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A Doença de Alzheimer (DA) normalmente é descrita como uma patologia causada por uma cascata amiloidal ou por hiperfosforilação da proteína Tau, sendo que alguns artigos mencionam a hiperfosforilação da Tau como consequência da cascata amiloidal. Começando pela cascata amiloidal. Ela é formada por A (beta-amilóide) e/ou produtos de clivagem da APP (Proteína Precursora Amilóide), ou seja, pela quebra da proteína que dá origem ao A (beta-amilóide). Porém, no caso da DA, essa quebra acaba levando a um acúmulo de A (beta-amilóide), acarretando na formação das chamadas placas senis. Já no caso da hiperfosforilação da Tau, sendo a proteína Tau hiperfosforilada uma proteína anormal, ela acaba promovendo a desestruturação dos microtúbulos presentes nos axônios, levando à formação dos chamados emaranhados neurofibrilares intracelulares. Tanto as placas senis quanto os emaranhados neurofibrilares acabam promovendo a destruição neuronal no SNC (Sistema Nervoso Central). OBS: As A (beta-amilóides) são responsáveis por regular o crescimento de neurites (lesão inflamatória ou degenerativa dos nervos), adesão celular, sinaptogênese (processo de formação de sinapses) e sobrevivência celular. OBS: A Tau é uma proteína que está relacionada à estabilização e montagem dos microtúbulos, quando em condições normais. Essa destruição de neurônios culmina na liberação das DAMPs (Padrões Moleculares Associados a Danos). Tanto as DAMPs quanto substâncias tóxicas presentes no meio se ligam aos PRRs (Receptores de Reconhecimento de Padrões), promovendo a ativação de duas células da imunidade inata, presentes no SNC (Sistema Nervoso Central): MICRÓGLIAS a micróglia tem um papel crucial na vigilância e resposta de alterações no SNC (Sistema Nervoso Central), sendo considerada o macrófago do cérebro devido as suas capacidades fagocíticas. Dependendo da força do sinal e do ambiente que a envolve, a micróglia pode responder melhorando a sua capacidade de depuração ou promovendo uma inflamação. É importante mencionar que a micróglia apresenta dois estágios de ativação, que seriam os estágios M1 e M2. O estágio M1 caracteriza-se como um estado pró- inflamatório, enquanto o M2 é tido como estágio anti-inflamatório. Porém, todas as microglias mencionadas na DA são as do estágio M1, portanto, as características seguintes referem-se somente a elas. Essas micróglias ativadas produzem fatores pró-inflamatórios (citocinas), quimiocinas e radicais livres. Dentre as citocinas pró-inflamatórias produzidas, têm- se a IL-1, IL-6, IL-12, IL-18 e TNF- (Fator de Necrose Tumoral). Vale destacar a IL-1, pois ela acaba contribuindo para a evolução da DA. Mas como ela faz isso? Ela promove ativação de mais micróglias e astrócitos, o que faz com que haja uma liberação maior de fatores pró-inflamatórios, além de radicais livres, como o óxido nítrico (iNOS) e o oxigênio reativo (ROS). Além disso, a IL-1 acaba estimulando a produção de mais A (beta-amilóide), que são neurotóxicos, pelos neurônios e a fosforilação da Tau, promovendo o quadro de hiperfosforilação da proteína Tau. É válido mencionar também que os radicais livres produzidos criam um ambiente nocivo no SNC, contribuindo para a neurodegeneração. OBS: Alguns artigos mencionam que níveis elevados de TNF- também promovem uma neurotoxicidade, o que contribui para a DA. ASTRÓCITOS os astrócitos fazem parte das células da glia no SNC, participando do reconhecimento, degradação e depuração de A (beta-amilóide). Assim como as micróglias, os astrócitos também podem ser ativados por meio do reconhecimento de DAMPs e substâncias tóxicas presentes no meio. Além disso, eles também podem sofrer ativação por meio de IL-1 e IL-18 secretados pelas micróglias. A IL-1 induz a produção de IL-6, que tem as seguintes funções: - Promove astrogliose (aumento de tamanho) - Ativação da micróglia - Estimula a produção de proteínas de fase aguda (biomarcadores de processos inflamatórios) Além disso, outras citocinas secretadas pelo astrócito são a IL-1, IL-23 e TNF-, que, além de direcionarem a resposta inflamatória, induzem a síntese de imunoglobulinas pelos linfócitos B ativados e a diferenciação de monócitos em macrófagos. Os astrócitos também liberam IL-12, que pode induzir a diferenciação dos linfócitos T CD4+ em Th1. O aumento das concentrações dessas citocinas acaba danificando a Barreira Hematocefálica (BHE). Somado a isso, os astrócitos secretam quimiocinas (MCP-1, IL-8 E IP-10), que são capazes de atrair monócitos e linfócitos ativados da corrente sanguínea para o SNC. Além disso, eles também promovem a expressão de moléculas de adesão (V-CAM, I-CAM e E-selectinas), que favorecem a migração de células imunes no SNC. Isso tudo contribui para aumentar ainda mais a neuroinflamação. Vale destacar também, que as citocinas pró-inflamatórias (IL-1, TNF- e IFN-) e os radicais livres, ou seja, o oxigênio reativo (ROS) e óxido nítrico (iNOS), produzidos pelas micróglias, atraem os astrócitos para a região de desmielinização. Ao chegar ao local, os astrócitos, por meio dos receptores de reconhecimento de padrões (PRRs), como os receptores Toll (TRLs), ligam-se as A desdobradas e agregadas no cérebro. Ao se ligarem aos A, os astrócitos promovem a degradação e remoção das A, servindo de barreira protetora entre os depósitos de A e os neurônios. OBS: Os astrócitos, assim como as micróglias, também acabam liberando radicais livres e estimulando a produção de A o que contribui para a atividade neurotoxica no SNC. Doença de Alzheimer Cascata amiloidal Hiperfosforilação da Tau Peptídeo Aβ e/ou os produtos de clivagem da APP (Proteína Precursora Amilóide) Desestruturação dos microtúbulos presentes nos axônios O acúmulo de Aβ leva à formação das placas senis Acarreta em emaranhados neurofibrilares intracelulares Promovem destruição neuronal no SNC Liberação de DAMPs Receptores de reconhecimento de padrões (PRRs) reconhecem DAMPs e substâncias tóxicas e ativam as células imunes Astrócitos Micróglias Produz fatores pró- inflamatórios (citocinas), quimiocinas e radicais livres Algumas citocinas pró- inflamatórias produzidas: IL-1β, IL-6, IL-12, IL-18 e TNF- (Fator de Necrose Tumoral) A IL-1β é uma das principais citocinas, colaborando para evolução da DA A IL-1β estimula a produção de Aβ, neurotóxico, e a fosforilação da proteína Tau A IL-1β promove ativação de mais micróglias e astrócitos, liberando maior quantidade de citocinas e oxigênio reativo, além de estimular a síntese de óxido nítrico Radicais livres formam um ambiente nocivo para o SNC, contribuindo para neurodegeneração A IL-1β e IL-18 secretadas pela micróglia ativam os astrócitos As citocinas pró-inflamatórias (IL-1, TNF-α, IFN-y) e espécies reativas de oxigênio ou de nitrogênio, produzidos pelas micróglias, atraem os astrócitos para a região de desmielinização Os receptores de reconhecimento de padrões (PRRs), como os Toll-like receptors (TRLs), dos astrócitos, ligam-se as Aβ desdobradas e agregadas no cérebro Os astrócitos degradam e removem as Aβ, servindo de barreira protetora entre os depósitos de Aβ e os neurônios A IL-1 induz a produção de IL-6, que promove astrogliose, ativação de micróglia e estimula a produção de proteínas de fase aguda Os astrócitos ativados secretam IL-12, que pode induzir a diferenciação dos LT CD4+ em Th1 Outras citocinas secretadas que direcionam a resposta inflamatória são IL-1, IL-23 e TNF-α, que induzem a síntese de imunoglobulina pelos linfócitos B ativados e a diferenciação de monócitos em macrófagos Essas citocinas em maiores concentrações danificam a Barreira Hematoencefálica (BHE) Os astrócitos, em seguida, secretam quimiocinas(MCP-1, IL-8 e IP-10) capazes de atrair monócitos e linfócitos ativados da corrente sanguínea para o SNC. Além disso, os astrócitos promovem a expressão de moléculas de adesão (V- CAM, I-CAM e E-selectinas) que favorecem a migração de células imunes no SNC
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