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274496618-Recuperacao-Pos-Ocupacao-Irregular-de-Manancial

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FABIO SOMOLANJI CORSINI 
RECUPERAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO IRREGULAR 
EM ÁREA DE MANANCIAL-JD. BRANCA FLOR 
ITAPECERICA DA SERRA 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Universidade 
Anhembi Morumbi no âmbito do 
Curso de Engenharia Civil com 
ênfase Ambiental. 
SÃO PAULO 
2003 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FABIO SOMOLANJI CORSINI 
RECUPERAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO IRREGULAR 
EM ÁREA DE MANANCIAL-JD. BRANCA FLOR 
ITAPECERICA DA SERRA 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Universidade 
Anhembi Morumbi no âmbito do 
Curso de Engenharia Civil com 
ênfase Ambiental. 
 
Orientadora: 
Profª . Mestre Ana Lúcia Pinheiro 
SÃO PAULO 
2003 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus pelo Espírito Santo ter iluminado meus 
pensamentos. 
 
Agradeço aos meus pais por depositarem confiança em minha pessoa desde 
o inicio da faculdade. 
 
Agradeço a minha namorada por estar sempre ao meu lado me apoiando 
nos momentos mais difíceis deste trabalho. 
 
Agradeço a Mestre Ana Lúcia Pinheiro, orientadora deste trabalho, pelas 
criticas, sugestões e correções construtivas. 
 
Agradeço ao Mestre Isauro da Cunha Padilha Júnior, pelos incentivos 
destinados à pesquisa deste trabalho. 
 
Agradeço ao Arquiteto Marcelo Rodrigues Mota, Diretor da Secretaria do 
Meio ambiente da Prefeitura Municipal de Itapecerica da Serra, pelo apoio 
dedicado à realização deste trabalho. 
 
Agradeço ao Engenheiro Ambiental David Correia Zarur, da Secretaria do 
Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Itapecerica da Serra, pela atenção 
e apoio. 
 
Agradeço a todos funcionários das Secretarias de Obras e Meio Ambiente, 
da Prefeitura Municipal de Itapecerica da Serra, pela atenção e disposições 
dos materiais utilizado neste trabalho. 
 
Agradeço aos amigos da Universidade Anhembi Morumbi e colegas de 
trabalho que deram seus respectivos apoios à realização deste trabalho. 
 
Enfim, a todos que de maneira direta ou indireta contribuíram para o 
desenvolvimento deste trabalho, os meus sinceros agradecimentos. 
 
 
 i
SUMÁRIO 
 
RESUMO.......................................................................................................IV 
ABSTRACT....................................................................................................V 
LISTA DE FOTOGRAFIAS ...........................................................................VI 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................1 
2 OBJETIVOS................................................................................................2 
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 2 
2.2 Objetivo Específico........................................................................................... 2 
3 METODOLOGIA DA PESQUISA................................................................3 
4 JUSTIFICATIVA..........................................................................................4 
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................6 
5.1 Determinação de Áreas de Mananciais e as Legislações Vigentes.................. 6 
5.1.1 Lei nº 4.771 de15 de setembro de 1965........................................................ 7 
5.1.2 Lei nº 898 em 18 de dezembro de 1975........................................................ 8 
5.1.3 Lei nº 1.172 em 17 de novembro de 1976 .................................................... 9 
5.1.4 Decreto nº 9.714 de 19 de abril de 1977..................................................... 10 
5.1.5 Lei nº 9.866/97 .......................................................................................... 10 
5.1.6 Proteção Jurídica dos Mananciais .............................................................. 12 
5.2 A Expansão Urbana nas Áreas de Mananciais.............................................. 13 
5.3 Caracterização dos Impactos Ambientais ..................................................... 14 
 
 ii
5.3.1 Principais impactos Positivos em um Empreendimento de Recuperação 
Ambiental Pós-Ocupação Irregular ..................................................................... 16 
5.3.1.1 Redução do Lançamento de Resíduos Domiciliares............................. 16 
5.3.1.2 Redução de Contaminação e Eutrofização dos Recursos Hídricos ....... 17 
5.3.1.3 Recuperação da Área de Proteção dos Mananciais .............................. 18 
5.3.1.4 Melhoria das Condições Sanitárias da Comunidade............................. 19 
5.3.1.5 Melhoria da Paisagem Urbana............................................................. 20 
5.3.2 Principais Impactos Negativos em um Empreendimento de R Recuperação 
Ambiental Pós-Ocupação Irregular ..................................................................... 20 
5.3.2.1 Aumento da Erosão e Assoreamento ................................................... 21 
5.3.2.2 Desmatamento da Área Destinada a um Projeto Habitacional.............. 22 
5.3.2.3 Alteração de Usos e Costumes pela População a ser Removida ........... 23 
5.3.2.4 Aumento da Densidade de Ocupação e do Nível de Impermeabilização 
do Solo na Área de Reassentamento ............................................................... 24 
5.4 A Importância em Preservar os Recursos Hídricos no Estado de São Paulo
............................................................................................................................. .25 
5.5 Implantação de um Parque Ecológico após a Ocupação por um Loteamento 
Irregular, como Estratégia de Controle de em uma Área de Recuperação 
Ambiental ............................................................................................................. 26 
6 ESTUDO DE CASO ..................................................................................29 
6.1 A influência do Loteamento Irregular no Jardim Branca Flor de Itapecerica 
da Serra ................................................................................................................ 30 
6.2 Como é Feito o Controle de uma Área Congelada para Aplicação de um 
Projeto de Recuperação ....................................................................................... 33 
6.3 O que Determinou a Escolha da Implantação do Parque Ecológico ............ 35 
6.4 Caracterização da Implantação do Parque Ecológico do Jardim Branca Flor 
em Itapecerica da Serra ....................................................................................... 40 
 
 iii
6.5 Qualidade de Vida Resultante da Implantação do Parque Ecológico .......... 43 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................45 
REFERÊNCIAS............................................................................................47 
ANEXO A.....................................................................................................48 
ANEXO B .....................................................................................................49 
ANEXO C .....................................................................................................50 
ANEXO D .....................................................................................................51 
 
 
 
 iv
RESUMO 
 
O trabalho destaca a necessidade de recuperar uma área danificada pós-
ocupação irregular em uma área de manancial, no Jardim Branca Flor, 
município de Itapecerica da Serra, São Paulo, adotando como estratégia a 
implantação de um parque ecológico. 
 
A análise bibliográfica feita com ênfase nas legislações pertinentes às áreas 
de mananciais ressaltou a necessidade de atribuir estratégias para a 
recuperação e preservação ambientais, a fim de controlar o crescimento 
populacional nestas áreas, como o projeto de recuperação ambiental 
aplicado nas margens do rio Embu Mirim, afluente da Bacia Hidrográficado 
Guarapiranga, sendo um importante recurso hídrico para o abastecimento 
público do Estado de São Paulo no Brasil. 
 
Palavras-chaves: Meio ambiente. Manancial. Preservação. 
 
 
 v
ABSTRACT 
 
The work figures out the need of recovering a a damaged area product of an 
irregular settlement upon a water source terrain at Jardim Branca Flor in 
Itapecerica da Serra, São Paulo, adopting the implantation of an ecological 
park as estrategy. 
 
The bibliographic analisys was made emphasizing the legislation concerning 
the proctetion of the water source areas, also emphasizing the need of the 
envirnmental strategies adoption in the recovery and preservation of the 
water source terrains alongside the main streams of the Guarapiranga Basin, 
remaining as an important resource for water public supplyng in the State of 
São Paulo, Brazil. 
 
 Word-keys: Environment. Water source. Preservation. 
 
 vi
LISTA DE FOTOGRAFIAS 
 
Foto 6.1: Vista aérea do local de implantação no Jardim Branca Flor........32 
Foto 6.2: Sinalização de advertência contra invasão ..................................34 
Foto 6.3: Aspecto da mata ciliar do rio Embu Mirim a montante do 
loteamento Jardim Branca Flor ....................................................................36 
Foto 6.4: Aspecto do rio Embu Mirim na área de várzea com ocupação 
irregular a montante do loteamento Jardim Branca Flor ..............................37 
Foto 6.5: Aspecto do sistema de águas pluviais contaminadas pelo esgoto....
.....................................................................................................................38 
Foto 6.6: Lançamento de esgoto e águas pluviais contaminadas em vala 
proveniente da área do loteamento irregular.................................................39 
Foto 6.7: Afluente do rio Embu Mirim cruzando a área do assentamento 
onde recebe contribuições de esgotos..........................................................39
 
 1
1 INTRODUÇÃO 
 
 O emprego de técnicas e estratégias de preservação do meio ambiente, 
muitas vezes, é imprescindível, como quando da inserção de um projeto 
construtivo em área inteiramente de Proteção dos Mananciais, ou 
simplesmente quando de recuperação e conservação de recursos hídricos e 
ambientes associados. São problemas que um engenheiro civil deve 
solucionar. 
 
De acordo com Relatórios do Plano de Desenvolvimento e Proteção 
Ambiental (PDPA-1999), o processo de ocupação urbana desordenada está 
crescendo no Brasil, e especificamente no Estado de São Paulo vem 
causando desmatamento e poluição de rios, e por conseqüência afetando 
Bacias Hidrográficas e o abastecimento de água da Região Metropolitana. 
 
Estes problemas acarretados pelo avanço da ocupação irregular geram uma 
degradação ainda maior da qualidade das águas e perda, temporária ou 
definitiva, do manancial para o abastecimento futuro da humanidade. 
 
Para alcançar os objetivos de preservação da água para abastecimento e de 
recuperação urbana e ambiental dos territórios afetados, o capital a ser 
investido é alto, e muitos bancos internacionais estão se interessando em 
financiar estes projetos para o Brasil. Resta à sociedade tomar ciência da 
complexidade e não ocupar com moradias irregulares o pouco que sobrou 
das matas brasileiras, cooperando com os profissionais preocupados em 
minimizar os impactos ambientais causados e em oferecer à população uma 
vida saudável e digna, por meio de loteamentos regulares. 
 
 2
2 OBJETIVOS 
 
 
2.1 Objetivo Geral 
 
O trabalho visa, como um todo, a caracterização dos impactos ambientais e 
recuperação ambiental pós-ocupação irregular em áreas de mananciais, 
discorrendo sobre os principais conceitos sobre mananciais e as legislações 
pertinentes, ressaltando a importância de preservar o meio ambiente para a 
população e para os profissionais ligados à engenharia civil. 
 
 
2.2 Objetivo Específico 
 
Avaliar os procedimentos de implantação de um Parque Ecológico, como 
estratégia de recuperação pós-ocupação irregular nas margens do Rio Embu 
Mirim, na área de influência do loteamento Jardim Branca Flor – Itapecerica 
da Serra, relatando problemas comuns de impactos ambientais causados 
antes e depois da implantação do empreendimento, ressaltando a agravante 
que é para o meio ambiente a aplicação de moradias irregulares em área de 
preservação de mananciais. E a importância de preservar o afluente rio 
Embu Mirim para a bacia do Guarapiranga. 
 
 
 
 
 
 
 
 3
3 METODOLOGIA DA PESQUISA 
 
O trabalho foi desenvolvido por meio de referências técnicas, dos quais 
foram extraídos os conceitos básicos que norteiam o tema em estudo; 
‘’sites’’ de organizações governamentais ligadas ao meio ambiente, para 
extrair dados e informações técnicas; visita à obra, no local onde o projeto 
será implantado, dentro do estudo de caso, com a finalidade de encontrar 
dados in loco, para complementar a pesquisa de estudo; documentos e 
arquivos da Secretaria de Obras e do Meio Ambiente da Prefeitura Municipal 
de Itapecerica da Serra, para complementar o trabalho em estudo com 
fotografias e dados técnicos da obra a ser implantada no município; e 
análise de legislações vigentes, que especificam as condições e parâmetros 
necessários para a elaboração deste tipo de obra, ligada ao conceito de 
preservação de áreas de mananciais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4
4 JUSTIFICATIVA 
 
Com o crescimento da população no Brasil, e especificamente na cidade de 
São Paulo, a criação de loteamentos irregulares e clandestinos em áreas de 
mananciais é freqüente, causando grandes impactos ao meio ambiente, e 
muita vezes a solução a estes problemas deve ser rápida e definitiva, a fim 
de recuperar a área degradada e por sua vez protege-la conforme as 
legislações vigentes no país. 
 
O Projeto Jardim Branca Flor, que está sendo implementado em Itapecerica 
da Serra, segue como referência de estudo e exemplo de procedimentos de 
uma obra de recuperação em uma área de Manancial. A cidade de 
Itapecerica da Serra possui uma superfície de 136 quilômetros quadrados e 
tem o seu território inteiramente inserido na Área de Proteção dos 
Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo. 
 
Tal fato implica na necessidade da suplementação de Projetos de 
Recuperação Ambiental e Remanejamento de Ocupações Irregulares. 
Segundo documentos técnicos da Secretaria de Obras da Prefeitura de 
Itapecerica da Serra (2001), a recuperação ambiental pós-ocupação irregular 
em áreas de mananciais é relevante devido aos aspectos: 
 
• riscos decorrentes das enchentes em épocas chuvosas, desabrigando os 
moradores dos loteamentos, irregulares e regular, causando perdas de 
bens materiais, veiculação de doenças e conseqüentemente perigo a 
vidas humanas; 
 
• os potenciais danos ambientais causados pela grande deposição de lixo 
doméstico e esgoto urbano não tratado diretamente nas águas do rio 
Embu Mirim, o qual é um importante contribuinte do reservatório 
Guarapiranga, um dos principais mananciais da Região Metropolitana de 
São Paulo; 
 
 5
• remoções excessivas de matas ciliares, e por consequência 
manifestações de erosão e assoreamento. 
 
A ocupação através de moradias irregulares na margem do rio Embu Mirim é 
o principal agravante, para os decorrentes impactos de contaminação das 
águas superficiais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
Para estudar os mananciais é necessário compreender as principais 
legislações ligadas a sua proteção, ressaltando a importância em preservar 
o meio ambiente para toda a humanidade e a expansão urbana nas áreas de 
mananciais. 
 
5.1 Determinação de Áreas de Mananciais e as Legislações 
Vigentes 
 
Segundo relatórios do Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental 
(PDPA-1999), manancial é toda reservade água que pode ser utilizada pelo 
homem para abastecimento de água, irrigação, recreação e pesca, 
proveniente de nascentes de água e fonte abundante. 
 
Na natureza, um manancial represado e devidamente tratado é, por sua vez, 
muito benéfico à população, servindo como principal fonte de abastecimento 
público em geral. Na grande São Paulo, as principais bacias hidrográficas 
são a Billings e a Guarapiranga. 
 
Em 1991 foi aprovado pelo governo do estado de São Paulo o Plano 
Estadual de Recursos Hídricos, que apresenta um panorama assustador 
para um futuro não muito distante. A água em breve se tornará um produto 
escasso e de custo elevado, que prejudicará o desenvolvimento do Brasil, 
podendo o sistema de abastecimento doméstico, industrial e agrícola entrar 
em colapso total. 
 
O governo é responsável pela criação de leis e programas para a 
preservação de mananciais. A Companhia de Saneamento Básico do Estado 
de São Paulo (SABESP) vem atuando fortemente no processo de 
implementação da Lei 9.866/97, que estabelece diretrizes e normas de 
 
 7
proteção e recuperação dos mananciais de interesse regional do estado de 
São Paulo. 
 
Dentro do Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do Guarapiranga, 
do Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental (PDPA-1999), desde o 
seu início, em 1993, já foram assentados 316 quilômetros de redes coletoras 
de esgotos e 74 quilômetros de coletores – troncos, interceptores e 
emissários. Foram também instaladas 26,3 mil ligações domiciliares que 
atendem a 110 mil pessoas. Cerca de 51 mil famílias foram beneficiadas 
com a construção de mais de duas mil unidades habitacionais, com 
adequação de infra-estrutura urbana e implantação de 459 hectares de 
parques e 44 hectares de áreas de lazer. 
 
Os programas de recuperação de áreas degradadas por ocupação irregular 
em áreas de mananciais, são financiadas por Bancos Internacionais, tais 
como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco 
Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), sendo as verbas 
gerenciadas de grande valia, onde os programas, se bem planejados, 
podem minimizar parte dos impactos que são causados diretamente nas 
grandes bacias reservadas. Este é o caso da bacia do Guarapiranga do 
estado de São Paulo, que receberá recuperação e tratamento do seu 
afluente o rio Embu Mirim, na área de intervenção do loteamento Jardim 
Branca Flor, em Itapecerica da Serra -SP. 
 
 
5.1.1 Lei nº 4.771 de15 de setembro de 1965 
 
De acordo com o Código Florestal, instituído pelo governo da República, em 
15 de setembro de 1965, devem ser preservadas as florestas e as demais 
formas de vegetação situadas ao longo dos rios de qualquer curso d’água, 
desde o seu nível mais alto, em faixa marginal, pela observação de recuos 
absolutos de proteção do manancial, sendo as áreas reservadas ao longo do 
 
 8
curso d’água determinadas pela sua largura. São contempladas as áreas ao 
redor das lagoas, lagos, reservatórios d’água naturais ou artificiais, 
nascentes, montanhas e demais locais destinados pela legislação como 
áreas de preservação, abrangendo todo o território nacional. 
 
Quando em áreas urbanas e regiões metropolitanas, as áreas preservadas 
são definidas por lei municipal, prevista nos respectivos planos diretores e 
leis de uso do solo, respeitando os limites a que se refere a Lei Federal. 
Em terras de propriedades rurais, os loteamentos devem destinar uma área 
de preservação com cobertura arbórea de 20% da área total da propriedade. 
Nas terras de propriedades privadas, em áreas destinadas à preservação 
permanente, se houver necessidade de florestamento ou simplesmente 
reflorestamento o proprietário deve fazer as recuperações necessárias. 
 
Cabe ao poder público federal o direito de implantar projetos de 
recuperação, se houver necessidade. 
 
 
5.1.2 Lei nº 898 em 18 de dezembro de 1975 
 
Em 18 de dezembro de 1975, o governo do estado de São Paulo promulgou 
esta lei em Assembléia Legislativa, disciplinando o uso do solo para a 
proteção dos mananciais, cursos e reservatórios de água e demais recursos 
hídricos de interesse da Região Metropolitana da grande São Paulo. Embora 
em seu artigo 2º a lei estabeleça normas de restrição de uso do solo em tais 
áreas e dê providências correlatadas na Lei nº 1.172/76, não surtiu os 
efeitos desejados e as áreas protegidas acabaram sendo alvo de 
empreendimentos ilegais. Essas leis visam ordenar a ocupação das bacias 
hidrográficas dos mananciais de abastecimento, estabelecendo parâmetros 
de uso e ocupação do solo para as áreas de mananciais, para que se evite o 
adensamento populacional e a poluição das águas. Nesta lei são declaradas 
como áreas de proteção o Reservatório do Guarapiranga, até a barragem no 
 
 9
município de São Paulo, o Reservatório Billings e os demais rios e 
reservatórios em várias regiões dentro do estado de São Paulo. 
 
O estudo de caso apresentado neste trabalho, refere-se à preservação e 
recuperação das margens do rio Embu Mirim, que, por sua vez, é um 
afluente da Bacia do Guarapiranga de São Paulo, sendo uma represa 
considerada de proteção, conforme dita a lei 898/75. Desta forma, 
destaca-se a importância do projeto de recuperação ambiental que será 
implantado nas margens do rio Embu Mirim, no município pertencente a 
grande São Paulo. 
 
 
5.1.3 Lei nº 1.172 em 17 de novembro de 1976 
 
De acordo com a Lei nº 1.172, decretada em Assembléia Legislativa, foram 
delimitadas as áreas de proteção dos mananciais disciplinando o uso e 
ocupação do solo, complementado a Lei nº 898/76 com a classificação dos 
divisores de água do escoamento superficial, dos cursos d’água e dos 
reservatórios hídricos, definindo a área de intervenção e o número 
populacional envolvido. 
 
Pelas citadas leis foram criadas duas categorias de áreas de proteção: 
 a) áreas de primeira categoria - áreas situadas às margens das 
represas de cursos d’água (rios e córregos), áreas cobertas por matas e 
áreas de grande declividade; 
b) áreas de segunda categoria - corresponde às sub-bacias dentro de 
uma bacia onde são estabelecidas as divisões de classificação das áreas 
de acordo com a densidade populacional envolvida, destinadas à 
expansão urbana. Assim: 
 
 
 
 
 10
• CLASSE A – área urbana com densidade populacional superior a 
trinta habitantes por hectare. Sendo empreendimentos posteriores às 
leis, a densidade máxima permitida passou a ser de cinquenta 
habitantes por hectare. 
 
• CLASSE B – áreas situadas no entorno daquelas consideradas 
urbanas e as destinadas à expansão urbana. Sendo classificada com 
densidade variada entre vinte e cinco habitantes por hectare a trinta e 
quatro habitantes por hectare. 
 
• CLASSE C – demais áreas com densidade populacional variando 
entre seis habitantes por hectare a vinte e quatro habitantes por 
hectare. 
 
 
5.1.4 Decreto nº 9.714 de 19 de abril de 1977 
 
Em 19 de abril de 1977, foram regulamentadas as leis nº 898/75 e 1.172/76, 
pelo decreto nº 9.714, disciplinando o uso do solo para a proteção aos 
mananciais, em cursos e reservatórios de água e demais recursos hídricos 
de interesse da Região Metropolitana da grande São Paulo. A gestão de 
preservação dos mananciais é um conceito definido e acatado pelos 
planejadores ambientais e recomendado pela Agenda 21, com Programas 
de Combate ao Desflorestamento e Promoção do Desenvolvimento 
Sustentável dos assentamentos humanos, em regiões de todos os tipos de 
terras, florestas e matas. 
 
 
5.1.5 Lei nº 9.866/97 
 
Essa lei está em processo de substituição da Lei nº 1.172, de acordo com a 
proposta feita pelo governador Mario Covas e aprovada pela Assembléia 
 
 11
Legislativa. Essa lei tem abrangência estadual e estabelece critérios gerais 
para as ações nas áreas pertencentes às bacias hidrográficas de corpos 
d’águautilizados como mananciais. Ao contrário da Lei nº 1.172, que detalha 
as condições e critérios de uso e ocupação do solo, comuns a todos os 
mananciais da região metropolitana de São Paulo (PMSP), a lei nº 9.866 
determina que para cada bacia ou sub-bacia utilizada como manancial seja 
proposta pelo respectivo Comitê de Bacia e aprovada pela Assembléia 
Legislativa uma lei especifica, com o detalhamento dos parâmetros 
urbanísticos e impactos na qualidade da água considerados para aquele 
manancial. A lei destaca a necessidade de que cada manancial deverá ter 
uma lei específica. 
 
A Lei nº 9.866/97 dispõe sobre as diretrizes e normas para proteção e 
recuperação das bacias hidrográficas dos mananciais de interesse regional 
do Estado de São Paulo e dá outras providências. Esta lei estabelece uma 
política de gestão descentralizada e participativa, por meio de um Sistema 
de Planejamento e Gestão, e remete às leis especificas de criação de Áreas 
de Proteção e Recuperação dos Mananciais (APRMs), que estão inseridas 
na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI). 
 
No estado de São Paulo existem 22 Unidades de Gerenciamento de 
Recursos Hídricos, cujas áreas de intervenção, como instrumento de 
planejamento e gestão, dividem-se em: 
 
• Áreas de Restrição à Ocupação - são áreas definidas pela 
Constituição do Estado como áreas de interesse para a proteção de 
mananciais, preservação e recuperação dos recursos naturais. 
• Áreas de Ocupação Dirigida - refere-se às áreas de interesse para a 
implantação de usos rurais ou urbanos, desde que atendidos os 
requisitos que garantam a manutenção das condições ambientais 
necessárias à produção de água em quantidade e qualidade 
desejáveis para o abastecimento das populações atuais e futuras. 
 
 12
• Áreas de Recuperação Ambiental - são áreas onde os usos e as 
ocupações estão comprometendo a quantidade e a qualidade dos 
mananciais, exigindo ações de caráter corretivo das condições 
ambientais. 
 
Deve se levar em conta, também, que as áreas de proteção aos mananciais 
correspondem, geralmente, às áreas de drenagem de uma bacia 
hidrográfica, o que as tornam passíveis de proteção. Observa-se que as 
Áreas de Proteção aos Mananciais inserem-se nas Áreas de Proteção 
Ambiental. 
 
 
5.1.6 Proteção Jurídica dos Mananciais 
 
A proteção jurídica das áreas de mananciais se dá, principalmente, por 
normas de uso e ocupação do solo, as quais podem prever taxas de 
ocupação, coeficientes de aproveitamento, restrições a atividades 
potencialmente poluidoras e manejo da vegetação. 
 
A Constituição Federal Brasileira de 1988 apresenta três artigos 
relacionados, ainda que indiretamente, à proteção de mananciais: 
 
• artigo 170, VI - onde a ordem econômica deverá 
observar os princípios da defesa do meio ambiente; 
• artigo 186, II - onde a função social da propriedade 
rural será cumprida se, dentre outros requisitos, houver 
a utilização adequada dos recursos naturais 
disponíveis e preservação do meio ambiente. 
• artigo 225 - refere-se ao fato de todos terem direito ao 
meio ambiente ecologicamente equilibrado, cabendo ao 
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preserva-lo. 
 
De acordo com o Programa Guarapiranga do Plano de Desenvolvimento e 
Proteção Ambiental (PDPA, 1999), as legislações vigentes não conseguiram, 
de maneira satisfatória, impedir a ocupação predatória e a consequente 
 
 13
deterioração da qualidade dos mananciais da grande São Paulo. 
Considerando-se também as profundas mudanças que ocorreram nos 
campos jurídico e legal com o advento das Constituições de 1988 e 1989, 
impõe-se a reformulação da legislação ambiental à luz das novas diretrizes 
nelas contidas. Como ressaltado na lei mais recente, nº 9.866/97, faz-se 
necessário preservar e recuperar os mananciais do estado de São Paulo, 
essenciais ao abastecimento publico, através de novos instrumentos legais. 
Torna-se assim imprescindível e urgente compatibilizar as ações voltadas à 
preservação dos mananciais e proteção ao meio ambiente, com a ocupação 
do solo e o desenvolvimento socioeconômico das regiões protegidas. Para 
tanto, deve-se implementar uma gestão participativa, que promova uma 
efetiva integração entre diferentes setores e órgãos governamentais e 
garanta a participação de todos os agentes das sociedades civil envolvidos 
na gestão das ações relativas ao saneamento, ao aproveitamento dos 
recursos naturais e ao desenvolvimento regional. Vale ainda enfatizar a 
necessidade de descentralização do planejamento e da gestão das bacias 
hidrográficas, bem como o relevante papel que as administrações locais 
terão na estruturação de um contexto legal. 
 
 
5.2 A Expansão Urbana nas Áreas de Mananciais 
 
Segundo Sócrates, Grostein e Tanaka (1985), a expansão da ocupação 
urbana em áreas de mananciais, assumiu características marcantes no 
decorrer do século XX. O crescimento urbano está, por sua vez, tornando-se 
um grande problema, onde a resultante negativa desse processo refletiu nos 
moradores das áreas periféricas, que se viram condenados a habitações 
irregulares frente à legislações vigentes, em loteamentos irregulares e 
clandestinos, degradando, conseqüentemente, o meio ambiente. 
 
A expansão urbana nas áreas de mananciais é um dos agravantes para a 
escassez de água e a diminuição da qualidade da água potável. A região 
 
 14
metropolitana de São Paulo sofre com estes agravantes, implicando na 
criação de programas de racionamento (rodízio) de água no sistema de 
abastecimento. Essas medidas são muitas vezes emergenciais, pois os 
reservatórios de abastecimento não estão suportando o aumento da 
demanda populacional. 
 
A falta d’água ocorre principalmente nos períodos de seca (não chuvosos), o 
que faz com que o volume das principais bacias tendam a diminuir. Deve-se 
ressaltar que a má qualidade das bacias, como a da Billings que, 
anteriormente às legislações de proteção aos mananciais, teve as suas 
águas contaminadas por metais pesados, decorreu na redução de sua 
utilização. Assim, rios e bacias que poderiam servir como fonte de captação 
de água potável para o abastecimento público encontram-se muitas vezes 
poluídos ou com água de baixa qualidade, sendo inviável as suas 
utilizações, pois o seu tratamento é oneroso. A bacia do Guarapiranga é 
uma das principais fontes de captação de água da Grande São Paulo. 
Apesar de ter sido construída pela Light somente com a finalidade de gerar 
energia elétrica, a represa Guarapiranga passou a fornecer água potável 
para a Região Metropolitana de São Paulo a partir de 1924, e hoje é uma 
das principais bacias hidrográficas do estado de São Paulo, sendo 
relacionada a ela grandes programas de preservação e recuperação da 
bacia como um todo, e de seus afluentes. Dentro disso, é importante o 
controle da expansão urbana nas áreas de mananciais cujas reservas 
hídricas ainda não estão comprometidas e, se comprometidas, deve-se 
implantar estratégias de controle ligadas a sua recuperação e preservação. 
 
 
5.3 Caracterização dos Impactos Ambientais 
 
Dentro de um processo de ocupação de uma área de manancial de forma 
irregular, os impactos ambientais são inevitáveis. Mesmo a implantação 
geral do projeto de um empreendimento de recuperação ambiental em uma 
 
 15
área degradada, propicia grandes impactos, tanto positivos como negativos, 
abrangendo desde os aspectos econômicos da população existente, às 
mudanças nos ecossistemas da região. Assim, um projeto de reurbanização 
em uma área de manancial deve contemplar estratégias para minimizar os 
impactos negativos. Dentre essas, destaca-se a implantação de um parque 
ecológico na área de pós-ocupação irregular, que ocorre com a finalidade de 
recuperar o sistema ambiental natural e o bem-estar social. 
 
O quadro 1 apresenta as principais classificações de impacto ambiental deacordo com os atributos natureza, reversibilidade, duração e grau de 
resolução, conforme exemplificado em documento técnico da Secretaria do 
Meio Ambiente da Prefeitura de Itapecerica da Serra (2000). 
 
ATRIBUTOS DEFINIÇÃO 
NATUREZA Positiva ou negativa 
 
REVERSIBILIDADE 
Propriedade de o impacto ser reversível, 
por meio de ações implantadas em sua 
área de incidência. 
 
DURAÇÃO 
Permanente ou temporário, ainda que se 
implementem ações corretivas. 
 
GRAU DE RESOLUÇÃO 
Baixo, médio ou alto, dependendo da 
eficácia das ações empreendidas na 
área afetada. 
Quadro 1: Classificação dos Impactos Ambientais decorrentes de um empreendimento 
de Recuperação Ambiental Pós Ocupação Irregular, de acordo com seus atributos 
(SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DA PREFEITURA DE ITAPECERICA DA SERRA, 
2000). 
 
As classificações dos impactos ambientais são diferenciadas de acordo com 
o tipo de empreendimento e a sua localização, sendo que as classificações 
de um empreendimento nunca serão idênticas a outro. 
 
 
 
 16
5.3.1 Principais impactos Positivos em um Empreendimento de 
Recuperação Ambiental Pós-Ocupação Irregular 
 
Em um empreendimento de recuperação ambiental de pós-ocupação 
irregular, pode-se relacionar impactos positivos decorrentes da implantação 
de um projeto de recuperação ambiental e paisagística do local degradado, 
ressaltando que os impactos positivos são decorrentes de um projeto 
planejado e bem aplicado, de acordo com a necessidade do local, como 
retratado no projeto de implantação do parque ecológico no lugar do 
loteamento irregular no Jardim Branca Flor. 
 
 
5.3.1.1 Redução do Lançamento de Resíduos Domiciliares 
 
Embora possa existir serviço de coleta de lixo doméstico mantido pela 
Prefeitura, na maioria das vezes boa parte do lixo e do esgoto doméstico 
gerado em ocupação irregular é lançada nos rios, causando assoreamento e 
poluição, comprometendo o fluxo natural do curso d’água e provocando 
pontos de estrangulamentos, e por consequência aumentando o nível das 
enchentes, nas margens dos rios. 
 
Com a implantação dos projetos de reassentamento de recuperação 
ambiental da várzea degradada, haverá uma redução considerável no 
lançamento de resíduos no solo e cursos d’água, contribuindo, por sua vez, 
para a melhoria das condições sanitárias e de drenagem das águas pluviais. 
 
Assim, tem-se: 
 
a) Natureza: Positivo 
 
 
 17
b) Reversibilidade: Baixa, se o sistema de coleta de lixo continuar e for 
melhorado, e se também implantarem programas de educação ambiental 
para a população, como previstos pela Agenda 21. 
 
c) Duração: Indeterminada 
 
d) Grau de resolução: Alto 
 
 
5.3.1.2 Redução de Contaminação e Eutrofização dos Recursos 
Hídricos 
 
Parte dos esgotos domésticos provenientes da ocupação irregular, além de 
serem conduzidos por tubulações ao rio, são absorvidos por fossas negras 
irregulares, contaminando diretamente os sistemas artesanais que ligam ao 
rio. No estudo de caso deste trabalho, o rio Embu Mirim, que é um afluente 
da Bacia do Guarapiranga, estes problemas sanitários são comuns na 
margem que sofre a influência do loteamento Jardim Branca Flor, em 
Itapecerica da Serra. 
 
A situação pode se reverter a partir da remoção das moradias e com a 
implantação de um projeto de reassentamento, com a implantação de um 
Sistema de Tratamento de Esgoto. 
 
Assim, esta situação resultará em impactos classificados como: 
 
a) Natureza: Positivo 
 
b) Reversibilidade: Alta, caso os esgotos não sejam destinados ao sistema 
de tratamentos. 
 
 
 18
c) Duração: Indeterminada, podendo não ocorrer se não forem efetuados 
investimentos necessários ao equacionamento dos esgotos da bacia, no 
caso em estudo, a Bacia do Guarapiranga. 
 
d) Grau de Resolução: baixa, por exigir a implementação do sistema de 
coleta e tratamento de esgotos envolvendo grandes volumes de 
investimento. 
 
 
5.3.1.3 Recuperação da Área de Proteção dos Mananciais 
 
Com a implantação de um parque ecológico, as medidas de saneamento 
ambiental, tais como implantação de rede coletora e tratamento de esgoto, 
propicia: 
 
• proteção dos recursos hídricos superficiais, aumentando a 
disponibilidade e regularidade do fluxo de água, no caso, do rio Embu 
Mirim; 
• redução da carga de nutrientes orgânicos e inorgânicos, reduzindo a 
eutrofização do sistema hídrico e o risco de diminuir o oxigênio 
dissolvido, trazendo conseqüências negativas para a biota aquática; 
 
• melhoria da qualidade de água para captação, tratamento e 
abastecimento público; 
 
• aumento da área de mata ciliar que serve de abrigo e fornece alimento 
para as comunidades biológicas aquáticas e ribeirinhas (animais com 
habitat em terreno baixo, à beira de rio). 
 
Assim, o impacto é descrito como: 
 
 
 
 19
a) Natureza: Positivo 
 
b) Reversibilidade: Baixa 
 
c) Duração: Indeterminada 
 
d) Grau de Resolução: Dependente do nível de sucesso do projeto em 
pauta. 
 
 
5.3.1.4 Melhoria das Condições Sanitárias da Comunidade 
 
A implementação de um projeto de reassentamento e recuperação ambiental 
acarretará numa sensível e significativa melhoria nas condições sanitárias 
da comunidade envolvida, representada pelos efeitos diretos e indiretos 
relacionados com o afastamento dos esgotos sanitários, reduzindo a 
exposição da comunidade a agentes patogênicos e parasitas e na redução 
de animais transmissores de doenças, especialmente roedores e insetos, 
melhorando a qualidade de vida da população existente na área afetada. 
 
Os impactos observados nas condições sanitárias da comunidade são: 
 
a) Natureza: Positivo 
 
b) Reversibilidade: Baixa 
 
c) Duração: Indeterminada 
 
d) Grau de Resolução: Alto 
 
 
 
 
 20
5.3.1.5 Melhoria da Paisagem Urbana 
 
Como muitas vezes em um projeto de recuperação ambiental se integra um 
projeto de urbanização, este conjunto de implantação resultará em uma 
significativa melhoria da paisagem urbana, desde a recuperação da várzea 
do rio e da mata ciliar, como a implantação de um parque ecológico, com 
espaços livres para área de lazer e esporte, resultando em uma paisagem 
mais artística e arquitetônica com a composição paisagista do local. 
 
Assim, destaca-se o impacto como: 
 
a) Natureza: Positivo 
 
b) Reversibilidade: Baixa 
 
c) Duração: Permanente 
 
d) Grau de Resolução: Não se aplica 
 
 
5.3.2 Principais Impactos Negativos em um Empreendimento de R 
Recuperação Ambiental Pós-Ocupação Irregular 
 
Em um empreendimento de recuperação ambiental de pós-ocupação 
irregular, pode-se encontrar impactos negativos decorrentes dos projetos de 
recuperação ambiental, como a construção de um novo loteamento regular 
com a finalidade de remover a população do loteamento irregular. Este 
processo de reassentamento populacional pode resultar em impactos 
negativos; porém, se existir um projeto devidamente planejado e o mesmo 
seguir padrões técnicos de qualidade construtivas, esses impactos podem 
ser minimizados. Tal fato é retratado no projeto de implantação de parque 
ecológico no lugar do loteamento irregular e a construção de um novo 
 
 21
loteamento com infra-estrutura completa para a remoção da população 
existente do loteamento irregular no Jardim Branca Flor. 
 
 
5.3.2.1 Aumento da Erosão e Assoreamento 
 
Na implantação do projeto de recuperação de uma área de manancial 
pós-ocupação irregular, na maioria dos casos, há a necessidade de uma 
relocação dentro da área de manancial, conforme já mencionado neste 
trabalho. Deve-se então escolher uma área do manancial que implique em 
impactos menores do que os existentes na área de recuperação. Assim, no 
reassentamento dos moradores, o loteamento projetado de forma regular 
sofrerá impactos negativos como: 
 
• a remoção da cobertura vegetal e a terraplenagem poderão provocar 
a exposição do solo às chuvas, como conseqüente carreamento de 
sólidos em suspensão para o sistema de drenagem de águas pluviais 
e para o curso do rio em recuperação; 
 
• pode ocorrer o comprometimento de áreas destinadas à ocupação, 
comprometendo as áreas verdes do novo assentamento; 
 
• nos locais de deposição pode haver agravamento da obstrução das 
drenagens naturais e implantadas, potencializando o aumento de 
efeitos de enchentes. 
 
Assim: 
 
a) Natureza: Negativo 
 
b) Reversibilidade: Reversível se aplicadas as técnicas de 
conservação do solo durante a implantação das obras de 
 
 22
terraplenagem e cobertura do solo com vegetação associada ao 
término das obras civis. 
 
c) Duração: Temporária - a duração do impacto na área de geração 
estará condicionada à duração das obras de implantação podendo 
estender-se por tempo indeterminado, e de forma agravante, se 
não tomadas às devidas providências para a cobertura do solo 
desprotegido, e nas áreas de deposição os impactos poderão 
fazer-se sentir por tempo superior, até a remoção dos sedimentos, 
porque obstrui o sistema de águas pluviais. 
 
d) Grau de Resolução: Média, podendo ser alta, dependendo das 
medidas conservacionistas a serem adotadas. Para a mitigação 
dos impactos, deverão ser previstas as seguintes medidas: 
 
• máxima restrição à remoção da cobertura vegetal de qualquer 
natureza; 
• implantação de bacias de contenção de sedimentos junto a todas 
as áreas significativas de contribuição; 
• implantação do sistema de drenagem concomitantemente com a 
terraplenagem ou logo após; 
• imediata cobertura do solo após a conclusão das obras. 
 
 
5.3.2.2 Desmatamento da Área Destinada a um Projeto Habitacional 
 
Quando em uma área de manancial houver a necessidade de se implantar 
um projeto habitacional, tal fato poderá implicar em desmatamento de parte 
da vegetação florestal remanescente, reduzindo a área verde existente na 
região e restringindo a sobrevivência das comunidades vegetais e animais 
dos ecossistemas remanescentes. Além disso, a eliminação da cobertura 
 
 23
vegetal representa um agravamento dos processos erosivos, com as 
conseqüências já comentadas. 
 
Assim, tem-se: 
 
a) Natureza: Negativo 
 
b) Reversibilidade: Baixa, podendo tornar-se elevada por meio de 
medidas compensatórias. 
 
c) Duração: Indeterminada, até a implantação efetiva de medidas 
compensatórias. 
 
d) Grau de Resolução: Alta, tendo em vista os ganhos ambientais 
decorrentes do projeto de recuperação de mata ciliar no local do 
assentamento, sendo feito como medida compensatória a 
arborização e o reflorestamento, criando um equilíbrio ecológico 
entre a área recuperada e o loteamento de reassentamento. 
 
 
5.3.2.3 Alteração de Usos e Costumes pela População a ser Removida 
 
Todo o projeto de reassentamento implica no corte de vínculos dos 
moradores com a sua área de origem, bem como numa mudança radical do 
ambiente em quem vivem, podendo alterar vínculos com a comunidade do 
bairro, condições de transporte e acesso aos serviços públicos, entre outros. 
Portanto, para minimizar estes impactos há a necessidade de se implantar o 
projeto de reassentamento próximo à residência anterior de morador. 
 
Logo, tem-se: 
 
 
 
 24
a) Natureza: Negativo. 
 
b) Reversibilidade: Alta, considerando-se que o local do 
reassentamento encontra-se no mesmo local do loteamento 
irregular, permitindo a manutenção dos vínculos com a 
comunidade antiga, bem como os serviços e a infra-estrutura 
anteriormente disponível. 
 
c) Duração: Restrita à fase de reassentamento. 
 
d) Grau de Resolução: Alto, devido à proximidade entre a área de 
remoção e a de reassentamento da comunidade diretamente 
envolvida, mantendo-se a vizinhança e todos os serviços e infra-
estruturas públicas existentes. 
 
5.3.2.4 Aumento da Densidade de Ocupação e do Nível de 
Impermeabilização do Solo na Área de Reassentamento 
 
Um projeto habitacional provavelmente não atenderá completamente os 
termos da Lei de Proteção dos Mananciais, devido ao índice de ocupação do 
solo e ao adensamento previsto. O adensamento aumenta a 
impermeabilização do solo prejudicando a infiltração da água, com 
conseqüências para regime hidrológico da bacia afetada. 
 
Assim, o impacto é tido como: 
 
a) Natureza: Negativo. 
 
b) Reversibilidade: Alta, por meio de medidas compensatórias. 
 
b) Duração: Temporário, devido ao período de implantação. 
 
 
 25
d) Grau de Resolução: Alto, considerando-se que o projeto deve prever 
medidas como demolição das atuais moradias e implementação de áreas 
verdes que podem compensar os impactos advindos do adensamento 
populacional e da impermeabilização do solo. 
 
 
5.4 A Importância em Preservar os Recursos Hídricos no Estado 
de São Paulo 
 
A maior rede hidrográfica do mundo está situada no Brasil, totalizando oito 
grandes bacias, que agrupam por sua vez dezenas de outras bacias. Mas a 
distribuição de bacias hidrográfica no país ocorre de forma irregular, 
privilegiando a região da Amazônia, que possui grandes rios com reservas 
biológicas importantes para o país inteiro. A Amazônia, até então, não sofreu 
invasões de ocupações irregulares em torno das margens de seus rios, 
como no estado de São Paulo, sendo este o que mais “sofre” com a poluição 
de recursos hídricos e por conseqüência com a falta de água potável. Tal 
fato principalmente do aumento populacional nas áreas de mananciais do 
estado. 
 
A poluição das águas das bacias contribui diretamente para a diminuição do 
índice de oxigênio necessário para a vida aquática, onde o principal 
responsável é o “homem”, sendo produtor dos esgotos doméstico e 
industrial, os quais na maioria das vezes não seguem as normas e as 
legislações vigentes de proteção dos mananciais. 
 
De acordo com os programas de preservação de mananciais, como o 
Programa Guarapiranga do Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental 
(PDPA-1999), do Governo do Estado de São Paulo, para o seu 
desenvolvimento um país deve possuir água potável com qualidade para 
toda a sua população, destacando-se que o alto índice de mortalidade 
infantil está relacionado ao abastecimento de água e coleta de esgoto. De 
 
 26
todo o território brasileiro, apenas 25% das cidades possuem coleta de 
esgotos, na Região Metropolitana de São Paulo, a qual reúne 38 municípios, 
apenas 50% dos esgotos eram coletados e desses coletados 6% eram 
tratados no ano de 1999. 
 
As campanhas criadas em torno da proteção dos mananciais, ou seja, a 
gestão dos processos de controle da qualidade da água dos Recursos 
Hídricos de São Paulo, possibilitam a melhoria desses índices, onde a 
Secretária do Meio Ambiente do Estado de São Paulo está preocupada que 
a população e as entidades envolvidas tomem ciência da importância de 
preservar e recuperar a natureza, especificamente os recursos hídricos. Este 
espírito de consciência deve ser alimentado e trabalhado, pois quem tem a 
ganhar é a própria população. Um exemplo de consciência e necessidade é 
a desobstrução da várzea da bacia Hidrográfica do Rio Tietê, que por sinal é 
uma obra de grande benefício para a população, mas a consciência de 
preservar e não remediar deve ser ainda muito trabalhada. 
 
 
5.5 Implantação de um Parque Ecológico após a Ocupação por 
um Loteamento Irregular, como Estratégia de Controle de em uma 
Área de Recuperação Ambiental 
 
A implantação de um parque ecológico com a finalidade de estabelecer um 
processo de recuperação ambiental e um maior controle das áreas de 
mananciais, é importante para aplicação das leis de proteção e preservação 
de mananciais, protegendo o rio na área de sua influência. 
 
 A adoção da implantação de um parque ecológico após a recuperação de 
uma área ocupada por loteamento irregular, pode ser uma estratégia de 
controle para preservar a área recuperada. 
Nas áreas públicas, os parques ecológicosestão sendo utilizados como 
estratégia de recuperação e preservação de mananciais; os parques são 
 
 27
implantados sem fins lucrativos, sendo cobrada somente a entrada quando 
houver a necessidade de auxiliar na manutenção e controle do mesmo. 
 
Na grande São Paulo, por exemplo, o Estado e Prefeitura não sabem os 
nomes da maior parte dos proprietários de terras em torno das represas 
Billings e Guarapiranga, impedindo as ações judiciais contra as ocupações 
irregulares, não podendo agir diretamente, mesmo que tenha renda 
destinada, no processo de recuperação da área degradada. Com isso, o 
governador Geraldo Alckmin estabeleceu a exigência para a regularização 
dos imóveis localizados nessas áreas que seus proprietários, quando 
conhecidos, comprem outra área na mesma sub-bacia, que será destinada à 
preservação. Isto é válido somente para quem já estava instalado nas áreas 
de mananciais anteriormente às leis de proteção dos mananciais, 
destacando que é proibida a compra de outra área para novos 
empreendimentos. O objetivo do governador Geraldo Alckmin é resolver o 
problema de 1,5 milhão de pessoas que ocupam irregularmente as áreas de 
proteção dos mananciais, já que remover totalmente essas pessoas se 
tornou impossível. Assim, impor algumas obrigações como a compra de área 
para proteção ambiental, com a finalidade de se implantar um loteamento 
irregular, tem sido uma estratégia de controle da qualidade dos mananciais. 
Mas, infelizmente o governo não está tendo muito sucesso, pois a população 
envolvida é de baixa renda e não consegue cumprir as obrigações. Assim, o 
controle das áreas particulares torna-se impossível. Todavia, o que está 
tendo grande sucesso nas áreas públicas, é a implantação de parques 
ecológicos nas áreas destinadas à recuperação ambiental, interligado a um 
projeto de reassentamento dos moradores em um loteamento regular. 
Devendo ser implantadas estas estratégicas também nas áreas particulares. 
 
Segundo Serrano e Bruhns (1997) criar parques ecológicos em áreas 
protegidas tem sido um dos principais elementos de sucesso como 
estratégia de conservação da natureza em países do Terceiro Mundo, 
favorecendo às populações urbanas meios de lazer e contemplação do 
 
 28
mundo natural, preservando por sua vez os espaços com atributos 
ecológicos importantes. Os parques são estabelecidos para que sua riqueza 
natural e estética seja apreciada pelos visitantes, sendo mais do que a 
instituição de um espaço físico, e sim uma proposta de criação de áreas 
naturais protegidas, ligando a uma concepção própria da relação 
homem–natureza, que Moscovici (1974 apud Serrano; Bruns,1997) 
denomina de naturalismo reativo, onde a única forma de proteger a natureza 
seria afastá-la do homem pelo estabelecimento de ilhas, para que o homem 
moderno pudesse apenas admirá-la e reverenciá-la, e não explorá-la. 
 
Segundo documentos técnicos da Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura 
de Itapecerica da Serra (2000), a construção de um parque ecológico pós-
ocupação irregular em área de manancial é importante para: 
 
• recuperar a biodiversidade do ecossistema existente, pelo cultivo de 
espécies de plantas típicas da paisagem natural do local, dando 
ênfase àquelas mais raras ou em extinção; 
• preservar e recuperar as principais comunidades paisagísticas 
existentes do local e da região; 
• cultivar espécies de plantas atrativas à fauna do local; 
• criar espaços de lazer e contemplação para o público de toda a 
região; 
• integrar o paisagismo às atividades de educação ambiental para 
escolas e moradores; 
• preservar as várzeas dos rios respeitando os recuos previsto por lei; 
• proporcionar atividades práticas de ecologia e reciclagem. 
 
Assim, a construção de um parque ecológico é uma estratégia de controle 
onde são aplicados os conceitos de educação ambiental, de acordo com as 
legislações vigentes, em uma área de recuperação ambiental pós-ocupação 
irregular, oferecendo oportunidades para o desenvolvimento de uma relação 
de convivência entre homem e natureza. 
 
 29
6 ESTUDO DE CASO 
 
A Grande São Paulo acopla cidades que estão totalmente em áreas de 
mananciais como Juquitiba, São Lourenço da Serra, Itapecerica da Serra e 
Embu das Artes. Estas cidades correm o risco de adquirir moradias 
indesejáveis em suas áreas de grandes extensões protegidas, ligadas às 
principais bacias de São Paulo ou a um recurso hídrico importante. A bacia 
do Guarapiranga, que é importante ao abastecimento de água em toda a 
Grande São Paulo, sofre com invasões em suas margens e nas margens de 
seus afluentes. 
 
A cidade de Itapecerica da Serra é um exemplo da complicada situação que 
é a poluição de afluentes das bacias e o desmatamento das margens dos 
rios e demais áreas protegidas nos mananciais. Apesar das legislações 
vigentes no país, Itapecerica da Serra é mais uma das inúmeras cidades da 
Grande São Paulo que sofre com o crescimento acelerado em todo o 
município, tanto por loteamentos regulares como principalmente por 
loteamentos irregulares, e como conseqüência da cidade estar 100% em 
área de manancial, o meio ambiente é muito afetado pelas moradias 
irregulares. 
 
 O município juntamente com o governo do Estado e da República, uniram-
se e deram inicio à projetos urgentes de reurbanização e recuperação de 
áreas degradadas. O loteamento Jardim Branca Flor está localizado dentro 
da cidade de Itapecerica da Serra, e grande parte de sua ocupação 
compõe-se de um loteamento regular, com infra-estrutura completa. Possui 
também um loteamento irregular médio, comparando-se ao loteamento 
Jardim Branca Flor como um todo, localizado às margens de um importante 
afluente da bacia Guarapiranga, que é o rio Embu Mirim. O local é um 
importante exemplo de área com necessidade de recuperação ambiental e 
relocação das moradias em outro loteamento no mesmo Jardim Branca Flor, 
com infra-estrutura completa, de maneira a tornar o loteamento irregular em 
 
 30
regular. Dentro da área danificada pelas moradias, está sendo implementado 
um projeto de recuperação, a implantação de um parque ecológico, de 
maneira a transformar a área em um ponto turístico de preservação 
ambiental. Esta obra de recuperação pós-ocupação irregular em área de 
manancial constitui-se no Estudo de Caso desta pesquisa. 
 
 
6.1 A influência do Loteamento Irregular no Jardim Branca Flor de 
Itapecerica da Serra 
 
A área do loteamento irregular no Jardim Branca Flor foi relacionada entre 
45 loteamentos irregulares existentes no município, sendo priorizada por se 
tratar da maior favela da região e encontrar-se encravada à margem do rio 
Embu Mirim, em local de alto risco de inundação. As moradias existentes 
foram construídas em Área de Preservação Permanente (APP), na várzea 
do rio, que se encontra inserida na Área de Proteção aos Mananciais da 
Região Metropolitana de São Paulo, de acordo com as Leis Estaduais 
898/75 e 1.172/76. 
 
A bacia do rio Embu Mirim compreende uma área de 155,08 km² e constitui 
a segunda maior bacia de contribuição do reservatório Guarapiranga, um 
dos principais mananciais de água da Região Metropolitana de São Paulo. 
O processo de crescimento desordenado da região periférica levou a um 
profundo grau de deterioração do recurso hídrico (rio Embu Mirim) do 
Jardim Branca Flor, implicando em graves conseqüências para a saúde da 
comunidade envolvida e para o meio ambiente. O loteamento irregular 
trouxe ao loteamento regular, que foi planejado para uma população 
limitada, problemas nas áreas de saúde, escola, creches e demais 
atividades do bairro por excesso de população, deixando os sistemas 
sobrecarregados, além de danos aos coletores de drenagem do bairro, que 
estão obstruídos pelas moradias do loteamento irregular. 
 
 
 31
O projeto a ser implantado no Jardim Branca Flor será desenvolvido pela 
PrefeituraMunicipal de Itapecerica da Serra com recursos do Programa 
Habitar do Brasil, financiado pelo o Banco Interamericano de 
Desenvolvimento (BID), dentro das diretrizes estabelecidas no Plano 
Estratégico Municipal para Assentamentos Irregulares. Observa-se que a 
remoção total da população do local é imprescindível pela incompatibilidade 
entre a ocupação urbana e a preservação ambiental dos recursos hídricos e 
mananciais, já bastante degradados, e pela exposição da comunidade a 
enchentes periódicas, com graves riscos à saúde e à vida dos moradores. 
Itapecerica da Serra, com uma superfície de 136 km², possui 45 loteamentos 
irregulares de assentamento precário, os quais abrigam 32.180 habitantes 
em 8.045 domicílios, correspondendo a 24,9% da população do município, 
segundo dados da Secretaria de Obras (2001) da própria prefeitura, sendo o 
loteamento Jardim Branca Flor um dos principais loteamentos irregulares do 
município. 
 
A foto aérea do Jardim Branca Flor (Foto 6.1), apresentada a seguir, é muito 
utilizada na prefeitura do município para a explicação geral do projeto aos 
interessados, sendo demarcado pela área verde o local da ocupação do 
loteamento irregular nas margens do rio Embu Mirim, pela área branca o 
loteamento regular e do outro lado, em uma área vermelha, com menor 
número de impactos ambientais, a área que será locada o novo loteamento 
com infra-estrutura completa. Assim, esse loteamento será proveniente da 
remoção das moradias irregulares da área verde para a área vermelha. 
 
 
 
 32
 
Foto 6.1: Vista aérea do local de implantação no Jardim Branca Flor 
(SECRETARIA DE OBRAS DA PREFEITURA DE ITAPECERICA DA SERRA, 2001) 
 
A área a ser beneficiada pelo projeto possui 50.990 metros quadrados, 
situando-se à margem direita do rio Embu Mirim. A ocupação irregular do 
local iniciou-se em meados de 1985, junto à rua Cerro Largo, pertencente ao 
Jardim Branca Flor, loteamento regular do município. A expansão do 
assentamento se deu em direção ao leito do rio, ocupando a sua planície de 
inundação, sobre área pública do loteamento. Todavia, a necessidade de um 
projeto de intervenção é urgente. No Anexo A é apresentada uma foto aérea 
com a situação da área de intervenção anterior ao projeto. E no Anexo B é 
apresentada uma foto aérea com as demarcações para a situação futura, na 
área de intervenção do projeto, de acordo o Plano Diretor do município para 
a região do Jardim Branca Flor. 
 
 33
6.2 Como é Feito o Controle de uma Área Congelada para 
Aplicação de um Projeto de Recuperação 
 
Para iniciar o projeto de recuperação pós-ocupação irregular, foi feito um 
levantamento do tipo de população existente no local, ou seja, a quantidade 
de moradias, famílias e o costume de toda a população da área, por meio de 
pesquisas cadastrais, levando-se em conta que para ser considerado uma 
residência a mesma deve possuir banheiro e fogão. Após esse levantamento 
os projetistas responsáveis e as demais corporações do projeto terão noção 
da quantidade de pessoas envolvidas e seu poder econômico, entre outros, 
de maneira a estabelecer como será implantado o projeto e as suas 
respectivas soluções para manter a área congelada. 
 
A foto 6.2, a seguir, ilustra um exemplo de área congelada, representada 
pela a placa de sinalização, especificando que é proibido construir, vender, 
trocar e alugar qualquer moradia do local determinado. Muitas vezes, 
somente a aplicação das placas de sinalização não protege totalmente as 
áreas, sendo necessário implantar medidas de controle como a aplicação de 
um projeto de parque ecológico. 
 
 
 
 34
 
Foto 6.2: Sinalização de advertência contra invasão 
(SECRETARIA DE OBRAS DA PREFEITURA DE ITAPECERICA DA SERRA, 2001) 
 
No projeto de recuperação pós-ocupação irregular do Jardim Branca Flor em 
Itapecerica da Serra, foi constatado uma população de 19.100 habitantes por 
km², com 3,8 pessoas por moradia. Segundo a Prefeitura de Itapecerica da 
Serra (2001), as ações a serem desenvolvidas na área a ser recuperada, 
compreendem: 
 
• remanejamento de famílias; 
• demolição das habitações; 
• retificação do trecho local do rio; 
• recuperação da mata ciliar; 
• ajustes na declividade das ruas; 
• utilização de cotas topográficas diferenciadas como fatos de inibição; 
• saneamento e recuperação da lagoa de águas estagnadas; 
• implantação de equipamentos de esporte, lazer e educacionais. 
 
 
 
 35
Desta forma, deve-se analisar os problemas a serem resolvidos com 
antecedência, para concluir um projeto com maior eficiência. Como já 
observado é necessário realizar uma pesquisa por meio de um 
questionário de cadastramento das moradias irregulares, servindo como 
base para o inicio do projeto. Para a confirmação dos dados cadastrais 
levantados no inicio do projeto é necessário que se faça no decorrer do 
projeto um recadastramento. 
 
 Segue, no Anexo C, o modelo do questionário de cadastramento 
utilizado para congelamento (manter a área como está sem novos 
adensamentos populacionais) das áreas de loteamento irregular no 
município de Itapecerica da Serra (2001). 
 
 
6.3 O que Determinou a Escolha da Implantação do Parque 
Ecológico 
 
A ocupação irregular da Rua Cerro Largo possui 50.990m² e está localizada 
em área pública municipal de Itapecerica da Serra. Iniciada na área livre do 
loteamento Jardim Branca Flor, estende-se ao longo da área à margem do 
rio Embu Mirim, em Área de Preservação Permanente. A área do loteamento 
irregular está inserida em planície aluvial do curso d’água, isto é, em 
terrenos baixos, planos, junto à margem do rio, sujeitos a inundações 
periódicas, terrenos esses formados por composto de argila como matéria 
orgânica, siltes, areias e cascalhos. A cobertura vegetal original é constituída 
de matas ciliares associadas a uma vegetação herbácea paludosa, em áreas 
permanentemente inundadas. 
 
A foto 6.3, a seguir, apresenta o aspecto da mata ciliar na área a montante 
do loteamento Jardim Branca Flor. 
 
 
 36
 
Foto 6.3: Aspecto da mata ciliar do rio Embu Mirim a montante do loteamento Jardim 
Branca Flor ( SECRETARIA DE OBRAS DA PREFEITURA DE ITAPECERICA DA 
SERRA, 2001) 
 
Esta área localizada a montante do rio Embu Mirim, ainda não está 
degradada pelo loteamento irregular no Jardim Branca Flor, preservando 
ainda aspectos da mata ciliar nativa e da biota. 
 
Na foto 6.4, a seguir, pode-se notar que ao se aproximar do loteamento 
irregular do Jardim Branca Flor, têm-se novas moradias indicando a 
tendência para a ampliação do loteamento. 
 
 
 37
Foto 6.4: Aspecto do rio Embu Mirim na área de várzea com ocupação irregular a 
montante do loteamento Jardim Branca Flor 
(SECRETARIA DE OBRAS DA PREFEITURA DE ITAPECERICA DA SERRA, 2001) 
 
As fotos ilustram o fato de que em um loteamento irregular não pode ser 
controlado o crescimento populacional sem um projeto de preservação, 
ligado ao loteamento existente irregularmente. Do contrário, a tendência é 
aumentar a área ocupada, e por consequência a área degradada. 
 
Segundo documento interno da Prefeitura de Itapecerica da Serra, um dos 
mais graves problemas a que a área do loteamento Jardim Branca Flor está 
submetida refere-se aos alagamentos e às enchentes do rio Embu Mirim, 
afetando a população do loteamento irregular e parte do loteamento regular 
próximo ao loteamento irregular. Nos períodos em que o rio atinge volumes 
de água mais elevados, a população tem as suas casas alagadas, 
verificando-se situação de risco à saúde (proveniente do lançamento de 
esgoto no rio), e conseqüentemente o desabrigo de algumas famílias e 
significativa perda de bens materiais. 
 
Como ressaltado no trabalho, o loteamento irregular não possui sistema de 
coleta de esgoto, sendo os esgotos ligados ao sistema de águas pluviais e 
encaminhados ao rio Embu Mirim. 
 
 38
A foto 6.5, abaixo, ilustra umacaixa de captação de águas pluviais sendo 
contaminada por parte do esgoto produzido no loteamento irregular. 
 
Foto 6.5: Aspecto do sistema de águas pluviais contaminadas pelo esgoto 
(SECRETARIA DE OBRAS DA PREFEITURA DE ITAPECERICA DA SERRA, 2001) 
 
 
Os esgotos produzidos no loteamento irregular quando não são depositados 
em fossas negras, são lançados diretamente através de tubos no rio 
Embu Mirim. 
 
A foto 6.6, a seguir, apresenta outro ponto de contaminação do sistema de 
água pluvial, causado pelo esgoto produzido no loteamento. 
 
 
 
 39
 
Foto 6.6: Lançamento de esgoto e águas pluviais contaminadas em vala proveniente 
da área do loteamento irregular (SECRETARIA DE OBRAS DA PREFEITURA DE 
ITAPECERICA DA SERRA, 2001) 
 
 
Os sistemas de águas do Jardim Brancos Flor são encaminhados ao rio 
Embu Mirim, onde as ligações clandestinas feitas pelo loteamento irregular 
favorecem também a contaminação das águas. 
 
A foto 6.7, abaixo, apresenta a contaminação direta feita pelas moradias 
irregulares em um dos afluentes do rio Embu Mirim. 
 
 
Foto 6.7: Afluente do rio Embu Mirim cruzando a área do assentamento onde recebe 
contribuições de esgotos (SECRETARIA DE OBRAS DA PREFEITURA DE 
ITAPECERICA DA SERRA, 2001) 
 
 40
De acordo com as características em que se encontrava a situação do 
loteamento irregular Jardim Branca Flor, a medida estratégica mais favorável 
após a remoção dos moradores seria a implantação de uma área reservada, 
ou seja, isolada e sem riscos de novas invasões e poluições. Desta forma, a 
implantação de um parque ecológico estruturado tornaria a área mais 
protegida para a recuperação quase que total. Com a implantação do 
parque, pode-se estudar a desobstrução do rio e estabelecer recuo 
específico de margem, conforme a lei nº 1.172, sendo destinada como área 
de segunda categoria, e a incorporação nas margens com o replantio das 
matas ciliares do local, conforme o Código Florestal da lei nº 4.771. Assim as 
drenagens poderão ser feitas de maneira satisfatória sem que o loteamento 
Jardim Branca Flor corra riscos de enchentes nas épocas de chuva no 
período de cheias, sendo feita a captação e o lançamento das águas pluviais 
de forma a minimizar os impactos ao meio ambiente. Enfim, a determinação 
da escolha de se implantar um parque ecológico seria a solução técnica 
mais eficaz para o local. 
 
 
6.4 Caracterização da Implantação do Parque Ecológico do 
Jardim Branca Flor em Itapecerica da Serra 
 
 A implantação do parque ecológico na área degradada do loteamento 
irregular incorporará recuperação ambiental e construções de escola, de 
estacionamento, de núcleo de vivências e praças ecológicas. As etapas de 
execução ocorrerão conforme as conclusões dos trechos do loteamento 
destinado à remoção das moradias irregulares, sendo que as demolições 
das habitações na área a ser recuperada ocorrerá após o término das obras 
de implantação do loteamento de reassentamento, para transferência das 
famílias. O entulho procedente desse trabalho será destinado ao 
reafeiçoamento topográfico da área a ser recuperada. Excedente, se houver, 
deve ser removido para um bota-fora particular, devidamente licenciado. 
 
 41
Após a execução dos serviços de movimento de terra, iniciarão as obras de 
paisagismo em toda a área a ser ajardinada, com análises do solo, de 
maneira a verificar-se os índices de acidez e nutrientes do mesmo. As áreas 
de recuperação deverão ser limpas e livres de entulhos (áreas construídas). 
As áreas mais afetadas pelas construções deverão ser calcareadas e 
adubadas, de forma a promover rapidamente a vegetação rasteira e 
conseqüentemente a cobertura do solo e a diminuição de erosões. 
 
As espécies de flora devem ser selecionadas de acordo com as espécies 
nativas, de acordo com o projeto ambiental existente, incluindo os nomes 
científicos das espécies, dando ênfase as sinomíneas botânicas e a 
qualidade das mudas em relação à formação, sanidade e origem genética 
das sementes. As mudas devem permanecer acondicionadas em local 
sombreado, onde se mantenham úmidas e livres de insetos e intempéries. A 
distribuição do plantio e o porte das espécies devem seguir rigorosamente 
as especificações de projeto, para atingir melhores resultados. 
 
Segundo a Secretaria do Meio Ambiente (2000) da Prefeitura de Itapecerica 
da Serra, para a manutenção das espécies arbóreas e arbustivas serão 
realizados os seguintes procedimentos após o plantio: 
• adubação e composto orgânico após três meses do plantio; 
• eliminação de ervas junto aos troncos e entre as mudas de três em 
três meses; 
• controle de pragas e doenças; 
• poda das espécies arbustivas e forrações quando necessário. 
 
As principais espécies arbóreas e arbustivas utilizadas no projeto de 
recuperação ambiental em São Paulo de acordo com documentos da 
Secretaria do Meio Ambiente (2000) da prefeitura de Itapecerica da Serra, 
são nativas de Mata Atlântica, escolhidas pela beleza do seu porte, floração 
e frutos. Assim, no projeto de recuperação ambiental do Jardim Branca Flor 
foi indicado a utilização das seguintes espécies: 
 
 42
• Espécies de Árvores 
 
Pau Ferro Caesalpinia Férrea 
Ipê Amarelo Tabebuia Serratifolia 
Pata de Vaca Bauhinia Forticata 
Manacá da Serra Tibouchina Mutabilis 
Manacá de Cheiro 
Quaresmeira Tibouchina Granulosa 
Jerivá Syagrus Romanzoffiana 
Palmito Euterpe Edulis 
Aroeira Vermelha Schinua Terenbentifolium 
Jaboticaba Myrciaria Cauliflora 
Pitanga Eugenia Uniflora 
Cerejeira Eugenia involucrata 
Mulungú Erytrina Falcata 
Araribá Rosa Cemtrolobium Tomentosum 
Paineira Chorisia Speciosa 
Emdaúba Vermelha Cecropia Grazion 
Embaúba Branca Cecropia Leucoma 
 
• Espécies de Plantas 
 
Samanbaiaçu Dicksonia Sellowiana 
Guaimbê Philodendron Bipinnatifidum 
Babosa de Árvore Philodendron Martianum 
Maranta bicolor Maranta Bicolor 
Maranta Zebra Calathea Zebrina 
Maranta Tigrina Calathea Tigrina 
Maranta Cascavel Calathea Insignis 
Helicônia Amarela Heliconia Aemygdiana 
Gota de Orvalho Evolvulus Pussillus 
Azulzinha Evolvulus Glomeratus 
Solano Rasteiro Solanum Violaefolium 
 
• Espécies não nativas 
 
Grama São Carlos Axonopus Compressus 
Taboa Typha Domingensis 
 
 
Segue, no Anexo D, o Projeto Básico de Implantação do Parque Ecológico 
do Jardim Branca Flor. 
 
 
 43
6.5 Qualidade de Vida Resultante da Implantação do Parque 
Ecológico 
 
A implantação do parque ecológico na área do loteamento irregular Jardim 
Branca Flor, propicia o controle das enchentes e da veiculação de doenças 
em todo o loteamento. Além disso, esse projeto engloba a remoção dos 
moradores de uma favela para um novo loteamento projetado com os 
devidos serviços de infra-estrutura como coleta e tratamento de esgoto, 
abastecimento de água potável, coleta de lixo, serviço médico, creche, 
escolas e demais benefícios sociais, no mesmo bairro, fazendo com que os 
moradores não percam os vínculos de vizinhança. Além disso, os moradores 
do loteamento regular e irregular do Jardim Branca Flor estão satisfeitos com 
a implantação de um parque ecológico. O parque irá manter um campo de 
futebol existente na área do loteamento irregular, o qual serve para a prática 
de esportes de toda a comunidade do Jardim Branca Flor e demais 
localidades locais, além do campo de futebol sofrer reformas de melhoria 
como drenagem e plantio de grama em toda a sua extensão, irão ser 
implantadas quadras poliesportivas, praças lúdicas, bosque frutífero, área de 
estufa para estudo de ervas medicinais e arena de esportes radicais, entre 
outros. 
 
Enfim, a implantação do projeto de recuperação pós-ocupação irregular, que 
incorpora um projeto de parque ecológico, implicará em uma mudança 
visual, estrutural e social na qualidade de vida de todos os moradores do 
Jardim Branca Flor. 
 
Observa-se que uma área de manancial destinada à preservação, após a 
remoção das ocupações,sem que sejam tomadas medidas de controle e 
proteção, provavelmente por motivos econômicos e culturais, estará sujeita a 
ser invadida novamente. Assim, haveria a formação de um novo loteamento, 
danificando o projeto de recuperação do local. Esta ocupação pode ocorrer: 
 
 
 44
• pelos ex-ocupantes da área, que muitas vezes alegam ter vendido a 
residência que ganharam, pela sua desocupação da área de 
manancial, porque simplesmente não se acostumaram com o local; 
ou então, o mais comum, por problemas financeiros, vendendo assim 
a residência de beneficio, para ocupar novamente a mesma área; 
 
• por novos ocupantes, em decorrências de problemas econômicos do 
país, que analisam os fatos dos antigos moradores serem 
beneficiados pelo governo com uma nova residência com infra-
estrutura completa, e se julgam tendo o mesmo direito de 
ganhar/receber a sua moradia também. 
 
Por esses motivos, tanto a área recuperada parcialmente quanto a 
reocupação da área novamente de forma irregular implicam em vultuosos 
gastos ao governo, às vezes desnecessários, onde simplesmente recuperar 
não resolve o problema. Assim, na área recuperada deve quase que 
obrigatoriamente ser instalado um parque ecológico, envolvendo 
acompanhamento da recuperação ambiental pelos ex-moradores e 
visitantes, com programas de educação ambiental e áreas destinadas ao 
lazer e esporte. Assim, a recuperação torna-se mais segura, eficaz e 
definitiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 45
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A análise da recuperação pós–ocupação irregular em áreas de mananciais 
apresentada neste trabalho evidenciou: 
 
• Os procedimentos para a implantação de um parque ecológico como 
estratégia de recuperação pós-ocupação irregular nas margens do rio 
Embu Mirim, na área de influência do Loteamento Jardim Branca Flor 
compreendeu, entre outros, etapas de cadastramento para o 
congelamento da área afetada pelo loteamento irregular, de modo a 
evitar-se novas invasões e pudesse ser implementado o projeto de 
recuperação ambiental. 
 
• A realização do projeto de recuperação do local decorreu do fato do 
loteamento irregular ocupar as várzeas do rio Embu Mirim, não 
obedecendo às leis de uso e ocupação do solo de áreas de 
mananciais, como a lei nº 4.771/65 que estabelece o recuo absoluto 
na faixa marginal do rio, e também as leis nº 898/75, nº 1.172/76 e 
nº 9.866/97 que delimitam a área ao longo do rio como área de 
máxima proteção dos mananciais. A restrição da ocupação do local 
por moradias tem por objetivo evitar a degradação de importante 
recurso hídrico para o abastecimento público de água potável. A 
implantação de um parque ecológico como estratégia adotada para a 
recuperação e preservação da área degradada além de valorizar o 
sistema natural do manancial, ressalta a preservação das matas 
ciliares e da biota, contribuindo para a desobstrução dos sistemas de 
drenagem comprometidos pelas moradias, sendo um dos principais 
fatores responsáveis pelas enchentes ocorridas no 
Jardim Branca Flor. 
 
 
 
 
 46
• A implantação do parque trará a população envolvida grande 
benefício social e de lazer. O parque incorporará áreas para 
caminhadas, praças ecológicas, áreas para a prática da educação 
ambiental, quadras esportivas e aperfeiçoará o campo de futebol 
existente para favorecer a realizações de praticas esportivas 
realizadas no Jardim Branca Flor. Esses benefícios promovem a 
atuação da comunidade na fiscalização contra novas ocupações 
irregulares. 
 
• A realização completa do projeto no Jardim Branca Flor em 
Itapecerica da Serra resultará em uma grande redução dos impactos 
ambientais existentes hoje no bairro, e em uma reestruturação 
urbanística com a implantação do parque ecológico e a construção 
do novo loteamento com infra-estrutura completa. 
 
• A utilização e adoção de parque ecológico como estratégia de 
recuperação ambiental e preservação de área de manancial, deve 
ser ampliada com novos estudos/pesquisas, servindo de base e 
auxílio todo o corpo deste trabalho. Ressalta-se que em toda a 
extensão da bacia do Guarapiranga e de seus afluentes podem ser 
implantados novos núcleos de recuperação/preservação ambiental, 
dando ênfase ao conceito de valorização ambiental. Podem ser 
elaborados também novos estudos/pesquisas para novas áreas e 
bacias hidrográficas que também necessitam de recuperação 
ambiental, de acordo com a necessidade de contemplação do local a 
ser estudado. 
 
 
 
 
 
 
 
 47
REFERÊNCIAS 
 
 
 
 
BRASIL. Decreto-lei nº 9.714, de 19 de abril de 1977. 
 
BRASIL. Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, institui o Código 
Florestal. 
 
BRASIL. Agenda 21. Disponível em: <http://www.mma.gov.br > Acesso em: 
agosto de 2003. 
 
ITAPECERICA DA SERRA (SP) Secretaria de Obras. Documentos 
Técnicos. 2001. 
 
ITAPECERICA DA SERRA (SP) Secretaria do Meio Ambiente. Documentos 
Técnicos. 2000. 
 
MARCONDES. M. J. de A. Cidade e natureza: proteção dos mananciais e 
exclusão social. São Paulo: Studio Nobel / EDUSP/FAPESP, 1999. 
 
SÃO PAULO (SP). Lei nº 898, de 18 de dezembro de 1976. Lei de Proteção 
dos Mananciais. 
 
SÃO PAULO (SP). Lei nº 1.172, de 17 de novembro de 1976. Institui as 
Áreas de Proteção dos Mananciais. 
 
SÃO PAULO (SP). Lei nº 9.866/97. Cria uma nova política de mananciais. 
 
SÃO PAULO (SP). Relatório Plano de Desenvolvimento e Proteção 
Ambiental (PDPA-1999). Entidade governamental do Programa 
Guarapiranga da Secretaria de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras 
(nov.1999). 
 
SERRANO, C. M. de; BRUHNS, H.T. (orgs.) Viagens à natureza: turismo, 
cultura e ambiente. Campinas, São Paulo: Papirus, 1997. 
 
SÓCRATES, J. R.; GROSTEIN, M. D. ; TANAKA, M. M. S. A cidade invade 
as águas: qual a questão dos mananciais? São Paulo: FAU/USP, 1985. 
 
 
 
 
 
 
 
 48
ANEXO A 
 
Foto da aérea da área de Intervenção, em situação anterior ao Projeto de 
Recuperação, no Jardim Branca Flor em Itapecerica da Serra (2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 49
ANEXO B 
 
Foto aérea da área de Intervenção, para a situação futura de projeto, a ser 
implantado no Jardim Branca Flor em Itapecerica da Serra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 50
ANEXO C 
 
Questionário modelo de cadastramento utilizado para congelamento das 
áreas de loteamentos irregulares, no Município de Itapecerica da Serra 
(2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 51
ANEXO D 
 
Projeto Básico de Implantação do Parque Ecológico no Jardim Branca Flor 
em Itapecerica da Serra.

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