toda facilidade por 40 empresários que 
dispusessem plantar cada um mil hectares. Se considerar a adoção de sistemas agroflorestais, na 
perspectiva de sua difusão para pequenos produtores, com menor densidade de árvores de mogno, 
essa área poderia ser triplicada ou quadruplicada, em torno de 120.000 a 160.000 hectares, envolver 
um público de 60.000 a 80.000 pequenos produtores que seriam estimulados a plantar dois hectares 
de mogno ou outra espécie madeireira nobre em suas propriedades. 
 Há, sem dúvida, desafios tecnológicos relativos à domesticação, que precisam ser vencidos, 
para que o reflorestamento torne uma nova atividade na Amazônia. Além dos estímulos financeiros 
apropriados, a convivência com a prática da agricultura de derruba e queima, constitui um grande 
risco de incêndio para o reflorestamento que precisa ser eliminado. Os exemplos desse risco estão 
visíveis em diversas partes da Amazônia, como as experiências do ex-Centro Agroambiental do 
Tocantins, em Marabá, no plantio em Redenção, entre outros. As Prefeituras deveriam tomar a 
frente iniciativas no sentido de fornecer mudas de espécies florestais para os pequenos produtores, 
pela sua facilidade e da oportunidade de recuperação de áreas degradadas. O baixo custo de 
programas dessa natureza, podem fazer com que depois de 20 a 30 anos, os municípios passem a 
contar com inestimável riqueza florestal. 
 As indústrias madeireiras, especialmente, as de celulose, devem na medida do possível, 
envolver contingentes de pequenos e médios produtores, no processo de fornecimento parcial de 
matéria-prima. Eventos como a do Projeto Jari, que teve uma crise no fornecimento de matéria-
prima, no início da década de 90, levando a trazer eucalipto de navio, do município de Alagoinhas, 
na Bahia, poderiam ter sido evitadas, por exemplo, se tivesse investido no estímulo a 
reflorestamento no nordeste paraense. 
 Finalmente, os Países desenvolvidos deveriam ter um compromisso maior com relação ao 
reflorestamento parcial das áreas desmatadas na Amazônia, que alcançam mais de 60 milhões de 
hectares ou mais que soma dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Seria uma 
maneira de seqüestrar gás carbônico produzidos em seus Países, gerar renda e emprego e, garantia 
de fornecimento de madeira para as gerações futuras e proteger as florestas nativas. 
 
SILVICULTURA URBANA 
 
 Desde a antiguidade a árvore, como imagem mítica, foi utilizada como símbolo do 
crescimento espiritual do ser humano. Existe entre o ser humano e as árvores uma afinidade 
estrutural psíquica, intimamente associada ao crescimento e realização de potenciais. A árvore 
adulta já está contida na semente. O ser humano também carrega em estado germinal, no fundo do 
inconsciente, aquilo que poderá vir a ser (MILANO & DALCIN, 2000). 
 As cidades, hoje, já abrigam mais ou menos a metade da população do planeta e, em vários 
países, entre os quais o Brasil, mais de 80% da população (IBGE, 2002). Tanto este motivo, a 
concentração populacional, quanto pela forma como surgem, crescem e são organizadas, as cidades 
tornam-se também, de maneira geral, os extremos da ação humana nos sistemas naturais (MILANO 
& DALCIN, 2000). 
 As florestas urbanas podem ser definidas como a soma de toda a vegetação lenhosa que 
circunda e envolve os aglomerados urbanos desde pequenas comunidades rurais atégrandes regiões 
metropolitanas (MILLER, 1997). As florestas urbanas são ecossistemas compostos pela interação 
entre sistemas naturais e sistemas antropogênicos (NOWAK et al 2001). 
 As árvores de ruas, praças, parques, áreas de conservação urbanas e demais áreas livres de 
edificação, fazem parte de um ramo da Silvicultura que se chama Silvicultura Urbana. O objetivo da 
Silvicultura Urbana é o cultivo e o manejo de árvores para a contribuição atual e potencial ao bem 
estar fisiológico, social e econômico da sociedade urbana (COUTO, 1994). 
 As árvores em vias públicas e demais áreas livres de edificação são constituintes da floresta 
urbana, atuam sobre o conforto humano no ambiente, por meio das características naturais da 
vegetação arbórea, proporcionando sombra para pedestres e veículos, redução da poluição sonora, 
melhoria da qualidade do ar, redução da amplitude térmica, abrigo para pássaros e harmonia estética 
amenizando a diferença entre a escala humana e outros componentes arquitetônicos como prédios, 
muros e grandes avenidas. 
 Segundo MILANO & DALCIN (2000), existem aspectos positivos das árvores nas cidades 
os quais podem ser mensurados, avaliados e monitorados, caracterizando benefícios e, 
conseqüentemente, objetivos que passam a ser estabelecido no planejamento: 
 
- estabilização e melhoria microclimática; 
- redução da poluição atmosférica; 
- diminuição da poluição sonora; 
- melhoria estética das cidades; 
- ação sobre a saúde humana; 
- benefícios sociais, econômicos e políticos. 
 
Pode-se citar também a absorção da radiação ultravioleta, dióxido de carbono e a redução do 
impacto da água de chuva e seu escorrimento superficial. 
 O objetivo desse texto é apresentar a Silvicultura Urbana como ferramenta e meio de 
atuação profissional do Engenheiro Florestal, na obtenção da melhoria da qualidade de vida nas 
cidades, através do estudo dos espaços livres urbanos e avaliação do seu potencial para serem 
planejados como integrantes da floresta urbana. 
 
O Desenvolvimento Urbano e as Áreas Verdes 
 
 Segundo MACEDO (1995) o espaço livre de edificação, como elemento de projeto é 
praticamente desconhecido pelos profissionais e pela população, que o vêem como um espaço 
residual a ser ajardinado ou simplesmente deixado de lado. 
MILANO & DALCIN (2000) citam o surgimento da luz elétrica e a expansão da oferta dos serviços 
de abastecimento de água, coleta de esgoto e telecomunicações, trazendo para as cidades como o 
Rio de Janeiro, um complexo sistema de cabos, galerias e dutos que tomam conta do ar e do 
subsolo. A rede aérea de energia passou a interferir de forma decisiva no plano de arborização da 
cidade. Na seqüência, com o advento da era “desenvolvimentista” e da explosão imobiliária na 
década de 60 houve a perda dos jardins privados e a impermeabilização do solo e o patrimônio das 
áreas verdes das cidades ficou cada vez mais restrito à arborização de ruas, praças, parques e 
maciços florestais. 
 Pode-se acrescentar ainda a compactação e baixa fertilidade do solo resultantes dos 
processos de movimentação de terra para urbanização de loteamentos. De maneira semelhante, o 
processo de evolução da ocupação e uso do solo urbano, especificado no parágrafo anterior, ocorreu 
na grande maioria das cidades brasileiras. 
 Segundo MACEDO (1995), parece então urgente uma revisão no ideário sobre espaços 
livres de edificação e ações é fundamental: 
 
 - A afirmação e o aceite da existência formal de um sistema urbano de espaços livres de 
edificação, que deve abarcar todos os espaços livres existentes, sejam eles espaços para lazer, ou 
circulação, verdes ou azuis, plantados ou não. 
 - O abandono da idéia do “alcance” de medidas de metros quadrados por habitante como 
uma panacéia (incansável) aos problemas urbanos de carência de áreas de lazer e conservação de 
recursos ambientais, esquecendo-se definitivamente o malfadado índice de 12 m2/ habitante de área 
verde. 
 - O estabelecimento de critérios de distribuição de espaços livres públicos, que deve ser 
delimitado de acordo com carências sociais, acessibilidade e manutenção de recursos ambientais 
finitos, como água e florestas nativas e de proteção de solos frágeis. 
 - O estabelecimento prévio ao crescimento urbano, as expansões das cidades de áreas 
prioritárias à construção e/ou efetivação de espaços livres, isto é, a criação e manutenção de 
estoques/reservas de futuros espaços livres públicos para lazer e conservação. 
 - A revisão dos padrões de distribuição dos espaços livres intra-quadras, questionando-se os 
modelos oficiais, e seus graus de eficiência redefinindo-se os limites desejáveis (se desejáveis) de 
privatização do lazer. 
 - A idealização de quadras urbanas, especialmente aquelas verticalizadas, são sistemas 
complexos, onde flui a vida humana e cujos espaços livres devem ser tratados como sistemas que 
são, não como espaços residuais. 
 - A revisão dos padrões de projeto dos espaços livres, que são extremamente padronizados 
para o país, buscando-se adequar cada um deles ao contexto do território nacional em que estiver 
situado. 
 - O reconhecimento do papel da rua como espaço de lazer e uma conseqüente revisão de 
seus padrões de desenho e projeto. 
 - A inclusão das praias e áreas de beira-água (rios, lagos e represas) quando utilizados pela 
comunidade como participantes efetivos dos sistemas de espaços livres de edificação urbanos e/ou 
como áreas de reserva para lazer e ou conservação. 
 
Considerações Finais 
 
 Segundo SANTOS (1996), a valorização das árvores urbanas será tanto maior quanto mais 
reconhecida sua importância enfatizando que o desafio futuro de quem trabalha com árvores de 
cidades reside na busca constante do conhecimento que leve a compreensão de todas as implicações 
relativas à presença da árvore no ecossistema urbano e em como avaliar seus benefícios tangíveis 
intangíveis. 
 Esses aspectos transformam a profissão do Engenheiro Florestal, trazendo oportunidades 
multidisciplinares novas em campo profissional ainda pouco explorado. Pode-se imaginar que, em 
futuro próximo, as administrações públicas municipais poderão possuir, dentro de seu corpo 
técnico, silvicultores urbanos especializados na gestão ambiental urbana, utilizando como 
instrumento uma percepção holística do desenho florestal urbano que poderá surgir desde a 
compreensão do sentimento pela paisagem, a topofilia, até a pratica na utilização de sistemas de 
informação espaciais e sensoriamento remoto para avaliar e planejar o uso do ecossistema florestal 
urbano. 
 
Fontes de Consulta: 
 
Prof. Demóstenes Ferreira da Silva Filho. Departamento de Ciências Florestais da ESALQ/USP 
 
Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais. www.ipef.br/ptsm 
 
Alfredo Homma. Embrapa Amazônia Ocidental/ Belém (PA). Engenheiro-agrônomo. 
www.embrapa.br 
 
Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais; www.ipef.br

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