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INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ORDEM ECONÔMICA

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
BRUNO LUCAS RODRIGUES XAVIER
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ORDEM ECONÔMICA
RIO DE JANEIRO 
2020
O intervencionismo estatal é a intervenção do Estado na economia. E ele acontece quando o poder público e os seus representantes, ao invés de deixar que os agentes econômicos ajam livremente, obedecendo as leis da oferta e demanda, começam a tomar muitas medidas políticas para conduzir os rumos da economia.
No mercantilismo, o intervencionismo estatal na economia se fez presente. Os governos absolutistas tomavam decisões sobre exportações, importações, impostos cobrados sobre produtos importados, produção de manufaturas e exploração colonial.
No Absolutismo, a intervenção estatal era enorme, o protecionismo da economia nacional, através de taxação de produtos importados, era muito forte, tendo como objetivo a defesa dos interesses nacionais. A produção e o comércio eram monopólio exclusivo do Estado ou da Burguesia.
Depois desse processo, o Estado passou intervir na economia, implantando políticas econômicas protecionistas, para melhorar as atividades internas contra a concorrência estrangeira. Essa situação trouxe bastante desconforto entre o povo, dando início a lutas contra a intervenção do Estado na vida dos particulares. 
A ordem econômica deve ser organizada conforme os princípios da Justiça e as necessidades da vida nacional, de modo que possibilite a todos existência digna. Dentro desses limites, é garantida a liberdade econômica.
O dispositivo do Art. 170 da Constituição Federal de 1988 estabelece um princípio constitucional de como deve ser a ordem econômica: “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I – soberania nacional; II – propriedade privada; III – função social da propriedade; IV – livre concorrência; V – defesa do consumidor; VI – defesa do meio ambiente; VII – redução das desigualdades regionais e sociais; VIII – busca do pleno emprego; IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas, sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país”.
Esses princípios mostram a função social da ordem econômica. A atuação do Estado na economia só é considerada legítima se tiver como objetivo a proteção desses princípios citados anteriormente.
OS MEIOS DE ATUAÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA
O Estado pode interferir na ordem econômica de modo direto ou indireto. Assim, tem-se tanto a exploração direta da atividade econômica pelo Estado, quanto o Estado agindo como agente normativo e regulador da atividade econômica. Com isso, poder estatal pode ser um agente econômico ou um agente disciplinador da economia.
Analisando a Constituição Federal, ressalta-se que esta reconhece duas formas de ingerência do Estado na ordem econômica: a participação e a intervenção.
O Artigo 173, caput, da CF/88, descreve que, ressalvados os casos previstos na Constituição: “A exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei”.
Já o Artigo 174, diz que “Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.”
 § 1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.
 § 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.
 § 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros.
 § 4º As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei”.
Exemplos de prestação de serviços do Estado sobre a educação e a saúde: 
Artigo 196, “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. 
Artigo 199, “A assistência à saúde é livre à iniciativa privada”.
    § 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
    § 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.
    § 3º É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.
    § 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização. ”
Artigo 205, “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. 
Artigo 209, “O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: ”
        I - Cumprimento das normas gerais da educação nacional;
        II - Autorização e avaliação de qualidade pelo poder público. ”
Quando algum desses serviços são prestados por particular, o Estado tem a faculdade de cobrar pela prestação destes, pois a iniciativa privada está praticando um serviço que é um dever do Estado.
Devido a pandemia que assola o mundo todo causada pela COVID-19, a intervenção do Estado é extremamente necessária, porque essa pandemia não afetou somente a área da saúde, mas afetou também e muito a economia.
Dessa forma, transformando a intervenção estatal indispensável para que a economia volte a ser o mais rápido possível como era antes da pandemia. Para isso, é fundamental que essa intervenção implemente mecanismos de controle como a intervenção direta e indireta, citadas anteriormente. Pois são intervenções necessárias, porém após a crise, deve ser feita a recomposição desses recursos, para que a crise não se prolongue.
REFERÊNCIAS
JR., R. D. Os princípios na ordem econômica da Constituição Federal de 1988. JUS.com.br, 2016. Disponivel em: <https://jus.com.br/artigos/51897/os-principios-na-ordem-economica-da-constituicao-federal-de-1988/2#:~:text=O%20artigo%20170%20da%20CF,Rep%C3%BAblica%20Federativa%20do%20Brasil%20(art.&text=IV%2C%20CF%2F88).,1%C2%BA%2C%20inc.>. Acesso em: 8 Outubro 2020.
RAMOS, G. F. Formas de Intervenção do Estado na Economia. JusBrasill, 2016. Disponivel em: <https://gabrielfavarelli07.jusbrasil.com.br/artigos/408516759/formas-de-intervencao-do-estado-na-economia#:~:text=O%20Estado%20pode%20interferir%20na,um%20agente%20disciplinador%20da%20economia.>. Acesso em: 8 Outubro 2020.
SILVA, C. R. D. Mercantilismo: a política econômica do Absolutismo – História Enem. Blog do Enem, 2018. Disponivel em: <https://blogdoenem.com.br/mercantilismo-economica-absolutismo/>. Acesso em: 8 Outubro 2020.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

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