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DIREITO PENAL 
TEORIA GERAL DO CRIME 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
1. Do crime ................................................................................................................................................ 4 
1.1 Conceitos de Crime .............................................................................................................................. 4 
1.2. Classificação das Infrações Penais ....................................................................................................... 4 
1.2.1. Crime Doloso, Culposo ou Preterdoloso (ou Preterintencional) e de Ímpeto ..................................... 4 
1.2.2. Crime Comissivo, Omissivo Próprio ou Comissivo por Omissão ......................................................... 6 
1.2.3. Crime Instantâneo, Permanente, Instantâneo de Efeitos Permanentes, Eventualmente Permanente 
e de Fusão ................................................................................................................................................. 7 
1.2.4. Crime de Dano e de Perigo ............................................................................................................... 7 
1.2.4.1. Crimes de Perigo Abstrato: Aprofundamentos ............................................................................. 11 
1.2.5. Crime Material, Formal e de Mera Conduta ou de Atividade .......................................................... 13 
1.2.6. Crime Unissubjetivo e Plurissubjetivo ............................................................................................. 14 
1.2.7. Crime Unissubsistente, Plurissubsistente e Pluriofensivo ................................................................ 14 
1.2.8. Crime Comum, Próprio, Próprio Impuro, Bipróprio, de Mão Própria e de Acumulação ................... 14 
1.2.9. Crime Impossível e Putativo ........................................................................................................... 16 
1.2.10. Crime Vago, Remetido, Exaurido, Habitual e Habitualidade Criminosa .......................................... 18 
1.2.11. Crime de Espaço Mínimo, Crime de Espaço Máximo ou Plurilocal e Crime à Distância .................. 19 
1.2.12. Crimes de Tendência (Intenção Especial) e Crimes de Intenção .................................................... 20 
1.2.13. Crime Acessório ou Parasitário ..................................................................................................... 20 
1.2.14. Crime Transeunte e Não Transeunte ............................................................................................ 21 
1.2.15. Crime de Consumação Atípica Impunível ...................................................................................... 21 
1.3. Eficientismo Penal ............................................................................................................................. 21 
1.3.1. O Eficientismo Penal como Direito Penal Máximo ........................................................................... 21 
1.3.2. Direito Penal Simbólico .................................................................................................................. 22 
 
 
 
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E3C ON-LINE 
1. Do crime 
1.1 Conceitos de Crime 
O Brasil adotou, formalmente, a teoria bipartida do crime. De acordo com a Lei de Introdução ao Código Penal, 
crime é a infração penal a que a Lei comine pena de reclusão ou detenção e multa, alternativa, cumulativa ou 
isoladamente. Já contravenção é a infração a que a Lei comine pena de prisão simples e multa, alternativa, 
cumulativa ou isoladamente. 
Entretanto, tal conceito é extremamente precário, cabendo à doutrina seu desenvolvimento. 
O crime possui três conceitos principais, material, formal e analítico. 
a) Conceito material: crime seria toda a ação ou omissão humana que lesa ou expõe a perigo de lesão 
bens jurídicos protegidos pelo Direito Penal, ou penalmente tutelados. De acordo com o STF, O 
CONCEITO MATERIAL DE CRIME É FATOR DE LEGITIMAÇÃO DO DIREITO PENAL, pois, de 
acordo com ele, não será toda conduta que será penalmente criminalizada, mas somente aquelas 
condutas mais relevantes (princípio da adequação social); 
b) Conceito formal ou jurídico: é aquilo que a Lei chama de crime. Está definido no art. 1º da Lei de 
Introdução do Código Penal. Crime é toda infração a que a Lei comina pena de reclusão ou detenção 
e multa, isolada, cumulativa ou alternativamente. De acordo com este conceito, a diferença seria 
apenas quantitativa, relativa à quantidade da pena; 
c) Conceito analítico: aqui se analisa todos os elementos que integram o crime. Crime é todo fato típico, 
antijurídico (é melhor utilizar o termo ilícito, apesar de não fazer tanta diferença, já que fica mais fácil 
manejar o CP e as leis especiais quando há excludentes de ilicitude) e culpável (alguns autores não 
consideram a culpabilidade como elemento do crime, e sim como pressuposto da pena). Apesar de 
ser indivisível, o crime é estudado de acordo com essas três características para facilitar sua 
compreensão. Elas serão analisadas mais adiante, após vermos as classificações de crime existentes. 
1.2. Classificação das Infrações Penais 
1.2.1. Crime Doloso, Culposo ou Preterdoloso (ou Preterintencional) e de Ímpeto 
a) Crime doloso: é o crime em que o agente quis ou assumiu o risco de produzir o resultado. A regra 
geral é que todo crime seja doloso. 
 
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b) Crime preterdoloso: é o crime em que o resultado delitivo é mais grave do que o querido pelo agente. 
Ele praticou uma conduta dolosa, entretanto o resultado final é culposo. Não se admite tentativa em 
crimes preterdolosos. Há dolo na ação e culpa na consequência. Deve haver uma expressa previsão 
legal do resultado culposo mais grave. Se não houver, punir-se-á apenas o crime doloso ou, se houver 
crime culposo após, haverá concurso formal, se este estiver previsto em Lei. 
Todos os crimes preterdolosos são qualificados pelo resultado, porém, nem todo crime qualificado pelo 
resultado é preterdoloso (visto que o resultado qualificador pode ter sido desejado). 
São elementos do crime preterdoloso: 
i. Conduta dolosa visando determinado resultado (lesão corporal); 
ii. Resultado culposo mais grave que o desejado (seguida de morte); 
iii. Nexo causal (artigo 129, § 3, CP); 
iv. Previsão na norma das elementares do consequente culposo. 
Quando o resultado mais grave advém de caso fortuito ou força maior não se imputa a agravação ao 
agente. O resultado mais grave tem que ser pelo menos culposo. 
Exemplos: v.g.1, pessoa em boate, discute e dá um soco na pessoa, que cai e bate a cabeça vinda a 
morrer. Que crime foi cometido pelo autor do soco? Basta a previsibilidade (e não ter sido previsto), 
ou seja, era possível conhecer o resultado num ambiente como aquele, de tal forma que se caracteriza, 
pois também há nexo. V.g.2, olimpíadas em luta, lutador se sentiu prejudicado pelo árbitro deu um 
ponta-fé na cabeça dele, mas não chutou para matar, queria apenas lesionar, mas pessoa por acaso 
bateu a cabeça num prego que estava no tatame próprio para luta. Ora o prego é um caso fortuito ou 
de força maior, não sendo possível imputar o resultado morte. 
c) Crime culposo: é o crime ao qual o agente deu causa por imprudência, negligência ou imperícia, não 
havendo em si qualquer desejo de praticar o resultado juridicamente reprovável. O crime culposo só 
é possível em tipos penais que expressamente o prevejam, como no homicídio. Quase de forma 
absoluta, não se admite a tentativa nos crimes culposos. 
d) Crime de ímpeto: é o praticado sem premeditação. A vontade delituosa é repentina, sem preceder 
deliberação, como ocorre com o homicídio praticado sob domínio de violenta emoção. 
 
6 
 
E3C ON-LINE1.2.2. Crime Comissivo, Omissivo Próprio ou Comissivo por Omissão 
a) Crime comissivo: crime comissivo é aquele em que o agente realiza uma ação positiva visando a um 
resultado ilícito. Crime comissivo não se confunde, por evidente, com crime material, já que pode não 
haver qualquer resultado naturalístico. Por exemplo, é comissivo o crime de injúria, mas não é 
material. O importante é uma conduta da pessoa livre e consciente que lhe retire do estado de inércia. 
b) Crime omissivo próprio ou puro: são crimes em que a própria omissão já é prevista no tipo penal, 
sendo ela uma elementar, a única forma de se realizar a conduta criminosa. Nesses crimes omissivos 
basta a abstenção, é suficiente a desobediência ao dever de agir para que o delito se consume. O 
resultado que eventualmente surgir dessa omissão será irrelevante para a consumação do crime, 
podendo apenas configurar uma majorante ou qualificadora. O agente desobedece a uma norma 
mandamental, norma esta que determina a prática de uma conduta subentendida no tipo, que não é 
realizada. V.g. “Deixar o médico de notificar doença...”. Ou seja, o tipo penal MANDA ao médico 
notificar a doença, sob pena de cominar à sua omissão uma sanção penal. 
c) Crime comissivo por omissão, omissivo impróprio ou impuro: são os crimes em que o agente produz 
o resultado pela própria omissão, após ter assumido o dever de evitá-lo ou outras das causas previstas 
no CP. É previsto no § 2º do artigo 13 do Código Penal, segundo o qual “a omissão é penalmente 
relevante quando o agente devia e podia agir para evitar o resultado. Poderão ser tanto dolosos 
quanto culposos, admitem tentativa etc. São pressupostos do crime omissivo impróprio: 
i. Poder agir: o agente precisa ter a possibilidade física de agir. 
ii. Evitabilidade do resultado: a conduta omitida pelo agente deve ser causa do resultado. Caso, 
mesmo com a conduta, o resultado tivesse se verificado, não haveria que se falar em 
evitabilidade. 
iii. Dever de agir e impedir o resultado: aqui surge a figura do garantidor: além de poder agir e 
da evitabilidade do resultado, é necessário que o agente tenha o dever de agir que surgirá nos 
seguintes casos: 
 
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a. Ter, por Lei, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância, como no caso do dever do 
policial, do dever de mútua assistência entre os cônjuges. 
b. Quando o agente, de outra forma, assumir a responsabilidade de impedir o resultado de 
forma voluntária. 
c. Quando o agente cria, com seu comportamento anterior, o risco da ocorrência do 
resultado, ou agrava um risco já existente, e não o evita. 
1.2.3. Crime Instantâneo, Permanente, Instantâneo de Efeitos Permanentes, Eventualmente 
Permanente e de Fusão 
a) Crime instantâneo: é o crime que se consuma num momento único e determinado do tempo, sem se 
protrair. V.g, invasão de domicílio, injúria etc. 
b) Crime permanente: são os crimes que se perpetuam, protraem durante o tempo, mesmo que seja 
curto, como no caso do sequestro, estelionato previdenciário praticado pelo próprio segurado etc. 
Admitem flagrante enquanto não interrompida a consumação. 
c) Crime instantâneo de efeitos permanentes: é aquele crime que se consuma num momento 
determinado, mas seus efeitos perduram no tempo (v.g., homicídio). 
d) Crime eventualmente permanente: é o delito instantâneo que, em caráter excepcional, pode realizar-
se de modo a lesionar o bem jurídico de maneira permanente. V.g.: lesão corporal de natureza grave 
com resultado de deformidade permanente (art. 129, § 2º, IV, CP). 
e) Crime de fusão: é o crime que pressupõe a prática de outro, como nos casos dos crimes de lavagem 
de dinheiro e de receptação. Assim, trata-se de delitos em que a ação criminosa neles prevista é 
iniciada após a ocorrência necessária de crime antecedente. 
1.2.4. Crime de Dano e de Perigo 
a) Crime de dano: crime em que é necessário haver uma efetiva lesão ao bem jurídico (lesão perceptível 
no mundo fático) para se caracterizar, como no caso do furto. 
 
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b) Crime de perigo: crime em que a simples ameaça ao bem jurídico já é abominada, justificando, assim, 
sua penalização. V.g, dirigir embriagado. O perigo da conduta é presumido por Lei. 
Subdivide-se em crime de perigo concreto, crime de perigo abstrato e crime de perigo concreto-
abstrato. 
i. Crimes de perigo abstrato: Nos crimes de perigo abstrato, como o perigo não é elemento do tipo, 
não se precisa provar. Só se tem de provar o que é elementar do crime e o perigo não é elementar 
do crime porque ele não é requerido no tipo pelo legislador. Consequência: basta praticar a ação 
e se presume que ela é sempre perigosa. Haveria então uma presunção iure et de iure de perigo 
pela simples realização da conduta tipificada na norma. É o caso de dirigir embriagado em via 
pública. 
ii. Crimes de perigo concreto: e os crimes de perigo concreto? Neles o legislador faz referência no 
tipo ao perigo. Normalmente a forma de redigir um tipo de perigo concreto é assim: “expor a 
perigo iminente”. 
O perigo então é elementar do tipo e, por isso, tem que ser provado. Nesses crimes será possível 
que a conduta se realize e o perigo não seja causado. 
iii. Crimes de perigo abstrato-concreto, crimes de inidoneidade crimes de perigo idôneo crimes de 
perigo hipotético: são aqueles em que a conduta analisada ex ante pelo legislador é considerada 
perigosa ao bem jurídico segundo um juízo de probabilidade do dano. Não exige demonstração 
de risco ao bem. Também não coloca como elementar no tipo incriminador. Não coloca no tipo 
incriminador a exigência de perigo. Não se diferencia muito cabalmente dos crimes de perigo 
abstrato. Nos dois há ponto comum: periculosidade geral. Diferença: nos CPAC essa 
periculosidade geral é estabelecida pela probabilidade de dano. Nos outros, o legislador não faz 
esse juízo de probabilidade. Na verdade, são crimes de perigo abstrato, somente têm um 
pouquinho mais de probabilidade, são irmãos gêmeos: CPA e CPAC. 
 Crime de perigo abstrato 
Crime de perigo concreto 
Perigo não é elementar do tipo – NÃO DEVE ser provado 
Perigo é elementar do tipo – DEVE ser provado 
 
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O STJ conta com alguns precedentes tratando do tema: 
Cinge-se a controvérsia a definir a natureza jurídica do crime positivado no art. 56, 
caput, da Lei n. 9.605/1998, cujo preceito legal dispõe que está sujeito a pena de um 
a quatro anos de reclusão, e multa, aquele que "produzir, processar, embalar, 
importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em 
depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana 
ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos 
seus regulamentos". Inicialmente, é de se ponderar que a conduta ilícita prevista no 
dispositivo supracitado é norma penal em branco, cuja complementação depende 
da edição de outras normas, que definam o que venha a ser o elemento normativo 
do tipo "produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde pública ou ao meio 
ambiente". No caso específico de transporte de tais produtos ou substâncias, o 
Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos (Decreto n. 
96.044/1988) e a Resolução n. 420/2004 da Agência Nacional de Transportes 
Terrestres – ANTT, constituem a referida norma integradora, por inequivocamente 
indicar os produtos e substâncias cujo transporte rodoviário é considerado perigoso. 
Outrossim, cumpre salientar que, por razões de política criminal, o legislador prevê, 
no Código Penal e em leis extravagantes, condutas tais cujo aperfeiçoamento se dá 
com a mera ocorrência do comportamento típico, independentemente da efetiva 
produção de risco ou dano dele decorrente. No que se refere ao art. 56, caput, da 
Lei n. 9.605/1998, o legislador foi claro em não exigir a geração concreta de risco na 
conduta ali positivada. Poderia fazê-lo, mas preferiu contentar-secom a deliberada 
criação de um risco para o meio ambiente ou mesmo a um número indeterminado 
de pessoas por quem transporta produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à 
saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas 
em leis ou nos seus regulamentos. Em outras palavras, o conceito de nocividade no 
crime ambiental examinado se esgota na própria capitulação normativa do produto 
ou substância como tóxica, perigosa ou nociva ao ecossistema. Logo, o crime 
materializado no art. 56, caput, da Lei n. 9.605/1998, possui a natureza de crime de 
perigo abstrato, ou, de crime de perigo abstrato-concreto, em que, embora não 
baste a mera realização de uma conduta, não se exige, a seu turno, a criação de 
ameaça concreta a algum bem jurídico e muito menos lesão a ele. Basta a produção 
de um ambiente de perigo em potencial, em abstrato – in casu, com o transporte 
dos produtos ou substâncias em desacordo com as exigências estabelecidas em leis 
ou nos seus regulamentos, de modo que a atividade descrita no tipo penal crie 
condições para afetar os interesses juridicamente relevantes, não condicionados, 
porém, à efetiva ameaça de um determinado bem jurídico. Deste modo, 
desnecessária se faz a constatação, via laudo pericial, da impropriedade, perigo ou 
nocividade do produto transportado, bastando, para tanto, que o "produto ou 
substância tóxica, perigosa ou nociva para a saúde humana ou o meio ambiente", 
esteja elencado na Resolução n. 420/04 da ANTT. 
(REsp 1439150/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado 
em 05/10/2017, DJe 16/10/2017) 
 
 
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E3C ON-LINE 
DIREITO PENAL. CARACTERIZAÇÃO DO CRIME DE ENTREGA DE DIREÇÃO DE VEÍCULO 
AUTOMOTOR A PESSOA NÃO HABILITADA. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO 
CPC E RES. 8/2008-STJ). TEMA 901. É de perigo abstrato o crime previsto no art. 310 
do Código de Trânsito Brasileiro. Assim, não é exigível, para o aperfeiçoamento do 
crime, a ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na conduta de quem 
permite, confia ou entrega a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, 
com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou ainda a quem, por 
seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições 
de conduzi-lo com segurança. Ao contrário do que estabelece o crime 
imediatamente anterior (art. 309), ou mesmo o posterior (art. 311), nos quais o tipo 
exige que a ação se dê "gerando perigo de dano", não há tal indicação na figura 
delitiva prevista no art. 310. Pode parecer uma incoerência que se exija a produção 
de perigo de dano para punir quem dirige veículo automotor, em via pública, sem a 
devida Permissão para Dirigir ou Habilitação (art. 309) e se dispense o risco concreto 
de dano para quem contribui para tal conduta, entregando o automóvel a quem sabe 
não habilitado ou, o que é pior, a quem notoriamente não se encontra em condições 
físicas ou psíquicas, pelas circunstâncias indicadas no tipo penal, de conduzir veículo 
automotor. Duas considerações, porém, enfraquecem essa aparente contradição. 
Em primeiro lugar, o legislador foi claro, com a redação dada aos arts. 309 e 311, em 
não exigir a geração concreta de risco na conduta positivada no art. 310. Poderia 
fazê-lo, mas preferiu contentar-se com a deliberada criação de um risco para um 
número indeterminado de pessoas por quem permite a outrem, nas situações 
indicadas, a condução de veículo automotor em via pública. Em segundo lugar, não 
há total identidade das situações previstas nos arts. 309 e 310. Naquela, cinge-se o 
tipo a punir quem dirige sem habilitação; nesta, pune-se quem permite, confia ou 
entrega a direção de veículo automotor tanto a pessoa não habilitada, com 
habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso quanto a quem, por seu 
estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de 
conduzi-lo com segurança. Trata-se, na verdade, de uma visão que deve repousar 
mais corretamente no incremento do risco ocasionado com a entrega da direção de 
veículo para pessoa não habilitada ou em quaisquer das outras hipóteses legais. 
Conforme entendimento doutrinário, em todas essas situações, a definição do risco 
permitido delimita, concretamente, o dever de cuidado para realizar a ação perigosa 
de dirigir veículo automotor em vias urbanas e rurais, explicando o atributo objetivo 
contido no dever de cuidado objetivo. A violação da norma constitui a criação de 
um risco não permitido, culminando, com o desvalor da ação, na lesão ao dever de 
cuidado objetivo. Por todo exposto, afigura-se razoável atribuir ao crime 
materializado no art. 310 a natureza de crime de perigo abstrato, ou, sob a ótica 
ex ante, de crime de perigo abstrato-concreto, em que, embora não baste a mera 
realização de uma conduta, não se exige, a seu turno, a criação de ameaça concreta 
a algum bem jurídico e muito menos lesão a ele. Basta a produção de um ambiente 
de perigo em potencial, em abstrato, de modo que a atividade descrita no tipo 
penal crie condições para afetar os interesses juridicamente relevantes, não 
condicionados, porém, à efetiva ameaça de um determinado bem jurídico. Embora 
seja legítimo aspirar a um Direito Penal de mínima intervenção, não pode a 
dogmática penal descurar de seu objetivo de proteger bens jurídicos de reconhecido 
relevo, assim entendidos, na dicção de Claus Roxin, como "interesses humanos 
 
11 
 
E3C ON-LINE 
necessitados de proteção penal", qual a segurança do tráfego viário. Não se pode, 
assim, esperar a concretização de danos ou exigir a demonstração de riscos 
concretos a terceiros para a punição de condutas que, a priori, representam 
potencial produção de danos a pessoas indeterminadas, que trafeguem ou 
caminhem no espaço público. O subsistema social do tráfego viário exige o respeito 
a regras de observância generalizada, sem o qual se enfraquece o princípio da 
confiança (aqui entendido, conforme o pensamento de Roxin, como princípio de 
orientação capaz de indicar os limites do cuidado objetivo esperado ou do risco 
permitido), indispensável para o bom funcionamento do trânsito e a segurança de 
todos. Não se exclui, por óbvio, a possibilidade de ocorrerem situações nas quais a 
total ausência de risco potencial à segurança viária afaste a incidência do direito 
penal, como se poderia concluir do exemplo de quem, desejando carregar uma 
caminhonete com areia, pede ao seu ajudante, não habilitado, que realize uma 
manobra de poucos metros, em área rural desabitada e sem movimento, para 
melhor posicionar a carroceria do automóvel. Faltaria tipicidade material a tal 
comportamento, absolutamente inidôneo para pôr em risco a segurança de 
terceiros. Portanto, na linha de entendimento de autorizada doutrina, o art. 310, 
mais do que tipificar uma conduta idônea a lesionar, estabelece um dever de garante 
ao possuidor do veículo automotor. Neste caso, estabelece-se um dever de não 
permitir, confiar ou entregar a direção de um automóvel a determinadas pessoas, 
indicadas no tipo penal, com ou sem habilitação, com problemas psíquicos ou físicos, 
ou embriagadas, ante o perigo geral que encerra a condução de um veículo nessas 
condições. Precedentes citados: RHC 48.817-MG, Quinta Turma, DJe 28/11/2014; e 
AgRg no RHC 41.922-MG, Quinta Turma, DJe 15/4/2014. 
(REsp 1485830/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Rel. p/ Acórdão Ministro 
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 11/03/2015, DJe 
29/05/2015) 
1.2.4.1. Crimes de Perigo Abstrato: Aprofundamentos1 
Aqui será desenvolvido tema específico. 
Apesar da existência de ampla controvérsia doutrinária, os crimes de perigo abstrato podem ser identificados 
como aqueles em que não se exige nem a efetiva lesão ao bem jurídico protegido pela norma nem a 
configuração do perigo em concreto a esse bem jurídico. 
Nessa espécie de delito, o legislador penalnão toma como pressuposto da criminalização a lesão ou o perigo 
de lesão concreta a determinado bem jurídico. Baseado em dados empíricos, o legislador seleciona grupos ou 
classes de ações que geralmente levam consigo o indesejado perigo ao bem jurídico. 
Assim, os tipos de perigo abstrato descrevem ações que, segundo a experiência, produzem efetiva lesão ou 
perigo de lesão a um bem jurídico digno de proteção penal, ainda que concretamente essa lesão ou esse perigo 
de lesão não venham a ocorrer. O legislador, dessa forma, formula uma presunção absoluta a respeito da 
periculosidade de determinada conduta em relação ao bem jurídico que pretende proteger. O perigo, nesse 
sentido, não é concreto, mas apenas abstrato. Não é necessário, portanto, que, no caso concreto, a lesão ou 
o perigo de lesão venham a se efetivar. O delito estará consumado com a mera conduta descrita no tipo. Com 
isso, NÃO É DIFÍCIL ENTENDER AS CARACTERÍSTICAS E OS CONTORNOS DA DELICADA RELAÇÃO MANTIDA 
 
1 Extraído do voto do Min. Gilmar Mendes prolatado no HC 104.410/RS. 
 
12 
 
E3C ON-LINE 
ENTRE OS DELITOS DE PERIGO ABSTRATO E OS PRINCÍPIOS DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS, 
DA LESIVIDADE OU OFENSIVIDADE, OU MESMO DA CULPABILIDADE E DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA, OS 
QUAIS, NÃO HÁ DÚVIDA, ESTÃO INTRINSECAMENTE RELACIONADOS COM O PRINCÍPIO DA 
PROPORCIONALIDADE. 
A atividade legislativa de produção de tipos de perigo abstrato, por isso, deve ser objeto de rígida fiscalização 
a respeito da sua constitucionalidade; especificamente, sobre sua adequação ao princípio da 
proporcionalidade. A criação de crimes de perigo abstrato não representa, por si só, comportamento 
inconstitucional por parte do legislador penal. A tipificação de condutas que geram perigo em abstrato, 
muitas vezes, acaba sendo a melhor alternativa, ou a medida mais eficaz, para proteção de bens jurídico-
penais supraindividuais ou de caráter coletivo, como o meio ambiente, por exemplo. A antecipação da 
proteção penal em relação à efetiva lesão torna mais eficaz, em muitos casos, a proteção do bem jurídico. 
Portanto, pode o legislador, dentro de suas amplas margens de avaliação e de decisão, definir quais as medidas 
mais adequadas e necessárias para a efetiva proteção de determinado bem jurídico, o que lhe permite 
escolher espécies de tipificação próprias de um direito penal preventivo. Apenas a atividade legislativa que, 
nessa hipótese, transborde os limites da proporcionalidade, poderá ser tachada de inconstitucional. 
Cabe ao Supremo Tribunal Federal exercer o controle de constitucionalidade dessa atividade legislativa em 
matéria penal, de acordo com os parâmetros a seguir delineados. 
Em primeiro lugar, no âmbito de análise segundo a máxima da adequação, é possível constatar que não serão 
idôneos para a proteção de determinado bem jurídico os atos legislativos criadores de tipos de perigo 
abstrato que incriminem meras infrações administrativas, as quais não têm aptidão para produzir, sequer 
potencialmente, qualquer perigo em concreto para o bem jurídico em questão. Isso quer dizer que os crimes 
de perigo abstrato devem restringir-se aos comportamentos que, segundo os diagnósticos e prognósticos 
realizados pelo legislador com base em dados e análises científicas disponíveis no momento legislativo – e daí 
a importância da verificação de fatos e prognoses legislativos em sede de controle judicial de 
constitucionalidade – geralmente configuram perigo para o bem jurídico protegido, estando descartados 
aqueles que apenas de forma excepcional podem ensejar tal perigo. 
Conforme as lições de Aguado Correa: 
“Como conclusión, podemos afirmar que serán idóneos los delitos de peligro abstracto para 
la protección de bienes jurídicos cuando, según la forma y la intensidad de los ataques, sea 
necesaria su protección frente a peligros abstractos; cuando se trate de prohibir 
comportamientos que no afectan de modo alguno al bien jurídico correspondiente serán 
inidóneos. Por otra parte, únicamente será idónea la prohibición penal de acciones 
peligrosas en abstracto cuando las distintas formas de actuación que se prohiben 
normalmente supongan un peligro para el bien jurídico protegido y no cuando tan 
solamente em casos excepcionales puede suponer un peligro para el mismo”. 
Nesse sentido, segundo a máxima da necessidade, QUANDO HOUVER MEDIDAS MAIS EFICAZES PARA A 
PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO-PENAL, PORÉM MENOS GRAVOSAS PARA OS DIREITOS INDIVIDUAIS EM 
JOGO, OS CRIMES DE PERIGO ABSTRATO SERÃO CONTRÁRIOS AOS PRINCÍPIOS DA SUBSIDIARIEDADE E DA 
OFENSIVIDADE E, DESSA FORMA, AO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. Meros ilícitos que são objeto de 
responsabilização jurídica eficaz por meio do Direito Civil ou do Direito Administrativo tornam desnecessária 
a intervenção do Direito Penal, que deve operar apenas como ultima ratio. 
Assim, como explica Aguado Correa: 
 
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“Para que los delitos de peligro abstracto resulten compatibles con el principio de ofensividad 
es necesario: por una parte, que a través de los mismos se intente proteger bienes jurídicos 
merecedores de pena, es decir, constitucionalmente legítimos y dotados de una especial 
relevancia social, puesto que implican una ampliación muy importante de la tutela penal; por 
otra parte, que a través de los delitos de peligro abstracto se tipifiquen aquellas conductas 
que aparezcan como generalmente peligrosas para el bien jurídico que se trata de proteger, 
y no aquellas conductas que sólo en algunos casos aparecen como peligrosas; en último lugar, 
que en el caso concreto el comportamiento sea efectivamente peligroso para el bien jurídico 
protegido”. 
No âmbito da proporcionalidade em sentido estrito, deverá ser verificado se a restrição a direitos 
fundamentais como resultado da incriminação de comportamentos perigosos em abstrato pode manter uma 
relação de proporcionalidade com a proteção do bem jurídico em questão alcançada pela medida normativa 
de caráter penal. Em outros termos, quanto maior for a intervenção penal em direitos fundamentais dos 
afetados, maior deverá ser a efetiva proteção do bem jurídico por ela almejada. Nas palavras de Aguado 
Correa: 
“el tercer nivel del principio de proporcionalidad em sentido amplio pretende ser un control 
de signo opuesto de aquellas medidas que han sido consideradas idóneas y necesarias, en el 
sentido de si los medios utilizados, que son los que causan esa restricción de derechos 
fundamentales en los afectados, se encuentran en una relación de proporción con la 
protección del bien jurídico que a través de los mismos se pretende alcanzar. Este examen 
puede llevar a la conclusión de que un medio en principio idóneo y necesario para la 
protección del bien jurídico, no debe ser utilizado porque el menoscabo de derechos 
fundamentales del afectado que conlleva supera el aumento de protección del bien jurídico, 
de manera que la utilización de dicho medio de protección puede ser reputado 
desproporcionado. Ello implica que bajo determinadas circunstancias se deja de proteger 
legítimamente el bien jurídico porque, de lo contrario, se produciría um menoscabo 
desproporcionado de los derechos fundamentales”. 
1.2.5. Crime Material, Formal e de Mera Conduta ou de Atividade 
a) Crime material: é o crime cujo tipo penal descreve uma conduta e um resultado, o qual 
necessariamente deve ser verificado, sob pena de se constituir em mera tentativa. V.g, homicídio. A 
conduta é matar; o resultado é a morte. Caso a vítima não morra, não existe homicídio. 
b) Crime formal ou de consumação antecipada: é o crime em que, mesmo sendo possível um resultado 
naturalístico que lese o bem jurídico, o tipo penal adianta a punição aos atos de consumação. V.g.: 
extorsão: a simples prática da constrição já faz o delito se consumar, independentemente da pessoa 
auferir ou não a vantagem indevida. 
c) Crime de mera conduta ou de atividade: nesses crimes,não só não há resultado naturalístico como é 
impossível que este aconteça. O tipo penal descreve a conduta proibida, quase sempre de perigo 
abstrato. Exemplo clássico é o porte de arma sem autorização. O simples portar arma em nada 
 
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modifica o mundo real. Por isso que, geralmente, os crimes de mera conduta serão absorvidos por 
crimes de resultado, como o homicídio mediante uso de arma, pois o crime de mera conduta será um 
antefato necessário. 
1.2.6. Crime Unissubjetivo e Plurissubjetivo 
a) Crime unissubjetivo: é o crime que pode ser praticado por qualquer pessoa, sozinha, sem auxílio. Em 
regra, todo crime é unissubjetivo. 
b) Crime plurissubjetivo: é o crime para cuja realização necessita-se de pelo menos duas pessoas, como 
a bigamia e a formação de quadrilha. Pode ser de condutas convergentes, contrapostas ou paralelas. 
1.2.7. Crime Unissubsistente, Plurissubsistente e Pluriofensivo 
a) Crime unissubsistente: é o crime cuja consumação ocorre mediante um único ato, não sendo admitido 
seu fracionamento, sendo impossível a tentativa. A conduta se esgota com a concretização do delito. 
V.g., injúria, calúnia e difamação na forma verbal. Neles não há um iter criminis perfeito, a pessoa não 
tem a possibilidade de arrependimento eficaz. 
b) Crime plurissubsistente: é o crime para cuja consumação podem ser realizados mais de um ato, como 
no homicídio. Entretanto, esse crime poderá ser realizado com apenas um ato. A diferença para o 
unissubsistente é que aquele somente poderá, necessariamente, ser realizado apenas com um ato. 
Logo, em regra os crimes são plurissubsistentes. Exatamente por isso, a conduta pode ser fracionada, 
permitindo a tentativa. 
c) Crime pluriofensivo: é o que lesa ou expõe a perigo de dano mais de um bem jurídico. 
1.2.8. Crime Comum, Próprio, Próprio Impuro, Bipróprio, de Mão Própria e de 
Acumulação 
a) Crime comum: é o crime que pode ser praticado por qualquer pessoa, independentemente de alguma 
qualidade especial que ela tenha. 
b) Crime próprio: é o crime que somente pode ser praticado por uma pessoa que detenha determinada 
característica, como no caso do peculato, em que o agente deve, necessariamente, ser servidor 
público. Também se analisa a propriedade do crime com base numa característica especial do sujeito 
 
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passivo. Essa classificação também é chamada de crimes especiais próprios. Se for exigida 
característica especial tanto do agente quanto da vítima, fala-se em crime duplamente próprio. 
c) Crime próprio impuro: o crime próprio impuro é aquele que, se desaparecer a qualidade particular do 
agente (que é exigida para configuração do crime próprio), desaparece também o crime especial. 
Entretanto, ocorrerá a desclassificação da conduta para outro delito, que terá natureza diversa. Assim, 
a falta de uma elementar torna o crime próprio puro absolutamente atípico, enquanto o crime 
próprio impuro, relativamente atípico. Essa classificação também é chamada de crimes especiais 
impróprios2. 
d) Crime bipróprio: aquele que exige uma especial qualidade, tanto do sujeito ativo como do sujeito 
passivo do delito. 
e) Crime de mão própria: é o crime em que o agente deve praticar a execução diretamente, não se 
admitindo a prática por interposta pessoa. Por exemplo, falso testemunho. 
d) Crimes de acumulação: fruto de uma controversa tendência de política criminal voltada à prevenção 
de ilícitos. Neles, o legislador incrimina uma conduta que, individualmente considerada, não encerra 
um risco jurídico ao bem tutelado, mas se vier a ser praticada por um conjunto grande de indivíduos, 
efetivamente lesará tal bem. O que importa não é o desvalor da conduta individual em si, mas apenas 
a probabilidade de que, em virtude da acumulação dessas condutas, haja ofensa ao bem penalmente 
tutelado. Representa de modo minudenciado os critérios que compõem aquelas ações que quando 
praticadas por um grande número de pessoas, de forma cumulada, presumivelmente terão um 
resultado danoso para o bem jurídico coletivo. Clássico exemplo ocorreria no crime ambiental: por 
exemplo, matar um espécime de peixe considerado exótico não deveria ser penalmente relevante. 
 
2 Considera-se como crime especial impróprio, aquele que tem uma correspondência com um delito comum, quer 
dizer, existe um delito comum que castiga a mesma conduta prevista no delito especial, mas sem exigir a qualidade 
pessoal requerida por este. O crime de peculato previsto no art. 312, § 1º, do CP é um exemplo de crime especial 
impróprio, uma vez que se o agente não for funcionário público, o crime se amolda ao previsto no art. 155 do CP, o furto. 
 
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Porém, caso tal conduta não fosse penalizada, todos os indivíduos estariam autorizados a praticar a 
conduta, o que poderia levar, no somatório das condutas individuais, à extinção da espécie. 
1.2.9. Crime Impossível e Putativo 
a) Crime impossível, quase-crime, tentativa inidônea ou tentativa inadequada: ocorre quando o agente 
se utiliza de meio ABSOLUTAMENTE INEFICAZ ou objeto ABSOLUTAMENTE IMPRÓPRIO para 
consumar o crime. É o caso da tentativa de homicídio dando-se um copo de água à vítima na 
expectativa de que ela venha a morrer (meio absolutamente ineficaz) ou quando se tenta furtar a 
honra da vítima (objeto absolutamente impróprio, honra não pode ser furtada). A relativa ineficácia 
do meio e a relativa impropriedade do objeto não afastam a configuração do crime, geralmente 
dando azo à forma tentada. O crime impossível deve ser analisado após a realização do fato, visto 
que algo aparentemente inofensivo pode ter o efeito de efetivamente gerar o crime, v.g., quando se 
dá açúcar a pessoa com diabetes. Sobre o crime impossível há três teorias: 
i. Teoria objetiva pura: não distingue entre absoluta ou relativa impropriedade do objeto ou 
ineficácia do meio. Segundo a teoria objetiva pura, não interessa saber, por exemplo, se a 
arma não funcionou porque nunca funcionaria, ou a arma não funcionou naquele caso porque, 
por azar do autor, ela emperrou. Tanto um, quanto em outro caso, se estaria diante de um 
crime impossível. 
ii. Teoria objetiva temperada: prima pela distinção entre absoluta ou relativa impropriedade 
do objeto ou ineficácia do meio. Essa teoria sustenta que só há perigo ao bem jurídico apto a 
fundamentar a punibilidade do crime tentado quando o objeto ou o meio forem, em tese, 
aptos à produção do resultado, ainda que circunstancialmente não se consiga produzi-lo. Ou 
seja, em tese, no caso da teoria objetiva temperada, só seria de se reconhecer o crime 
impossível, por exemplo, após a arma utilizada para um roubo ser periciada. Se chegar à 
conclusão de que a arma que foi acionada não disparou e nunca dispararia por ser defeituosa, 
seria caso de crime impossível. Porém, se essa arma, uma vez apreendida e submetida à 
perícia, for revelada como apta a produzir disparos, tendo o insucesso do roubo decorrido 
 
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unicamente de seu emperramento episódico, o meio será relativamente ineficaz, merecendo 
o agente, pois, punição pela tentativa. ESSA FOI CLARAMENTE A OPÇÃO ADOTADA PELO 
LEGISLADOR BRASILEIRO. 
iii. Teoria sintomática ou subjetiva: defende que o agente deve ser punido, mesmo em caso de 
crime impossível, porque demonstrou periculosidade, disposição para agredir um bem 
jurídico. Nesse caso, ele seria punido pela intenção, e não por algum fato. Não é adotada no 
Brasil. 
b) Crime putativo (delito de alucinação): no crime putativo, o agente pratica uma conduta acreditando 
estar praticando um ilícito penal, quando, de fato, sua ação não está tipificada. V.g., quando o agente 
adultera com o fito de cometer crime (o adultério não é mais considerado ilícito penal em nosso 
ordenamento, logo, não há crime). O crime putativo pode ocorrer nas seguintes hipóteses: 
i. Crime putativo por erro de proibição: o agente acredita ofender uma lei penal que nãoexiste 
realmente. A existência da lei incriminadora só existe na mente do agente, recaindo o erro, 
portanto, sobre a ilicitude do fato. 
ii. Crime putativo por erro de tipo: o crime imaginário se verifica quando o autor acredita ofender 
uma lei penal incriminadora, mas os fatos revelam faltar uma elementar do tipo. Ou seja, a lei 
penal existe, entretanto o fato não foi típico. Aqui, há um erro sobre uma circunstância fática, 
e não sobre uma questão jurídica. Por exemplo, o agente quer cometer um crime tributário 
declarando erroneamente dados na declaração; porém, ao invés de preenche-la, ele preenche 
um formulário qualquer, sem relevância jurídico-penal. 
iii. Crime putativo por obra do agente provocador: denominado crime de ensaio, crime de 
experiência ou flagrante provocado, ocorre quando uma pessoa induz o agente a cometer uma 
conduta criminosa e, simultaneamente, adota medidas para impedir a consumação. Aqui, incide 
a súmula 145 do STF: “Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna 
impossível a sua consumação”. 
 
18 
 
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1.2.10. Crime Vago, Remetido, Exaurido, Habitual e Habitualidade Criminosa 
a) Crime vago, multivitimários ou de vítimas difusas: crime praticado contra uma coletividade sem 
personalidade jurídica. Por exemplo, o crime de racismo. 
b) Crime remetido: ocorre quando a sua definição se remete a outros crimes, que passam a integrá-lo 
(v.g., art. 304 - fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados a que se referem os arts. 297 
a 302). 
c) Crime exaurido3: é aquele já consumado nos termos da lei, embora possa ter desdobramentos 
posteriores que não influenciam no fato típico. Nele, o agente, mesmo após ter consumado o delito, 
o leva a consequências mais lesivas. Ocorre o exaurimento, v.g., na extorsão, quando o agente obtém 
a vantagem indevida, o que é um indiferente penal (exceto para a reparação do dano). 
d) Crime habitual: é aquele crime que exige uma sequência de atos para se consumar, tem uma duração 
contínua, geralmente indefinida e casuística, no tempo. Crimes habituais não se confundem com 
crimes continuados. Caso a habitualidade cesse antes de findo o resultado, os fatos praticados não 
serão considerados crimes, podendo, no máximo, haver punição por tentativa. Ao contrário do que se 
defendo por aí, esses crimes admitem sim o flagrante, quando a prisão é feita após já se ter verificado 
o implemento da habitualidade e a configuração criminosa. É exemplo o rufianismo. 
i. Habitual próprio: habitual próprio é aquele crime cuja tipicidade depende da reiteração de 
condutas. No habitual próprio um único ato não é suficiente a dar tipicidade à conduta, pois a 
tipicidade decorrerá do somatório dos atos típicos praticados. 
ii. Habitual impróprio ou acidentalmente habitual: é aquele crime que, não obstante a regra 
seja sua perpetuação no tempo para se configurar, permite que um único ato seja suficiente 
para a consumação, em casos extremos, como ocorre no crime de gestão fraudulenta, em que 
um único ato pode dar causa à quebra de uma instituição financeira, atingindo diretamente o 
 
3 Exaurimento é a produção do resultado lesivo a bem jurídico após o delito já estar consumado, ou seja, é o 
esgotamento da atividade criminosa, implicando outros prejuízos além dos já atingidos pela consumação. Em 
regra, o exaurimento tem como consequência a exasperação da pena. 
 
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SFN (HC 89.365/PR). Não constituirá pluralidade de crimes a repetição de atos. Há de ser 
analisado perante o caso concreto. 
e) Habitualidade criminosa: a habitualidade criminosa ocorre quando o agente faz do delito seu meio 
de vida, sem que ele queira necessariamente e tenha em mente que um crime seja tido por 
continuação do outro, caso contrário haveria continuidade delitiva. Inclusive, o STJ reiteradamente 
tem decidido que a habitualidade criminosa impede o reconhecimento do benefício da continuidade 
delitiva, já que totalmente incompatível com o comportamento social do réu, que merece maior 
reprimenda. Nesse sentido: 
PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBOS CIRCUNSTANCIADOS. CONCURSO MATERIAL. 
PLEITO DE RECONHECIMENTO DE CONTINUIDADE DELITIVA. ENTENDIMENTO DAS 
INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS NO SENTIDO DE QUE AS AÇÕES SÃO DISTINTAS. REEXAME 
DE PROVAS. INVIABILIDADE NA VIA ELEITA. PACIENTE CONTUMAZ NA PRÁTICA DE 
CRIMES. HABITUALIDADE CRIMINOSA COMPROVADA. 
1. Infirmar os fundamentos das instâncias ordinárias, que afastaram a hipótese de 
continuidade delitiva por se tratar de ações distintas, pressupõe a necessidade de 
dilação probatória, incabível na via eleita do habeas corpus. 
2. Ainda que superado esse óbice, esta Corte tem reiteradamente decidido que a 
habitualidade delitiva comprovada por meio da extensa folha de antecedentes 
criminais impede o reconhecimento da continuidade delitiva. 
3. Ordem denegada. 
(STJ, HC 131.121/PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado 
em 22/08/2011, DJe 05/09/2011) 
1.2.11. Crime de Espaço Mínimo, Crime de Espaço Máximo ou Plurilocal e Crime à 
Distância 
a) Crime de espaço mínimo: aquele que é cometido e consumado em um mesmo lugar. 
b) Crime de espaço máximo ou plurilocal: aqueles cometidos em território de duas ou mais comarcas 
ou seções judiciárias de um mesmo país. A comarca responsável pelo julgamento será, em regra, 
aquela onde ocorreu o resultado (teoria prevalente no processo penal), salvo se o crime for de menor 
potencial ofensivo ou tentado, caso em que a competência é fixada pelo local da conduta. 
c) Crime à distância: relacionado ao direito internacional, é aquele em que se pratica a conduta num 
país e ocorre o resultado num outro. 
 
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1.2.12. Crimes de Tendência (Intenção Especial) e Crimes de Intenção 
Crimes de tendência ou de intenção especial: neles, o tipo penal requer o ânimo de realizar a própria conduta 
legalmente prevista, sem necessidade de transcender tal conduta, como ocorre nos delitos de intenção. É 
aquele que condiciona a sua existência à intenção do sujeito, devendo necessariamente ser analisado um 
aspecto subjetivo. Em outras palavras, não se exige que o autor do crime deseje um resultado ulterior ao 
previsto no tipo penal, mas, apenas, que confira à ação típica um sentido subjetivo não previsto 
expressamente no tipo, mas dedutível da natureza do delito. Exemplo dado por LFG: pessoa chama um policial 
de “caro”. Se o sentido que ela quis dar à palavra é de que o policial é corrupto, configura-se em tese a injúria. 
Se o sentido desejado era o de chamá-lo de pessoa querida, não há crime. 
Crimes de intenção: são delitos de tendência interna transcendente, no sentido de que o autor busca um 
resultado compreendido no tipo, mas que não precisa necessariamente alcançar (crime formal). É o que exige 
do autor uma finalidade (intencionalidade) no sentido de causar um resultado transcendente (ulterior) que 
está previsto, mas que não é exigido pelo tipo objetivo para a consumação do delito. São espécies de delitos 
de intenção os delitos de resultado cortado e os delitos mutilados de dois atos (também denominados 
delitos de transcendência interna). Têm, em geral, a estrutura típica de atos de preparação ou tentados 
punidos como delitos consumados. Neles, é punida a mera periculosidade da conduta, sendo desnecessária 
a ocorrência do resultado efetivo, já que se consumam em momento anterior à lesão ou perigo de lesão ao 
bem jurídico protegido (PRADO, Luiz Régis. Curso de direito penal brasileiro, vol.1: parte geral, arts. 1º a 120/ 
Luiz Régis Prado. - 7 ed. ver. atual. ampl. - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001. p.374). 
De acordo com LFG, 
Os delitos de intenção especial não se confundem com os delitos de intenção transcendental. 
O furto, por exemplo, é um delito de intenção especial (exige o animus furandi: intenção de 
ter a coisa para si ou para outrem), mas não de intenção transcendental. Não há no furto,uma finalidade especial de causar um ulterior resultado, situado além do tipo objetivo. No 
furto a intenção (o animus) do agente ilumina o dolo e está dirigida a um resultado que faz 
parte da consumação do crime. No furto, em suma, exige-se dolo com animus furandi. Na 
extorsão a intenção transcendental do agente vai além do dolo (porque visa a causar um 
resultado ulterior, não exigido para a consumação do crime). A clássica doutrina penal 
(naturalista ou ontologicista/finalista) diria que o furto é crime material enquanto a extorsão 
é crime formal. 
Os delitos de resultado cortado são aqueles onde o agente deseja que um resultado externo ao tipo se 
produza, porém, sem sua intervenção direta. Um exemplo é a extorsão mediante sequestro, tipificada no 
artigo 159 do CP, em que o agente sequestra a vítima para outrem pague pelo resgate. Nesses tipos penais, o 
legislador corta a ação em determinado momento do processo executório, consumando-se o crime 
independentemente do agente haver atingido o resultado pretendido. 
Os delitos mutilados de dois atos (ou vários atos) são aqueles nos quais o autor quer alcançar, após ter 
realizado o tipo, o resultado que fica fora dele e que depende de um ato próprio, seu. Mais claramente, o 
autor realiza esse delito já pensando em praticar outro. Pode ser ilustrado com o exemplo do crime de 
associação para o crime (288 do CP), em que se forma a pluralidade para praticar crimes. 
1.2.13. Crime Acessório ou Parasitário 
É o crime que pressupõe, para a consumação, a prática de outro, como a receptação, o favorecimento real e 
a lavagem de dinheiro. 
http://www.wiki-iuspedia.com.br/article.php?story=20080508143147188
http://www.wiki-iuspedia.com.br/article.php?story=20080508143147188
 
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1.2.14. Crime Transeunte e Não Transeunte 
Transeunte vem da palavra transitar; passa a ideia de algo que permanece ou não. 
É classificação adotada para os crimes que deixam ou não vestígios. Se deixarem vestígios, é não transeunte; 
não deixando, é transeunte. Como exemplo de crimes não transeuntes tem-se a apropriação indébita 
previdenciária, cujo vestígio é exatamente a diminuição da arrecadação de contribuição previdenciária do 
empregado. 
Crime transeunte clássico é a invasão de domicílio. 
1.2.15. Crime de Consumação Atípica Impunível 
Diz-se consumação atípica impunível quando o fato consumado é indiferente penal e a forma tentada é punida 
pelo ordenamento jurídico. 
Embora possa parecer ilógico, à primeira vista, prever a punição abstrata de fato menos grave (tentativa) e 
desconsiderar a forma consumada, há razão para tal. Na Lei de Segurança Nacional (Lei 1.170/83), os artigos 
9º (Tentar submeter o território nacional, ou parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país.), 11 (Tentar 
desmembrar parte do território nacional para constituir país independente.), 17 (Tentar mudar, com emprego 
de violência ou grave ameaça, a ordem, o regime vigente ou o Estado de Direito.) e 18 (Tentar impedir, com 
emprego de violência ou grave ameaça, o livre exercício de qualquer dos Poderes da União ou dos Estados.) 
são exemplos de crimes em que somente se pune a forma tentada. 
Ao analisar detidamente os tipos penais referidos, verifica-se que se o agente conseguir seu intento, não será 
punido porque a alteração e subversão da ordem jurídica acabará por lhe favorecer, haja vista que passará a 
integrar outro Estado que ajudou a formar (arts. 9º e 11), ou porque se tornou um poderoso ditador após a 
realização de Golpe de Estado (arts. 17 e 18). Não confundir delito de atentado (em que a forma tentada é 
punida com a mesma pena da forma consumada), visto que nestes há sim punição da figura consumada. 
1.3. Eficientismo Penal 
1.3.1. O Eficientismo Penal como Direito Penal Máximo 
O Eficientismo (ou direito penal máximo) está incluso em um grande grupo denominado "políticas criminais 
autoritárias", antigarantistas, assim denominadas por desvalorizarem, em maior ou menor intensidade, o 
princípio da legalidade estrita ou um de seus corolários. Essa política busca dar uma eficácia absoluta ao 
Direito Penal, sendo que a certeza que ela pretende obter reside em que nenhum culpado fique impune. 
Fruto de uma orientação criminológica positivista, pleiteia a máxima efetividade do controle social, sendo 
máxima, também, a imunidade a comportamentos ilícitos, mas que são funcionais para o sistema. 
Este modelo, de índole autoritária, possui como elementos: 
a) substancialismo penal – parte de uma concepção ontológica de crime, desvalorizando o valor do 
princípio da legalidade pela intromissão de conceitos morais e pela maior necessidade de punição; 
b) decisionismo processual – juízo e pena irrogada o são por critérios potestativos, de verificabilidade 
inferior à política minimalista. 
A maior representação do Eficientismo na sociedade atual está no Movimento da Lei e da Ordem. Oriundo 
dos Estados Unidos da América, na década de 70, está em pleno funcionamento, com suas penas 
extremamente rígidas em regime fechado, aplicações desproporcionais, desprezo de direitos e garantias 
 
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materiais e adjetivas de Direito, e utilização de práticas não-ortodoxas demonstrativas do desdém ao princípio 
da dignidade da pessoa humana. 
O Direito Penal que decorre dessa política criminal é, sobretudo, simbólico, posto somente buscar satisfazer 
a opinião pública, ainda quando venha a reduzir ou anular direitos fundamentais dos indivíduos que compõe 
essa sociedade. 
O Eficientismo penal identifica que o Estado seria incapaz de combater a criminalidade por meio de políticas 
criminais lato sensu, que são as políticas sociais, as quais teriam como foco os verdadeiros problemas 
criminógenos, e, desse modo, lança mão de políticas criminais estritas, se contentando com o punitivismo 
simbólico. 
1.3.2. Direito Penal Simbólico 
A partir das definições acima especificadas, pode-se falar em Direito Penal Simbólico, em que, pelo viés 
simbólico, o Direito Penal se baseia no medo e na insegurança, tentando gerar uma falsa sensação de que o 
Estado consegue, por meio das leis penais, alterar subitamente a realidade social. 
Sobre o assunto, ROXIN especifica: 
“Assim, portanto, haverá de ser entendida a expressão "direito penal simbólico", 
como sendo o conjunto de normas penais elaboradas no clamor da opinião 
pública, suscitadas geralmente na ocorrência de crimes violentos ou não, 
envolvendo pessoas famosas no Brasil, com grande repercussão na mídia, dada a 
atenção para casos determinados, específicos e escolhidos sob o critério exclusivo 
dos operadores da comunicação, objetivando escamotear as causas históricas, 
sociais e políticas da criminalidade, apresentando como única resposta para a 
segurança da sociedade a criação de novos e mais rigorosos comandos normativos 
penais.” 
O Direito Penal simbólico quase sempre é um Direito Penal de urgência ou emergência, isto é, defende-se 
uma necessidade imperiosa de reformar pontualmente a legislação penal, ainda que sem os devidos 
debates. Parte-se da ideia de que o Legislativo deve dar uma resposta imediata ao povo, ainda que a resposta 
tenha traços de irracionalidade, o que gera erros crassos. 
Diante da busca de uma satisfação popular, dificilmente a legislação decorrente do Direito Penal simbólico 
terá alguma aparência de ressocialização. Nessas situações, a função retributiva da pena é invocada como 
única alternativa para resolver os problemas sociais. 
Podem ser citados como exemplo do Direito Penal Simbólico: Lei dos Crimes Hediondos (Lei n. 8.072/90); 
Lei Carolina Dieckmann (Lei n. 12.737/12); Lei da Inclusão do Porte de Armas de Uso Restrito como crime 
hediondo (Lei n. 13.497/17). Tais leis foram frutos de clamor popular e emergencial, com promessa de solução 
para a criminalidade, sem, contudo, alcançar o efeito prático desejado.

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